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NOTA TÉCNICA N02016/ CGNOR/DSST/SIT/MTb
N° do Protocolo: 47753000044/2016-66 Interessado: Rocha Cerqueira Sociedade de Advogados
Ementa: Esclarecimento acerca do uso individual,
higienização e compartilhamento de EPI
- Introdução
Trata-se de questionamento enviado à Superintendência Regional do
Trabalho e Emprego de Minas Gerais pela Senhora Mariana Lopes — Rocha Cerqueira Sociedade de Advogados solicitando esclarecimento sobre o uso de cinto de segurança do tipo paraquedista por mais de um trabalhador após a devida higienização.
EI — Da Análise
Cumpre esclarecer que o fornecimento e uso de EPI deverá ocorrer
sempre que outras medidas de controle dos riscos não forem suficientes para a garantia da integridade fisica e da saúde do trabalhador, conforme previsto pela Norma Regulamentadora 09 — Programa de Prevenção de Riscos Ambientais: 9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendose à seguinte hierarquia: medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; utilização de equipamento de proteção individual - EPL
Ou seja, o uso de EPI deve ser recomendado somente quando houver
inviabilidade de adoção de medidas coletivas. Dentre essas medidas coletivas, deverá ser adotada a seguinte hierarquia: eliminação ou redução do uso ou da formação dos agentes prejudiciais à saúde; prevenção da liberação ou da disseminação dos agentes prejudiciais; e a redução dos níveis ou da concentração desses agentes. Em alternativa, visando a proteção dos trabalhadores, caso as medidas de ordem coletiva não sejam suficientes para a proteção do trabalhador, a NR-09 prevê o que segue:
9.3.5.4 Quando comprovado pelo
empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendose à seguinte hierarquia: medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; utilização de equipamento de proteção individual - EPI Isso posto, passa-se à análise do conceito de EPI, dado pela Norma Regulamentadora 06 — Equipamentos de Proteção Individual:
6.1 Para os fins de aplicação desta Norma
Regulamentadora - NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Ora, o uso da palavra individual no conceito e no próprio nome do EPI
se dá pela necessidade de se diferenciar esse equipamento daqueles previstos como Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) ou das medidas de proteção coletiva. Os EPC são aqueles dispositivos utilizados pela empresa para trazer proteção a toda coletividade de trabalhadores e situam-se em nível hierárquico superior aos EPI, ou seja, somente em locais onde os EPC não são suficientes para a proteção dos trabalhadores é que devem ser utilizados os EPI. Dentre exemplos de EPC temos as proteções de partes móveis de máquinas, os guarda-corpos ou proteções anti-queda, ventiladores ou exaustores para troca de ar nos ambientes, placas sinalizadoras, sirenes, dentre diversos outros. Portanto, a palavra "individual" nesse caso não deve ter o sentido de uso pessoal. O EPI é individual porque é utilizado por apenas um trabalhador, mas não significa que deva ser utilizado exclusivamente por este ou por aquele trabalhador, sendo possível a sua utilização por mais de uma pessoa. Logicamente que, pelas características de cada tipo de EPI, deverá ser feita avaliação sobre a possibilidade de compartilhamento do EPI pelas suas características de higiene ou de adaptação às características antropométricas de cada trabalhador. Não há condições, por exemplo, de se compartilhar respiradores PFF ou luvas cirúrgicas ou protetores auditivos intra-auriculares, por exemplo. Esses equipamentos, por suas características de uso, possuem limitações que impedem o compartilhamento. São questões de higiene ou de vida útil do EPI que devem ser levadas em consideração. Outro exemplo a ser mencionado é o de calçados que, pelas suas características de uso, também não devem ser compartilhados, já que, além das questões de higiene, também ocorre uma adaptação do EPI ao tipo de pisada e ao formato do pé do trabalhador, tornando este equipamento de uso pessoal e não compartilhável. Portanto a análise sobre o compartilhamento de EPI deverá ser feita caso a caso, conforme o uso, levando em consideração questões de higiene e de vida útil do equipamento, sem desconsiderar as questões de dignidade do trabalhador. Os costumes e a percepção do trabalhador em relação ao uso também devem ser levadas em consideração, já que, a depender do uso, os trabalhadores podem se sentir desconfortáveis ou inseguros por haver compartilhamento. Cite-se como exemplo de EPIs que costumam ser compartilhados as máscaras de solda, principalmente as que possuem cabo. Já as máscaras de solda com encaixe para cabeça (carneira) merecem outro tipo de enfoque para avaliação da pessoalidade do uso. Se o uso é esporádico, os próprios trabalhadores não sentirão desconforto em compartilhar o EPI, porém se a atividade com solda é constante, cada trabalhador deverá receber o seu EPI, por questões de higiene, evitando ferir a dignidade dos trabalhadores que precisariam compartilhar EPI que fica em constante contato com a pele de outro trabalhador. A análise deverá ser, portanto, realizada pelas características de uso em cada atividade, recomendado o uso individual e pessoal sempre que possível ou quando houver dúvida em relação à possibilidade de compartilhamento, tomando por princípio o critério da precaução. O uso compartilhado é restrito e indicado apenas em casos específicos. Constitui exceção à regra que deverá ser a do uso individual. Em caso de compartilhamento, medidas adicionais de higienização do EPI deverão ser adotadas pela empresa sempre que houver a troca do usuário do EPI.
III — Conclusão
Face ao exposto, recomenda-se ao interessado que proceda à análise
das condições de uso dos EPI tipo cinturão para que o uso compartilhado somente seja autorizado e implementado pela empresa caso restem resguardadas a segurança e saúde do trabalhador, analisadas as condições de uso, higiene e manutenção dos EPI, observada a dignidade e os costumes dos usuários desses equipamentos.
Brasília, 09 de agosto de 2016
ALEXANDRE FURTADO SCARPELLI FERREIRA
L Coordenador de Normatização e Registros
De acordo. Encaminhe-se ao DSST.
Brasília, ti /o /2016.
ROMULO MA 4710 E SILVA
Coordenador Geral de Normatização e Programas
De acordo. Encaminhe-se à SIT.
Brasília, 16 / °S /2016.
CELSO DE ALMEIDA HADDAD
Diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (substituto)