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CAPÍTULO 01 - INTRODUÇÃO

1.1. Hidrogeologia

Inicialmente, cumpre destacar algumas diferenças importantes entre a Hidrogeologia e a


Hidrologia de Águas Subterrâneas.

De acordo com a ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas) A


HIDROGEOLOGIA (Hydrogeology) é:
“o ramo da Hidrologia que estuda a água subterrânea, em
especial a sua relação com o ambiente geológico; é, pois,
uma das ciências da Terra, mas tem forte conotação de
Engenharia; subdivide-se em: Hidrogeoquímica;
Hidrogeomecânica; Geohidrologia; Litohidrologia;
Metodologia. Trata das condições geológicas e hidrológicas,
com base nas leis da Física e da Química, que regem a
origem, a distribuição e as interações das águas
subterrâneas; as intervenções humanas devem basear-se
na aplicação de tais conhecimentos: prospecção, captação,
proteção.”

Já HIDROLOGIA (Hydrology) é, de acordo com a mesma fonte:


“o ramo da Geofísica que trata dos fenômenos naturais das
águas da Terra, estudando-lhes a ocorrência e a circulação,
em: oceanos; continentes; e atmosfera; e a relação com o
ambiente; subdivide-se em: Hidrografia; Geohidrologia;
Hidrometria; Hidrometereologia.”

Portanto, a Hidrogeologia é um ramo das Ciências Geológicas que estuda a água


subterrânea em macroescala e o escoamento ao nível dos estratos (camadas) ou
conjunto de estratos geológicos, ocupando-se da água enquanto recurso hídrico (formas
de ocorrência e explotação, usos, preservação de qualidade e quantidade) (ABGE, 1988).
Este é o enfoque que se pretende apresentar no presente curso.

O estudo da água subterrânea requer, portanto, conhecimentos de princípios básicos de


geologia, física, química e matemática. Portanto, fica claro a interdisciplinaridade do tema,
e sua aplicação em problemas ambientais, de recursos hídricos e geotécnicos, dentre
outros.

1.2. Histórico

Os Persas e os Egípcios, por volta de 800 A.C. já captavam água em túneis e poços.
Vários pensadores gregos já aventavam a hipótese de que as nascentes eram formadas
por água do mar conduzidas através de canais subterrâneos para abaixo das montanhas,
de onde ascendiam à superfície após purificadas (CPRM/UFPE, 2000).

Até o século XVII acreditava-se que apenas a água da chuva não era suficiente para
justificar o volume de água que flui nos grandes rios. Entretanto, três passos contribuíram
para esclarecer essa questão.
O primeiro passo foi dado por Pierre Perrault (1608-1680) que mediu, pela primeira vez, a
precipitação pluviométrica em uma bacia hidrográfica e o volume de escoamento de água
superficial correspondente (CPRM/UFPE, 2000). As medições realizadas por Perrault
mostraram que, enquanto a lâmina média precipitada correspondia a um volume de cerca
de 63 milhões de m3/ano, a descarga do rio, medida no mesmo período, era de apenas 10
milhões de m3/ano. Detalhe Perrault era ADVOGADO e, portanto, seu nome não era
conhecido nos meios científicos.

O segundo passo foi dado na mesma época por outro francês, o físico Edmé Mariotté
(1620-1684), que realizando medições no rio Sena, em Paris que confirmavam o trabalho
de Perrault e mais, comprovavam a teoria da infiltração (CPRM/UFPE, 2000).

Por fim, o terceiro e último passo foi dado com a contribuição do astrônomo inglês
Edmond Halley (1656-1742), que demonstrou, em 1693, que a evaporação da água do
mar era suficiente para responder por TODAS as nascentes e fluxos de cursos de água
observados nos continentes (CPRM/UFPE, 2000).

Analisados sob uma visão sistêmica, os mananciais subterrâneos são tradicionalmente


utilizados como fontes de abastecimento de água para o uso doméstico, industrial ou
agrícola. A qualidade de suas águas, aliada à facilidade de extração em locais com
escassez de águas de superfície, tem sido um fator importante e decisivo para o
desenvolvimento de sistemas de extração em larga escala e de redução de custos
visando satisfazer, quase sempre, demandas cada vez mais elevadas. A qualidade e
quantidade das águas subterrâneas, entretanto, podem ser comprometidas caso a
exploração não seja fundamentada em estudos preliminares de planejamento e uso
sustentável dos mananciais.

No Brasil, a Hidrogeologia tem se desenvolvido desde o início do século passado, quando


diversas ações concentraram-se especialmente na região Nordeste, representadas
exclusivamente pela perfuração de poços, em geral vinculadas à programas de combate
às secas, sem preocupação com avaliação de recursos disponíveis e planejamento de
uma política permanente de administração e uso de água (CPRM/UFPE, 2000).
Recentemente (desde os anos 1990), tem havido um grande desenvolvimento da
Hidrogeologia no Brasil, em função principalmente de:
 Aumento da demanda por água para consumo humano, industrial e agrícola;
 Necessidade de abastecimento de água em regiões com poucos recursos hídricos
superficiais;
 Conflitos de uso dos recursos hídricos superficiais;
 Contaminação de águas subterrâneas;
 Necessidade de rebaixamento de aquíferos em minas à céu aberto.

1.3. Água Subterrânea

A água constitui-se em um dos mais valiosos recursos minerais, sem o qual é impossível
a existência de qualquer forma de vida.

No passado, a água subterrânea era vista apenas como um recurso material. Esta visão
mudou radicalmente nas últimas décadas, em especial por diversos problemas relativos à
sua gestão, pela demanda crescente e pelos problemas ambientais decorrentes do mau
uso desse recurso.
Atualmente, começa a ser observar uma maior preocupação com o uso da água
subterrânea. Inicialmente a preocupação era, e ainda é, com a qualidade da água
subterrânea, já que diversas atividades antrópicas a tem impactado, no Brasil e no
mundo. Mais recentemente, a preocupação também passou a ser com a quantidade
disponível desses recursos, já que o mesmo tem sido utilizado, em diversas regiões do
mundo, sem que se tenha um conhecimento adequado da sua forma de ocorrência dos
volumes disponíveis e dos volumes bombeados.

Na Tabela 1, apresenta-se o inventário global dos volumes de água (salgada e doce),


existente na Terra. A observação desta tabela torna clara a importância da água
subterrânea como fonte de água potável.

Tabela 1 - Potencial hídrico mundial (Fonte: A Guide to the World’s Fresh Water
Resources, 1993, Igor Shiklomanov’s chapter “World fresh water resources”).
Volume Percentagem da Percentagem da Tempo de
Tipo de Água
(Km3) Água Doce Total Água Total Residência
Oceanos, mares e
1.34 x 109 ---- 96.54 ≈ 4000 anos
baías (água salgada)
Camadas de gelo,
Glaciares e Neve 24.06 x 106 68.6 1.74 10 – 1.000 anos
Eterna
Água Subterrânea 23.40 x 106 ---- 1.69
2 semanas –
Fresca 10.53 x 106 30.1 0.76
10.000 anos
Salina 12.87 x 106 ---- 0.93
Umidade do solo 16.5 x 103 0.05 0.001 2 semanas – 1 ano
Gelo no terreno e
3.00 x 105 0.86 0.022
Permafrost
Lagos 176.4 x 103 ---- 0.013 ≈ 10
Fresca 91.0 x 103 0.26 0.007
Salina 85.4 x 103 ---- 0.007
Atmosfera 85.4 x 103 ---- 0.001 10 dias
Pântanos 11.47 x 103 0.03 0.0008 1 – 10
Rios 2.12 x 103 0.006 0.0002 2 semanas
Água Biológica 1.12 x 103 0.003 0.0001 1 semana
TOTAL 1.41 x 109 100

A Figura 1 ilustra o fato de que se toda a água disponível na Terra fosse colocada em
uma esfera, a mesma teria um diâmetro de 1.385 Km, correspondente a 10,86% do
diâmetro equatorial.
Figura 1- Imagem mostrando que se toda a água (líquida, gelo, água fresca e salina)
fosse colocada na forma de uma esfera, a mesma teria o tamanho da esfera azul, em
comparação com a Terra (Jack Cook, WHOI/USGS, 2012).

Alguns especialistas, entretanto, indicam que a quantidade de água subterrânea pode


chegar a até 60 milhões de km3, mas a sua ocorrência em grandes profundidades pode
impossibilitar seu uso. Por essa razão, a quantidade passível de ser captada estaria a
menos de 4.000 metros de profundidade, compreendendo cerca de 8 e 10 milhões de km 3
(CEPIS, 2000), que, segundo Rebouças et al. (2002), estaria assim distribuída: 65.000
km3 constituindo a umidade do solo; 4,2 milhões de km 3 desde a zona não-saturada até
750 m de profundidade, e 5,3 milhões de km3 de 750 m até 4.000 m de profundidade,
constituindo o manancial subterrâneo.

Além disso, a quantidade de água capaz de ser armazenada pelas rochas e pelos
materiais não consolidados em geral depende da porosidade dessas rochas, que pode
ser de até 45% (IGM, 2001), da comunicação desses poros entre si ou da quantidade e
tamanho das aberturas de fraturas existentes.

No Brasil, as reservas de água subterrânea são estimadas em 112.000 km 3 (112 trilhões


de m3) e a contribuição multianual média à descarga dos rios é da ordem de 2.400 km 3
/ano (REBOUÇAS, 1988 citado em MMA, 2003). Nem todas as formações geológicas
possuem características hidrodinâmicas que possibilitem a extração econômica de água
subterrânea para atendimento de médias e grandes vazões pontuais. As vazões já
obtidas por poços variam, no Brasil, desde menos de 1 m 3/h até mais de 1.000 m3/h
(FUNDAJ, 2003).

Outro dado importante está relacionado ao tempo médio de renovação das águas,
conforme apresentado na Tabela 1. As águas dos rios demoram, em média, 14 dias
(entre 12 e 16 dias) para se renovar da nascente até a foz. A água na atmosfera demora
cerca de 7 dias para renovar o vapor de água, enquanto os oceanos levam cerca de 3000
anos, as geleiras cerca de 1600 anos. A água subterrânea pode levar de 14 dias e 10.000
anos para ser completamente renovada.
Água Subterrânea no Brasil

Os dados hidrogeológicos disponíveis para o Brasil ainda são relativamente escassos.


Entretanto, em função da demanda crescente por este recurso em anos recentes, estudos
tem permitido o levantamento de uma série de informações importantes. Assim, na Tabela
2 e na Figura 2 apresenta-se uma estimativa do potencial de água subterrânea e o mapa
dos domínios hidrogeológicos do Brasil, respectivamente. Na Figura 3 apresenta-se o
mapa de Províncias Hidrogeológicas do Brasil.

Tabela 2 - Reservas de águas subterrâneas do Brasil (Fonte: Boscardin Borghetti et al.


(2004), adaptado de MMA, 2003).
Volumes
Província Áreas
Domínios Aquíferos Sistemas Aquíferos Principais Estocados
Hidrogeológica (Km2)
(Km3)
Escudo Oriental Embasamento Aflorante 600.000 Zonas Fraturadas 80
Escudos
Setentrional, Manto de intemperismo e/ou
Embasamento alterado 4.000.000 10.000
Central e fraturas
Meridional
Bacia Sedimentar Arenitos Barreiras e Alter do 32.500
Amazonas 1.300.000
Amazonas Chão* (165.520)
Bacia Sedimentar São Luís
Parnaíba 50.000 Arenitos São Luís e Itaperucu 250
– Barreirinhas
Arenitos Itaperucu, Corda-Grajaú,
Bacia Sedimentar do
Parnaíba 700.000 Motuca, Poti-Piauí, Cabeças e 17.500
Maranhão
Serra Grande
Bacia Sedimentar Potiguar- Arenitos Barreiras, Açu e
Costeira 23.000 230
Recife Beberibe, Calcário Jandaíra,
Bacia Sedimentar Alagoas-
Costeira 10.000 Arenitos Barreiras e Marituba 100
Sergipe
Bacia Sedimentar Jatobá- Arenitos Marizal, São Sebastião,
Costeira 56.000 840
Tucano-Recôncavo Tacaratu
Arenitos Bauru-Caiuá,
Bacia Sedimentar Paraná
Paraná 1.000.000 Furnas/Aquidauana, Guarani, Rio 50.400
(Brasil)
Branco e Basaltos Serra Geral,
Depósitos diversos 823.000 Aluviões, dunas 411
112.311
Total 8.512.000 ---
(245.331)
(*) Recentemente (2011), novos estudos comprovaram que as reservas mínimas do Aquífero Alter do Chão
(agora denominado Grande Amazonas) atingem os 162.52 km³ (até uma profundidade de 500 metros), o
que o transformaria no maior sistema aquífero do mundo, capaz de abastecer sozinho a atual população
mundial por 250 anos. Esse aquífero exemplifica a má distribuição do volume hídrico nacional com relação
à concentração populacional. Na Amazônia, vive apenas 5% da população do país, mas é a região que
concentra mais da metade de toda água doce existente no Brasil.

No Brasil, estima-se que existam mais de 200.000 poços tubulares em atividade


(irrigação, pecuária, abastecimento de indústrias, condomínios etc.), mas o maior volume
de água ainda é destinado ao abastecimento público. Os estados com maior número de
poços são: São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará e Piauí. Em algumas áreas, as
águas subterrâneas são intensamente aproveitadas e constituem o recurso mais
importante de água doce.
Figura 2 – Representação esquemática dos principais aquíferos brasileiros (Fonte:
Boscardin Borghetti et al. (2004), adaptado de MMA, 2003).

Figura 3 - Principais Províncias Hidrogeológicas do Brasil (Fonte: CPRM, 2003).


1.4. Origem da Água Subterrânea – Ciclo Hidrológico

O Ciclo Hidrológico é o fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície


terrestre e a atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada à
gravidade e à rotação terrestre.

O conceito de ciclo hidrológico (Figura 4) está ligado ao movimento e à troca de água nos
seus diferentes estados físicos, que ocorre na Hidrosfera, entre os oceanos, as calotas de
gelo, as águas superficiais, as águas subterrâneas e a atmosfera. Este movimento
permanente deve-se ao Sol, que fornece a energia necessária ao processo. Uma parte
dessa água flui pela superfície da Terra em direção às drenagens e lagos, uma parte é
utilizada pelas plantas, uma parte evapora e retorna à atmosfera e alguma infiltra no
terreno. À medida em que a água infiltra no terreno, parte dessa água adere à partículas
de solo ou às raízes das plantas. Esta umidade provê a água necessária ao crescimento
das plantas. A água não utilizada pelas plantas continua se movendo para profundidades
cada vez maiores, através de espaços vazios e fissuras existentes nos solos e rochas até
que atinja uma camada de rocha através da qual sua movimentação não seja mais
possível, preenchendo, então, seus vazios. Nem toda a água precipitada alcança a
superfície terrestre, já que uma parte, na sua queda, pode ser interceptada pela
vegetação e voltar a evaporar-se. A água que se infiltra no solo também está sujeita a
evaporação direta para a atmosfera e é absorvida pela vegetação, que através da
transpiração, a devolve à atmosfera.

Portanto, a água que continua a infiltrar-se e atinge a zona saturada, entra na circulação
subterrânea e contribui para um aumento da água armazenada (recarga dos aquíferos). O
topo da zona saturada corresponde ao nível freático. No entanto, a água subterrânea
pode ressurgir à superfície (nascentes) e alimentar as linhas de água ou ser descarregada
diretamente no oceano.

A quantidade de água e a velocidade com que ela circula nas diferentes fases do ciclo
hidrológico são influenciadas por diversos fatores como, por exemplo, a cobertura vegetal,
altitude, topografia, temperatura, tipo de solo e geologia. No caso específico da infiltração,
os principais fatores condicionantes são:
 Condutividade hidráulica – quanto maior a condutividade hidráulica do terreno,
maior a infiltração e menor o escoamento superficial e a evaporação. Está
ligada ao tipo de solo ou rocha.
 Topografia – superfícies mais íngremes favorecem o escoamento superficial e
dificultam a infiltração e a evaporação.
 Vegetação – áreas com cobertura vegetal mais densa, favorecem a infiltração e
dificultam o escoamento superficial (run-off).
 Regime de precipitação – a distribuição das chuvas pode favorecer ou não a
infiltração. Assim, chuvas constantes e prolongadas favorecem a infiltração,
enquanto chuvas fortes e rápidas favorecem o escoamento superficial.
Figura 4 - Ciclo hidrológico (Fonte: USGS, 2012).

Outra informação importante em relação à água subterrânea está relacionada às suas


formas de ocorrência, que podem ser:
 de Constituição – aquela que faz parte da estrutura do mineral só sendo retirada se
o mesmo for destruído (quimicamente);
 Higroscópica – retida ao grão por forças de adsorção, só pode ser extraída por
aquecimento (só retirada quando aquecida a 1000C) ;
 Pelicular – forma uma película ao redor do grão (retirada pelas raízes das plantas
ou adsorção);
 Capilar – retida entre dois grãos por ação de forças capilares;
 Livre – movimenta-se livremente entre os vazios.

1.5. Unidades Hidrogeológicas

As rochas e seus materiais de intemperismo (solos) e os sedimentos podem formar


unidade hidrogeológicas, que podem ser classificadas em função do tipo de vazio no qual
a água pode ser armazenada, ou nas suas características de drenagem.

Em relação à drenagem, as unidades hidrogeológicas podem ser:


 Aquíferos;
 Aquicludes;
 Aquitardos/Aquitardes;
 Aquifugos.

Aquíferos são formações geológicas que contém água e permitem que uma quantidade
significativa dessa água se movimente (escoe) por seu interior, sob condições naturais.
Areias, arenitos, granitos fraturados, gnaisses fraturados, calcários e dolomitos
constituem, portanto, aquíferos.

Podem ser subdivididos em aquíferos livres e aquíferos confinados, conforme a pressão


de água nas superfícies que os limitam.
Assim, aquíferos livres, também denominados freáticos ou não confinados, são aqueles
em que a superfície superior é uma superfície freática, ou seja, uma superfície na qual
todos os pontos estão sob uma pressão igual à atmosférica. Nos aquíferos confinados,
também chamados de sob pressão, a pressão de água em qualquer ponto (incluindo sua
superfície) é maior que a pressão atmosférica. Graças a esse excesso de pressão, ao se
perfurar um poço neste tipo de aquífero a água irá ascender dentro do mesmo até
estabilizar-se em uma cota na qual iguale a pressão atmosférica. Este fenômeno é
conhecido como ARTESIANISMO. O artesianismo pode originar, portanto, poços jorrantes
ou não jorrantes, dependendo da relação entre a boca do poço e a cota na qual a pressão
atmosférica é igualada. Todos esses fenômenos podem ser observados na Figura 5 e na
Figura 6.

Figura 5 - Tipos de aquífero em função da pressão à qual estão submetidos.

Superfície Piezométrica do
Granito
e do Gnaisse
3

2
1 4

Figura 6 - Tipos de aquíferos, em relação ao tipo de vazios e à pressão a que estão


submetidos.
Aquicludes são formações geológicas que podem conter água (mesmo em quantidades
significativas), mas que, por características de baixa condutividade hidráulica, não são
capazes de permitir que essa água se movimente por seu interior em condições naturais.
Argilas, folhelhos, filitos, xistos, argilitos são típicos aquicludes.

Aquitardos são formações geológicas que apresentam condutividade hidráulica


intermediária entre os dois casos anteriores, ou seja, permitem que quantidades
pequenas de água escoem a baixas velocidades pelo seu interior. Argilas-arenosas,
areias-argilosas, siltes-arenosos, grauvacas compõem, comumente, aquitardos.

Os aquífugos, por sua vez, são formações geológicas que não contém água. Ou seja,
são materiais incapazes de armazenar e, portanto, de transmitir água. Rochas ígneas e
metamórficas maciças, calcários e dolomitos maciços compõem exemplos típicos desses
materiais.

Em relação ao tipo de vazio, as unidades geológicas podem ser divididas em porosas,


fraturadas ou cársticas, como se mostra na imagem da Figura 7.

Figura 7 - Tipos de aquíferos em função do tipo de vazio. (Fonte: Boscardin Borghetti et


al., 2004)

Nas rochas porosas os vazios são constituídos por poros intergranulares que podem ou
não estar interconectados (Figura 8 e Figura 9). Estão associados à rochas sedimentares
e sedimentos não consolidados. Constituem os melhores aquíferos tanto pela quantidade
de água que armazenam como pela sua condutividade hidráulica. A qualidade vai
depender da presença de material cimentante, tais como carbonato de cálcio, óxidos de
ferro e sílica. Se a granulometria da rocha é muito pequena, esta pode armazenar a
porosidade é elevada, mas como os poros são muito pequenos a força de adesão da
água é um obstáculo ao seu movimento. A porosidade desses materiais é denominada
porosidade primária. São constituídos por areias, depósitos aluvionares, arenitos, solos de
decomposição das rochas. Caracterizam-se pela sua alta capacidade de armazenamento
e menor condutividade hidráulica, sendo, por isto, também menos suscetíveis à poluição.

A prospecção (pesquisa) nesses aquíferos depende muito da geologia, já que seus limites
podem ser facilmente identificáveis em campo, das dimensões do depósito e dos
processos sedimentares de formação das rochas.
Figura 8 - Exemplo de rochas sedimentares clásticas (conglomerado e arenito) que
podem formar aquíferos granulares.

Figura 9 - Exemplo de aquífero granular (porosa) (Fonte: Fletcher & Driscoll, 1995).

Nas rochas fraturadas ou fissuradas os vazios são compostos por estruturas tectônicas
(resultantes de um esforço), tais como fraturas, diaclases, falhas, fissuras e foliação
(Figura 10 e Figura 11). Este tipo de aquíferos ocorre em rochas ígneas e metamórficas
que, quando maciças, apresentam porosidade muito baixa ou inexistente. A capacidade
dessas rochas armazenar água depende da sua porosidade e condutividade hidráulica
que, por sua vez, dependem das características das descontinuidades, tais como sua
quantidade, abertura e intercomunicação. Apresentam porosidade secundária, ou de
fraturas. São compostos por rochas duras – granito, gnaisse, xistos etc. Apresentam
maiores condutividade hidráulicas que os aquíferos porosos, mas tem baixa capacidade
de armazenamento, razão pela qual, em geral, esse tipo de aquíferos não fornece caudais
elevados, permitindo apenas explotação localizada.

A prospecção de água nesse tipo de aquíferos dependem basicamente da interpretação


de fotos aéreas e imagens de satélite, em escalas variadas e de uma análise estrutural da
deformação, já que as fraturas principais são ortogonais à direção de maior compressão.
Figura 10 - Exemplos de aquíferos fraturados. À esquerda quartzito fraturado da Mina de
Timbopeba (VALE), Mariana (MG) e à direita, quartzito fraturado existente na mina de
Vazante (CMM – Votorantim), Vazante (MG).

Figura 11 - Exemplo de aquífero fraturado (fissurado ou cristalino) .

Por fim, os aquíferos cársticos ou carbonáticos são aqueles em que os vazios são
resultantes da dissolução dos carbonatos (Figura 12, Figura 13 e Figura 14) causada pela
circulação de água em estruturas pré-existentes (descontinuidades – fraturas, fissuras,
diaclases etc.). Essas aberturas podem atingir grandes dimensões, criando, nesse caso,
verdadeiros rios subterrâneos. São aquíferos heterogêneos, descontínuos, com águas
duras, com fluxo em canais. Também apresentam porosidade secundária, dada por
estruturas de dissolução. São constituídos por calcários, dolomitos, mármores e margas.
Apresentam a maior condutividade hidráulica e a maior capacidade de armazenamento
dentre os tipos genéticos de aquíferos.

A prospecção depende da identificação de processos de carstificação, da presença de


estruturas geológicas que irão permitir o fluxo de água, e da posição do nível de base,
que irá condicionar a direção de fluxo e, portanto, da dissolução.
Figura 12 - Vazios de dissolução em rochas carbonáticas na Mina da Geocal, Santana do
Parnaíba (SP).

Figura 13 - Estruturas de dissolução em calcário.

Figura 14 - Exemplo de um aquífero cárstico (carbonático) (Walker, 1956 in: Frezy &
Cherry, 1978).

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