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Rev. d o M useu d e A rq u eo lo g ia e E tnologia, São Paulo, Suplem ento 2: 89-101, 1997.

ANÁLISE QUÍMICA DE PIGMENTOS DE ARTE RUPESTRE


DO SUDESTE DO PIAUÍ

Maria Conceição Soares Meneses Lage *

SO A R E S M E N E SE S LA G E, M .C. A nálise quím ica de pigm entos de arte rupestre do Sudoeste


do Piauí. Rev. d o M useu d e A rq u eo lo g ia e E tnologia, São Paulo, Suplem ento 2: 8 9-101,
1997.

RESUMO : O presente trabalho apresenta uma nova proposta de estudo dos sítios
de arte rupestre da região Sudeste do Piauí onde utilizamos técnicas de exame e de
análises físico-químicas para fornecer dados sobre a técnica de execução dos grafismos,
casos de pinturas retocadas, superposições, técnicas de fabricação dos pigmentos, cons­
tituição química dos pigmentos, localização de fontes de matéria-prima, relações exis­
tentes entre pinturas rupestres e camadas estratigráficas e estado de conservação das
pinturas. Nosso estudo visou sobretudo o conhecimento mais preciso dos pigmentos
utilizados nesta arte rupestre, sua composição química, mineralógica e suas relações
com o suporte rochoso.

UNITERMOS: Pintura rupestre — Análise química de pigmentos — Preservação


de pinturas rupestres.

No Sudeste do Piauí encontra-se uma das maio­ (1979) e de seu tombamento pela UNESCO como
res concentrações de sítios arqueológicos do Bra­ Patrimônio da Humanidade (1991). O presente tra­
sil. Ali uma equipe interdisciplinar, chefiada pela balho é uma nova proposta de estudo dos sítios de
Dra. Niède Guidon, desenvolve pesquisas desde arte rupestre do referido PARNA, onde se utiliza
1970. Esses trabalhos evidenciaram uma arte técnicas de exame e de análises físico-químicas para
rupestre muito rica, tanto do ponto de vista fornecer dados sobre a técnica de execução dos
estilístico quanto do da técnica de execução dos grafismos; casos de pinturas retocadas; super­
grafismos e diversidade de cores (vermelho, ama­ posições; técnica de fabricação dos pigmentos;
relo, cinza, branco e preto) (Fig. 1). Foram tam­ constituição química dos pigmentos; localização
bém evidenciados sítios com restos de animais da de fontes de matéria-prima; relações existentes en­
megafauna e sítios de agricultores-ceramistas, tre pinturas rupestres e camadas estratigráficas; bem
além de sítios de caçadores-coletores que forne­ como sobre o estado de conservação das pinturas.
ceram datações muito antigas para o continente
americano.
A presença de tantos remanescentes arqueoló­
gicos inseridos numa região de caatinga, que guar­ Problemática
da imensas riquezas naturais foi a principal causa
da criação do Parque Nacional Serra da Capivara A aplicação das ciências naturais ao estudo
arqueológico fornece dados interessantes aos es­
pecialistas em arte rupestre. Abaixo observamos
(* ) P rofessora A djunta da U niversidade Federal do Piauí/ um quadro recapitulativo de pesquisas neste sen­
P esquisadora da F U M D H A M e do C N Pq. tido, onde encontram-se enumerados os sítios, os

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Fig. 1 — Toca do Boqueirão do Sítio da Pedra Furada.

países, a cor dos pigmentos existentes, a composição química e/ou mineralógica e o ano da publicação dos
trabalhos.

Quadro recapitulativo da composição química e/ou mineralógica de pigmentos

Sítios País Cores Composição Ano da


pigmentos química mineral publicação
Gruta de França vermelho Fe20 3/hematita 1963
Lascaux amarelo Fe20 3/goetita+argila
marrom Fe20 3/hematita
preto Mn02
preto Fe20 3/magnetita
branco calcita

Mootwingee Austrália amarelo goetita


vermelho hematita+gipsita 1976
preto carvao
branco gipsita
azul azurita

Weld Range Austrália vermelho Fe20 3/hematita 1976


branco Mg3Ca(C03)4/huntita

(con tin u a)

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(co n t.)

Sitios Pais Cores Composição Ano da


pigmentos química mineral publicação
vermelho ocre natural
Mia Wilgie Austrália vermelho Fe20 3/hematita
vermelho Fe20 3 .H20/goetita 1976
branco AI20 3.2Si0.2H20 /
branco kaolinita

vermelho ocre natural


Walga Rock Austrália vermelho FegOg/hematita
vermelho Fe20 3 .H20/goetita 1976
branco AI20 3.2Si0.2H20 /
branco kaolinita

vermelho Fe20 3/hematita


Methwin Austrália branco ocre branco 1976
Kimberley Mg3Ca(C03)4/huntita

vermelho hematita
Gruta de Espanha preto carvão animal
Altamira vermelho violáceo oligista
cinza chumbo mica+ilita 1978
branco ilita+quartzo
rosa calcita+kaolinita+quartzo+clorita

marron Fe20 3+quartzo+argila/


Gruta de França vermelho hematita
Lascaux ocre aFe20 3/quatzo+argila 1979
amarelo goetita
vermelho terra vermelha+calcário+quartzo
preto MgO+quartzo+4CaO+P20 5
ocre claro (interior hematita + calcita
branco)
preto carvão mineral folhado

preto carvão vegetal


Gruta de França vermelho hematita
Niaux amarelo goetita
marrom limonita 1982
preto óxido de ferro preto
preto óxido de manganês

Bunjiis Cave Austrália vermelho Fe, Si, Al, Ca, K, P,


Ti/argila rica em ferro
branco Ca, Si, Al, K/argila (kaolinita/ilita)
preto carvão 1987

Si,AI/kaolinita Ca, Si, Al,


Nourlangie Austrália branco Mg/dolomita/ montmorillonita
Ca/calcita 1989
Ca,Si,AI/calcita+argilas
Si,Al,Fe,óx. de Fe + kolinita
marrom Fe,Ca,AI,Si,Mg/dolomit
óx. de Fe+montmorillo
Fe,Ca,AI,Si,Mg/dolomit
preto Ox.deFe+montmorilloni
azul Ca,AI,Si,Mg/dolomita+
montmorillonita

(C o n tin u a )

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(C o n t.)

Sítios País Cores Composição Ano da


pigmentos química mineral publicação
Nourlangie Austrália amarelo Fe,Ca,AI,Si,Mg/dolomit 1989
vermelho montmorillonita/óxido de ferro
AI,Si,Fe/kaoliniita+óxido de ferro
Fe/hematita

Santana do Brasil vermelho Fe20 3/hematita+muscovite+quartzo 1989


Riacho Fe20 3 .H20/hematita+
quartzo+kaolinita
amarelo Fe2Og/goetita/q uartzo

La Vache França vermelho óx. de Fe+hematita+biotita 1989


preto óx. de manganês+ biotita

branco kaolinita 1990


Cannon Hill Austrália jarosita
dolomita

Gruta de França vermelho hematita 1990


Cougnac preto carvão vegetal

Gruta de França preto manganês+Hg/óx. de 1990


Lascaux manganês+cinabre
manganês+quartzo
carvão vegetal
amarelo ocre amarelo+quartzo
Si, K, Al
alaranjado ocre vermelho
vermelho Fe20 3 / hematita
ocre vermelho + Si + K + Al

A maior parte dos trabalhos realizados até o Inicialmente elucidamos o problema das técni­
momento tiveram como objetivo principal a deter­ cas de preparo e de execução dos grafismos, desde
minação da composição química e mineralógica dos a procura da matéria-prima até a realização das fi­
pigmentos, assim como a eventual existência de guras. Para isso é preciso analisar os pigmentos,
ligantes. identificar sua composição química e sua evolu­
No nosso estudo, buscamos conhecer mais pre­ ção no tempo.
cisamente os pigmentos utilizados na arte rupestre Nos questionamos sobre a existência de dife­
do sudeste do Piauí, sua composição química, rentes tonalidades de vermelho no interior de um
mineralógica e suas relações com o suporte rocho­ mesmo sítio. Se as cores observadas hoje são idên­
so. Foram também questionados problemas liga­ ticas às originais ou resultam de uma transforma­
dos a origem da matéria-prima utilizada na fabrica­ ção físico-química ao longo dos anos de exposição.
ção desses pigmentos. A reconstituição das técnicas Qual é a influência de um determinado depósi­
de preparo e sua aplicação no suporte rochoso. Todo to de alteração sobre um pigmento. Será que reage
esse trabalho esteve sempre associado a preocupa­ com o pigmento e altera sua tonalidade?
ção com a prevenção das obras rupestres. Só a partir Com relação às técnicas de preparo dos pigmen­
de estudos dessa natureza é que podemos desenvol­ tos nos interrogamos sobre a eventual existência
ver pesquisas sobre o estado de conservação das de ligantes ou de processos de moagem para elimi­
obras rupestres e dos suportes naturais. nar os cristais de quartzo das argilas naturais.
As múltiplas questões colocadas ao longo de A maior parte dos trabalhos consultados (J.
nosso estudo encontram-se resumidas no quadro Clarke, 1976; S. Walston e J. Dolanski, 1976; C.
da página seguinte. Couraud, 1985; Onoratini, 1985; W.R. Ambrose

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Pinturas sobre o suporte rochoso


O S P IG M E N T O S D E PÓ SIT O S A S P IN T U R A S

Identificação O rigem e Técnica Conservação Técnica de Casos de Casos de Relação com


e levantam ento datação de preparo execução superposição repinturas escavações
das diferentes
cores:

• O por que dos pigmentos dos pigmentos relação entre pigmento e suporte rochoso duplo contorno, ordem de materiais
das diferentes fontes de utilizados como pigmento e depósitos de alteração contorno de cor execução dos coletados como
tonalidades matéría-príma pigmento principais agressões: diferente de grafismos pigmento
• Misturas? • degradação do pigmento preenchimento
• Diferenças de • degradação da superfície rochosa
matéria-prima? • fatores climáticos
• envelhecimento? • destruição antropica

e J. M. J. Mummery, 1987, Lorblanchet, 1988) em pigmentos vermelhos (hematita) e pretos (oxi­


não fornecem informações satisfatórias sobre o do de manganês) em peças gravadas e pintadas de
emprego de ligantes. Eles chamam atenção ape­ material ósseo da gruta de La Vache - França.
nas à ausência de matéria orgânica nas amostras O estudo da técnica de realização dos grafismos
analisadas. permite estabelecer a ordem de execução dos de­
Em nosso trabalho consideramos também a pos­ senhos. Podemos também discernir a ordem de ela­
sibilidade de eventuais misturas de corantes para boração das pinturas bicromas, ou seja, que apre­
obter tonalidades intermediárias. sentam um contorno de cor diferente daquela do
D. Buisson, M. Menu, G. Pinçon e P. Walter preenchimento (Fig. 2). O que foi executado pri­
(1989) revelaram a existência de cargas (biotita) meiro, o contorno ou o preenchimento? Nos in­

Fig. 2 — Toca do Baixão da vaca.

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Fig. 3 — Toca do Arapoá do Perna.

terrogamos também sobre eventuais casos de pósitos e os pigmentos? Que danos podem causar
repintura. aos pigmentos ou a superfície rochosa ? Será que
Estas análises podem contribuir também na de­ estes depósitos exercem influência sobre a varia­
finição das unidades dos grafismos puros. Por exem­ ção de tonalidade?
plo, se temos uma representação de cinco traços ver­ No estudo das paredes, podemos também nos
ticais, a unidade é representada por cada um dos tra­ interrogar sobre os depósitos animais, vegetais e
ços ou pelo conjunto deles? A unidade corresponde minerais e nos questionar se eles já estavam ali no
ao elemento ou à combinação dos elementos? momento da execução das obras rupestres. Será que
A análise das superposições de pinturas forne­ o homem pré-histórico pode utilizar ou recusar uti­
ce dados para o estabelecimento de limites de uma lizar um depósito natural na sua composição
figura, e de indícios sobre a cronologia relativa de pictural? Pode ele trabalhar com as oposições das
elaboração das obras. tintas devido aos depósitos? Pode ele escolher um
A diferença de tonalidade observada no preen­ fundo claro que tinha uma cor integrável em sua
chimento de determinadas figuras (Fig. 3) é inten­ composição de pinturas? Ou pode ele recusar utili­
cional? Terá sido efetuada pelo mesmo indivíduo zar uma parede ou uma parte da parede justamente
ou o mesmo grupo? Ou será o resultado de ocupa­ por causa de um depósito?
ções sucessivas de um mesmo sítio? Ou se trata Em última análise, tratamos de problemas li­
simplesmente de um envelhecimento natural do gados a localização de jazidas minerais que servi­
pigmento e de sua evolução físico-química? ram de matéria-prima aos pintores pré-históricos
As superposições são intencionais? Ou ainda, para fabricarem seus pigmentos. Os pigmentos
o sentido de unidade gráfica pode ser modificado pré-históricos foram comparados às substâncias
pela superposição? naturais (ocres, argilas, calcários, etc.) presentes
As substâncias coloridas evidenciadas ao lon­ nas jazidas.
go das escavações arqueológicas permitem a for­ Do ponto de vista da conservação, estudos so­
mulação de hipóteses sobre a datação das pinturas bre a degradação dos pigmentos com relação à com­
parietais. Um estudo comparativo entre a compo­ posição química das cores serão também realiza­
sição físico-química destas substâncias e a das pin­ dos. Assim como os fatores responsáveis pela de­
turas será efetuado a fim de verificar a existência terioração de alguns sítios:
ou não de identidade. - degradação natural (climáticas, biológicas,
Com relação aos traços de ocre observados geológicas, etc);
em blocos caídos da parede, nos interrogamos - degradação ligada ao vandalismo.
sobre sua origem. Foram pintados pelo homem
ou são simplesmente resultado de impregnações Métodos arqueométricos utilizados
naturais?
Somos conscientes do papel que pode ter a
presença de depósitos em contato com os pig­ Dada a importância excepcional do patrimônio
mentos. Quais as relações existentes entre os de­ arqueológico da região de São Raimundo Nonato

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propusemos aqui desenvolver um método ar- espectrofotometria infra-vermelho e por mi­


queométrico adaptado ao estudo de sua arte croscopia eletrônica revelou a seguinte com­
rupestre. posição físico-química para os pigmentos e su­
Este estudo é baseado em técnicas utilizadas bstâncias coloridas coletadas nas escavações ar­
desde 1984 por J. Brunet, J. Vouvé e P. Vidal e aper­ queológicas.
feiçoadas pelo Laboratoire de Recherche des
Monuments Historiques (L.R.M.H.) - França.
A organização deste trabalho constou das se­ Pinturas sobre o suporte rochoso
guintes etapas:
1) Trabalho de Campo I. Pigmento vermelho
• descrição do abrigo;
• registro e levantamento das figuras rupestres; B .P .F .88.02
• coleta de amostras acompanhada de levan­
tamento fotográfico antes e depois da
amostragem.
2) Trabalho de campo e laboratório
• identificação e descrição das pinturas,
pigmentos e superposições;
patologias do suporte e dos pigmentos;
• projetos de intervenção.
3) Trabalho de laboratório
• exame das amostras na lupa binocular;
1. camada branca composta de grãos de quartzo;
• estudo estratigráfico;
2. camada vermelha, espessa de 116 fim, com­
testes microquímicos;
posta de uma mistura de ocres de diferentes
análise por espectrometría de
tonalidades (Fe, Ca, S, Ti e P) e de grãos de
microfluorescência X; quartzo de 58 |im de diâmetro;
• análise por espectrofotometria infra­ 3. camada branca, espessa de 120 fim, de um pro­
vermelho; duto de alteração que recobre o pigmento.
• análise por microscopia eletrônica com
microsonda acoplada.
II. Pigmento amarelo

Resultado das análises


B.RF. 89.12

Neste trabalho foram estudadas 180 amostras


provenientes de nove sítios arqueológicos da re­
gião do Parque Nacional Serra da Capivara (Toca
do Boqueirão do Sítio da Pedra Furada, Toca do
Baixão da Vaca, Toca do Perna I, II e IV, Toca do
Arapoá do Perna, Toca do Vento, Toca da Extre­
ma II e Toca da Janela da Barra do Antonhão).
Estas amostras foram coletadas das pinturas
rupestres, das jazidas naturais próximas aos sítios,
dos depósitos de alteração ou das escavações ar­ 1. camada branca, formada de grãos de quartzo;
queológicas. Apresentaremos aqui, a título 2. camada amarela com 70 pm de espessura, for­
ilustrativo, apenas um exemplo de cada cor e de mada de ocre amarelo e de grãos de quartzo de
cada tipo de amostra (pigmento, ocre natural, subs­ aproximadamente 15 fim de diâmetro;
tância colorida coletada nas escavações). 3. camada vermelha, descontínua, de ocre verme­
O exame de camadas estratigráficas e as aná­ lho (Fe, Ca, Ti, K e S) com aproximadamente
lises por espectrometría de fluorescência X, 15 fim de espessura.

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III. Pigmento cinza Depósitos de alteração

B.P.F. 88.43
I. Depósito vermelho

B.P.F.88.03

1. camada branca, composta de grãos de quartzo


e de uma substância esbranquiçada;
2. camada cinza com 200 pm de espessura, for­
mada de pequenos pontos vermelho escuro de
ocre (Fe, Si, K, S e Ti) e de uma substância Camada única (nitrato, silicato, óxido de alumínio),
branca (kaolinita). espessa de 600 pm, composta de grãos de quartzo
de 290 pm de diâmetro e de incrustações de ocre
vermelho escuro (hematita).
IV. Pigmento branco

II. Depósito amarelo


B .P .F .88.44
T.A.P. 8 8.04

1. camada branca formada de grãos de quartzo e


de uma substância esbranquiçada;
2. camada de 90 pm de espessura, constituída de 1. camada amarelada formada de grãos de quartzo
uma mistura de ocres escuros (hematita); com uma substância amarela;
3. camada branca (Ca, Ti, K, S e Si), espessa de 2. camada contínua branca (Ti e Ca) espessa de
20 pm. 30 pm formada de um depósito de alteração, no
lado esquerdo observa-se a superposição de uma
substância alaranjada (ocre alaranjado).
V. Pigmento preto

T .E .II.89.11 III. Depósito branco

B .P .F .88.10

A observação no microscópio eletrônico permitiu Camada única esbranquiçada (oxalato de cálcio,


a identificação de ossos queimados e triturados. silicato, sulfato de cálcio), espessa de 600 pm, com­

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posta de grãos de quartzo de 450 fim de diâmetro; II. Cinza


na parte superior da amostra observa-se pigmento
vermelho (hematita). Gris Zabelê

Substâncias coloridas encontradas nas


escavações arqueológicas

I. Substância vermelha

B.P.F. 8 2 .1 4 0 6

É formado de silício e ferro com traços de alumí­


nio, potássio, cálcio e titânio.

Discussão dos resultados

Com relação aos problemas de repartição das


/listura de ocres vermelhos(Fe, li, Ca, S e Si) com figuras pudemos estabelecer a relação de identi­
equenos cristais de quartzo (29 (im, 75 |im). dade e não-identidade entre várias amostras. Por
I. Substância cinza exemplo, as amostras B.P.F.88.12 e B.P.F.88.13 são
na realidade o mesmo pigmento. Isto significa que
T.P.I. 87.8891 a pintura e os retoques devem ter sido feitos pela
mesma pessoa. O interesse era o de desenhar um
peixe com todos os detalhes.
O estudo estratigráfico mostrou inversões de
camadas com relação às observações de campo.
Para o B.P.F.88.20 observamos no campo que a fi­
gura amarela recobria a vermelha mas no laborató­
rio o inverso foi observado.
As amostras T.A.P.88.05 (vermelho escuro) e
M istura de um a substância cinza (kaolinita) com T.A.P.88.06 (vermelho claro) foram efetuadas so­
pequenos pontos vermelhos (hematita: Fe, Ca, K e bre a mesma figura em dois locais de tonalidade
Si) e alaranjados. diferentes. Eles não apresentaram a mesma com ­
posição química elementar. A figura original foi
desenhada em vermelho escuro; após a descamação
Terras e argilas coletadas próximo aos sítios
da parte traseira da figura, um vermelho mais claro
I. Verm elho foi acrescentado.
Com relação à ordem de execução das figuras
B re jo .89.01 pudemos observar os seguintes casos:
A amostra B.P.F.88.28 permitiu estabelecer a
ordem de elaboração desta figura. No local onde
foi retirada a amostra (contorno vermelho) foi en­
contrada pintura branca. O preenchimento em bran­
co do corpo deste desenho foi feito antes do con­
torno vermelho. O estudo estratigráfico mostrou
também que abaixo desta camada branca do preen­
chimento encontram-se vestígios de ocre verm e­
lho, o que nos levou a nos interrogar se não se tra­
M istura de ocres vermelho, alaranjados e amarelo. taria de um caso de retoque.
Presença de cristais de quartzo de diferentes espes­ Segundo a com posição quím ica elem entar é
suras (580 fim, 460 fim, 270 fim). possível dizer que podemos ter diferentes tipos de

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pigmentos vermelhos. Todos são ocres (óxido de uma primeira camada vermelha de pigmento
ferro) mas apresentam diferentes elementos traços. recoberta por um depósito de alteração branco, de­
Concluímos, portanto, que os homens pré-históri­ pois uma nova camada vermelha de pigmento, ela
cos de tradições diferentes (etnias diferentes) e em também recoberta por uma camada de depósito de
épocas diferentes iam procurar a matéria-prima ne­ alteração. Não observamos traços de ocre verme­
cessária à fabricação de seus pigmentos vermelhos lho misturados à camada do depósito, não deven­
sobre as mesmas jazidas de ocre, ou que os ho­ do portanto se tratar de uma migração do pigmen­
mens pertencentes à uma mesma tradição (mesma to, mas sobretudo de antigas pinturas, ou mesmo
etnia) poderia ir procurar a matéria-prima em jazi­ de um caso de repintura de uma figura antiga.
das diferentes. Com relação ao estado de conservação das obras
O exame no microscópio óptico mostrou que parietais do Sudeste do Piauí podemos dizer que inú­
as camadas vermelhas de pigmentos da tradição meros agentes atuam acelerando a destruição destas
Nordeste estilo Serra Branca apresentam sempre obras. Dentre outros, citamos os ninhos de vespas,
mesma espessura e mesmo diâmetro de cristais de galerias de térmitas, eflorescências de sais, etc.
quartzo presentes. A diferença de tonalidade nos O estudo de camadas estratigráficas revelou que
pigmentos vermelhos está ligada à quantidade de existem amostras onde o depósito de alteração re­
matéria corante e não à composição química. cobre a camada de pigmento e que em outros é
Com relação aos exames e análises de fragmen­ observado o inverso. Em alguns casos a camada de
tos de substâncias cinzas encontradas nas cama­ depósito ajuda até na proteção da camada de pig­
das arqueológicas da Toca do Perna I pudemos mento. Nos casos onde o pigmento se encontra so­
discernir as substâncias que foram utilizadas como bre um depósito de alteração ele é muito mais de­
pigmentos das que provavelmente não se tratavam gradado e frágil. Em um único caso (B.P.F.88.02)
de pigmento. constatamos que o pigmento infiltrou na camada
Os pigmentos cinzas da Toca do Baixão do do depósito de alteração.
Perna I são idênticos e tem a mesma composição A análise química dos depósitos de alteração
química elementar que a substância cinza brancos revelou uma grande variação na composi­
(T.P.I.86.8891) encontrada em uma camada ar­ ção química destes produtos, mesmo quando eles
queológica durante as escavações deste sítio. encontram-se próximos. Alguns são formados de
O resultado das análises de terras e argilas natu­ silicato, oxalato e nitrato outros são uma mistura
rais coloridas revelou que uma amostra (Brejo 89.01) de silicato, oxalato e sulfato, ou ainda encontra­
tem uma composição química elementar semelhan­ mos alguns formados de aragonita, gipsita semi-
te à de três amostras do B.P.F. Isto significa que o hidratada e zeolitos.
homem pré-histórico pode ter utilizado os ocres da Para a Toca do Baixão do Perna I, a análise
Toca do Brejinho II para preparar seus pigmentos. microbiológica revelou a existência de algas. É pre­
Da mesma maneira, os pigmentos cinzas foram ciso intervir imediatamente neste sítio para evitar a
efetuados com argilas cinzas do Zabelê. proliferação destes microorganismos
Nós pensamos, no terreno, que certos desenhos
brancos poderiam ter sido elaborados com os de­
pósitos brancos que precipitam na parede rochosa
dos sítios. A análise por espectrofotometria Conclusão
infravermelha do depósito e dos pigmentos reve­
lou, no entanto, que não se tratam das mesmas As amostras estudadas apresentam uma cama­
substâncias. da estratigráfica em geral simples. Os pigmentos
Os resultados das análises físico-químicas per­ foram aplicados seja diretamente sobre o suporte,
mitem planejar futuros estudos sobre a datação seja sobre uma camada branca de depósito de alte­
absoluta de pigmentos. Por exemplo, T.E.II.89.11 ração. Não houve uma preparação particular do
e T.E.n.89.12 são constituídos de carvão animal, o suporte para receber as pinturas.
que permite proceder a datações C-14 com o auxí­ As camadas de pigmento são de espessura vari­
lio de um acelerador de partículas. ável, contínuas ou descontínuas, densas com con­
O estudo estratigráfico evidenciou uma centrações pontuais de corantes e em geral
estratigrafia muito complexa para algumas amos­ recobertas por um depósito de alteração mais ou
tras da Toca do Baixão da Vaca. Pudemos observar menos contínuo.

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Certos corantes evidenciados nas escavações Estas análises permitiram diferenciar os vestí­
arqueológicas assim como os pigmentos das pin­ gios de pinturas rupestres e os restos de origem
turas pré-históricas têm o aspecto de uma pasta ho­ animal (ninho de insetos).
mogênea formada essencialmente de ocre com al­ Um certo número de observações de ordem
guns grãos de quartzo de pequena espessura. En­ metodológica se impõem no que concerne a
quanto que os ocres e argilas coletados nas jazidas amostragem e as técnicas de análise utilizadas. Para
próximas aos sítios apresentam uma maior quanti­ a análise de figuras é necessário efetuar duas ou
dade de cristais de quartzo e estes de maior espes­ três amostragens em pontos distintos de uma mes­
sura. Isto nos sugere que antes de sua utilização, ma figura, para ver se a composição do pigmento é
estas substâncias coloridas sofreram um tratamen­ uniforme e verificar a presença dos mesmos ele­
to especial para eliminar os grãos de quartzo. A mentos maiores, menores e traços.
localização exata das fontes de ocre é difícil de pre­ No que concerne as técnicas de exames e análi­
cisar pois elas são numerosas em tomo dos sítios. ses trabalhadas, sublinhamos a importância das in­
Mas pudemos determinar que os pigmentos cinzas formações dadas no estudo estratigráfico, sobre­
são provenientes de jazidas do povoado Zabelê. tudo a evidenciação de ordem de execução de
As diferentes tonalidades observadas para os grafismos, casos de repinturas e superposição de
pigmentos vermelhos (claro, médio e escuro) não grafismos. Sobre os métodos de ahálise destaca­
são homogêneas e no microscópio óptico observa­ mos a espectrometría de Fluorescência de raios X
mos pontos mais ou menos concentrados. Na reali­ como a mais importante para o nosso estudo pois
dade, os pigmentos vermelhos são formados de uma ela fomece, sem destruir, a composição química
mistura de ocres vermelho, alaranjado, amarelo e elementar das amostras.
marrom. E a variação de tonalidade do vermelho Esta nova metodologia abre novas perspectivas
está ligada à quantidade mais ou menos importan­ de estudo para a arte rupestre de uma região, mas
te de matéria corante sobre a superfície rochosa. ela não pode ser feita aleatoriamente. A amostragem
Em geral, o pigmento se concentra nas depressões é um ato essencial para o estudo do pigmento ou
da superfície rochosa; o que deixa a tonalidade do do produto de alteração e só pode ser feito por um
vermelho mais escura. especialista. Um certo número de regras têm que
Pudemos constatar que as pinturas pretas da ser seguidos. “Não retiramos amostras por nada,
Toca da Extrema II foram obtidas a partir da tritu- mas para resolver problemas bem precisos” (J.
ração e calcinação de ossos. O que é inédito para o BRUNET - L.R.M.H. - França). Um exame preli­
Brasil, pois, até o presente, as pinturas pretas eram minar da área e das figuras a serem estudadas é
consideradas como sendo formadas de carvão ve­ imprescindível. Assim é preferível operar amostra­
getal ou de óxido de manganês. gem em zonas com pinturas já destruídas.
A análise dos depósitos de alteração mostra uma Em geral as técnicas de exame e análise utili­
grande complexidade. Obtivemos resultados vari­ zadas para este tipo de estudo necessita apenas
áveis para amostras efetuadas sobre uma mesma de alguns miligramas de amostras, quantidades
zona. maiores são inúteis.

SO A R E S M E N E SE S L A G E , M .C. C hem ical analysis o f pigm ents in Brazilian rock art (Piaui).
Rev. d o M useu d e A rq u eo lo g ia e E tnologia, São Paulo, Suplem ento 2: 89-101, 1997.

ABSTRACT: The purpose of this article is to present new perspectives in the study
of rock art in Southeastern Piaui, Brazil. Our main goal was to detect, through chemical
anlysis, the composition of pigments, their superposition, the chemical composition of
the different colours, the sources of the different pigments and the relations established
between pigments and the underlying rock support as well as associations with defined
stratigraphical layers. Our study affects also the preservation of these paintings.

UNITERMS: Rock art — Chemical analysis of pigments — Preservation of rock


paintings.

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SOARES MENESES LAGE, M.C. Análise química de pigmentos de arte rupestre do Sudoeste do Piauí. Rev. d o M useu de
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