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Introdução
Com o êxodo rural e o “enchimento” das áreas urbanas, passaram a surgir diversos
problemas, entre eles podemos considerar como um dos mais importantes a questão da
moradia, o que acarretou no crescimento de moradias coletivas como os cortiços e com ele
outros problemas surgiram, como a necessidade de uma estrutura de saneamento, transporte,
saúde, educação entre outros requisitos essenciais para condição de habitação de grupos
familiares. As primeiras políticas voltadas para a habitação foram pensadas não para a
sociedade popular e sim para quem tinha dinheiro suficiente para pagar por uma casa. Essa
questão continua sendo atual, podemos ainda considera-la um dos principais problemas
sociais urbanos do Brasil, o qual evidência a extensão da desigualdade. Aos poucos a
necessidade de políticas públicas voltadas para a moradia foram sendo tomadas como
bandeira de luta de algumas organizações sociais, igrejas, movimentos populares, ONGs, e a
partir do momento em que se visibilizou socialmente, ganhou espaço dentro dos debates
políticos gerando uma constante discussão entre movimentos populares e governo.
Estatuto da Cidade
O Estatuto da Cidade foi proposto como projeto de lei em 1988, pelo então senador
Pompeu de Souza, mas apenas em 1989 foi apresentado ao plenário, onde foi aprovado e
encaminhado para a Câmara Federal no ano seguinte, porém apenas em 1999 foi
desarquivado por Inácio Arruda, quando este assumiu a presidência da “Comissão de
Desenvolvimento Urbano e Interior”, aprovado dois anos mais tarde e sancionado pelo
presidente Fernando Henrique Cardoso, mais de 12 anos após sua elaboração.
Sociologia Brasileira Professor Cezar Bueno
Ciências Sociais - 4º Período
Lefebvre (2006) faz uma reflexão sobre a pressão que a população sofre, a qual nem
sempre desmotiva, “No seio dos efeitos sociais, devidos à pressão das massas, o individual
não morre e se afirma” (LEFEBVRE, 2006, p.115). É a partir daí que surgem os direitos, essa
pressão por meio das lutas populares se fez necessária para manter o reconhecimento desses
direitos, inseri-los nos costumes e nos códigos mesmo que de forma incompleta, pois é a
partir dessa constante busca pela igualdade social que aos faz-se cumprir o direito de todos.
Diante da dificuldade de adquiri uma casa com os recursos do BNH (Banco Nacional
de Habitação), com a taxa de aluguel crescendo e o a grande especulação imobiliária, a
alternativa encontrada por estes movimentos populares foram às ocupações de terrenos
ociosos. A partir do final da década de 80 começaram diversos e incansáveis embates entre
governos municipais e movimentos populares em torno do direito a propriedade, os grandes
centros urbanos do Brasil, se deparavam com grandes ocupações da noite para o dia. Estas
organizações frequentemente eram oprimidas e retiradas destes espaços com brutalidade e
violência, denominadas pela imprensa como invasões, porém quando a proporção das áreas
ocupadas eram grandes, a policia não conseguia conte-los e a montagem dos acampamentos
era efetiva, a partir dai se iniciavam as negociações com os órgãos competentes sempre com a
finalidade de efetivar o direito a propriedade para aquelas famílias.
Na atual “democracia” a luta pela reforma urbana se faz necessária e urgente uma vez
que vivemos em uma constante crise mundial na qual não se ouve o grito do oprimido, a
revindicação do pobre, e não se vê a necessidade do outro.
(...) a crise da cidade tradicional acompanha a crise mundial da civilização agrária, igualmente
tradicional. Caminham juntas e mesmo coincidem. Cabe a “nós” resolver essa dupla crise,
notadamente ao criar com a nova cidade a nova vida na cidade.p.107. 2006.
Esta reforma urbana, que vem sendo proposta pelos movimentos sociais, essa busca
pela “nova vida na cidade”, precisa ser tema de estudo, pois uma vez que existem mais de 7,2
milhões de imóveis sem função social, 1/3 da população brasileira sofre com o déficit da
habitação.
Sociologia Brasileira Professor Cezar Bueno
Ciências Sociais - 4º Período
Considerações finais
Diante desta pesquisa evidencia-se a necessidade e a importância dos movimentos
sociais na luta em busca da efetivação dos direitos da população, principalmente da população
mais pobre do país, com frequência a falta de informação e de formação proporciona para que
essa porcentagem da populacional se permita ser reprimida e ver seus direitos negados
acreditando que está certo. A partir da história de algumas ocupações da cidade de Curitiba, o
desejo e a necessidade de aprofundamento nesta área de pesquisa aumenta. A luta pelo direito
à cidade, e principalmente à moradia passa a ser coletiva, informar e lutar por uma sociedade
mais justa e igualitária é papel de todos como cidadãos e cidadãs, como é possível constatar
por meio de ocupações existentes a mais de 20 anos, essa luta não é em vão. Deixo a reflexão
do trecho de uma canção escrita por um doa articuladores da ocupação do Xapinhal a 29 anos.
REFERÊNCIAS
BRAGA, Andréa Luiza Curralinho. Planejamento urbano em Curitiba:
institucionalidades de participação e projetos políticos em disputa. In: Anais do II
Congresso Internacional de Política Social d Serviço Social: Desafios Contemporâneos,
Londrina, 2017.
BRASIL. Estatuto da Cidade: Lei 10.257/2001 que estabelece diretrizes gerais da política
urbana. Brasília, Câmara dos Deputados, 2001, 1a Edição.
FARIA, José Ricardo Vargas et al. Protestos por Moradia e Política de Habitação em
Curitiba: lutas por regularização fundiária e produção habitacional. In: Anais do XVII
Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento
Urbano e Regional, São Paulo, 2017.