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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

LLJ
Nº 70074503434 (Nº CNJ: 0214458-38.2017.8.21.7000)
2017/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO. DANO


AMBIENTE. EMBARGOS À EXECUÇÃO.
PRELIMINAR DE NULIDADE DA CITAÇÃO POR
EDITAL.
O embargante/apelante restara pessoalmente citado
e intimado dos atos processuais no curso do
processo originário no endereço apontado nos
autos. Esclarece-se que por suspeita de ocultação,
restou procedida à citação por hora certa; no curso
do feito, todavia, acabou sendo intimado,
pessoalmente, no aludido endereço.
Convertido o trâmite em execução, dirigiu-se
intimação ao então executado para o mesmo
endereço no qual havia sido encontrado
anteriormente, sendo infrutífera a diligência. Diante
disso, após efetuadas pesquisas nos Sistemas de
Consultas Integradas, INFOSEG, CDL, Corsan, CEEE,
SIEL e RGE pelo Ministério Público/exeqüente,
resultando no apontamento daquele mesmo
endereço, foi requerida a citação por edital. Nesse
diapasão, demonstradas duas situações: (1) realizou-
se a busca por endereços em Sistemas oficiais, nos
quais indicado o mesmo endereço constante do
processo e no qual o meirinho compareceu
infrutiferamente; (2) o executado, após ciente do
processo originário e do risco da conversão em
execução(talvez já antevendo o descumprimento de

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

LLJ
Nº 70074503434 (Nº CNJ: 0214458-38.2017.8.21.7000)
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sua parte), alterou seu endereço sem comunicar o


juízo.
Descabe, portando, retirar a validade da citação
editalícia, processualmente prevista para premiar o
irresponsável.
PRESCRIÇÃO. A execução ora embargada tem como
objeto fazer cumprir a obrigação do
executado/embargante estabelecida em Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC), título executivo
extrajudicial. Na espécie, o dano ambiental é
transindividual e violador do direito fundamental ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado. As
disposições legais que estabelecem prescrição não
podem ser aplicadas à presente pretensão, que se
relaciona com a defesa de um direito coletivo,
indisponível e constitucionalmente tutelado.
Ademais, a violação ao dever de proteger o meio
ambiente se renova a cada dia, não sendo possível
cogitar de prazo prescricional. Jurisprudência deste
Tribunal de Justiça e precedente do Superior
Tribunal de Justiça sobre o tema. Nesse contexto,
mister reconhecer que a execução visando ao
cumprimento de TAC em face de dano ambiental
avoca a imprescritibilidade da pretensão por postar-
se na seara dos direitos e interesses metaindividuais.
NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.
UNÂNIME.
APELAÇÃO CÍVEL SEGUNDA CÂMARA CÍVEL
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Nº 70074503434 (Nº CNJ: 0214458- COMARCA DE GRAVATAÍ


38.2017.8.21.7000)

ARMANDO ZIMANSKI APELANTE

MINISTERIO PUBLICO APELADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Segunda Câmara

Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao

recurso.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes

Senhores DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA (PRESIDENTE) E DES. RICARDO

TORRES HERMANN.

Porto Alegre, 16 de novembro de 2017.

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DES.ª LAURA LOUZADA JACCOTTET,

Relatora.

RELATÓRIO

DES.ª LAURA LOUZADA JACCOTTET (RELATORA)

Trata-se de recurso de apelação interposto por ARMANDO

ZIMANSKI, da sentença que julgou improcedentes os embargos à

execução manejados em face do MINISTÉRIO PÚBLICO, nos termos do

dispositivo que segue:

Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado


nos embargos à execução ajuizados por ARMANDO ZIMANSKI em
face do MINISTÉRIO PÚBLICO, condenando o embargante a pagar as
custas processuais.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.

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Se interposta(s) apelação(ões), intime-se a parte recorrida para


apresentar contrarrazões no prazo legal, remetendo-se após o feito
ao E. Tribunal de Justiça, independentemente de conclusão/juízo de
admissibilidade, na forma dos §§ 1º e 3º do art. 1.010 do Código de
Processo Civil (havendo recurso adesivo, intime-se também a parte
recorrida para contra-arrazoar).
Com o trânsito em julgado, certifique-se e junte-se cópia da
sentença e de eventual acórdão no feito executivo, no qual deve o
exequente ser intimado para promover o seu prosseguimento,
desapensando-se e arquivando-se com baixa os presentes.

Em suas razões, preliminarmente, alega a nulidade da citação,

sustentando não terem sido observadas as diligências prévias necessárias

à validade da citação editalícia. Nesse contexto, menciona não terem sido

expedidos ofícios de praxe, sendo considerada apenas a informação da

tentativa infrutífera do Parquet em localizar a parte. Pugna pela nulidade

da citação. No mérito, afirma que restou ajuizada a execução (em apenso)

do Termo de Ajustamento de Conduta em 19.10.2004, oportunidade em

que fixados novos prazos e multas. Nesse contexto, afiança a ocorrência

da prescrição, visto que transcorridos mais de dez anos. Rechaça a tese de

imprescritibilidade. Colaciona os termos da Súmula nº 467 do STJ e

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precedentes. Torna a argumentar a ocorrência da prescrição. Pugna pelo

acolhimento da insurgência.

Apresentadas as contrarrazões, subiram os autos a esta

Corte, sobrevindo parecer ministerial pelo conhecimento e desprovimento

do apelo.

Vieram os autos conclusos para julgamento.

Atendidas às disposições dos artigos 931, 934 e 935, do

Novo Código de Processo Civil, via informatizada.

É o relatório.

VOTOS

DES.ª LAURA LOUZADA JACCOTTET (RELATORA)

Conheço do recurso, pois preenchidos os pressupostos de

admissibilidade, e passo à sua análise.

Da nulidade da citação.

A citação por edital constitui medida excepcional, só

podendo ser utilizada após o prévio esgotamento das diligências

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necessárias para a localização da parte ré, entendimento do artigo 231 do

Código de Processo Civil/1973:

Art. 231. Far-se-á a citação por edital:


I - quando desconhecido ou incerto o réu;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar
em que se encontrar;
III - nos casos expressos em lei.
§ 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação
por edital, o país que recusar o cumprimento de
carta rogatória.
§ 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se
encontrar o réu, a notícia de sua citação será
divulgada também pelo rádio, se na comarca houver
emissora de radiodifusão.

No mesmo sentido, as disposições do CPC/2015:

Art. 256. A citação por edital será feita:


I - quando desconhecido ou incerto o citando;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar
em que se encontrar o citando;

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III - nos casos expressos em lei.


§ 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação
por edital, o país que recusar o cumprimento de
carta rogatória.
§ 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se
encontrar o réu, a notícia de sua citação será
divulgada também pelo rádio, se na comarca houver
emissora de radiodifusão.
§ 3º O réu será considerado em local ignorado ou
incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização,
inclusive mediante requisição pelo juízo de
informações sobre seu endereço nos cadastros de
órgãos públicos ou de concessionárias de serviços
públicos

No caso concreto, o conjunto probatório permite concluir

que foram realizadas todas as diligências necessárias e suficientes para o

cumprimento do ato, motivo pelo qual inexiste nulidade na citação por

edital realizada. Vejamos.

O réu, ora embargante e apelante, restou citado e intimado

dos atos processuais na Av. Assis Brasil, 30, apto. 404, Porto Alegre,

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restando inerte, como apontam as fls. 110/113 e 117/119 dos autos em

apenso.

Na primeira oportunidade, diante da suspeita de ocultação,

restou procedida na citação por hora certa, fl. 113, verso; na segunda, no

mesmo endereço em que o primeiro ato se perfectibilizou, restou

intimado Armando pessoalmente, fl. 119 e verso. Na fl. 139, restou

intimado no aludido endereço.

O feito prosseguiu e, após a conversão em execução, fl.

179, restou encaminhada intimação ao réu – para o mesmo endereço

no qual havia sido encontrado anteriormente – sendo infrutífera a

diligência, como aponta a certidão da fl. 185.

Diante disso, o Ministério Público requereu a citação

editalícia, fl. 187, sendo deferida pelo juízo, fl. 189/191.

Com efeito, não houve expedição de ofícios aos órgãos de

praxe, como sustenta o apelante. Contudo, tal fato não acarreta a

nulidade.

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Como se vê da informação da fl. 188, da lavra do Secretário

de Diligências do Ministério Público, restaram efetuadas pesquisas nos

Sistemas de Consultas Integradas, INFOSEG, CDL, Corsan, CEEE, SIEL e

RGE, constando como endereço do réu justamente o existente no

processo: Av. Assis Brasil, 30, apto. 404, nesta Capital.

Nesse diapasão, têm-se duas situações: (1) realizou-se a

busca por endereços em Sistemas oficiais, nos quais consta o endereço

constante do processo e no qual o meirinho compareceu infrutiferamente;

(2) o executado, após ciente do processo originário e do risco da conversão em

execução(talvez já antevendo o descumprimento de sua parte), alterou seu

endereço sem comunicar o juízo.

Descabe, portando, retirar a validade da citação editalícia,

processualmente prevista para premiar o irresponsável.

Destarte, vai afastada a preliminar.

Da prescrição.

Não há falar em prescrição da obrigação ambiental do

embargante.

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Acerca da imprescritibilidade da pretensão que ora se

discute, trago as lições de Edis Milaré, in Direito do Ambiente1:

“... o Direito enxerga o dano ambiental sob dois aspectos


distintos: a) o dano ambiental coletivo ou dano ambiental
propriamente dito, causado ao meio ambiente globalmente
considerado, em sua concepção difusa, como patrimônio coletivo, e
b) o dano ambiental individual ou dano ambiental pessoal, sofrido
pelas pessoas e seus bens. Assim é porque um mesmo fato pode
ensejar ofensa a interesses difusos e individuais, como ocorre, por
exemplo, com a contaminação de um curso de água por carreamento
de produto químico nocivo. Ao lado do dano ecológico puro ou
coletivo identificado, poderão coexistir danos individuais em relação
aos proprietários ribeirinhos que tenham suportado a perda de
criações ou se privado do uso comum da água.
No primeiro caso, ou seja, de ação civil pública veiculadora de
pretensão reparatória do dano ambiental coletivo, não conta nosso
ordenamento com disciplina específica em matéria prescricional. Tudo
conduz, portanto, à conclusão de que se inscreve no rol das ações
imprescritíveis. De fato, o estabelecimento de um prazo para o
ajuizamento de ação tendente à composição da lesão ambiental
resulta por completo inadequado para o sistema de prescrição. É que
a lentidão com que surgem e se manifestam as conseqüências da

1
5ª edição, 2007, fls. 1046/1047.

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contaminação pode chegar a vários anos, circunstância totalmente


incompatível com o sistema clássico de prescrição.”.

A execução ora embargada tem como objeto fazer cumprir a

obrigação do executado/embargante, eis que entabulado entre as partes

Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) consistente na retirada dos

restos de couro existentes em sua propriedade, conforme o Termo das fls.

99/101 dos autos em apenso.

Na espécie, vê-se que o dano ambiental - consistente em

manter em depósito restos de couro, material potencialmente lesivo ao

meio ambiente pelas substancias utilizadas no trabalho de curtume - é

transindividual e violador do direito fundamental ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado.

As disposições legais que estabelecem prescrição não podem

ser aplicadas à presente pretensão, que se relaciona com a defesa de um

direito coletivo, indisponível e constitucionalmente tutelado.

Ademais, a violação ao dever de proteger o meio ambiente

se renova a cada dia, não sendo possível cogitar de um prazo


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prescricional para a abstenção acordada entre as partes sem qualquer

marco temporal final.

A abstenção em providenciar a retirada do material é

continuamente degradadora, o que demonstra a permanência do dano a

elidir a prescrição.

Nesse sentido, colaciono jurisprudência deste Tribunal de

Justiça:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO
AMBIENTAL. LEGITIMIDADE. PRESCRIÇÃO. NEXO DE
CAUSALIDADE. INÉPCIA DA INICIAL. O julgado não é
omisso. Não há prescrição da ação civil pública de
responsabilidade por danos ambientais porque o
dano se renova dia a dia. Evidente a legitimidade
do Ministério Público para promover a ação de
acordo com o art. 1º, I da Lei n. 7.347/1985. A
empresa recorrente é apontada como a responsável
pela construção dos dutos onde se deu o
derramamento de óleo que provocou o dano
ambiental que a demanda pretende reprimir.
Legitimidade para figurar no pólo passivo da ação
civil pública. Responsabilidade que somente pode ser

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afastada quando da coleta da prova. Existência de


nexo causal entre o noticiado dano e a conduta da
recorrente. Pedido que aponta com precisão a causa
de pedir (dano ambiental consistente em derrame
óleo cru) e pedido (indenização dos agentes
poluidores). Possibilidade do pedido e descabimento
do chamamento ao processo do Município de
Tramandaí e seu órgão ambiental. Embargos
rejeitados. (Embargos de Declaração Nº
70048046544, Vigésima Primeira Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio
Heinz, Julgado em 16/05/2012). Grifei.

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO


ESPECIFICADO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO
AMBIENTAL. CAPTAÇÃO, DESVIO E RETENÇÃO DE
RECURSOS HÍDRICOS. BARRAGENS (BARRAMENTOS).
AUSENCIA DE LICENÇA. SANÇÕES.
CUMULATIVIDADE. ABSOLVIÇÃO EM PROCESSO
CRIME. PRESCRIÇÃO. 1. Prescrição. As ações que
visem à reparação de dano ambiental, dada a
natureza do direito objeto de litígio, é
imprescritível. Precedentes. 2. Absolvição na esfera
criminal. A absolvição no juízo criminal não implica
necessariamente na improcedência dos pedidos
veiculados na ação civil pública ajuizada na esfera
cível, pois não se confundem. [...] RECURSO

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PROVIDO EM PARTE. VENCIDO O REVISOR QUE


PROVÊ EM MENOR EXTENSÃO. (Apelação Cível Nº
70035361369, Primeira Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Carlos Roberto Lofego
Canibal, Julgado em 26/05/2010). Grifei.

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO


ESPECIFICADO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO
AMBIENTAL. PRELIMINARES RECURSAIS. 1.
PRESCRIÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REPARAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS. DIREITO INERENTE À VIDA.
BEM JURÍDICO INDISPONÍVEL. DIREITO
IMPRESCRITÍVEL. Tratando-se de reparação por
danos ambientais, não há falar em prescrição, já
que o respectivo direito encontra-se protegido
pelo manto da imprescritibilidade por ser inerente
à vida, bem como fundamental e essencial à
afirmação dos povos. A proteção ao meio
ambiente busca resguardar bem jurídico
indispensável, o qual antecede os demais direitos
pela sua imprescindibilidade, impondo o
reconhecimento da imprescritibilidade do direito à
reparação por eventuais danos, sendo inadequada
a utilização dos prazos previstos para ações
indenizatórias que versem sobre matéria
eminentemente privada. Portanto, existindo o dano
ambiental, torna-se irrelevante a data da implantação

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do loteamento, afastando a alegação de prescrição.


Preliminar rejeitada. [...] (Apelação Cível Nº
70027454602, Primeira Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Jorge Maraschin dos Santos,
Julgado em 10/03/2010). Grifei.

Destaque-se, acerca da imprescritibilidade das ações que

visam à reparação do dano ambiental, que injusto seria isentar as

gerações antecedentes de sua responsabilidade perante o meio ambiente

em razão da prescrição. Tal benesse, por certo, acabaria impondo

evidente e descabido ônus às gerações seguintes, as quais teriam de

suportar os efeitos, muitas vezes perpétuos, das consequências de

atitudes impunes – por instituto eminentemente de direito privado – de

indivíduos que lhes precederam na evolução da vida.

O Superior Tribunal de Justiça assim pronunciou-se sobre o

tema:

ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - DIREITO


AMBIENTAL- AÇÃO CIVIL PÚBLICA – COMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA FEDERAL – IMPRESCRITIBILIDADE DA

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REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL – PEDIDO


GENÉRICO – ARBITRAMENTO DO QUANTUM
DEBEATUR NA SENTENÇA: REVISÃO, POSSIBILIDADE
– SÚMULAS 284/STF E 7/STJ. [...] 6. O direito ao
pedido de reparação de danos ambientais, dentro
da logicidade hermenêutica, está protegido pelo
manto da imprescritibilidade, por se tratar de
direito inerente à vida, fundamental e essencial à
afirmação dos povos, independentemente de não
estar expresso em texto legal. 7. Em matéria de
prescrição cumpre distinguir qual o bem jurídico
tutelado: se eminentemente privado seguem-se os
prazos normais das ações indenizatórias; se o bem
jurídico é indisponível, fundamental, antecedendo
a todos os demais direitos, pois sem ele não há
vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer ,
considera-se imprescritível o direito à reparação. 8.
O dano ambiental inclui-se dentre os direitos
indisponíveis e como tal está dentre os poucos
acobertados pelo manto da imprescritibilidade a
ação que visa reparar o dano ambiental. [...] 11.
Recurso especial parcialmente conhecido e não
provido. (REsp 1120117/AC, Relatora Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
10/11/2009). Grifei.

Nesse contexto, mister reconhecer que a execução visando

ao cumprimento de TAC em face de dano ambiental avoca a


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imprescritibilidade da pretensão por postar-se na seara dos direitos e

interesses metaindividuais.

Logo, vai rechaçada a alegação de prescrição.

Por tais razões, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mantendo

hígida a sentença hostilizada.

DES. RICARDO TORRES HERMANN - De acordo com o(a) Relator(a).

DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a)

Relator(a).

DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA - Presidente - Apelação Cível nº

70074503434, Comarca de Gravataí: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.

UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: VINICIUS TATSCH DOS SANTOS

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