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1.1. Hidrogeologia
1.2. Histórico
Os Persas e os Egípcios, por volta de 800 A.C. já captavam água em túneis e poços.
Vários pensadores gregos já aventavam a hipótese de que as nascentes eram formadas
por água do mar conduzidas através de canais subterrâneos para abaixo das montanhas,
de onde ascendiam à superfície após purificadas (CPRM/UFPE, 2000).
Até o século XVII acreditava-se que apenas a água da chuva não era suficiente para
justificar o volume de água que flui nos grandes rios. Entretanto, três passos contribuíram
para esclarecer essa questão.
O primeiro passo foi dado por Pierre Perrault (1608-1680) que mediu, pela primeira vez, a
precipitação pluviométrica em uma bacia hidrográfica e o volume de escoamento de água
superficial correspondente (CPRM/UFPE, 2000). As medições realizadas por Perrault
mostraram que, enquanto a lâmina média precipitada correspondia a um volume de cerca
de 63 milhões de m3/ano, a descarga do rio, medida no mesmo período, era de apenas 10
milhões de m3/ano. Detalhe Perrault era ADVOGADO e, portanto, seu nome não era
conhecido nos meios científicos.
O segundo passo foi dado na mesma época por outro francês, o físico Edmé Mariotté
(1620-1684), que realizando medições no rio Sena, em Paris que confirmavam o trabalho
de Perrault e mais, comprovavam a teoria da infiltração (CPRM/UFPE, 2000).
Por fim, o terceiro e último passo foi dado com a contribuição do astrônomo inglês
Edmond Halley (1656-1742), que demonstrou, em 1693, que a evaporação da água do
mar era suficiente para responder por TODAS as nascentes e fluxos de cursos de água
observados nos continentes (CPRM/UFPE, 2000).
A água constitui-se em um dos mais valiosos recursos minerais, sem o qual é impossível
a existência de qualquer forma de vida.
No passado, a água subterrânea era vista apenas como um recurso material. Esta visão
mudou radicalmente nas últimas décadas, em especial por diversos problemas relativos à
sua gestão, pela demanda crescente e pelos problemas ambientais decorrentes do mau
uso desse recurso.
Atualmente, começa a ser observar uma maior preocupação com o uso da água
subterrânea. Inicialmente a preocupação era, e ainda é, com a qualidade da água
subterrânea, já que diversas atividades antrópicas a tem impactado, no Brasil e no
mundo. Mais recentemente, a preocupação também passou a ser com a quantidade
disponível desses recursos, já que o mesmo tem sido utilizado, em diversas regiões do
mundo, sem que se tenha um conhecimento adequado da sua forma de ocorrência dos
volumes disponíveis e dos volumes bombeados.
Tabela 1 - Potencial hídrico mundial (Fonte: A Guide to the World’s Fresh Water
Resources, 1993, Igor Shiklomanov’s chapter “World fresh water resources”).
Volume Percentagem da Percentagem da Tempo de
Tipo de Água
(Km3) Água Doce Total Água Total Residência
Oceanos, mares e
1.34 x 109 ---- 96.54 ≈ 4000 anos
baías (água salgada)
Camadas de gelo,
Glaciares e Neve 24.06 x 106 68.6 1.74 10 – 1.000 anos
Eterna
Água Subterrânea 23.40 x 106 ---- 1.69
2 semanas –
Fresca 10.53 x 106 30.1 0.76
10.000 anos
Salina 12.87 x 106 ---- 0.93
Umidade do solo 16.5 x 103 0.05 0.001 2 semanas – 1 ano
Gelo no terreno e
3.00 x 105 0.86 0.022
Permafrost
Lagos 176.4 x 103 ---- 0.013 ≈ 10
Fresca 91.0 x 103 0.26 0.007
Salina 85.4 x 103 ---- 0.007
Atmosfera 85.4 x 103 ---- 0.001 10 dias
Pântanos 11.47 x 103 0.03 0.0008 1 – 10
Rios 2.12 x 103 0.006 0.0002 2 semanas
Água Biológica 1.12 x 103 0.003 0.0001 1 semana
TOTAL 1.41 x 109 100
A Figura 1 ilustra o fato de que se toda a água disponível na Terra fosse colocada em
uma esfera, a mesma teria um diâmetro de 1.385 Km, correspondente a 10,86% do
diâmetro equatorial.
Figura 1- Imagem mostrando que se toda a água (líquida, gelo, água fresca e salina)
fosse colocada na forma de uma esfera, a mesma teria o tamanho da esfera azul, em
comparação com a Terra (Jack Cook, WHOI/USGS, 2012).
Além disso, a quantidade de água capaz de ser armazenada pelas rochas e pelos
materiais não consolidados em geral depende da porosidade dessas rochas, que pode
ser de até 45% (IGM, 2001), da comunicação desses poros entre si ou da quantidade e
tamanho das aberturas de fraturas existentes.
Outro dado importante está relacionado ao tempo médio de renovação das águas,
conforme apresentado na Tabela 1. As águas dos rios demoram, em média, 14 dias
(entre 12 e 16 dias) para se renovar da nascente até a foz. A água na atmosfera demora
cerca de 7 dias para renovar o vapor de água, enquanto os oceanos levam cerca de 3000
anos, as geleiras cerca de 1600 anos. A água subterrânea pode levar de 14 dias e 10.000
anos para ser completamente renovada.
Água Subterrânea no Brasil
O conceito de ciclo hidrológico (Figura 4) está ligado ao movimento e à troca de água nos
seus diferentes estados físicos, que ocorre na Hidrosfera, entre os oceanos, as calotas de
gelo, as águas superficiais, as águas subterrâneas e a atmosfera. Este movimento
permanente deve-se ao Sol, que fornece a energia necessária ao processo. Uma parte
dessa água flui pela superfície da Terra em direção às drenagens e lagos, uma parte é
utilizada pelas plantas, uma parte evapora e retorna à atmosfera e alguma infiltra no
terreno. À medida em que a água infiltra no terreno, parte dessa água adere à partículas
de solo ou às raízes das plantas. Esta umidade provê a água necessária ao crescimento
das plantas. A água não utilizada pelas plantas continua se movendo para profundidades
cada vez maiores, através de espaços vazios e fissuras existentes nos solos e rochas até
que atinja uma camada de rocha através da qual sua movimentação não seja mais
possível, preenchendo, então, seus vazios. Nem toda a água precipitada alcança a
superfície terrestre, já que uma parte, na sua queda, pode ser interceptada pela
vegetação e voltar a evaporar-se. A água que se infiltra no solo também está sujeita a
evaporação direta para a atmosfera e é absorvida pela vegetação, que através da
transpiração, a devolve à atmosfera.
Portanto, a água que continua a infiltrar-se e atinge a zona saturada, entra na circulação
subterrânea e contribui para um aumento da água armazenada (recarga dos aquíferos). O
topo da zona saturada corresponde ao nível freático. No entanto, a água subterrânea
pode ressurgir à superfície (nascentes) e alimentar as linhas de água ou ser descarregada
diretamente no oceano.
A quantidade de água e a velocidade com que ela circula nas diferentes fases do ciclo
hidrológico são influenciadas por diversos fatores como, por exemplo, a cobertura vegetal,
altitude, topografia, temperatura, tipo de solo e geologia. No caso específico da infiltração,
os principais fatores condicionantes são:
Condutividade hidráulica – quanto maior a condutividade hidráulica do terreno,
maior a infiltração e menor o escoamento superficial e a evaporação. Está
ligada ao tipo de solo ou rocha.
Topografia – superfícies mais íngremes favorecem o escoamento superficial e
dificultam a infiltração e a evaporação.
Vegetação – áreas com cobertura vegetal mais densa, favorecem a infiltração e
dificultam o escoamento superficial (run-off).
Regime de precipitação – a distribuição das chuvas pode favorecer ou não a
infiltração. Assim, chuvas constantes e prolongadas favorecem a infiltração,
enquanto chuvas fortes e rápidas favorecem o escoamento superficial.
Figura 4 - Ciclo hidrológico (Fonte: USGS, 2012).
Aquíferos são formações geológicas que contém água e permitem que uma quantidade
significativa dessa água se movimente (escoe) por seu interior, sob condições naturais.
Areias, arenitos, granitos fraturados, gnaisses fraturados, calcários e dolomitos
constituem, portanto, aquíferos.
Superfície Piezométrica do
Granito
e do Gnaisse
3
2
1 4
Os aquífugos, por sua vez, são formações geológicas que não contém água. Ou seja,
são materiais incapazes de armazenar e, portanto, de transmitir água. Rochas ígneas e
metamórficas maciças, calcários e dolomitos maciços compõem exemplos típicos desses
materiais.
Nas rochas porosas os vazios são constituídos por poros intergranulares que podem ou
não estar interconectados (Figura 8 e Figura 9). Estão associados à rochas sedimentares
e sedimentos não consolidados. Constituem os melhores aquíferos tanto pela quantidade
de água que armazenam como pela sua condutividade hidráulica. A qualidade vai
depender da presença de material cimentante, tais como carbonato de cálcio, óxidos de
ferro e sílica. Se a granulometria da rocha é muito pequena, esta pode armazenar a
porosidade é elevada, mas como os poros são muito pequenos a força de adesão da
água é um obstáculo ao seu movimento. A porosidade desses materiais é denominada
porosidade primária. São constituídos por areias, depósitos aluvionares, arenitos, solos de
decomposição das rochas. Caracterizam-se pela sua alta capacidade de armazenamento
e menor condutividade hidráulica, sendo, por isto, também menos suscetíveis à poluição.
A prospecção (pesquisa) nesses aquíferos depende muito da geologia, já que seus limites
podem ser facilmente identificáveis em campo, das dimensões do depósito e dos
processos sedimentares de formação das rochas.
Figura 8 - Exemplo de rochas sedimentares clásticas (conglomerado e arenito) que
podem formar aquíferos granulares.
Figura 9 - Exemplo de aquífero granular (porosa) (Fonte: Fletcher & Driscoll, 1995).
Nas rochas fraturadas ou fissuradas os vazios são compostos por estruturas tectônicas
(resultantes de um esforço), tais como fraturas, diaclases, falhas, fissuras e foliação
(Figura 10 e Figura 11). Este tipo de aquíferos ocorre em rochas ígneas e metamórficas
que, quando maciças, apresentam porosidade muito baixa ou inexistente. A capacidade
dessas rochas armazenar água depende da sua porosidade e condutividade hidráulica
que, por sua vez, dependem das características das descontinuidades, tais como sua
quantidade, abertura e intercomunicação. Apresentam porosidade secundária, ou de
fraturas. São compostos por rochas duras – granito, gnaisse, xistos etc. Apresentam
maiores condutividade hidráulicas que os aquíferos porosos, mas tem baixa capacidade
de armazenamento, razão pela qual, em geral, esse tipo de aquíferos não fornece caudais
elevados, permitindo apenas explotação localizada.
Por fim, os aquíferos cársticos ou carbonáticos são aqueles em que os vazios são
resultantes da dissolução dos carbonatos (Figura 12, Figura 13 e Figura 14) causada pela
circulação de água em estruturas pré-existentes (descontinuidades – fraturas, fissuras,
diaclases etc.). Essas aberturas podem atingir grandes dimensões, criando, nesse caso,
verdadeiros rios subterrâneos. São aquíferos heterogêneos, descontínuos, com águas
duras, com fluxo em canais. Também apresentam porosidade secundária, dada por
estruturas de dissolução. São constituídos por calcários, dolomitos, mármores e margas.
Apresentam a maior condutividade hidráulica e a maior capacidade de armazenamento
dentre os tipos genéticos de aquíferos.
Figura 14 - Exemplo de um aquífero cárstico (carbonático) (Walker, 1956 in: Frezy &
Cherry, 1978).