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Sociologia Brasileira Professor Cezar Bueno

Ciências Sociais - 4º Período

SOCIOLOGIA URBANA: A LUTA PELA MORADIA NO BRASIL

Mayara Cristina Alberto¹

Introdução
Com o êxodo rural e o “enchimento” das áreas urbanas, passaram a surgir diversos
problemas, entre eles podemos considerar como um dos mais importantes a questão da
moradia, o que acarretou no crescimento de moradias coletivas como os cortiços e com ele
outros problemas surgiram, como a necessidade de uma estrutura de saneamento, transporte,
saúde, educação entre outros requisitos essenciais para condição de habitação de grupos
familiares. As primeiras políticas voltadas para a habitação foram pensadas não para a
sociedade popular e sim para quem tinha dinheiro suficiente para pagar por uma casa. Essa
questão continua sendo atual, podemos ainda considera-la um dos principais problemas
sociais urbanos do Brasil, o qual evidência a extensão da desigualdade. Aos poucos a
necessidade de políticas públicas voltadas para a moradia foram sendo tomadas como
bandeira de luta de algumas organizações sociais, igrejas, movimentos populares, ONGs, e a
partir do momento em que se visibilizou socialmente, ganhou espaço dentro dos debates
políticos gerando uma constante discussão entre movimentos populares e governo.

Histórico da luta pela moradia


A partir da metade do século XX, com o processo de industrialização e o crescimento
econômico de determinadas regiões, os campos se modernizaram, aos poucos a mecanização
foi tomando conta das atividades agrícolas, substituindo assim a mão de obra de provedores
familiares por máquinas. O trabalhador rural prejudicado por essa modernização, sem
emprego, obriga-se a ir para áreas urbanas em busca de melhores condições de vida e de
emprego. Esse fenômeno denominado “êxodo rural” causou o inchaço das cidades, que por
sua vez não estavam preparadas para receber esse numero crescente de migrações passou a
apresentar diversos problemas. Os migrantes que chegavam as cidades sem muitas condições
financeiras se instalavam nas regiões periféricas, as quais possuíam pouca estrutura para seus
habitantes e não havia condições para suportar tal demanda, surgindo a partir daí os cortiços e
favelas.
Contudo a expectativa de melhores condições de vida não foi atendida, pois com a
grande demanda de “mão de obra” e poucas vagas nas empresas, o índice de desemprego
aumentou, e algumas pessoas optaram pelo trabalho informal como de ambulantes, com isso
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alguns problemas urbanos começaram também a evidenciarem, a falta de saneamento básico


proporcionou para o aparecimento de doenças; a saúde pública ficou mais precária; problemas
com o transporte e diversas questões urbanas entraram em crise, por não terem condições de
atender às demandas do direito à cidade.
As grandes aglomerações populacionais nas periferias das cidades visibilizaram o
problema da habitação no país, uma vez que se pagava muito por um espaço pequeno, que
mal comportava as famílias, com essa “crise urbana” aos poucos a população periférica
passou a se organizar em busca de melhorias nas condições dos bairros afastados dos centros
urbanos. A partir do final década de 80 inicio de 90, a sociedade brasileira via surgir
ocupações habitacionais, muito bem organizadas e com número grande de pessoas em busca
do seu direito a propriedade, o qual está garantido pela Constituição Federal de 1988 no Art.
5º, XXII e XXIII.
De acordo com o artigo de Hols e Monteiro (2008), “Política de Habitação Social e o
Direito a Moradia no Brasil”, cerca de 82% da população brasileira vive em áreas urbanas,
dados do Banco Mundial apontam que de 1 milhão de moradias brasileiras, 700 mil são
ilegais, esses dados mostram que existe uma tolerância da irregularidade habitacional por
parte das autoridades políticas e um certo desprezo para com a vasta desigualdade social. A
fim de modificar este cenário social, foi instituído junto à constituição um capítulo voltado à
Política Urbana, no qual a regularidade fundiária tem destaque, a partir da função social da
propriedade, como política de habitação social, cumprindo a determinação constitucional
regulamentou o capítulo que se refere a esta Política Urbana, através do Estatuto da Cidade
(Lei 10.257/2001), o qual proporcionou uma maior garantia à moradia para muitos destes
moradores de áreas ilegais.

Estatuto da Cidade

O Estatuto da Cidade foi proposto como projeto de lei em 1988, pelo então senador
Pompeu de Souza, mas apenas em 1989 foi apresentado ao plenário, onde foi aprovado e
encaminhado para a Câmara Federal no ano seguinte, porém apenas em 1999 foi
desarquivado por Inácio Arruda, quando este assumiu a presidência da “Comissão de
Desenvolvimento Urbano e Interior”, aprovado dois anos mais tarde e sancionado pelo
presidente Fernando Henrique Cardoso, mais de 12 anos após sua elaboração.
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Este documento busca a ampliação de mecanismos de políticas públicas que


possibilitam o embate de questões urbanas, sociais e ambientais que refletem diretamente na
qualidade de vida dos cidadãos e cidadãs, a fim de construir cidades mais justas socialmente,
democráticas e equilibradas ambientalmente. O Estatuto da Cidade prevê entre outros pontos
a garantia do direito a uma cidade sustentável, uma gestão que seja democrática, a ordenação
e o controle do uso do solo, a regularização fundiária e a urbanização de áreas ocupadas por
populações de baixa renda, através de programas para a construção de moradias, a melhoria
de condições habitacional e de saneamento básico, previsto em seu Artigo 23 do Capítulo III.

Este rico documento foi resultado de incansáveis lutas populares e movimentos de


resistência contra a estrondosa desigualdade social que assola o país. No Brasil desde a
década de 70 os movimentos sociais se organizam no âmbito urbano, revindicando o direito a
cidade, a moradia com regularização fundiária, saúde e saneamento, tendo como fortes aliados
movimentos da Igreja progressista, a partir dos anos 80 se uniram a sindicatos, universidades,
organizações não governamentais e movimentos religiosos, neste momento começaram a
expandir as ocupações, diversas cidades se surpreendiam ao amanhecer com o surgimento de
ocupações com grandes proporções.

Os movimentos sociais e a luta pela moradia

Lefebvre (2006) faz uma reflexão sobre a pressão que a população sofre, a qual nem
sempre desmotiva, “No seio dos efeitos sociais, devidos à pressão das massas, o individual
não morre e se afirma” (LEFEBVRE, 2006, p.115). É a partir daí que surgem os direitos, essa
pressão por meio das lutas populares se fez necessária para manter o reconhecimento desses
direitos, inseri-los nos costumes e nos códigos mesmo que de forma incompleta, pois é a
partir dessa constante busca pela igualdade social que aos faz-se cumprir o direito de todos.

Desde o período do Regime Militar, mecanismos de participação populares se


alavancaram como as associações de bairro, movimentos religiosos, sindicais e movimentos
sociais, que pautam questões de saúde, direito a cidade, educação, assistência social e demais
políticas públicas. A partir destes mecanismos que aos poucos direitos foram efetivados,
assim os movimentos de reforma urbana passaram a se articular com o apoio de outros
movimentos e buscas de políticas voltadas para o problema urbano que estava em evidência, à
precariedade habitacional nas periferias.
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Diante da dificuldade de adquiri uma casa com os recursos do BNH (Banco Nacional
de Habitação), com a taxa de aluguel crescendo e o a grande especulação imobiliária, a
alternativa encontrada por estes movimentos populares foram às ocupações de terrenos
ociosos. A partir do final da década de 80 começaram diversos e incansáveis embates entre
governos municipais e movimentos populares em torno do direito a propriedade, os grandes
centros urbanos do Brasil, se deparavam com grandes ocupações da noite para o dia. Estas
organizações frequentemente eram oprimidas e retiradas destes espaços com brutalidade e
violência, denominadas pela imprensa como invasões, porém quando a proporção das áreas
ocupadas eram grandes, a policia não conseguia conte-los e a montagem dos acampamentos
era efetiva, a partir dai se iniciavam as negociações com os órgãos competentes sempre com a
finalidade de efetivar o direito a propriedade para aquelas famílias.

Neste período em Curitiba, assim como em outros centros urbanos, o número de


ocupações em terrenos ociosos aumentava a cada dia, na região sul da capital paranaense uma
das ocupações foi no bairro do Sitio Cercado, a ocupação Xapinhal, que atendia famílias das
regiões do Xaxim, Pinheirinho e Alto Boqueirão, a maioria vinda do interior do estado do
Paraná, moravam de aluguel, ou de favor em residência de conhecidos, e não possuíam
condições suficientes para adquirir sua “casa própria”. Muito bem organizado e contando com
um vasto arsenal de gana pela luta, conquistaram seu espaço e hoje as casas estão
regularizadas tendo uma história de quase 30 anos como exemplo de luta pelos direitos em
comum.

Na atual “democracia” a luta pela reforma urbana se faz necessária e urgente uma vez
que vivemos em uma constante crise mundial na qual não se ouve o grito do oprimido, a
revindicação do pobre, e não se vê a necessidade do outro.

(...) a crise da cidade tradicional acompanha a crise mundial da civilização agrária, igualmente
tradicional. Caminham juntas e mesmo coincidem. Cabe a “nós” resolver essa dupla crise,
notadamente ao criar com a nova cidade a nova vida na cidade.p.107. 2006.

Esta reforma urbana, que vem sendo proposta pelos movimentos sociais, essa busca
pela “nova vida na cidade”, precisa ser tema de estudo, pois uma vez que existem mais de 7,2
milhões de imóveis sem função social, 1/3 da população brasileira sofre com o déficit da
habitação.
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Considerações finais
Diante desta pesquisa evidencia-se a necessidade e a importância dos movimentos
sociais na luta em busca da efetivação dos direitos da população, principalmente da população
mais pobre do país, com frequência a falta de informação e de formação proporciona para que
essa porcentagem da populacional se permita ser reprimida e ver seus direitos negados
acreditando que está certo. A partir da história de algumas ocupações da cidade de Curitiba, o
desejo e a necessidade de aprofundamento nesta área de pesquisa aumenta. A luta pelo direito
à cidade, e principalmente à moradia passa a ser coletiva, informar e lutar por uma sociedade
mais justa e igualitária é papel de todos como cidadãos e cidadãs, como é possível constatar
por meio de ocupações existentes a mais de 20 anos, essa luta não é em vão. Deixo a reflexão
do trecho de uma canção escrita por um doa articuladores da ocupação do Xapinhal a 29 anos.

“Morando aqui no bairro,


Nós vemos muita gente
Em casa alugadas,
E fundo de quintal,
Não tem terreno próprio
E mal podem comer,
Porque o salário é pouco
E pro aluguel tem que ceder.
E assim organizou-se então,
O povo oprimido pra conquistar o seu chão.”
José Ailton (1989).
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REFERÊNCIAS
BRAGA, Andréa Luiza Curralinho. Planejamento urbano em Curitiba:
institucionalidades de participação e projetos políticos em disputa. In: Anais do II
Congresso Internacional de Política Social d Serviço Social: Desafios Contemporâneos,
Londrina, 2017.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292p. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-5-outubro-1988-
322142-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acessado em 15 de Novembro de 2017.

BRASIL. Estatuto da Cidade: Lei 10.257/2001 que estabelece diretrizes gerais da política
urbana. Brasília, Câmara dos Deputados, 2001, 1a Edição.

FARIA, José Ricardo Vargas et al. Protestos por Moradia e Política de Habitação em
Curitiba: lutas por regularização fundiária e produção habitacional. In: Anais do XVII
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Urbano e Regional, São Paulo, 2017.

FERREIRA, R. F. C. F. Movimentos de moradia, autogestão e política habitacional no


Brasil: do acesso à moradia ao direito à cidade. In: Anais do 2º Fórum de Sociologia
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HOLZ, Sheila y MONTEIRO, Tatiana Villela de Andrade. Política de habitação social e o


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Ciencias Sociales, 1999-2008. Actas del X Coloquio Internacional de Geocrítica, Universidad
de Barcelona, 26-30 de mayo de 2008. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/-
xcol/158.htm>. Acessado em 19 de Novembro de 2017.

LEFEBVRE, Henry. O Direito à Cidade: 4. Ed. São Paulo: Centauro, 2006.

MOTTA, Luana Dias. A questão da habitação no Brasil: políticas públicas, conflitos


urbanos e o direito à cidade. Gesta UFMG. Grupo de estudos em temáticas ambiental, 2011.
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RODRIGUES, Jonas Feitosa e ALMEIDA, Vinicius Augusto de Alencar. Os movimentos


sociais pela moradia e seus conflitos frente à estrutura social vigente. In: Anais do XXI
Encontro Regional de Estudantes de Direito e Encontro Regional de Assessoria Jurídica
Universitária, Crato, 2008.

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