OS INSTITUTOS PROCESSUAIS ROMANOS: Uma análise histórica do
surgimento do processo e da influência estatal na resolução dos litígios GIORDANO LEONAROD ALVES GIORDANO LEONARDO ALVES PROCESSO, JURISDIÇÃO, DIREITO A natureza do direito romano se amalgamava com a idéia de ação, e, de certa maneira, o direito só era considerado direito se fosse ação. De nada adiantava indicá-lo se inexistida a ação para efetivá-lo. Essa ação se demonstrava, com o advento de um Estado que começava a influenciar as demandas privadas, através do instituto do processo romano. Tal processo era dividido em duas fases subsequentes: A ordem dos processos privados (ordo judiciorum privatorum) e o procedimento extraordinário (cognitio extra ordinem).
A ordem dos processos privados era representada pela fundamental
participação das partes, e o magistrado, autoridade estatal, não decidia os litígios, apenas auxiliava os particulares na fase inicial chamada in jure, para estes decidirem se demandavam ou não. Caso os particulares prosseguissem, outra fase surgia, a apud iudicem, onde se elegia um terceiro para decidir o litígio. A ordo judiciorum privatorum se dividiu entre a fase das ações de lei (legis actiones) e o período das fórmulas (per formulas). Na primeira, regrada por um profundo formalismo dependente da enunciação de palavras específicas das partes, se percebia as características judiciárias, legais e formais. Nesta, o magistrado somente inicia a demanda. Já no período formular se desvincula o profundo formalismo arcaico para se erigir através de definições dos magistrados, fórmulas pelas quais na apud iudicem o terceiro (árbitro) resolveria o conflito.
No procedimento extraordinário, vê-se o advento da chamada jurisdição, pois
a própria figura do magistrado conhecia, processava e julgava as demandas, sem elencar uma segunda fase para consequentemente ser proferida uma decisão por terceiro. Nesta fase, o Estado adquire monopólio da atividade jurisdicional. Portanto, pensar o direito romano e a sua relevância histórica para os sistemas processuais posteriores e para o estudo da evolução do processo, passa de maneira fundamental no entendimento dessas duas fases processuais.