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Uma análise do estado em Hegel exige que tenhamos em mente a visão global
do sistema onde está inserido, pois este é concebido como um organismo do qual suas
partes, inclusive o estado, retiram sua forma, conteúdo e fundamento. Assim, o sistema
hegeliano é constituído pelo desenvolvimento dialético-especulativo1 da Ideia e se
resumi no seguinte: inicialmente a Ideia se mantém na própria interioridade (lógica);
em seguida se exterioriza (natureza) e ainda nesta, retorna finalmente a sua
interioridade (espírito)2. Esta terceira e última parte do sistema é o campo onde se
desenvolve o pensamento político de Hegel, consistindo o espírito no fundamento
ontológico3 do estado. Podemos observar que, pelo movimento do sistema hegeliano,
todo o processo de desenvolvimento do espírito é manifesto no mundo concreto
através do estado. O estado consiste, então, numa emanação do espírito e compartilha
com este suas principais características. Desse modo, analisaremos a seguir o
fundamento ontológico do estado hegeliano por meio da investigação dos aspectos
essenciais do desenvolvimento do espírito.
Dessa forma, através do movimento da Ideia no sistema hegeliano, podemos
observar que, em oposição ao momento anterior de exteriorização da natureza, o
espírito tem como característica essencial um processo de interiorização. Seu conceito
fundamental pode ser extraído do §381 da Filosofia do Espírito: “Todas as atividade do
espírito nada são a não ser maneiras diversas da recondução do que é exterior à
interioridade que é o espírito mesmo; e só mediante essa recondução, mediante essa
idealização ou assimilação do exterior, vem a ser, e é, o espírito.” 4 Nesse processo de
interiorização, o espírito, enquanto subjetividade, toma a si mesmo como objeto5,
tornando-se também objetividade, de modo que nessa atividade reflexiva, é
suprassumida a oposição entre subjetividade e objetividade. 6 Dessa forma, qualquer
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(Antes de falar disso, tenho que falar do espírito como um retirar a si mesmo.
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Retorno a si mesmo
Recondução da exterioridade à interioridade
Tomar a si mesmo como objeto
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“Essa universalidade é também seu ser-aí. Enquanto sendo para si, o universal se
particulariza, e nisso é identidade consigo.” §383
● Espírito e razão
Assim, podemos observar igualmente que: “O espírito livre ou o espírito como tal
é a razão (…)”16, uma vez que ele é “aquilo em que a razão consiste: uma unidade do
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subjetivo e do objetivo.”17
Hegel retoma a ideia de ordem racional oriunda da tradição clássica, isto é, a ideia
de que o ser humano faz parte de uma ordem universal baseada na Razão. Mas
diferente dos gregos, ele não considera essa ordem como oriunda da natureza (algo
exterior ao ser humano), uma vez que isso retiraria a autonomia do homem e
comprometeria a ideia de que a liberdade é a essência do Espírito e por conseguinte,
do ser humano.
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Hegel deriva seu modelo de sociedade a partir da ideia de liberdade. Mas essa
não é simplesmente a liberdade do ser humano e sim a liberdade da Ideia. Diante
disso, o modelo mais adequado à sociedade humana é retirado da Ideia. O conteúdo
concreto da obrigação moral é aquele que for mais adequado à organização social
baseada na Ideia.
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Por isso, não basta que o ser humano compreenda a si mesmo como um ser
racional e universal, se a ideia que ele tem de si for um discurso vazio, composto
apenas por abstrações sem conteúdo sensível. Nesse caso, seu desenvolvimento
permaneceria preso às formas puras do pensamento abstrato, um retrocesso á Lógica
imediata em si. O ser humano deve efetivar a compreensão de si mesmo em sua
própria vida com seu comportamento, hábitos e atitudes. Assim como o que o homem
faz em vida precisa ser compatível com o nível da compreensão que ele tem de si
mesmo. E, para Hegel, a forma de vida que mais reflete a verdadeira essência
humana, a que mais faz do homem um ser racional e universal, é a vida em sociedade.
Desse modo, quando o ser humano pensa e age de modo individualista, movido
por instintos ou pela vontade egoísta, sua autocompreensão o prende à dimensão
particular e limita sua racionalidade. Isso deixa o homem alheio a sua própria essência
universal e racional, o que o torna, nas palavras de Hegel, “separado de si mesmo”.
Mas quando os seres humanos convivem socialmente, identificando-se não apenas
como simples indivíduos, mas como parte de um organismo social, sua
autocompreensão alcança a dimensão do universal e eles se tornam plenamente
racionais. É o que Hegel chama de “retorno a si mesmo”.
No entanto,
para que o ser humano consiga atingir esse nível de compreensão e por
conseguinte para que a sociedade humana evolua.
Existem vários nível de sociedade, segundo o desenvolvimento do homem. (falar
do conceito de liberdade e de como ela é o critério para o desenvolvimento do ser
humano/espírito)
Portanto, para que o ser humano consiga atingir esse nível de compreensão é
necessário que passe por um longo processo de desenvolvimento (Bildung). Esse
processo de formação se aplica tanto individualmente, a cada um dos seres humano,
ao longo do seu tempo de vida, como também se aplica ao próprio ser humano
enquanto espécie. A história universal consiste precisamente nesse processo de
formação. (Acrescentar o verbete do Dicionário Hegel)
Mas para isso é necessário primeiramente que ele passe por um processo de
desenvolvimento ao longo da história.
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a única forma de vida do ser humano que corresponde à sua verdadeira Natureza,
e por conseqüência, à Natureza real do Espírito, é a vida em sociedade.
● A Noção de Sittlichkeit
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40 “’Sittlichkeit’ refere-se às obrigações morais que tenho para com uma comunidade
permanente da qual faço parte. Essas obrigações estão baseadas em normas e usos
estabelecidos (…). A característica crucial da Sittlichkeit é que nos manda produzir
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aquilo que já existe. (…) a vida comum que é a base da minha obrigação ética (sittlich)
já está aí em existência. Consequentemente, na Sittlichkeit, não há fissura entre o que
deve ser e o que é (…).” p. 411
41 “Porque a realização da Ideia requer que o ser humano seja parte de uma vida mais
ampla em sociedade, a vida moral alcança a sua realização suprema na Sittlichkeit.
Essa realização suprema obviamente é uma conquista (…). (…) a concretização da
moralidade ocorre numa Sittlichkeit realizada” p. 412
42 “A doutrina da Sittlichkeit é que a moralidade alcança a sua completude numa
comunidade. Isso confere á obrigação um conteúdo definitivo, tanto quanto o realiza,
de modo que a fissura entre Sollen e Sein é consertada. (…) Hegel começou seguindo
Kant ao distinguir vontade e liberdade da natureza. Porém, a concretização da
liberdade se dá quando a natureza (aqui a sociedade, que começou numa forma
rudimentar, primitiva) é renovada para atender às demandas da razão.” p. 411
43 “(…) o Estado plenamente racional será aquele que expressa em suas instituições
e práticas as ideias e normas mais importantes que seus cidadãos reconhecem e pelas
quais eles definem a sua identidade. E isso será assim por que o Estado expressa as
articulações da Ideia, que o ser humano racional passa a ver como a fórmula da
necessidade subjacente a todas as coisas, que está destinada a vir à consciência de si
no ser humano. Desse modo, o Estado racional restaurará a Sittlichkeit, a
corporificação das normas supremas, numa vida pública permanente. O Estado
plenamente desenvolvido incorporará o principal da vontade racional individual que
julgará com critérios universais (…)”p. 423.
44 “Essa integração da individualidade e Sittlichkeit é um requisito que podemos
deduzir da Ideia.” p. 423
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empírico (ser);
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Espírito em geral
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Espírito Subjetivo
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“O espírito subjetivo sabe que é livre, mas sua compreensão é apenas formal, que
precisa ser posta em prática no mundo.” §382 - Adendo
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“Essa universalidade é também seu ser-aí. Enquanto sendo para si, o universal se
particulariza, e nisso é identidade consigo.” §383
Espírito Objetivo
Depois ele toma a si mesmo como objeto, por fazer a natureza como a si mesmo,
por transformar a natureza. Nesse ato de transformar a natureza, ele tem a natureza
como a seu objeto, mas como ele transforma a natureza conforme a si mesmo, ele tem
a si mesmo como objeto. Essa natureza transformada é o mundo ético, o mundo do
direito e do Estado. Esse é o espírito objetivo. Assim, sua identidade consigo é
alcançada pela mediação da suprassunção da natureza, da transformação de um ser
outro no ser de si mesmo. Não existe mais algo fora de si, por que ele o suprassumiu.
Assim sua liberdade deixa de ser forma e passa a ser efetivada.
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“Com efeito, pela suprassunção de seu ser-outro (…) o espírito essente em si,
torna-se para si, isto é, manifesta a si mesmo.” §383 - Adendo
“[O espírito] é o que implementa sua revelação em seu próprio elemento, não em
um material estranho.” §383 - Adendo
“O espírito pode sair de sua universalidade abstrata essente para si, de sua
relação simples consigo mesmo (…)” §382 - Adendo
“O manifestar (…) do espírito, que é livre, é [o] por da natureza como de seu
mundo, mundo como natureza autônoma. O manifestar no conceito é [o] criar do
mundo como ser do espírito, no qual ele se proporciona a afirmação e verdade da
liberdade.” § 384
“Essa determinação pertence ao espírito como tal: por isso vale dele não apenas
na medida em que ele se relaciona simplesmente consigo, em que é um Eu tendo a si
mesmo por objeto, mas também na medida em que sai de sua universalidade abstrata
essente para si, em que põe para si mesmo uma diferenciação determinada, um Outro
que ele; por que o espírito não se perde nesse Outro, mas antes nele se conserva e se
efetiva; ali estampa seu interior, faz do Outro um ser-aí que lhe corresponde: chega
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DISSERTAÇÃO
“(…) pertence à ideia da liberdade que a vontade faça do seu conceito — [que é]
a liberdade mesma — seu conteúdo ou fim. Quando faz isso ela se torna espírito
objetivo, constrói para si um mundo de sua liberdade, e dá, por conseguinte, ao seu
conteúdo verdadeiro um ser-aí autônomo.” §460 - Adendo
“Enquanto o espírito subjetivo, por causa de sua relação a um Outro, ainda é não
livre, ou — o que é o mesmo — é livre somente em si, no espírito objetivo chega ao
ser-aí a liberdade, o saber do espírito sobre si mesmo como livre.” §385 - Adendo
Vontade
“O espírito que se sabe como livre, e se quer como esse seu objeto — isto é, tem
sua essência por determinação e por fim — , é antes de tudo, em geral, a vontade
racional (…).”
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A determinação absoluta (…) do espírito livre (§21) é que sua liberdade seja
objeto para ele (…) a fim de ser para si, enquanto ideia, o que a vontade é em si (…).
53 “Que a vontade seja universal segue-se do conceito da sua liberdade. (...) A liberdade
consiste justamente na indeterminidade do querer ou no fato de que ela não tem em si
nenhuma determinidade natural. A vontade é, pois, em si uma vontade universal.” [HEGEL, G.
W. F. Propedêutica Filosófica. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1989, p. 277, §
18.]
54 “A noção mesma da vontade está vinculada com a liberdade.” p. 404
“(…) ele [Hegel] (…) caracteriza a vontade como “universalidade determinando-se a si mesma”
e, em consequência, como liberdade (§21).” p. 404
“(…) a vontade apenas é vontade verdadeira, livre, enquanto inteligência pensante.” p. 404
“É por ser a expressão prática do pensamento que a vontade está essencialmente destinada a
ser livre.” p. 404
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Só é livre aquele que possui uma vontade livre, isto é, aquele que não deseja
nada que está fora de si.
“Essa vontade livre também é verdadeiramente infinita, visto que o seu objeto não
é outro nem um limite posto a ela (§22). Nela ‘desaparece toda a relação de
dependência de qualquer outra coisa’ (§23) e ela é universal” p. 404
Ideia
● Filosofia do Direito
“Com efeito, o racional, que é sinônimo da Ideia, adquire, ao entrar com a sua
realidade na existência exterior, uma riqueza infinita de formas, de aparências e de
manifestações, envolve-se, como as sementes, num caroço onde a consciência
primeiro se abriga mas que o conceito acaba por penetrar para surpreender a pulsação
interna e senti-la bater debaixo da aparência exterior.” (Prefácio - XXXVI)
“A identidade consci57
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● Filosofia da História
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Liberdade
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Espírito
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● Filosofia do Direito
● Filosofia da História
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História e Política
Substância Ética
1.
“Qual é, então, a forma de vida a que o ser humano precisa chegar para ser um
veículo adequado do Espírito? Antes de tudo, deve tratar-se de uma forma social.” p.
127 “Para início de conversa, deve-se observar que a história do mundo está no
domínio do Espírito.” p. 61
128 “Mas o Espírito e o rumo de seu desenvolvimento são a matéria da história.” p. 61
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“(…) a existência dos espíritos finitos, no plural, fez parte do plano necessário do
Geist. Porém, o espírito finito deve ir além de uma identificação de si mesmo como
particular (…). p. 400
Hegel retoma a ideia de ordem racional oriunda da tradição clássica, isto é, a ideia
de que o ser humano faz parte de uma ordem universal baseada na Razão. Mas
diferente dos gregos, ele não considera essa ordem como oriunda da natureza (algo
exterior ao ser humano), uma vez que isso retiraria a autonomia do homem e
comprometeria a ideia de que a liberdade é a essência do Espírito e por conseguinte,
do ser humano.
Autonomia
“(…) a noção hegeliana do espírito como liberdade não pode acomodar nada que
seja meramente dado [pressuposto, como a “natureza” para os gregos, por exemplo]
(…). Tudo tem de fluir por necessidade da Ideia, do Espírito ou da própria Razão.” p.
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Vontade e Liberdade
“A vontade só é livre na medida em que não quiser nada outro, exterior, forâneo
— senão ela seria dependente — , mas só a si própria, a vontade. (Ibidem)” p. 403
“Essa vontade livre também é verdadeiramente infinita, visto que o seu objeto não
é outro nem um limite posto a ela (§22). Nela ‘desaparece toda a relação de
dependência de qualquer outra coisa’ (§23) e ela é universal” p. 404
“O seu alvo [de Hege] é encontrar a sociedade com base não em algum interesse
particular ou princípio positivo tradicional, mas unicamente com base na liberdade.” p.
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A Vontade do Espírito
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questão acabam não sendo unicamente os do ser humano, mas, antes, os do espírito
cósmico que põe o universo.” p. 407
“(…) a sociedade tem que ser do tipo que os seres humanos se relacionem com
ela como uma vida mais ampla na qual se encontram imersos. (…) E isso, por sua vez,
dita uma certa estrutura da sociedade. Ela tem de ser do tipo em que os vários
momentos do Conceito — unidade imediata, separação e unidade mediada —
cheguem todos à expressão plena e compatível. (…) As demandas da razão são,
portanto, que os seres humanos vivam em um Estado articulado de acordo com o
Conceito, e que eles se relacionem com ele (…) como participante de uma vida mais
ampla. E essa vida mais ampla merece sua fidelidade última porque é a expressão do
próprio fundamento das coisas, do Conceito.” p. 408
“Com efeito, ele reabilita a noção de uma ordem cósmica como pedra angular da
teoria política (…). Não se trata, portanto, de uma ordem que transcende o ser humano
e que ele tem de aceitar. Antes, é uma ordem que flui de sua própria natureza
apropriadamente entendida. Consequentemente, ela está centrada na autonomia, visto
que ser governado por uma lei que emana de si mesmo é ser livre. A ordem, portanto,
atribui um lugar central ao indivíduo racional, autônomo.” p. 409
Hegel deriva seu modelo de sociedade a partir da ideia de liberdade. Mas essa
não é simplesmente a liberdade do ser humano e sim a liberdade da Ideia. Diante
disso, o modelo mais adequado à sociedade humana é retirado da Ideia. O conteúdo
concreto da obrigação moral é aquele que for mais adequado à organização social
baseada na Ideia.
“A comunidade que é o locus da nossa vida moral mais plena é um Estado que se
aproxima de uma corporificação verdadeira da Ideia.” p. 412
“Uma doutrina das obrigações imanente e consistente não pode ser outra coisa
que a exposição sequencial das relações de que necessita a Ideia da liberdade e que,
por isso, são realizadas em toda a sua extensão, ou seja, no Estado. (FD, §148)” p.
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O conceito de Sittlichkeit
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“’Sittlichkeit’ refere-se às obrigações morais que tenho para com uma comunidade
permanente da qual faço parte. Essas obrigações estão baseadas em normas e usos
estabelecidos (…). A característica crucial da Sittlichkeit é que nos manda produzir
aquilo que já existe. (…) a vida comum que é a base da minha obrigação ética (sittlich)
já está aí em existência. Consequentemente, na Sittlichkeit, não há fissura entre o que
deve ser e o que é (…).” p. 411
“Porque a realização da Ideia requer que o ser humano seja parte de uma vida
mais ampla em sociedade, a vida moral alcança a sua realização suprema na
Sittlichkeit. Essa realização suprema obviamente é uma conquista (…). (…) a
concretização da moralidade ocorre numa Sittlichkeit realizada” p. 412
2.
“(…) só podemos alcançar nossa existência moral mais elevada e mais completa
como membros de uma comunidade (…)” p. 413
“A doutrina que põe a Sittlichkeit no ápice da vida moral requer uma noção de
sociedade como (…) vida comunitária mais ampla, na qual o ser humano participa
como membro.” p. 413
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“Hegel diz que a comunidade também é ‘essência’ e também ‘fim último’ para os
indivíduos.” p. 414
“Tudo o que o ser humano é ele deve ao Estado; só nele pode encontrar a sua
essência. Todo valor que um ser humano tem, toda a realidade espiritual, ele tem
unicamente por meio do Estado. (VG, p. 111)” p. 414
“O Estado não existe por causa dos cidadãos; alguém pode dizer que ele é o fim e
eles, os seus instrumentos. Porém, essa relação entre fins e meios é totalmente
inapropriada nesse caso. Por que o Estado não é algo abstrato, que se contrapõe aos
cidadãos; mas eles são, antes, momentos como na vida orgânica, em que nenhum
membro é fim e nenhum é meio. […] A essência do Estado é a vida ética ( die sittliche
Lebendigkeit). (VG, p. 112)” p. 415
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DISSERTAÇÃO
“O que vemos aqui é a noção dos fins e meios cedendo seu lugar para a imagem
de um ser vivo. O Estado ou comunidade possui uma vida mais elevada; suas partes
estão relacionadas como partes de um organismo. Por conseguinte, o indivíduo não
está a serviço de um fim separado dele; ele está, antes, servindo a um fim mais amplo
que é a base de sua identidade, porque ele apenas é o indivíduo que ele é nessa vida
mais ampla.” p. 415
“Por conseguinte, na FD, §258, Hegel fala que o Estado possui “a efetividade da
vontade substancial […] na autoconsciência particular, uma vez que essa consciência
tenha se elevado à consciência de sua universalidade”. p. 415
“Assim, a cultura que vive em nossa sociedade molda nossa experiência privada e
constitui nossa experiência pública, que, por seu turno, interage profundamente com a
experiência privada. Desse modo, (…) somos o que somos em virtude de nossa
participação na vida mais ampla da nossa sociedade — ou, ao menos, de estarmos
imersos nela, caso a nossa relação com ela seja inconsciente e passiva, como
acontece com frequência.” p. 416
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DISSERTAÇÃO
separáveis da experiência a que dão origem. Eles são parcialmente constituídos pelas
ideias e interpretações que estão na sua base. Um prática social dada, como, por
exemplo, votar na ecclesia ou numa eleição moderna, é o que é devido a um conjunto
de ideias e significados entendidos de forma comum, mediante o qual o ato de
depositar pedras numa urna ou assinar pedaços de papel equivale a tomar uma
decisão social. Essas ideias a respeito do que está acontecendo são essenciais para
definir uma instituição.” p. 417.
“Por conseguinte, certa visão do ser humano e de sua relação com a sociedade
está acomodada em algumas práticas e intuições de dada sociedade. Desse modo,
podemos conceber estas [práticas e instituições sociais] como expressão de certas
ideias.” p. 417
“(…) só a prática continuada define o que é a norma que nossa ação futura deve
procurar sustentar. Isso acontece especialmente no caso de ainda não haver
formulação teórica da norma (…)” p. 417
“A vida mais feliz e não alienada do ser humano, desfrutada pelos gregos, é
aquela em que as normas e os fins expressos na vida pública da sociedade são os
mais importantes, pelos quais seus membros definem sua identidade como seres
humanos. Por que, nesse caso, a matriz institucional em que eles não podem deixar de
viver não é percebida como forânea. Ela é, antes, a essência, a ‘substância’ do self.” p.
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“E pelo fato de essa substância ser sustentada pela atividade dos cidadãos, eles a
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“Viver num Estado desse tipo é ser livre. A contraposição entre necessidade social
e liberdade individual desaparece.”
O surgimento da alienação
“Em primeiro lugar, o mais importante para o ser humano só pode ser obtido na
relação com a vida pública de uma comunidade, não na autodefinição privada de um
indivíduo alienado. Em segundo lugar, essa comunidade não pode ser uma
comunidade meramente parcial, como, por exemplo, um conventículo ou uma
sociedade privada, cuja vida é condicionada, controlada e limitada por uma sociedade
mais ampla. Seus limites devem coincidir com a realidade humana autosuficiente
mínima, com o Estado. (…) Em terceiro lugar, a vida pública do Estado possui essa
importância crucial para os seres humano porque (…) expressa a Ideia, a estrutura
ontológica das coisas. Em última análise, ele é de vital importância porque constitui um
dos modos indispensáveis pelo qual o ser humano recupera sua relação essencial com
essa estrutura ontológica, os outros consistindo nos modos de consciência que Hegel
chama de espírito ‘absoluto’, e essa relação real que passa pela vida de uma
comunidade é essencial para a completude do retorno à identidade consciente entre o
ser humano e o Absoluto (o que significa também a identidade do Absoluto consigo
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DISSERTAÇÃO
mesmo).” p. 421
“Esse é o complexo de ideias que está por trás do uso hegeliano de termos como
‘substancia’, ‘essência’, ‘Endzweck’ [fim último], ‘Selbstzweck’ [fim em si] ao falar de
uma comunidade: antes de tudo, que o conjunto de práticas e instituições que
perfazem a vida pública de um comunidade expressam as normas mais importantes, as
que são mais centrais para a identidade dos seus membros, de modo que eles só se
sustentam em sua identidade, participando dessas práticas e instituições, as quais, por
seu turno, eles perpetuam com essa sua participação. Em segundo lugar, que a
comunidade concernida é o Estado, isto é, uma comunidade realmente autosuficiente.
E, em terceiro lugar, que essa comunidade tem esse papel central por que expressa a
Ideia, a fórmula da necessidade racional subjacente ao ser humano e seu mundo. p.”
421-422
“(…) a vida pública de uma sociedade expressa certas ideias, que são, por
conseguinte, em certo sentido, as ideias da sociedade como um todo, e não apenas
dos indivíduos, de modo que podemos dizer que um povo tem um certo ‘espírito’.” p.
422
“(…) o Estado plenamente racional será aquele que expressa em suas instituições
e práticas as ideias e normas mais importantes que seus cidadãos reconhecem e pelas
quais eles definem a sua identidade. E isso será assim por que o Estado expressa as
articulações da Ideia, que o ser humano racional passa a ver como a fórmula da
necessidade subjacente a todas as coisas, que está destinada a vir à consciência de si
no ser humano. Desse modo, o Estado racional restaurará a Sittlichkeit, a
corporificação das normas supremas, numa vida pública permanente. O Estado
plenamente desenvolvido incorporará o principal da vontade racional individual que
julgará com critérios universais (…)”p. 423.
Razão e História
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DISSERTAÇÃO
1.
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“Os seres humanos que vivem fora de um Estado, como, por exemplo, em
sociedades tribais patriarcais, estão totalmente à margem da história, seja antes de ela
realmente começar, seja em suas bordas.” p. 425
“O que surge no final da história não é a comunidade como tal, mas, antes, uma
comunidade que, pela primeira vez, é plenamente adequada ao conceito, à liberdade e
à razão.” p. 425
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do espírito universal, seu impulso (Drang) irresistível; com efeito, essa articulação e sua
realização é seu conceito. (VG, p. 75)” p. 426
“Desse modo, a história mostra um movimento dialético (…). Porém, visto que o
ponto inicial e o objetivo são postos pela Ideia, logo, por necessidade, todos os
estágios intermediários são necessários. (…) A história deveria, portanto, seguir um
plano dialético necessário. O plano da história é a Ideia (…). Consequentemente, a
dialética da história tem de ser entendida como reflexo dos estágios conceitualmente
necessários no autodesenvolvimento da Ideia.” p. 426
“Os estágios da história (…) são representados pelos Volksgeister. Cada estágio é
corporificado em certo povo que labora para realizar a ideia daquele estágio particular.
Esse é o propósito comum dos povos; eles permanecem inteiramente tomados por
essa tarefa comum, inteiramente identificados com ela, até que ela seja alcançada.
Depois, ocorrem as divergências. Seus membros param de empenhar-se totalmente,
voltam-se para a reflexão, para uma identidade como indivíduos fora do objetivo
público. Eles incorrem na ‘nulidade política’ (VG, p. 68)”
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“É nesse ponto que Hegel introduz a sua famosa ideia da astúcia da razão. A
razão é apresentada nessa imagem como ‘usando’ as paixões humanas dos seres
humanos para cumprir seus propósitos. Os seres humanos e seus propósitos tombam
na batalha, mas o propósito universal prossegue em segurança, acima disso tudo.” p.
427
“(…) até mesmo os seres humanos nos estágios mais iniciais da história são os
veículos do Geist. Eles têm algum senso para as demandas do espírito, por mais que
este seja turvo (…). Consequentemente, não se trata meramente da questão de a
ambição individual humana estar sendo usada para um propósito forâneo. Trata-se,
antes, de que aquelas pessoas cuja ambição individual coincide com os interesses do
espírito estão imbuídas de um senso de missão. Instintivamente, elas sentem a
importância do que estão fazendo, e o mesmo sentem as pessoas em torno delas que
se congregam em torno das suas bandeiras. (…) Hegel usa a palavra ‘instinto’ para
esse reconhecimento inconsciente da significação.” p. 428
“Com efeito, o espírito que passou para o próximo estágio é a alma de todos os
indivíduos, só que em forma de senso interior inconsciente que os grandes vultos
humanos trazem à consciência deles pela primeira vez. (VG, p. 99)” p. 429
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2.
O Estado Realizado
1.
“(…) Sittlichkeit, que constitui a liberdade substancial nos termos de Hegel. Ela
constitui um bem realizado. As pessoas se identificam com ela. Ela se torna a sua
“segunda natureza” (FD, §151), e elas são a sua realização efetiva na subjetividade.” p.
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o reconheçam como seu próprio espírito substancial e que o assumam como seu fim e
alvo e sejam ativos em buscá-lo. (FD, § 260 com modif.)” p. 477
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Ideia
● A Razão na História
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Liberdade
● A Razão na História
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Espírito
● A Razão na História
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Liberdade.” p. 25 - 26
144 “A Liberdade, como o Espírito, é dinâmica, ela progride dialeticamente contra seus
próprios obstáculos. Ela jamais é dada, deve-se lutar para obtê-la. Cada afrouxamento
do Espírito significa voltar à inércia da Matéria, o que significa a destruição da liberdade
quando os homens estão sujeitos à Matéria (como ocorre na pobreza, na doença, no
frio, na fome), ou quando estão sujeitos a outros homens e são usados por estes como
objeto.” p. 26
145 “Como os particulares sozinhos não fazem o universal, os cidadãos sozinhos não
podem ser a consciência da liberdade. Apenas o Estado como um todo, sua cultura, é
que realiza a liberdade. Só a liberdade individual é cheia de caprichos, arbitrária, e
deve estar subordinada à liberdade universal como quando concretizada em uma
cultura nacional. A história dos indivíduos sozinhos e mesmo a dos indivíduos na ainda
emocional comunidade irracional da família realmente ainda não é história. A História é
o avanço da consciência de liberdade. No momento em que o indivíduo está consciente
de sua liberdade, ele é o cidadão do Estado moral, membro de uma comunidade
cultural. O Estado, e não ele mesmo, é o universo de sua liberdade – ele em si é
apenas um exemplo.” p. 31
146 “A liberdade puramente subjetiva é cheia de caprichos, mas a Liberdade
universalizada na forma concreta de uma civilização é objetiva e, assim, moral
concreta. Sua forma objetiva é a lei.” p. 32
147 “A Idéia se desenvolve no espaço e no tempo. A Idéia se desenvolvendo no
espaço é a Natureza, a Idéia subseqüentemente - ou antes, conseqüentemente, pois é
tudo um processo lógico- se desenvolvendo no tempo é o Espírito. Este último, o
desenvolvimento da Idéia notempo, ou desenvolvimento do Espírito, é a História. A
História torna-se assim um dos grandes movimentos da Idéia, enraíza-se em um fluxo
metafísico de alcance universal. É a História universal.” p. 12
148 “Assim, a História é a autodeterminação da Idéia em progresso, o
autodesenvolvimento do Espírito em progresso. Além disso, como o Espírito é livre por
sua natureza interior, a História é o progresso da Liberdade.” p. 17
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INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como foco um dos objetos centrais da Filosofia Pol ítica: o
Estado. A importância dessa temática se origina das permanentes dificuldades
jurídicas, morais e éticas que as organizações sociopolíticas humanas vêm sofrendo
desde o início da história da humanidade. Além disso, tal temática é particularmente
importante nos dias atuais, com a onda de protestos que vem se espalhando pelo
149 “A História, para Hegel, "é o desenvolvimento do Espírito no Tempo, assim como a
Natureza é o desenvolvimento da Idéia no Espaço"12 Se compreendemos esta
sentença, compreendemos a Filosofia da História de Hegel. Todo o sistema de Hegel é
construído em cima da grande tríade: Idéia – Natureza – Espírito. A Idéia-em-si é o que
se desenvolve, a realidade dinâmica do depois – ou antes – do mundo. Sua antítese, a
Idéia-fora-de-si, ou seja, o Espaço, é a Natureza. A Natureza, depois de passar pelas
fases dos reinos mineral e vegetal, se desenvolve no homem, em cuja consciência a
Idéia se torna consciente de si. Esta auto consciência da Idéia é o Espírito, a antítese
de Idéia e Natureza, e o desenvolvimento desta consciência é a História. Assim, a
História e a Idéia estão inter-relacionadas.” p. 21
150 “O que Hegel quer dizer com o "Tempo" em que a História se desenvolve é um
problema que ele deixa de discutir em nosso texto. Ele o menciona na Fenomenologia
da mente. Não se trata do tempo físico, pois este, junto com o Espaço, cabe no sistema
hegeliano para a Natureza. O "Espaço" em que a Natureza se desenvolve é o espaço-
tempo físico. O Tempo em que o Espírito se desenvolve é o tempo da consciência, no
qual o Espírito "esvazia e externaliza" a si e extingue as "fases" da história. Como a
Idéia-em-si se desenvolve na pureza da dialética lógica, assim a Idéia-fora-de-si, como
Natureza, se desenvolve na forma de Espaço: E o Espírito – a idéia-em/e-por-si-
mesma – se desenvolve na forma de Tempo, o Tempo da Consciência do Espírito. O
Tempo, então, é para o Espírito o que a estrutura lógica é para a Idéia. E a
contrapartida concreta da Lógica no reino do Espírito, exatamente como é espaço-
tempo no reino da Natureza.” p. 22
151 “A ciência da Idéia é a de estrutura lógica, ou seja, lógica; a ciência da Natureza é
a do Espaço, ou seja, a geometria"; a ciência do Espírito é a do Tempo, ou seja, a
história.” p. 23
152 “Como o Espírito é a Idéia concreta, a seqüência de acontecimentos históricos é
ao mesmo tempo temporal e lógica; ela é temporal até onde é o autodesenvolvimento
do Espírito e é lógica até onde é o autodesenvolvimento da Idéia. (…) Para o filósofo
idealista, o autodesenvolvimento do Espírito transforma a conseqüência lógica
primordial em seqüência temporal. ” p. 23
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Brasil e a mudança de mentalidade dos brasileiros, que passam cada vez mais a
cobrar do Estado a prestação de serviços públicos de qualidade, assim como o
combate efetivo à corrupção e à má gestão de recursos públicos no país. Diante disso,
como forma de agregar valor e trazer um aprofundamento a tão relevante discussão,
pretende-se tratar a questão acerca do Estado sobre uma perspectiva histórico-
filosófica, expondo não apenas o Estado em suas estruturas essenciais, mas também o
modo como ele se constitui no fundamento da história da humanidade.
Desse modo, dentre os inúmeros filósofos que se ocuparam com a questão
acerca de qual deve ser o real papel do Estado em uma organização sociopolítica
humana, Hegel (1770 - 1831) foi certamente um dos mais relevantes, estabelecendo
assim um marco na História da Filosofia. E um dos fatores essenciais para que sua
ideia de Estado adquirisse tamanha importância é o caráter estritamente sistemático
com que é trabalhada a sua filosofia política. O Estado em Hegel reflete toda a
estrutura do sistema hegeliano e possui assim a forma do silogismo lógico, que por sua
vez é compreendida como sendo “a apresentação do conceito nos seus momentos.
Individualidade, particularidade e universalidade (...)” . Diante disso, em sua obra
Princípios Fundamentais da Filosofia do Direito (1821), Hegel constrói a ideia de
Estado a partir dos três momentos fundamentais do silogismo lógico: o Estado
Individual, considerado como organismo isolado que se refere a si mesmo (Direito
Estatal Interno); o Estado Particular, compreendido nas suas relações com os outros
Estados (Direito Estatal Externo) e o Estado Universal, concebido como espírito que se
realiza na História (Filosofia da História) . É, portanto, na História que o Estado em
Hegel adquiri a sua dimensão universal, o seu mais alto grau de desenvolvimento e
concretização. Dessa forma, é em sua obra Lições sobre a Filosofia da História (1830)
que Hegel aprofunda tal concepção, expondo a História Universal como o processo de
concretização da ideia de Estado .
O propósito desta pesquisa é, portanto, compreender a ideia de Estado em Hegel
por meio do seu processo de formação ao longo da História Universal. Desse modo,
pretende-se adotar como fundamento da pesquisa a noção de Estado em seus
aspectos essenciais, com ênfase não no formalismo jurídico, mas sim no conteúdo
político, expondo o Estado como efetivação da eticidade, isto é, como conciliação entre
a liberdade subjetiva (a vontade individual particular) e a liberdade objetiva (a vontade
substancial universal). Com base nisso, pretende-se situar a Filosofia da História dentro
da compreensão de Estado e expor como ela se constitui não apenas em seu momento
culminante, mas também na realização máxima da Filosofia do Espírito. Diante disso,
articulando principalmente as categorias de Razão, Espírito, Liberdade e
Autoconsciência, pretende-se finalmente demonstrar como a Filosofia da História
consiste no processo de efetivação do Estado , provando, por conseguinte, que este se
constitui no conteúdo central e essência fundamental da História Universal.
Dessa forma, dentro do sistema de Hegel, a Filosofia da História é situada no
interior da Filosofia do Espírito e, por conseguinte, — seguindo a divisão do sistema
hegeliano em Lógica, Natureza e Espírito — seu conteúdo já é desenvolvido
inteiramente no último desses momentos. Tal fato confere à Filosofia da História um
diferencial importante: ela reúne em seu interior o resultado de todo o longo e exaustivo
processo dialético de desenvolvimento conquistado desde o início do sistema
hegeliano até a sua conclusão. Somado a isso, os estudos de Hegel que resultaram
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momento em que o Espírito atinge a sua forma de Estado que a História Universal se
inicia. A Filosofia da História se situa, então, na Filofia do Espírito, e é com base no
Estado — isto é, o Espírito concretizado em Estado — que Filosofia da História se
fundamenta.
É fácil acreditar que ele [espírito] possua, entre outras propriedades, a liberdade.
A filosofia, no entanto, ensina-nos que todas as propriedades do espírito só existem
mediante a liberdade, são todas apenas meios para a liberdade, todas a procuram e a
criam. Isso é um conhecimento da filosofia especulativa, ou seja, a liberdade é a única
verdade do espírito.
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Universal: “Seguindo esta definição abstrata, pode-se dizer que a história do mundo é a
exposição do espírito em luta para chegar ao conhecimento de sua própria natureza” ;
sendo tal natureza a Liberdade: “(...) a história universal é o progresso na consciência
da liberdade” . Essa é, por conseguinte, a Razão, o princípio universal e motor da
História, isto é, a efetivação da Liberdade do Espírito através do desenvolvimento do
Estado. Em outras palavras: o processo de desenvolvimento do Espírito consiste na
conquista de sua autoconsciência que ocorre por meio da concretização de sua
Liberdade no Estado através da História Universal. Nas palavras de Hegel:
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Quanto mais bem sucedido for o Estado em efetivar essa dimensão universal, a saber,
a vontade livre em cada uma dessas vontades individuais, mais se concretizará a
Liberdade . O aperfeiçoamento do Estado na realização desse propósito constitui-se,
então, no fundamento da História Universal.
OBJETIVOS
Objetivos Específicos:
1. Compreender a noção de Estado em Hegel sob uma perspectiva política,
destacando a liberdade como sua essência e demonstrando como ele se constitui na
realização da vida ética de um povo. Utilizando para tanto principalmente a obra
Filosofia do Direito;
2. Situar o Estado dentro da concepção de Espírito, assim como situar a História
dentro da concepção de Estado, demonstrando que o Espírito se manifesta no Estado
e este se manifesta na História. Utilizando para tanto principalmente as obras Filosofia
do Direito e Filosofia do Espírito;
3. Compreender a noção de História como processo de concretização da
liberdade através da ideia de Estado, destacando o desenvolvimento do Estado como
objetivo fundamental da História. Utilizando para tanto principalmente a obra Filosofia
da História.
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