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Universidade Estadual da Paraíba

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde


Departamento de Psicologia
Curso: Psicologia e Saúde Mental Turno: Matutino
Aluno(a): Jaquelane Lorrani Maia Lourenço Mat:161281443

Resenha Crítica

Atividade apresentada como


exigência de avaliação da disciplina
psicologia e saúde mental
ministrado no semestre 6º pelo
professor Eduardo Breno Bezerra.

Campina Grande - PB
Outubro – 2017
LETIER, R.; BONDAROVSKY, L.; BERLINER, R. Nise: o coração da
loucura. [Filme-vídeo] Produção de Rodrigo Letier e Lorena Bondarovsky, direção
de Roberto Berliner. Brasil, 2016. 108min color. Son.
O filme “Nise: o coração da loucura”, ambientado na década de 40, narra um
trecho da história da loucura no Brasil a partir da vivencia de Nise da Silveira, uma
psiquiatra do hospital psiquiátrico de Engenho de Dentro e que transformou a psiquiatria
no país.

O longa-metragem conta como eram tratados os pacientes psiquiátricos naquela


época, sendo submetidos a práticas de lobotomia e eletroconvulsoterapia, além do
descaso e maus-tratos sofridos pelos pacientes dos profissionais de saúde. Nesse contexto
surge nise com uma proposta de tratamento diferente, baseada na arte, afeto e convício
com animais.

Por contrapor-se as terapêuticas tradicionais é designada responsável pelo setor


de terapia ocupacional, considerado um setor irrelevante e sem eficácia. É a partir dessa
experiência que ela rompe com as práticas e saberes tradicionais. Passa nesse sentido a
chamar os pacientes de clientes, dá liberdade para que eles se expressem principalmente
através da arte.

A partir dessas mudanças é observada uma mudança no comportamento dos


pacientes, inclusive os considerados mais perigosos, contudo devido ao preconceito da
época a médica encontra dificuldade com os próprios colegas de trabalho que não
reconhecem esse tipo de tratamento. Apesar disso Nise consegue o reconhecimento da
sociedade artística, inclusive contando com o apoio de um dos mais importantes críticos
de arte da época. Ao final do filme um dos clientes, considerado um doente crônico e
incapaz de convívio em sociedade, recebe alta e passa a se sustentar pela arte. A partir da
história narrada pelo filme é possível compreender a trajetória da saúde mental no Brasil
e como hoje são efetuadas ações nessa âmbito da saúde.

Na antiguidade o louco era visto como alguém que possuía conexão com o divino,
já na idade média ele passa a ser visto como pessoas tomadas pelo demônio e por isso
deveriam ser excluídos da sociedade tal qual os leprosos nos tempos bíblicos. Focault
denuncia em seu livro história da loucura que tudo que era diferente era levado ao
hospício, pois tudo que era desejável excluir era levado aos manicômios, uma vez que o
considerado louco não se submetia as normas. O louco estava nesse sentido associado ao
que se entendia por doença, por fuga da normalidade. Assim o conceito de doença para
Focault muda de acordo com o conjunto de valores que prevalecem na sociedade naquele
momento.

Entendendo normatividade como a capacidade de um indivíduo estabelecer


normas, organizar-se em sua relação com o meio, a ideia de cura seria compreendida
então como uma expansão da normatividade individual restriginda pela doença. O sujeito
saudável seria aquele capaz de se adaptar e evoluir as normas. Partindo da ideia de uma
sociedade normatizadora, as instituições servirão como fiscais do cumprimento das
normas. A partir disso Silva (2008) irá dizer que o saber sobre a loucura esquece de seu
ponto de partida moral e esquece de problematizar o poder que exerce.

A partir da era clássica criam-se os internatos e essas instituições, ou seja, os


hospitais psiquiátricos passam a funcionar como mecanismos de higienização da
sociedade, uma vez que passam a integrar não só sujeitos adoecidos e que necessitam de
tratamento, mas também o pobre que não corresponde ao ideal mercantilista, uma vez
que não consegue se sustentar e por isso diz Silva (2008) que era “preciso padronizar as
coisas para que elas possam melhor se adequar ao estatuto de mercadoria”, não obstante
as primeiras casa de internação surgirem nas regiões industrias da Inglaterra. O louco é
percebido a partir disso como um problema social.

”O internamento torna possível esses famosos


remédios morais — castigos e terapêuticas — que serão a
atividade principal dos primeiros asilos do século XIX e cuja
fórmula Pinel, assegura que às vezes é bom "abalar fortemente
a imaginação de um alienado e imprimir-lhe um sentimento de
Terror .” (FOUCAULT, 1972[2005], pp. 99- 104)

Pinel, o pai da psiquiatria, é quem irá preconizar a criação de uma instituição


apenas para doentes mentais que irá promover um tratamento moral. Contudo, devido ao
crescimento do pensamento fisiologista, os castigos físicos passam a ser entendidos
também como formas de tratamento da loucura, pois segundo as teorias orgânicas a
loucura estaria no corpo.

Franco Basaglia irá contrapor-se a essa forma de tratamento moral e físico que
excluem o considerado louco e que busca normatiza-lo. Influenciado por Marxewll Jones,
Focault e Ervin Goffman, proporá o que é conhecido como reforma psiquiátrica,
baseando-se no pensamento fenomenológico-existencial que surge como resposta a
desumanização do homem durante o período de guerras. O louco agora passa a ser
humanizado e loucura é vista como fruto uma forma diferente de existir.

A reforma psiquiátrica irá propor uma desinstitucionalização que parte, segundo


Kyrillos Neto (2003), de uma crítica a ação do paradigma racionalista em psiquiatria, que
cria a loucura e propõe elimina-la, sem sucesso, uma vez que diz Silva (2003) a loucura
sempre escapa.

Basaglia ainda propõe uma luta contra a tecnificação e um movimento político e


social que possibilitam uma nova tomada de consciência sobre o que é loucura.

Com o paciente entendido pela ótica da exclusão social, propõe-se a partir disso a
psicoterapia que visa reconstruir os laços sociais do “louco” e nesse sentido possibilitar o
que Kyrillos Neto (2003) chama de cidadania do louco.

Basaglia vai construindo uma permanente reflexão


crítica sobre os conceitos de desvio, normalidade-
anormalidade, desajustamento e personalidade psicopática,
que contém não apenas uma análise epistemológica, mas uma
crítica ao lidar social e político com os mesmos. (Amarante,
1994)

A psicologia entra no campo da saúde mental a partir do entendimento da loucura como


uma doença mental. Inicialmente trata-se como desvio moral, mas com a reforma passa
a ser entendida como uma forma de existência do homem. Nesse sentido a psicologia a
partir da reforma passa a compreender e a atuar na psicoterapia a partir de uma perspectiva
biopsicossocial.

No Brasil, nos anos 60 das representantes da reforma foi a médica Nise da Silveira,
retratada no filme. Foi a partir dessa reforma que surgiram a LEI 10.216, o modelo
substitutivo ao hospital psiquiátrico: os centros de atenção psicossocial (CAPS). Os
Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) que são serviços abertos e comunitários do SUS
de acordo com a Portaria nº 336/2002 do Ministério da Saúde, tem a função de substituir
os leitos manicomiais para uma reabilitação através do acompanhamento clínico e a
reinserção social dos usuários, através de atividades intra e extra instituição, buscando
sempre fortalecer o vínculo do usuário com a família e a comunidade.A reforma
psiquiátrica fundamentada nas diretrizes do Sistema Único de Saúde e baseado no modelo
de atenção comunitária desde que se constituiu vem buscando a integração e inclusão do
indivíduo com sofrimento psíquico com a comunidade, ao invés de excluir e colocar esse
indivíduo privado de qualquer contato com o meio social.

Nesse sentido pode-se perceber no filme vários traços que demarcam a trajetória da
loucura e da reforma psiquiátrica no Brasil e no mundo. Os casos de Carlos Pertius,
Emygdio, Adelina, Lúcio e Fernando retratam que é possível uma nova perspectiva da
loucura, entendendo a subjetividade que o sujeito com transtorno mental possui, além das
mudanças nas práticas dos profissionais, como o caso do personagem Lima.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, Magali Milene. A saúde mental e a fabricação da normalidade: uma


crítica aos excessos do ideal normalizador a partir das obras de Foucault e
Canguilhem. Interação em Psicologia, 2008, 12.1.

KYRILLOS NETO, Fuad. Reforma psiquiátrica e conceito de esclarecimento:


reflexões críticas. Mental, 2003, 1.1: 71-82.

Amarante P. Uma aventura no manicômio: a trajetória de Franco Basaglia. Hist


Cienc Saude – Manguinhos, Rio de Janeiro. 1994;1(1):61-77.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104- 59701994000100006

FOUCAULT, M. História da loucura. São Paulo: Perspectiva, 1978

FEIER, Aline Lemos. Razão e Desrazão: A História da Loucura de Michel


Foucault. Ítaca, 2015, 26.

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