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  MINISTÉRIO DA SAÚDE

SAÚDE MENTAL NO SUS 
CUIDADO EM LIBERDADE, DEFESA DE DIREITOS        
E REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

RELATÓRIO DE GESTÃO 2011‐2015
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde 
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas 

SAÚDE MENTAL NO SUS 
CUIDADO EM LIBERDADE, DEFESA DE DIREITOS         
E REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 

RELATÓRIO DE GESTÃO 2011‐2015 

Brasília – DF 
2016 
Elaboração, distribuição e informações 
 
 
Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas 
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (Dapes) 
Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) 
Ministério da Saúde (MS) 
Setor de Autarquia Federal Sul (SAF/SUL), Trecho 2, Lote 05/06, )  Edifício Premium, Bloco F, Torre 2, sala 13 
Brasilia, DF 
CEP: 70.070600 
 
Contatos: 
Telefone Geral: (55 61) 3315.9144 
Email: saudemental@saude.gov.br 
 
 
Redação, dados e organização do Relatório: 
 
Equipe da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS: 
Adélia  Benetti  de  Paula  Capistrano  Alexandre  Teixeira  Trino  Ana  Carolina  da  Conceição  Andrea  Borghi 
Moreira Jacinto Aretuza Santos de Oliveira Freitas Barbara Coelho Vaz César Henrique dos Reis Cinthia Lociks 
de  Araújo  Clarisse  Moreira  Aló  Claudio  Antônio  Barreiros  Daniel  Adolpho  Daltin  Assis  Daniela  Piconez  e 
Trigueiros  Debora  Estela  Massarente  Pereira  Enrique  Araújo  Bessoni  Fernanda  Rodrigues  da  Guia  Flora 
Moura  Lourenzo  Gabriela  Hayashida  Isadora  Simões  de  Souza  Izadora  Isa  Soares  Luz  Janaina  Barreto 
Gonçalves Jaqueline Tavares de Assis Hinara Helena Silva Pereira de Souza Ivana Gomes de Almeida Julianna 
Godinho  Dale  Coutinho  June  Correa  Borges  Scafuto  Kayan  Vogado  Alves  Karen  Costa  Oliva  Keyla  Kikushi 
Câmara  Larissa  de  Andrade  Gonçalves  Leisenir  de  Oliveira  Marcel  Henrique  de  Carvalho   Mariana  da  Costa 
Schorn  Marina  Rios  Amorim  Michaela  Batalha  Juhasova  Milena  Leal  Pacheco  Nádia  Maria  Silva  Pacheco  
Patricia  Portela  de  Aguiar  Patrícia  Santana  Santos  Paula  Silva  Oliveira  Pedro  de  Lemos  MacDowell  Pedro 
Henrique  Marinho  Carneiro  Polliana  Barbosa  da  Rocha  Pollyanna  Fausta  Pimentel  de  Medeiros  Raquel  de 
Aguiar  Alves  Raquel  Turci  Pedroso  Roberto  Tykanori  Kinoshita  Rubia  Cerqueira  Persequini  Samia  Abreu 
Oliveira Taia Duarte Mota Thais Soboslai Thiago Monteiro Pithon Viviane Paula Rocha  
 
 
Arte  da  Capa  e  Contracapa:  Obra  de  Maria  do  Socorro  Santos,  pintora  e  militante  do  Movimento  da  Luta 
Antimanicomial do Rio de Janeiro, que faleceu em março de 2005. 
Direitos  autorais:  Projeto  Maria  do  Socorro  Santos/Instituto  Franco  Basaglia/Projeto  Transversões  – 
ESS/UFRJ. 
 
 
 
 
Brasil.  Ministério  da  Saúde.  Secretaria  de  Atenção  à  Saúde.  DAPES.  Coordenação  Geral  de  Saúde  Mental, 
Álcool e Outras Drogas. 
 
Saúde Mental no SUS: Cuidado em Liberdade, Defesa de Direitos e Rede de Atenção Psicossocial. Relatório de 
Gestão 2011‐2015. Ministério da Saúde: Brasília. Maio, 2016, 143 p. 
 

Versão preliminar 1, fechada em 09/06/2016 

   
LISTA DE SIGLAS 
AB – Atenção Básica 
ACS – Agente Comunitário de Saúde 
AIH ‐ Autorização de Internação Hospitalar – AIH 
Anvisa ‐ Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
ATSM ‐ Área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde  
BPA/C – Boletim de Produção Ambulatorial Consolidado 
BPA/I ‐ Boletim de Produção Ambulatorial Individualizado 
CAB 34 ‐ Caderno de Atenção Básica nº 34 – saúde mental 
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial 
CAT – Casa de Acolhimento Transitório 
CDPD ‐ Convenção Internacional das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
Cebas ‐ Certificação das Entidades Beneficentes de Assistência Social 
CGMAD – Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas 
CGPC ‐ Coordenação Geral de Promoção da Cidadania 
CGPDS ‐ Coordenação de Promoção dos Direitos Sociais 
CGSI ‐ Coordenação Geral de Sistemas de Informação/DRAC/SAS/MS 
CIF ‐ Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidades e Saúde 
CIR – Comissão Intergestores Regional 
CISM ‐ Comissão Intersetorial de Saúde Mental 
CIST ‐ Cadastro de Inclusão Social pelo Trabalho 
CNES ‐ Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde 
CNMP ‐ Conselho Nacional do Ministério Publico 
CnR – Consultório na Rua 
CNS ‐ Conselho Nacional de Saúde 
Coasa ‐ Coordenação de Acompanhamento das Ações de Saúde e Segurança Alimentar 
Cogem ‐ Coordenação de Gênero e Assuntos Geracionais 
Conad ‐ Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas 
Conasems ‐ Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde 
Conass ‐ Conselho Nacional de Secretários de Saúde 
CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito 
COPOLAD ‐ Cooperation Programme on Drugs Policies between Latin America and the European Union 
COPPE/UFRJ  ‐  Instituto  Alberto  Luiz  Coimbra  de  Pós‐graduação  e  Pesquisa  de  Engenharia  da  Universidade 
Federal do Rio de Janeiro 
Cosems ‐ Conselho de Secretários Municipais de Saúde 
CT – Comunidade Terapêutica 
1
DAB ‐ Departamento de Atenção Básica  
Dahu ‐ Departamento de Atenção Hospitalar e Urgências 
Dasi ‐ Departamento de Atenção à Saúde Indígena  
Datasus ‐ Departamento de Informática do SUS 
DCNT ‐ Doenças Crônicas Não Transmissíveis 
Deges ‐ Departamento de Gestão da Educação na Saúde  
Demas ‐ Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS/SE/MS 
Denasus  – Departamento Nacional de Auditoria do SUS 
DEPEN ‐ Departamento Penitenciário Nacional/MJ 
DPDS ‐ Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Social 
Drac ‐ Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas/SAS/MS 
DSEI ‐ Distritos Sanitários Especiais Indígenas  
EAD – Educação à Distância 
ECA ‐ Estatuto da Criança e do Adolescente 
E‐CAR ‐ Sistema de Planejamento e Monitoramento 
eCR ‐ Equipe de Consultório na Rua 
ECT ‐ eletroconvulsoterapia 
Enraps ‐ Encontro de Nacional de Redes de Atenção Psicossocial do SUS 
ESF – Estratégia de Saúde da Família 
eSF – Equipe de Saúde da Família  
EU‐DAP ‐ European Drug Addiction Prevention Trial 
FCES ‐ Ficha Cadastral de Estabelecimento de Saúde 
FIOCRUZ ‐ Fundação Osvaldo Cruz 
FORMSUS ‐ serviço para criação de formulários na web do Datasus 
FUNAD ‐ Fundo Nacional Antidrogas 
FUNAI ‐ Fundação Nacional do Índio 
GBG ‐ Good Behavior Game 
GUIA AD ‐ Guia Estratégico para o Cuidado de Pessoas com necessidades relacionadas ao consumo de álcool 
e outras drogas 
GT – Grupo de Trabalho 
GTI ‐ Grupo de Trabalho Intersetorial  
HCTP ‐ Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico  
IBGE ‐ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDHM ‐ Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 
IES ‐ Instituições de Educação Superior 
IPCA ‐ Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 
2
Ipea ‐ Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
LBI ‐ Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência 
LDO ‐ Lei de Diretrizes Orçamentárias 
LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais  
LOA ‐ Lei Orçamentária Anual 
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
ME – Município Elegível 
MEC – Ministério da Educação 
MinC – Ministério da Cultura 
MJ ‐ Ministérios da Justiça 
MS – Ministério da Saúde 
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego 
Nasf – Núcleo de Atenção à Saúde da Família 
NuteE‐UFSC ‐ Núcleo Multiprojetos de Tecnologia Educacional da Universidade Federal de Santa Catarina 
OEA ‐ Organização dos Estados Americanos 
ONU ‐ Organização das Nações Unidas 
OPAS/OMS ‐ Organização Pan‐Americana de Saúde ‐ Organização Mundial da Saúde 
PAB ‐ Piso de Atenção Básica  
Pacs ‐ Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
PAR ‐ Plano de Ação Regional 
PET‐Saúde ‐ Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde 
PMAQ‐AB ‐ Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica 
PNAISARI ‐ Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei, em Regime 
de Internação e Internação Provisória 
PNAISP  ‐  Política  Nacional  de  Atenção  Integral  à  Saúde  das  Pessoas  Privadas  de  Liberdade  no  Sistema 
Prisional 
PNASH/Psiq – Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares/Psiquiatria 
PNEPS ‐ Política Nacional de Educação Permanente em Saúde 
PNH ‐ Política Nacional de Humanização 
PNPS ‐ Política Nacional de Promoção da Saúde 
PNS ‐ Plano Nacional de Saúde 
Pnud – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
PO ‐ Programas Orçamentários  
PPA ‐ Plano Plurianual 
PREVINE ‐ I Congresso Internacional de Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas 
PRH ‐ Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar Psiquiátrica no SUS 
3
Pronacoop Social ‐ Programa Nacional de Apoio ao Associativismo e Cooperativismo Social 
PSE ‐ Programa Saúde na Escola 
PTS – Projeto Terapêutico Singular 
PVC – Programa de Volta para Casa 
RAADH ‐ Reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos 
RAAS ‐ Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde 
RAPS – Rede de Atenção Psicossocial 
RAS – Redes de Atenção à Saúde 
RD – Redução de Danos 
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada 
RHS ‐ Rede Humaniza SUS 
RUE – Rede de Atenção às Urgências 
Saips ‐ Sistema de Apoio à Implementação de Politicas de Saúde 
Samu – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 
SARR ‐ Serviços de Atenção em Regime Residencial 
SAS – Secretaria de Atenção à Saúde 
SAV ‐ Suporte Avançado de Vida 
SBV ‐ Suporte Básico de Vida 
SDH ‐ Secretaria dos Direitos Humanos 
Senad – Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas do Ministério da Justiça 
Senaes ‐ Secretaria Nacional de Economia Solidária/TEM 
Senasp ‐ Secretaria Nacional de Segurança Pública/MJ 
Sesai ‐ Secretaria Especial de Saúde Indígena  
SFP ‐ Strengthening Families Program 
SGTES ‐ Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde  
SGEP ‐ Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa 
SIA/SUS ‐ Sistema de Informações Ambulatoriais 
SIH/SUS ‐ Sistema de Informações Hospitalares do SUS 
Sinase ‐ Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo 
Sinpas ‐ Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social 
Sismob ‐ Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo 
Sisnad – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas 
Sisprofns ‐ Sistema de Propostas Fundo a Fundo 
SNJ ‐ Secretaria Nacional da Juventude 
SNPDCA ‐ Secretaria Nacional de Direitos Humanos/SDH 
SRT – Serviço Residencial Terapêutico 
4
Suas ‐ Sistema Único de Assistência Social 
SUPERA ‐ Sistema para detecção do uso abusivo e dependência de substâncias psicoativas: encaminhamento, 
intervenção breve, reinserção social e acompanhamento 
SUS – Sistema Único de Saúde 
SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde 
TEA ‐ Transtornos do Espectro do Autismo 
TED – Termo de Execução Descentralizada 
Tepac ‐ Tópicos Especiais de Policiamento e Ações Comunitárias 
TETO MAC – Teto Financeiro de Média e Alta Complexidade 
UA – Unidade de Acolhimento 
UAA – Unidade de Acolhimento Adulta 
UAi – Unidade de Acolhimento Infantojuvenil 
UBS ‐ Unidade Básica de Saúde 
UFRN ‐ Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
UFSC ‐ Universidade Federal de Santa Catarina 
Unasus ‐ Universidade Aberta do SUS 
UnB ‐ Universidade de Brasília 
UNGASS ‐ Assembleia Especial da Organização das Nações Unidas 
Unifesp ‐ Universidade Federal de São Paulo 
UNODC ‐ Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime 
UPA – Unidade de Pronto Atendimento 
 
   

5
Lista de figuras 
Figura 1. Regiões de Saúde Brasil.................................................................................................................8  
Figura  2.  Mapas  Evolução  do  Indicador  de  Cobertura  de  CAPS/100  mil  habitantes  (Brasil,  dez/2006, 
dez/2011 e dez/2015).................................................................................................................................46 
Figura 3. Distribuição dos (as) alunos (as) formados (as) nos três Cursos à Distância em Saúde Mental por 
curso (Brasil, dez/2014)............................................................................................................................113 
Figura 4. Número de profissionais titulados como enfermeiros especialistas em saúde mental por estado 
(2015)........................................................................................................................................................114 
 
Lista de gráficos 
Gráfico  1.  Evolução  do  investimento  financeiro  federal  nos  Centros  de  Atenção  Psicossocial  (Brasil, 
dez/2002 a dez/2015).................................................................................................................................25  
 Gráfico  2.  Série  histórica  de  expansão  dos  CAPS  (Brasil,  dez/1998  a 
2015)...........................................................................................................................................................45 
Gráfico  3.    Série  histórica  Indicador  de  Cobertura  de  CAPS/100  mil  habitantes,  por  região  (Brasil, 
dez/2002 a dez/2015) ................................................................................................................................48 
Gráfico  4.  Evolução  dos  registros  de  procedimentos  ambulatoriais  em  saúde  mental  aprovados  e 
estimativa da produção se mantida a tendência anterior. Brasil, 2008‐ 2014 ........................................ .55 
Gráfico 5. Série histórica habilitação Serviços Residenciais Terapêuticos 2013‐2015................................65 
Gráfico 6. Número Beneficiários Programa de Volta para Casa 2003 – 2015............................................66 
Gráfico  7.  Série  histórica  percentual  de  Hospital  Psiquiátrico  por  porte  (Brasil,  dez/2002‐ 
dez/2015)....................................................................................................................................................68 
Gráfico 8. Leitos SUS em hospitais psiquiátricos por ano (Brasil, dez/2002 a dez/2015) ..........................69 
Gráfico 9. Repasses de recursos federais de incentivo financeiro para o desenvolvimento de estratégias 
do componente Reabilitação Psicossocial (Brasil, 2005 a 2013)................................................................72 
Gráfico  10.  Repasses  de  recursos  federais  de  incentivo  para  as  Chamadas  de  Protagonismo  e 
Reabilitação Psicossocial de 2012 e 2013, por Região do Brasil.................................................................73 
 
Lista de Quadros 
Quadro 1. Componentes da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS..............................................................9  
Quadro 2. Portarias instituição Grupos Condutores Estaduais da RAPS por estado .................................11 
Quadro 3. Redução parâmetro populacional para implantação de CAPS .................................................47 
Quadro  4.  Audiências  Públicas  na  Câmara  Legislativa  e  Senado  Federal  com  participação  da 
CGMAD.......................................................................................................................................................97 
Quadro 5. Produções Técnicas no Campo de Álcool e outras Drogas entre 2011‐2015............................98 
Quando 6. Módulos da I Chamada Projeto Percursos Formativos da RAPS.............................................111 
6
 
Lista de tabelas 
Tabela 1. Pactuação Planos de Ação da RAPS por estado..........................................................................12 
Tabela 2. Emendas Parlamentares designadas à CGMAD (Brasil, 2011‐2015)...........................................26 
Tabela  3.  Propostas  de  construção  aprovadas  por  programa,  por  ano  e  por  inserção  de  Ordem  de 
Serviço (Brasil, 2015)..................................................................................................................................31  
Tabela  4.  Total  de  propostas  aprovadas  por  programa  e  por  emenda,  por  tipo  (Brasil,  2013  a 
2015)...........................................................................................................................................................31 
Tabela 5. Total de propostas aprovadas por programa e por emenda, por tipo e por UF (Brasil, 2013 a 
2015 )..........................................................................................................................................................32  
Tabela 6. Vagas ofertadas do Curso de Formação Caminhos do Cuidado, por UF (Brasil, 2015)...............40  
Tabela  7.  Série  histórica  do  número  de  CAPS  habilitados  no  Brasil  por  Tipo  (Brasil,  dez/2006  a 
2015)...........................................................................................................................................................49 
Tabela 8. – Distribuição dos CAPS por Município Elegível (ME), e nº de municípios com CAPS Habilitado 
por UF (Brasil, dez/2006 a 2015)................................................................................................................50 
Tabela 9. Unidades de Acolhimento habilitadas (Brasil, 2015)..................................................................61 
Tabela  10.  Serviços  Hospitalares  de  Referência  com  leitos  de  saúde  mental,  álcool  e  outras  drogas 
habilitado por UF (dez/2015)......................................................................................................................63 
Tabela  11.  Iniciativas  de  geração  de  trabalho  e  renda,  empreendimentos  econômicos  solidários  e 
cooperativas sociais da RAPS (Brasil, dez/2005 a dez/2013)......................................................................74 
Tabela 12. Alcance em números de escolas, educadores e educandos por território no Pré‐piloto do GBG 
(Jogo Elos) em números ‐ 2013 ..................................................................................................................89 
Tabela 13. Alcance em números de escolas, educadores, turmas e educandos por território no Piloto do 
Jogo Elos ‐ 2014..........................................................................................................................................89 
Tabela  14.  Alcance  em  número  de  escolas,  turmas  e  educandos  por  território  no  Piloto  Jogo  Elos  ‐ 
2015............................................................................................................................................................90 
Tabela 15. Alcance em números de escolas, professores, turmas e educandos por território no Pré‐piloto 
Unplugged ‐ #Tamojunto ‐ 2013 ............................................................................................................91 
Tabela 16. Alcance em números de escolas, professores, profissionais da saúde, turmas e educandos por 
território do #Tamojunto ‐ 2014.............................................................................................................91 
Tabela  17.  Alcance  em  números  de  escolas,  professores,  turmas,  educandos,  profissionais  da  saúde, 
multiplicadores locais por território do #Tamojunto ‐ 2015......................................................................92 
Tabela  18.  Alcance  em  números  de  grupos  e  famílias,  por  território  por  território  no  Pré‐piloto  do 
Fortalecendo Famílias ‐ 2013......................................................................................................................93 
Tabela  19.  Alcance  em  números  de  facilitadores,  grupos  e  famílias  por  território  no  Piloto  do 
Fortalecendo Famílias ‐ 2014 .....................................................................................................................94 
7
Tabela  20.  Alcance  em  números  de  facilitadores,  grupos  e  famílias  por  território  no  Piloto  do 
Fortalecendo Famílias ‐ 2015 .....................................................................................................................94 
Tabela 21. Resumo dos programas de PET Saúde Mental apoiados entre 2011 e 2015..........................107 
Tabela 22. Número de programas de PET Saúde Mental apoiados por UF entre 2011 e 2015................108 
Tabela 23. Programas de Residência Médica em Psiquiatria e Psiquiatria da Infância e Adolescência por 
ano............................................................................................................................................................109 
Tabela 24. Programas de Residência Multiprofissional em Saúde Mental por ano............ ....................109

8
SUMÁRIO 
Apresentação...................................................................................................................................... 1
1. 1. Ética e cuidado ............................................................................................................................. 2
1.1. Desinstitucionalização ............................................................................................................... 2
1.2. Reabilitação Psicossocial ............................................................................................................ 4
1.3. Redução de Danos ..................................................................................................................... 5
2. Gestão da Política ............................................................................................................................ 7
2.1. Regionalização e Territórios ....................................................................................................... 7
2.2. 14ª e 15ª Conferências Nacionais de Saúde ............................................................................... 22
2.3. Financiamento em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas no SUS ................................................ 24
2.4. Gestão da Informação e Comunicação....................................................................................... 28
2.5. Programa Crack, É Possível Vencer ............................................................................................ 29
3. I Encontro Nacional de Redes de Atenção Psicossocial do SUS (ENRAPS)............................................. 34
4. Rede de Atenção Psicossocial ‐ RAPS ............................................................................................... 36
4.1. Atenção Básica em Saúde ......................................................................................................... 36
4.2. Atenção Psicossocial Estratégica ............................................................................................... 44
4.3. Atenção de Urgência e Emergência ........................................................................................... 57
4.4. Atenção Residencial de Caráter Transitório ................................................................................ 59
4.5. Atenção Hospitalar .................................................................................................................. 62
4.6. Estratégias de Desinstitucionalização ........................................................................................ 64
4.7. Estratégias de Reabilitação Psicossocial e de Fortalecimento do Protagonismo de Usuários e 
Familiares da RAPS ........................................................................................................................ 71
5. Temas transversais da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas ........................... 79
5.1. Ações junto às Populações Tradicionais ................................................................................ 79
5.2. Populações em vulnerabilidade e a equidade no acesso à Saúde Mental ................................. 83
5.3. Ações relacionadas ao campo de Álcool e Outras Drogas ........................................................ 85
5.4 Ações relacionadas ao público Infantojuvenil ...................................................................... 102
5.5 Ações de Formação e Educação Permanente ....................................................................... 106
5.6 Direito é Qualidade (QualityRights)..................................................................................... 115
5.7 Parcerias Internacionais .................................................................................................... 116
Anexos ........................................................................................................................................... 117
Anexo I: Carta da XIII Reunião do Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental .............................. 117
Anexo II: Relatório Final Do XVIII Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental, Álcool e outras 
Drogas ........................................................................................................................................ 118
Anexo III: Legislação da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas referentes ao 
período entre 2011 e 2015 ........................................................................................................... 131

9
Anexo IV: RESUMO EXECUTIVO – Relatório de Gestão 2011‐2015 .................................................... 132
Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 141
 

10
Apresentação 
 
Este  relatório  registra  os  principais  avanços,  diretrizes  e  desafios  da  implantação  da  Política 
Nacional de Saúde Mental, durante o período de 2011‐2015, em termos de legislação, ampliação do 
acesso,  qualificação  do  cuidado  e  gestão  da  política,  com  vistas  a  subsidiar  a  continuidade  dos 
processos de reforma em todas as esferas de gestão.  
O  Ministério  da  Saúde,  por  meio  da  Coordenação  Geral  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras 
Drogas  (CGMAD),  trabalha  desde  o  início  da  década  de  1990  na  construção  de  instrumentos  para  a 
indução da implantação do modelo de atenção à saúde mental de base comunitária, orientado para a 
defesa  e  promoção  dos  direitos  humanos  das  pessoas  com  necessidades  decorrentes  de  sofrimento 
psíquico  e/ou  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas,  no  âmbito  do  Sistema  Único  de  Saúde 
(SUS). 
  Um  importante  marco  dessa  trajetória,  na  gestão  atual,  é  a  publicação  do  Decreto  nº 
7.508/2011  que  estabeleceu  a  exigência  da  atenção  psicossocial  como  um  dos  requisitos  para  a 
instituição  das  Regiões  de  Saúde  e  para  a  organização  das  Redes  de  Atenção  à  Saúde  (RAS), 
considerando a necessidade  de que o SUS ofereça uma rede de serviços de integrada, articulada e resolutiva. 
Nesse sentido, instituiu‐se a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) por meio da publicação da Portaria nº 
3.088/2012 baseada nos princípios e diretrizes do SUS e da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e 
Outras  Drogas.  Espera‐se  que  o  fortalecimento  da  RAPS  promova  a  oferta  qualificada  de  atenção 
integral e continua, de modo a produzir transformação nas realidades sociais em prol do cuidado em 
liberdade,  de  equidade,  de  tolerância  às  diferenças,  de  ampliação  da  autonomia  e  de  garantia  de 
direitos humanos e de cidadania. 
No  caminhar  das  construções  técnico‐políticas  desse  período,  podemos  destacar  dois 
importantes  marcos:  a  ênfase  e  o  redirecionamento  do  olhar  sobre  as  questões  relacionadas  aos 
problemas  decorrentes do  uso  das  drogas  lícitas  e  ilícitas,  e  a  contínua  mobilização  e  articulação 
interfederativa (União, Estados e municípios) para aceleração dos processos de  desinstitucionalização. 
Ambos  destaques  trouxeram  como  desafios  a  necessidade  de  ampliação  de  estratégias  para 
qualificação do cuidado nos territórios, ampliação da implantação dos pontos de atenção da RAPS e o 
fortalecimento da  articulação intersetorial com diversos atores da sociedade.  
A construção das ações que serão apresentadas contou com a colaboração de diversos atores 
nacionais  e  internacionais  e  com  a  participação  de  usuários  e  familiares,  num  amplo  processo  de 
debates  e  construção  coletiva  no  sentido  de  dar  continuidade  a  história  da  reforma  psiquiátrica 
brasileira  que  até  o  presente  momento  pode  ser  marcada  pela  experiência  concreta  dos  territórios 
orientando as diretrizes da política.  
O primeiro capítulo, intitulado de Ética do Cuidado, aborda questões referentes aos princípios 
e diretrizes para o cuidado no campo da saúde mental, álcool e outras drogas. No segundo, Gestão da 
Política,  são  descritos  os  processos  colegiados  de  construção  da  política  com  os  territórios, 
financiamento, informação e comunicação em saúde mental e o Programa Crack. No terceiro capítulo 
é  apresentado  o  I  Encontro  Nacional  de  Redes  de  Atenção  Psicossocial  do  SUS  e  no  quarto,  os 
componentes da RAPS e ações vinculadas aos seus pontos de atenção. Finalmente, no quinto capítulo, 
Temas  Transversais  da  RAPS, encontram‐se  as  Ações  junto  a  Povos  Indígenas  e  Populações 
Tradicionais,  Populações em vulnerabilidade e  Equidade do acesso, Ações relacionadas ao campo de 
álcool  e  outras  drogas  e  ao  público  infantojuvenil,  Formação  e  educação  permanente,  Direito  é 
Qualidade (QualityRights) e Parcerias Internacionais. Segue ainda em anexo o Resumo Executivo deste 
Relatório (anexo IV). 
 
Brasília, maio de 2016. 

   

1
1. 1. Ética e cuidado 
O  Brasil,  enquanto  signatário  da  Declaração  Universal  de  Direitos  Humanos  e  da  Convenção 
dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), tem sido ética e politicamente coerente com esses 
compromissos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, tem se buscado produzir 
nas  diretrizes  da  atual  política  de  saúde  mental,  instrumentos  de  fomento  e  garantia  de  direitos, 
especialmente no que se refere às construções históricas do campo da Reforma Psiquiátrica brasileira.  
A saúde constitui um direito fundamental, sendo tema crucial para a compreensão do Estado 
Democrático  de  Direito,  do  tipo  de  sociedade  em  que  se  vive  e  dos  avanços  que  se  almejam  com 
relação  à  evolução  das  garantias  e  direitos  fundamentais  dos  indivíduos.  Nesse  sentido,  as  políticas 
assistenciais assumem o compromisso de superar formas punitivas e excludentes por meio de práticas 
inclusivas e integrais.  
O compromisso ético no contexto das ações de cuidado no SUS vem, ao longo da sua história, 
sendo  pautado  em  legislações  consonantes  com  os  preceitos  da  Reforma  Sanitária  e  Reforma 
Psiquiátrica Brasileira.  
A Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, com base nas Leis nº 10.216/01, 
nº  10.708/03  e  nº  11.343/06,  configurou‐se  como  uma  politica  de  Estado  alinhada  aos  princípios  e 
diretrizes de organismos internacionais que objetivam o alcance do maior grau possível de saúde por 
todos os povos.    

A salvaguarda de direitos humanos e de cidadania que a Lei 10.2016/01 trouxe a possibilidade 
real  de  transformações  de  relações  e  paradigmas,  desde  seu  processo  de  formulação  até  os  dias 
atuais,  principalmente  quando  se  aplica  e/ou  considera  a  lei  nas  ações  do  cotidiano.  Podemos  dizer 
que, sobretudo, ela afirma o usuário como sujeito de direitos, cabendo ao Estado promover espaços 
de  participação  política  e  de  protagonismo,  reconhecendo  em  suas  ações  a  autonomia  e  as 
manifestações dos movimentos sociais. 

1.1. DESINSTITUCIONALIZAÇÃO 
A  Política  Nacional  de  Saúde  Mental  brasileira  tem  como  eixo  organizador  a 
desinstitucionalização,  compreendida  como  um  processo  complexo  que  envolve  não  apenas  a 
desospitalização  de  moradores  de  hospitais  psiquiátricos,  mas  fundamentalmente  a  construção  de 
condições efetivas para um cuidado comunitário contínuo e qualificado para todos os que necessitem 
de atenção, tratamento, reabilitação e reinserção social. 
Estão implicadas no direito à vida comunitária e social de pessoas com transtornos mentais: a) 
a montagem de redes amplas e diversificadas de base territorial; b) a construção na sociedade de uma 
nova sensibilidade cultural para a questão da loucura; c) a produção de conhecimento científico e de 
outros  saberes  oriundos  da  cultura  relacionados  à  inovação  do  cuidado;  d)  a  oferta  de  qualificação 
permanente para os operadores da mudança; e) a abertura e garantia de condições sustentáveis para 
a  participação  e  protagonismo  dos  usuários  e  familiares,  e  f)  o  compromisso  das  esferas  de  gestão 
pública,  diretamente  ligadas  ao  tema,  para  conduzir  e  mediar  os  inevitáveis  conflitos  que  se 
apresentam no projeto ético‐político de construção de um lugar social para a loucura. 
O  processo  de  mudança  de  modelo  assistencial  encontra‐se  em  curso  e  apresenta  ampla 
participação  social,  com  destacado  protagonismo  de  usuários  e  familiar.  A  atuação  dos  movimentos 
sociais na crítica às instituições asilares e sua superação prática por meio de novos modos de organizar 
e  trabalhar,  gerando  novas  instituições  e  novas  sociabilidades  é  uma  característica  do  Brasil  que 
diferencia e qualifica a Política Nacional de Saúde Mental brasileira e é valorizada pela OMS e OPAS. 
Sugerimos  cinco  chaves  de  leitura  para  a  compreensão  da  importância  do  processo  de 
desinstitucionalização em todos os níveis. Essas cinco dimensões são fundamentais para a superação 
do modelo asilar: 

2
O Circuito de Controle  

O manicômio não pode ser compreendido senão a partir do lugar que ocupa em um circuito de 
controle,  central  no  modo  de  funcionamento  da  nossa  sociedade.  Esse  circuito  envolve  um  amplo 
conjunto de instituições (o sistema de saúde, o sistema de educação, o sistema de justiça, o sistema de 
assistência  social,  entre  outros)  que  produzem  e  reproduzem  lógicas  de  normalização  impositiva, 
sempre  envolvendo  algum  nível  de  uso  da  força.  O  manicômio  ocupa  nesse  circuito  uma  posição 
fundamental para a sustentação do modelo de normalização impositiva, ele é o local de escoamento 
de toda a falha dos demais sistemas de normatização (educação, justiça, saúde, assistência social etc), 
e  assume  a  condição  de  depositário  do  não  normal.  Nesse  sentido,  exerce  uma  função 
primordialmente negativa, caracterizando‐se como uma instituição de reclusão, contenção e exclusão 
de  sujeitos  que,  em  sua  lógica,  são  considerados  incuráveis  e  sem  valor  social.  Resumidamente,  na 
lógica  manicomial  o  que  opera  não  é  apenas  o  binômio  normal‐anormal,  mas  também  formas  de 
invalidação do sujeito. 
Assim,  no  circuito  do  controle,  a  intersetorialidade  só  estará  efetivamente  a  serviço  do 
processo de desinstitucionalização se for capaz de tensionar os processos de normalização impositiva 
nos diversos níveis institucionais do circuito, revertendo o fluxo de exclusão. 

Instituição Aberta e Instituição Fechada 

O  desafio  do  fechamento  do  manicômio  corresponde  ao  da  abertura  da  instituição.  Uma 
instituição aberta é aquela em que o poder institucional não tem como norte a normalização. Isso não 
significa  que  a  instituição  não  tenha  normas.  Pelo  contrário,  o  desafio  é  produzir  regras,  normas  e 
condutas  a  partir  do  consenso,  da  negociação,  da  mediação,  baseadas  na  participação  e  no 
protagonismo  dos  usuários.  A  normatização  não  pode  vir  formatada,  alheia  às  relações  próprias  de 
cada  instituição.  Essa  noção  de  abertura  ou  não  de  uma  instituição  vincula‐se  aos  movimentos 
dinâmicos  das  relações  de  poder  envolvidas:  as  relações  institucionais  abrem  e  fecham 
constantemente.  As  instituições,  portanto,  dificilmente  são  inteiramente  abertas,  mas  o  desafio  é 
mantê‐las abertas pelo maior tempo possível. A participação na produção das normas sempre envolve 
o  exercício  do  poder.  Este,  contudo,  não  deve  ser  unidirecional,  mas  dialógico.  Na  relação  com  o 
usuário esse exercício dialógico deve se dar em ato, produzindo abertura. 

O Exercício do Poder 

 As  instituições  estão  estruturadas  por  relações  de  poder  hierarquizadas,  que  se  produzem 
tanto  a  partir  de  atribuições  formais  quanto  a  partir  do  cotidiano.  Essas  estruturas  hierárquicas 
facilmente  enrijecem  as  relações,  produzindo  alienação  e  falta  de  autonomia  entre  aqueles 
participantes  que  se  encontram  em  posições  inferiores  na  hierarquia.  Quem  está  abaixo  não  tem 
acesso  às  informações  que  orientam  as  tomadas  de  decisões  acima,  mesmo  quando  é  diretamente 
impactado  por  estas.  Técnicas  e  tecnologias  como  a  medicalização  excessiva  ou  o  eletrochoque,  por 
exemplo, promovem a alienação da autonomia dos usuários a elas submetidos, que não participam da 
escolha sobre o tratamento adequado e não são satisfatoriamente informados de suas consequências. 
A mudança nas relações de poder deve se dar no regime formal e também no regime cotidiano, nas 
relações  que  se  constroem  no  dia  a  dia  do  manicômio.  Abrir  a  instituição  é  a  alternativa  ao  seu 
funcionamento baseado nas hierarquias de poder. 

Manter as contradições abertas 

Essa chave relaciona‐se diretamente com a segunda, e pressupõe a inevitabilidade de que as 
instituições alternem momentos de maior abertura ou fechamento. Essas contradições são inerentes 
às  relações,  sobretudo  as  institucionais,  e  implicam  a  necessidade  de  respostas  dinâmicas  e  de 
maleabilidade.  Para  manter  as  contradições  abertas  é  necessário  recorrer  a  dispositivos  como  as 

3
reuniões de equipe, as assembleias de usuários, entre outros, cujo sentido é a produção de normas em 
consenso. Mesmo que não seja possível o tempo todo, o consenso deve ser o norteador das ações. 

Ação Prática 

É em ato, nas relações empíricas, que podemos validar todas essas chaves. Na produção e na 
transformação participativa das normas, o sujeito consegue se superar e se adaptar, processo que gera 
potência  para  que  ele  possa  transitar  de  forma  mais  coesa  nas  relações  sociais.  A  participação  do 
sujeito  na  norma,  sua  capacidade  de  fazê‐la  cumprir,  são  percursos  para  a  cidadania.  Saúde, 
participação e cidadania geram autonomia. Essa autonomia produz interdependência com o coletivo 
para a pactuação e o consenso sobre outras normas.  
O processo de desinstitucionalização, apesar dos avanços, ainda é um desafio, especialmente 
se  considerarmos  que  muitas  equipes  de  saúde  ainda  utilizam  o  recurso  da  internação  em  hospital 
psiquiátrico  como  principal  resposta  às  situações  de  crise  em  saúde  mental  e  às  necessidades 
decorrentes do uso de álcool e outras. Desta forma, assegurar o compromisso dos profissionais do SUS 
no processo de desinstitucionalização é um passo importante para qualificar o trabalho e garantir os 
direitos dos  usuários. Trata‐se, portanto, de considerar a  desinstitucionalização como  um eixo ético‐
técnico‐político  da  prática  cotidiana  e  da  transformação  do  cuidado  na  atenção  psicossocial  e, 
portanto, um eixo norteador das práticas de toda a RAPS. 
Desinstitucionalizar  significa  promover  mudança,  transformação  de  toda  ordem,  não  só  da 
vida  dos  moradores  de  hospitais  psiquiátricos,  mas  também  dos  familiares,  profissionais,  da 
comunidade, entre tantos outros atores envolvidos neste processo. Assim, Rotelli (2001) compreende 
que:  

Estamos  sempre  mais  convencidos  de  que  o  trabalho  terapêutico  seja  este 
trabalho  de  desinstitucionalização  voltado  para  reconstruir  as  pessoas  como 
atores  sociais,  para  impedir‐lhes  o  sufocamento  sob  o  papel,  o 
comportamento,  a  identidade  estereotipada  e  introjetada  que  é  a  máscara 
que se sobrepõe à dos doentes. Que tratar signifique ocupar‐se aqui e agora 
para que se transformem os modos de viver e sentir o sofrimento do paciente 
que ao mesmo tempo transforme sua vida concreta cotidiana (ROTELLI, 2001). 

De  acordo  com  Nicácio  (2001),  essa  transformação  passa  por  um  encontro  com  o  cotidiano 
que  fala  da  vida,  da  criação,  da  miséria,  da  política,  da  transformação  do  papel  de  técnicos,  do 
encontro/desencontro  com  famílias,  da  aproximação  com  organizações  do  bairro,  da  construção  de 
uma nova cultura. Assim, algumas perguntas são necessárias: como mover as relações institucionais? 
Como  ir  desconstruindo  os  anéis  da  corrente  da  violência  e  exclusão  legitimada  pelas  instituições, 
transformar  relações  de  objetivação  e  submissão  em  relações  que  produzem  diferentes  formas  de 
agir, pensar e sentir? 
No  curso  do  processo  de  desinstitucionalização  é  fundamental  que  seja  considerado  o 
exercício de poder do usuário, possibilitando que ele tenha voz e volte a assumir a responsabilidade 
sobre  as  decisões  e  condutas  de  sua  vida.  Dessa  forma,  o  que  se  propõe  não  é  simplesmente  a 
desospitalização de moradores de hospitais psiquiátricos, mas a construção de um lugar social no qual 
se  invente  cotidianamente  tecnologias  para  a  produção  de  uma  teia  de  relações  necessárias  para  a 
emancipação dos sujeitos. Essa emancipação, portanto, é necessariamente coletiva. 

1.2. REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL 

As estratégias de reabilitação  psicossocial são entendidas  como  um  conjunto  de  práticas que 


buscam  transformar  as  relações  de  poder  entre  as  pessoas  e  as  instituições  (ROTELLI,  1994).  Visam 
promover o protagonismo para o exercício dos direitos de cidadania de usuários e familiares da RAPS 
por  meio  da  criação  e  desenvolvimento  de  iniciativas  articuladas  com  os  recursos  do  território  nos 
campos do trabalho/economia solidária, da habitação, da educação, da cultura, da saúde, produzindo 

4
novas possibilidades de projetos para a vida (ASSIS et al, 2014). 

Em  outras  palavras,  a  reabilitação  psicossocial  é  constituída  de  ações  de  emancipação  junto 
aos usuários e familiares no sentido da garantia de seus direitos e da promoção de contratualidade no 
território. É importante ressaltar que as estratégias de reabilitação psicossocial e de protagonismo não 
se restringem a um ponto de atenção ou ações isoladas, mas envolvem a criação de novos campos de 
negociação e formas de sociabilidade.  

O Projeto Terapêutico Singular neste contexto 

O  Projeto  Terapêutico  Singular  (PTS)  é  um  plano  de  ação  voltado  ao  futuro  de  alguém,  que 
acompanha  e  está  presente  na  busca  da  realização  dos  sonhos  de  uma  pessoa,  com  projeções  de 
curto,  médio  e  longo  prazo.  Significa  que  as  ações  de  hoje  devem  ser  orientadas  a  pavimentar  o 
caminho para uma vida melhor (CARNEIRO, H.; OLIVEIRA, W. F., 2014). A construção do PTS pressupõe 
a desconstrução de ideias, valores, crenças e normas construídas socialmente sobre o louco, a loucura 
e o manicômio, tais como as de periculosidade (para si e para os outros), normalidade, cura e custódia, 
separação mente e corpo, entre outras. Segundo Tykanori:  

O  principal  método  para  a  modificação  de  crenças  é  através  das  ações  e  vivências 
práticas  que  podem  por  em  cheque  estas  crenças,  de  modo  a  possibilitar  um  novo 
olhar,  uma  nova  percepção  e  principalmente  um  novo  modo  de  se  emocionar, 
diferente do que se está acostumado (CARNEIRO, H.; OLIVEIRA, W. F., 2014). 

O PTS parte do princípio de que  

Cada pessoa/família/comunidade  é  o  produto das  interações  que  teve  durante a  sua 


história  e  contexto  de  vida.  Cada  uma  dessas  histórias  é  única.  Desse  modo,  para 
constituir  um  projeto  futuro  precisamos  de  um  plano  pensado  de  modo  muito 
especial,  na  medida  justa  para  a  pessoa  e/ou  coletivo  (família/comunidade).  E  aqui, 
para  que  seja  na  medida  justa,  o  principal  parâmetro  é  a  participação  da  própria 
pessoa/família/comunidade na elaboração do PTS  (CARNEIRO, H.; OLIVEIRA, W. F., 
2014). 

O  PTS  se  configura  como  uma  ferramenta  fundamental  para  os  trabalhadores  de  saúde 
envolvidos  no  acompanhamento  de  pessoas  com  longa  permanência  em  hospitais  psiquiátricos, 
garantindo  que  estas  consigam  protagonizar  a  reconstrução  de  seus  percursos  de  vida  de  forma 
autônoma. 

1.3. REDUÇÃO DE DANOS 

A Redução de Danos apresenta‐se no contexto desse relatório de gestão como aspecto amplo, 
polissêmico e que está presente no conjunto normativo da RAPS como diretriz para o cuidado. Nesse 
sentido,  não  se  afirma  apenas  como  tecnologia  de  cuidado,  mas  antes,  busca  a  redução  de  danos  à 
saúde decorrentes do uso, abuso e dependência de drogas, por meio de ações que valorizem o diálogo 
e o reconhecimento dos desejos dos usuários. Dessa forma valoriza‐se o exercício da contratualidade e 
das  contradições  engendradas  nas  relações  sociais,  visando  à  superação  da  relação  vertical  entre 
“especialistas” e usuários em que a autoridade técnica prescinde das particularidades experienciadas 
pelos  usuários  para  prescrever  procedimentos  ou  medicamentos  associados  aos  sinais  e  sintomas 
apresentados. A Redução de Danos é um elemento fundamental para o aprofundamento das relações 
entre  os  sujeitos  e  favorece  a  ampliação  do  acesso  aos  serviços  de  saúde  na  medida  em  que  seu 
horizonte não hipoteca o cuidado oferecido a uma certa postura do usuário (p.e. abstinência). 
É  preciso  lembrar  que  a  Redução  de  Danos  é  uma  estratégia  que  vem  sendo  discutida  e 
experienciada no SUS há longa data e está refletida em importantes documentos normativos como a 
Política de Atenção Integral aos Usuários de Álcool e Outras Drogas publicada pelo Ministério da Saúde 

5
em 2003 que institui como diretriz para o cuidado dos usuários de álcool e outras drogas a Redução de 
Danos, assim como na Portaria 3088 de 2011 que institui a Rede de Atenção Psicossocial. 
Dessa  forma,  compreendem‐se  as  abordagens  orientadas  pela  RD  como  compromisso  ético 
nos contextos de cuidado por reconhecer o usuário em suas singularidades, permitindo construir com 
ele estratégias para a defesa e manutenção da vida (BRASIL, 2004).  
É  a  perspectiva  de  Redução  de  Danos  que  oferece  amparo  para  a  noção  de  baixa  exigência 
preconizada na RAPS. A baixa exigência no cotidiano dos serviços traduz‐se na disponibilidade para o 
contato com o usuário e suas possibilidades de relação, visando a diminuição de barreiras de acesso e 
desestimulando julgamentos morais acerca das condições experienciadas pelos sujeitos. Nesse sentido 
não  está  associada  exclusivamente  a  um  ponto  de  atenção.  Trata‐se  de  um  elemento  norteador  no 
contexto  da  RAPS  que  ultrapassa  inclusive  o  âmbito  da  saúde.  O  reconhecimento  amplo  das 
necessidades  dos  sujeitos  relacionadas  ao  acesso  aos  direitos  sociais  (habitação,  educação,  justiça, 
assistência  social,  cultura...)  inspiraram  a  implantação  de  ações,  no  Brasil,  relacionadas  à  baixa 
exigência, que foram observadas e incentivadas pela CGMAD. Exemplos disso são Programas como o 
Programa  “De  Braços  Abertos”  em  São  Paulo  (SP)  e  Atitude  em  Recife  (PE)  que  expressam 
características de baixa exigência em suas ofertas. Tais ações guardam semelhanças importantes como 
experiências  internacionais  de  “Housing  First”  onde  a  moradia  é  um  elemento  central  para  um 
conjunto de ofertas de assistência e cuidado. 
Por  fim  um  outro  aspecto  importante  que  tange  o  debate  sobre  a  Redução  de  Danos  é  o 
surgimento  de  “novas  institucionalizações”  em  volume  significativo  nos  territórios.  Ações  de  caráter 
asilar e com orientação única pela abstinência, por entidades de caráter majoritariamente religioso e 
filantrópico, muitas vezes dissociadas no SUS e do SUAS (Comunidades Terapêuticas) tem impactado a 
discussão  sobre  as  estratégias  de  oferta  de  cuidado.  A  análise  e  discussão  sobre  as  “novas 
institucionalizações”  constituem‐se  como  um  desafio  importante  para  a  construção  do  cuidado,  no 
âmbito  do  SUS,  de  base  territorial  que  promova  os  direitos  de  cidadania  dos  usuários  e  fortaleça  o 
protagonismo e o exercício da liberdade. 
   

6
2. Gestão da Política 
2.1. REGIONALIZAÇÃO E TERRITÓRIOS 

No  âmbito  do  SUS,  este  período  foi  marcado  pela  ênfase  da  regionalização  e  nas  redes  de 
atenção  a  saúde  a  partir  da  publicação  do  Decreto  nº  7508/2011.  Muito  embora  não  se  trate  de 
conceitos  novos,  vistos  serem  amplamente  debatidos  nas  universidades  e  nas  práticas  dos  serviços, 
considerando a Constituição Federal de 1988 e as diretrizes do SUS.  
Inaugurou‐se  a  definição  de  novos  parâmetros  para  a  conformação  de  ações  e  arranjos 
institucionais  potentes  para  dar  concretude  aos  princípios  constitucionais  de  integralidade  e 
descentralização, a saber: 

Regiões de Saúde 

A Região de Saúde constitui‐se como  

espaço  geográfico  contínuo  constituído  por  agrupamentos  de  Municípios  limítrofes, 


delimitado  a  partir  de  identidades  culturais,  econômicas  e  sociais  e  de  redes  de 
comunicação  e  infraestrutura  de  transportes  compartilhados,  com  a  finalidade  de 
integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde. No 
âmbito  da  gestão,  coube  à  esfera  estadual  em  articulação  com  os  municípios  a 
definição das regiões de saúde (BRASIL, 2011a).  

Atualmente há 438 regiões de saúde no âmbito das microrregiões, circunscritas à instância das 
Comissões Intergestores Regionais (CIR), organizadas em 438 Redes Regionais de Atenção à Saúde. 

7
Figura 1. Regiões de Saúde ‐ Brasil

Fonte: PROADI‐SUS – Mapa da Saúde. Disponível em: http://mapadasaude.saude.gov.br/mapadasaude/ 

O  desafio  da  regionalização  é  premente  na  estruturação  solidária  e  organizativa  do  SUS, 
especialmente  se  considerarmos  que  89%1 dos  municípios  do  território  nacional  são  de  pequeno 
porte,  isto  é,  contêm  população  de  até  50.000  habitantes.  Por  outro  lado  há  um  significativo 
adensamento  populacional,  uma  vez  que  apenas  5%  dos  municípios  concentram  mais  de  50%  da 
população brasileira.  
O  fortalecimento  da  governança  no  processo  da  regionalização  é  fundamental  e  se  constitui 
como questão complexa na medida em que implica na necessidade de análise e pactuação de ações e 
serviços  que  ultrapassam  os  limites  geográficos  dos  municípios,  exigindo  a  construção  de  novas 
estruturas  formais  nos  territórios  para  que  seja  possível  superar  o  planejamento  das  ações  locais 
baseado apenas nas realidades municipais. Dessa forma a região é potente para que sejam discutidas e 
produzidas ações que incidam efetivamente sobre os contextos reais de vida das pessoas, a partir das 
suas diversas dimensões, não se restringindo somente ao âmbito da saúde. Isto porque é no território 
que  se  expressa  a  vida  cotidiana,  na  dinamicidade  que  lhe  é  inerente,  de  forma  a  incidir  sobre  os 
modos de viver, as tomadas de decisão e o exercício de direitos.  Além da saúde, outras importantes 
políticas  sociais  que  operam  sobre  o  transporte,  educação  e  assistência  social  têm  lançado  mão  da 
noção  de  território  e  da  regionalização.    Isso  implica  na  afirmação  de  uma  tendência  em  que  se 
ressalta a importância das ações intersetoriais.  

1
IBGE 2010

8
Redes de Atenção à Saúde: a Rede de Atenção Psicossocial 

O Ministério da Saúde adotou a estratégia da organização do SUS a partir da criação das Redes 
de  Atenção  à  Saúde,  com  sub‐redes  temáticas,  com  a  finalidade  de  superar  a  fragmentação  no 
contexto da atenção nas Regiões de Saúde, bem como para assegurar ao usuário o conjunto de ações 
e serviços para responder à suas necessidades de saúde. 
A  Rede  de  Atenção  à  Saúde  é  definida  na  legislação  vigente  como  “o  conjunto  de  ações  e 
serviços  de  saúde  articulados  em  níveis  de  complexidade  crescente,  com  a  finalidade  de  garantir  a 
integralidade da assistência à saúde” (BRASIL, 2011a).  
A  constituição  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  instituída  pela  Portaria  GM,  3.088,  de 
dezembro de 2011, republicada em  maio de 2013 se vale  de processos de  pactuação circunscritos à 
dimensão  regional  e  da  construção  de  ações  e  serviços  que  ofereçam  respostas  adequadas  às 
particularidades  dos  territórios,  sendo  responsável  pelo  cuidado  continuado  e  pela  reabilitação 
psicossocial. 
Com esta perspectiva, compõem a RAPS sete componentes, com diversos pontos de atenção 
regulamentados por normativas específicas, a saber: atenção Básica; atenção psicossocial estratégica; 
atenção de urgência e emergência; atenção residencial de caráter transitório; atenção hospitalar em 
hospitais gerais; estratégias de desinstitucionalização; e reabilitação psicossocial. 

Quadro 1. Componentes da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

No entanto, destacamos que: 
“A efetivação das diretrizes e dos objetivos da rede de atenção psicossocial e de um 
trabalho em rede não se dá pela somatória de pontos de atenção implantados nem 
pelo elenco organizativo dos componentes ou, ainda, pela simples modernização do 
circuito assistencial. A RAPS se efetiva – isto é, só existe – na dependência de pessoas 
(de  pontos  de  atenção  diversos)  que  se  conectam  e  se  coordenam  com  uma 
finalidade comum.” (ASSIS et al, 2014). 

 
Ressaltando, que: 

9
“...  nessa  nova  configuração  das  RAPS,  os  hospitais  psiquiátricos  não  constituem 
pontos  de  atenção  e  estão  colocados  como  objeto  do  componente  de 
desinstitucionalização.” (ASSIS et al, 2014). 

Para  a  concretização  dessa  RAPS  a  intensificação  da  articulação  interfederativa  foi  uma  das 
estratégias fundamentais para o direcionamento da reorganização dos territórios, nesse sentido: 

“A implantação das regiões e das RAPS dentro do novo quadro institucional exige que 
os  três  níveis  de  gestão  do  SUS  –  federal,  estadual  e  municipal  –  estabeleçam 
mecanismos de pactuação adequados. Um dos mecanismos propostos foi a criação de 
Grupos  Condutores  das  Redes  Temáticas,  instância  onde  os  gestores  se  articulam  de 
modo  a  produzir  consensos  em  torno  de  Planos  de  Ação  da  RAPS.  Para  que  o 
Ministério  da  Saúde,  através  da  Coordenação  Geral  de  Saúde  Mental,  pudesse  estar 
presente com regularidade nesses fóruns, a equipe foi ampliada de modo que cada um 
dos 27 estados tivesse um profissional dedicado às questões locais. Esta aproximação 
entre federação, estados e municípios tem permitido a formação de uma visão geral 
da  reforma  psiquiátrica  no  Brasil  e  os  debates  que  ocorrem  dessas  instâncias 
alimentam  a  compreensão  da  enorme  diversidade  institucional,  cultural  e  social  do 
país.  O  desafio  está  em  combinar  as  diretrizes  gerais  da  política  nacional  com  as 
particularidades e especificidades das regiões” (ASSIS et al, 2014). 

A  estratégia  de  Referência  Técnica  desenhada  pela  Coordenação‐Geral  de  Saúde  Mental, 
Álcool e Outras Drogas (CGMAD) neste período de gestão desenvolveu‐se ao mesmo tempo em que se 
produziu  de  forma  ampliada  no  Ministério  da  Saúde  discussões  e  arranjos  no  formato  do  apoio 
institucional,  tendo  como  finalidade  a  articulação/integração  das  diferentes  políticas  e  Redes  de 
Atenção à Saúde nos territórios. 
  No contexto da RAPS, a atuação das referências técnicas junto aos Estados constituiu‐se como 
uma  estratégia  de  mão  dupla  tendo  como  resultados  destacados:  a)  o  fortalecimento  da  Política 
Nacional  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas  nos  territórios,  no  sentido  da  mudança  de 
paradigma  assistencial  à  luz  da  reabilitação  psicossocial;  b)  a  construção  de  novas  agendas  e  pautas 
que  emergem  dos  contextos  locais  para  o  âmbito  nacional,  com  vistas  à  elaboração  de  subsídios 
técnicos e criação de novas práticas para a sustentação da RAPS, somando‐se às demais instâncias de 
controle social do SUS.  
  O planejamento, a pactuação e acompanhamento da implantação e qualificação da RAPS são 
dimensões  fundamentais  para  a  consolidação  da  rede,  motivo  pelo  qual  as  referências  técnicas 
participaram  ativamente  da  constituição  dos  Grupos  Condutores  Estaduais  da  RAPS,  formalmente 
instituídos em 25 estados do país. 

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Quadro 2. Portarias instituição Grupos Condutores Estaduais da RAPS por estado 

UF  Normativa Estadual 
Acre  Portaria nº 538, de 01 de agosto de 2012 
Alagoas  Portaria SES nº 46, de 27 de fevereiro de 2012 
Amapá  Portaria Estadual GAB/SESA‐AP nº 230/2013 
Amazonas  Portaria GSUSAM nº 332, de 5 de maio de 2014 
Deliberação CIB‐BA, de 10 de julho de 2012 (Grupo Condutor 
Bahia  Estadual de Redes de Atenção à Saúde) 
Ceará  ‐‐‐ 
Distrito Federal  ‐‐‐ 
Espírito Santo  Portaria nº 331‐S, de 06 de novembro de 2012 
Goiás  Resolução CIB/GO nº 183, de 05 de junho de 2012 
Maranhão  Resolução CIB/MA nº 129, de 19 de junho de 2012 
Mato Grosso  Portaria nº 096/2012/GBSES, de 27 de junho de 2012 
Mato Grosso do Sul  Resolução nº 095/SES/MS, de 13 de dezembro de 2011 
Minas Gerais  Resolução SES/MG nº 3149, de 17 de fevereiro de 2012 
Pará  Resolução SES/MG nº 95, de 20 de abril de 2012 
Paraíba  Portaria SES 473 de 10 de setembro de 2012 
Paraná  Deliberação CIB/PR nº 228, de 19 de julho de 2012 
Pernambuco  Resolução CIB/PE nº 1944, de 07 de maio de 2012 
Piauí  Portaria SESAPI/GAB nº 362, de 29 de agosto de 2012 
Rio de Janeiro  Deliberação CIB/RJ nº 1647, de 08 de março de 2012 
Rio Grande do Norte  Portaria nº 121/GS/SESAP, de 19 de abril de 2012 
Rio Grande do Sul  Resolução CIB/RS nº 592, de 11 de novembro de 2013 
Rondônia  Resolução CIB/RO nº 43, de 19 de abril de 2012 
Roraima  Resolução CIB/RR  nº 29, de 13 de setembro de 2012 
Santa Catarina  Deliberação CIB/SC nº 108, de 19 de abril de 2012 
São Paulo  Deliberação CIB/SP nº 35, de 25 de maio de 2012 
Sergipe  Deliberação CIB/SE nº 078/2012, de 24 de maio de 2012 
Tocantins  Portaria SESAU nº 648, de 17 de agosto de 2012 
 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

  Por meio da implantação dos Grupos Condutores da RAPS, induziu‐se a pactuação do Plano de 
Ação  Regional  da  RAPS,  contendo  análise  do  contexto  local  bem  como  as  propostas  de  ações  e 
serviços previstos para o desenvolvimento e consolidação da RAPS. A dimensão político‐administrativa 
dos estados e das microrregiões de saúde tem impactado nos processos de pactuação. 
  No  que  se  refere  aos  Grupos  Condutores  da  RAPS  despontam  como  desafios:  assegurar  a 
regularidade  das  reuniões,  a  análise  sobre  a  diversidade  de  composições  e  membros  integrantes,  o 
fortalecimento dos Grupos Condutores  Regionais e  Municipais a  fim de ampliar os espaços coletivos 
nas  diferentes  instâncias  de  discussão  e  pactuação,  e  o  desenvolvimento  de  estratégias  de 
monitoramento e avaliação dos Planos de Ação Regionais (PAR) pactuados. Além disso, há necessidade 
de  se  discutir  formas  de  integrar  as  discussões  das  redes  temáticas,  considerando  que  em  muitas 
localidades  os  representantes  das  gestões  nos  grupos  condutores  são  as  mesmas  pessoas,  mas  as 

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pautas e particularidades de cada temática mantém‐se fragmentada.  No período de 2012‐2015 foram 
pactuados 169 Planos de Ação da RAPS, como pode ser visto na Tabela 1. 
 
Tabela 1. Pactuação Planos de Ação da RAPS por estado 

Nº Regiões de  Nº Regiões  % Regiões 


UF 
Saúde  com PAR  com PAR 
AC  3  0  0% 
AM  9  0  0% 
AP  3  3  100% 
Norte 

PA  13  0  0% 


RO  7  0  0% 
RR  2  2  100% 
TO  8  0  0% 
AL  10  10  100% 
BA  28  2  7% 
CE  22  0  0% 
Nordeste 

MA  19  19  100% 


PB  16  0  0% 
PE  12  0  0% 
PI  11  0  0% 
RN  8  0  0% 
SE  7  7  100% 
DF  1  0  0% 
Centro Oeste 

GO  18  17  94% 


MS  4  0  0% 
MT  16  0  0% 
ES  4  4  100% 
Sudeste 

MG  77  77  100% 


RJ  9  9  100% 
SP  63  19  30% 
PR  22  0  0% 
Sul 

RS  30  0  0% 


SC  16  0  0% 
Brasil  438  169  35% 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

  Atualmente  há  Planos  de  Ação  da  RAPS  sendo  pactuados  progressivamente,  conforme  o 
encaminhamento  dos  planejamentos  de  cada  microrregião,  enquanto  outros  estão  sendo  pactuados 
abrangendo a totalidade do estado. Tal singularidade se expressa, também, na abrangência dos Planos 
de Ação (PAR) pactuados. Há 10  estados com a  totalidade de regiões de saúde com  RAPS pactuada, 
enquanto  outros  14  Estados  do  país  têm  a  totalidade  de  seus  PAR  em  processo  de  elaboração  nas 
regiões de saúde ou em análise técnica pelo Ministério da Saúde.   
  O  fortalecimento  dos  mecanismos  de  planejamento  das  ações  e  serviços  sistematizados  por 
meio dos Planos de Ação Regionais da RAPS é estratégico para a definição de compromissos de gestão 

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elaborados a partir das necessidades reais de saúde da população. Para tanto, há desafios da ordem 
da  governança,  do  cofinanciamento  e  da  legitimidade  desse  processo  como  instrumento  efetivo  de 
gestão.  É  preciso  recolocar  para  os  gestores  no  âmbito  das  CIR  a  atribuição  pela  indicação  dos  seus 
representantes  nos  Grupos  Condutores  da  RAPS,  de  modo  a  conferir‐lhes  também  governabilidade 
política, para além de técnica, nos processos de elaboração dos Planos de Ação.  
  No  âmbito  dos  desafios  relativos  à  pactuação  dos  Planos  de  Ação  Regionais  da  RAPS, 
problematizamos,  ainda,  alguns  aspectos  a  serem  desenvolvidos:  a  necessidade  de  ampliação  das 
discussões sobre o caráter regional dos serviços territoriais e avaliar seus limites e potencialidades no 
contexto  da  atenção  psicossocial;  o  pouco  investimento  na  proposição  de  ações  e  ampliação  de 
serviços  concernentes  ao  componente  de  atenção  básica;  a  diversificação  de  ações  e  estratégias  do 
componente de reabilitação psicossocial; a dificuldade na pactuação de pontos de atenção e ações que 
não tenham financiamento federal regular; a discussão relativa ao planejamento da redução dos leitos 
em hospitais psiquiátricos.  

As Regiões do Brasil e os territórios da RAPS 

O  dimensionamento  dos  contextos  políticos,  econômicos,  históricos,  geográficos,  culturais  e 


de  saúde  locais  possibilita  uma  análise  mais  singularizada  das  diferentes  realidades  e  territórios 
brasileiros.  Nesse  sentido  apresentamos  uma  breve  síntese  de  especificidades  regionais  relevantes 
para o processo de implantação e consolidação da RAPS.   
A  Região  Norte  é  composta  por  450  municípios  distribuídos  em  sete  estados  –  Amazonas, 
Pará,  Acre,  Rondônia,  Roraima,  Amapá  e  Tocantins.  Os  Estados  do  Norte  correspondem  a 
aproximadamente  8%  da  população  brasileira.  Há  predominância  de  municípios  de  pequeno  porte, 
com  380  municípios  com  população  inferior  a  50  mil  habitantes.  Destes,  211  municípios  possuem 
população inferior a 15 mil habitantes. Apenas 39 municípios têm mais de 70 mil habitantes e somente 
14 municípios têm mais de 150 mil habitantes. A vasta dimensão territorial da região, que corresponde 
a  mais  de  45%  do  território  nacional,  implica  na  baixa  densidade  populacional.  Outro  aspecto 
importante é a dificuldade de acesso, havendo muitos municípios com áreas territoriais gigantescas, 
grandes áreas de floresta e rios, o que impõe um importante desafio para as redes de políticas sociais.  
Há na região norte uma forte presença de comunidades indígenas e populações tradicionais, 
em todos os estados e em um número muito significativo de municípios, o que também traz desafios 
importantes para as redes e os serviços, na garantia do acesso e na promoção de cuidado adequado às 
especificidades étnicas, sociais e culturais de uma população bastante diversa. Hoje, segundo dados do 
IBGE, mais de 38% da população indígena do Brasil vive na região norte, sendo mais de 20% apenas no 
estado  do  Amazonas.  Além  disso,  21  dos  34  Distritos  Sanitários  Especiais  Indígenas  (DSEI)  estão  na 
região Norte ou possuem parte de seu território de abrangência na região. Algumas especificidades do 
perfil  de  morbi‐mortalidade  em  saúde  mental  da  população  indígena  reforçam  a  necessidade  de 
discriminação  positiva  e  estratégias  especiais  para  a  região  norte,  a  exemplo  das  altas  taxas  de 
suicídio,  que  são  mais  do  que  o  dobro  do  que  entre  não  indígenas,  ou  dos  efeitos  do  processo  de 
alcoolização entre os povos indígenas. Entre os 500 municípios com menor Índice de Desenvolvimento 
Humano  Municipal  (IDHM)2,  81  estão  na  região  norte  e  apenas  3  municípios  figuram  entre  os  500 
maiores  IDHM.  Esse  aspecto  evidencia  o  grande  desafio  de  implantação  e  qualificação  de  políticas 
sociais  na  região.  Além  disso,  a  presença  de  grandes  empreendimentos  em  algumas  regiões  tem 
impacto significativo na flutuação da população das cidades, gerando ondas migratórias significativas, 
com  impactos  sociais  de  grandes  dimensões.  Exemplos  disso  são  as  grandes  hidrelétricas, 
mineradoras, estradas e portos construídos em Rondônia e no estado do Pará. 

2
Dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 2010. Disponível em
http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/idhm/

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As  capitais  apresentam  uma  importante  concentração  de  recursos  de  média  e  alta 
complexidade  no  âmbito  da  Saúde,  sendo  outra  característica  marcante  uma  certa  centralidade  do 
papel  do  estado  na  organização  das  redes.  Apesar  dessa  centralidade  marcante,  havendo,  inclusive, 
muitos  serviços  de  gestão  estadual,  sendo  que  apenas  o  Tocantins  instituiu  recentemente  o 
cofinanciamento estadual para os CAPS. 
Foi  observado  um  crescimento  expressivo  de  serviços  da  RAPS  na  região  no  período  entre 
2011 e 2014, sendo a região do país com o maior crescimento proporcional na implantação de CAPS 
no  período.  Um  aspecto  relevante  da  região  é  dificuldade  de  formação  e  fixação  de  profissionais  de 
saúde nos municípios de menor porte, sendo marcante a centralização de recursos humanos em saúde 
nas capitais e cidades com mais de 150 mil habitantes. As dificuldades de acesso, especialmente aos 
municípios de pequeno porte, associadas à escassez de profissionais e os custos elevados justificam a 
elaboração de parâmetros diferenciados de financiamento. 
No entanto é a única região do Brasil que organizou de forma regular reuniões do Colegiado de 
Coordenadores  de  Saúde  Mental.  Foram  realizadas  reuniões  do  Colegiado  Norte  nos  anos  de  2012, 
2013  e  2014,  sendo  temas  de  debate:  Gestão  e  Planejamento  da  RAPS  para  a  Região  Norte, 
Complexidades  Amazônicas,  Financiamento  (Fator  Amazônico  na  Saúde  Mental),  Educação 
Permanente  (caminhos  do  cuidado,  Percursos  Formativos,  CAPS  Escola,  projetos  de  pesquisa), 
“Programa Crack, é possível vencer”, Saúde Mental no Sistema Prisional e Saúde Mental em contextos 
Indígenas.  No  Colegiado  de  2014  foi  consensuada  a  Carta  de  Palmas,  apontando  para  estratégias  e 
perspectivas para a expansão e qualificação da RAPS na região, com a superação dos desafios listados 
acima. 
A  Região  Nordeste  é  composta  por  1794  municípios  distribuídos  em  09  estados.  Seus  53 
milhões de habitantes, representam cerca de 26% da população nacional, cuja densidade demográfica 
média  de  23,8  hab/km2  é  ultrapassada  pela  nordestina,  que  é  de  30,54  hab/km2.  Os  municípios  de 
pequeno porte são predominantes no nordeste, mas, diferentemente das regiões norte e centro‐oeste 
– que também possuem tal característica ‐, suas sedes urbanas são bastante próximas entre si. Porém, 
quanto  mais  se  aproxima  do  sertão,  mais  se  identificam  municípios  com  infraestrutura  precária, 
saneamento básico quase inexistente e mobilidade intermunicipal insuficiente. Esses e outros aspectos 
da  região  constituem  uma  realidade  em  que  convivem  extremos:  alto  e  rentável  turismo  nacional  e 
internacional e concentração populacional de grande renda per capita na faixa litorânea pareiam com 
a  baixa  densidade  demográfica  (fruto,  também,  do  êxodo  rural)  e  baixa  condição  de  renda  da 
população dos interiores. Nesse âmbito, 50,12% da população nordestina tem renda familiar de meio 
salário mínimo, tornando‐se a região mais empobrecida do país. Ainda do ponto de vista econômico, 
contudo, é preciso destacar que é a região que, nos últimos anos, mais cresce nos índices do setor de 
serviços  e  agricultura  (sobretudo  fruticultura),  o  que  converge  com  a  alta  resolutividade  dos 
programas  de  transferência  de  renda  que  lograram  diminuir  radicalmente  a  população  que  se 
localizava  abaixo  da  linha  de  pobreza.  Essa  histórica  situação  da  vida  nordestina,  especialmente  a 
sertaneja,  só  recentemente  afetada  pelo  crescimento  econômico  conjuntural  da  região,  impacta 
imediatamente os planejamentos na saúde pública, vindo a Rede de Atenção Psicossocial a localizar‐se 
em fase incipiente. 
Entre  as  5  regiões  do  país,  a  região  nordeste  é  a  que  tem  maior  quantitativo  de  CAPS.  Até 
dezembro de 2015, são 821 CAPS em números absolutos e em segundo lugar o sudeste com 801 CAPS. 
Observa‐se  que,  dos  872  municípios  elegíveis,  625  municípios  possuem,  sendo  o  CAPS  I  a  principal 
modalidade com 501 em funcionamento para 144 CAPS II, apenas 22 CAPS III, 45 CAPSi, 84 CAPS AD, 
25 CAPS ADIII. 
Analisando esses números em termos de parâmetro de cobertura (CAPS/100.000), o Nordeste 
praticamente empata com a região sul com cobertura de 1,11 (tomando como referência a projeção 
do IBGE para 2015, que estabelece uma população de 56.560081). 
A  Região  Centro  Oeste  é  composta  por  três  estados  –  Mato  Grosso,  Mato  Grosso  do  Sul  e 
Goiás  –  e  o  Distrito  Federal,  totalizando  466  municípios,  conforme  dados  do  IBGE  2010,  os  quais 
correspondem  a  aproximadamente  7%  da  população  brasileira.  A  região  tem  baixa  densidade 

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populacional,  a  concentração  é  maior  nas  capitais  e  nos  municípios  considerados  de  grande  porte, 
sendo estes em menor número na região.  
Os  municípios  de  pequeno  porte,  por  outro  lado,  são  maioria,  sendo  característica  a 
dificuldade  de  acesso,  devido  às  longas  distâncias  entre  os  municípios.  Dessa  forma  o  planejamento 
regional  necessita,  muitas  vezes,  de  rearranjos  das  portarias  para  garantir  da  atenção  continua  para 
toda população. Entre outras características semelhantes dessas quatro unidades da federação, está a 
presença maciça de populações tradicionais, principalmente indígena, sendo o Estado do Mato Grosso 
aquele com maior número de distritos sanitários especiais indígenas da região e o Mato Grosso do Sul 
com a segunda maior população indígena do país. Devido à organização fundiária, as condições de vida 
e  a  presença  maciça  destes  povos  nestas  unidades  da  federação,  trata‐se  de  uma  prioridade  para  a 
CGMAD/MS,  principalmente  nos  estado  do  Mato  Grosso  e  Mato  Grosso  do  Sul  onde  o  sofrimento 
decorrente do uso de substâncias psicoativas e o grande número de tentativas de suicídio obrigam a 
RAPS  a  se  reorganizar  para  garantir  o  cuidado  em  saúde  mental,  o  que  ainda  é  um  desafio  para  a 
gestão, já que nessa região ainda encontramos a necessidade de expansão e qualificação dos serviços.  
A região conformada pelo DF e seu entorno possui características peculiares que se refletem 
diretamente  na  definição  das  políticas  públicas,  uma  vez  que  a  relação  observada  não  se  limita  à 
proximidade  geográfica.  Esses  aspectos  têm  reflexos  em  praticamente  todos  os  setores  ‐  saúde, 
educação,  transporte,  segurança  e  meio  ambiente  –,  como  acontece  nas  grandes  regiões 
metropolitanas,  com  a  diferença  fundamental  de  que  envolve  territórios  de  três  unidades  da 
Federação.  Entre  2012  e  2013,  um  ciclo  de  rodas  de  conversa  foi  planejado  e  realizado  pelos 
municípios  da  Região  Intermunicipal  de  Desenvolvimento  Econômico  (RIDE)  do  DF  e  GO.  Pela 
proximidade  territorial,  o  ciclo  procurou  discutir  acesso  aos  serviços  da  RAPS,  matriciamento,  saúde 
mental na atenção básica, entre outros desafios da regionalização. O acesso a serviços também é uma 
pauta  transversal  a  todas  as  unidades,  haja  vista  a  densidade  populacional  e  o  porte  municipal  para 
implantação de serviços.  
Para  o  planejamento  dessas  e  outras  ações,  de  acordo  com  os  princípios  da  regionalização, 
todos os estados têm Grupo Condutor Estadual da RAPS implantados e Grupos Condutores Municipais 
implantados nas capitais, com exceção do DF, esse possui um colegiado gestor de saúde mental, que 
conta  com  apoio  técnico  desta  Coordenação.  Por  fim,  apenas  o  Estado  de  Goiás  tem  Plano  de  Ação 
aprovado e publicado em portaria pelo Ministério da Saúde, enquanto o demais tem pactuados pelas 
CIR e ou em fase de desenvolvimento.  
A Região Sudeste é composta por quatro estados – Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro 
e  São  Paulo  –  totalizando  1668  municípios,  que  juntos  correspondem  a  42%  da  população  brasileira 
(estimativa  IBGE  2015).   Reúne  os  três  estados  com  maior  PIB  per  capita  e  maior  população  do  país 
(São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), constituindo‐se como a região mais rica, populosa e com 
maior  densidade  populacional,  apresentando  índices  sociais  relativamente  elevados,  alta  taxa  de 
urbanização,  além  das  maiores  possibilidades  de  investimentos  na  área  da  saúde,  mas  também 
importantes  problemas  ligados  à  violência,  vulnerabilidade  e  desigualdade  sociais,  falta  de  água  e 
demais problemas típicos das grandes metrópoles. 
Ao  contrário  do  que  se  observa  em  outras  regiões  do  país,  o  Sudeste  caracteriza‐se  pela 
diversidade de realidades locais, marcada pela coexistência de grandes áreas metropolitanas em todos 
os estados e de um número expressivo de municípios de pequeno porte. Cerca de 60% dos municípios 
conta com população inferior a 15 mil habitantes e somente 92 municípios (5,5%) desta região têm de 
150 mil habitantes. Tal aspecto evidencia a importância e complexidade dos arranjos loco‐regionais na 
conformação e consolidação das redes de atenção à saúde. 
   No contexto da RAPS, para além dos Grupos Condutores Estaduais implantados em todos os 
estados, há experiências consolidadas de Grupos Condutores Regionais e Municipais. Com exceção de 
São Paulo, os demais estados têm Planos de Ação Estaduais da RAPS pactuados e aprovados. 
Nessa  região  encontram‐se  os  maiores  polos  manicomiais  do  Brasil,  abrangendo  o  maior 
número  de  moradores  e  de  leitos  em  hospital  psiquiátrico.  No  período  entre  2011  e  2015,  todos  os 
estados  da  região  desenvolveram  ações  vinculadas  aos  processos  de  desinstitucionalização  que 

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resultaram no fechamento de grandes hospitais psiquiátricos ou na diminuição de seus leitos, muitas 
vezes desencadeadas pela atuação do Ministério Público ou outras instituições do poder judiciário.  
Em  São  Paulo,  destacaram‐se  processos  de  desinstitucionalização  e  adequação  da  RAPS  em 
curso  nas  Regiões  de  Saúde  de  Araçatuba,  Marília,  Presidente  Prudente,  Piracicaba,  São  José  dos 
Campos, São João da Boa Vista e Sorocaba.  
No  Rio  de  Janeiro,  cinco  das  sete  regiões  com  hospitais  psiquiátricos  estavam  nessa  mesma 
situação: Centro Sul,  Médio Paraíba, Metropolitana  I – com  dois  hospitais psiquiátricos desabilitados 
na capital Rio de Janeiro em 2015 ‐, Metropolitana II – em que o processo de desinstitucionalização do 
Hospital Colônia de Rio Bonito se encontrava na etapa final em 2015 ‐ e Noroeste, que ao final de 2014 
fechou seu último hospital psiquiátrico em Bom Jesus de Itabapoana.  
Em  Minas  Gerais  as  ações  de desinstitucionalização  culminaram  com  o  fechamento  de 
quatro hospitais psiquiátricos na macrorregião de Saúde Sudeste, sendo três hospitais no município de 
Juiz de Fora e 01 hospital em Leopoldina, seguido da expansão da RAPS na região; em Belo Horizonte 
houve o fechamento da Clinica Serra Verde e em Barbacena da Clinica Mantiqueira.   
No  Espírito  Santo  intensificou‐se  o  processo  de desinstitucionalização  da  Clínica  Santa  Izabel 
do município de Cachoeiro do Itapemirim ‐ único hospital privado entre os três existentes no Estado, 
sobretudo a partir do final de 2015, quando a instituição anunciou o término do convênio de 140 leitos 
com SUS. Este processo envolve a qualificação da RAPS de muitos municípios do Estado. 
 A sustentabilidade e consolidação desta rede abarcam desafios relacionados ao cofinanciamento 
dos estados para a RAPS; aos desenhos de gestão construídos nas relações de parceria público‐privado 
impulsionadas  pelos  limites  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  e  pela  vinculação  das  Organizações 
Sociais de Saúde (OSS) no SUS; assim como à transformação da lógica assistencial ambulatorial com o 
fortalecimento  da  atenção  psicossocial  na  atenção  básica  e  sua  articulação  com  os  demais 
componentes da RAPS e da rede intersetorial na perspectiva da integralidade. Compõe este cenário, 
ainda,  a  coexistência  de  programas  estaduais  no  campo  de  álcool  e  outras  drogas  não  alinhados  à 
Política  Nacional  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas,  especificamente  nos  estados  do  Espírito 
Santo e São Paulo. 
A  região  Sul  é  composta  por  1.191  municípios,  divididos  pelos  estados  do  Paraná,  Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul. A população total da região, em 2010, totalizava 27.386.981 habitantes 
(IBGE), sendo 84,9% dessa população urbana, e 15,1% rural.   
Reunindo  cenários  ambientais  e  socioculturais  diversificados,  a  região  teve  sua  história 
marcada  desde  o  período  colonial  por  diferentes  processos  migratórios,  principalmente  de  povos 
europeus, como italianos, alemães, entre outros. A diversidade étnica e cultural igualmente se revela 
pela  presença  de  povos  indígenas,  quilombolas,  e  outros  povos  e  comunidades  tradicionais,  como 
faxinalenses e grupos de matrizes africanas. Do ponto de vista econômico, as atividades se distribuem 
por diferentes setores, como os da agropecuária, indústria, turismo, extrativismo, agricultura familiar. 
Os  Índices  de  Desenvolvimento  Humano  (IDHM)  dos  três  estados  da  região  sul  estão  entre  os  mais 
altos do país3, e também as posições relativas do PIB per capita estão entre o 4º e 7º lugar entre os 27 
estados brasileiros. Em relação à evolução da desigualdade a partir dos dados dos Censos de 2000 e 
2010,  a  região  sul  apresentou  os  menores  índices  de  desigualdade  social,  e  apresentou  a  maior 
redução no índice de Gini.  
Importante  destacar  que  os  três  estados  mostram  números  expressivos  de  municípios  de 
pequeno  porte,  e  cerca  de  70%  do  total  dos  municípios  conta  com  menos  de  15  mil  habitantes  – 
parâmetro populacional mínimo para a implantação dos serviços de CAPS I. Esse dado revela um duplo 
aspecto, de um lado apontando para o papel da atenção básica na oferta de cuidado em saúde mental 
com base comunitária. Por outro lado, aponta a importância da articulação entre serviços em âmbito 
regional,  e  do  fortalecimento  das  Comissões  Intergestores  Regionais  –  CIR.  De  outro  modo,  e 
complementando esse cenário, em relação aos municípios que podem implementar todos os pontos 
da RAPS, ou seja, municípios a partir de 150 mil habitantes, são 09 no Estado do Paraná, 08 municípios 
em Santa Catarina e 12 municípios no Rio Grande do Sul.  

3
Disponível em http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/idhm

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Em  relação  à  presença  de  Grupo  Condutor  da  RAPS,  os  três  estados  instituíram  seus  Grupos 
Condutores em momentos distintos, Paraná e Santa Catarina formalizaram seus GC já no ano de 2012; 
Rio Grande do Sul o fez dois anos depois. Contudo, os encontros do GC  nos três estados apresentaram 
alguns  momentos  de  descontinuidade,  fato  que  não  contribui  para  o  fortalecimento  da  relação 
interfederativa  em  torno  das  questões  da  RAPS.  Ainda  não  houve  a  publicação  pelo  Ministério  da 
Saúde do Plano de Ação da RAPS de nenhum dos três estados, embora já tenha ocorrido aprovação 
técnica no âmbito da CGMAD  do Plano de Ação Estadual da RAPS  em Santa Catarina e no Rio Grande 
do  Sul,  faltando  para  a  conclusão  desses  processos,  a  publicação  das  Portarias  pelo  Ministério  da 
Saúde. Do ponto de vista estadual e regional, ocorreram discussões e pactuações no Rio Grande do Sul 
acerca  do  Plano  de  Ação  Estadual  da  RAPS  (Resolução  655/14  CIB‐RS),  e  no  Paraná  discussões  e 
pactuações em âmbito regional. De um modo geral, uma discussão importante nos três estados para o 
fortalecimento  do  modelo  de  atenção  psicossocial  é  aquela  referente  aos  leitos  de  saúde  mental, 
particularmente  quanto  ao  dimensionamento  da  implantação  de  leitos  a  partir  dos  parâmetros 
definidos  pela  portaria  148,  de  31  de  janeiro  de  2012.  Outro  desafio  para  a  região  é  a  efetivação  e 
continuidade  dos  processos  de  desinstitucionalização,  com  uma  efetiva  substituição  do  modelo 
associado aos hospitais psiquiátricos ainda presentes na região, pelo modelo de atenção psicossocial 
com  base  territorial  e  comunitária,  por  meio  dos  diferentes  componentes  e  serviços  que  compõe  a 
RAPS. 

Reuniões dos Colegiados de Coordenadores de Saúde Mental 

A  criação  de  colegiados  de  gestão  tripartite  da  Política  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras 
Drogas  do  SUS  é  uma  das  mais  importantes  conquistas  dos  últimos  anos.  O  Colegiado  Nacional  de 
Coordenadores de Saúde Mental surgiu em 2003, e foi instituído formalmente pela Portaria GM/MS nº 
3.796,  de  06  de  dezembro  de  2010,  tendo  em  sua  composição  representações  da  Coordenação 
Nacional de Saúde Mental, Coordenações Estaduais de Saúde Mental, Coordenações de Saúde Mental 
das  Capitais,  além  de  representações  do  Conselho  Nacional  de  Secretários  de  Saúde  (CONASS), 
Conselho  Nacional  de  Secretários  Municipais  de  Saúde  (CONASEMS),  Conselho  de  Secretários 
Municipais  de  Saúde  (COSEMS),  Conselho  Nacional  de  Saúde  (CNS)  e  de  representações  do 
componente  intersetorial  da  Política  Nacional  de  Saúde  Mental:  Secretaria  dos  Direitos  Humanos 
(SDH),  Ministérios  da  Justiça  (MJ),  do  Trabalho  e  Emprego  (MTE),  do  Desenvolvimento  Social  e 
Combate à Fome (MDS), da Cultura (Minc) e da Educação (MEC).  
Desde  sua  implantação,  o  Colegiado  Nacional  de  Coordenadores  de  Saúde  Mental  tem  a 
determinação de se reunir duas vezes ao ano, com a finalidade de assessorar o Ministério da Saúde na 
condução  da  Política  Nacional  de  Saúde  Mental;  propor  mecanismos  de  avaliação  e  monitoramento 
dessa Política; elaborar relatórios técnicos sobre situações complexas que necessitam de intervenção 
da  gestão;  analisar  e  propor  as  atualizações  necessárias  para  as  normas  técnicas  e  as  diretrizes  do 
Ministério  da  Saúde  sobre  saúde  mental  e  atenção  integral  em  álcool  e  outras  drogas;  e  contribuir 
para ampliar a interlocução da gestão da política de saúde com as organizações da sociedade civil, das 
entidades científicas e profissionais, e das políticas intersetoriais.  
No  período  de  2011  a  2015,  o  Colegiado  Nacional  de  Coordenadores  de  Saúde  Mental  se 
reuniu seis vezes, sempre em Brasília/DF. A seguir serão apresentadas as sínteses de cada uma dessas 
reuniões, com destaque para os pontos de maior relevância para Política Nacional de Saúde Mental, 
Álcool e Outras Drogas, bem como eventuais encaminhamentos. 
 
XIII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2011) 

A XIII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental  aconteceu nos dias 
09 e 10 de agosto de 2011 e teve sua programação voltada para a discussão das questões relacionadas 
à Rede de Atenção Psicossocial nos âmbitos estadual e municipal, com ênfase nas questões de álcool e 
outras drogas. A Reunião contou com a presença do Senhor Ministro da Saúde Alexandre Padilha, que 
participou do debate em relação às propostas do Ministério da Saúde para a RAPS.  

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Dentre as deliberações da Plenária Final, destacam‐se: 

 Que  a  Área  Técnica  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas/MS  apoie  técnica  e 
financeiramente,  a  realização  do  I  Fórum  Panamazônico  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras 
Drogas,  visando  o  fortalecimento  da  política  na  região  da  Amazônia  Legal,  sob  a  ótica  das 
especificidades e a construção de modelos que contemplem a realidade regional; 

 Que o Ministério da Saúde revise o texto e imagens das campanhas publicitárias de prevenção 
ao uso do álcool e outras drogas, deixando de focar na pedagogia do horror, na produção de 
estigma, culpa e preconceito; 

 Que o Ministério da Saúde amplie a Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas/MS, 
dotando‐a  de  infraestrutura,  equipe  técnica  e  recursos  institucionais  para  acompanhar  a 
implantação  da  Política  Nacional  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas,  no  contexto  da 
Reforma Psiquiátrica em todos os cantos do país, inclusive com núcleos regionais de gestão do 
Ministério da Saúde. 

A  partir  das  discussões  nesta  reunião,  o  Colegiado  de  Coordenadores  Estaduais  e  Municipais  se 
posicionou a respeito de orientações para a temática de álcool e outras drogas na carta intitulada “Em 
Defesa da Cidadania dos Usuários de Álcool e outras Drogas” (anexo I). 
Além  disso,  no  dia  11  de  agosto  foi  realizado  o  lançamento  do  Relatório  Final  da  IV  Conferência 
Nacional  de  Saúde  Mental  –  Intersetorial,  bem  como  sessão  solene  no  Senado  Federal  em 
comemoração  aos  10  anos  da  Lei  10.216,  com  discussão  das  principais  proposições  para  a  Política 
Nacional  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas  ‐  gestão  2011‐2014,  apresentada  como  uma  das 
marcas prioritárias do SUS no governo vigente. 
 
XIV Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (1º sem/2012) 

A XIV foi realizada nos dias 20, 21 e 22 de março de 2012, contou com a presença de cerca de 
150  pessoas  entre  coordenadores  estaduais  e  municipais  de  saúde  mental,  representantes  do  CNS, 
CONASS, CONASEMS e dos parceiros intersetoriais da cultura e dos direitos humanos. Destacaram‐se a 
presença de uma usuária da RAPS, trabalhadora de um empreendimento solidário da saúde mental, na 
mesa  “Reabilitação  Psicossocial:  estratégias  para  fortalecimento  do  cooperativismo  social  e  de 
intervenções na cultura” e de gestores de dois Distritos Sanitários de Atenção à Saúde Indígena. 
Os temas discutidos nas Mesas e Grupos de Trabalho do Colegiado Nacional de Coordenadores 
de  Saúde  Mental  foram:  a  RAPS,  seus  Componentes,  Pontos  de  Atenção  e  sua  articulação  com  as 
demais Redes de Atenção a Saúde (RAS); Vulnerabilidade, Sofrimento e Estado de Direitos no contexto 
do  uso  de  álcool  e  outras  drogas;  estratégias  de  Desinstitucionalização  e  Reabilitação  Psicossocial; 
Atenção  Psicossocial  aos  Povos  Indígenas;  e  fortalecimento  do  processo  de  Gestão  das  Políticas  de 
Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas os territórios. 
Neste  ano,  ao  considerar  a  necessidade  de  fortalecer  o  processo  de  gestão  das  políticas  de 
saúde  mental  levando  em  conta  as  características  loco  regionais  e  considerando  também  a 
necessidade de subsidiar a definição de pautas prioritárias no âmbito nacional, o Colegiado Nacional 
deliberou pela criação de Colegiados Regionais. 
Estes  Colegiados  Regionais  seriam  desdobramento  do  Colegiado  Nacional  de  Coordenadores 
de Saúde Mental anterior e, ao mesmo tempo, preparação para o seguinte: estratégia que expande a 
possibilidade de participação dos municípios nas reuniões de Colegiado, fortalecendo a democracia e a 
participação de todos na construção da RAPS. 
No ano de 2012 foram realizados quatro Colegiados Regionais: Norte, Nordeste, Centro‐Oeste 
e Sul. A região Sudeste não realizou Reunião de Colegiado Regional. 

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XV Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2º sem/2012) 

A XV Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental ocorreu nos dias 13 e 
14 de dezembro de 2012. No primeiro dia, a Conferência “Projetos, ações, resultados do trabalho da 
rede de atenção psicossocial no ano de 2012 e perspectivas para 2013” buscou apresentar o panorama 
dos  resultados  conquistados  naquele  ano,  bem  como  produzir  subsídios  aos  coordenadores  para  a 
realização do raciocínio gerencial e político necessário para o ano seguinte. Foram discutidos também 
processos de Desinstitucionalização e as interfaces com o Judiciário: tanto em situações de internação 
compulsória quanto por meio de Termos de Ajustamento de Conduta.  
Houve  ainda  Grupos  de  Trabalho  divididos  por  região,  com  a  finalidade  de  retomar  as 
discussões dos Colegiados Regionais,  avaliando encaminhamentos, dificuldades, resultados positivos, 
além de indução da Rede para o ano seguinte. 
Desta reunião, foram produzidos os seguintes encaminhamentos: 

 A necessidade de todos os estados realizarem seus Colegiados Regionais até maio de 2013; 

 Que os técnicos da ATSM continuem apoiando a realização destes Colegiados Regionais; 

 Que  a  ATSM  compile  os  relatórios  finais  de  cada  Colegiado  Regional  a  fim  de  subsidiar  e 
produzir discussões e encaminhamentos comuns para o coletivo das regiões; 

 Que a ATSM faça recomendações aos municípios sobre a continuidade das ações em curso e 
daquelas pactuadas no processo de implementação/implantação da RAPS; 

 Que  os  gestores  de  estados  e  municípios  fomentem  espaços  coletivos  para  a  rediscussão  do 
cuidado  dos  usuários  de  SM  internos  dos  Hospitais  de  Custódia  e  Tratamento  Psiquiátrico 
(HCTP), no processo de fechamento desses hospitais. 

Além disso, o Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental  recomendou que todos os 
gestores  e  apoiadores  se  comprometessem  a  pautar/defender  em  todos  os  espaços  coletivos  de 
pactuação/deliberação do SUS, o necessário compromisso no financiamento da RAPS. 
 
XVI Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2013) 

O XVI Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental, aconteceu no dia 23 de julho de 
2013, em Brasília – DF, e foi organizado juntamente com o “Seminário Nacional dos Consultórios na 
Rua  e  Saúde  Mental  na  Atenção  Básica:  novas  tecnologias  e  desafios  para  a  gestão  do  cuidado”, 
realizado nos dias 24 e 25 de julho.  
Além  do  Colegiado  Nacional,  o  ano  de  2013  contou  com  uma  série  de  encontros  de  grande 
porte como o “I Congresso Brasileiro de CAPSi” (ConCAPSi), que aconteceu no Rio de Janeiro, a fim de 
discutir  serviços  estratégicos  da  RAPS  para  crianças  e  adolescentes;  o  “Fórum  Nacional  de  Saúde 
Mental Infantojuvenil”, que aconteceu em Brasília, e contou com a presença de Promotores Estaduais, 
Defensores Públicos e Coordenadores de Saúde Mental para alinhamento das ações para garantia de 
cuidados  na  RAPS;;  o  “I  Simpósio  Internacional  Sobre  Drogas:  da  Coesão  à  Coerção”,  com  parcerias 
interministeriais;  o  Seminário  “Radica(lizar)  a  Formação  em  defesa  da  Reforma  Psiquiátrica”,  a  “I 
Reunião Regional de Usuários de Saúde Mental e Familiares” das Américas e a “1ª Oficina de Formação 
sobre o WHO QUALITYRIGHTS”, realizados em Brasília; e o “I Encontro Nacional da Rede Psicossocial 
(ENRAPS)” no final de 2013 em Pinhais/PR.  
Demais  eventos  realizados  neste  ano,  com  o  apoio  da  Coordenação  Nacional  de  Saúde 
Mental/MS foram os Colegiados Regionais, I Fórum de Saúde Mental Infanto‐juvenil da Região Sul e II 
Colegiado  de  Coordenadores  de  Saúde  Mental  da  Região  Sul,  em  Curitiba/PR;  I  Fórum  de  Saúde 
Mental  Infantojuvenil  da  Região  Centro‐Oeste  e  II  Colegiado  de  Coordenadores  de  Saúde  Mental  da 

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Região Centro ‐ Oeste, em Campo Grande/MS, e também o I Fórum de Saúde Mental Infantojuvenil da 
Região Norte e II Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental Região Norte, em Belém/PA.  

XVII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2014) 

A XVII reunião do Colegiado Nacional ocorreu de 2 a 4 de dezembro de 2014 e contou com a 
presença  do  Ministro  Arthur  Chioro  em  sua  abertura.  Os  principais  temas  abordados  no  encontro 
foram: O Bem Viver dos Povos Indígenas; desafios para implantação da RAPS, com ênfase no projeto 
Percursos Formativos e Engrenagens da Educação Permanente; Desconstrução de mitos na Política de 
Álcool  e  outras  Drogas;  Racismo  e  Saúde  Mental;  Situações  de  Crise  e  atenção  contínua  nos  CAPS; 
Ações de Saúde Mental na Atenção Básica; Processos de Desinstitucionalização; e Quality Rights como 
estratégia de garantia de Direitos dos usuários de Saúde Mental 

XVIII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental (2015) 

A  XVIII  Reunião  do  Colegiado  Nacional  aconteceu  nos  dias  08  a  10  de  dezembro  de  2015.  A 
programação  desse  evento  estimulou  reflexões  sobre  temas  específicos  relacionados  com  a 
sustentabilidade da Rede de Atenção Psicossocial ‐ RAPS, considerando toda a conjuntura econômica e 
política e o risco de retrocessos nas Reformas Sanitária e Psiquiátrica. Esse evento teve a participação 
de  mais  de  250  pessoas,  estando  presentes  os  Coordenadores  de  Saúde  Mental  de  Estados  e 
Municípios,  usuários  e  familiares,  pesquisadores,  trabalhadores  do  SUS,  parlamentares, 
representantes  de  diversas  áreas  técnicas  do  Ministério  da  Saúde  (Secretaria  Especial  de  Saúde 
Indígena – SESAI, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – SGEP, Departamento de Atenção 
Básica  –  DAB,  Departamento  de  Gestão  da  Educação  na  Saúde  –  DEGES),  participação  de  outros 
Ministérios  (Secretaria  Nacional  de  Economia  Solidária  –  SENAES/MTE,  Secretaria  Nacional  Sobre 
Drogas  –  SENAD/MJ),  entidades  e  associações  de  Movimentos  de  apoio  à  Luta  Antimanicomial  e 
representantes da Organização Pan‐americana de Saúde – OPAS/OMS do Brasil. 
O Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental encerrou‐se no dia 10 de dezembro, Dia 
Internacional  dos  Direitos  Humanos.  Não  por  acaso  foram  reafirmados  como  marcos  da  Reforma 
Psiquiátrica e Sanitária que não devem retroceder:  

 Princípios do SUS; 

 Princípios da Redução de Danos como ética de cuidado; 

 Protagonismo; 

 Direitos Humanos; 

 Produção de vida; 

 Cuidado em liberdade, integral e longitudinal. 

A  metodologia  de  trabalho  deste  Colegiado  se  deu  por  meio  de  rodas  de  conversas  que  foram 
divididas nos seguintes temas: Saúde Mental na Atenção Básica; Demandas associadas ao Consumo de 
Álcool  e  outras  Drogas;  Saúde  Mental  Infantojuvenil;  Atenção  à  Crise;  Desinstitucionalização  e  a 
Reabilitação Psicossocial.  
As sínteses dos grupos refletiram a avaliação elaborada por três gerações de gestores, a partir do 
acúmulo  de  debates não  apenas relativos aos anos de 2011 a 2015, mas sim dos últimos  25 anos, a 
partir de uma avaliação da Política de Saúde Mental no Brasil desde Declaração de Caracas, de 1990, 
marco da Reforma Psiquiátrica no mundo. 
A plenária final, conduzida pelos Coordenadores possibilitou a troca do consolidado das seis rodas 
de  conversa  realizadas  durante  o  evento  bem  como  aprovação  das  cartas  abertas  de  apoio 

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e as moções de apoio e repúdio (anexo II). Duas (02) Cartas: 1‐ “Carta aberta ao Exmo. Sr. Ministro da 
Saúde Marcelo Castro” e 2 – “Carta aos Gestores e Trabalhadores da RAPS” 

 Quatro (04) Moções: 1 – “Moção de Repúdio à Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande 
do  Sul  a  uma  Política  Manicomial”;  2  –  “Moção  em  Defesa  da  Democracia”;  3  –  “Moção  de 
Apoio  à  Descriminalização  do  porte  e  plantio  para  consumo  próprio  das  drogas  ilícitas”;  4  – 
“Moção de Apoio ao processo de Desinstitucionalização de Sorocaba e região no Estado de São 
Paulo”. 

 Menção Honrosa Póstuma ao Sr. Braz Geraldo Peixoto, pela contínua luta antimanicomial que 
empreendeu, como pai e familiar, na Reforma Psiquiátrica e na defesa dos CAPS. 
 
Colegiados Regionais de Coordenadores de Saúde Mental: Norte, Nordeste, Centro‐Oeste, Sul 

O Norte sustentou encontros anuais de 2011 a 2014 e na estética de escrita técnica e afetiva 
da  Carta  de  Palmas,  anunciada  em  2014,  expressou‐se  a  importância  do  encontro  e  da  afetação 
presencial para construção coletiva. Deste modo foram sublinhadas: a importância do Apoio Técnico 
do âmbito federal junto às gestões locais e território; e também a visibilidade das práticas e dos povos 
tradicionais, em especial povos indígenas, assentados recorrentemente mais no saber fazer e no relato 
oral  em  grupo  do  que  nos  registros  formais  escritos,  típicos  da  burocracia  do  poder  público  e  das 
regras de produção de conhecimento de acadêmico.  
Na  Região  Nordeste,  realizado  em  2012,  as  discussões  foram  em  torno  do  processo  de 
responsabilidade  e  sustentabilidade  da  RAPS  entre  os  entes‐federativos  e  construção  do  cuidado 
longitudinal. 
Nas  reuniões  dos  Colegiados  do  Sul,  que  aconteceram  em  2012  e  2013,  houve  a  ênfase  na 
necessidade de articulação intra e intersetorial, bem como reflexões interdisciplinares, para ampliação 
da  capacidade  de  elaboração  de  respostas  complexas  inerentes  à  atenção  psicossocial,  envolvendo 
fatores  como:  condição  de  saúde  e  cuidado  integral;  direitos  civis  e  direitos  humanos; 
desintitucionalização  e  reabilitação  psicossocial;  cuidado  produtor  de  autonomia.  Foi  apontado 
também o desafio de implantação de CAPS regionais e governança.  
No  Centro‐Oeste,  realizado  em  2012,  o  destaque  maior  ficou  na  discussão  sobre  o  tema 
indígena, considerado inédito pelos participantes, pois essa discussão nunca havia sido tema da Saúde 
mental.  Esteve  presente  uma  indígena  (Guaraní‐Kawoá)  que  nos  relatou  as  dificuldades  referentes  à 
saúde  mental  dos  seus  indígenas,  dando  destaque  ao  alcoolismo  e  suicídio.  Em  paralelo,  foram 
apresentadas  questões  fundamentais  sobre  álcool  e  outras  drogas,  incluindo  a  descrição  dos 
dispositivos da RAPS, experiências do Centro‐Oeste, e apontamento de haver pouca prática e escassez 
de serviços. A programação abarcou um painel infanto‐juvenil sobre a expansão dos CAPS i no Brasil e 
outro sobre a questão indígena.  
Não foram realizadas reuniões de Colegiado Regional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas 
na região Sudeste no período. 
Esta  modalidade  de  participação  dos  diferentes  entes  na  construção  da  RAPS  nos  territórios 
privilegiou  o  exercício  da  democracia.  Da  mesma  forma,  possibilitou  que  decisões  importantes 
relativas à implantação e implementação da RAPS fossem mais condizentes com os contextos vividos 
nos territórios.  
Podemos  destacar  algumas  discussões  que  partiram  dos  colegiados  regionais  e  pautaram  a 
política nacional: as estratégias de educação permanente para estruturação e fortalecimento da RAPS; 
as estratégias para potencializar  encontro com as populações tradicionais e a criação de estratégias de 
cuidado  que  levem  em  consideração  essa  população;  a  ampliação  do  fortalecimento  da 
intersetorialidade  para  o  olhar  para  questões  da  infância  e  juventude;  a  organização  da  RAPS  e  as 
necessidade de diversificação dos pontos de atenção. 
 

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2.2. 14ª E 15ª CONFERÊNCIAS NACIONAIS DE SAÚDE 

O período desta gestão foi marcado pela realização de duas Conferências Nacionais de Saúde, 
espaços fundamentais do controle social para avaliar e propor diretrizes para a formulação da política 
de saúde nos níveis municipais, estaduais e nacional.  
A 14ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 2014 com o temário “Todos usam o SUS! 
SUS  na  Seguridade  Social,  Política  Pública  e  Patrimônio  do  Povo  Brasileiro”,  destacou  o  desafio  de 
garantir  o  acesso  e  acolhimento  com  qualidade,  afirmando  a  necessidade  de  implementação  das 
políticas  pautadas  na  garantia  dos  direitos  humanos  e  na  superação  dos  preconceitos,  destacando  a 
necessidade de um SUS público e com a ampliação da participação da sociedade brasileira, sobretudo 
dos segmentos excluídos.  
Especificamente  no  que  tange  ao  campo  da  atenção  psicossocial,  destacamos  as  propostas 
aprovadas  na  13ª  diretriz,  que  tratam  da  consolidação  e  ampliação  das  políticas  e  estratégias  para 
saúde mental, deficiência e dependência química: 

1. Fazer  cumprir  a  Lei  nº  10.216/2001,  garantindo  a  estruturação  de  toda  a  rede  de  serviços 
substitutivos aos manicômios, como CAPS I, II e III, CAPSi, CAPS ad, Residências Terapêuticas, 
leitos em hospital geral e de urgência, consultórios de rua, etc., de acordo com os princípios da 
Reforma Psiquiátrica Brasileira.  

2. Rever  e  flexibilizar  os  critérios  de  base  populacional  para  implantação  dos  Caps,  de  forma  a 
permitir a expansão da rede e garantir o acesso às populações de municípios com menos de 20 
mil habitantes.  

3. Implantar  serviços  de  saúde  mental  na  Atenção  Básica,  com  a  inclusão  de  profissionais  de 
saúde  mental,  em  especial  nas  cidades  menores  que  não  têm  contingente  populacional 
suficiente para implantação de CAPS.  

4. Assegurar a continuidade e o monitoramento da rede de atenção à Saúde Mental, criando o 
Sistema Nacional de Informação em Saúde Mental ligado ao Ministério da Saúde.  

5. Garantir a implantação do CAPS para a infância e adolescência (CAPSi) para facilitar o controle 
das medicações indicadas às crianças comprometidas psiquicamente, portadoras de autismo, 
psicoses,  neuroses  graves  e  todos  aqueles  que,  por  sua  condição  psíquica,  estão 
impossibilitados de manter ou estabelecer laços sociais. 

6. Garantir que as três esferas de governo realizem campanhas publicitárias sobre saúde mental, 
por  meio  da  mídia,  com  o  objetivo  de  esclarecer  a  população  sobre  as  doenças  mentais, 
visando  combater  o  preconceito  e  possibilitar  a  inserção  dos  doentes  mentais  na  sociedade, 
além de promover ampla discussão sobre a problemática da somatização (problemas de saúde 
gerados ou agravados por distúrbios emocionais), com impacto sobre a demanda de exames e 
especialistas,  criando  políticas  específicas  para  a  sua  abordagem  por  equipes 
multiprofissionais.  

7. Usar  a  estratégia  da  Redução  de  Danos  na  Política  Nacional  sobre  o  uso  de  álcool  e  outras 
drogas,  garantindo  a  cobertura  de  serviços  assistenciais  como  centros  de  recuperação  e 
reabilitação, CAPS ad, leitos em urgências e hospitais gerais para desintoxicação, consultórios 
de rua, e investindo também no apoio familiar e comunitário e na inclusão social dos usuários.  

8. Criar  um  Fundo  Nacional  de  Reabilitação  para  usuários  de  drogas  composto  pela  venda  de 
bens e valores apreendidos do tráfico de drogas, com repasses aos fundos municipais de saúde 
respectivos.  

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9. Efetivar  as  políticas  de  saúde  dirigidas  a  pessoas  portadoras  de  necessidades  especiais  nas 
deficiências:  física,  motora,  auditiva,  visual,  transtorno  mental,  entre  outras,  qualificando  o 
acesso  e  prioridade  em  lugares  públicos  e  privados  com  sinalização  visual,  faixas,  placas  e 
adesivos informativos, e um sistema de transporte adaptado para locomoção desses cidadãos.  

10. Garantir interlocução e integração entre SUS e perícia do INSS para os casos de benefícios para 
portadores  de  qualquer  deficiência,  inclusive  os  pacientes  com  sofrimento  mental,  para 
avaliação  dos  laudos  com  a  conclusão  indicativa  de  afastamento  ou  não  e  o  porquê,  com 
qualidade e coerência, proporcionando um atendimento. 

Outras deliberações aprovadas que envolvem as questões de saúde mental:  

1. Reativar os Conselhos de Seguridade Social nas esferas municipal, estadual/DF e federal como 
espaços  de  definição  de  estratégias  e  responsabilidades  complementares  voltadas  à 
valorização da vida, prevenção das doenças, violências, uso de drogas, acidentes, violações de 
direitos e de afirmação da cultura da paz. 

2. Rever  os  critérios  para  concessão  de  benefício  sócio  previdenciário  para  que  incluam  as 
pessoas que usam drogas e que estejam em tratamento. 

3. Agir para que os conselhos de saúde (estaduais/DF, municipais e federal) atuem no sentido da 
proibição da propaganda de drogas lícitas na mídia. 

4. Criar  novos  parâmetros  de  avaliação  que  levem  em  conta,  além  do  índice  populacional,  as 
características epidemiológicas da população, para implantação de programas nos municípios, 
como, entre outros, o de enfrentamento ao uso de crack e outras drogas. 

5. Incluir a Saúde do Adolescente como um dos eixos prioritários no Pacto da Saúde, garantindo 
o  acesso  aos  serviços  integrais  da  Rede  de  Atenção  na  Promoção,  Proteção  e  Recuperação 
relacionadas ao: Planejamento Familiar, Gravidez na Adolescência, DST‐Aids, Hepatites Virais, 
Violências,  uso  de  álcool,  cigarro,  crack  e  outras  drogas,  estimulando  hábitos  alimentares 
saudáveis e a prática regular de atividade física, entre outros. 

6. Implantar  políticas  públicas  de  acordo  com  as  diretrizes  da  Política  Nacional  Sobre  o  Uso  de 
Álcool  e  Outras  Drogas,  alinhada  aos  preceitos  da  reforma  psiquiátrica  brasileira,  garantindo 
assistência  universal  e  integral  ao  usuário,  e  apoio  aos  familiares  visando  a  reestruturação 
familiar e demais formas de redução de danos, promovendo a inclusão social do grupo familiar 
ao  qual  pertence,  exigindo  do  Estado  participação  tripartite  no  financiamento,  ampliando  os 
Caps  AD  e  Capsi  e  leitos  hospitalares  para  desintoxicação  em  hospital  geral,  consultórios  de 
rua. 

7. Garantir  o  aumento  dos  recursos  para  investimentos  em  pesquisas,  monitoramento  e 


implantação de novos serviços relacionados ao uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas. 

A  15ª  Conferência  Nacional  de  Saúde  foi  realizada  em  2015  com  o  tema  “Saúde  pública  de 
qualidade  para  cuidar  bem  das  pessoas:  direito  do  povo  brasileiro”,  destacando  o  desafio  da 
mercantilização  e  privatização  da  saúde  pública  e  a  transformação  das  práticas  visando  a  superação 
das iniquidades que afetam de forma diferenciada a população brasileira. 

A seguir destacamos as diretrizes relacionadas ao campo da saúde mental: 

1. Garantir a implantação do CAPS AD nos municípios; 

23
2. Ampliar,  fortalecer  e  implementar  a  Rede  de  Atenção  Psicossocial:  CAPSI,  CAPSII,  CAPS  III, 
CAPS AD, oficina de trabalho e renda, serviço residencial terapêutico, leitos de saúde metal em 
hospitais gerais ambulatórios de saúde mental, consultórios na rua, unidades de colhimento e 
equipe  de  redução  de  danos  na  abordagem  de  rua  dia  e  noite,  de  acordo  com  o 
dimensionamento populacional e indicadores de saúde do território e portaria vigentes;  

3. Ampliar e fortalecer a Política Nacional de Saúde Mental, garantindo o direito à implantação 
dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros serviços de saúde mental, independente 
dos  critérios  por  base  populacional,  nos  Planos  Municipais  e  Estaduais,  na  rede  de  atenção 
psicossocial e atenção básica. (96,2% de aprovação);  

4. Implementar e fomentar a formação de redes da atenção à saúde, em especial, a de atenção 
às  pessoas  com  deficiência  e  a  de  atenção  psicossocial,  investindo  nos  CAPS  existentes  e 
implementando novos serviços de base territorial;  

5. Efetivar  a  Reforma  Psiquiátrica  (Lei  nº  10.216/2001  e  Lei  nº  9.716/92)  com  ampliação  e 
fortalecimento  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  priorizando  os  dispositivos  de  cuidado 
vinculados à Atenção Básica (oficinas terapêuticas e grupos de convivência) garantindo, ainda, 
o cofinanciamento tripartite para os Centros de Atenção Psicossocial; e, 

6. Implementar  a  Reforma  Psiquiátrica  garantindo  a  desinstitucionalização  de  forma  imediata, 


com efetiva ampliação, implantação e fortalecimento dos serviços substitutivos que compõem 
as Redes de Atenção Psicossocial: CAPS I, II, III, infantil, unidades de acolhimento, residências 
terapêuticas, centros de convivência, consultórios na rua, etc. 

2.3. FINANCIAMENTO EM SAÚDE MENTAL, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS NO SUS 

O financiamento da Saúde faz parte de debate permanente no SUS. A Constituição Federal de 
1988, em seu Art. 198. § 1º, “determina que as três esferas de governo – federal, estadual e municipal 
–  financiem  o  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS)”  (BRASIL,  1988)  e  a  Lei  Complementar  nº  141,  de 
13/01/2012  definiu  os  valores  mínimos  a  serem  aplicados  anualmente  pela  União,  Estados,  Distrito 
Federal e  Municípios em ações e serviços públicos de saúde e estabeleceu os  critérios de rateio dos 
recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas 
com saúde nas três esferas de governo.  
A  partir  de  2011,  uma  nova  proposta  de  Programação  Geral  das  Ações  e  Serviços  de  Saúde 
passou  a  ser  desenhada  em  consonância  com  o  Decreto  nº  7.508/2011,  com  vistas  a  garantir  a 
equidade de aporte de recursos financeiros federais a partir da avaliação de perfis epidemiológicos e 
das necessidades em saúde das Regiões.  
Para  garantia  da  expansão  da  RAPS,  é  imprescindível  maior  investimento  tripartite.  No 
entanto, a contrapartida dos Estados no financiamento da RAPS permanece como desafio, o que tem 
sido  motivo  de  interpelação  dos  municípios  no  sentido  de  maior  participação  dos  Estados  para 
garantia  da  sustentação  dos  serviços.  No  cenário  federal,  podemos  destacar  a  continuidade  da 
ampliação dos investimentos em serviços territoriais e de base comunitária iniciado em 2005: 

 O  ano  de  2011  foi  marcado  pelo  reajuste  regulamentado  através  da  Portaria  GM/MS  nº 
3.089,  de  23  de  dezembro  de  2011,  que  instituiu  novos  valores  para  financiamento  dos 
Centros  de  Atenção  Psicossocial  (CAPS)  e  possibilidade  futura  de  regulamentação  de 
componente  variável  de  financiamento  para  estes  serviços,  que  necessita  de  maior 
discussão  considerando  o  fortalecimento  das  estratégias  territoriais  e  clínicas  em 
conformidade com a complexidade da atenção de qualidade. Ainda, a Portaria GM/MS Nº 
1.966, de 11 de setembro de 2013 instituiu novos valores de financiamento mensal para o 
CAPS  III  e  CAPS  ad  III,  possibilitando  importante  salto  no  valor  médio  de  financiamento 
federal  dos  serviços  24h.  Além  disso,  ocorre  o  estabelecimento  do  custeio  mensal  dos 

24
serviços  residenciais  terapêuticos  com  a  publicação  da  Portaria  nº  3.090  de  23  de 
dezembro de 2011; 

 Em  2012,  iniciou‐se  o  financiamento  dos  leitos  de  retaguarda  clínica  destinado  aos 
usuários com sofrimento decorrente de transtorno mental e/ou do uso álcool e outras, a 
partir  da  publicação  da  Portaria  nº  148  de  31  de  janeiro  de  2012,  Portaria  GM/MS  nº 
1615/2012,  Portaria  GM/MS  nº  349/2012  e  Portaria  SAS/MS  nº  953/2012.  Além  disso, 
regulamentou‐se o financiamento dos Serviços Residenciais de Caráter Transitório  a partir 
da portaria nº 121 de 25 de janeiro de 2012; 

 No ano de 2013 destacamos o aumento do valor do benefício do Programa de Volta para a 
Casa, que através da Portaria 1.511, de 24 de julho de 2013, foi fixado mensalmente em R$ 
412,00 (quatrocentos e doze reais). Ainda, houve o incremento do custeio dos CAPS 24h 
(CAPS III e CAPS AD III). 

O  gráfico  abaixo  apresenta  o  aumento  de  recursos  financeiros  federais  aplicados  no  custeio 
dos CAPS (coluna esquerda em comparação com a linha vermelha), em função do aumento do número 
de serviços (coluna direita em comparação com a linha azul) ao longo dos anos.  
 
Gráfico 1. – Evolução do investimento financeiro federal nos Centros de Atenção Psicossocial (Brasil, 
dez/2002 a dez/2015). 

Fonte: Subsecretaria de Planejamento e Orçamento (SPO/MS), DATASUS, e Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e 
Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 
 
Ressalta‐se  ainda  no  ano  de  2013  o  início  do  destaque  de  repasses  dos  Blocos  de 
Financiamento via redes temáticas, através de marcações dos Planos Orçamentários (PO) específicos 
da  RAPS  nos  Componentes:  Gestão  do  SUS,  Investimentos  na  Rede  de  Serviços  de  Saúde  e  Alta  e 
Média  Complexidade  Ambulatorial  (Teto  MAC).  Este  movimento  tem  impacto  importante  ao 
proporcionar maior transparência e viabilizar o monitoramento dos repasses financeiros destinados às 

25
ações e serviços de saúde mental por gestores, trabalhadores e controle social, que podem acessá‐los 
no  Fundo  Nacional  de  Saúde  (FNS4),  no  Sistema  de  Controle  de  Limite  Financeiro  da  Média  e  Alta 
Complexidade (SISMAC5) e na Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE6).  

Emendas parlamentares 

Durante  o  período  de  2011  a  2015  foi  observado  significativo  aumento  nos  cadastros  de 
propostas que contemplam recursos de investimentos (construção, ampliação e equipamentos) e de 
custeio (capacitação em saúde mental e reformas), com o objetivo de ampliar e qualificar a RAPS. A 
Tabela  2  apresenta  informações  sobre  as  emendas  designadas  à  CGMAD  entre  os  anos  de  2011  e 
2015. 

Tabela 2 – Emendas parlamentares designadas à CGMAD (Brasil, 2011‐2015) 

Parecer 
Ano  Cadastros  Valor 
favorável 
2011  2  2  R$ 696.145,00 
2012  8  5  R$ 567.565,00 
2013  51  30  R$ 18.016.813,49 
2014  161  133  R$ 54.996.934,00 
2015  155  129  R$ 47.394.574,00 
Total  377  299  R$ 121.672.031,49 
Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Planos Plurianuais e Planos Nacionais de Saúde 

O Plano Nacional de Saúde (PNS) 2012‐2015 foi estruturado em 14 diretrizes, sendo a Diretriz 
4  o “Fortalecimento da rede de saúde mental, com ênfase no enfrentamento da dependência de crack 
e  outras  drogas”,  abrangendo  a  ampliação  do  acesso  e  a  qualificação/diversificação  das  ações  de 
prevenção  de  agravos,  redução  de  danos  e  promoção  da  saúde,  do  tratamento  a  usuários  com 
necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas,  bem  como  o  atendimento  de  seus 
familiares. 
Dentre  as  estratégias  fundamentais,  são  estabelecidas  ações  condizentes  à  expansão  dos 
pontos de atenção da RAPS e ampliação do número de beneficiários do Programa De Volta para Casa; 
implantação de pontos de Telessaúde nas unidades de atenção á saúde mental, álcool, crack e outras 
drogas; desenvolvimento de ações de formação e educação permanente para toda a rede de atenção; 
o desenvolvimento do programa de educação para o trabalho; campanhas de comunicação e educação 
relacionadas  à  prevenção  da  dependência  de  drogas  e  de  fortalecimento  da  rede  de  saúde  mental, 
com  foco  para  a  população  adolescente  e  jovem.  Destacam‐se  ainda  as  estratégias  de  desenvolver 
ações  intersetoriais  para  geração  de  renda  e  moradia,  em  parceria  com  o  Ministério  do 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e o Ministério das Cidades e com o Ministério do Trabalho 
e Emprego, na constituição de projetos de geração de renda e economia solidária e as iniciativas para 
reinserção social. 
O  Plano  Plurianual  (PPA)  2012‐2015  estabeleceu  o  “PROGRAMA  2015  ‐  Aperfeiçoamento  do 
Sistema  Único  de  Saúde  do  Ministério  da  Saúde”,  com  16  objetivos  estratégicos,  sendo  um  destes 
“Fortalecer a rede de saúde mental, com ênfase no enfrentamento da dependência de crack e outras 

4
http://www.fns.saude.gov.br/
5
http://sismac.saude.gov.br/
6
http://sage.saude.gov.br/

26
drogas”. A esse objetivo foram associadas metas relativas à expansão dos pontos de atenção da RAPS 
e  ampliação  do  número  de  beneficiários  do  Programa  De  Volta  para  Casa.  Como  iniciativas, 
destacaram‐se  a  “Promoção  da  inclusão  social  dos  usuários  de  saúde  mental,  crack,  álcool  e  outras 
drogas, por meio da cultura, redes sociais e fomento às ações intersetoriais” e a “Reestruturação da 
rede  de  atenção  psicossocial,  com  responsabilização  clara  dos  diversos  pontos  de  atenção,  com 
priorização para o enfrentamento do Crack, álcool e outras drogas”. 
Quanto ao PPA 2016‐2019, publicado em outubro de 2015, no bojo das estratégias definidas 
pelo  Ministério  da  Saúde,  há  o  “Programa  2015  ‐  Fortalecimento  do  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS)” 
que  definiu  o  “Objetivo  1120:  Aprimorar  e  implantar  as  Redes  de  Atenção  à  Saúde  nas  regiões  de 
saúde, com ênfase na articulação da Rede de Urgência e Emergência, Rede Cegonha, Rede de Atenção 
Psicossocial, Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, e da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas 
com  Doenças  Crônicas”.  Dentre  as  metas  a  serem  alcançadas,  há  a  ampliação  do  número  de 
beneficiários  do  PVC,  implantação  de  CAPS,  SRT  e  Unidade  de  Acolhimento  Infantojuvenil,  e 
construção  de  CAPS.  Nas  iniciativas,  há  a  indução  do  implemento  da  RAPS  em  todas  as  Regiões  de 
Saúde e a implantação do programa de qualificação “Direito é Qualidade”. 
Além  disso,  destacam‐se  os  compromissos  pactuados  pelo  Ministério  da  Justiça  através  do 
“PROGRAMA  2085  ‐  Redução  do  impacto  social  do  álcool  e  outras  drogas:  Prevenção,  Cuidado  e 
Reinserção Social”. Para tanto, estabeleceram‐se três objetivos: 1) Fortalecer a prevenção do uso de 
álcool  e  outras  drogas,  com  ênfase  para  crianças,  adolescentes  e  jovens;  2)  Articular,  expandir  e 
qualificar  a  rede  de  cuidado  e  de  reinserção  social  das  pessoas  e  famílias  que  têm  problemas  com 
álcool e outras drogas; e 3) Fortalecer a prevenção do uso de álcool e outras drogas, com ênfase para 
crianças, adolescentes e jovens. Cabe ressaltar que nos dois primeiros objetivos citados, há metas sob 
responsabilidade do Ministério da Saúde a serem executadas.   
Por  fim,  há  ainda  um  Objetivo  específico  da  Secretaria  de  Direitos  Humanos,  iniciativa  de 
elaboração  de  programa  de  educação  em  direitos  humanos  e  saúde  mental  para  trabalhadores  da 
RAPS e a articulação e implementação do Comitê Nacional de Direitos Humanos e Saúde Mental. 
É interessante notar que no PPA 2012‐2015 há um objetivo específico do Ministério da Saúde 
relacionado ao fortalecimento da RAPS, com ênfase nas necessidades decorrentes do uso de álcool e 
outras  drogas  e  previsão  de  articulação  intersetorial.  Enquanto  no  PPA  2016‐2019  a  RAPS  está 
circunscrita ao objetivo comum às demais Redes de Atenção à Saúde, focando na expansão serviços e 
qualificação da rede. 
Vale destacar a articulação e desenvolvimento de programas voltados ao cuidado no campo de 
álcool  e  outras  drogas  por  outros  órgãos  do  governo  federal,  para  além  do  Ministério  da  Saúde, 
sobressaindo‐se, nesse sentido, o Ministério da Justiça. Este aspecto permite um ganho na apropriação 
e incorporação desta temática por outros setores, o que pode potencializar a articulação intersetorial. 
Entretanto,  é  preciso  envidar  esforços  a  fim  de  evitar  possíveis  fragmentações  e  sobreposições  das 
ações.  A  ampliação  do  escopo  do  PPA,  no  que  tange  as  questões  relacionadas  à  temática  álcool  e 
outras drogas, não deve gerar sua desvinculação do âmbito da saúde. Nesse sentido a integralidade do 
cuidado,  tão  fundamental  para  a  construção  de  estratégias  efetivas  diante  da  complexidade  dos 
contextos de vida dos sujeitos, é um elemento central no conjunto de atribuições do SUS presentes na 
lei 8.080 em seu Art. 5º inciso III onde se afirma que são objetivos do SUS   “a assistência às pessoas 
por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada 
das ações assistenciais e das atividades preventivas”. 

 Sistema de Apoio à Implementação de Politicas de Saúde 

Durante  muito  tempo,  os  processos  de  solicitação  para  implementação  de  dispositivos  de 
saúde nos territórios, eram encaminhados em papel para o Ministério da Saúde, via Correio. Percebeu‐
se  que,  desta  forma,  este  processo  estava  condicionado  a  várias  intemperes,  que  deixava  o  trâmite 
mais  lento  e  burocrático.  Diante  disso,  em  meados  de  outubro  de  2012,  a  Secretária  de  Atenção  à 
Saúde (SAS) começou a planejar em conjunto com diversas coordenações, dentre as quais a CGMAD, a 

27
criação de um sistema que facilitasse o processo, e assim começava o nascimento do Sistema de Apoio 
à  Implementação  de  Politicas  de  Saúde  (SAIPS),  que  foi  instituído  pela  Portaria  nº  281,  de  27  de 
fevereiro de 2014. 
 Hoje  o  sistema  já  está  implementado,  e  além  CGMAD,  atende  todas  as  Coordenações 
vinculadas à  SAS. O sistema tem por  objetivo modernizar, informatizar e oferecer a possibilidade de 
acompanhamento  da  situação  (análise,  aprovação,  empenho  e  pagamento)  em  tempo  real,  pelos 
gestores  das  solicitações  e  de  transferências  de  recursos  ou  credenciamento/habilitação  de  serviços 
necessários  à  implantação  de  políticas  em  saúde,  bem  como  habilitação  ou  credenciamento  de 
equipes.  Isso  permite  maior  transparência,  agilidade,  organização  e  monitoramento  das  solicitações. 
Os  arquivos  digitais  referentes  às  documentações  necessárias  para  a  implantação/qualificação  dos 
serviços,  de  acordo  a  normativa  vigente,  são  inseridas  diretamente  no  sistema,  sem  necessidade  de 
protocolar  documentação  física  no  Ministério  da  Saúde.  Os  documentos  originais,  apresentados  em 
sua forma eletrônica, na proposta, são guardados conforme a legislação em vigor. (Portaria nº 1.954, 
de 6 de setembro de 2013). 
As propostas apenas podem ser cadastradas no SAIPS por pessoas autorizadas pelo Gestor. O 
acesso para o Gestor Estadual, Municipal ou do Distrito Federal deve ser realizado com a inserção do 
CNPJ do Fundo de Saúde e a senha que é mesma utilizada para acesso aos sistemas do Fundo Nacional 
de Saúde. Existem diferentes perfis disponibilizados pelo sistema: Gestor Estado, Município e Distrito 
Federal, Cadastrador, Administrador, Parecerista, Gestor da Área Técnica, Gestor Federal. Para maior 
detalhamento sobre cada perfil, consultar manual do sistema7. 
O  sistema  SAIPS  passa  por  constantes  mudanças,  visando  melhorias  e  a  qualificação  das 
informações,  para  que  o  banco  de  dados  do  mesmo  esteja  sempre  atualizado  e  completo,  e  possa 
atender às diferentes demandas de todas as Redes que fazem uso do mesmo. E, apesar de sua recente 
implementação, o SAIPS tem conseguido cumprir os objetivos de desburocratizar as solicitações. Pode‐
se afirmar que, de forma geral, o sistema teve boa receptividade pelos municípios, já que em 2 anos, 
foram cadastradas 1998 propostas, entre incentivos e habilitações. Espera‐se que no futuro tenhamos 
um banco de dados efetivo e um sistema SAIPS esteja interligado, estrategicamente, com os demais 
sistemas utilizados pelo MS. 

2.4. GESTÃO DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 

Conforme  explicitado  em  diversas  recomendações  da  IV  Conferência  Nacional  de  Saúde 
Mental Intersetorial e entendendo a necessidade de qualificar a gestão da informação e comunicação 
de  temas  relacionados  à  Política  Nacional  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas,  a  gestão  2011‐
2015 procurou instituir recursos mais efetivos de divulgação de suas ações.  
Dentre  as  publicações  produzidas  ou  apoiadas  pela  CGMAD  acerca  da  garantia  de  direitos  de 
populações em vulnerabilidade, direcionamento e operacionalização dos pontos de atenção da RAPS, 
qualificação da atenção, divulgação de produções de Fóruns, Congressos, Encontros e Reuniões, dados 
da RAPS e programas realizados, destacamos: 

 Viramundo  ‐  Boletim  (In)formativo,  em  formação  e  desformatado  da  RAPS,  canal  de 
comunicação  e  debate  livre  sobre  temas  que  envolvem  o  trabalhado  da  CGMAD  com 
usuários/as, trabalhadores/as e gestores/as da RAPS e com o público em geral: edições nº 1, 2 
e 3 em 2012 e 4 em 2014.  

7
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/oministerio/principal/secretarias/585-sas-raiz/saips/l1-
saips/10617-manuais

28
 Saúde Mental em Dados: edições nº 9 (2011), 10 e 11 (2012) e 12 (2015); 

Entendendo que a internet e as redes e mídias sociais constituem hoje canais indispensáveis para 
a  comunicação  com  o  público  em  geral,  e  formas  privilegiadas  de  democratização  da  informação,  a 
CGMAD investiu na  divulgação de videoconferências, web seminários, entrevistas e na promoção  de 
uma campanha virtual de manifestação voluntária da população com o tema "A Reforma Psiquiátrica 
em  sua  vida...",  que  contou  com  boa  adesão  em  diversos  territórios.  A  tentativa  de  tornar  a  página 
institucional  da  CGMAD  um  instrumento  potente  de  difusão  de  informações  e  dados  relacionados  à 
Política  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas, veiculando  de  forma  acessível  a  reorientação  do 
modelo, foi limitada em 2014 devido a mudanças na estrutura do portal do Ministério da Saúde, que 
exigiram  a  suspensão  das  páginas  de  coordenações  e  áreas  técnicas  ao  longo  de  quase  todo  aquele 
ano. A estrutura do portal ainda se encontra em fase de ajustes, com limitações para a alimentação e 
atualização  da  página  da  CGMAD.  Ainda  assim,  a  equipe  da  Coordenação  vem  trabalhando  para 
garantir a disponibilidade do maior número possível de documentos e informações ao público. 
Houve também, a partir de 2011, a necessidade de qualificar e tornar mais eficiente a capacidade 
de responder às demandas da população por informações, com a promulgação em novembro daquele 
ano da Lei de Acesso à Informação, nº 12.527/2011. A CGMAD estabeleceu fluxos internos e processos 
de trabalho para garantir a resposta a todos os questionamentos recebidos respeitando os prazos e os 
parâmetros estabelecidos. 
Apesar  dos  esforços  da  Coordenação,  avalia‐se  que  o  campo  da  gestão  da  informação, 
comunicação e divulgação ainda necessita uma maior consolidação, com o objetivo de democratizar as 
informações e criar mecanismos interativos de comunicação envolvendo gestores (as), trabalhadores 
(as) e sociedade civil, garantindo maior transparência na gestão. 

2.5. PROGRAMA CRACK, É POSSÍVEL VENCER  

O programa “Crack é possível vencer” foi instituído pelo Decreto nº 7.179, de 20 de maio de 
2010,  tendo  como  objetivo,  no  campo  do  cuidado,  fortalecer  a  RAPS  e  promover  articulação  as 
diferentes  esferas  de  gestão  para  diminuir  as  consequências  negativas  que  o  crack  e  outras  drogas, 
incluindo o álcool, podem causar. 
O  programa  decorreu  de  esforço  de  articulação  intersetorial  e  interfederativo  por  meio  da 
integração  das  ações  do  poder  executivo  em  âmbito  federal  e  da  adesão  de  estados  e  municípios. 
Todos  os  estados  aderiram  ao  programa  e  118  municípios  com  mais  de  200  mil  habitantes,  o  que 
corresponde a mais de 80% dos municípios desse porte no Brasil. 
É importante ressaltar que as questões relacionadas ao crack se expressaram inicialmente de 
forma  difusa  nos  territórios,  o  que  trouxe  reflexos  que  fortaleceram  visões  distorcidas  sobre  o 
fenômeno. A partir da publicação dos resultados de Pesquisa da Fiocruz (BASTOS, F; BERTONI, N. (org), 
2014)  sobre  o  tema,  em  que  se  evidenciou  um  número  de  usuários  até  10  vezes  menor  do  que 
estimativas iniciais apresentadas por entidades ligadas aos municípios (como a Confederação Nacional 
de  Municípios)  foram  sendo  delimitados  os  campos  de  ação  e  dirimindo  a  noção  de  que  havia  uma 
epidemia de crack no Brasil. 
No  Ministério  da  Saúde,  a  CGMAD,  em  conjunto  com  o  Departamento  de  Atenção  Básica  e 
com  a  Secretaria  de  Gestão  do  Trabalho  e  da  Educação  na  Saúde  (SGTES),  promoveu  ações  no  eixo 
cuidado e no eixo prevenção, que consistiam na ampliação de serviços com funcionamento 24 horas 
para  usuários  de  crack  e  outras  drogas,  além  do  aumento  de  vagas  em  residências  médicas  e  em 
cursos de formação e qualificação para profissionais de saúde. No eixo prevenção, o Ministério ofertou 
novas  metodologias  para  abordagem  da  prevenção  às  drogas  no  ambiente  escolar,  desenvolvida  a 
partir de parceria com Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). 
Ao  Governo  Federal,  de  forma  geral,    coube  definir  diretrizes  e  contribuir  com  recursos  para  as 
ações dos estados e municípios. Desta forma, as diretrizes do programa eram: 

29
 Articulação  entre  os  governos  federal,  estaduais,  municipais  e  distrital,  para  implementar 
ações, compartilhando compromissos e responsabilidades;  

 Monitoramento  da  execução  das  ações  (pactuação  e  implantação  de  serviços,  oferta  de 
capacitação, realização de pesquisas);  

 Financiamento de  ações relacionadas ao tema no âmbito do SUS e SUAS  

 Democratização do acesso e da utilização dos espaços e serviços públicos;  

 Valorização da integração das redes de prevenção e cuidado, para atendimento adequado às 
pessoas com necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool e outras drogas; 

 Respeito  e  aproveitamento  das  potencialidades  e  recursos  locais  e  regionais  na  elaboração, 


desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas; 

 Acompanhamento e apoio técnico aos Comitês Gestores locais do Programa 

 Oferta  de  atenção  especial  às  crianças  e  aos  adolescentes,  considerando  as  vulnerabilidades 
inerentes à fase de desenvolvimento infanto‐juvenil. 

O programa envolveu entre 2011 e 2015 a disponibilização de recursos da ordem de R$ 4 bilhões.  

Principais dificuldades e desafios 

Apesar  do  processo  de  consolidação  das  ações  de  Programa  Crack  é  Possível  Vencer,  foram 
identificados alguns desafios do eixo cuidado nos territórios:  

 Necessidade  da  articulação  intersetorial  no  território  para  a  construção  de  Projetos 
Terapêuticos Singulares dos usuários e familiares;  

 Necessidade de mudar o paradigma de intervenção coercitiva a partir de ações da segurança 
pública para uma perspectiva com base na ampliação do acesso e garantia de direitos; 

 Fortalecer  intervenções  baseadas  na  participação  dos  usuários  e  na  participação  local  para 
contemplar  a  discussão  sobre  os  determinantes  sociais  da  saúde,  considerando  o  “problema 
das  drogas”  como  um  fenômeno  mais  amplo  que  não  se  restringe  ao  binômio  repressão‐
cuidado e que é profundamente relacionado com a pobreza e a exclusão. 

Resultados 

No  contexto  do  Programa  Crack,  a  CGMAD  passou  a  contar  com  incentivo  financeiro  de 
investimento para construção de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades de Acolhimento 
(UA), previstos pela Portaria GM nº 615, de 15 de abril de 2013. Nestes últimos anos constituiu‐se uma 
carteira  de  obras  de  construção  através  do  SISMOB  –  Sistema  de  Monitoramento  de  Obras  Fundo  a 
Fundo.   
Ampliação  de  propostas  de  construção  de  CAPS.  Em  2013  foram  cadastradas  mais  de  2.000 
propostas de construção no sistema, para todos os tipos de CAPS e UA. Contudo, houve priorização da 
análise  das  propostas  de  CAPS  AD  III  e  UA,  por  serem  serviços  integrantes  do  Programa  Crack,  É 
Possível Vencer.  
Aprovação de 295 propostas de CAPS e UA através de programa (47% CAPS AD III, 30% UA Adulto e 
23% UA Infantojuvenil): 

30
Tabela  3.  Propostas  de  construção  aprovadas  por  programa,  por  ano  e  por  inserção  de  Ordem  de 
Serviço (Brasil, 2015). 

Tipo  2013  2014  Total Geral 

CAPS AD III  111  28  139 

UAA  72  16  88 

UAI  54  14  68 

Total Geral  237  58  295 

Fonte: SISMOB – Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo 

Foram aprovadas também 70 propostas através de emenda parlamentar, de 2013 a 2015 (33% 
CAPS I, 19% CAPS II, 17% CAPS III, 8% CAPSi, 4% CAPSad, 16% CAPS AD III e 3% UA InfantoJuvenil). 
 
Desta forma, até o final de 2015 foram publicadas dezessete portarias, sendo 6 via programa e 
onze via emenda parlamentar. O total de propostas aprovadas foi: 
 
Tabela 4. Total de propostas aprovadas por programa e por emenda, por tipo (Brasil, 2013 a 2015) 

Tipo  Quantidade Valor Aprovado

CAPS I  23  R$      18.400.000,00

CAPS II  13  R$        9.600.000,00

CAPS III  13  R$      12.000.000,00

CAPSi  6  R$        4.000.000,00

CAPS AD  3  R$        2.400.000,00

CAPS AD III 149  R$ 149.000.000,00

UAA  88  R$      44.000.000,00

UAI  70  R$      35.000.000,00

Total de CAPS  207  R$195.400.000,00

Total de UA 158  R$      79.000.000,00

Total Geral  365  R$274.400.000,00 

Fonte: Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo (SISMOB), Sistema de Propostas Fundo a Fundo (SISPROFNS) 

Com exceção do Estado de Rondônia, todos os demais 26 entes federativos tiveram ao menos 
uma proposta aprovada, seja através de programa como através de emenda parlamentar. Os estados 
contemplados  com  maior  número  de  propostas  aprovadas  foram  respectivamente  São  Paulo,  Minas 
Gerais e Ceará. Entretanto, no universo de propostas aprovadas via emenda parlamentar, os estados 
mais contemplados foram Bahia, São Paulo e Roraima. 

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Tabela 5 ‐ Total de propostas aprovadas por programa e por emenda, por tipo e por UF (Brasil, 2013 a 
2015) 

PROGRAMA EMENDA TOTAL


UF PROGRAMA
Total Total
CAPS AD III CAPS III UAA UAI CAPS AD CAPS AD III CAPS I CAPS II CAPS III CAPSi UAI E EMENDA
Programa Emenda
AC 1 1 1 1 2
AL 7 8 5 20 1 1 2 22
AM 0 3 3 3
AP 2 2 2 2 4
BA 8 6 4 18 1 1 2 3 2 1 10 28
CE 14 11 6 31 0 31
DF 0 2 1 3 3
ES 0 1 1 1
GO 8 3 6 17 1 1 2 19
MA 5 3 4 12 1 1 2 14
MG 17 8 8 33 2 2 4 37
MS 3 2 2 7 1 3 4 11
MT 2 2 1 5 0 5
PA 2 2 2 6 1 1 7
PB 5 2 4 11 1 1 12
PE 4 4 2 10 1 1 1 1 4 14
PI 1 1 2 4 1 2 1 4 8
PR 7 1 8 1 1 2 4 12
RJ 7 6 5 18 1 1 2 20
RN 3 2 5 1 1 6
RR 0 4 1 1 6 6
RS 7 1 2 10 1 3 4 14
SC 6 3 2 11 0 11
SE 2 1 3 1 1 4
SP 28 20 10 58 2 1 4 7 65
TO 3 1 1 5 1 1 6
Total 138 1 88 68 295 3 11 23 13 12 6 2 70 365
FONTE: SISTEMA DE MONITORAMENTO DE OBRAS FUNDO A FUNDO (SISMOB) 

Além disso, houve o aumento de custeio dos Centros de Atenção Psicossocial 24 horas ‐ CAPS 
AD III (Portaria 1.966, de 10 de setembro de 2013), de R$ 78.800,00 para R$ 105.000,00 mensais. 

Apontamentos para o futuro (Desdobramentos da Política ‐ efeitos e impactos) 

A. Articulação  é  a  grande  riqueza  e  desafio  do  programa:  A  constituição  de  atuações 


articuladas e integradas entre as políticas de Saúde, Assistência Social, Segurança Pública, 
sobre  Drogas  e  Direitos  Humanos  nos  territórios  é  um  processo  complexo  e  estabelece 
grandes desafios para gestores e profissionais de todo o país, mas as experiências exitosas 
neste sentido sinalizam a positividade de se seguir por este  caminho.  A ampliação desse 
horizonte  de  intervenções  sobre  problemas  e  situações  adversas  deve  incidir,  entre 
outros, no equilíbrio da demanda espontânea com a programada, ampliando o acesso da 
população  aos  diferentes  serviços  e  na  sinalização  para  a  construção  de  políticas 
governamentais  de  enfrentamento  a  certos  problemas  e  necessidades  de  grupos 
específicos. 

B. Fortalecer  fatores  de  prevenção  entre  crianças  e  adolescentes:  A  prevenção  ao  abuso  de 
drogas  se  dá  com  o  fortalecimento  de  políticas  sociais  que  garantam  a  dignidade  das 
famílias  e  oportunidades  para  os  jovens,  como  o  Bolsa  Família,  a  valorização  do  salário 
mínimo,  o  menor  desemprego  da  história  do  país,  a  educação  integral,  o  PRONATEC  e  o 

32
PROUNI, que foram fortalecidos e ampliados nesse governo e que ajudam  mais jovens a 
encontrar seu lugar na sociedade. 

C. Integração  social  dos  usuários  de  crack  marginalizados:  Foi  feita  a  maior  pesquisa  sobre 
crack já realizada no mundo, que dimensionou o problema e retratou o perfil dos usuários 
no  país  (“Pesquisa  Nacional  sobre  o  uso  de  crack  –  Quem  são  os  usuários  de  crack  e/ou 
similares  do  Brasil?  Quantos  são  nas  capitais  brasileiras?”,  realizada  pela  Fundação 
Oswaldo  Cruz).  Ela  mostra  que  a  grande  maioria  dos  dependentes  de  crack  quer 
tratamento, mas também precisa de apoio social. Os dados revelaram que os usuários não 
são zumbis, mas cidadãos com desejos e sonhos, que querem estudar, trabalhar e tratar 
sua  dependência.  A  grande  maioria  deles  tem  histórias  de  vida  de  exclusão  social  e 
pobreza. Se é verdade que a riqueza não impede a entrada no mundo da droga, a pobreza 
certamente  dificulta  a  saída.  Por  isso,  a  presença  e  o  apoio  do  estado  é  tão  importante 
para que estes cidadãos consigam refazer suas vidas. 

D. Política  de  drogas  baseada  em  evidências  científicas:  A  elaboração  de  políticas  de  saúde 
com base em evidências resulta em maior efetividade na formulação de políticas, pois ela 
advém  de  processos  mais  sistemáticos  e  transparentes  e  facilita  a  tomada  de  decisões 
melhor estruturadas. 

   

33
3. I Encontro Nacional de Redes de Atenção Psicossocial do SUS (ENRAPS) 
 

De 04 a 06 de dezembro de 2013, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, aconteceu o I 
Encontro  de  Nacional  de  Redes  de  Atenção  Psicossocial  do  SUS  –  Reci‐pró‐cidade  na  diferença,  o  I 
ENRAPS, promovido pelo Ministério da Saúde por meio da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool 
e  outras  drogas  (CGMAD/SAS/MS),  com  apoio  da  Organização  Pan  Americana  da  Saúde  (OPAS),  da 
Organização  Mundial  da  Saúde  (OMS),  da  Secretaria  dos  Direitos  Humanos  da  Presidência  da 
República (SDH/PR) e também da Secretária Municipal de Saúde de Curitiba e da Secretária Estadual 
de  Saúde  do  Paraná.  Esse  evento  teve  como  objetivo  promover  a  troca  de  experiências  entre  os 
diversos  atores  que  compõem  a  RAPS  e  fortalecer  as  diretrizes  e  respostas  efetivas  ao  desafio  de 
consolidar e encampar novas práticas emancipatórias a partir da garantia ao direito da Saúde Mental.  
Tal  evento  tem  uma  importância  histórica  por  ter  contado  com  a  participação  de  cerca  de 
3.000  pessoas,  de  todos  os  estados  do  país,  entre  trabalhadores,  usuários,  familiares,  gestores, 
docentes, pesquisadores, estudantes, participantes de movimentos sociais da luta antimanicomial, das 
Redes de Atenção à Saúde e das políticas públicas intersetoriais.  
Nas palavras de Roberto Tykanori Kinoshita, então Coordenador‐Geral de Saúde Mental, Álcool 
e outras drogas, durante a conferência de abertura, o I ENRAPS “demarca não um ponto de chegada, 
mas  um  ponto  de  partida,  sinalizado  pelas  trocas  resultantes  da  convivência  entre  todos  ao  longo 
desses três dias e expressa a certeza sobre o percurso político que escolhemos seguir à luz da Reforma 
Psiquiátrica  [...];  permitiu  a  interlocução  entre  os  diversos  atores  que  participam  da  história  e  do 
cotidiano  da  construção  da  RAPS,  para  trocar  formas  de  produzir  cuidado,  trocar  experiências, 
aprender e ensinar”. 
A  organização  deste  encontro  teve  como  importante  marca  a  participação  dos  atores  do 
cotidiano da reforma psiquiátrica, incluindo gestores, trabalhadores, usuários, familiares e acadêmicos 
desde  sua  concepção.  Foram  organizadas  comissões,  cuja  participação  foi  aberta,  e  para  garantir  a 
participação  plural  foram  realizadas  diversas  reuniões  por  Skype,  nos  períodos  que  permitissem  a 
participação do maior número possível de atores, inclusive à noite. 
Além  da  garantia  da  participação  nas  comissões  de  organização  do  evento  foi  aberto  um 
formulário público de pré‐inscrição, para consulta acerca dos temas mais presentes e urgentes no dia a 
dia  da  RAPS,  que  recebeu  centenas  de  contribuições.  As  principais  indicações  foram:  os  novos 
dispositivos de saúde; a ampliação do acesso; a garantia da qualidade do cuidado; a questão do álcool 
e das outras drogas; o debate das internações compulsórias; os processos de desinstitucionalização; a 
intersetorialidade; a saúde mental na infância e na adolescência; a interface com a atenção básica; o 
protagonismo de usuários e familiares e a afirmação e construção de direitos.  
Foram  três  dias  de  intensos  debates  tecidos  em  Conferências,  Mesas‐Redondas,  Ágoras, 
apresentações de Pôsteres e Rodas de Conversa, Cursos e Programações Culturais (música, escolas de 
samba, teatro).  
Já na Conferência de abertura ficou clara a pluralidade e a intersetorialidade colocadas como 
fundamentos  na  RAPS.  Proferida  pelo  Professor  Paul  Singer,  então  Secretário  Nacional  de  Economia 
Solidária  do  Ministério  do  Trabalho,  resgatou  a  longa  história  de  relação  entre  as  duas  políticas,  de 
mais de 10 anos, e promoveu uma discussão sobre as estratégias de reorganização do trabalho para 
dentro  dos  serviços,  com  vistas  à  construção  da  efetivação  dos  direitos  de  cidadania.  Partiu  do 
conceito  de  Felicidade  Interna  Bruta,  como  um  instrumento  para  questionamento  da  organização 
econômica, propondo a necessidade de uma sociedade que se organize não para produção de riqueza, 
mas para construção de pessoas e coletivos mais felizes e solidários. 
Ainda vale destacar a organização de uma mesa histórica, para a qual foram convidados todos 
os  ex‐coordenadores  nacionais  de  saúde  mental,  desde  a  criação  do  SUS.  Nessa  mesa,  os  ex‐
coordenadores e o então coordenador nacional de saúde mental promoveram um importante resgate 
histórico  da  construção  da  Política  Nacional  de  Saúde  Mental,  destacando  a  importância,  desde  o 

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início,  da  participação  dos  trabalhadores,  usuários,  familiares,  gestores,  do  controle  social,  da 
academia, além dos atores internacionais que atuavam na saúde mental de seus países de origem. 
A discussão apontou para o caráter de política de Estado alcançado pela Reforma Psiquiátrica, 
sobretudo a partir da promulgação da Lei 10.216 em 2001, mas iniciada já em 1990, com a afirmação 
de  que  desde  então  foi  defendida  e  fortalecida  por  todos  os  governos  que  se  alternaram.  Desde  a 
discussão da Lei Paulo Delgado, até a aprovação do substitutivo em 2001 com a Lei nº 10.2016 e até os 
anos  mais  recentes,  foi  possível  verificar  as  disputas  políticas  que  fizeram  parte  da  história  da 
concretização da Reforma Sanitária, sendo que todos os coordenadores destacaram a importância da 
participação dos movimentos sociais de defesa do SUS e da Reforma Psiquiátrica como fundamentais 
para o avanço desse campo. 
Vale  a  pena  destacar,  conforme  relatou  Domingos  Sávio,  primeiro  coordenador  nacional  de 
saúde mental, que quando assumiu o cargo, no início dos anos 1990, havia 85 mil leitos em hospitais 
psiquiátricos,  que  representavam  a  segunda  maior  despesa  do  sistema  público  de  saúde  e 
representavam  proporcionalmente  19%  de  todos  os  leitos  do  SUS,  apenas  superados  pela  clínica 
médica,  que  possuía  21%  de  todos  os  leitos.  Destacou  ainda  a  realização  da  primeira  Conferência 
Nacional  de  Saúde  Mental,  que  recomendou  a  mudança  do  modelo  assistencial  e  a  ampliação  dos 
direitos  das  pessoas  com  problemas  mentais,  e  que  contou  com  a  participação  de  mil  pessoas,  com 
alto  grau  de  consenso  em  torno  desse  tipo  de  proposição.  Outros  fatos  relevantes  citados  foram  a 
abertura, em 1987, do primeiro CAPS no Brasil, o Centro de Atenção Psicossocial Luis Cerqueira, em 
São  Paulo,  que  inaugurou  um  serviço  aberto,  comunitário  e  ambulatorial  para  cuidar  de  pacientes 
graves,  e  a  intervenção  do  Hospital  Psiquiátrico  Anchieta  no  município  de  Santos/SP,  que  culminou 
com o seu fechamento e a criação dos primeiros dispositivos substitutivos à internação psiquiátrica.  
A despeito dos momentos de maiores avanços e momentos de maior dificuldade, a mudança 
do  modelo  proposto  pela  Reforma  Psiquiátrica  tornou‐se,  ao  longo  desses  25  anos,  uma  política  de 
Estado, que teve na alternância de governos sua consagração.  
Uma  das  propostas  que  saíram  desse  encontro  é  que  devido  a  sua  importância  deveria 
acontecer com alguma periodicidade, tendo‐se pactuado que no ano de 2016 aconteceria o II ENRAPS. 
Houve a preocupação de registrar em gravações de áudio todas as mesas e ágoras realizadas, 
tendo  a  clareza  da  importância  das  discussões.  Até  o  momento  não  foi  possível  a  publicação  de 
relatórios  sobre  cada  tema,  tarefa  importante  a  ser  realizada  pela  CGMAD  com  a  maior  brevidade 
possível. 

   

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4. Rede de Atenção Psicossocial ‐ RAPS 

Como  discutido  anteriormente,  quando  foi  abordado  o  tema  da  regionalização  e  da 
territorialização do SUS, a criação das Redes de Atenção à Saúde tem o objetivo de articular as ações e 
os serviços de saúde nos territórios para promover uma maior integralidade do cuidado, considerando 
os diferentes níveis de complexidade. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituída pela Portaria 
nº 3088/2011, tem como finalidade a “criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde 
para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, 
álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)” (BRASIL, 2011b). A organização da 
RAPS em diversos componentes e pontos de atenção retrata a necessidade de uma rede complexa de 
cuidados para responder às diferentes necessidades de saúde da população, sendo que cada ponto de 
atenção desempenha um papel no Projeto Terapêutico Singular de cada usuário da RAPS.  
No  presente  capítulo,  apresentam‐se  os  sete  componentes  da  RAPS  de  forma  separada, 
apenas  por  uma  necessidade  didática,  já  que  o  modelo  da  rede  não  pressupõe  qualquer  tipo  de 
hierarquia  definida  entre  cada  um  deles.  As  necessidades  de  cuidado  de  cada  usuário  são  atendidas 
em  um  itinerário  vivo,  que  se  desenha  conforme  os  imperativos  de  cada  momento  do  processo 
terapêutico. Os componentes, assim, aparecem como elementos diversos, mas interdependentes, que 
apontam para a complexidade das necessidades individuais, manifestas no PTS.  

4.1. ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE 

A  Política  Nacional  de  Saúde  Mental  compreende  as  práticas  da  Atenção  Básica  como 
imprescindíveis para o cuidado na atenção psicossocial à medida que se preste a fortalecer estratégias 
que  superem  a  medicalização  do  sofrimento  e  patologização  do  sujeito.  Nesse  sentido,  tais  práticas 
compreendem  a  articulação  da  rede  de  cuidados  tendo  como  objetivo  a  integralidade  do  cuidado, 
constituindo um processo de trabalho voltado para suas necessidades individuais e sociais.  
Busca‐se resgatar a singularidade de cada usuário, com o investimento em seu protagonismo e 
potencialidades,  de  forma  a  romper  com  a  lógica  da  doença  considerando  a  identidade  do  sujeito, 
fortalecendo  laços  sociais  e  investindo  na  força  do  território  como  alternativa  para  a  reabilitação 
social.  Nesses  propósitos,  é  notória  a  convergência  de  princípios  entre  a  saúde  mental  e  a  atenção 
básica.  
A  Politica  Nacional  de  Atenção  Básica,  por  meio  da  portaria  nº  2488,  de  21  de  outubro  de 
2011, estabeleceu uma revisão de diretrizes e normas de organização da Atenção Básica na Estratégia 
Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), para regulamentação 
dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Além disso, reafirma a atenção básica como principal 
porta de entrada do Sistema Único de Saúde. Para a Rede de Atenção Psicossocial, o componente da 
Atenção Básica é estratégico para facilitar o acesso das equipes nos territórios e no cuidado às pessoas 
com  algum  sofrimento  psíquico  e,  inclusive,  junto  aos  usuários  que  busquem  os  serviços  por  outras 
queixas.  
Para que a saúde mental aconteça de fato na atenção básica, é necessário que os princípios do 
SUS  se  transformem  em  prática  cotidiana.  Podemos  sintetizar  como  princípios  fundamentais  da 
articulação  entre  saúde  mental  e  atenção  básica:  promoção  da  saúde  no  território,  acolhimento, 
vínculo e responsabilização pelo cuidado, integralidade, intersetorialidade, organização da atenção à 
saúde em rede, participação da comunidade e promoção da cidadania dos usuários. Considerando que 

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a  incorporação  da  Atenção  Básica  na  Rede  de  Atenção  Psicossocial  ratifica  a  relevância  desses 
princípios, tem‐se intensificado as práticas conjuntas entre as áreas para fortalecimento da articulação 
entre  os  serviços.  Tais  estratégias  visaram  ampliar  o  debate  junto  às  regiões  de  saúde  e  equipes  de 
gestão  para  aprimorar  ações  de  educação  permanente,  formulação  de  indicadores  e  revisão  das 
práticas  que  superem  a  lógica  do  especialismo,  transcenda  a  cultura  estritamente  ambulatorial  e  se 
estabeleça a tão almejada prática integral, longitudinal e intersetorial. 
Na articulação entre a saúde mental e a atenção básica, o apoio matricial constitui um arranjo 
organizacional  que  visa  ações  conjuntas.    Nesse  arranjo,  a  referência  de  saúde  mental  participa  de 
reuniões de planejamento das equipes de ESF, realiza discussão de caso e atendimento compartilhado. 
Além  disso,  participa  das  iniciativas  de  capacitação  e  de  gestão  do  atendimento  de  modo  a 
proporcionar  continuidade  no  atendimento.  Esse  compartilhamento  se  produz  em  forma  da  co‐
responsabilização  pelos  casos,  que  pode  se  efetivar  por  meio  de  discussões  conjuntas,  intervenções 
junto  às  famílias  e  comunidade.  Assim,  o  apoio  matricial  caracteriza‐se  como  suporte  assistencial  e 
técnico‐pedagógico que produz ações de apoio educativo com e para a equipe.  
É clara a dimensão sinérgica do apoio matricial com a educação permanente. Nesse sentido, o 
Núcleo  de  Apoio  à  Saúde  da  Família  (NASF)  se  configura  como  um  importante  dispositivo  para 
fortalecer  a  articulação  dos  serviços  de  saúde  e  promover  ações  matriciais  no  cuidado.  Tal  prática 
requer  estratégias  incessantes  de  todas  as  esferas  de  gestão  a  fim  de  ampliar  seu  fortalecimento.  A 
viabilidade desse processo tem amparo na portaria 154 de 24 de janeiro de 2008 regulamenta o NASF 
e  prevê  a  formação  destas  equipes,  com  recomendação  explícita  de  que  cada  NASF  conte  com  pelo 
menos  um profissional de saúde  mental. Não para  que encerre  o cuidado  em sua própria estrutura, 
mas, sobretudo, para facilitar as interfaces necessárias que façam valer os princípios norteadores das 
politicas de saúde.  
A  discussão  acerca  da  efetividade  na  atuação  da  Atenção  Básica  em  saúde  mental  se  fez 
presente  também  na  IV  Conferência  de  Saúde  Mental  –  Intersetorial  em  2010,  que  indica  a 
necessidade de fortalecer ações e promover estratégias de educação permanente para as equipes de 
atenção  básica  (BRASIL,  2011c).  O  foco  dessa  proposta  apontava  para  a  necessidade  de  subsidiar  os 
Agentes  Comunitários  de  Saúde  –  ACS  na  identificação  das  demandas  referentes  ao  sofrimento 
psíquico. 
É importante que se ressalte aqui a estrutura da Atenção Básica que se articula com os demais 
componentes  da  RAPS.  Conforme  a  Portaria  nº  3.088,  de  23  de  dezembro  de  20113.088/2011,  são 
esses: 

I ‐ Unidade Básica de Saúde ‐ UBS;  

II ‐ Equipes de Atenção Básica para populações em situações específicas;  

III ‐ Centro de Convivência. 

Com  relação  às  Equipes  de  Atenção  Básica  para  populações  em  situações  específicas,  as 
mesmas  se  dividem  em:  a)  Equipes  de  Consultório  na  Rua;  b)  Equipe  de  apoio  aos  serviços  do 
componente  Atenção  Residencial  de  Caráter  Transitório.  Apenas  municípios  maiores  de  15  mil 
habitantes  possuem  parâmetro  para  implantação  de  CAPS  sendo  a  Atenção  Básica  a  principal 
estratégia  de  cuidado  para  as  demandas  de  sofrimento  mental  nos  territórios  de  pequeno  porte 
populacional.  

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O Brasil possui 5.570 municípios, totalizando uma população de 193.976.530 habitantes (IBGE, 
2012, projeção). Desses, 3.375 municípios (61%) possuem menos de 15 mil habitantes, o que totaliza 
uma  estimativa  de  23.478.055  habitantes  (12%)  que  têm  na  Atenção  Básica  o  principal  acesso  de 
cuidados em saúde mental. 

Tanto  para  os  municípios  de  maior  porte  populacional  quanto  para  os  de  pequeno  porte,  é 
fundamental  a  parceria  das  equipes  da  atenção  básica  e  dos  demais  pontos  de  atenção  da  RAPS,  a 
partir  de  estratégias  de  matriciamento  e  articulação  do  cuidado  integral  de  modo  a  considera  a 
distribuição território dos serviços. 
Há 1.705 municípios no Brasil com população abaixo de 15  mil  habitantes  que  não  possuem 
equipes de NASF. Esse mesmo conjunto de municípios possui 3.731 equipes de Saúde da Família (eSF) 
implantadas.  Outro  dado  importante  é  que  dos  1.705  municípios  sem  NASF,  1.596  (93,6%)  têm 
cobertura de eSF superior a 50%. Ou seja, na maioria dos municípios sem NASF, há uma boa cobertura 
de eSF. 
Tais dados são relevantes para a construção de estratégias que busquem fortalecer e qualificar 
a Atenção Básica, eSF e NASF a fim de que atuem  com propriedade na identificação, acolhimento e 
cuidado às pessoas em sofrimento mental e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras 
drogas  nos  municípios  de  pequeno  porte  populacional.  Evita‐se  assim  o  atendimento  especializado 
como  primeira  estratégia,  bem  como  a  medicalização  do  sofrimento,  a  cronificação  de  agravos  de 
saúde  e  a  negligência  comum  aos  estados  de  sofrimento  mental,  por  vezes  ainda  entendidos  como 
demandas que não podem ser cuidadas na Atenção Básica. 
Estratégias como o curso “Caminhos do Cuidado”, “Curso de Apoio Matricial, com ênfase nos 
NASF”  e  “Curso  de  cuidado  a  população  em  situação  de  rua,  com  ênfase  nos  Consultórios  na  Rua” 
foram primordiais para superar a lógica do cuidado especializado em saúde mental, ao potencializar e 
valorizar o conjunto de ações já desenvolvidas pelos profissionais da Atenção Básica. Tais ações têm 
contribuído  para  a  autonomia  na  produção  do  cuidado  à  população,  como  parte  integrante  do 
repertório de ações e serviços oferecidos no território. 

Principais Ações Desenvolvidas 2011‐2015 

As ações da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas desenvolvidas com 
foco  no  componente  de  atenção  básica  em  saúde  se  desenvolveram  com  principal  enfoque  em 
produção de material de apoio e ações de educação permanente sobre a temática, buscando atender 
às demandas levantadas na IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial, de 2010. 

Transição de Consultórios de Rua para Consultórios na Rua  

A  indução  de  um  dispositivo  itinerante  no  Ministério  da  Saúde  teve  início  em  2009  na 
Coordenação de Saúde Mental, como estratégia de redução de dano no uso de álcool e outras drogas.   
Até o ano de 2012, entraram em funcionamento 66 serviços, então denominados Consultório de Rua 
Estes  serviços  eram  vinculados  exclusivamente  à  Área  Técnica  de  Saúde  Mental,  por  meio  de 
Chamadas de Seleção, nos termos da Portaria GM1059/. Desses, 61 migraram para Consultório na Rua, 
passando a atuar na perspectiva das práticas integradas da Atenção Básica em Álcool e Outras Drogas.  
 As Portarias nº 122 e nº 123, de 25 de janeiro de 2012 e nº 1.238, de 09 de junho de 2014, 
definem as diretrizes de organização, funcionamento e repasse de custeio das equipes de Consultório 
na  Rua  (eCR)  nas  modalidades  I,  II  e  III,  conforme  sua  composição  de  equipe.  A  orientação  definida 

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para  a  coordenação  desse  equipamento  de  saúde  nos  municípios  privilegiou  o  compartilhamento 
entre  Saúde  Mental  e  Atenção  Básica.  A  transição  de  um  dispositivo  estritamente  vinculado  às 
estratégias de redução de danos para uso de álcool e outras drogas, para práticas voltadas à atenção 
integral demandou esforços para reorientação e incorporação de novos procedimentos e dinâmica de 
trabalho  dos  serviços  visando  adequação  à  ampliação  do  espectro  de  sua  atuação.  Tal  processo 
demandou esforços conjuntos da Saúde Mental e Atenção Básica que orientassem as novas práticas a 
serem incorporadas. 

I Seminário Nacional sobre Consultórios na Rua e Saúde Mental (2013) 

Em  2013,  foi  realizado  o  I  Seminário  Nacional  sobre  Consultórios  na  Rua  e  Saúde  Mental  na 
Atenção Básica. Este evento, realizado em Brasília em dias 24 e 25 de julho/2013 com a participação 
de  aproximadamente  400  profissionais  da  saúde  mental  e  Atenção  Básica,  objetivou  a  promoção  do 
debate entre gestores e coordenadores de Atenção Básica e de Saúde Mental para discutir tecnologias 
de  gestão  e  cuidado  em  saúde  mental.  Realizado  em  conjunto  com  o  Colegiado  Nacional  de  Saúde 
Mental,  este  evento  foi  uma  importante  ação  para  integrar  a  Atenção  Básica  na  RAPS,  e  espaço 
privilegiado para definir estratégias comuns do cuidado. 

Participação na reformulação dos Indicadores de Saúde Mental do PMAQ 

As propostas de reformulação dos indicadores do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e 
da  Qualidade  da  Atenção  Básica  (PMAQ–AB),  uma  vez  considerados  insuficientes  para  abarcar  os 
interesses de gestão em Saúde Mental na Atenção Básica, foram intensificadas em 2015 e não foram 
conclusivas.    A  retomada  deste  processo  em  2016  deve  render  debates  profícuos  para  que  se 
produzam  indicadores  eficazes.  As  propostas  da  CGMAD,  após  contextualização  das  limitações  das 
fichas e formulários utilizados, foram apresentadas de modo a produzir dados referentes às demandas 
em  saúde  mental  no  que  se  refere  a  acesso  aos  serviços  de  saúde;  resolutividade  e  articulação  em 
rede; longitudinalidade; integralidade; matriciamento; e intersetorialidade. 

Programa Caminhos do Cuidado (2013 – 2015) 

O  projeto  de  formação  de  Agentes  Comunitários  de  Saúde  (ACS)  e  Auxiliares  e  Técnicos  de 
Enfermagem  (ATEnf)  em  saúde  mental,  com  ênfase  em  crack,  álcool  e  outras  drogas  é  um  projeto 
pactuado  pelo  Ministério  da  Saúde,  Fiocruz/ICICT  ‐  RJ,    Grupo  Hospitalar  Conceição  ‐RS;    Rede  de 
Escolas Técnicas do SUS. Este projeto consta entre as prioridades da Presidência da República no plano 
de enfrentamento ao Crack.  Sua execução pressupõe a articulação entre as instituições do SUS que 
tem protagonizado essa formação, as Escolas de Saúde Pública e Escolas Técnicas do SUS, com as áreas 
de Saúde Mental e Atenção Básica dos três entes federativos. 
Lançado em Outubro de 2013 o projeto foi finalizado no final do ano de 2015, com oferta de 
capacitação  292.196  profissionais  de  saúde,  compreendendo  a  totalidade  dos  ACS  do  território 
nacional. Estão em andamento análises para viabilidade do programa junto a outros profissionais da 
saúde.  Encontra‐se  em  andamento  a  organização  de  um  observatório,  que  reunirá  tecnologias  e 
metodologias para aproximar, cada vez mais, a Atenção Básica da Saúde Mental, visando melhorar a 
atenção ao usuário e seus familiares na Rede de Atenção Básica à Saúde. O quadro abaixo apresenta 

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quantitativo  de  vagas  oferecidas  no  “Caminhos  do  Cuidado”.  Ressalta‐se  que  o  número  de  vagas 
ofertadas considera o interesse e adesões regionais, previamente firmadas.  

Tabela 6. Vagas ofertadas do Curso de Formação Caminhos do Cuidado, por UF (Brasil, 2015) 

 Proporção 
Região     UF    Total de profs.  Vagas ofertadas 
vagas/meta 
 DF            1.004               994  99%
 GO            9.956            9.956  100%
 Centro‐Oeste     MS            4.950            4.950  100%
 MT            5.366            3.578  66,67%
 Subtotal Centro‐Oeste          21.276          19.478  91,55%
 AL            6.835            6.835  100%
 BA          29.462          25.252  85,71%
 CE          17.304          12.397  71,64%
 MA          17.191            8.922  51,89%
 Nordeste     PB            9.074            7.754  85,45%
 PE          17.457          16.482  94,41%
 PI            8.164            6.509  79,72%
 RN            6.259            6.259  100%
 SE            4.573            4.447  97,24%
 Subtotal Nordeste        116.319          94.857  81,55%
 AC            2.231            2.231  100%
 AM            6.526            4.757  72,89%
 AP            1.382            1.382  100%
 Norte     PA          14.940          10.166  68,04%
 RO            3.297            2.128  64,54%
 RR               785               637  81,14%
 TO            4.184            4.184  100%
 Subtotal Norte          33.345          25.485  76%
 ES            5.901            5.901  100%
 MG          33.137          19.852  59,90%
 Sudeste     RJ          16.699            8.853  53,01%
 SP          31.359          18.931  60,36%
 Subtotal Sudeste          87.096          53.537  61,47%
 PR          14.189          11.228  79,13%
 
 Sul   RS          11.340          11.290  99,55%
 SC          11.374          10.446  91,84%
 Subtotal Sul          36.903          32.964  89,33%
 TOTAL        294.939        226.321  76,73%
Fonte: www.caminhosdocuidado.org.br (acesso em 11/05/2015) 

Caderno de Atenção Básica – Saúde Mental – CAB 34 (2013) 

Em  2013,  o  Ministério  da  Saúde,  por  meio  da  parceria  do  Departamento  de  Atenção  Básica 
(DBA)  e  CGMAD,  investiu  na  elaboração  e  divulgação  do  Caderno  de  Atenção  Básica  nº  34  –  saúde 
mental  que  tem  como  objetivo  estimular  e  compartilhar  o  conhecimento  sobre  saúde  mental  na 
Atenção Básica, ampliando a capacitação dos profissionais da atenção básica através da elaboração de 
ferramentas  e  estratégias  de  intervenções  terapêuticas  para  o  cuidado  em  saúde  mental  (BRASIL, 
2013a). Esta produção foi dividida em três partes referenciando o cuidado da pessoa em sofrimento: 
conceitos  gerais  e  aplicações  práticas;  saúde  mental  e  a  cartografia  da  pessoa,  da  família  e  da 

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comunidade  e  o  cuidado  da  pessoa  que  sofre.  Com  isso,  Apresenta  situações  mais  comuns  no 
território sobre o tema apresentado, instrumentos para intervenção e outras práticas (BRASIL, 2013a). 
Baseado  em  conceitos  da  Politica  de  Humanização,  Atenção  Básica  e  Saúde  Mental, 
apresentam  conceitos  norteadores  de  acolhimento,  cuidado,  sofrimento  mental,  territorialidade, 
coesão  social,  projeto  terapêutico  singular,  redução  de  danos,  rede  ampliada,  fatores  de  risco  e  de 
proteção e reabilitação psicossocial. Além disso, também apresentam orientações sobre os principais 
medicamentos, com sua ação e sintoma (BRASIL, 2013a). 
O CAB 34 foi elaborado com o propósito de servir como produção referencial para estruturar o 
cuidado  pela  ótica  do  sofrimento  e  desenvolvimento  das  estratégias  de  educação  permanente.  A 
primeira edição foi publicada em julho 2013 com tiragem de 50 mil exemplares. Nova tiragem de 30 
mil exemplares para os CAPS, prevista para 2016, ação ainda não realizada.  

Ações de articulação entre Saúde Mental e Atenção Básica  

A  partir  das  produções  referenciais,  mais  especificamente  o  CAB  34,  as  equipes  técnicas  de 
Saúde  Mental  e  de  Atenção  Básica  estabeleceram  como  ação  transversal  o  fortalecimento  da 
articulação entre Saúde Mental e Atenção Básica. O tema foi constantemente discutido em fóruns e 
eventos realizados em todo o território nacional sobre atenção  psicossocial, em reuniões  locais com 
gestores e trabalhadores, bem como nas reuniões das CIR e de Grupos Condutores da RAPS.  
No  âmbito  da  gestão  pública  ministerial,  o  tema  da  atenção  básica  em  saúde  mental  fez‐se 
presente na maioria dos eventos e encontros nacionais produzidos, tanto aqueles realizados pela área 
da Saúde Mental quanto pela Atenção Básica.  Nas duas áreas, equipes foram designadas para atuar 
com  especificidade  nessa  interface.  Reuniões  entre  as  áreas  da  Saúde  Mental  e  Atenção  Básica 
passaram  a  ocorrer  de  modo  sistemático,  com  pelo  menos  01  reunião  mensal.  Tais  encontros 
produziram serviram ao propósito de discutir a articulação das politicas culminando em documentos e 
orientações conjuntas voltadas para as ações de educação continuada nas duas áreas, destinadas aos 
trabalhadores  e  gestores  das  mais  diversas  áreas  e  localidades.  Cabe  ressaltar  que  a  atenção  básica 
compõe  módulos  de  Educação  à  Distância  (EAD)  em  Saúde  Mental,  Telessaúde,  e  Percursos 
Formativos,  sendo  este  último  a  principal  estratégia  desenvolvida  pela  Coordenação  Nacional  de 
Saúde Mental para educação permanente e intercâmbio entre trabalhadores nos territórios. 
   O  exercício  conjunto  de  formular  práticas  do  cuidado  em  Saúde  Mental  na  Atenção  Básica 
culminou na submissão de publicação como capítulo de livro sobre Saúde Mental na Atenção Básica, 
da Universidade Federal da Bahia, previsto para ser publicado no início de 2016. Neste material, são 
apresentadas  propostas  de  cuidado  em  saúde  mental  a  serem  realizadas  nos  territórios  de  modo 
articulado  com  a  atenção  básica.  Neste  material,  incorporam‐se,  assim,  propostas  de  ações 
comunitárias  e  estratégias  de  participação  social  e  protagonismo,  de  modo  a  promover  o 
fortalecimento da atenção psicossocial. 
Outra ação digna de nota que se encontra em andamento, acontece junto ao Departamento 
de  Gestão  da  Educação  em  Saúde  (DEGES)  da  Secretaria  de  Gestão  do  Trabalho  e  da  Educação  na 
Saúde (SGETS)/MS e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Trata‐se de compromisso 
firmado  que  vai  apresentar  novos  recursos  de  capacitação  a  ser  implementado  no  Módulo  de 
Capacitação em Saúde Mental para o Telessaúde. 
 

41
Equipe de apoio aos serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório 
As equipes de apoio teriam lugar de especial importância para facilitar e garantir a integração 
das  Comunidades  Terapêuticas  na  RAPS.  Considerando  que  até  o  momento  não  houve  qualquer 
dispositivo implantado pela Portaria nº 131, de 26 de janeiro de 2012, que institui incentivo financeiro 
aos  Serviços  de  Atenção  em  Regime  Residencial,  as  discussões  tornaram‐se  incipientes.    Quanto  aos 
demais  pontos  de  atenção,  entendeu‐se  que  o  fortalecimento  das  práticas  e  das  equipes  de 
matriciamento já previstas na rede teriam incorporadas tal atribuição, sobretudo, se considerados os 
quantitativos de serviços disponíveis. 

Centro de Convivência e Cultura 

Os  Centros  de  Convivência  é  um  dispositivo  implantado  em  algumas  regiões,  custeados  por 
Estados  e  Municípios.  Tanto  pela  área  da  Saúde  Mental  quanto  Atenção  Básica,  é  reconhecida  a 
potência  desse  dispositivo  para  a  promoção  de  saúde  e  atenção  integral.  Contudo,  no  âmbito  das 
politicas  ministeriais,  não  há,  atualmente,  portaria  específica,  ou  mecanismo  legal  para  repasses 
financeiros que viabilizem sua implantação e custeio.  Esta pauta não assumiu caráter prioritário entre 
as ações desenvolvidas pela Atenção Básica após publicação da portaria 3.088 em 2011. Assim, sugere‐
se  que  este  dispositivo,  por  sua  relevância,  amplamente  reconhecida  e  pleiteada,  principalmente  no 
âmbito  da  saúde  mental,  deve  ser  considerada  nos  planejamentos  e  estratégias  a  serem  delineados 
para  a  RAPS  (ver  outras  informações  sobre  Centros  de  Convivência  em  ‘Reabilitação  Psicossocial’, 
neste material). 

Avanços, Dificuldades e Perspectivas para os Próximos Anos

Considerando os investimentos iniciados e produzidos nos últimos anos para o fortalecimento 
da  Rede  de  Atenção  Psicossocial  concernente  à  Atenção  Básica,  apontamos  a  necessidade  de 
continuidade das ações que atendam aos seguintes propósitos: 

Fortalecer o alinhamento conceitual e de diretrizes entre atenção básica e saúde mental na esfera 
federal, com enfoque para ações de promoção de saúde de modo a produzir efeitos visíveis que 
expressem aproximação das práticas entre as duas áreas

A. Construção  de  agenda  de  formação  entre  a  equipe  da  CGMAD  e  DAB  para  temáticas 
correlatas. 

B. Promover intercâmbio entre o campo da saúde mental na atenção básica com países com os 
quais o Brasil mantenha cooperação técnica. 

C. Promover  agendas  que  envolvam  as  equipes  e  gestores  da  Saúde  Mental  juntamente  com  a 
Atenção  Básica  nos  estados  e  municípios  em  que  se  deve  abordar  o  tema  dos  CnaRua,  com 
enfoque na qualificação do cuidado à população em situação de rua. 

D. Construção de agenda sobre o planejamento e práticas do cuidado à população em situação 
de rua nos territórios. 

42
E. Inclusão de temas sobre discriminação (LGBT, racismo, imigrantes e refugiados, mulheres, etc) 
nas pautas e ações de educação permanente para Atenção Básica, uma vez que esses temas 
exercem papel importante, em relação à discriminação, na Saúde Mental dos usuários do SUS. 

F. Promover  debates  para  superação  da  prática  medicamentosa  e  ambulatorial  exacerbada  e 


ainda predominante no conjunto das ações observadas na rede. 

G. Retomar o debate sobre a viabilidade de implementação dos Centros de Convivência. 

H. Prosseguir  na  construção  de  consensos  conceituais  e  práticas  convergentes  em  coerência  ao 
que é preconizado nas politicas de saúde.  

I. Fortalecer  junto  aos  Grupos  Condutores  Estaduais  da  RAPS  as  discussões  sobre  atenção  à 
saúde  mental  na  atenção  básica  e  desenvolver  estratégias  junto  aos  territórios  para  difusão 
dessas ações. 

J. Retomar  discussão  sobre  cuidados  em  saúde  mental  no  pré  e  pós‐natal,  articulando  com  a 
Coordenação  de  Saúde  da  Mulher,  da  Saúde  da  Criança,  da  Saúde  do  Adolescente  e  com 
Departamento de Atenção Básica. 

Qualificar e difundir o CAB 34 ampliando sua aplicabilidade nos territórios  

Nesse  sentido,  sugere‐se  apropriação  das  recentes  produções  desenvolvidas  na  CGMAD  do 
Ministério  da  Saúde,  que  visa  contribuir  para  construção  de  práticas  de  cuidado  que  considerem  o 
sujeito  em  sua  subjetividade.  Tal  produção  visa  propor  práticas  que  expressam  a  lógica  da  atenção 
psicossocial  a  partir  de  reflexões  que  reafirmam  os  princípios  do  SUS  e  da  Política  de  Saúde  Mental 
incorporando conceitos do campo da filosofia, promoção de saúde e desenvolvimento sustentável em 
torno da felicidade como utopia social, bem como suas implicações para o planejamento do cuidado. 
Nessa direção apontam‐se como estratégias: 

A. Interface com Núcleo de Formação e Educação Permanente e articulação com SGTES, escolas 
de  saúde  pública,  escolas  técnicas  do  SUS  e  entidades  formadoras  parceiras,  numa 
coordenação  de  esforços  pela  transformação  do  modo  de  agir  tradicional  de  boa  parte  das 
equipes de saúde. 

B. Maior  aproximação  com  núcleo  de  CAPS  a  fim  de  construir  no  território  um  entendimento 
compartilhado entre profissionais da Saúde Mental e da Atenção Básica. 

C. Construção de agenda sobre saúde mental na atenção básica nos estados, a ser desenvolvida 
com o apoio local. 

Fortalecer e produzir efeitos práticos da estratégia de formação do projeto Caminhos do Cuidado 

A. Realização de formação e sensibilização para gestores e outros profissionais da ESF (além dos 
ACS). 

43
B. Qualificação  do  cuidado  à  população  de  rua,  com  enfoque  na  implementação  das  ações  dos 
CnR e da questão racial nos municípios. 

Em síntese, a atenção básica é estratégica para o cuidado em saúde mental, pois está instalada no 
território  de  abrangência  do  usuário,  portanto,  a  acessibilidade  é  considerada  uma  estratégia 
fundamental para o acompanhamento em saúde. Desta forma o cuidado em Saúde Mental apresenta 
uma maior ramificação e potencialidade de cobertura de serviços e atenção às pessoas pertencentes 
ao território. 
  Neste  sentido,  o  reconhecimento  Atenção  Básica  como  Componente  da  RAPS,  traz 
importantes respostas para a proposta do cuidado integral aos usuários de álcool e outras drogas sem 
perder a perspectiva da construção de autonomia e exercício de cidadania destas pessoas.  
  As Equipes de Apoio aos serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório 
e  os  Centros  de  Convivência  e  Cultura  não  foram  implantadas  conforme  preconizado  pela  Portaria 
3088/2011, dado que os equipamentos referentes não foram implantados.  
Desde  2013,  apesar  dos  desafios,  é  evidente  que  o  Governo  Federal  está  investindo  para 
qualificar  os  serviços  existentes  e  estruturar  os  demais  pontos  de  atenção  da  RAPS.  É  preciso 
intensificar as estratégias de matriciamento e fortalecimento de uma lógica de cuidado compartilhado 
que  expresse,  de  modo  mais  efetivo,  os  princípios  das  duas  políticas  e  cujas  interfaces  são 
reconhecidamente potência para qualidade do cuidado. 

4.2. ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ESTRATÉGICA 

Constituído  pelos Centros  de Atenção Psicossocial (CAPS) em suas diferentes  modalidades, o 


Componente Atenção Psicossocial Especializada é entendido como ordenador do cuidado de pessoas 
com  necessidades  decorrentes  de  sofrimento  psíquico  e/ou  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas, 
juntamente com a Atenção Básica, tendo como princípios a integralidade, a atenção comunitária e em 
rede.  Dessa  forma,  é  estratégica  a  sua  ampliação  e  qualificação  para  efetivação  da 
desinstitucionalização, da garantia do exercício da cidadania e da promoção de possibilidades de vida. 
Por este motivo, decidiu‐se nomeá‐lo: Componente Atenção Psicossocial Estratégica. 
Com a instituição da RAPS, reitera‐se o papel do CAPS como articulador e regulador da rede 
em seus diferentes pontos de atenção, aspecto estruturante quando considerado a sua atuação junto 
às Unidades de Acolhimento e Serviços Residenciais Terapêuticos (cadastrados no CNES dos CAPS de 
referência),  para  além  dos  leitos  de  saúde  mental  em  hospital  geral,  equipes  de  Saúde  da  Família, 
SAMU etc. 
Atualmente é possível verificar a capilaridade deste componente junto aos territórios, que no 
ano de 2015 totalizava a existência de 2328 serviços habilitados pelo Ministério da Saúde. Os gráficos e 
tabelas abaixo demonstram o panorama da expansão e implantação dos CAPS no país.  
 
 
 
 
 
 
 

44
 
Gráfico 2. Série histórica de expansão dos CAPS (Brasil, dez/1998 a 2015) 
 
2500 2328
2209
2062
1937
2000
1742
1620
1467
1500 1326
1155
1010
1000
738
605
500
424
500 295
148 179 208
CAPS

0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Anos
 
Fonte:  Coordenação  Geral  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas/DAPES/SAS/MS.  Após  2001:  Sistematização  dos 
Estabelecimentos Habilitados por meio de portaria específica. Antes de 2001: Levantamento CAPS Disque‐Saúde. 

Os  dados  acima  indicam  um  padrão  de  crescimento  relativamente  estável  e  progressivo, 
apontando  para  a  consolidação  do  modelo  territorial  e  comunitário  de  cuidado  para  pessoas  com 
sofrimento  e/ou  transtornos  mentais  e  com  necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras 
drogas. 
Isso  pode  ser  visualizado  também  na  evolução  dos  mapas  com  indicadores  de  cobertura  de 
CAPS/100  mil  habitantes  em  2006,  2010  e  2015.  A  escala  indica,  em  tons  de  azul,  a  cobertura  dos 
municípios. Quanto mais escuro o azul, melhor a cobertura. 
   

45
Figura 2. Mapas com evolução do indicador de cobertura de CAPS/100 mil habitantes (Brasil 2006, 2011 e 2015) 
 
 
 
2006              2011              2015 
 
 
 

           
 
 

 
 
 
 
Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

46
Os  mapas  acima  permitem  visualizar  a  expansão  e  a  interiorização  de  serviços  no  território 
brasileiro  ao  longo  dos  anos.  Observa‐se,  ainda,  o  adensamento  de  serviços  no  litoral  do  país  e  o 
importante crescimento da implantação de serviços na região Norte. 
Outro  fato  que  pode  ter  impulsionado  esta  expansão  nos  últimos  anos  foi  a  redução  do 
parâmetro  populacional  para  implantação  de  CAPS,  conforme  a  republicação  em  30/12/2011  da 
Portaria nº 3088 de 23 de dezembro de 2013, como pode ser visto no quadro abaixo: 
Quadro 3. Redução parâmetro populacional para implantação de CAPS 

Parâmetro após Republicação 
   Parâmetro anterior 
Portaria 3088/2011 

Municípios  ou  regiões  com 


Municípios  ou  regiões  com  pop. 
CAPS I  pop.  acima  de  20  mil 
acima de 15 mil habitantes 
habitantes 

Municípios  ou  regiões  com 


Municípios  ou  regiões  com  pop. 
CAPS II  pop.  acima  de  70  mil 
acima de 70 mil habitantes 
habitantes 

Municípios  ou  regiões  com 


Municípios  ou  regiões  com  pop. 
CAPS III  pop.  acima  de  200  mil 
acima de 150 mil habitantes 
Componente Atenção Psicossocial Estratégica 

habitantes 

Municípios  ou  regiões  com 


CAPS  Municípios  ou  regiões  com  pop. 
pop.  acima  de  70  mil 
AD  acima de 70 mil habitantes 
habitantes 

Municípios  ou  regiões  com 


CAPS  Municípios  ou  regiões  com  pop. 
pop.  acima  de  200  mil 
AD III  acima de 150 mil habitantes 
habitantes 

Municípios  ou  regiões  com 


Municípios  ou  regiões  com  pop. 
CAPS i  pop.  acima  de  150  mil 
acima de 70 mil habitantes 
habitantes 

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Esta mudança permite contemplar um número maior de municípios de pequeno e médio porte 
para  implantação  de  serviços  do  tipo  CAPS  I,  municípios  de  médio  porte  para  CAPSi,  e  novos 
municípios  de  grande  porte  com  a  possibilidade  de  terem  serviços  de  atenção  24  horas  (CAPS  III  e 
CAPS ad III). 
O  Gráfico  2  abaixo  apresenta  a  série  histórica  do  indicador  de  cobertura  CAPS/100  mil 
habitantes nas quatro regiões brasileiras: 

47
Gráfico 3. Série histórica Indicador de Cobertura de CAPS/100 mil habitantes, por região (Brasil, 
dez/2002 a dez/2015)
1,20

1,00

0,80 Centro‐oeste

Nordeste

0,60
Norte

Sudeste
0,40
Sul

0,20

0,00
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
 
Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE). 
 
Destaca‐se o contínuo crescimento do Indicador nas regiões Nordeste e Sul, que apresentam 
os índices mais altos de cobertura de CAPS/100 mil habitantes no Brasil, seguidos da região Sudeste, 
Centro‐Oeste e Norte. Todas as regiões do país apresentam taxa positiva de crescimento, o que aponta 
para o comprometimento nacional com a ampliação dos serviços substitutivos de base comunitária. A 
expansão de serviços segue mesmo nas regiões com o Indicador de Cobertura considerado muito bom.  
Entre  os  anos  de  2014  e  2015,  as  Regiões  Norte  e  Nordeste  tiveram  expressivo  aumento  de 
cobertura.  Destaca‐se  o  esforço  dos  estados  das  Regiões  Norte  e  Nordeste,  nos  últimos  dois  anos, 
voltado  ao  fomento  de  espaços  de  discussão  colegiada  e  pactuação  dos  Planos  de  Ação  da  Rede  de 
Atenção  Psicossocial  (PAR/RAPS),  o  que  pode  ter  contribuído  para  a  difusão  e  compartilhamento  da 
Política  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas  nos  territórios,  bem  como  para  o  avanço  na 
construção mais coletiva do diagnóstico das necessidades e particularidades locais, incluindo as formas 
de  enfrentamento  para  a  efetivação  da  Política  e  a  apropriação  dos  mecanismos  de  solicitação  de 
recursos federais destinados aos pontos de atenção da RAPS.  
 Vale  salientar,  no  entanto,  que  este  indicador  é  menos  sensível  às  peculiaridades  da  região 
Norte, tendo em vista sua grande extensão territorial, a dispersão e a baixa densidade populacionais, 
as  dificuldades  de  acesso,  a  diversidade  étnico‐cultural  entre  outras,  que  constituem  desafios 
particulares  para  a  implantação  dos  serviços  e  a  garantia  de  acesso,  exigindo  aperfeiçoamento  do 
próprio sistema de saúde e de sua gestão.  

Análise da Expansão dos CAPS  

No  ano  de  2012,  frente  à  discussão  do  Plano  Integrado  de  Enfrentamento  ao  Crack  e  outras 
drogas,  publicou‐se  a  Portaria  nº  130  de  26  de  janeiro  de  2012  redefinindo  o  Centro  de  Atenção 
Psicossocial,  Álcool  e  outras  Drogas  24  horas  (CAPS  ad  III)  e  os  respectivos  incentivos  financeiros. 

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Conforme a Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas se consolida, novos serviços são 
instituídos,  com  base  nas  necessidades  vivenciadas  e  inovações/experiências  criadas  nos  territórios. 
Foi  o  que  se  deu  com  a  expansão  do  cuidado  contínuo,  nas  24  horas  dos  07  dias  da  semana,  para 
pessoas  com  necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas  em  situações  de  maior 
complexidade. Desde a publicação desta portaria, foram implantados 88 CAPS ad III em todo o país.  
A tabela abaixo a expansão do número de CAPS no Brasil por tipologia. Pode‐se verificar que 
no período de 2011 a 2015 houve uma expansão de 708 CAPS (374 CAPS I, 70 CAPS II, 37 CAPS III, 88 
CAPS AD III, 82 CAPS i, 57 CAPS ad).   
Tabela 7. Série histórica do número de CAPS habilitados no Brasil por Tipo (Brasil, dez/2006 a 2015) 

Ano   CAPS I  CAPS II  CAPS III  CAPSi  CAPSad  CAPSad III Total 


2006  437  322  38  75  138   ‐  1010 
2007  526  346  39  84  160   ‐  1155 
2008  618  382  39  101  186   ‐  1326 
2009  686  400  46  112  223   ‐  1467 
2010  761  418  55  128  258   ‐  1620 
2011  822  431  63  149  272  5  1742 
2012  907  464  72  174  293  27  1937 
2013  978  471  78  187  301  47  2062 
2014  1069  476  85  201  309  69  2209 
2015  1135  488  92  210  315  88  2328 
Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS. Sistematização dos Estabelecimentos 
Habilitados por meio de portaria específica. 
 
Destaca‐se  a  ampliação  dos  CAPS  I  entre  2011  e  2015,  dispositivos  estratégicos  para 
municípios com população a partir de 15 mil habitantes, sendo responsáveis pela atenção psicossocial 
das  diferentes  demandas  do  território  de  adultos  e  da  população  infanto‐juvenil,  considerando  as 
necessidades relacionadas ao sofrimento e/ou transtornos mentais, bem como aquelas decorrentes do 
uso  de  álcool  e  outras  drogas.  Por  conta  do  escopo  da  sua  atuação,  este  ponto  de  atenção  requer 
maior  articulação  e  desenvolvimento  de  arranjos  de  trabalho  conjunto  com  os  componentes  da 
Atenção Básica ‐ recurso de saúde mais presente nos municípios de pequeno e médio porte. Por outro 
lado,  a  necessidade  de  suporte  de  outros  componentes  da  RAPS,  para  garantia  da  continuidade  do 
cuidado,  como  leitos  de  saúde  mental  em  hospital  geral,  por  exemplo,  configura‐se  como  tarefa  de 
uma  pactuação  regional.  Apesar  de  normatizada  a  possibilidade  de  realização  do  procedimento  de 
acolhimento noturno nestes serviços, percebe‐se uma limitação prática em sua implementação, o que 
acarreta também na necessidade de apoio de outros serviços em municípios próximos e maiores para 
efetivação  de  uma  rede  integral.  No  mais,  cabe  destacar  o  desafio  de  fortalecer  a  estruturação  de 
ações  nos  CAPS  I  de  modo  a  garantir‐se  a  atenção  integral  também  ao  público  infanto‐juvenil,  em 
conformidade com as normativas vigentes.    
No que tange aos CAPSi, é preciso apontar que seu processo de expansão não condiz com a 
necessidade  do  assistencial  do  público  infantojuvenil.  Os  fóruns  de  saúde  mental  infantojuvenil  e 
demais espaços coletivos de discussão sobre a atenção psicossocial a essa população apontam para a 
necessidade de ampliação da cobertura de CAPSi no país, ressaltando a premissa de que tais serviços 

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ofertem ações que respondam às diferentes necessidades de saúde mental e álcool e outras drogas de 
crianças, adolescentes e jovens.  
Outro desafio apresentado refere‐se à expansão de CAPS  com funcionamento 24  horas, seja 
CAPS  III  ou  CAPS  ad  III.  Dos  191  municípios  com  mais  de  150  mil  habitantes  (estimativa  IBGE  2015), 
apenas 64 contam atualmente com ao menos um CAPS 24 horas. Destes, 48 municípios possuem CAPS 
III e 37 CAPS ad III. Apenas 22 municípios contam com pelo menos 01 CAPS III e 01 CAPS ad III. A tabela 
abaixo apresenta dados dos CAPS por tipo, UF e quantidade de Municípios Elegíveis. 

Tabela  8.  Distribuição  dos  CAPS  por  município  elegível  (ME)  e  número  de  municípios  com  CAPS 
habilitados por UF (Brasil, dez/2006 a 2015) 
População  CAPS  CAPS  CAPS  CAPS  Total  Municípios 
UF  CAPS I  CAPSi  ME  
(IBGE 2013)  II  III  AD  AD III  Geral  com CAPS 

Região 
15864454  94  33  6  6  9  7  155  127  239 
Norte 

AC  733559  3  1     1 5 5  14

AM  3483985  14  5  1  1 1 22 19  52

AP  669526           1 1 1 3 2  7 

PA  7581051  48  16  4  3 6 1 78 63  119

RO  1562409  14  5     1 1 21 18  27

RR  450479  5  1  1  1 8 6  6 

TO  1383445  10  5     3 18 14  14

Região 
53081950  501  144  22  45  84  25  821  625  872 
Nordeste 

AL  3120494  47  6     1 2 1 57 51  56

BA  14016906  158  35  3  10 16 4 226 181  255

CE  8452381  65  30  3  7 23 3 131 93  132

MA  6574789  45  16  3  3 7 74 63  135

PB  3766528  53  8  4  9 6 8 88 60  57

PE  8796448  49  26  4  8 15 4 106 72  131

PI  3118360  41  8  1  2 6 2 60 47  36

RN  3168027  18  11  1  3 5 2 40 30  34

SE  2068017  25  4  3  2 4 1 39 28  36

50
Região 
Centro‐ 14058094  75  27  2  9  20  6  139  96  157 
Oeste 

DF  2570160  1  3     1 4 3 12 1  1 

GO  6003788  34  15  1  3 8 2 63 47  66

MS  2449024  11  6  1  2 3 1 24 17  39

MT  3035122  29  3     3 5 40 31  51

Região 
80364410  274  200  55  108  135  29  801  456  685 
Sudeste 

ES  3514952  10  8  1  1 4 1 25 18  47

MG  19597330  139  53  15  21 32 11 271 194  255

RJ  15989929  43  46  3  25 21 2 140 77  75

SP  41262199  82  93  36  61 78 15 365 167  308

Região Sul  27389572  191  84  7  42 67 21 412 265  338

PR  10444526  56  28  4  12 25 8 133 84  125

RS  10696610  76  42  1  21 29 12 181 108  124

SC  6248436  59  14  2  9 13 1 98 73  89

Total Geral  190758480  1135 488  92  210 315 88 2328 1569  2291

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística 
 
A tabela acima apresenta a distribuição dos CAPS habilitados pelo Ministério da Saúde, por UF, 
tipo de serviço, até dezembro de 2015. 
Considerando  a  elegibilidade,  somente  os  estados  de  Roraima  e  Mato  Grosso  ainda  não  possuem 
nenhum CAPS com atenção contínua (CAPS III ou CAPS ad III) habilitados, e outros três da Região Norte 
(AC, RR e TO) não dispõem de CAPSi habilitados. 
Este cenário apresenta o momento atual da implementação da Política de Nacional de Saúde 
Mental, Álcool e Outras Drogas e indica também a necessidade de fortalecer e avançar na expansão 
dos CAPS e da RAPS como um todo. 
Com  publicação  do  Decreto  nº  7508/2011,  a  discussão  sobre  os  efeitos  e  as  estratégias  de 
regionalização dos serviços no contexto da RAPS configura‐se como um aspecto a ser priorizado nos 
próximos  anos.  No  que  se  refere  aos  CAPS,  a  organização  de  serviços  com  cobertura  regional,  deve 
implicar no planejamento e construção de arranjos específicos pelos municípios, a fim de garantir‐se 
no cotidiano de trabalho o seu princípio territorial e comunitário.  Ao longo dos anos foram habilitados 
junto  ao  Ministério  da  Saúde  CAPS  com  cobertura  regional.  É  fundamental  que  a  organização  deste 
tipo  de  serviço,  em  sendo  referência  para  mais  de  um  município,  considere  novos  dispositivos  para 

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efetivação da articulação intersetorial, das ações de matriciamento vinculada a diferentes municípios, 
bem  como  para  o  acompanhamento  cotidiano  dos  usuários  de  referência  na  relação  com  os  seus 
espaços  de  vida,  a  partir  da  construção  de  um  Plano  Terapêutico  Singular,  construído  em  conjunto 
com a finalidade responder as reais necessidades de saúde.  
Os apontamentos acima não são novidade para os atores sociais implicados com a construção 
da  reforma  psiquiátrica,  pois  são  frutos  das  deliberações  das  Conferências  de  Saúde  Mental  e  dos 
demais encontros para a consolidação da política. Sendo assim, optamos por trazer neste relatório de 
gestão  alguns  desafios  a  serem  considerados  quando  na  discussão  do  CAPS  regional  junto  aos 
territórios:  
 As estratégias de fortalecimento do cuidado em saúde mental nos serviços de atenção básica, 
especialmente  nos  municípios  com  menos  de  15  mil  habitantes,  quando  tal  componente  da 
RAPS é prioritário no território, realizando o acompanhamento psicossocial no cotidiano.  

 A  constituição  de  dispositivos  e  fluxos  de  rede  adequados  às  características  e  dimensões 
populacionais, com vistas à garantia da continuidade do cuidado nas 24h do dia.  

 A  composição  e  tamanho  da  equipe  adequadas  às  necessidades  dos  CAPS  para  que  tais 
serviços  possam    desenvolver  ações  da  clínica  psicossocial  em  determinado  território  com 
população  adscrita,  abarcando  práticas  diárias  de  atenção  que  superem  a  lógica  biomédica, 
promovam  articulação  com  demais  dispositivos  intersetoriais  e  serviços  de  saúde,  além  de 
novos  espaços  sociais  de  cidadania  e  participação  social,  com  protagonismo  de  usuários  de 
familiares.   

No bojo dos desafios prementes para o fortalecimento e sustentabilidade dos CAPS mantém‐
se  como  um  desafio  de  gestão  a  discussão  aprofundada  dos  valores  dos  recursos  financeiros  de 
custeio,  bem  como  a  revisão  na  composição  e  da  quantidade  de  profissionais  previstos  na  equipe 
mínima  (Portaria  nº  336/2002)  destes  serviços.  Ambos  os  aspectos  estão  interligados,  sobremaneira 
pelo fato de serem exceções os estados que dispõem de recursos para o cofinanciamento dos CAPS.  

O cuidado ofertado pelos CAPS  

A  constituição  de  uma  rede  efetivamente  forte  e  que  supere  à  lógica,  as  instituições  e  as 
estruturas  manicomiais  exige  a  implicação  de  serviços  articulados  e  comprometidos  com  a  atenção 
contínua, o que significa garantir o atendimento às situações de crise em saúde mental, álcool e outas 
drogas  nos  cenários  reais  do  cotidiano  dos  territórios.  Quais  os  formatos  e  arranjos  de  rede 
necessários  para  que  se  garanta  a  atenção  psicossocial  nas  24  horas  do  dia?  Para  a  verdadeira 
substituição das internações em instituições manicomiais é fundamental que haja serviços fortemente 
organizados para garantir o acolhimento noturno e nos finais de semana. 
Com  a  publicação  da  Portaria  nº  854,  de  22  de  agosto  de  2012,  todos  CAPS  –  nas  suas 
diferentes modalidades – passaram a ter a possibilidade de realizar o acolhimento noturno e de final 
de  semana,  de  forma  a  ampliar  os  recursos  terapêuticos  nas  situações  de  crise.  Trata‐se  de  uma 
estratégia  recente  para  os  CAPS  que  não  são  habilitados  como  serviços  24  horas  e,  nesse  sentido, 
configura‐se  como  estratégico  promover  articulações  junto  aos  territórios  para  que  tais  ações  se 
capilarizem.  Torna‐se,  então,  imprescindível  a  discussão  sobre  financiamento,  visto  que  a 
implementação da estratégia do acolhimento noturno e de final de semana implica na disponibilidade 
da equipe e adequação dos espaços internos dos serviços. Entretanto, tal medida é insuficiente frente 
ao  desafio  permanente  de  criar  condições  para  que  os  serviços  mantenham  as  “portas  abertas”, 

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garantindo o acesso irrestrito e desburocratizado. Como manter as contradições abertas no cotidiano 
dos CAPS de modo a manter sempre viva a necessidade de problematizar as ofertas e “cardápios” de 
ações desenvolvidas? 
Nos  contextos  dos  CAPS  24h,  destaca‐se  a  perspectiva  da  hospitalidade  em  lugar  da 
internação.  Os  espaços  e  ambientes  dos  CAPS  foram  objeto  de  publicação  neste  período  de  gestão, 
quando,  oportunamente,  reiterou‐se  o  propósito  do  acolhimento  integral  e  hospitalidade,  tratando 
desta  última  como  uma  dimensão  relacionada  à  possibilidade  de  “hospedar”,  motivo  pelo  qual  os 
CAPS 24h dispõem, essencialmente, de quartos com camas e não de leitos. 
No ano de 2012, o Ministério da Saúde publicou uma série de Portarias que instituíram novos 
procedimentos condizentes ao registro das ações realizadas nos CAPS (Portaria SAS nº 854/2012), nas 
Unidades de Acolhimento (Portaria SAS nº 855/2012) e nas Residências Terapêuticas (Portaria SAS nº 
857/2012).  É  importante  aqui  destacar  o  papel  dos  CAPS  neste  processo,  considerando  ser  este  o 
serviço responsável pelo suporte assistencial  e pelas informações condizentes aos demais pontos de 
atenção. Isto se deve ao fato de não considerarmos as Unidades de Acolhimento e nem as Residências 
Terapêuticas  estabelecimentos  de  saúde  –  por  isso  não  têm  CNES  próprio  –,  mas  sim,  dispositivos 
residenciais  destinados,  respectivamente,  ao  acolhimento  temporário  de  pessoas  em  situação  de 
vulnerabilidade  decorrente  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas  e  às  pessoas  egressas  de  internações 
psiquiátricas de longa permanência.  
A  alteração  da  tabela  de  procedimentos  relativa  às  ações  promovidas  nos  CAPS  buscou  dar 
sequência  às  medidas  de  superação  da  lógica  de  produtividade  atrelada  ao  funcionamento  dos 
serviços,  incidindo  sobre  os  conceitos  de  intensividade  (intensivo,  semi‐intensivo  e  não  intensivo) 
baseados  na  frequência  e  no  número  de  procedimentos  realizados  pelos  serviços  na  atenção  aos 
usuários  e  familiares.  A  substituição  da  APAC  para  o  Registro  das  Ações  Ambulatoriais  de  Saúde 
(RAAS)  tem  em  vista,  nesse  sentido,  a  indução  de  novas  práticas,  bem  como  a  maior  visibilidade  e 
diversificação da informação das ações desenvolvidas pelos CAPS, levando em conta a complexidade 
deste  ponto  de  atenção  da  RAPS  e  o  alinhamento  à  perspectiva  da  reabilitação  psicossocial  como 
produção de cidadania.  
Definiram‐se  20  procedimentos  pautados  nas  necessidades  reais  dos  contextos  de  vida  dos 
usuários  e  familiares  nos  serviços  e  no  território.  Destaca‐se  a  criação  de  procedimentos  de 
acolhimento inicial, atendimento familiar, atendimento domiciliar, atenção às situações de crise, ações 
de Redução de Danos, ações de articulação em redes intra e intersetoriais, matriciamento de equipes 
da  atenção  básica,  matriciamento  dos  pontos  de  atenção  da  Rede  de  Urgência  e  Emergência  e  dos 
Serviços Hospitalares de Referência, promoção de contratualidade e fortalecimento do protagonismo 
de  usuários.  Incluiu‐se,  ainda,  a  possibilidade  de  registro  das  ações  realizadas  pela  equipe  do  CAPS 
voltadas  ao  acompanhamento  dos  Serviços  Residenciais  Terapêuticos  (SRT),  das  Unidades  de 
Acolhimento (UA) e Serviços de Atenção em Regime Residencial (SARR). 
Além disso, a Portaria nº 854/2012 ampliou a relação de quadros diagnósticos (CID) e a faixa 
etária do público dos serviços (0 a 110 anos), com destaque para a possibilidade de atendimento de 
jovens  com  até  25  anos  nos  CAPSi  e  a  partir  de  06  anos  nos  CAPS  ad  e  CAPS  ad  III.  Esta  mudança 
corrobora com o propósito de contribuir para que a lógica do cuidado nos CAPS, independente da sua 
tipologia,  ponha  em  evidência  a  dimensão  psicossocial  dos  sujeitos  em  seus  contextos  e,  entre 
parênteses, a dimensão biomédica.  

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Estabeleceu‐se,  ainda,  a  obrigatoriedade  de  preenchimento  da  Ficha  Cadastral  de 
Estabelecimento  de  Saúde  (FCES)  complementar  nº  35,  no  Sistema  de  Cadastro  Nacional  dos 
Estabelecimentos  de  Saúde  –  SCNES.  A  FCES  foi  criada  em  conjunto  com  o  Departamento  de 
Regulação,  Controle  e  Avaliação  de  Sistemas  (DRAC/SAS)  do  Ministério  da  Saúde,  com  intuito  de 
atualizar  os  dados  de  endereço  e  equipe  dos  pontos  de  atenção  e  disponibilizar  informações 
atualizadas sobre a estrutura do serviço e sobre a rede de atenção municipal e/ou regional. 

Instrumentos de registro das informações  

Os  novos  procedimentos  de  CAPS  vêm,  portanto,  acompanhados  de  novo  instrumento  de 
informação  das  ações  realizadas,  qual  seja  o  RAAS  psicossocial,  que  traz  também  informações 
importantes relativas ao usuário e o seu atendimento, tais como:  
 Informação sobre o uso de álcool, crack e/ou outras drogas por parte do usuário;  
 Informações sobre a origem do usuário;  
 Informações sobre encaminhamentos;  
 Possibilidade de informar se a ação foi realizada no CAPS ou no território.  
O sistema de Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde possui formulário próprio para a atenção 
psicossocial  (RAAS  psicossocial)  e  a  lógica  do  registro  de  ações  proposta  pela  Portaria  nº  854/2012, 
estabeleceu  que  os  procedimentos  relativos  ao  cuidado  direto  dos  usuários  do  serviço  e/ou  seus 
familiares dentro ou fora da unidade, após ingresso no serviço, devem ser informados através do RAAS 
da  Atenção  Psicossocial.  Cada  usuário  possui  um  RAAS  único,  que  poderá  conter  diversos 
procedimentos. 
Além  do  RAAS,  também  foram  estabelecidos  como  instrumentos  de  informação  para  os  novos 
procedimentos  o  BPA/I  ‐  Boletim  de  Produção  Ambulatorial  Individualizado  e  BPA/C  ‐  Boletim  de 
Produção Ambulatorial Consolidado.  
O  BPA/C  é  o  instrumento  de  registro  das  ações  institucionais,  de  articulação  e  sustentação  de 
redes de cuidado, tais como matriciamento, ações de Redução de Danos, ações intra e intersetoriais, 
etc. O único procedimento a ser informado através do BPA/I é o procedimento de Acolhimento Inicial 
por Centro de Atenção Psicossocial. A criação deste procedimento e o estabelecimento de formulário 
próprio para esta informação têm como objetivo dar visibilidade e ofertar uma base de dados para que 
o município tenha informações para a organização de sua Rede.  
No entanto, como ocorre em toda mudança nos sistemas de informação, observa‐se, desde 2012, 
uma  queda  significativa  nos  registros  de  atendimentos  pelos  CAPS.  No  período  de  2008  a  2011, 
observava‐se uma tendência crescente no registro ambulatorial em saúde mental, com um aumento 
médio de quase dois milhões de procedimentos ao ano (Fig. 1). Considerando a expansão dos CAPS, 
caso  essa  tendência  fosse  mantida,  seria  esperado  um  volume  de  cerca  de  28,9  milhões  de 
procedimentos/ano em 2014. No entanto, essa tendência foi alterada a partir de 2012, provavelmente 
em decorrência de mudanças nos instrumentos de registro e procedimentos. 
 
 
 
 
 
 
 

54
Gráfico  4.  Evolução  dos  registros  de  procedimentos  ambulatoriais  em  saúde  mental  aprovados  e 
estimativa da produção se mantida a tendência anterior. Brasil, 2008‐2014 
 
40.000.000

35.000.000
Registro de Procedimentos

30.000.000

25.000.000

20.000.000

15.000.000

10.000.000

5.000.000

0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
CAPS 1.326 1.467 1.620 1.742 1.937 2.062 2.212
registrado 21.572.4 24.073.1 25.976.2 27.470.4 26.522.4 13.162.4 15.530.3
estimado 21.572.4 24.073.1 25.976.2 27.470.4 30.285.1 32.239.4 34.584.7
 
Fonte: Datasus e S.I.A.‐SUS 

Diante  das  alterações  instituídas  pela  Portaria  nº  854/2012,  a  CGMAD  realizou  ações  para 
qualificar tanto o entendimento acerca dos procedimentos quanto da alimentação dos instrumentos 
de informação por parte dos territórios, quais sejam: 

 Nota  Técnica  da  CGMAD  de  setembro  de  2012  destinada  a  coordenadores  (as)  estaduais  e 
municipais  de  saúde  mental  e  trabalhadores  (as)  dos  Centros  de  Atenção  Psicossocial  e  da 
RAPS, com informações que visavam esclarecer possíveis dúvidas e facilitar o preenchimento 
dos novos procedimentos; 

 Videoconferência realizada em 21 de novembro de 2014 sobre os procedimentos da Portaria 
nº 854/2012, com o intuito de fortalecer a compreensão acerca das ações desenvolvidas nos 
CAPS,  qualificar  a  informação  produzida  e  fomentar  a  discussão  entre  gestores  (as), 
trabalhadores  (as),  usuários  (as)  e  familiares  sobre  o  papel  desempenhado  pelos  pontos  de 
atenção da RAPS. 

 Videoconferência realizada em 06 de julho de 2015 sobre o Registro de Ações Ambulatoriais 
de  Saúde  (RAAS),  com  vistas  a  melhorar  o  processo  de  alimentação  dos  sistemas  de 
informação  pelos  CAPS,  frente  à  manifestação  de  dúvidas  remanescentes  sobre  o  manuseio 
do  sistema,  com  a  participação  de  referência  técnica  para  assuntos  relacionados  ao  sistema 
RAAS da Coordenação Geral de Sistemas de Informação ‐ CGSI/DRAC/SAS/MS. 

 Ofícios  enviados  em  julho  de  2015  a  gestores  municipais  e  estaduais  com  o  intuito  de 
comunicar  a  ausência  de  registro  no  Sistema  de  Informação  Ambulatorial  (SIA/SUS)  dos 
procedimentos resultantes de ações dos CAPS e, ainda, informar a necessidade de tomada de 

55
providências  cabíveis  com  maior  brevidade  para  identificação  de  problemas  que  poderiam 
comprometer  o  registro  mensal  dos  atendimentos,  garantindo  a  alimentação  regular  nos 
sistemas  de  informações,  sob  o  risco  de  suspensão  de  recurso  na  falta  de  registro  por  três 
competências consecutivas. 

É  notória  a  relevância  dessa  temática  na  conjuntura  atual  da  RAPS,  se  considerarmos  que  a 
Videoconferência  realizada  em  julho  de  2015  obteve  mais  de  4.000  acessos  em  tempo  real, 
abrangendo cerca de 200 municípios do Brasil, além de visualizações provenientes do Reino Unido e 
Estados Unidos. A participação em tempo real de profissionais e gestores dos estados de Amazonas, 
Piauí, Espírito Santo, Roraima, Paraíba, Rio de Janeiro, Paraná, Ceará, Acre, Tocantins e Pará, através 
dos  pontos  do  DATASUS  estaduais,  contribuiu  para  a  troca  de  informações  e  busca  por  soluções 
coletivas,  a  partir  também  das  experiências  dos  territórios.  O  desafio  posto  incorre  na  regularização 
dos registros pelos serviços com base nas ações realizadas, no acesso ao relatório consolidado com as 
informações  produzidas  pelos CAPS mensalmente,  na análise  dos dados para possibilitar a discussão 
do projeto institucional pelos serviços, na simplificação dos mecanismos de alimentação dos sistemas 
de informação, na ampliação das condições de suporte (recursos humanos e materiais) nos CAPS para 
adequação às necessidades de alimentação dos dados. 
Os dados disponíveis no SIA‐SUS ainda não permitem apontar de forma conclusiva os efeitos do 
ofício  enviado  em  julho/15  aos  municípios  com  CAPS  sem  registros  de  procedimentos  em  2014,  na 
medida  em  que  só  dispomos  de  dados  até  a  competência  de  outubro/2015  e  os  três  últimos  meses 
(agosto, setembro, outubro) ainda estão no prazo de atualização. Entretanto, apesar da tendência de 
recuperação no volume de registros das ações ambulatoriais de saúde, há necessidade de adoção de 
novas estratégias a fim de construírem‐se subsídios para a definição de indicadores de qualidade para 
a RAPS.  
Diante  da  necessidade  de  intensificar  a  regularização  dos  registros  das  ações  realizadas  pelos 
serviços, além da demanda de alguns estados e municípios relativa à ampliação de mecanismos para 
visibilidade  do  funcionamento  dos  seus  serviços  com  base  nos  sistemas  de  informação,  a  CGMAD 
selecionou  um  conjunto  de  indicadores  de  saúde  mental,  os  quais  estão  sendo  testados  pelo 
Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS (DEMAS/SE/MS) com o objetivo de futuramente 
implantar  um  aplicativo  de  monitoramento  com  indicadores  que  se  mostrarem  mais  consistentes. 
Muitos  desses  indicadores  dependem  da  individualização  dos  dados  por  usuário,  o  que  ainda  não 
constitui uma realidade devido ao fato de que uma mesma pessoa pode ter vários números de cartão 
SUS, problema que exige a utilização de abordagens estatísticas complexas para sua solução. Acredita‐
se que os primeiros resultados desse monitoramento não serão fidedignos devido a esse sub‐registro, 
mas  dará  maior  visibilidade  àquilo  que  os  serviços  estão  registrando,  induzindo  dessa  forma  uma 
melhoria na qualidade e quantidade dos dados registrados. Para além disso, o fato do monitoramento 
e avaliação da RAPS constituírem‐se como responsabilidades compartilhadas entre as três esferas de 
gestão  do  SUS,  aponta  para  a  necessidade  de  desenvolver‐se,  de  forma  participativa  e  também 
compartilhada, propostas de indicadores consensuadas e que atendam a complexidade dos territórios.  
Há que se destacar a aqui a Portaria SAS/MS nº 854/2012, que buscou instrumentalizar os CAPS 
para superar alguns dos desafios aqui mencionados e qualificar a prática dos serviços ao alterar e criar 
novos  procedimentos  para  os  CAPS,  propondo  a  superação  do  mero registro  de  procedimentos 
baseados na frequência do usuário e a indução de novas práticas alinhadas à clínica realizada nestes 
serviços  e  aos  contextos  de  vida  dos  usuários  e  familiares.  A  instituição  desse  novo  instrumento  de 
registro, juntamente com a organização da rede por meio dos seus componentes, recoloca os desafios 

56
da  Política,  no  que  se  refere  ao  lugar  estratégico  ocupado  pelos  CAPS  na  RAPS.  Nesse  sentido,  é 
necessário o aprofundamento da discussão sobre o componente variável de financiamento dos CAPS, 
previsto  pelo  artigo  2º  da  Portaria  GM/MS  nº  3089/2011,  considerando  o  fortalecimento  das 
estratégias territoriais e clínicas em conformidade com a complexidade da atenção de qualidade. 

A estrutura física dos CAPS e Unidades de Acolhimento como lugares da atenção psicossocial 

No  ano  de  2013  foi  publicada  a  Portaria  GM  nº  615/2013,  que  destinou  recursos  para  a 
construção  de  edificações  que  sediem  CAPS  e  Unidades  de  Acolhimento.  No  mesmo  ano  a  CGMAD 
iniciou  discussão  em  parceria  com  a  Política  Nacional  de  Humanização  (PNH)  e  com  a  Secretaria 
Executiva  do  Ministério  da  Saúde  sobre  a  elaboração  de  projeto  arquitetônico  básico  adequado  à 
proposta  terapêutica  dos  CAPS  e  que  dialogue  com  as  realidades  regionais,  climáticas,  étnicas  e 
sociais.  Essa  discussão  gerou  a  elaboração  dos  projetos  padrões  de  arquitetura8 e  do  documento 
Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como Lugares da Atenção Psicossocial 
nos  Territórios  ‐  Orientações  para  elaboração  de  projetos  de  construção,  reforma  e  ampliação  de 
CAPS e UA9. 
Este  documento  teve  por  objetivo  oferecer  subsídios  e  orientar  gestores,  profissionais  e 
demais  atores  implicados  no  planejamento  de  projetos  de  construção,  reforma  e  ampliação  dos 
ambientes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e das Unidades de Acolhimento (UA), valendo‐
se  da  compreensão  de  que  a  estrutura  física  e  seus  ambientes  constituem  base  operacional 
fundamental  para  a  garantia  da  qualidade  do  cuidado  e  das  relações  entre  usuários,  equipes  e 
territórios  e  que  pode  contribuir  para  a  expansão,  sustentabilidade  e  fortalecimento  da 
implementação das RAPS.  
Com  a  proposta  de  diálogo  e  adequação  às  realidades  e  contextos  socioculturais  locais, 
levando‐se  em  conta  tanto  o  número  previsto  de  profissionais,  usuários,  familiares,  comunidade  em 
geral,  bem  como  residentes,  estagiários  e  docentes,  estes  pontos  de  atenção  são  entendidos  como 
cenários de práticas para os processos de formação de profissionais em consonância com as diretrizes 
e  princípios  do  SUS.  Propõe‐se  que  os  projetos  arquitetônicos  e  de  ambiência  promovam  relações  e 
processos de trabalho também em consonância com as diretrizes e objetivos da RAPS, caracterizados 
pela atenção humanizada, de base comunitária/territorial, substitutiva ao modelo asilar, pelo respeito 
aos  direitos  humanos,  à  autonomia  e  liberdade  das  pessoas,  orientada  pelas  pela  garantia  da 
qualidade e da humanização da atenção no SUS.  

4.3. ATENÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 

O  componente  de  atenção  às  urgências  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial  (RAPS)  marca  a 
necessária transversalidade entre a RAPS e a Rede de Atenção às Urgências (RUE). As normativas que 
regulamentam  a  Política  Nacional  de  Atenção  às  Urgências  e  a  RUE  (Portaria  GM  1600,  de  2011) 
estabelecem que as urgências ditas psiquiátricas devam ser acolhidas pelos pontos de atenção da RUE. 
Ao mesmo tempo, as normativas da RAPS também incluem pontos de atenção, tais como Serviço de 
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Portas Hospitalares 
de Atenção às Urgências (Pronto Socorro) como serviços da RAPS.  

8
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/802-sas-raiz/daet-
raiz/saude-mental/l1-saude-mental/17820-projetos-padroes-de-arquitetura
9
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.pdf

57
No entanto, podemos afirmar que há muitas barreiras de acesso das pessoas com transtorno 
mental  e/ou  usuários  de  drogas  a  serviços  que  não  sejam  “exclusivos”  da  RAPS.  O  imaginário  da 
periculosidade, o estigma, o preconceito e o desconhecimento revelam‐se como barreiras de acesso 
para pessoas em situações de crise em saúde mental aos serviços do SUS de maneira geral. A resposta 
ofertada  historicamente  para  as  situações  de  crise  em  saúde  mental  traduzia‐se  única  e 
exclusivamente  pela  internação  em  hospitais  psiquiátricos.  Diante  desse  contexto,  apontamos  a 
necessidade  de  qualificação  das  práticas  de  cuidado  nas  situações  de  crise  e  urgências  em  saúde 
mental. 
Outro  ponto  que  merece  ser  destacado  em  relação  a  este  componente  é  que  somente  em 
torno de 3% da totalidade dos municípios brasileiros (em torno de 180) possuem população acima de 
150  mil  habitantes,  que  é  o  critério  populacional  definido  pelas  normativas  para  implantação  de 
serviços  CAPS  24h.  Do  total  de  CAPS  habilitados  pelo  Mistério  da  Saúde  apenas  8%  são  habilitados 
como serviços 24h (180 CAPS).  
Dessa  forma,  destaca‐se  como  uma  das  principais  dificuldades  a  garantia  de  hospitalidade 
noturna nos CAPS. Durante o ano de 2012 foram realizadas visitas técnicas a municípios que possuíam 
CAPS II e CAPS AD para tentativa de indução de qualificação para funcionamento 24h.  
Desponta como um desafio o aumento de custeio para ações e serviços com foco na atenção à crise.   

Nesse sentido, no período de 2011‐2015, a CGMAD trabalhou no apoio aos estados e municípios para 
que a atenção contínua na perspectiva da desinstitucionalização possa ser favorecida por: 

 Centros de Atenção Psicossocial que funcionem 24h. 

 SAMU  e  UPA  acessíveis  para  as  demandas  de  saúde  mental  e  que  possam  ofertar 
suporte noturno para os CAPS. 

 Leitos de retaguarda em hospital geral com articulação com a rede. 

 Regulação  do  acesso  a  RAPS  que  garanta  a  primazia  dos  serviços  territoriais  em 
detrimento da internação como principal resposta. 

É um grande desafio construir arranjos locais e pactuações regionais que garantam a atenção 
contínua, principalmente considerando os municípios de menor porte. Sessenta por cento (60%) dos 
municípios  brasileiros  apresentam  população  inferior  a  15  mil  habitantes  (critério  populacional  para 
implantação de CAPS I). Logo, construir processos junto à Atenção Básica (AB) para que demandas da 
atenção psicossocial possam ser acolhidas, incluindo situações de crise e algumas urgências, também 
se mostra como um desafio, principalmente se considerarmos localidades onde não há CAPS ou que se 
encontram geograficamente distantes dos grandes centros e cidades maiores. 
A  função  estratégica  do  CAPS  no  acolhimento  das  situações  de  crise  e  seu  papel  articulador 
junto aos demais pontos de atenção da RAPS são tensionamentos que se fazem constantes junto aos 
estados e municípios por meio do apoio técnico institucional. No entanto, apesar da diversificação dos 
espaços e estratégias, algumas práticas manicomiais permanecem operando nos momentos de maior 
fragilidade que são os momentos de crise. A ênfase na tutela e no controle por meio de intervenções 
invasivas tais como contenção física, química e internações involuntárias ainda são comuns. 
Podemos  apontar  três  ações  importantes  para  qualificação  da  atenção  à  crise  e  urgências  em 
saúde mental: 

58
1. Realização  de  curso  na  modalidade  EAD  Atenção  à  Crise  e  Urgências  em  Saúde  Mental,  em 
parceria com a SGTES/MS e Universidade Federal de Santa Catarina por meio de um convênio. 
O  curso  chegou  a  1189  municípios  do  Brasil  e  certificou  1.994  alunos  no  período  de  2014  e 
2015, dos quais 117 alunos atuavam em UPA e Pronto Socorro. 

2. A  Linha  de  Ação  de  Atenção  à  Crise  em  Saúde  Mental,  do  Projeto  Percursos  Formativos  na 
RAPS,  abrangendo  18  municípios  envolvidos  na  construção  de  práticas  que  sustentem  o 
cuidado no território, sendo três deles redes receptoras.  

3. A  construção  dos  Protocolos  Assistenciais  em  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas  para  o 
SAMU. 

A  interlocução  com  o  Departamento  de  Atenção  Hospitalar  e  Urgências  (DAHU)  sempre  foi 
buscada como uma estratégia para fortalecimento das ações da RAPS para atendimento das urgências 
e  emergências.  Em  2014  foi  criado  um  grupo  de  trabalho  composto  por  diversos  profissionais  de 
SAMU  do  Brasil  e  alguns  representantes  do  MS  para  elaboração  de  protocolos  assistenciais  para  o 
SAMU.  Cabe  destacar  que  os  protocolos  de  apoio  para  manejo  de  situações  relacionadas  à  atenção 
psicossocial estão na parte dos Protocolos Clínicos. O protocolo de contenção física traduz‐se por um 
procedimento, não se restringindo ou vinculando diretamente às situações de saúde mental. 
No final de 2014 foram publicados, tanto para suporte básico de vida (SBV) quanto para suporte 
avançado (SAV), os seguintes protocolos: 
 Manejo da Crise em Saúde Mental ‐ BC28 (SBV), AC39 (SAV)  

 Agitação e situação de violência ‐ BC29 (SBV), AC40 (SAV) 

 Intoxicação e abstinência alcóolica ‐ BC30 (SBV), AC41 (SAV) 

 Intoxicação por drogas estimulantes ‐ BC31 (SBV), AC42 (SAV) 

Um  aspecto  que  se  configura  como  desafio  corresponde  ao  necessário  aprofundamento  das 
discussões  sobre  as  crises  relacionadas  ao  uso  de  álcool  e  outras  drogas  para  além  dos  casos  de 
intoxicação e abstinência.  
Outra  ação  que  merece  ser  destacada  foi  a  realização,  em  novembro  de  2015,  do  I  Simpósio 
Internacional  de  Saúde  Mental  na  Gestão  Integral  de  Riscos  e  Desastres.  O  evento  reuniu  150 
participantes entre gestores e trabalhadores do Sistema Único de Saúde, Sistema Único de Assistência 
Social, Defesa Civil, docentes da área de Saúde Mental e áreas afins. Resultado da união de esforços 
entre o Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, a Organização 
Pan  Americana  de  Saúde  e  a  Universidade  de  Brasília,  a  proposta  do  Simpósio  foi  ampliar  as 
possibilidades de trabalho e aprendizado, bem como auxiliar a capacidade de gestores e profissionais 
(SUS,  SUAS  e  Defesa  Civil)  na  promoção  de  atenção  psicossocial  e  cuidados  em  saúde  mental  em 
situações de desastres. 

4.4. ATENÇÃO RESIDENCIAL DE CARÁTER TRANSITÓRIO 

  Este Componente busca assegurar o disposto na Lei 10.216/01 e está organizado na RAPS por 
iniciativas  que  visam  garantir  às  pessoas  com  necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras 
drogas,  em  situação  de  vulnerabilidade,  o  cuidado  integral  por  meio  de  estratégias  substitutivas,  na 
perspectiva da garantia de direitos com a promoção de autonomia, contratualidade e o exercício de 
cidadania, buscando sua progressiva inclusão social. 

59
A  Portaria  nº  3088/2011,  no  seu  artigo  9º  estabelece  os  pontos  de  atenção  na  Rede  de 
Atenção Psicossocial referentes ao componente Atenção Residencial de Caráter Transitório: 
I  ‐  Unidade  de  Acolhimento  (Portaria  nº  121,  de  25  de  janeiro  de  2012):  oferece  cuidados 
contínuos  de  saúde,  com  funcionamento  de  vinte  e  quatro  horas,  em  ambiente  residencial,  para 
pessoas com necessidade decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de ambos os sexos, que 
apresentem  acentuada  vulnerabilidade  social  e/ou  familiar  e  demandem  acompanhamento 
terapêutico e protetivo de caráter transitório; 
II  ‐  Serviços  de  Atenção  em  Regime  Residencial  (Portaria  nº  131,  de  26  de  janeiro  de  2012), 
entre os quais Comunidades Terapêuticas: serviço de saúde destinado a oferecer cuidados contínuos 
de saúde, de caráter residencial transitório por até nove meses para adultos com necessidades clínicas 
estáveis decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. 

Unidade de Acolhimento 

As Unidades de Acolhimento (UA) foram concebidas a partir da necessidade de ampliação de 
recursos territoriais e comunitários para o cuidado de necessidades de saúde decorrentes do uso de 
álcool e outras drogas. Nesse sentido, as Unidades de Acolhimento se configuram como residências e 
podem ser categorizadas em duas modalidades (Adulto e Infantojuvenil). 
Da mesma forma que as SRT, as Unidades de Acolhimento não se constituem como serviços de 
saúde  autônomos,  dada  sua  característica  de  dispositivo  residencial.  Dessa  forma  está  diretamente 
relacionada aos CAPS e figura como recurso importante para os Projetos Terapêuticos Singulares. Os 
espaços de habitação relacionados à RAPS estão inseridos na perspectiva da Reabilitação Psicossocial. 
Assim,  o  “habitar”  é  um  dos  eixos  centrais  nos  processos  de  reabilitação  psicossocial  que  visam  à 
promoção  de  autonomia,  de  participação  nas  trocas  sociais,  e  de  ampliação  do  poder  de 
contratualidade social, de acesso e exercício de direitos das pessoas com a experiência do sofrimento 
psíquico incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas (ROTELLI, 
1994; SARACENO, 1999; TYKANORI, 1996).  
As  Unidades  de  Acolhimento  buscam  romper  com  a  noção  de  abrigamento,  ou  asilo, 
tradicionalmente  presentes  no  contexto  assistencial  brasileiro.  Dessa  forma,  espera‐se  que  não  seja 
um  ambiente  centrado  em  regramentos  institucionais  externos,  garantindo‐se  a  privacidade  e  a 
complexidade  das  relações  cotidianas  nos  ambientes  presentes  nos  ambientes  residenciais.  Trata‐se 
de um recurso que busca o fortalecimento e/ou reconstrução de projetos de vida e, desse modo, um 
espaço que possibilite a garantia de suporte dos recursos da RAPS (BRASIL, 2012a). 
Nesse sentido não há orientação, no conjunto normativo, que aponte para seu funcionamento 
divido por sexo, com presença de alimentação pronta ou serviços de faxina. As tarefas relacionadas à 
reprodução  da  vida  cotidiana  deverão  ser  solidariamente  dividas.  Por  conta  disso  são  benvindas  as 
utilizações. 
 As  Unidades  de  Acolhimento  decorrem  de  experiências  anteriores  realizadas  em  menor 
escala,  induzidas  por  editais.  O  edital  nº  003/2010/GSIPR/SENAD/MS  financiou  as  Casas  de 
Acolhimento Transitório (CAT).  
Até 2015, havia 50 UA habilitadas pelo Ministério da Saúde, e mais 19 CAT ou UA que estavam 
funcionando, mas que ainda não haviam sido habilitadas pelo MS. Portanto, durante o período desse 
relatório,  69  experiências  de  Atenção  em  caráter  residencial  transitório  de  base  territorial  e 

60
comunitária foram financiadas, seja por meio de repasse regular de recursos de custeio (UA), seja via 
editais (CAT) conforme indicado em tabela a seguir: 

Tabela 9. Unidades de Acolhimento habilitadas (Brasil, 2015) 

Região  UF  UAA  UAI  Total 


Norte  AC  1  1 
AL  1  1 
CE  4  4  8 
Nordeste  PB  2  1  3 
PI  1  1 
SE  2  2 
Centro‐
DF  1  1 
Oeste   
MG  2  4  6 
Sudeste 
SP  10  4  14 
PR  3  2  5 
Sul  RS  2  2  4 
SC  1  1 
Total geral  28  19  47 
Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 
 

A  compreensão  e  operacionalização  do  funcionamento  das  UA  ainda  é  algo  em  franco 
desenvolvimento no âmbito da Reforma Psiquiátrica e distintas compreensões têm sido utilizadas no 
cotidiano das residências. 
Entre  2011  e  2015  foram  elaboradas  Notas  Técnicas  sobre  as  UA,  bem  como  foi  realizada 
videoconferência  sobre  o  tema.  As  UA  foram  ainda  de  discussão  no  I  ENRAPS.  Reconhece‐se    nesse 
relatório a necessidade de realização de um Encontro amplo para discutir e trocar experiências sobre 
as Unidades de Acolhimento.   

Serviço de Atenção em Regime Residencial  

A  Portaria  nº  131  de  26  de  Janeiro  de  2012,  instituiu  os  Serviços  de  Atenção  em  Regime 
Residencial (SARR), quais sejam, serviços de saúde de atenção residencial transitória para o cuidado de 
adultos  com  necessidades  clínicas  estáveis  decorrentes  do  uso  de  álcool,  crack  e  outras  drogas. 
Entendem‐se  como  um  gênero  deste  tipo  de  serviço,  as  Comunidades  Terapêuticas  (CT)  (BRASIL, 
2012b). 
Os  SARR  são  entidades  prestadoras  de  serviço  que  para  se  inserirem  no  contexto  dos 
pressupostos  da  RAPS  devem  se  adequar  quanto  à:  Existência  de  RAPS  constituída;  Certificação  das 
Entidades  Beneficentes  de  Assistência  Social  (CEBAS);  observância  às  disposições  contidas  na 
Resolução  nº  63,  de  25  de  novembro  de  2011,  da  ANVISA;  comprovação  da  existência  e  do  efetivo 
funcionamento da entidade beneficiária há pelo menos três anos quando da publicação desta Portaria. 
A  estruturação  da  entidade  prestadora  de  serviço  de  atenção  em  regime  residencial  deve 
observar as Resoluções da ANVISA de números 50, de 21 de fevereiro de 2002, e 29, de 30 de junho de 
2011.  É  preciso  apontar  que  durante  os  anos  de  2011  a  2015  houve  apenas  três  solicitações  de 
incentivo  financeiro  para  Comunidades  Terapêuticas  no  âmbito  do  SUS  por  meio  da  Portaria  nº 
131/2012. As três propostas não apresentavam as condições exigidas pela referida normativa. 

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No  contexto  das  ações  destinadas  ao  desenvolvimento  de  estratégias  de  cuidado  às  pessoas 
com  necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas,  neste  período  de  gestão  foram 
publicados  três  editais  de  Chamamentos  Públicos,  em  2012,  para  seleção  de  Projetos  voltados  à 
prestação  de  Serviços  em  Regime  de  Residência.  Na  seleção  foram  aprovados  11  projetos  com 
documentação adequada aos critérios previstos nas chamadas. 
Entre os anos de 2011 e 2015 nenhuma Comunidade Terapêutica foi habilitada com base na 
Portaria  131  de  2012.  Dessa  forma  não  há  registros  no  período  apontado  de  repasse  regular  de 
recursos de custeio para as referidas entidades. 

4.5. ATENÇÃO HOSPITALAR 

O  componente  de  Atenção  Hospitalar  da  RAPS  habilita  Hospitais  Gerais,  Maternidades  e 
Hospitais de Pediatria para oferta de leitos de saúde mental que funcionem como retaguarda para a 
RAPS. As atuais normativas sobre este componente são: 
 Portaria GM/MS Nº 148, de 1º de fevereiro de 2012, define as normas de funcionamento e 
habilitação do Serviço Hospitalar de Referência para atenção a pessoas com sofrimento ou 
transtorno  mental  e  com  necessidades  de  saúde  decorrentes  do  uso  de  álcool,  crack  e 
outras  drogas,  do  Componente  Hospitalar  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  e  institui 
incentivos financeiros de investimento e de custeio; 

 Portarias GM/MS Nº 349, de 1º de março de 2012 e Nº 1.615, de 27 de julho de 2012 que 
alteram e acrescem dispositivos à Portaria n° 148/GM/MS, de 2012; 

 Portaria SAS/MS Nº 1.615, de 26 de julho de 2012, altera o item II do artigo 9º e os artigos 
12º e 13º da Portaria nº 148/GM/MS, de 31 de janeiro de 2012; 

 Portaria SAS/MS Nº 953, de 13 de setembro de 2012, institui a habilitação via SCNES e de 
procedimentos referentes aos leitos de saúde mental. 

O principal objetivo deste ponto de atenção é oferecer cuidado hospitalar para pessoas com 
transtornos mentais e/ou com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, com vistas 
a: 
A. Avaliação diagnóstica e discriminação de patologias somáticas e/ou psiquiátricas; 

B.  Manejo  de  situações  de  crise  e/ou  vulnerabilidade  extrema  que  apresentem  risco  de  vida 
para o usuário. 

O acesso deve ser regulado a partir de critérios clínicos e as internações devem ser de curta 
duração, priorizando a superação da lógica asilar realizada pelos Hospitais Psiquiátricos. Essa premissa 
representa  um  desafio.  É  necessário  construir  critérios  para  a  regulação  e  fluxos  organizativos  que 
propiciem  maior  integração  desse  componente  da  RAPS  com  os  demais  componentes  da  rede  de 
saúde.  
A implantação desse componente sempre enfrentou muita resistência por parte dos hospitais 
gerais. Como estratégia de superação, buscamos parceria com o Departamento de Atenção Hospitalar 
e Urgências, com vistas ao apoio da Rede de Urgência e Emergência e com o Ministério da Educação, 
com vistas à sensibilização dos Hospitais Universitários Federais, além da elaboração de notas técnicas 
e realização de videoconferências com estados e municípios para esclarecimentos quanto este ponto 
de atenção. 

62
Como grande parte dos hospitais gerais é de gestão estadual, muitos municípios dependem do 
estado  para  implantação  desse  componente.  Outro  ponto  importante  é  que  contamos  com  um 
número  significativo  de  leitos  que  foram  incentivados  e  não  foram  habilitados.  Abaixo,  segue  tabela 
com  os  Serviços  Hospitalares  de  Referência  com  leitos  de  saúde  mental  habilitados  por  UF  até 
dezembro de 2015. 

Tabela  10.  Serviços  Hospitalares  de  Referência  com  leitos  de  saúde  mental,  álcool  e  outras  drogas 
habilitado por UF (dez/2015) 

Região  UF  Hospitais   Leitos 


AC  1  18 
Norte  RO  2  12 
TO  2  21 
Subtotal Norte  5  51 
AL  2  15 
BA  1  2 
CE  4  25 
PB  1  20 
Nordeste 
PE  4  25 
PI  1  10 
RN  1  6 
SE  2  30 
Subtotal Nordeste  16  133 
DF  7  45 
Centro‐
GO  2  15 
Oeste 
MS  1  4 
Subtotal  Centro‐
10  64 
Oeste 
MG  51  207 
Sudeste  RJ  22  127 
SP  2  30 
Subtotal Sudeste  75  364 
PR  2  10 
Sul  RS  93  346 
SC  5  37 
Subtotal Sul  100  393 
Total  206  1005 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Em 2015 havia 1005 leitos de saúde mental habilitados em 206 hospitais gerais. 40% dos leitos 
encontram‐se na Região Sul, 36% na Região Sudeste, 13% na Região Nordeste, 6% na Região Centro 
Oeste e 5% na Região Norte. Do total de leitos em torno de 45% estão em municípios com menos de 
15 mil habitantes em hospitais de pequeno porte (menos de 50 leitos) e somente 17% em municípios 
com mais de 150 mil habitantes. 
O  monitoramento  desse  ponto  de  atenção  tem  se  dado  por  meio  do  acompanhamento  das 
taxas  de  ocupação  e  média  de  permanência  junto  a  CGSI/DRAC/SAS,  bem  como  por  meio  de  visitas 
técnicas. 
Considerando  as  informações  registradas  no  SIH,  os  procedimentos  relacionados  a  álcool  e 
drogas  são  os  mais  informados  nas  AIH  das  internações  nos  leitos  de  saúde  mental.  Dessa  forma, 
podemos  inferir  que  os  leitos  são  mais  acessíveis  para  as  demandas  de  álcool  e  drogas,  revelando 
ainda todo o estigma e preconceito em relação à loucura. 
 

63
4.6. ESTRATÉGIAS DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO 

  Este Componente busca assegurar o disposto na Lei 10.216/01 e está organizado na RAPS por 
iniciativas que visam garantir às pessoas com transtorno mental e com necessidades decorrentes do 
uso  de  crack,  álcool  e  outras  drogas,  em  situação  de  internação  de  longa  permanência,  o  cuidado 
integral por meio de estratégias substitutivas, na perspectiva da garantia de direitos com a promoção 
de  autonomia,  contratualidade  e  o  exercício  de  cidadania,  buscando  sua  progressiva  inclusão  social.
  Como  dito  anteriormente,  a  desinstitucionalização  é  compreendida  como  um  processo 
complexo  que  envolve  não  apenas  a  desospitalização  de  moradores  de  hospitais  psiquiátricos,  mas 
fundamentalmente  a  construção  de  condições  efetivas  para  um  cuidado  comunitário  contínuo  e 
qualificado  para  todos,  promovendo  atenção,  tratamento  e  reabilitação  psicossocial.  O  Componente 
de  Estratégias  de  Desinstitucionalização  é  uma  ferramenta  para  garantir  efetivamente  um  modelo 
distinto,  substituindo  a  atenção  centrada  na  custódia,  pelo  cuidado  em  liberdade  pautado  na 
emancipação e protagonismo. 

Serviço Residencial Terapêutico (SRT) 

Atos normativos: Portaria nº 106/GM/MS, de 11 de fevereiro de 2000 e Portaria nº 3.090/GM/MS, de 
23 de dezembro de 2011 

Os  Serviços  Residenciais  Terapêuticos  são  moradias  inseridas  na  comunidade,  destinadas  a 
acolher pessoas com internação de longa permanência (dois anos ou mais ininterruptos), egressas de 
hospitais  psiquiátricos  e  hospitais  de  custódia.  A  inserção  em  um  SRT  compõe  o  longo  processo  de 
reabilitação  que  deverá  buscar  a  progressiva  inclusão  social  do  morador.  Assim,  as  residências 
terapêuticas constituem‐se como alternativas de moradia para um grande contingente de pessoas que 
estão internadas há anos em hospitais psiquiátricos, a partir da construção de seu Projeto Terapêutico 
Singular. 
Até o final de 2011, a contrapartida federal para os SRT dizia respeito ao incentivo financeiro, 
em parcela única, utilizado na implantação da moradia.  O financiamento de custeio mensal se dava 
pela realocação do valor da AIH hospitalar. No Relatório de Gestão 2007‐2010 e nas Recomendações 
da  IV  Conferência  Nacional  de  Saúde  Mental  –  Intersetorial,  apontou‐se  a  necessidade  de  mudar  a 
forma de financiamento deste serviço e instituir uma tipologia adequada às necessidades de cuidados 
clínicos mais intensivos (BRASIL, 2011c e BRASIL, 2011d).  
Assim,  a  Portaria  n°3090/GM/MS,  de  23  de  dezembro  de  2011,  além  de  aumentar  o  valor 
destinado  ao  incentivo  para  implantação  do  serviço  de  R$  10.000,00  para  R$  20.000,00,  instituiu  o 
custeio mensal por grupo de moradores, ampliou o acesso a pessoas egressas de Hospitais de Custódia 
e Tratamento Psiquiátrico e estabeleceu diferentes de modalidades para residências, que podem ser 
de tipo I ou de tipo II, a partir da avaliação das condições de saúde dos moradores, no que diz respeito 
ao  grau  de  dependência  e  às  necessidades  de  cuidados  intensivos  específicos,  do  ponto  de  vista  da 
saúde em geral. Em função dessas mudanças, o gráfico abaixo apresenta uma nova série histórica dos 
SRT, considerando as habilitações segundo a regulamentação mais recente. 
 
 
 

64
Gráfico 5. Série histórica habilitação Serviços Residenciais Terapêuticos 2013‐2015 
370
362
350

330

310
289
290
267
270

250
2013 2014 2015
 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Nos anos de 2013 a 2015 há uma crescente habilitação das SRT, considerando tanto moradias 
novas, quanto moradias já existentes que se adequaram à regulamentação da Portaria nº3090/2011. 
Neste sentido, é importante destacar que existem SRT em funcionamento anteriores a 2011 que ainda 
não foram habilitados, uma vez que é necessária a solicitação pelo gestor local junto ao Ministério da 
Saúde. 
É possível avaliar que, de maneira geral, a cobertura dos SRT no país ainda é baixa. Entre os 
fatores  que  ainda  inibem  sua  expansão  estão  as  dificuldades  políticas  e  técnicas  dos  processos  de 
desinstitucionalização e as questões socioculturais evidenciadas nas comunidades ao iniciar processos 
de reintegração de pacientes de longa permanência, entre outros. 
Sobre  o  financiamento,  uma  vez  que  acontece  por  grupos  de  moradores,  está  em  análise  a 
elaboração  do  melhor  procedimento  a  ser  adotado  para  os  casos  de  aumento  ou  diminuição  de 
moradores nos módulos já habilitados.  
Por fim, a revisão da publicação Residências Terapêuticas: o que são, para que servem (2004) é 
uma  perspectiva.  Esta  revisão  pretende  atualizar  discussões  e  recomendações  para  os  desafios 
apontados acima.  

Programa De Volta Para Casa (PVC) 

Atos normativos: Lei 10.708 de 31 de julho de 2003, Portaria nº 2.077/GM/MS, de 31 de outubro de 
2003. Portaria nº 1.511/GM/MS, de 24 de julho de 2013 

O Programa De Volta Para Casa prevê o auxilio reabilitação psicossocial através de um recurso 
financeiro mensal, atualmente fixado em R$ 412,00 (Portaria nº 1.511 de 24 de julho de 2013), para os 
portadores  de  transtorno  mental  que  moraram  em  hospitais  psiquiátricos  por  mais  de  dois  anos 
ininterruptos (até o ano de 2003, data de publicação da lei). Por meio do pagamento de um benefício, 
este  programa  se  propõe  a  fortalecer  o  poder  de  contratualidade,  favorecendo  o  processo  de 
desinstitucionalização,  a  inclusão  social  e  a  reabilitação  psicossocial.  O  objetivo  deste  programa  é 
contribuir  efetivamente  para  o  processo  de  inserção  social  dessas  pessoas  e  assegurar  o  exercício 
pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania. 

65
Em dezembro de 2014, o Programa de Volta Pra Casa alcançou mais de 4 mil beneficiários. Os 
processos de fechamento de hospitais psiquiátricos, em especial nos estados de Pernambuco, Rio de 
Janeiro e São Paulo, contribuíram de forma significativa para o aumento de beneficiários cadastrados 
no Programa.  
Este programa completou 12 anos em 2015, e ao longo do curso da sua execução apresentou‐
se  como  um  instrumento  de  resgate  da  cidadania  através  da  emancipação  financeira,  a  partir  da 
possibilidade  conquistada  pelos  usuários  de  colaborar  na  renda  familiar,  escolher  o  que  comprar, 
como querem viver, onde morar. 

Gráfico 6. Número de beneficiários do Programa de Volta para Casa 2003 – 2015 
 
5000
4245 4349 4394
3961 4156
Número de Beneficiários PVC

4500
4000 3486 3635
3192
3500 2868
3000 2519
2500 1991
2000
1500 879
1000
206
500
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Ano
 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, e DATASUS 

A  meta  do  programa,  desde  seu  início,  foi  de  600  novos  beneficiários,  por  ano.  Ao  final  de 
2014,  o  Programa  alcançou  mais  de  5  mil  cadastros,  incluindo  aqueles  que  já  faleceram.  Entre  as 
dificuldades  para  se  alcançar  a  meta  está  a  falta  de  documentação  pessoal  e  documento  de  alta 
hospitalar,  além  de  algumas  barreiras  em  agências  bancárias  para  a  abertura  das  contas,  mesmo 
quando a orientação nacional da Caixa Econômica Federal indica não haver diferença de exigências na 
abertura de contas para beneficiários do programa em relação os demais correntistas. 
Historicamente,  o  Programa  teve  apenas  dois  reajustes.  O  primeiro,  em  2005,  reajustou  o 
valor  para  R$  320,00  e  o  segundo,  em  2014,  para  R$  412,00,  como  citado  acima.  Ambos  foram 
calculados  com  base  no  Índice  Nacional  de  Preços  ao  Consumidor  Amplo,  o  IPCA.  Este  índice  foi 
adotado  por  orientação  da  área  de  Economia  da  Saúde,  do  Ministério  da  Saúde.  É  um  esforço  para 
manter  o  recurso  atualizado,  diante  das  oscilações  de  inflação.  O  desafio,  porém,  é  promover  o 
reajuste anual, acompanhando o do salário mínimo e, se possível, promover a equiparação. 
Como desafios e perspectivas, portanto, há uma parceria com o Conselho Nacional de Justiça, 
sobre  a  emissão  de  Certidões  Tardias,  de  modo  a  favorecer  a  solicitação  do  benefício;  o 
estabelecimento de prazos e indicadores fixos para o reajuste da bolsa auxílio reabilitação psicossocial; 
a  ampliação  do  potencial  público  alvo,  definindo  critérios  coerentes  com  a  desinstitucionalização; 
garantia  de  ampliação  orçamentária.  Em  termos  de  procedimentos  do  trabalho,  há  a  atualização  da 
página eletrônica do Programa; possibilidade de tornar digital parte ou todo o processo de solicitação 
de  cadastro;  articular  estratégia  para  agilizar  a  habilitação  dos  municípios,  estando  em  estudo  uma 
possibilidade de portaria para habilitação de todos existentes.  

66
Por fim, a revisão do manual do Programa De Volta Para Casa pretende também atualizar as 
discussões e recomendações para os desafios apontados acima. 

Programa de Desinstitucionalização 

Ato normativo: Portaria nº 2.840, de 29 de dezembro de 2014 

O  Programa  de  Desinstitucionalização,  criado  pela  Portaria  nº  2.840/2014,  é  uma  estratégia 
que visa intensificar os processos de desinstitucionalização dos usuários em situação de internação de 
longa  permanência,  a  partir  do  financiamento  de  equipes  multiprofissionais  focadas  exclusivamente 
nestes processos nos territórios.  
Entre  as  ações  sob  responsabilidade  da  Equipe  de  Desinstitucionalização  está  o  apoio  à 
equipes  dos  hospitais  psiquiátricos,  a  fim  de  construir  conjuntamente,  a  partir  de  vínculos 
estabelecidos  dentro  das  instituições,  o  processo  de  desinstitucionalização  dos  moradores.  Neste 
sentido, também elaborando novos processos de trabalho territoriais, intersetoriais e regionalizados, 
articulando diferentes dispositivos. 
A  adesão  ao  Programa  é  exclusiva  e  fundamentalmente  municipal,  pois  se  reconhece  a 
condição  de  munícipe  dos  egressos  das  internações  de  longa  permanência  e,  consequentemente,  a 
responsabilidade sanitária do gestor local. As gestões estaduais, por sua vez, têm o fundamental papel 
de  articular,  apoiar  o  planejamento  e  acompanhar  as  ações.  Especificamente,  quando  não  houver 
Grupos  Condutores  Regionais,  é  o  Grupo  Condutor  Estadual  que  colaborará  para  a  composição  da 
Comissão de Acompanhamento e para suas ações. 
O  incentivo  financeiro  estabelecido  nesta  portaria  visa  à  contratação  de  profissionais,  para 
dedicação exclusiva ao processo de desinstitucionalização, desde a entrada nos hospitais psiquiátricos 
até o desenvolvimento do trabalho nos componentes da RAPS no território. A criação deste Programa 
contou com a colaboração de diferentes áreas do Ministério da Saúde, durante quatro anos, até ser 
publicada a portaria.  
Ainda existem desafios para a adesão ao Programa, uma vez que a habilitação dos municípios 
depende  da  publicação  de  Portarias  subsequentes  com  informações  sobre  os  modos  de 
cadastramento no CNES e os procedimentos a serem registrados pelas equipes – responsabilidade do 
Ministério da Saúde. 

Hospitais Psiquiátricos 

Uma das diretrizes fundamentais da Política Nacional de Saúde Mental diz respeito à redução 
gradual,  pactuada  e  planejada  dos  leitos  em  hospitais  psiquiátricos.  De  tal  modo  a  reforçar  essa 
diretriz,  a  Portaria  3088/2011  que  instituiu  a  RAPS  não  considera  os  hospitais  psiquiátricos  como 
pontos de atenção da rede de saúde, e indica que as regiões de saúde devem priorizar a expansão e 
qualificação  dos  pontos  de  atenção  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial  para  dar  continuidade  ao 
processo de substituição dos leitos em hospitais psiquiátricos. 
Para  os  hospitais  psiquiátricos  ainda  existentes,  há  duas  estratégias  complementares:  o 
Programa Anual de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no SUS – PRH (Portaria nº 52 
de 20 de janeiro de 2004, atualizado pela Portaria nº2644 de 28 de outubro de 2009) e o Programa 
Nacional  de  Avaliação  dos  Serviços  Hospitalares  –  PNASH/Psiquiatria  (PT  nº251  de  31  de  janeiro  de 
2002). 

67
O PRH tem como objetivo a redução planejada de leitos em hospitais psiquiátricos, de modo a 
garantir  uma  transição  segura  para  o  modelo  comunitário  de  atenção,  a  partir  da  recomposição  do 
valor das diárias hospitalares de acordo com a diminuição dos leitos e a qualificação do atendimento. 
Esta  estratégia  visa  garantir  também  que  os  recursos  financeiros  deixem  progressivamente  de  ser 
utilizados no componente hospitalar e sejam direcionados às ações territoriais da RAPS. 
 O  gráfico  abaixo  apresenta  a  série  histórica  do  perfil  do  porte  dos  hospitais  existentes  até 
2015, com notável predominância de hospitais de até 160 leitos, considerados de pequeno porte. 
   
Gráfico 7 – Série histórica percentual de hospital psiquiátrico por porte (Brasil, dez/2002 a dez/2015) 

60

50 Até 160 leitos


% do total de HP

40
De 161 a 240
30 leitos
De 241a 400
20 leitos
10 Acima de 400
leitos
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Anos
 

Fontes:  Em  2002  e  2003:  SIH/SUS,  Coordenação  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas/DAPES/SAS/MS  e  Coordenações  Estaduais  de 
Saúde  Mental;  de  2004  a  2012,:  PRH/CNES  e  Coordenações  Estaduais  de  Saúde  Mental;  a  partir  de  2013:  PNASH,  CNES  e  Coordenações 
Estaduais. 

Visando o aprimoramento e a visibilidade  do PRH, recentemente, foi publicada a Portaria  nº 


1.121  de  21  de  outubro  de  2015,  que  retira  a  habilitação  dos  hospitais  que  foram  fechados  e/ou 
encerraram a prestação de serviço ao SUS, portanto descredenciados pelos estados e municípios.   
O  gráfico  abaixo  apresenta  a  série  histórica  da  redução  dos  leitos  em  hospitais  psiquiátricos.  De 
maneira geral, o gráfico apresenta uma queda contínua do número de leitos, acompanhando a média 
de aproximadamente 1.800 leitos por ano nos últimos 04 anos. Entre 2011 e 2015 houve uma redução 
de aproximadamente 7.150 leitos, acompanhada das ações de implementação da RAPS nos territórios. 

68
Gráfico 8. Leitos SUS em hospitais psiquiátricos por ano (Brasil, dez/2002 a dez/2015)

60.000
51.393
48.303
50.000 45.814
42.076
39.56737.988
36.797 
Nº de Leitos

40.000 34.601 32.735 
32.284 
29.958 28.248 
30.000 25.988  25.126

20.000

10.000

0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Anos
 

Fontes: Entre 2002 e 2003: SIH/SUS, Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Coordenações Estaduais; 
de 2004 a 2012: PRH/CNES e Coordenações Estaduais; a partir de 2013: PNASH, CNES e Coordenações Estaduais. 

O  PNASH  é  um  programa  de  avalição  da  assistência  prestada  pelos  hospitais  psiquiátricos, 
balizado  na  necessidade  de  garantir  o  cumprimento  das  diretrizes  e  normas  para  a  assistência 
hospitalar  em  psiquiatria.  O  PNASH  2012‐2014  pretendeu  avaliar  172  instituições,  sendo  estes 
hospitais psiquiátricos públicos e conveniados ao SUS que não foram indicados ao descredenciamento 
nas edições anteriores do PNASH/Psiquiatria. As ações foram iniciadas em julho de 2012 e finalizadas 
em  julho  de  2014.  Foram  visitados  143  hospitais  localizados  em  19  estados,  abrangendo  100 
municípios. O estado do Rio de Janeiro (26 hospitais) e o município de Juiz de Fora/MG (3 hospitais) 
não realizaram a avaliação. 
Ao  disparar  o  processo  de  avaliação  em  julho  de  2012,  foram  identificadas  dificuldades  por 
parte dos gestores locais em cumprir o cronograma previamente estabelecido, o que ocasionou atraso 
no  envio  dos  dados  para  o  Ministério  da  Saúde.  Desta  forma,  foi  estabelecido  um  novo  período  de 
envio dos dados, de julho a agosto de 2013.  
Em  setembro  de  2013  iniciou‐se  o  processo  de  análise  dos  dados  e  foram  identificadas 
inconsistências  entre  informações  sobre  o  número  de  leitos  e  o  número  de  moradores  em  cada 
unidade  hospitalar  levantadas  pelo  PNASH,  pelo  Relatório  “Avaliação  dos  Hospitais  Psiquiátricos  no 
Âmbito do SUS” produzido pelo DENASUS de 2011 e as informações cadastradas no CNES. Estes dados 
apontam a necessidade urgente de um sistema de informação adequado, bem como a importância de 
que os gestores mantenham os dados atualizados nos atuais sistemas de informação existentes.  
Após a análise dos dados das vistorias do PNASH/PSIQUIATRIA 2012/2014, foram calculados os 
resultados finais a seguir: 99 (noventa e nove) hospitais psiquiátricos obtiveram percentuais acima de 
61%  do  total  da  pontuação;  42(quarenta  e  dois)  hospitais  psiquiátricos  obtiveram  percentual  entre 
40%  e  61%  do  total  da  pontuação,  portanto  indicados  para  revistoria  e  2  (dois)  hospitais  obtiveram 

69
percentual abaixo de 40% do total da pontuação, portanto indicados para descredenciamento. Dentre 
estes apenas 1 (um) Hospital no município de Camaragibe/PE que foi solicitado não realizou o PNASH. 
Os  resultados  das  vistorias  do  PNASH/Psiquiatria  foram  enviados  aos  gestores  estaduais  de 
referência  dos  hospitais  psiquiátricos  avaliados  em  dezembro  de  2014.  As  revistorias  necessárias 
aconteceram no decorrer do ano de 2015, com prazo de envio das documentações para o Ministério 
da  Saúde  até  o  início  de  2016.  Assim,  o  resultado  final  do  PNASH/Psiquiatria  está  em  fase  de 
publicação. 
Conforme o processo de análise dos dados das vitorias recebidos foram constatados indícios 
de situações de violação de direitos humanos (31 hospitais), como a existência de espaços restritivos 
(26  hospitais  com  celas  fortes),  eletroconvulsoterapia  sem  consentimento  (4  hospitais  com  ECT)  e 
contenção  física  prolongada  (1  hospital).  Tais  situações  foram  encaminhadas  ao  Ministério  Público 
Federal para que fossem tomadas as medidas cabíveis. 
O  PNASH,  segundo  legislação  atual,  tem  por  objetivo  a  avaliação  de  serviços  de  saúde.  Os 
Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) são instituições do Ministério da Justiça, sendo 
deste  a  responsabilidade  integral  pela  instituição,  incluindo  a  avaliação.  Esta  é  uma  condição 
fundamental para as ações intersetoriais. 
Porém,  em  relação  a  assistência  a  saúde  das  pessoas  internadas  nos  HCTP,  o  Ministério  da 
Saúde e o Ministério da Justiça publicaram a Portaria Interministerial nº 1/MS/MJ, de 2 de janeiro de 
2014, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no 
Sistema Prisional (PNAISP) no Sistema Único de Saúde. E o Ministério da Saúde instituiu pela Portaria 
GM  nº  94,  de  14  de  janeiro  de  2014,  no  âmbito  do  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS),  o  serviço  de 
avaliação e acompanhamento de medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental em 
conflito com a Lei, vinculado à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de 
Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). 
As  publicações  das  portarias  foram  coordenadas  pela  Área  Técnica  da  Saúde  no  Sistema 
Prisional,  com  a  colaboração  da  CGMAD.  Vale  considerar  que  este  tema  ainda  demanda  muitos 
esforços diante da complexidade das questões de vulnerabilidade sociais envolvidas. 

Seminário Internacional 

Vale destacar o apoio do Ministério da Saúde no Seminário Internacional de Saúde Mental – 
Desinstitucionalização  e  Atenção  Primária,  realizado  pela  Fiocruz  e  a  Fundação  Calouste  Gulbenkian, 
23 a 25 de março de 2015, no Rio de Janeiro. Neste seminário, com a participação do presidente da 
Fiocruz,  do  diretor  de  saúde  mental  da  OMS,  do  vice‐diretor  da  Fundação  Calouste  Gulbenkian,  da 
representante  da  OPAS/OMS,  do  Coordenador  de  Saúde  Mental  do  MS  e  diversos  pesquisadores 
nacionais e internacionais, foi avaliada a experiência brasileira de desinstitucionalização, identificando 
os avanços, as barreiras e as estratégias efetivas no campo da saúde mental e sua contribuição para os 
demais países do mundo. 

70
4.7. ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL E DE FORTALECIMENTO DO PROTAGONISMO DE 
USUÁRIOS E FAMILIARES DA RAPS  

A  CGMAD  compreende  a  estratégia  de  reabilitação  psicossocial  e  de  fortalecimento  do 


protagonismo  de  usuários  e  familiares  como  um  conjunto  de  ações  que  buscam  a  inclusão  e  o 
exercício  de  direitos  de  cidadania  de  usuários  e  familiares  da  RAPS.  Esse  processo  se  dá  mediante  a 
criação  e  desenvolvimento  de  iniciativas  articuladas  com  os  recursos  do  território  nos  campos  do 
trabalho/economia  solidária,  assistência  social,  habitação,  educação,  cultura,  esporte,  lazer,  entre 
outros direitos sociais. Em intersecção com os demais componentes das RAPS, das Redes de Atenção à 
Saúde  (RAS)  e  da  rede  intersetorial  (SUAS,  Habitação,  Educação,  Trabalho  etc.),  a  reabilitação 
psicossocial é uma dimensão de construção de novos campos de negociação, formas de sociabilidade e 
projetos  de  vida  de  usuários  e  familiares  da  RAPS.  Neste  sentido,  a  reabilitação  psicossocial  é 
concebida  como  uma  diretriz  ético‐político  articulada  com  a  desinstitucionalização  e  na  não 
institucionalização,  calcada  na  defesa  e  na  promoção  dos  direitos  de  cidadania,  alicerçada  na 
intersetorialidade, sendo transversal a todos componentes, pontos de atenção e iniciativas do campo 
da Reforma Psiquiátrica em curso no SUS. Trata‐se, portanto, de um componente fundamental para o 
cuidado  em  saúde  mental,  potente  nos  processos  de  validação  e  de  ampliação  de  circulação  e 
apropriação do território, bem como de incremento de autonomia, rede social e inclusão dos usuários 
dos serviços de saúde mental. 
É  nesse  contexto  que  se  produzem  novas  perspectivas  de  reabilitação  psicossocial,  dado  o 
caráter  centrífugo  desse  componente  na  RAPS.  Em  outras  palavras,  ao  se  tratar  de  uma  dimensão 
estratégica  que  se  fundamenta  exclusivamente  pela  relação  com  a  garantia  de  outros  direitos,  a 
reabilitação psicossocial propõe‐se a reconhecer um sujeito de direitos que se reposiciona no mundo a 
partir da revelação de antigos e da produção de novos direitos. No período de 2011‐2015, a CGMAD 
empenhou‐se  a  desenvolver  um  conjunto  de  ações  articuladas  com  as  políticas  públicas  sociais, 
construindo parcerias com diversas áreas da gestão federal e com a sociedade civil/controle social, de 
forma a dar continuidade a projetos de reabilitação psicossocial e de fortalecimento do protagonismo 
de  usuários  e  familiares  iniciados  em  anos  anteriores,  à  luz  das  conferências  nacionais  de  saúde 
mental, economia solidária e cooperativismo social. 
 
Fortalecimento Institucional e Financiamento de Projetos de Reabilitação Psicossocial 

A  publicação  das  Portarias  GM  nº  3088,  de  23  de  dezembro  de  2011,  republicada  para 
correções de texto em 30 de dezembro de 2011 e em 21 de maio de 2013, e a GM nº 132, de 23 de 
janeiro  representam  conquistas  importantes  para  a  Reforma  Psiquiátrica  por  demarcarem  o 
fortalecimento institucional e financeiro desse componente. A primeira, ao instituir a  RAPS, inscreve 
em  suas  diretrizes  gerais  de  funcionamento  as  perspectivas  de  direitos  humanos,  autonomia, 
liberdade,  participação  e  protagonismo  de  usuários  e  seus  familiares.  Dessa  forma,  apresenta  a 
reabilitação  psicossocial  como  um  de  seus  componentes,  apontando  sobre  a  necessidade  de  criação 
de  estratégias  para  ampliação  do  acesso  ao  trabalho,  renda,  moradia,  cultura  nos  projetos 
terapêuticos singulares de usuários e familiares. Ainda que nessa Portaria seja explicitado o campo da 
geração  de  trabalho  e  renda,  de  empreendimentos  econômicos  solidários  e  cooperativas  sociais, 
entende‐se  que  iniciativas  relacionadas  à  cultura,  arte,  esporte,  lazer  e  habitar  desenvolvidas  em 
diferentes  pontos  de  atenção  da  RAPS  e  da  rede  intersetorial  também  compõe  a  reabilitação 
psicossocial. 

71
Já  com  a  Portaria  GM  nº  132/2012,  instituiu‐se  incentivo  financeiro  de  custeio  para  o 
desenvolvimento  do  componente  Reabilitação  Psicossocial  da  RAPS,  com  incremento  do 
financiamento de ações de reabilitação psicossocial para estados e municípios. Anteriormente regidos 
pela  Portaria  n.  1.169,  de  07  de  julho  de  2005,  recebiam  R$5.000,00  (até  10  participantes); 
R$10.000,00  (de  11  a  50  participantes)  e  R$15.000,00  (acima  de  50  participantes).  A  partir  da 
publicação  da  portaria  GM  nº  132/2012  esses  valores  passaram  para  R$15.000,00,  R$30.000,00  e 
R$50.000,00,  respectivamente.  Este  incentivo  pode  ser  utilizado  para  o  custeio  de  capacitações, 
aluguel,  material  de  consumo,  serviço  de  pessoa  jurídica,  entre  outros.  Permanece,  no  entanto,  o 
desafio  do  financiamento  de  equipamentos  considerados  material  permanente,  reivindicado  por 
inúmeras experiências para melhor estruturação dos projetos.   
O Gráfico 9 mostra o valor total dos recursos federais de incentivo aprovados pelas Chamadas 
de Seleção e Projetos de Reabilitação Psicossocial e de Protagonismo Social de Usuários e Familiares 
da RAPS. Ressalta‐se que, a partir da publicação da Portaria n. 132/2012, com o aumento dos valores 
de  incentivo,  houve  um  importante  incremento  de  recursos  destinados  para  o  financiamento  destas 
ações. As Chamadas realizadas em 2012 e 2013 totalizam R$8.555.000,00 para ações de reabilitação 
psicossocial  nos  eixos  trabalho,  cultura  e  inclusão  e  R$4.005.000,00  para  o  desenvolvimento  de 
projetos de fortalecimento do protagonismo social de usuários e familiares.  
 
Gráfico 9. Repasses de recursos federais de incentivo financeiro para o desenvolvimento de estratégias 
do componente Reabilitação Psicossocial (Brasil, 2005 a 2013) 
 

R$ 5.000.000,00
R$ 4.325.000,00
R$ 4.500.000,00 R$ 4.230.000,00
R$ 4.000.000,00
R$ 3.500.000,00
R$ 3.000.000,00 R$ 2.745.000,00
Total de Recursos Repassados

R$ 2.500.000,00
R$ 2.000.000,00 R$ 1.545.000,00
R$ 1.500.000,00 R$ 1.260.000,00
R$ 995.000,00
R$ 1.000.000,00 R$ 190.000,00 R$ 275.000,00
R$ 500.000,00 R$ 70.000,00 R$ 65.000,00
R$ 0,00
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2012 2013
Projetos de Reabilitação Psicossocial Anos
Chamadas Reabilitação Psicossocial: Trabalho, Cultura e Inclusão Social na RAPS
Chamadas Fortalecimento do Protagonismo de Usuários e Familiares da RAPS

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE) 

   Outro dado importante a ser analisado é a distribuição regional de recursos de incentivo para 
ações de Reabilitação Psicossocial, como pode ser visto no Gráfico 10. Destaca‐se o maior volume de 
repasses  para  as  regiões  Sudeste  e  Nordeste  e  importante  capilaridade  em  municípios  de  pequeno 
porte. 

72
Gráfico 10. Repasses de recursos federais de incentivo para as Chamadas de Protagonismo e 
Reabilitação Psicossocial de 2012 e 2013, por Região do Brasil.
R$ 6.000.000,00

R$ 3.490.000,00
R$ 5.000.000,00
Reabilitação
R$ 3.285.000,00 Psicossocial

R$ 4.000.000,00 Protagonismo
Valor

R$ 3.000.000,00 R$ 2.150.000,00

R$ 2.000.000,00 R$ 1.330.000,00
R$ 1.640.000,00
R$ 835.000,00
R$ 1.000.000,00 R$ 1.115.000,00
R$ 725.000,00
R$ 375.000,00
R$ 150.000,00
R$ 0,00

Região  

Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS e Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE) 

 As  Chamadas  de  Reabilitação  Psicossocial  contemplaram  projetos  relacionados  à  economia 


solidária e geração de trabalho e renda (produção de produtos alimentícios e artesanais, reciclagem, 
estamparia, confecção, agricultura, prestação de serviços, comercialização de artigos), à alfabetização, 
à educação continuada e inclusão digital e à cultura (expressões artísticas e culturais e comunicação 
audiovisual e impressa). Os projetos apresentam a reabilitação como um potente dispositivo no que se 
refere  à  ampliação  de  trocas  sociais,  autonomia,  democracia,  autogestão,  cooperação,  cidadania, 
solidariedade e desenvolvimento local.  
 As Chamadas de Protagonismo de usuários e familiares da RAPS contemplaram projetos cujos 
principais  temas  envolveram  o  fortalecimento  do  controle  social,  inclusão  social,  criação  e 
fortalecimento  de  associações  de  usuários  e  familiares,  atividades  comunitárias,  eventos  e 
publicações,  encontro  de  coletivos,  acesso  à  cultura  e  articulação  em  rede  de  saúde  e  intersetorial. 
Ressaltamos que os editais abarcaram pessoas de todas as idades envolvidas com o campo da saúde 
mental, incluindo as com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. 
Em 2015, a CGMAD realizou a V Chamada de Reabilitação Psicossocial e de Fortalecimento do 
Protagonismo  de  Usuários  e  Familiares  da  RAPS.  Foram  selecionados  133  projetos  em  102 
municípios/estado, totalizando a previsão de repasse de recursos no valor de R$ 3.470.000,00. 

73
Cadastro de Iniciativas de Inclusão Social pelo Trabalho (CIST) 

Em 2013 foi realizado o último levantamento de iniciativas de geração de trabalho e renda e 
empreendimentos econômicos solidários, por meio do Cadastro de Iniciativas de Inclusão Social pelo 
Trabalho (CIST), o que resultou em 1.008 experiências mapeadas pelo Ministério da Saúde em todas as 
regiões do Brasil, como pode ser visto na Tabela 11 abaixo: 

Tabela  11.  Iniciativas  de  geração  de  trabalho  e  renda,  empreendimentos  econômicos  solidários  e 
cooperativas sociais da RAPS (Brasil, dez/2005 a dez/2013) 

Cadastro de Iniciativas de Geração de Renda 2015 
Região  Estado  Número de iniciativas
Acre  5 
Amapá  1 
Amazonas  16 
Norte 
Pará  24 
Rondônia  2 
Tocantins  36 
Alagoas  48 
Bahia  92 
Ceará  49 
Maranhão  21 
Nordeste  Paraíba  47 
Pernambuco  42 
Piauí  19 
Rio Grande do Norte 27 
Sergipe  18 
Distrito Federal  14 
Centro‐ Goiás  21 
Oeste  Mato Grosso  19 
Mato Grosso do Sul  26 
Espírito Santo  11 
Mins Gerais  96 
Sudeste 
Rio de Janeiro  95 
São Paulo  203 
Paraná  71 
Sul  Rio Grande do Sul  73 
Santa Catarina  46 
Total  1.137 
Fonte:  Coordenação  Geral  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas/DAPES/SAS/MS  e  Cadastro  de  Iniciativas  de  Inclusão 
Social pelo Trabalho – CIST no FormSUS 
 

74
Saúde Mental e Economia Solidária: Inclusão Social pelo Trabalho  

Entre  2011  e  2015  foram  estabelecidos  marcos  que  fortaleceram  o  campo  da  geração  de 
trabalho  e  renda  e  Economia  Solidária  para  a  população  com  transtornos  mentais  e  necessidades 
decorrentes do uso de álcool e outras drogas no Brasil. 
A CGMAD e a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal do 
Rio  de  Janeiro  (COPPE/UFRJ),  em  parceria  com  a  Secretaria  Nacional  de  Economia  Solidária  do 
Ministério  do  Trabalho  e  Emprego  (SENAES)  e  as  Coordenações  Estaduais  e  Municipais  de  Saúde 
Mental, deram continuidade ao Curso de Capacitação Gestão de Empreendimentos Solidários para a 
Saúde Mental realizado em anos anteriores, nas modalidades presencial e a distância, o que resultou 
na capacitação de 260 associados/cooperados em 2011 e 120 em 2012. Além disso, foram realizados 
em  2011  o  II  Encontro  Nacional  de  Experiências  de  Geração  de  Trabalho  e  Renda:  Rumo  ao 
Cooperativismo Social e o Caia na Loucura V – Inovação para o Desenvolvimento Inclusivo, também em 
parceria  com  a  SENAES  e  a  COPPE/UFRJ.  Na  ocasião,  participantes  do  encontro  debateram  sobre  o 
cenário atual dos empreendimentos solidários da saúde mental e estratégias para a implementação de 
uma política e sustentabilidade para as cooperativas sociais. Ao mesmo tempo, o Programa Nacional 
de Incubadoras de Cooperativas Populares – Proninc (Decreto Presidencial nº 7357/2010), que busca 
fortalecer  os  processos  de  incubação  de  empreendimentos  econômicos  solidários  através  da 
articulação  e  integração  de  políticas  públicas  e  iniciativas  propulsoras  do  desenvolvimento  local,  de 
novas  metodologias  de  incubação,  capacitação,  formação  e  geração  de  trabalho  e  renda  na 
perspectiva da economia solidária, realizou editais priorizando nos critérios de seleção de projetos os 
processos de incubação de iniciativas de geração de trabalho e renda, empreendimentos econômicos 
solidários e cooperativas sociais da RAPS. 
Isto foi fortalecido através da instituição do Programa Nacional de Apoio ao Associativismo e 
ao Cooperativismo Social (Pronacoop Social) através do Decreto nº 8.136 de 20 de dezembro de 2013. 
O  Pronacoop  Social  constitui,  atualmente,  o  principal  conjunto  de  ações  voltadas  para  as 
relações de trabalho das pessoas em situação de “desvantagem no mercado econômico” (lei federal n. 
9.867/99), nas quais se encontram as com transtornos mentais. Ineditismo presente na afirmação do 
necessário tratamento desigual diante de relações desiguais, o Programa Nacional é gerido por Comitê 
Gestor  coordenado  pela  Secretaria  Nacional  de  Economia  Solidária  do  Ministério  do  Trabalho  e 
Emprego,  composto  por  entidades  do  governo  federal,  tais  como  a  Coordenação  Geral  de  Saúde 
Mental, Álcool e outras Drogas e a sociedade civil, com a finalidade de planejar, coordenar, executar e 
monitorar  as  ações  voltadas  ao  desenvolvimento  das  cooperativas  sociais  e  dos  empreendimentos 
econômicos  solidários  sociais.  Entre  2013  e  2015  este  tratou  do  alinhamento  conceitual  sobre 
cooperativismo  social,  troca  de  experiências  e  perspectivas  com  atores  (as)  da  Itália  e  Uruguai, 
construção  sobre  o  marco  jurídico  do  Cooperativismo  Social  e  suas  implicações,  necessidade  de 
criação de linhas de financiamento e crédito para projetos de inserção no trabalho, assessoramento a 
projetos,  entre  outros  temas.  Essa  parceria  eminente  evidencia  a  importância  histórica  da 
aproximação dos públicos da luta antimanicomial e da economia solidária, vindo, ao longo das últimas 
duas décadas, a se configurar na relação direta que promove a inserção produtiva e geração de renda 
por parte de usuários de serviços de saúde mental e seus familiares. 
Paralelamente, a partir do Programa Brasil Próximo (acordo entre os governos de Brasil e Itália 
sobre projetos de cooperação com foco no desenvolvimento local), foram realizadas em 2013 ações de 

75
intercâmbio entre estes dois países que favoreceram o fortalecimento das estratégias nacionais para o 
desenvolvimento  do  cooperativismo  social  no  Brasil.  Em  maio  de  2015  ocorreu  o  Seminário 
“Cooperativismo  Social  no  Brasil  e  Itália:  desafios  para  o  marco  jurídico,  no  contexto  do  Programa 
Brasil‐Próximo”, em parceria com a SENAES/TEM, com o objetivo de promover a troca de experiências 
e contribuir para o avanço de formulação e implementação do marco jurídico. 
A  reforma  ministerial  ocorrida  em  2015em  conjunto  com  limitações  políticas  e  econômicas  que 
marcaram  o  ano  de  2015,  dificultam  o  vislumbre  da  efetivação  do  marco  regulatório  para  o 
Cooperativismo Social e segue como grande desafio sobre o tema.   

Protagonismo Social de Usuários e Familiares e Associativismo 

Dentre as ações relacionadas ao protagonismo social de usuários e familiares e associativismo 
nesta gestão, destaca‐se a participação da CGMAD na Comissão Intersetorial de Saúde Mental – CISM 
(Resolução  CNS  nº  298,  de  02  de  dezembro  de  1999)  para  oferecer  subsídios  e  responder  aos 
questionamentos sobre ações desenvolvidas e recursos investidos para a implementação da Política de 
Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas  em  âmbito  nacional,  bem  como  apoiar  e  induzir  ações  que 
fortaleçam a participação destes atores. 
Em  2012,  a  CGMAD  apoiou  a  realização  da  Mostra  de  Arte  Insensata  Itinerante,  com  tema 
“Tato, Trato e Retrato”, que contou com a exposição de obras de arte de usuários artistas dos Centros 
de  Convivência  de  Belo  Horizonte  (MG),  agregando  trabalhos  locais.  A  exposição  passou  por  Belo 
Horizonte, Rio de Janeiro e Goiânia, cuja programação contemplou a exposição de obras de usuários, 
rodas  de  conversa  e  mesas  redondas  que  foram  disparadoras  para  o  debate  e  a  reflexão  sobre  as 
contribuições  da  arte  e  da  cultura  no  combate  ao  estigma,  na  ampliação  das  trocas  sociais  e  na 
ampliação do acesso aos direitos dos usuários da RAPS. 
Em outubro de 2013 a Organização Panamericana de Saúde da Organização Mundial de Saúde 
(OPAS/OMS)  e  o  Ministério  da  Saúde  do  Brasil  realizaram  em  Brasília,  a  I  Reunião  Regional  de 
Usuários de Serviços de Saúde Mental e Familiares, com os objetivos de: 

 Promover  o  intercâmbio  de  experiências  pessoais  e  institucionais  sobre  a  autonomia  e 


protagonismo  dos  usuários  e  familiares  da  região  das  Américas,  para  favorecer  a  sua 
organização  social  e  sua  participação  nas  decisões  relacionadas  às  políticas  de  saúde 
mental, dando continuidade aos compromissos firmados ao nível regional;  

 Promover a discussão e reflexão sobre a política pública de saúde mental da região, em 
particular a em desenvolvimento no Brasil e 

 Empoderar  familiares  e  usuários  para  avaliação  da  qualidade  e  da  garantia  dos  direitos 
humanos nos serviços. 

Com representantes de 18 países da região das Américas, em sua maioria representantes de 
associações  e  organizações  de  usuários  dos  serviços  de  saúde  mental,  resultou  no  Consenso  de 
Brasília, documento importante e atual que reflete as lutas e as propostas dos usuários dos serviços de 
saúde  mental  e  familiares  para  a  garantia  e  o  respeito  aos  direitos  humanos,  o  fortalecimento  das 
organizações de usuários e familiares e a participação efetiva dos usuários e familiares nos processos 
de  formulação,  desenvolvimento,  qualificação  e  avaliação  de  políticas  públicas  de  saúde  mental  na 
região  das  Américas,  que  contribuem  para  o  desenvolvimento  e  o  fortalecimento  de  ações 
governamentais,  setoriais  e  intersetoriais  e  da  sociedade  em  geral.  O  Consenso  de  Brasília  indica  o 

76
cuidado em liberdade, a garantia dos direitos humanos, o incremento da contratualidade, a promoção 
da autonomia, a ampliação do acesso ao cuidado de base comunitária e territorial, e a luta contra o 
estigma e o preconceito associado às pessoas com sofrimento decorrente ao transtorno mental, álcool 
e outras drogas. 
Ainda  com  o  intuito  de  contribuir  para  a  disseminação  dos  debates  sobre  o  tema  e  as 
estratégias  de  cuidado,  a  CGMAD  financiou  a  elaboração  e  publicação  de  documento  didático‐
orientador para quaisquer pessoas que se aproximem das questões em torno do suporte entre pares e 
familiares  através  da  Ajuda  e  suporte  mútuos  em  saúde  mental,  lançada  em  2013,  sob  os  seguintes 
formatos:  “Cartilha  para  participantes  de  grupos”  e  “Cartilha  simplificada  para  participantes  de 
grupos”. Além disso, financiou em 2014 a publicação  Manual  de  direitos  e  deveres  dos  usuários  e 
familiares em saúde mental e drogas, destinada a problematizar e orientar, também sob a linguagem 
da diversidade, acerca das questões que afetam o sujeito em sua órbita de liberdades, bem como na 
relação com as instituições e comunidade. 

Desafios para os próximos anos 

Ao se fundamentar na garantia de diversos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, 
as  ações  de  reabilitação  psicossocial  visam  a  reinventar  a  representação  social  dos  sujeitos  usuários 
dos  serviços  de  saúde,  reconhecendo‐os  não  como  novos  “usuários‐trabalhadores”  ou  “usuários‐
estudantes”  ou  “usuários‐com‐habitação‐própria”.  Pelo  contrário,  passa‐se  a  ver‐lhes  como 
trabalhadores, estudantes, pessoas com moradia – e que, eventualmente, vinculam‐se aos serviços de 
saúde.  Essa  “virada”  é  fundamental  no  processo  emancipatório,  de  modo  que  deixem  de  ser 
intitulados como “usuários dos serviços”, e sim como cidadãos (as) que acessam a saúde. É isso que 
temos  vivido  nos  últimos  anos,  com  especial  fundamentação  na  Convenção  Internacional  sobre  os 
Direitos  da  Pessoa  com  Deficiência  (2009),  no  Programa  Nacional  de  Apoio  ao  Associativismo  e 
Cooperativismo Social (Pronacoop Social) e com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência 
(LBI,  2015).  Dentre  as  articulações  iniciadas  nesta  gestão  que  permanecem  como  desafios  futuros, 
além do apresentado acima, destacam‐se: 
 Construção  de  marcos  normativos  e  de  políticas  públicas  para  os  Centros  de  Conveniência  e 
cultura, com participação das experiências em curso, o Departamento de Atenção Básica/SAS 
do Ministério da Saúde e o Ministério da Cultura; 

 Desenvolvimento de estratégias para garantia do direito à moradia, através da articulação do 
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Ministério das Cidades; 

 Ampliação  de  programas  de  alfabetização  e  educação  de  jovens  e  adultos  para  inclusão  de 
usuários e familiares da Rede de Atenção Psicossocial; 

 Elaboração de documentos técnico‐orientadores sobre Reabilitação Psicossocial; 

Temos, ainda, a recentemente promulgada Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas com Deficiência 
(Lei  Federal  nº  13.146/2015),  em  vigor  a  partir  de  02  de  janeiro  de  2016.  O  texto  atualiza  o 
ordenamento jurídico brasileiro, vindo, no que tange à reabilitação psicossocial, a dispor de uma série 
de instrumentos de exigibilidade de direitos civis, políticos e coletivos. Como exemplo, há 1) o “auxílio‐
inclusão”,  benefício  que  não  concorre  com  a  renda  auferida  de  atividade  remunerada;  2) 
excepcionalidade  da  curatela  e  proibição  expressa  da  restrição  de  direitos  existenciais  e  de 

77
personalidade, como ao voto, casamento, educação, trabalho, adoção, sexualidade e ao próprio corpo; 
3)  tomada  de  decisão  apoiada.  Ademais,  uma  importante  norma  dessa  lei  impõe  a  mudança  dos 
métodos  avaliativos:  a  partir  da  afirmação  da  Classificação  Internacional  de  Funcionalidades, 
Incapacidades  e  Saúde  (CIFIS),  que  deve  ladear  a  Classificação  Internacional  de  Doenças  (CID‐10),  as 
avaliações diagnósticas necessitam ser oriundas de produção interdisciplinar e  multiprofissional, não 
sendo mais restrito apenas ao saber médico. E com maior rigor, o mesmo vale para as equipes técnicas 
judiciárias. A difusão destes conceitos e práticas relacionadas constitui um dos grandes desafios para a 
estratégia de Reabilitação Psicossocial. 
   

78
5. Temas  transversais  da  Política  Nacional  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras 
Drogas 
 

5.1. AÇÕES JUNTO ÀS POPULAÇÕES TRADICIONAIS 

Durante  o  período  2011‐2015,  as  estratégias  relacionadas  à  atenção  psicossocial  para  povos 
indígenas  e  povos  tradicionais  foram  construídas  de  modo  gradativo,  intersetorial,  reforçando‐se  a 
importância  do  diálogo  com  povos  e  grupos  indígenas  e  tradicionais  e  da  contextualização 
sociocultural de cada comunidade indígena, e compreensão os condicionantes e determinantes sociais 
relacionados aos problemas enfrentados. 
 Alguns marcos normativos são fundamentais para essa construção. Entre eles, a definição de 
Povos  e  Comunidades  Tradicionais  como  grupos  culturalmente  diferenciados  e  que  se  reconhecem 
como  tais,  que  possuem  formas  próprias  de  organização  social,  que  ocupam  e  usam  territórios  e 
recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, 
utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição  (BRASIL, 2007). 
Igualmente,  desde  a  publicação  da  Portaria  GM  nº  2.759  de  2007,  que  estabeleceu  as 
diretrizes  gerais  para  a  Política  de  Atenção  Integral  à  Saúde  Mental  das  Populações  Indígenas,  as 
estratégias  relacionadas  à  atenção  psicossocial  para  povos  indígenas  têm  se  consolidado  nas  ações 
desenvolvidas pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEI, pelos pontos da Rede de Atenção 
Psicossocial  –  RAPS  e  demais  pontos  da  rede  de  cuidados.  Esta  política  se  baseou  nos  princípios  de 
atenção diferenciada e integralidade.  
É  necessário  ressalta  que  ao  longo  do  processo  histórico  de  colonização,  e  em  função  de 
condições  econômicas  e  fundiárias  conflituosas,  os  povos  indígenas  e  tradicionais  brasileiros  têm 
sofrido fortes impactos sociais, culturais e econômicos em seus territórios e sobre seus modos de vida, 
o que tem gerado aprofundamento  de situações de sofrimento,  e de  problemas em saúde mental e 
decorrentes  do  abuso  de  álcool  e  outras  drogas.  Diante  desse  cenário,  têm  se  intensificado  a 
necessidade de estratégias e ações para atenção psicossocial aos povos indígenas e tradicionais. 
Assim, as ações desenvolvidas em diálogo com diferentes instituições e setores, têm buscado a 
promoção  de  uma  política  de  saúde  que  não  se  limite  à  dimensão  individual  e  à  perspectiva 
biomédica,  mas  considere  diferentes  aspectos  relacionados  às  condições  da  vida  em  sociedade  de 
diferentes  povos.  A  noção  de  ‘bem  viver’  tem  contribuído  a  essa  perspectiva,  permitindo  que  se 
considerem formas e projetos próprios de cada comunidade para buscar a felicidade ou o bem estar 
coletivos. 
   A descrição abaixo das ações realizadas no período 2011‐2015 considerou duas perspectivas: a 
de ações gerais, e a de ações em regiões prioritárias. Observa‐se que em sua grande maioria, as ações 
foram  voltadas  a  povos  indígenas.  Ações  específicas  voltadas  a  outros  povos  tradicionais  foram 
pontuais,  ou  articuladas  a  outras  pautas  (como  a  do  racismo,  e  das  relações  entre  discriminação, 
preconceito e saúde mental), sendo ainda um horizonte a ser ampliando junto à CGMAD nos próximos 
anos. 
Primeiramente,  a  descrição  sobre  ações  gerais  indica  atividades  que  desenvolveram  e 
aprofundaram  as  premissas  anteriormente  mencionadas,  em  ações  intersetoriais  e  referenciais  no 
campo  da  saúde  mental  e  da  atenção  psicossocial  para  povos  indígenas  e  tradicionais.  As  principais 
atividades descritas referem‐se à atuação junto ao grupo intersetorial de saúde mental. 
Em  seguida,  são  descritas  ações  em  regiões  prioritárias,  que  foram  definidas  em  função  da 
gravidade  de  algumas  situações.  A  Coordenação  Geral  de  Saúde  mental,  Álcool  e  outras  Drogas 
(CGMAD/MS)  previu  um  acompanhamento  mais  próximo  a  quatro  regiões,  três  delas  em  áreas  de 
fronteiras  nacionais,  que  revelam  dados  preocupantes  associados  a  violências,  ao  uso  excessivo  de 
álcool e ao suicídio, principalmente entre jovens.  

79
 Ações Gerais  

A. Fortalecimento  do  Grupo  Intersetorial  Saúde  Mental  e  Povos  Indígenas,  com  reuniões  semanais 
para  construção  das  ações  de  atenção  psicossocial  aos  povos  indígenas.  Grupo  de  Trabalho 
composto  pelo  Ministério  da  Saúde  (Secretaria  Especial  de  Atenção  à  Saúde  Indígena  –  SESAI, 
Secretaria de Atenção à Saúde – SAS, e Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS) e pela Fundação 
Nacional  do  Índio  (Diretoria  de  Promoção  dos  Direitos  Sociais  e  Diretoria  de  Promoção  ao 
Desenvolvimento Social – DPDS), com  o propósito de analisar conjuntamente as prioridades e, a 
partir daí, construir estratégias e ações a serem realizadas junto às equipes dos territórios. 

Desde  o  início  de  sua  formação,  em  2013,  tornou‐se  consenso  que  as  ações  em  saúde  mental 
deveriam ser construídas em conjunto com os povos indígenas, pois o cuidado em saúde mental 
tem a finalidade de responder às necessidades concretas das pessoas, ressaltando que tais povos 
possuem  suas  próprias  concepções  acerca  do  processo  saúde‐doença  e  sofrimento  e  formas 
próprias de lidar com tais situações. 

Compreendeu‐se  que  para  a  construção  de  um  cuidado  efetivo  é  fundamental  a  composição  de 
diversos  atores  intersetoriais  que  garantam  a  autodeterminação  desses  povos,  tal  qual  define  a 
Constituição  Federal.  Dessa  maneira,  além  das  reuniões  regulares  do  grupo,  e  da  participação 
conjunta em ações, foram realizadas viagens aos territórios para que o grupo intersetorial pudesse 
compreender realidades locais, a forma de organização de cada povo, o sofrimento, as respostas 
locais para tal sofrimento, a RAPS local e tudo mais que fizesse sentido em cada contexto. 

B. Participação na I e II Reunião de Referências Técnicas de Saúde Mental nos DSEIS (2013/Brasília e 
2014/Manaus). 

C. Participação no Encontro de Saúde Materno Infantil e da Oficina sobre Saúde Mental realizados no 
âmbito  do  Programa  conjunto  de  Segurança  Alimentar  e  Nutrição  de  mulheres  e  crianças 
indígenas. Brasília, março e abril de 2013. 

D. Participação  na  produção  (2013/2014)  do  Documento  Orientador  sobre  a  gestão  da  Atenção 
Psicossocial  nos  DSEI,  já  utilizado  pelas  equipes  dos  DSEI,  ainda  a  ser  publicado  pela  SESAI 
(Coordenação de Atenção Primária à Saúde Indígena/DASI). 

E. Diante da demanda de qualificação das equipes locais, organizou‐se ao longo de 2015, proposta de 
educação permanente, no bojo do Projeto Percursos Formativos da RAPS, destinada à atenção às 
questões  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas  em  contextos  indígenas,  que  selecionou 
quatro  redes  em  formação,  incluindo  os  respectivos  DSEI  de  referência:  Parauapebas/PA,  Ponta 
Porã/MS,  Porto  Seguro/BA  e  Teófilo  Otoni/MG.  Devido  ao  contingenciamento  orçamentário  não 
foi possível executar o módulo, que se mantém como uma importante ação a ser priorizada pela 
CGMAD.  Além  disso,  houve  o  desenvolvimento  de  outras  ações  de  capacitação  às  Equipes 
Multidisciplinares  de  Saúde  Indígena  nos  territórios  prioritários  e  em  outros  territórios,  como  o 
Curso  sobre  Saúde  Mental  Indígena  no  DSEI  Araguaia  realizado  em  parceria  com  a  SESAI  e  a 
Superintendência  de  Políticas  de  Atenção  Integral  à  Saúde  da  Secretaria  de  Estado  de  Saúde  de 
Goiás (SPAIS/SES/GO). 

F. Participação  no  Grupo  Executivo  SAS/SESAI,  entre  2013  e  2015,  com  o  objetivo  de  coordenar  as 
ações  em  saúde  destinadas  às  populações  indígenas  desenvolvidas  pelas  duas  secretarias, 
buscando ampliar o acesso às redes de atenção à saúde. 

G. Construção de edital para financiamento de ações de protagonismo indígena, em parceria com a 
SESAI  e  a  FUNAI,  com  o  objetivo  de  promover  a  saúde  mental  indígena  por  meio  de  projetos 
construídos pelas comunidades, nas seguintes linhas: Fortalecimento e valorização das práticas de 
cuidado  e  saberes  indígenas;  Expressão  cultural  e  artística;  Formação  de  jovens  lideranças  e 

80
Política Indigenista; Projetos de Atividades Econômicas Sustentáveis; Projetos de fomento ao lazer 
e esportes. O edital foi discutido e construído entre 2014 e 2015, apresentado e discutido junto ao 
Conselho  dos  Presidentes  dos  CONDISI  em  2015,  e  conta  com  a  expectativa   de  ser  lançado  em 
2016.  

H. Participação  na  Oficina  de  Qualificação  das  Estratégias  de  Prevenção  do  Suicídio  entre  Povos 
Indígenas, realizada em Brasília, em agosto de 2015, para construção e qualificação das estratégias 
de  prevenção  do  suicídio  entre  os  povos  indígenas  e  de  promoção  da  saúde  mental  e  do  bem 
viver; 

I. Participação na Oficina de Mobilização das Populações Quilombolas, População Indígena, Cigana e 
População  do  Campo,  Floresta  e  das  Águas  para  implantação  do  Comitê  Estadual  de  Atenção  à 
Saúde  dos  Povos  Tradicionais.  Secretaria  de  Estado  da  Saúde  (SES‐GO).  Em  setembro  de  2015, 
Goiânia – GO. 

 
Ações nas Regiões Prioritárias 

As regiões de atenção definidas como prioritárias foram as seguintes: a) Dourados, no Estado 
do  Mato  Grosso  do  Sul,  próximo  à  fronteira  Brasil‐Paraguai;  b)  Tabatinga,  no  estado  do  Amazonas, 
região  do  Alto  Solimões  na  tríplice  fronteira  Brasil‐Colômbia‐Peru;  c)  São  Gabriel  da  Cachoeira,  no 
estado  do  Amazonas,  na  fronteira  com  a  Venezuela  e  a  Colômbia,  e  d)  Ilha  do  Bananal,  maior  ilha 
fluvial do mundo, situada no estado do Tocantins, e na divisa com os estados do Mato Grosso e Goiás. 
Constituem‐se como quatro cenários de grande complexidade sociocultural, econômica e política,  que 
reúnem  diversos  povos  indígenas,  configurando  espaços  intensos  de  relações  interétnicas,  trocas 
interculturais, e conflitos de diversas ordens. 

Região de Dourados/ DSEI Mato Grosso do Sul 

Região  de  destaque  por  ter  a  segunda  maior  população  indígena  do  país,  que  apresenta 
importantes  questões  de  saúde  mental,  dentre  elas,  necessidades  em  função  do  uso  de  substâncias 
psicoativas, afetando principalmente os Guarani Kaiowa da região. Um importante problema apontado 
pelos trabalhadores do DSEI Mato Grosso do Sul foi a falta de integração com a rede de saúde mental, 
dificultando o cuidado dessa população. 
Decorrente de tal fato organizou‐se visitas técnicas realizadas entre 2013 e 2014 ao município 
de Dourados e Campo  Grande  no  Mato Grosso do  Sul, envolvendo equipe intersetorial formada por 
representantes  da  Funai  e  Ministério  da  Saúde 10.  De  modo  mais  geral,  procurou‐se  ampliar  o 
conhecimento sobre o contexto de vida e o modelo de atenção à saúde mental na Reserva Indígena de 
Dourados, tendo como objetivos específicos: a) fortalecer a comunicação entre órgãos públicos (locais, 
estaduais e federais), lideranças e organizações indígenas; b) identificar, conjuntamente, dificuldades, 
fragilidades  e  potencialidades  que  condicionam  o  modelo  de  atenção  à  saúde  indígena  e  à  atenção 
psicossocial na região de Dourados; c) conhecer projetos e ações realizadas por outros setores, ou que 
estejam em curso, envolvendo atenção psicossocial; d) articular um processo coletivo, intersetorial e 
que  fortaleça  o  protagonismo  indígena,  voltado  à  construção  de  alternativas  próprias  de  atenção  e 
cuidado psicossocial, e que responda às necessidades dos povos Kaiowá, Ñandeva e Terena, na região 
de  Dourados;  e)  desenvolver  um  plano  de  ação  intersetorial  para  a  atenção  psicossocial  na  Reserva 
Indígena de Dourados. 
Durante  as  visitas,  foram  realizadas  reuniões  com  diferentes  grupos,  nos  municípios  de 
Dourados  e  de  Campo  Grande  incluindo  os  indígenas,  os  trabalhadores  da  saúde  e  da  rede 
10
Ver Relatório de Visita Técnica Intersetorial à Dourados e Campo Grande – MS 13 a 17 de outubro
de 2014 BEM VIVER E SAÚDE MENTAL em CONTEXTOS INDÍGENAS: DOURADOS. Funai e
Ministério da Saúde.

81
intersetorial,  representantes  da  gestão  municipal  e  o  ministério  público  federal.  Definiu‐se  o 
planejamento  de  ações  para  os  próximos  anos,  com  destaque  à  necessidade  de  atuação  junto  aos 
municípios para ampliação e qualificação da RAPS e a necessidade de ampliação da rede intersetorial 
para atuação, devido a gravidade da situação na região. 
Uma importante ação decorrente da visita técnica foi a realização do Mutirão para Efetivação 
do  Direito  à  Convivência  Familiar  e  Comunitária  das  Crianças  e  Jovens  Indígenas  no  do  Cone  Sul,  no 
Mato  Grosso  do  Sul,  realizado  de  20  a  26  de  junho  de  2015,  organizada  pela  Fundação  Nacional  do 
Índio  (FUNAI),  em  parceria  com  a  Secretaria  Nacional  dos  Direitos  da  Criança  e  do  Adolescente  da 
Secretaria  Nacional  de  Direitos  Humanos (SNPDCA/SDH).  Essa  ação  levou  diversos  ministérios  ao 
território  do  Cone  Sul,  além  dos  supracitados,  como  Ministério  da  Saúde,  Ministério  do 
Desenvolvimento  Social,  Ministério  da  Justiça,  Ministério  das  Relações  Exteriores,  entre  outras 
entidades  como  o  Conselho  Nacional  do  Ministério  Público.  O  resultado  dessa  ação  culminou  no 
lançamento  do  “Plano  de  Ação  para  promoção  da  efetivação  do  Direito  à  Convivência  Familiar  e 
Comunitária de Crianças e Jovens Indígenas junto ao seu povo no Cone Sul do Mato Grosso do Sul”, 
com  ações  a  serem  desenvolvidas  no  período  2015‐2018.  O  Plano  foi  oficialmente  lançado  em 
11/09/2015, em reunião do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda. 

Tabatinga/Alto Solimões 

A Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (CGMAD/SAS) construiu junto 
ao  município  de  Tabatinga,  ao  Estado  do  Amazonas,  à  Área  Técnica  de  Saúde  Mental  da  SESAI  e  ao 
DSEI  Alto  Rio  Solimões  agendas  de  construção  de  desenho  para  a  Rede  de  Atenção  Psicossocial  da 
região,  tendo  participado,  com  este  objetivo,  de  reuniões  da  CIR  em  agosto  de  2014  e  outubro  de 
2015. O município de Tabatinga encontra‐se em processo de implantação de seu primeiro CAPS, tendo 
tido  ampla  participação  do  DSEI  em  todo  o  processo  e  contemplando  na  proposta  a  necessidade  de 
adequação às demandas indígenas. 

São Gabriel da Cachoeira/ Região da Terra Indígena Balaio 

Intercâmbio Cultural entre Povos Indígenas entre os Povos Tukano, Baniwa e Ashaninka: para 
multiplicar os saberes tradicionais. 

  A  Coordenação  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas  (CGMAD/SAS)  tem  desenvolvido 
atividades junto aos povos indígenas da região do Alto Rio Negro desde 2013 em conjunto com SESAI e 
do DSEI Alto Rio Negro. Das ações junto aos territórios construiu‐se parceira  com representantes  da 
Terra  Indígena  Balaio,  e  a  partir  daí  o  projeto  de  intercâmbio  cultural,  proposto  pela  comunidade, 
permitiu a construção  de  um  entendimento conjunto e coletivo sobre questões de saúde mental no 
contexto  indígena  e  comunitário,  a  sensibilização  sobre  a  construção  de  estratégias  de  ação,  e  a 
elaboração  de  um  projeto  conjunto  para  os  anos  de  2015‐2016,  com  a  premissa  de  que  ações  de 
atenção  psicossocial  aos  povos  indígenas  devam  levar  em  consideração  a  diversidade  e  a 
complexidade  sociocultural  desses  povos,  seus  direitos  culturais,  territoriais  e  políticos,  junto  ao 
consentimento e à ênfase no protagonismo e participação. 
  Tal estratégia teve como principal objetivo valorizar, promover e difundir a diversidade 
étnica regional, bem como ser um instrumento para fortalecimento da identidade e a cultura 
dos povos indígenas, unindo diferentes aldeias ou povos habitantes de uma mesma região e 
permitindo que a memória seja resgatada ou saberes trocados por meio de práticas cotidianas 
que remetem às tradições locais.  
  Em  2015,  as  ações  do  intercâmbio  foram  discutidas  e  integradas  ao  Projeto  PNUD  – 
Acesso  de  Populações  Vulneráveis  e  Estratégicas  RAS,  vinculando  as  diferentes  áreas  do 
DAPES ao subprojeto “Interculturalidade em Saúde como estratégia para Promoção do Bem 
Viver em Contexto Indígena no Brasil”, com a realização da etapa Ashaninka do intercâmbio, 
na Aldeia Apiwtcha, prevista para janeiro de 2016.  

82
Ilha do Bananal/ DSEI Araguaia e Tocantins 

As  ações  da  CGMAD  e  parceiros  na  região  dos  DSEI  Araguaia  e  Tocantins,  sobretudo  na  Ilha  do 
Bananal, tiveram início, após o conhecimento  do número muito expressivo de suicídios entre jovens 
Karajás  e  Javaés,  a  partir  de  2012.  As  ações  ocorreram  em  ambos  os  lados  da  Ilha  do  Bananal,  nos 
Estados do Mato Grosso e Tocantins, junto aos Karajás e Javaés, com ações referentes à formação e 
qualificação das equipes dos DSEI Tocantins e Araguaia: 

A. Realização da Ação Karajá, nos anos de 2013, 2014 e 2015, em parceria com as aldeias Karajás 
da  região,  o  Ministério  Público,  o  DSEI  Araguaia,  municípios  de  Lagoa  da  Confusão/TO  e  São 
Félix do Araguaia. 

B. Realização de Oficina de Prevenção do Suicídio junto ao DSEI Araguaia e às RAPS de São Félix 
do Araguaia e região, em 2015. Participaram dessa ação Ministério da Saúde, DSEI Araguaia ‐ 
agentes de saúde indígenas e não indígenas, enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem, 
entre outros parceiros locais. 

C. Realização  do  curso  de  Formação  Sobre  Saúde  Mental  em  Contexto  Indígena  para 
Trabalhadores do DSEI Araguaia e da RAPS de São Félix do Araguaia, em parceria com a SESAI e 
a SPAIS/SES/GO. 

5.2. POPULAÇÕES EM VULNERABILIDADE E A EQUIDADE NO ACESSO À SAÚDE MENTAL 

No  ano  de  2011,  a  Organização  Mundial  de  Saúde  (OMS)  publicou  documento  técnico11 com 
orientações para o desenvolvimento de políticas de combate às iniquidades em saúde através da ação 
sobre os determinantes sociais. A implementação de ações que incidam sobre as condições de saúde e 
bem‐estar  dos  indivíduos  e  populações,  com  vistas  à  redução  de  iniquidades,  deve  implicar  no 
reconhecimento de determinantes estruturais tais como classe, gênero, orientação sexual, raça/etnia, 
entre  outros.  Isto  traz  à  luz  populações  muitas  vezes  excluídas  em  um  processo  onde  o  modus 
operandi se foca normalmente em um estereótipo padronizado de usuário do SUS, que poucas vezes 
corresponde às necessidades da maior parte da população. 
Além  disso,  muitas  das  populações  em  vulnerabilidade  no  país  sofrem  de  violência  institucional 
por  parte  dos  serviços  do  SUS,  pois  a  discriminação  contra  aqueles  que  não  se  enquadram  em  um 
padrão historicamente construído gera sofrimento e agravos em saúde mental. A discriminação em si 
pode gerar sofrimento, mas também pode ser um fator agravante quando o sujeito sofre com algum 
transtorno mental mais grave.  
A Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, atenta para a busca da equidade 
no  acesso  à  saúde,  têm  se  comprometido  com  ações  que  busquem  a  visibilização  dessas  questões 
dentro  de  todos  os  componentes  da  RAPS.  Dessa  forma,  desde  2011,  tem‐se  desenvolvido  oficinas, 
reuniões  e  ações  junto  ao  Departamento  de  Apoio  à  Gestão  Participativa  (DAGEP)  do  Ministério  da 
Saúde e outros grupos para desenhar as linhas necessárias de destaque na relação entre raça/etnia, 
gênero, orientação sexual  e população  em situação  de rua  com  o sofrimento em saúde  mental,  que 
possam culminar em estratégias de cuidado mais abrangentes. 
 
Saúde Mental e População em Situação de Rua 

As  políticas  públicas  de  saúde  para  a  população  em  situação  de  rua  são  balizadas  pelas 
diretrizes  da  atenção  básica,  da  rede  de  atenção  psicossocial,  considerando  a  lógica  da  redução  de 
danos, a fim de garantir o acesso dessa população ao SUS.  
Nesta  perspectiva,  o  desenvolvimento  de  ações  e  estratégias  no  sentido  de  facilitação  do 
acesso  e  baixa  exigência  dos  serviços  de  saúde  constituem‐se  como  elementos  fundamentais  para  a 

11
http://www.who.int/sdhconference/discussion_paper/Discussion_Paper_PT.pdf

83
garantia  dos  direitos  e  produção  de  ofertas  de  cuidado  condizentes  às  necessidades  de  saúde  dessa 
população.  Os Consultórios na Rua tem se consolidado como um dispositivo potente nesse contexto, 
aspecto reconhecido pelo Comitê da  Saúde  para População de  Rua, colegiado este que  conta  com a 
CGMAD em sua composição.  
   Outra ação que tem repercutido na qualidade da atenção à população em situação de rua são 
os  “Encontros  Estaduais  de  Planejamento  do  Cuidado”  com  recorte  específico  para  este  grupo.  A 
CGMAD  participou  em  duas  destas  iniciativas  em  2015  envolvendo  diversas  áreas  do  Ministério  da 
Saúde, realizadas em Maceió/AL e Curitiba/PR. Cabe ainda ressaltar, que a população em situação de 
rua  está  destacada,  de  maneira  expressa,  na  proposta  de  regulamentação  do  Programa  Nacional  de 
Apoio ao Associativismo e Cooperativismo Social, instituído pelo Decreto nº 8.163, de 20 de dezembro 
2013. 

Saúde Mental e População Negra 

A  atuação  da  CGMAD  na  produção  de  pautas  relacionadas  à  discriminação  racial  tem  como 
premissa o notório e indesejável efeito do racismo, que pode se configurar como sofrimento psíquico. 
Reconhecer  as  expressões  manifestas  ou  tácitas  do  racismo  e  seus  efeitos  em  indivíduos  e  na 
coletividade  é  um  primeiro  passo  para  dimensionar  suas  implicações  na  conformação  do  sofrimento 
psíquico.  É  imprescindível  que  reflexões  dessa  ordem  permeiem  as  relações  sociais  e  comunitárias. 
Não  apartado  dessa  dinâmica,  é  importante  que  as  implicações  do  racismo  estejam  presentes, 
também, como parte do  saber e fazer dos serviços de saúde e,  sobretudo, nas práticas relacionadas 
mais diretamente ao cuidado em saúde mental. Propósito disso é o aprimoramento da atenção e do 
cuidado  oferecido  pela  RAPS,  de  modo  a  envolver  em  suas  práticas,  um  olhar  sobre  os  efeitos  do 
preconceito  e  da  segregação,  referencialmente  imbricados  nas  questões  étnico  raciais  em  nossa 
cultura. Essas considerações refletem um pouco daquilo de que se ocupa o Grupo de Trabalho sobre 
Racismo e Saúde Mental, instituído em abril de 2014 pelo Ministério da Saúde, por meio da parceria 
da CGMAD com o Departamento de Gestão Estratégica e Participativa ‐ DAGEP/SGEP, Departamento 
de Gestão da Educação na Saúde ‐ DEGES/SGTES, Departamento de Atenção Básica ‐ DAB/SAS e com a 
Politica Nacional de Humanização/SAS. Além de representantes do Ministério da Saúde compõem este 
grupo representantes das universidades e da sociedade civil organizada vinculada ao tema da questão 
racial e Saúde Mental.  
   Destacam‐se  como  desafios o aprimoramento da escuta e acolhimento aos usuários de seus 
serviços,  a  adoção  de  propostas  intersetoriais  no  campo  da  promoção  da  saúde  que  compreendam 
negros e não negros, bem como o aumento da visibilidade da questão no contexto de construção dos 
Projetos Terapêuticos Singulares, considerando o pertencimento étnico e identitário do usuário, e seus 
impactos psicossociais.  
Considera‐se,  ainda,  que  a  necessidade  ampliação  da  notificação  do  quesito  raça/cor  como 
primordial para a formulação das políticas públicas de saúde, inclusive em saúde mental.  
Especificamente  no  que  diz  respeito  ao  tratamento  relacionado  ao  uso  de  álcool  e  outras 
drogas,  é  imprescindível  que  o  profissional  de  saúde  esteja  atento  às  vinculações  equivocadas  que 
associam a população negra aos problemas de dependência e homicídios. O racismo é uma violência 
que deve ser tratada em seu aspecto estrutural social. A criação, difusão e apropriação das tecnologias 
para lidar com a temática racial também é ainda um desafio da RAPS. 
Ainda  que  se  ressalte  a  sensibilidade  humanística  dos  trabalhadores  de  saúde  mental,  há 
pouco acúmulo e reflexão que tangencia o tema étnico‐racial na RAPS. Para além da saúde mental, é 
possível dizer que as produções que tratam com profundidade as relações entre racismo e sofrimento 
psíquico  são  escassas  e  pouco  difundidas.  É  preciso  recuperar  a  própria  história  da  reforma 
psiquiátrica vinculada à questão racial.  
Como iniciativa primeira para desencadeamento das ações e propositivas acima mencionadas, 
o Grupo de Trabalho sobre racismo, propôs a organização de uma publicação que se configurará como 
coletânea  de  textos  sobre  a  discriminação  como  fator  de  sofrimento  envolvendo  diversos  grupos 
identitários.  Prevê‐se  que  tal  conteúdo  seja  referência  para  ações  de  formação  à  distância  a  serem 

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desdobradas na RAPS.  Tais ações, redimensionadas na segunda metade de 2015 devido às restrições 
orçamentárias, mas ainda  compatíveis  com as programações previstas no  ECAR, aguardam  definição 
da nova gestão para que se proceda a sua execução. 
 
Saúde Mental, Gênero e Orientação Sexual 

Em relação às dimensões de gênero e orientação sexual destaca‐se o desafio de reconhecer os 
processos  de  exclusão  e  sua  invisibilidade  histórica,  assim  como  a  patologização  do  sofrimento,  de 
modo a incidir diretamente sobre as práticas dos serviços. Muitas vezes os trabalhadores perdem de 
vista tais aspectos por pensarem ser secundários ou de cunho pessoal do usuário. Na realidade, essas 
questões  são  atravessadas  por  dimensões  políticas,  culturais  e  psicossociais,  e  necessitam  ser 
visibilizadas pelo fato de incidirem diretamente na relação com os processos de saúde, adoecimento e 
o  cuidado  de  si.  A  articulação  para  produção  de  ações  tem  sido  construída  pela  CGMAD 
conjuntamente  com  a  Coordenação  Geral  de  Saúde  das  Mulheres/SAS,  Coordenação  Nacional  de 
Saúde dos Homens/SAS e Departamento de Apoio a Gestão Participativa (DAGEP/MS)  

Avanços, Desafios e Perspectivas Futuras 

Nos  últimos  anos,  a  CGMAD  tem  sido  convocada  a  participar  de  diversos  fóruns  nos  mais 
diversos  grupos  identitários  a  fim  de  discutir  as  implicações  da  discriminação  e  do  preconceito  na 
constituição do sofrimento humano. É consenso, expresso em todos esses fóruns, os efeitos diretos da 
discriminação e do preconceito na produção do sofrimento.  
Contudo, ainda é necessário que tais discussões alcancem e representem cada grupo em sua 
particularidade, considerando suas identidades grupais e as formas peculiares em que o preconceito 
se  expressa  como  sofrimento.  Tal  perspectiva  incide  de  modo  determinante  para  legitimação  das 
conquistas de cada grupo social e validação de seu protagonismo de modo particular.  
Nessa perspectiva, a CGMAD pactuou e firmou como meta para o próximo ano a organização de 
um ciclo de debates e coletânea de textos para elaboração de uma publicação. Esta publicação tem, 
assim, o propósito de apresentar, no contexto da RAPS, reflexões que considerem as diversidades, a 
discriminação,  suas  implicações  na  conformação  do  sofrimento,  adentrando  nas  estratégias  de 
atenção no SUS. 

5.3. AÇÕES RELACIONADAS AO CAMPO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 

As  ações  relacionadas  ao  campo  “Álcool  e  outras  Drogas”  estão  presentes  em  diferentes  partes 
desse  relatório.  Os  atos  normativos  que  constituem  a  RAPS  buscam  a  todo  tempo  a  afirmação  da 
equidade e da integralidade e ampliação do acesso, de forma que as ações voltadas às necessidades 
de saúde decorrentes do uso de álcool e outras drogas podem ser identificadas de maneira eloquente, 
por  exemplo,  em  componentes  como  o  de  Atenção  Hospitalar  e  Atenção  Psicossocial  Estratégica.  O 
“campo  de  álcool  e  outras  drogas”  tem  expressão  importante  ainda  no  debate  sobre  a  infância  e 
juventude  e  nas  ações  de  educação  permanente.  Ou  seja,  busca‐se  superar  a  compreensão  de  tal 
temática como domínio de “especialistas” e afirmar o tema como transversal no contexto da RAPS, de 
forma a vincular a atenção psicossocial às dimensões da integralidade e intersetorialidade.  
Destacam‐se  as  ações  relacionadas  à  prevenção  ao  uso  prejudicial  de  álcool  e  outras  drogas:  a 
participação  durante  o  período  de  2011‐2015  no  Conselho  Nacional  de  Políticas  Sobre  Drogas 
(CONAD),  a  contribuição  e  interlocução  com  o  legislativo  por  meio  da  participação  em  audiências 
públicas  sobre  temas  importantes  como  a  revisão  da  Lei  11.343/2006,  que  concentra  as  ações  do 
Estado  brasileiro  sobre  o  tema  drogas.  Por  fim  apresenta‐se  uma  síntese  dos  eventos  e  produções 
técnicas que foram realizados e que contribuíram para a ampliação do cuidado promovida no contexto 
da RAPS. 
Dentre  as  produções  técnicas  cabe  ressaltar  a  publicação  em  2015  do  Guia  Estratégico  para  o 
Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao Consumo de Álcool e Outras Drogas: Guia AD, 

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documento  este  que  ofereceu  a  diferentes  públicos  elementos  para  a  discussão  sobre  o  tema  no 
contexto  da  RAPS  e  abordou  temas  importantes  como  PTS,  Redução  de  Danos  e  Judicialização  da 
Saúde. 
O  período  entre  2011  e  2015  constituiu‐se  como  um  momento  de  consolidação  dos  serviços 
territoriais  então  existentes  e  de  criação  de  novos  dispositivos  de  cuidado,  com  aporte  de  recursos 
financeiros federais, tais como os Consultórios na Rua e as Unidades de Acolhimento, da mesma forma 
que foi estimulada a pactuação e implantação de CAPS AD  III e  Leitos de Saúde  Mental em Hospital 
Geral.  
A Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas tem sido construída, até o presente 
momento, por esforços coletivos entre os diferentes níveis de gestão e com abertura para o diálogo 
com a sociedade brasileira, numa perspectiva democrática que busca qualificar os espaços de diálogo 
com  os  diferentes  setores  envolvidos  com  o  SUS.  Dessa  forma,  boa  parte  das  ações  que  estão 
incorporadas no contexto da RAPS pelo conjunto normativo produzido entre os anos de 2011 e 2015, 
reflete em um contexto mais geral, iniciativas que já vinham sendo desenvolvidas de forma pontual, 
por iniciativa de gestores locais, ou por meio da inscrição em editais. É preciso apontar que entre os 
anos de 2011 e 2015 foram desenvolvidos duas iniciativas inovadoras em âmbito local que contaram 
com a colaboração e disponibilidade para apoio do Ministério da Saúde.   
O governo do Estado de Pernambuco, em 2011, criou o Programa ATITUDE ‐ Atenção Integral aos 
Usuários  de  Drogas  e  seus  Familiares,  coordenado  pela  Secretaria  de  Desenvolvimento  Social  e 
Direitos  Humanos  através  da  Gerência  Geral  de  Políticas  sobre  Drogas.  Presente  em  municípios  da 
Região Metropolitana de Recife, Sertão e Agreste pernambucano, o ATITUDE integra o Pacto pela Vida, 
programa  mais  amplo  criado  em  2007  para  diminuir  o  número  de  homicídios  no  Estado,  a  partir  da 
integração de serviços de saúde, assistência social e de segurança. 
O ATITUDE proporcionou atendimento aos usuários de crack, álcool e outras drogas com atenção 
também  direcionada  aos  familiares,  oferecendo  cuidados  de  higiene,  alimentação,  descanso, 
atendimento psicossocial, além de outros, e com encaminhamentos direcionados para a rede SUS e do 
Sistema  Único  de  Assistência  Social  (SUAS)  e  demais  políticas  setoriais.  A  estratégia  é  centrada  em 
graus  progressivos  de  vínculo  com  usuários  para  afastá‐los  das  drogas  e  da  violência  associada  ao 
tráfico e ao combate ao mesmo. O público alvo são pessoas em situação de extrema exclusão, a quem 
o projeto ajuda tentando restabelecer qualquer tipo de vínculo social. 
Em  2014,  o  município  de  São  Paulo  implantou  o  Programa  De  Braços  Abertos  e,  de  maneira 
inédita, lançou mão de uma política integral de cuidado às pessoas com necessidades decorrentes do 
uso  de  álcool  e  outras  drogas,  baseada  na  articulação  das  redes  e  na  concepção  do  usuário  como 
sujeito de direitos [dignidade, respeito, trabalho e renda]. Sem exigir a abstinência e em acordo mútuo 
com os usuários, a prefeitura atuou inicialmente no desmonte dos barracos na área da cena de uso, 
então  existentes  na  região  da  Luz,  no  Centro  de  São  Paulo,  e  propôs‐se  à  oferta  de  adesão  ao 
programa  por  meio  de  acolhimento  em  hotéis  sociais, fornecimento  de  três  refeições  e  proposta  de 
trabalho remunerado.  
Essa  proposta inovadora  pautou  os  temas  do  acesso  ao  trabalho  e  moradia  como  dimensões 
centrais  da  política  destinada  às  pessoas  com  necessidades  decorrentes  o  uso  de  álcool  e  outras 
drogas, de modo a priorizar o acesso e garantia de direitos de cidadania em detrimento de exigências 
de adesão aos tratamentos de saúde. A finalidade do Programa De Braços Abertos é a reinserção social 
das pessoas em situação de vulnerabilidade, com garantia de direitos básicos e de cidadania, baseadas 
no conceito de baixa exigência. É fundamental que o estado promova ações intersetoriais envolvendo 
a  saúde,  assistência  social,  segurança  pública,  direitos  humanos,  trabalho,  cultura  e  outras  pastas. 
Destacam‐se  nesse  contexto  o  desenvolvimento  de:  atividades  laborais  remuneradas  e  qualificação 
profissional; moradia provisória, como quartos em hotéis do território; garantia das refeições diárias; 
acesso  a  documentação  civil  e  encaminhamento  para  programas  habitacionais,  de  transferência  de 
renda e outros a que façam jus; requalificação do ambiente urbano, com ações de limpeza, iluminação, 
segurança  e  cuidado;  estímulo  à  autonomia  econômica  dos  beneficiários  do  Programa,  por  meio  de 
intermediação de mão‐de‐obra e fomento ao cooperativismo e ao associativismo; fortalecimento, em 

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articulação com a segurança pública estadual, das ações de inteligência para enfrentamento ao tráfico 
de drogas.  
Considerando  a  complexidade  das  questões  relativas  às  drogas  que  exigem  a  articulação  de 
diversos  atores  no  âmbito  da  política  social,  as  iniciativas  apontadas  são  ações  que  demonstraram 
alinhamento  com  o  contexto  da  RAPS,  devendo  ser  observadas,  apoiadas  e  avaliadas  para  que  seja 
possível ampliar ações de redução de danos e atenção integral no contexto do SUS.  

Os Programas de Prevenção ao uso prejudicial de álcool e outras drogas  

A  prevenção  ao  uso  prejudicial  de  álcool  e  outras  drogas  tem  se  constituído  como  ação 
estratégica de diferentes Políticas Públicas instituídas pelo Governo Federal na última década.  
No contexto da Política Nacional sobre Drogas, regulamentada pela SENAD/MJ em 2005, cabe 
destacar a publicação da Lei n.º11.343/2006 e a proposição do Programa “Crack, É Possível Vencer”, 
em 2010. A lei estabeleceu medidas de prevenção ao uso indevido de drogas, de atenção e reinserção 
social de pessoas com necessidades decorrentes do uso de drogas, bem como propôs a superação do 
foco  repressivo  e  de  “guerra  às  drogas”.  O  Programa  “Crack,  É  Possível  Vencer”,  por  sua  vez, 
configurou‐se  por  meio  de  ações  intersetoriais  envolvendo  os  Ministérios  da  Educação,  Saúde, 
Desenvolvimento  Social  e  Justiça,  com  base  em  três  eixos  estruturantes:  cuidado,  autoridade  e 
prevenção,  sendo  este  último  regulamentado  pelas  diretrizes  da  promoção  de  saúde  e  do 
fortalecimento de fatores de proteção individuais e comunitários contra o uso prejudicial de drogas. 
No âmbito das políticas de saúde, a prevenção ao uso prejudicial de drogas foi indicada como 
ação dentro de diversas políticas, tal qual a Política Nacional de Atenção Básica (Portaria nº 2.488, de 
21  de  outubro  de  2011),  a  Política  Nacional  de  Promoção  da  Saúde  (Portaria  nº  2.446,  de  11  de 
novembro de 2014), o Programa Saúde na Escola (Portaria Interministerial nº 1.413, de 10 de julho de 
2013), o Programa de Controle da SIDA ou AIDS (Portaria 236, de 02 de maio de 1985) e as diretrizes 
da Rede de Atenção Psicossocial (Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011).  
No  âmbito  da  RAPS,  definiu‐se  como  objetivo  específico  a  proposição  de  ações  e  o 
desenvolvimento  de  estratégias  intersetoriais  envolvendo  a  redução  de  danos  e  prevenção  ao 
consumo prejudicial de substâncias psicoativas. 
No início de 2013, a CGMAD em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e 
Crime  (UNODC)  selecionou,  com  base  em  evidências  científicas,  três  programas  internacionais  de 
prevenção  largamente  avaliados  em  países  com  estruturas  políticas  e  sociais  semelhantes  às 
brasileiras:  o  Good  Behavior  Game  (GBG)  –  para  crianças  de  6  a  10  anos  –  e  o  Unplugged  –  para 
adolescentes de 11 a 14 anos –, ambos programas escolares; e o Strengthening Families Program 10‐
14  (SFP)  –  destinado  a  famílias  com  adolescentes  de  10  a  14  anos  –  desenvolvido  em  contextos 
comunitários.  
Destacamos como foco dos programas: 

A. Garantir  às  crianças,  adolescentes  e  jovens,  especialmente  aqueles  em  situação  de 
vulnerabilidade social, o desenvolvimento de habilidades de vida, educando para o convívio e 
compensando desvantagens sociais; 

B. Desenvolver  o  pensamento  crítico  entre  adolescentes  e  jovens,  especialmente  sobre  uso 


prejudicial de álcool e outras drogas; 

C.  Disseminar normas claras e consensuais que regulem o processo do conviver em sociedade e 
de construção de coletivos democráticos, que impactem sobre o consumo de álcool e outras 
drogas. 

Com o intuito de promover a articulação intersetorial foi proposta a composição de um Comitê 
Gestor  Federal  para  a  implantação  dos  programas  no  Brasil,  com  representantes  da  CGMAD, 
Coordenação‐Geral  de Saúde  da Criança e  Aleitamento  Materno (MS),  Coordenação‐Geral de  Saúde 
dos Adolescentes e Jovens (MS), Programa Saúde na Escola (PSE/MS), Departamento de DST, AIDS  e 

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Hepatites  Virais  (MS);  UNODC,  Secretaria  Nacional  de  Políticas  sobre  Drogas  (SENAD/MJ),  Ministério 
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).  
Durante o ano de 2013, a CGMAD em cooperação com o UNODC contratou equipe específica 
para a implantação dos Programas de Prevenção. Nessa fase inicial, denominada pré‐piloto, realizou‐
se  a  tradução  para  o  português  dos  materiais  didáticos  concernentes  a  cada  programa  e  os 
profissionais  foram  capacitados  pelos  desenvolvedores  internacionais  dos  programas  para  atuarem 
como  supervisores  e  formadores  no  âmbito  nacional.  Os  três  programas  foram  implementados 
intersetorialmente por meio de parcerias com Secretarias Estaduais/Municipais de Saúde e Educação 
(Programas GBG e Unplugged) e Secretarias Estaduais/Municipais de Assistência Social (Programa SFP) 
em  pequena  escala  nos  municípios  de  Florianópolis/SC,  São  Bernardo  do  Campo/SP,  São  Paulo/SP, 
Tubarão/SC  e  Distrito  Federal/DF.  Para  isso,  profissionais  vinculados  à  CGMAD  conduziram  as 
formações  inicias  dos  profissionais  da  saúde,  educação  e  assistência  social  nos  âmbitos  locais  e 
acompanharam e apoiaram a aplicação dos programas registrando as experiências e necessidades de 
adaptação  cultural  identificadas,  por  meio  de  diários  cartográficos.  Em  setembro  de  2013,  após  o 
Simpósio  Internacional  sobre  Drogas:  da  Coerção  a  Coesão,  a  CGMAD  realizou  o  Seminário 
Internacional  sobre  Prevenção  para  sensibilizar  os  coordenadores  de  saúde  mental  e  gestores 
estaduais  e  municipais  de  saúde  e  educação  sobre  a  importância  de  avaliação  de  efetividade  das 
estratégias de prevenção. 
A  Universidade  de  Brasília  (UnB),  Universidade  Federal  de  Santa  Catarina  (UFSC)  e 
Universidade  Federal  de  São  Paulo  (UNIFESP)  realizaram  a  avaliação  do  processo  de  implementação 
dos três programas no Brasil e conduziram grupos focais e nominais para identificar os elementos dos 
programas a serem adaptados.  
No  início  de  2014,  a  equipe  da  CGMAD  efetivou  a  adaptação  cultural  dos  três  programas  a 
partir das necessidades identificadas ao longo do pré‐piloto para as suas primeiras versões brasileiras. 
O  GBG  foi  base  para  a  criação  do  Programa  Jogo  Elos  ‐  Construindo  Coletivos  (a  partir  de  2016 
denominado Programa Elos), o Unplugged para o #Tamojunto e o SFP para o Fortalecendo Famílias (a 
partir de 2016 denominado Famílias Fortes). As adaptações incluíram revisão da linguagem e conteúdo 
do  material  didático,  revisão  do  formato  de  acompanhamento,  criação  de  instrumentos  de 
monitoramento  (via  FORMSUS)  e  uma  primeira  proposta  de  expansão  dos  programas  por  meio  de 
multiplicadores  locais,  visando  a  transferência  de  tecnologia  para  os  territórios  garantindo  a  sua 
autonomia e sustentabilidade. As primeiras versões brasileiras dos programas foram implementadas já 
numa escala maior, abrangendo 11 municípios brasileiros, nas cinco regiões do Brasil. 
Além disso, em 2014, a Coordenação investiu em desenvolvimento de aulas complementares 
do programa #Tamojunto (com temáticas de raça e etnia, violência, identidade, gênero e saúde sexual 
e  reprodutiva)  e  do  componente  familiar  do  Programa  Elos  ‐  ambos  por  meio  de  processos 
participativos, envolvendo parceiros de outros setores. As sessões de acompanhamento do programa 
Fortalecendo Famílias foram experimentadas em pequena escala.  
No  final  de  2014  e  início  de  2015,  os  três  programas  foram  revisados  novamente,  devido  às 
novas  necessidades  identificadas  durante  a  ampliação  territorial  dos  programas.  O  modelo  de 
multiplicação dos programas foi aprimorado, por meio da elaboração de guias para os multiplicadores 
locais e revisão do processo de capacitação. Em 2015, expandiu‐se a implantação dos programas em 
novos  serviços/equipamentos  públicos  nos  municípios  participantes  e,  por  meio  de  parceria  com  a 
SENAD/MJ, deu‐se início à implantação em 10 novos municípios do estado de Ceará/CE. 
Na sequência, apresentamos em linhas gerais as dimensões fundamentais de cada programa, 
incluindo informações sobre as etapas de implantação no Brasil e impactos constatados. 

Programa Jogo Elos: Construindo Coletivos (Good Behavior Game ‐ GBG) 
O GBG foi criado a partir da premissa de que as crianças com comportamentos disruptivos e 
agressivos  tendem  a  desenvolver  posteriormente  problemas  de  saúde  mental,  ter  dificuldades  em 
fazer parte do coletivo e ter problemas relacionados ao uso abusivo de drogas. Por meio do jogo, os 
educandos  são  incentivados  a  desenvolver  hábitos  de  sociabilidade  e  cooperação,  reduzindo  a 
ocorrências de conflitos em sala de aula. O GBG promove o sentimento de pertencimento a um grupo 

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social  por  meio  de  criação  das  condições  para  que  a  colaboração  e  aceitação  mútua  possam  ser 
aprendidas pelas crianças em sala de aula. Além disso, a metodologia contribui para a desconstrução 
de  estigmas  dentro  do  ambiente  de  sala  de  aula  e  potencializa  o  papel  do  educador  como  um 
mediador de conflitos. 
O  programa  foi  desenvolvido  e  testado  pelos  pesquisadores  estadunidenses  na  década  de 
1960 com crianças em idade escolar. O acompanhamento em longo prazo mostrou que a participação 
no programa produziu efeitos na redução de uso  e  abuso de substâncias  psicoativas, como também 
em outros aspectos da vida. Diminuiu cerca de 70% a frequência de conflitos entre os alunos em sala 
de aula; bem como redução na ocorrência de violência e bullying na escola e melhorou o desempenho 
escolar dos participantes. 
A  implantação  do  Pré‐piloto  do  GBG  no  Brasil,  intitulado  Jogo  Elos  se  deu  em  territórios  de 
dois Estados da federação: São Paulo e Santa Catarina, conforme detalhamento abaixo: 

Tabela  12.  Alcance  em  números  de  escolas,  educadores  e  educandos  por  território  no  Pré‐piloto  do 
GBG (Jogo Elos) em números ‐ 2013 

Pré‐piloto do GBG (Jogo Elos) em números (2013) 
Território  Escolas  Educadores Educandos 
São Paulo – SP  1  1  30 
São Bernardo de Campo – SP  2  4  100 
Florianópolis – SC  1  17  455 
Tubarão – SC  2  13  239 
TOTAL  6  35  824 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

No ano de 2014, a expansão do Programa Jogo Elos caracterizou‐se pela implantação do Piloto 
em  novas  escolas  nos  municípios  participantes  e  ampliação  do  Programa  em  novos  três  estados  do 
país. 

Tabela 13. Alcance em números de escolas, educadores, turmas e educandos por território no Piloto 
do JOGO ELOS ‐ 2014 

Piloto do JOGO ELOS em números (2014) 
Território  Escolas  Educadores Turmas Educandos 
Curitiba – PR  1  12  11  324 
Florianópolis – SC  3  16  21  329 
Fortaleza‐ CE  2  6  2  43 
João Pessoa‐PB  2  6  4  96 
São Bernardo do Campo – SP  3  12  11  304 
São Paulo – SP  3  8  8  235 
Taboão da Serra‐ SP  1  4  4  250 
Tubarão – SC  6  14  16  294 
TOTAL  21  78  77  1.875 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Dados  de  avaliação,  realizada  pela  UNIFESP  e  UFSC,  e  de  monitoramento  do  processo  de 
implementação do Jogo Elos: Construindo Coletivos, mostraram que, na percepção dos educadores, o 

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programa  contribuiu  para  o  desenvolvimento  de  algumas  habilidades  de  vida,  aprimoramento  da 
qualidade nas relações em sala de aula e trouxe impactos positivos na autopercepção do educador e 
em seu manejo de sala de aula:  

 95% dos educadores afirmaram que o programa contribuiu para uma mudança de percepção 
positiva sobre si mesmos como educadores;  

 85% dos educadores afirmaram organizar suas turmas em equipes com frequência ou sempre, 
enquanto no início 37,5% o faziam; 

 64% dos professores afirmaram estar bastante ou totalmente contentes com o jogo; 

Tanto  os  professores  (60%),  quanto  os  diretores  (55%)  consideram  o  Jogo  Elos  bastante  ou 
totalmente útil para gerenciar o comportamento dos alunos em sala de aula. 
No ano de 2015 deu‐se a expansão do Programa em novos municípios do Ceará/CE. Além disso, 
duplicou‐se o número de escolas participantes e o programa atingiu mais de 2.500 educandos. 

Tabela 14. Alcance em número de escolas, turmas e educandos por território no Piloto Jogo Elos ‐ 2015 

JOGO ELOS em números (2015) 
Território  Escolas  Turmas Educandos 
Aracati‐CE  2  3  84 
Barbalha‐CE  2  2  70 
Camocim‐CE  2  3  84 
Caucaia‐CE  2  4  108 
Crateús‐CE  2  3  101 
Florianópolis – SC  2  9  225 
Fortaleza‐ CE  2  8  258 
Iguatú‐CE  2  3  84 
Juazeiro do Norte‐CE  2  2  60 
Quixeramobim‐CE  2  3  74 
São Bernardo do Campo – SP  3  13  390 
São Paulo – SP  7  13  383 
Taboão da Serra‐ SP  4  13  426 
Tianguá‐CE  2  2  56 
Tubarão – SC  5  11  198 
TOTAL  41  92  2.601 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

#Tamojunto (Unplugged) 

O  programa  Unplugged  foi  desenvolvido  pelo  Instituto  EU‐DAP  (European  Drug  Addiction 
Prevention Trial) a partir do Modelo de Influência Social Global, baseado no tripé: desenvolvimento de 
habilidades de vida, pensamento crítico em relação a informações e crenças normativas. A efetividade 
do programa foi avaliada num estudo controlado randomizado em sete países europeus entre 2004 e 
2006,  com  estudantes  de  12  a  14  anos.  Em  comparação  com  o  grupo  controle,  os  jovens  que 
participaram do programa tinham uma probabilidade 30% menor de fumar cigarro diariamente e de 
experimentar uma intoxicação alcoólica (binge drinking), além da redução de 23% da probabilidade de 

90
fazerem uso de maconha no último mês. Além disso, em relação ao uso do tabaco por adolescentes, o 
programa se mostrou efetivo ao prevenir a transição do não uso ou uso esporádico para o uso diário.  
A implantação do Pré‐piloto do Unplugged no Brasil se deu em territórios de dois Estados da 
federação: São Paulo e Santa Catarina, conforme detalhamento abaixo: 

Tabela  15.  Alcance  em  números  de  escolas,  professores,  turmas  e  educandos  por  território  no  Pré‐
piloto Unplugged ‐ #Tamojunto ‐ 2013 

Pré‐piloto do Unplugged em números (2013) 
Território  Escolas  Professores Turmas  Educandos 
São Paulo – SP  3  9  23  837 
São Bernardo de Campo – SP  1  4  17  547 
Florianópolis – SC  4  23  20  777 
TOTAL  8  36  60  2.161 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Na avaliação do pré‐piloto, a UNIFESP e UFSC realizaram um estudo quasi‐experimental sobre 
efetividade  do  programa,  que  demonstrou  que  os  educandos  que  não  passaram  pelo  programa 
aumentaram  o  uso  de  drogas  num  porcentual  maior  do  que  os  que  participaram.  O  binge  drinking 
(tomar mais que 5 doses numa ocasião) diminuiu entre os participantes do Unplugged, em relação ao 
grupo controle. 
No  ano  de  2014,  a  implantação  do  Programa  Piloto  #Tamojunto  caracterizou‐se  pela 
significativa expansão do número de escolas e de educandos participantes, abrangendo 12 municípios 
das cinco regiões do Brasil. 

Tabela 16. Alcance em números de escolas, professores, profissionais da saúde, turmas e educandos 
por território do #Tamojunto ‐ 2014 

Piloto do #Tamojunto em números (2014) 
Território  Escolas  Professores Profissionais  Turmas  Educandos 
da Saúde 
Curitiba – PR  12  22  27  55  1.954 
Cruzeiro do Sul‐ AC  3  4  6  5  157 
Distrito Federal ‐ DF  6  16  5  35  1.072 
Florianópolis – SC  12  29  8  35  1.070 
Fortaleza‐ CE  13  42  11  48  1.456 
João Pessoa‐PB  18  33  17  39  1.071 
Rio Branco‐AC  4  8  5  12  481 
Rodrigues Alves – AC  1  2  2  2  65 
São Bernardo do Campo – SP  12  25  12  47  1.360 
São Paulo – SP  39  79  33  113  3.619 
Taboão da Serra ‐ SP  6  21  20  31  1.072 
Tubarão – SC  4  8  6  10  212 
TOTAL  130  289  152  432  13.589 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

A efetividade do Programa #Tamojunto na prevenção do uso e abuso de álcool e outras drogas foi 
avaliada  por  meio  de  estudo  controlado  randomizado  realizado  pela  UNIFESP  e  UFSC.  Tal  processo 

91
incluiu  etapa  pré‐teste  (antes  do  início  do  programa)  e  pós‐teste  (no  final  de  2014  e  em  2015).  Os 
resultados  estarão  disponíveis  somente  em  2016.  Os  dados  de  monitoramento  do  processo  da 
implementação  do  #Tamojunto  em  2014,  coletados  por  meio  de  formulários  FORMSUS  preenchidos 
pelos professores, multiplicadores locais e formadores, demonstraram que: 

 Dos  289  professores  que  participaram  na  implementação  do  programa  em  2014,  somente  5 
desistiram (1,7%); 
 64.75% dos professores relatam que utilizaram algumas técnicas do programa #Tamojunto em 
outras aulas; 
 Os  professores  relatam  que  os  educandos  estão  mais  receptivos  ao  convívio  com  eles  para 
além do programa (82% dos relatos); e 
 Os professores relataram que o programa contribuiu para ampliar positivamente a percepção 
sobre  si  mesmo  como  educador  sempre  (53%  dos  relatos)  e  frequentemente  (44%  dos 
relatos). 

No ano de 2015 deu‐se continuidade à expansão do Programa em novos municípios do Ceará/CE, 
bem como dos demais estados participantes. Para além disso houve significativa ampliação do número 
de profissionais (saúde e educação) participantes e o programa atingiu quase 20.000 educandos. 

Tabela  17.  Alcance  em  números  de  escolas,  professores,  turmas,  educandos,  profissionais  da  saúde, 
multiplicadores locais por território do #Tamojunto ‐ 2015 

Piloto do #TAMOJUNTO em números (2015) 
Território  Escolas  Professores Turmas  Educandos  Profissionais  Multiplicador
da Saúde  es locais 
Curitiba – PR  11  28  49  1.471  15  5 
Cruzeiro do Sul‐ AC  7  12  15  418  28  8 
Rio Branco‐AC  7  28  33  1.190  10 
Rodrigues Alves –  1  1  1  25  2 
AC 
Distrito Federal  7  11  39  1.282  10  4 
Florianópolis – SC  17  38  39  1.164  35  12 
Tubarão – SC  3  2  4  76  4 
Fortaleza‐ CE  17  26  43  1.365  35  4 
9 municípios do  16  19  28  928  9 
estado Ceará 
João Pessoa‐PB  18  38  54  1.377  15  5 
São Bernardo do  13  17  46  1.554  239  2 
Campo – SP 
São Paulo – SP  63  142  212  7.527  62 
Taboão da Serra ‐  5  26  22  896  8 
SP 
TOTAL  185  388  585  19.273  377  136 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

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Fortalecendo Famílias / Famílias Fortes (Strengthening Families Programme 10‐14 – SFP) 

O  Strengthening  Families  Programme  10‐14  (SFP)  é  uma  intervenção  com  famílias,  que  visa 
reduzir os fatores de risco do uso e abuso de substâncias por adolescentes e construir ou fortalecer os 
vínculos  familiares,  entendidos  como  fatores  de  proteção  contra  o  abuso  de  álcool,  tabaco  e  outras 
drogas. O programa prevê o desenvolvimento das habilidades parentais, tal como demonstrar apoio e 
suporte aos filhos, e ensina as práticas para estabelecimento de limites e regras de convivência entre 
os  familiares.  Por  meio  de  diálogo  entre  os  adultos  e  adolescentes,  as  famílias  melhoram  a 
comunicação e fortalecem os vínculos. 
O programa foi criado nos anos 1970 por pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados 
Unidos.  Em  1993,  o  programa  foi  adaptado  e  aplicado  pela  Universidade  Oxford  Brooks,  no  Reino 
Unido  em  442  famílias  em  grande  maioria  economicamente  desfavorecidas.  A  pesquisa  estruturada 
avaliou  diversos  fatores  de  risco  e  proteção  antes  do  início  do  programa  e  até  2  anos  depois.  A 
comparação dos dados pré e pós‐teste mostrou que todos os participantes, como os jovens tanto os 
adultos, melhoraram os vínculos familiares. Os jovens ficaram mais dispostos a fazer novas amizades, 
aumentaram  seus  círculos  sociais  e  desenvolveram  a  resistência  às  pressões  para  envolvimento  em 
práticas criminais como furtos e roubos. Pesquisadores da Oxford Brooks relatam que os jovens que 
participaram do SFP tiveram 30% menor chance de fazer o uso abusivo de álcool. Além disso, os dados 
mostraram  uma  redução  de  agressividade  de  todos  os  participantes,  tanto  pais  como  jovens.  Os 
resultados  indicaram  ainda  melhoria  da  qualidade  dos  vínculos  familiares,  maior  interesse  e 
participação dos pais nas atividades dos filhos e melhorias no rendimento escolar dos jovens. 
A implantação do Pré‐piloto do SFP no Brasil se deu especificamente no território do Distrito 
Federal, conforme detalhamento abaixo: 
 
Tabela  18.  Alcance  em  números  de  grupos  e  famílias,  por  território  por  território  no  Pré‐piloto  do 
Fortalecendo Famílias ‐ 2013 

Pré‐piloto do SFP em números (2013) 
Território  Grupos  Famílias 

Sobradinho – DF  2  13 
Taguatinga – DF  2  20 
Ceilândia – DF  1  10 
Gama Leste – DF  1  8 
Núcleo Bandeirante – DF  1  5 
Paranoá‐DF  1  8 
TOTAL  8  64 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Os  dados  da  avaliação  do  pré‐piloto,  realizada  pela  Universidade  de  Brasília  (UnB), 
demonstraram  que  os  jovens  e  seus  familiares  identificaram‐se  com  as  atividades  e  fizeram  ótima 
adesão  às  ações.  Os  participantes  apresentaram  bons  níveis  de  participação,  satisfação  com  os 
procedimentos e apreciação dos temas percebidos como relevantes para a própria vida. 
No ano de 2014, a implantação do Programa Piloto Fortalecendo Famílias caracterizou‐se pela 
expansão dos territórios participantes, abrangendo cinco estados do país, assim como a ampliação do 
número de famílias envolvidas. 

   

93
Tabela  19.  Alcance  em  números  de  facilitadores,  grupos  e  famílias  por  território  no  Piloto  do 
Fortalecendo Famílias ‐ 2014 

Piloto Programa Fortalecendo Famílias em números (2014) 
Território  Facilitadores Grupos  Famílias
Cruzeiro do Sul ‐ AC  17  1  7 
Distrito Federal  85  9  50 
Florianópolis ‐ SC  56  1  11 
Fortaleza ‐ CE  30  8  58 
Mâncio Lima ‐ AC  4  ‐  ‐ 
Rio Branco‐AC  35  1  7 
Rodrigues Alves ‐ AC  2  ‐  ‐ 
São Paulo‐SP  32  ‐  ‐ 
TOTAL  262  20  133 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

A  partir  do  processo  de  monitoramento  do  Programa  Fortalecendo  Famílias  em  2014, 
constatou‐se  que  56%  dos  profissionais  se  sentiram  confortáveis  na  implementação  do  programa  e 
24% muito confortáveis. Numa escala de 1 a 5 (sendo 5 o máximo), 32% dos participantes avaliaram 
que o programa contribuiu no nível 4 para o fortalecimento dos vínculos da família com o serviço, e 
para 44% atingiu o nível máximo. 
No  ano  de  2015  deu‐se  continuidade  à  expansão  do  Programa  em  novos  municípios  do 
Ceará/CE, bem como em novos estados e municípios. Para além disso houve significativa ampliação do 
número de grupos  e o programa praticamente triplicou o número de famílias participantes. 

Tabela  20.  Alcance  em  números  de  facilitadores,  grupos  e  famílias  por  território  no  Piloto  do 
Fortalecendo Famílias ‐ 2015 

Programa Fortalecendo Famílias em números (2015) 
Território  Facilitadores Grupos  Famílias 
Fortaleza ‐ CE  37  7  36 
10 municípios de Ceará  35  11  115 
Guajará‐AM  3  1  9 
Região Juruá ‐ AC  36  10  72 
Rio Branco‐AC  14  6  37 
São Bernardo do Campo‐SP  25  5  37 
São Paulo‐SP  34  10  60 
TOTAL  184  50  366 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

Perspectivas e Desafios 
Já com os programas adaptados, aponta‐se como desafio para o 2016 o desenvolvimento de 
um modelo sustentável de disseminação com qualidade e fidelidade, para garantir a replicação de seus 
resultados de efetividade em larga escala. Em 2015, iniciou‐se uma parceria com FIOCRUZ para criação 
de  uma  plataforma  online  de  educação  à  distância,  com  vistas  à  capacitação  dos  profissionais.  O 
formato e a metodologia de capacitação precisam ser revistos, integrando os componentes presenciais 

94
e  virtuais.  Além  disso,  em  2015,  a  CGMAD  iniciou  o  diálogo  com  o  Instituto  de  Pesquisa  Econômica 
Aplicada  (IPEA)  sobre  o  possível  impacto  dos  programas  na  ruptura  do  ciclo  de  reprodução  de 
desigualdades.  
A implementação dos programas de prevenção foi inserida no Plano Plurianual 2016‐2019, pactuando‐
se  metas  dos  Ministérios  da  Saúde,  Educação,  Desenvolvimento  Social  e  Justiça.  Para  2016,  a 
ampliação dos programas foi pactuada em todos os municípios participantes e a implementação dos 
programas  está  conduzida  numa  parceria  com  a  Secretaria  Nacional  de  Políticas  sobre  Drogas  do 
Ministério da Justiça.  
 

O Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD)  

A CGMAD tem desenvolvido uma série de atividades e ações integradas com a SENAD/MJ12, no 
âmbito da política pública brasileira sobre drogas. Considerando as disposições da Lei nº 11.343/2006 
e o Decreto nº 5912/2006, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD) constitui‐se como 
um  foro  importante  de  construção  da  política,  tendo  abordado  no  período  de  gestão  aludido  neste 
relatório: a questão da propaganda de bebidas alcoólicas; o uso de canabinóides para tratamentos de 
saúde;  a  regulamentação  das  Comunidades  Terapêuticas;  a  discussão  sobre  o  cenário  internacional 
(por ocasião da realização da UNGASS); o uso do ritualístico e religioso do Cacto Peyote. 
Sobre  o  uso  de  canabidiol  para  tratamentos  de  saúde,  o  CONAD  promoveu  uma  audiência 
pública com participação de representantes de diferentes setores da sociedade (profissionais médicos, 
familiares e representantes do governo federal) e fez gestões junto à Agência  Nacional de  Vigilância 
Sanitária (ANVISA) para simplificação do processo de importação do produto. 
O CONAD manifestou‐se ainda sobre outros temas como a retirada dos filhos de mulheres que 
fazem  uso  de  drogas  e  manifestou  preocupação  com  a  publicação  do  Decreto  Legislativo  (PDS)  nº 
52/2014 que suspende os efeitos da  RDC Nº 52, de 6 de outubro de 2011, que proibiu a  fabricação, 
importação,  exportação,  manipulação,  prescrição  e  o  comércio  de  remédios  com  as  substâncias 
femproporex, anfepramona e mazindol na fórmula. 
O processo de regulamentação das Comunidades Terapêuticas foi uma das questões que mais 
ocupou a pauta do Conselho nos últimos anos. O Conselho avaliou inicialmente que as normatizações 
existentes  sobre  o  funcionamento  das  Comunidades  Terapêuticas,  como  a  Portaria  nº  131/2012  e  a 
RDC‐ANVISA  nº  29/2011,  eram  insuficientes.  Entre  as  atividades  do  CONAD,  foi  composta  uma 
comissão  de  trabalho  para  construção  da  minuta,  além  da  realização  de  duas  audiências  públicas  e 
uma consulta pública sobre o tema. 
Entre os aspectos que presentes na Resolução nº 01/2015 do CONAD, devem ser destacados 
os seguintes pontos: 
As Comunidades Terapêuticas constam na Resolução nº 01/2015 como entidades “de interesse 
e  apoio  das  políticas  públicas  de  cuidados,  atenção,  tratamento,  proteção,  promoção  e  reinserção 
social”. No entanto não estão presentes na tipificação nacional de serviços socioassistenciais do SUAS 
e  não  são  definidas  como  estabelecimentos  de  saúde,  o  que  representa  um  desafio  no  processo  de 
articulação, uma vez que as políticas sociais (como SUS e SUAS) seguem diretrizes de territorialização e 
definição de população adscrita.  
Outro  aspecto  relevante  é  a  ausência  de  procedimentos  de  saúde  por  parte  das  entidades, 
sendo reafirmado na resolução do CONAD o texto da RDC 29/2011 da ANVISA que no parágrafo único 
do  Art.1º  define  que:  “O  principal  instrumento  terapêutico  a  ser  utilizado  para  o  tratamento  das 
pessoas com transtornos decorrentes de uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas deverá 
ser a convivência entre os pares, nos termos desta Resolução” (BRASIL, 2011e). 

12
Entre as ações destacam-se o Projeto Redes, a elaboração de documentos de orientação como o “Guia Estratégico para o
Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao Consumo de Álcool e Outras Drogas”, assim como a elaboração do
PPA transversal 2016-2019.

95
Assim,  não  deverão  ocorrer  internações  compulsórias  nas  Comunidades  Terapêuticas,  tendo 
em vista que não são estabelecimentos hospitalares e a Resolução 01/2015 prevê o acolhimento nas 
Comunidades  Terapêuticas  sempre  de  forma  voluntária.  Um  desafio  que  se  coloca  ao  CONAD  nesse 
ponto é a construção de formas de cadastrar e monitorar as atividades de tais entidades, sendo que o 
governo  federal  tem  financiado  a  atividade  das  Comunidades  Terapêuticas  por  meio  de  editais  da 
SENAD/MJ. 
Tendo  em  vista  a  complexidade  da  política  sobre  drogas  no  país,  coloca‐se,  também  como  
desafio  a  revisão  da  composição  do  referido  Conselho  a  exemplo  do  funcionamento  de  outros 
conselhos  de  políticas  sociais,  tais  como  o  Conselho  Nacional  de  Saúde  e  Conselho  Nacional  de 
Assistência Social. 
No que se refere ao debate internacional, em 2012 o CONAD contribuiu para a construção do 
documento  “Cenários  dos  problemas  das  drogas  nas  Américas  2013‐2025”.  A  colaboração  para  o 
documento  destinado  à  Organização  dos  Estados  Americanos  (OEA)  favoreceu  a  articulação  entre  o 
Ministério  das  Relações  Exteriores  e  as  construções  do  campo  da  saúde  e  assistência  social  sobre  o 
tema, indicando a mudança do debate sobre drogas, anteriormente mais centrado em ações punitivas 
e médicas para uma concepção em que se destacam a defesa e garantia de direitos humanos. 
Ainda  sobre  o  cenário  internacional,  em  2015,  a  Assembleia  Especial  da  Organização  das 
Nações  Unidas  (UNGASS)  foi  tema  de  discussão   e  consulta  pública  no  CONAD,  resultando  em 
documento de recomendações para tal evento, que será realizado em abril de 2016 com o tema das 
drogas,  reiterando  a  posição  brasileira  de  construção  de  políticas  sociais  de  afirmação  dos  direitos 
humanos.  

Ações no Legislativo com o tema de Álcool e Outras Drogas  

A CGMAD foi convidada para participar de inúmeras audiências públicas na Câmara Legislativa 
e  Senado  Federal  para  compartilhar  com  os  legisladores  e  fornecer  informações  sobre  a  política  de 
saúde  mental,  álcool  e  outras  drogas  para  possibilitar  construir  sugestões  relativas  ao  tema  que 
estejam  em  consonância  com  os  princípios  e  diretrizes  do  SUS,  Reforma  Sanitária  e  Reforma 
Psiquiátrica Brasileira. 
Segue, abaixo, quadro com algumas audiências com participação da CGMAD. 
 
   

96
Quadro 4. Audiências Públicas na Câmara Legislativa e Senado Federal com participação da CGMAD 
 
Projeto de Lei (PL) Data Tema Participação Link das notas taquigráficas
Segurança Pública E 
Política de Álcool e 
Combate Ao Crime  16/09/2015 Alexandre Trino Não disponibilizada
outras Drogas
Organizado
Comissão Especial ‐ 
PL 6.583/13 ‐ Estatuto  04/06/2014 Estatuto da Família Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/9zWD1j
da Família
Audiência pública 
destinada à discussão da 
Terapia Comunitária 
Comissão de 
Integrativa e das 
Seguridade Social e  15/05/2014 Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/NOm93c
políticas públicas: 
Família
tecnologia social para 
saúde e educação em 
áreas sociais
Comissão de 
Serviços Substitutivos 
Seguridade Social e  17/12/2013 Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/VihoN9
em Saúde Mental
Família
Esclarecimentos sobre a 
Comissão de 
execução dos projetos e 
Seguridade Social e  14/06/2012 Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/BOUYKN
das políticas públicas de 
Família
competência do SISNAD
Parecer ao Projeto de Lei 
Comissão Especial ‐ 
nº 7.663, de 2010, que 
PL 7663/10 ‐ Sistema 
05/06/2012 acrescenta e altera  Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/F8PbMp
Nac. Políticas sobre 
dispositivos à Lei nº 11. 
Drogas
343
Seminário Nacional da 
Comissão Especial ‐ 
Comissão Especial de 
Políticas Públicas de  01/09/2011 Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/Cm359z
Políticas Públicas de 
Combate às Drogas
Combate às Drogas
Debate acerca da 
Comissão Especial ‐  elaboração do Plano 
Políticas Públicas de  09/08/2011 Plurianual e do  Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/PxPOfj
Combate às Drogas programa de 
enfrentamento ao crack

Comissão Especial ‐  Relançamento da Frente 
Políticas Públicas de  06/07/2011 Parlamentar Mista de  Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/WcyfkX
Combate às Drogas Combate ao Crack

Políticas de assistência e 
Conjunta ‐  de afirmação de direitos 
Seguridade Social /  12/04/2011 dos portadores de  Dr. Roberto Tykanori http://goo.gl/tTfLGh
Direitos Humanos transtorno mental no 
Brasil  
Fonte:  Coordenação  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas/DAPES/SAS/MS,  Câmara  dos  Deputados  (http://www2.camara.leg.br/)  e 
Senado Federal (http://www12.senado.leg.br) 

   

97
Eventos e Produções Técnicas 

A  temática  sobre  álcool  e  outras  drogas  esteve  presente  em  um  volume  significativo  de 
eventos e produções técnicas como se poderá verificar a seguir: 

Quadro 5. Produções técnicas no campo de álcool e outras drogas entre 2011‐2015 

Ano  Projeto  Ação CGMAD  Público‐alvo 


Texto Orientador contendo 
discussão acerca das ações 
Municípios que 
Oficina de Alinhamento do  e serviços, bem como a 
pactuaram o Programa 
2012  Programa Crack, é possível  metodologia integrada de 
“Crack, É possível 
vencer (1ª Edição), 2012  abordagem do fenômeno 
Vencer” 
do uso de álcool e outras 
drogas 
Manual do Programa  
Apresentação das diretrizes  Municípios elegíveis 
Crack é Possível vencer. 
e as estratégias propostas  para a pactuação do 
2013  Enfrentar o Crack. 
pelo Programa; bem como  Programa “Crack, É 
Compromisso de Todos, 
as ações e serviços da RAPS  possível Vencer” 
2013 
Organização do material 
Agentes da polícia 
didático em parceria com a 
Curso de Tópicos Especiais  comunitária de todos 
Secretaria Nacional de 
de Policiamento e Ações  os municípios que 
2013‐14  Segurança Pública 
Comunitária (TEPAC), 2013  pactuaram o Programa 
(SENASP/MJ) sobre Redes 
e 2014  “Crack, É possível 
de Atenção e Cuidado a 
Vencer” 
usuários de crack  
Curso SUPERA ‐ Sistema 
para detecção do Uso  Organização do material 
abusivo e dependência de  didático sobre a Política 
Profissionais das áreas 
substâncias Psicoativas:  Nacional de Saúde Mental e 
2014  de saúde e assistência 
Encaminhamento,  a Organização da Rede de 
social 
intervenção breve,  Atenção psicossocial no 
Reinserção social e  Sistema Único de Saúde 
Acompanhamento, 2014 
Líderes comunitários e 
profissionais dos 
Curso Prevenção Dos  conselhos municipais, 
Texto sobre a Política 
Problemas Relacionados  que atuam em várias 
nacional de saúde mental e 
Ao Uso De Drogas:  áreas, entre elas: 
2015  a rede de atenção 
Capacitação Para  saúde, educação, 
psicossocial no Sistema 
Conselheiros e Lideranças  assistência social, 
Único de Saúde. 
Comunitárias, 2015  proteção dos direitos 
da criança e do 
adolescente 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS  

Seminário Internacional de Especialistas sobre políticas de saúde pública para o consumo de Crack 
(2012) 

Evento  realizado  em  parceria  com  a  OPAS/OMS,  com  a  participação  de  profissionais  com 
reconhecida contribuição na área de álcool e outras drogas, gestores do SUS e pesquisadores nacionais 

98
e  internacionais,  totalizando  aproximadamente  40  pessoas.  Pautou‐se  o  estado  da  arte  das  atuais 
políticas  de  saúde  para  o  tratamento  à  dependência  de  drogas,  em  especial  o  crack,  com  base  na 
experiência brasileira e no cenário internacional.  
Durante o Seminário identificou‐se a necessidade de fortalecimento e alinhamento conceitual 
entre os diferentes setores da sociedade brasileira que se dedicam ao tema, tais como a Universidade, 
entidades  da  Sociedade  Civil  e  os  profissionais/gestores  do  SUS.  Os  resultados  da  revisão  sobre  a 
produção  acadêmica  relacionada  ao  campo  revela,  ainda,  a  necessidade  de  ampliação  da  pesquisa, 
especialmente no que se refere à avaliação da eficácia de ações de redução de danos, bem como da 
avaliação  da  viabilidade  e  identificação  de  desafios  nas  diferentes  regiões  do  país  para  sua 
implementação. 

Simpósio Internacional sobre Drogas: da Coerção à Coesão, em Brasília/DF (2013) 

Evento realizado na parceria entre o Ministério da Saúde, Ministério da Justiça, do UNODC e 
da  Organização  Pan‐Americana  da  Saúde  (OPAS),  que  contou  com  a  participação  de  500  pessoas 
dentre representantes Instituições de Ensino Superior, trabalhadores/gestores dos campos da saúde, 
educação, assistência social, justiça, assim como centrais sindicais, organizações não governamentais, 
representantes  da  imprensa  e  Serviço  Social  da  Indústria  (SESI).  Houve  participação  também  de 
Coordenadores de Saúde Mental de Estados, Capital e Município de mais de 200 mil habitantes.  
O  Fortalecimento  e  ampliação  do  debate  propiciou  um  espaço  importante  de  troca  para  a 
produção de ações integradas no âmbito das políticas públicas sobre drogas, a perspectiva baseada no 
equilíbrio  entre  as  ações  de  prevenção,  proteção  social,  atenção  à  saúde  e  segurança  pública,  com 
vistas à maior coesão da sociedade brasileira. 

I Congresso Internacional de Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas (PREVINE) 
(2014)  
Constituiu‐se como um espaço de compartilhamento de conhecimento e boas práticas sobre 
políticas  sociais,  intervenções  no  contexto  familiar  e  comunitário,  considerando  as  situações  de 
vulnerabilidade, regulação da comercialização de drogas legais e o combate ao estigma em campanhas 
informativas. Contou com a participação de aproximadamente 700 pessoas, incluindo trabalhadores e 
gestores públicos, pesquisadores e sociedade civil. 

Guia Estratégico para o Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao Consumo de Álcool e 
Outras Drogas: Guia AD (2015) 

Publicação resultante da parceria entre a Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras 
Drogas,  com  a  Organização  Pan‐americana  de  Saúde  (OPAS),  Escritório  das  Nações  Unidas  sobre 
Drogas  e  Crime  (UNODC)  e  Secretaria  Nacional  de  Política  Sobre  Drogas  (SENAD)  do  Ministério  da 
Justiça. O documento propôs‐se a problematizar e orientar ações dos trabalhadores do SUS no âmbito 
da RAPS, para a abordagem e cuidado às necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool e outras 
drogas.  É  importante  salientar  que  foi  produzido  em  consonância  com  as  diretrizes  de  documentos 
nacionais e internacionais sobre promoção, prevenção e cuidado.  

Campanha da Promoção da Saúde no SUS ‐ Política Nacional de Promoção da Saúde (2015) 

No  âmbito  da  Política  Nacional  de  Promoção  da  Saúde  (PNPS)  foi  criado  em  2015  um  sítio 
eletrônico  destinado  à  disponibilização  de  a  produção  de  informações  e  conteúdos  voltados  à 
população em geral, para encorajar hábitos saudáveis e divulgação dos serviços existentes no SUS que 
atuem  no  incentivo:  à  alimentação  saudável;  à  redução  de  consumo  de  álcool;  à  atividade  física, 

99
controle  do  tabagismo;  à  segurança  no  trânsito;  à  cultura  de  paz;  ao  ambiente  saudável  e  ao  parto 
normal.  
A Coordenação Geral  de  Saúde  Mental, Álcool e outras Drogas produziu informações oficiais 
úteis vinculadas ao tema de incentivo a redução de consumo de álcool. A campanha está trabalhando 
com  o  conceito  positivo  de  saúde,  evitando  o  tom  culpabilizador  do  indivíduo  no  sentido  de  que  a 
promoção  da  saúde  considere  a  autonomia  e  a  singularidade  dos  sujeitos,  das  coletividades  e  dos 
territórios. 

Alianças Estratégicas e Parcerias  

A  complexidade  do  tema  de  álcool  e  outras  drogas  apontou  a  necessidade  de  estabelecer 
novos  arranjos  institucionais.  Neste  sentido,  a  CGMAD  foi  estabelecendo  parcerias  internacionais, 
nacionais com interesses comuns de ampliar e qualificar o cuidado para os usuários de álcool e outras 
drogas e seus familiares. Abaixo, listamos algumas ações desencadeadas a partir das parcerias.  

A Organização Pan‐americana OPAS/OMS no Brasil e o Escritório das Nações Unidas para Drogas e 
Crime – UNODC  

O Brasil tem desenvolvido diferentes ações de cooperação técnica e articulação em conjunto com 
a Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, considerando que a Política Nacional 
de Saúde Mental tem obtido um significativo reconhecimento internacional.  Segue, abaixo, algumas 
ações realizadas em conjunto: 
• Elaboração  de  Nota  Técnica  da  OPAS/OMS  no  Brasil  sobre  internação  involuntária  e 
compulsória de pessoas que usam drogas13; 
• Realização de eventos conjuntos sobre o tema da RAPS e álcool e outras drogas no Brasil; 
• Participação  de  eventos  internacionais  organizados  pela  OMS  e  UNODC  com  intuito  de 
compartilhar e trocar experiências sobre ampliação da oferta de serviços e fortalecimento de 
políticas  públicas  que  respeitem  os  direitos  dos  usuários  de  álcool  e  outras  drogas  e  seus 
familiares;  
• Resposta a relatórios e indicadores internacionais, tais como:  
o Atlas de Saúde Mental (OMS) 
o Atlas Substance Use (OMS)  
o AnnualReportQuestionnaire – UNODC 
o Unrecorded Alcohol Comsumption Questionnaire (OMS) 
o Mortalidade atribuível ao álcool (OMS) 
o Protocolo de São Salvador 
o OMS Saúde Mental 
o Cuestionario mundial de la OMS para el 2015 sobre las políticas relativas al alcohol. 

Coordenação Nacional de Tuberculose/Secretaria de Vigilância à Saúde (SVS) 

Promoveu‐se o desenvolvimento de ações de qualificação sobre o tema de Redução de Danos 
e diálogo sobre a RAPS junto à equipe da Coordenação Nacional de Tuberculose, com a finalidade de 
fomentar a construção de possibilidades de ações no território relacionadas às populações vulneráveis 
13
http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=3206:nota-tecnica-opas-
oms-no-brasil-sobre-internacao-involuntaria-compulsoria-pessoas-que-usam-drogas&catid=1016:bra-
01-noticias&Itemid=875

100
que  fazem  uso  de  álcool  e  outras  drogas,  que  incidam  sobre  a  alta  incidência  e  a  mortalidade  por 
tuberculose. A parceria prevê, também, a participação em mesa de eventos e revisão em conjunto do 
material técnico sobre tuberculose e crack.  

Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais /SVS) 

Aproximação  com  a  equipe  da  Coordenação  de  Prevenção  e  Articulação  Social  tem  se  dado 
com  o  objetivo  de  construir  de  estratégias  relacionadas  aos  agravos  produzidos  pelas  DST/Aids  e 
Hepatites Virais entre as pessoas que usam drogas. Para tanto, a CGMAD participou da Reunião sobre 
estratégias de prevenção às DST/AIDS/HV às pessoas que usam drogas e do XI Encontro Nacional de 
Redução de Danos, em novembro de 2014. No ano de 2015, compôs o Grupo de Trabalho Prevenção 
às DST, Aids e Hepatites Virais às pessoas que usam drogas.  

Coordenação Geral de Doenças de Agravos não‐transmissíveis CGDANT/SVS  

A CGMAD tem construído algumas ações em conjunto com a Coordenação Geral de Doenças 
de  Agravos  não‐transmissíveis  relacionadas,  sobretudo,  ao  tema  do  álcool,  dentre  as  quais 
destacamos:  participação  na  elaboração  conjunta  de  pareceres  técnicos  sobre  o  tema  do  álcool  e 
transito  para  o  Conselho  Nacional  de  Trânsito  (CONTRAN),  eventos  e  álcool  e  trânsito;  e 
acompanhamento e monitoramento das metas do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento 
das Doenças Crônicas Não‐Transmissíveis (DCNT) no Brasil. Esse Plano tem vigência 2011‐2022 para o 
enfrentamento,  priorização  de  ações  e  investimentos  e  uma  das  metas  nacionais  propostas  foi  à 
redução das prevalências de consumo nocivo de álcool. 

Programa Saúde na Escola (PSE) /Departamento da Atenção Básica (DAB)  

A  CGMAD  compôs  o  Grupo  de  Trabalho  Intersetorial  (GT)  instituído  para  alinhamento 
conceitual  acerca  da  Promoção  de  Saúde  no  âmbito  da  saúde  mental,  álcool  e  outras  drogas  no 
ambiente  escolar  e  do  componente  ação  psicossocial.  Foi  elaborado  um  caderno  sobre  o  tema  de 
álcool e outras drogas com o objetivo oferecer subsídios para os representantes do Grupo de Trabalho 
Intersetorial  (GTI)  do  PSE  e  assim  fortalecer,  as  estratégias  das  ações  intersetoriais  junto  aos 
profissionais  de  educação  e  saúde  dos  territórios  de  responsabilidade  compartilhada.  Esse  GT 
construiu ações psicossociais a serem desenvolvidas no ambiente escolar, em parceria com a atenção 
básica.  

Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN)/Ministério da Justiça  

Há necessidade de construir estratégias para o atendimento psicossocial no contexto do Plano 
Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, considerando como aspectos fundamentais: a orientação 
e formação das equipes de saúde no sistema penitenciário para promover a atenção integral à saúde 
da  população  privada  de  liberdade  contemplando  a  promoção  da  saúde  e  o  controle  dos  agravos 
prevalentes em saúde mental, álcool e outras drogas, assim como ações de proteção e assistência; e a 
gestão das ações de saúde no sistema penitenciário, de modo a estabelecer uma dinâmica que abranja 
as demandas em todos os níveis de atenção. 

101
5.4 AÇÕES RELACIONADAS AO PÚBLICO INFANTOJUVENIL 

O  tema  da  saúde  mental  de  crianças  e  adolescentes  ainda  é  periférico  em  grande  parte  das 
agendas  da  saúde  mental.  Historicamente  tais  ações  foram  delegadas  aos  setores  de  educação  e 
assistência  social,  circunscritas  a  um  ideário  de  proteção  que,  paradoxalmente,  redundou  em  um 
modelo  com  forte  tendência  à  institucionalização  e  em  uma  concepção  segmentada  da  população 
infantojuvenil. 
A  Coordenação  Geral  de  Saúde  Mental  (CGMAD)  do  Ministério  da  Saúde  tem  centrado 
esforços  para  que  a  Política  Nacional  de  Saúde  Mental  Infantojuvenil  dialogue  com  o  princípio  da 
prioridade  absoluta,  proposto  pela  Constituição  Federal  de  1988,  pautado  na  doutrina  da  proteção 
integral e fundamentado no Direito de Crianças e Adolescentes, previstos no Estatuto da Criança e do 
Adolescente  (ECA),  e  garanta,  no  território,  o  cuidado  integral.  Para  a  devida  concretização  dessas 
dimensões normativas, são fundamentais iniciativas como a qualificação dos trabalhadores que atuam 
na  RAPS,  na  atenção  direta  ou  indireta  a  crianças  e  adolescentes,  a  sensibilização  pelos  Grupos 
Condutores Estaduais, Regionais e Municipais da RAPS, pautando a temática, para a garantia efetiva de 
atenção  diferenciada  para  crianças  e  adolescentes  em  seus  equipamentos,  respeitando  direitos  de 
desenvolvimento, participação e proteção. 
Os  pontos  de  atenção  da  RAPS,  na  atenção  em  saúde  mental,  álcool  e  outras  drogas  de 
crianças  e  adolescentes,  devem  assumir,  dentro  da  perspectiva  que  hoje  rege  a  política  de  saúde 
mental, uma função social que extrapola o fazer meramente técnico do tratar. É preciso incluir ações 
como acolher, escutar, cuidar, possibilitar ações emancipatórias, enfrentar estigmas e determinismos 
e  melhorar  a  qualidade  de  vida  das  pessoas,  tendo‐as  como  seres  integrais  com  direito  à  plena 
participação e inclusão em sua comunidade, partindo de uma rede de cuidados que leve em conta as 
singularidades de cada um e as construções que cada sujeito faz a partir de suas condições. 
No período de 2011 a 2015, foram diversas as iniciativas e as ações implementadas para 
ampliação do acesso e qualificação do cuidado psicossocial de crianças e adolescentes, dentre as quais 
destacamos: 

Fórum Nacional de Saúde Mental Infantojuvenil 

Em  novembro  de  2012  foi  realizada  a  IX  edição  do  Fórum  Nacional  de  Saúde  Mental 
Infantojuvenil,  em  Brasília  –  DF,  com  presença  de  150  representantes  das  instituições‐membro  e 
convidados,  entre  representantes  de  movimentos  sociais,  lideranças  de  adolescentes  e  jovens, 
profissionais  da  saúde  mental,  em  especial  trabalhadores  dos  Centros  de  Atenção  Psicossocial, 
gestores municipais e estaduais de saúde, promotores do Ministério Público nos Estados, instituições 
universitárias e entidades de defesa dos direitos de crianças e adolescentes. 
O  IX  Fórum  teve  como  tema  “Desafios  para  o  campo  da  infância  e  juventude  no  âmbito  da 
Rede de Atenção Psicossocial ‐ RAPS”. A discussão pretendeu qualificar o debate sobre a RAPS e seus 
pontos de atenção, formular caminhos para ampliação do acesso à criança e adolescente, qualificar a 
interface com o sistema de garantia de direitos e o protagonismo juvenil. Entre os temas debatidos, 
tiveram  destaque  ainda  questões  relacionadas  ao  uso  indiscriminado  de  psicofármacos,  autismo  e  a 
preocupação  com  os  processos  de  institucionalização  de  crianças  e  adolescentes  com  demandas 
relacionadas ao uso de drogas. 
Em  conformidade  com  a  recomendação  do  IX  Fórum,  no  ano  de  2013,  aconteceram  Fóruns 
descentralizados, contemplando quatro das cinco regiões do Brasil. Da mesma forma que o nacional, 
os  Fóruns  Regionais  caracterizaram‐se  de  forma  intersetorial  e  foram  compostos  pelos  diferentes 
atores necessários aos avanços do campo da infância e juventude. 
Em  2014,  foi  lançado  o  “Fórum  Nacional  de  Saúde  Mental  Infantojuvenil  –  recomendações 
2005 a 2012”14. Este documento de fundamental importância revela os caminhos da política nacional 

14
A publicação poderá ser visualizada na Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, através
do link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/forum_nacional_saude_mental_infantojuvenil.pdf

102
de saúde mental infanto‐juvenil do Brasil, construído de forma legítima e compartilhada com atores de 
diferentes  lugares.  O  compilado  traz  a  importância  do  papel  dos  fóruns  de  saúde  mental,  como 
também as complexidades da articulação do campo de saúde mental com a Justiça, a Assistência Social 
e a Educação, entre outros campos, para a construção de uma rede efetiva de atenção à saúde mental 
de  crianças  e  adolescentes.  O  debate  com  representantes  dos  diversos  setores  e  representantes  da 
rede  de  Centros  de  Atenção  Psicossocial  infantojuvenis  (CAPSi)  do  Brasil  apontou  a  necessidade  de 
abordar temas importantes como a articulação entre Saúde, Educação, Justiça, Assistência Social, não 
somente  na  gestão  federal,  mas  também  nas  gestões  estaduais  e  municipais,  para  construção  da 
melhoria do cuidado às crianças e adolescentes. 

Atenção Psicossocial a Crianças e Adolescentes na Rede de Atenção Psicossocial ‐ Tecendo 
Redes para Garantir Direitos  

A  partir  de  2012,  realizamos  encontros  e  reuniões  sistemáticas  junto  à  Comissão  da  Infância 
Juventude  e  Comissão  de  Defesa  dos  Direitos  Fundamentais  do  Conselho  Nacional  do  Ministério 
Publico  (CNMP)  e  com  as  Coordenações  Gerais  de  Saúde  da  Criança,  do  Adolescente  e 
Jovem/Ministério  da  Saúde,  com  o  intuito  de  articular  as  ações  de  Saúde  Mental  infantojuvenil  e  o 
Ministério  Público  e  construir  um  material  que  auxiliasse  a  atuação  dos  operadores  do  direito  e  os 
trabalhadores do SUS. Em 2014, tivemos o lançamento do documento “Atenção Psicossocial a Crianças 
e Adolescentes no SUS: Tecendo Redes para Garantir Direitos”15. 
Houve evento de lançamento estadual do documento em alguns Estados da Federação como 
Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Roraima, Bahia, Mato Grosso do Sul, Ceará, 
Amapá, Pará e Pernambuco. O documento foi elaborado para os profissionais que atuam no sistema 
de garantia de direitos de crianças e adolescentes, promotores de justiça, defensores públicos, juízes, 
gestores  e  profissionais  de  saúde,  especialmente  os  da  RAPS.  O  objetivo  dessa  publicação  foi  de 
estabelecer linguagem e entendimentos comuns que possam fazer avançar o acesso e a qualificação 
das ações voltadas à população de crianças e adolescentes nos âmbitos jurídicos e de atenção à saúde, 
com ênfase na atenção psicossocial. 

Atenção às pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias  

  No ano de 2013 foi publicada a “Linha de Cuidado para a Atenção às Pessoas com Transtornos 
do Espectro do Autismo e suas Famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único De Saúde16”. 
O lançamento se deu no I Congresso Brasileiro dos Centros de Atenção Psicossocial na RAPS, em abril 
do mesmo ano. Este documento dirige‐se a gestores e profissionais RAPS e objetiva contribuir para a 
ampliação do acesso e a qualificação da atenção às pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo 
(TEA)  e  suas  famílias.  A  construção  do  material  decorreu  de  esforços  de  um  Grupo  de  Trabalho, 
constituído em dezembro de 2011, composto por representantes de universidades, da sociedade civil, 
gestores e profissionais de RAPS locais do SUS, coordenado pela CGMAD. 
  Em  2015,  houve  uma  nova  tiragem  do  material,  com  80  mil  exemplares,  que  foram 
distribuídos  para  todos  os  Estados  da  Federação,  chegando  aos  conselhos  estaduais  e  municipais  de 
saúde,  associação  de  usuários  e  familiares,  CAPS  de  diferentes  modalidades,  secretarias  de  saúde 
municipais e estaduais, pontos da atenção básica entre outros estabelecimentos. 
Ainda no ano de 2013, em conjunto com a Coordenação de Saúde da Pessoa com Deficiência, 
houve  a  publicação  da  Portaria  GM/MS  nº  962/2013,  que  instituiu  o  Comitê  Nacional  de 
Assessoramento para Qualificação da Atenção à Saúde das Pessoas com Transtornos do Espectro do 
Autismo no âmbito do Ministério da Saúde. As competências do Comitê são: I ‐ promover a articulação 

15
A publicação poderá ser visualizada na Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, através
do link:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_psicossocial_criancas_adolescentes_sus.pdf
16
A publicação poderá ser visualizada na Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, através
do link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_atencao_pessoas_transtorno.pdf

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e  o  alinhamento  entre  os  campos  da  reabilitação  e  da  atenção  psicossocial  para  qualificação  da 
atenção  às  pessoas  com  Transtornos  do  Espectro  do  Autismo  no  âmbito  do  SUS;  II  ‐  promover  a 
difusão  de  informações  que  possam  subsidiar  o  debate  sobre  ações  inclusivas,  considerando  os 
princípios  dos  Direitos  Humanos,  da  Reforma  Psiquiátrica  e  da  Convenção  Internacional  dos  Direitos 
das Pessoas com Deficiência, aprovada nos termos do Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009; e III 
‐ realizar o balanço semestral do desenvolvimento das ações para a qualificação da atenção à saúde 
das pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo no âmbito do SUS. 

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei, em 
Regime de Internação e Internação Provisória (PNAISARI) 

Em 2014, a Coordenação Geral de Saúde do Adolescente e do Jovem/SAS, em conjunto com a 
CGMAD,  lançou  a  Portaria  GM/MS  nº  1082/2014,  que  redefine  as  diretrizes  da  Política  Nacional  de 
Atenção  Integral  à  Saúde  de  Adolescentes  em  Conflito  com  a  Lei,  em  Regime  de  Internação  e 
Internação  Provisória  (PNAISARI),  incluindo‐se  o  cumprimento  de  medida  socioeducativa  em  meio 
aberto  e  fechado;  e  estabelece  novos  critérios  e  fluxos  para  adesão  e  operacionalização  da  atenção 
integral à saúde de adolescentes em situação de privação de liberdade, em unidades de internação, de 
internação provisória e de semiliberdade.  
O  objetivo  da  Política  consiste  na  garantia  de  acesso  aos  serviços  de  saúde  por  meio  da 
reorganização  desses  serviços,  de  forma  a  inserir  o  adolescente  em  conflito  com  a  lei  nas  redes  de 
atenção a saúde. Aciona, como estratégia, a Rede da Atenção Primária – como componente das RAPS ‐
, de modo a garantir ações de promoção, prevenção de agravos e recuperação da saúde. Dessa forma, 
a Atenção Básica passa a  ser a principal referência  para as unidades socioeducativas, sob a seguinte 
estrutura: até três profissionais vinculados às unidades básicas de saúde da região da qual faz parte da 
unidade  socioeducativa,  mantidos  financeiramente  com  o  fim  de  realizar  ações  de  matriciamento 
junto  aos  técnicos  do  sistema  socioeducativo.  A  finalidade  principal  é  magnetizar  o  lado  de  fora  da 
unidade, dando ainda maior sentido ao histórico princípio da incompletude institucional, concebido no 
Estatuto da Criança e do Adolescente. De acordo com tal princípio, compreende‐se que as instituições 
–  sobretudo  as  totais  –  não  têm  capacidade  de  garantir  atenção  integral  a  crianças  e  adolescentes, 
razão  pela  qual  outras  instituições  e  configurações  comunitárias  devem  ser  acionadas.  E,  na  medida 
em que profissionais da atenção básica aproximam‐se dos técnicos do interior das unidades, atraem o 
cuidado para pontos de atenção das redes de atenção à saúde, inclusive os CAPS. 
Conforme  informação  da  Coordenação  de  Saúde  do  Adolescente  e  do  Jovem,  em  janeiro  de 
2016, o número de estados habilitados de acordo com as Portarias GM/MS nº 1082/2014 chega a 11: 
Amazonas,  Pará,  Rio  de  Janeiro,  Minas  Gerais,  Piauí,  Rio  Grande  do  Sul,  Pernambuco,  Goiás,  Santa 
Catarina,  Acre  e  São  Paulo.  No  total  são  43  municípios  e  99  equipes  de  saúde  habilitadas,  já 
contratadas ou em fase de organização e contratação. 
 
Programa Viva Jovem 

  Coordenado  pela  Secretaria  Nacional  da  Juventude  (SNJ),  o  Plano  Juventude  Viva,  articulou 
junto  a  onze  Ministérios  ações  de  prevenção  para  reduzir  a  vulnerabilidade  de  jovens  negros  a 
situações  de  violência  física  e  simbólica,  a  partir  da  criação  de  oportunidades  de  inclusão  social  e 
autonomia para os jovens entre 15 e 29 anos. Em função disso, em 2013, foi lançado o primeiro edital 
do Ministério da Saúde “Viva Jovem”. No ano de 2014, em parceria com a Secretaria Nacional sobre 
Drogas (SENAD) do Ministério da Justiça foi lançado o segundo edital Viva Jovem para apoiar projetos 
de  promoção  da  saúde  e  prevenção  do  abuso  de  drogas  e  da  violência.  Os  editais  tiveram  por 
finalidade  destinar  recursos  para  projetos  de  promoção  da  saúde  e  que  promovam  ações  de 
intervenção,  formação  e  vivencia  no  território,  que  empoderam  os  adolescentes  e  jovens  como 
agentes  promotores  de  saúde  e  da  Cultura  de  Paz  e  que  abordam  a  prevenção  do  uso  de  álcool  e 
outras drogas e a prevenção das violências e da mortalidade juvenil.  

104
Ao todo foram selecionados 55 projetos, ainda em execução, que estão direcionados para atingir 
os seguintes resultados: 

a) Promover  o  protagonismo  de  adolescentes  e  jovens  na  produção  e  acesso  a  manifestações 


culturais e esportivas pertinentes ao seu universo cultural e social quanto à sua linguagem e 
conteúdo; 

b) Criar espaços coletivos de convívio, articulação e solidariedade; 

c) Promover  a  cidadania  e  fortalecer  a  participação  social  de  adolescentes  e  jovens, 


especialmente através de espaços e mecanismos de controle social das políticas públicas; 

d) Suscitar  o  debate  de  temas  pertinentes  ao  universo  do  jovem,  particularmente  daqueles  em 
situação  de  vulnerabilidade  social.  Dentre  esses  temas  estão  incluídos:  o  abuso  de  álcool  e 
outras drogas, a violência contra a juventude, especialmente a juventude negra, o racismo e 
outras formas de estigmatização, a cidadania e os direitos humanos, a formação de redes de 
apoio e solidariedade social etc.; 

e) Mobilizar recursos pré‐existentes nos territórios de implementação e fomentar a multiplicação 
do impacto do projeto através das próprias comunidades; 

f) Formar e acompanhar adolescentes e jovens para que atuem, no âmbito de projetos culturais 
e esportivos, como agentes promotores de saúde no território; 

g) Articular  os  projetos  de  cultura  e  esportes  desse  edital  com  os  equipamentos  e  políticas 
públicas de setores como  educação, saúde, assistência e  desenvolvimento social, geração  de 
trabalho e renda (particularmente da economia solidária), segurança pública, políticas para a 
juventude, políticas de gênero e políticas contra o racismo; 

h) Promover  a  continuidade  das  ações  propostas  como  políticas  públicas  sustentáveis  pelo 
município. 

Recomendações do Ministério da Saúde para prevenir a excessiva medicalização de crianças e 
adolescentes  

  Em consonância com a orientação da 26ª Reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos 
(RAADH) do MERCOSUL, realizada em julho de 2015, em Brasília, as Coordenações Gerais de Saúde da 
Criança  e  Aleitamento  Materno,  Saúde  dos  Adolescentes  e  dos  Jovens  e  a  Coordenação  de  Saúde 
Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas  do  Ministério  da  Saúde  publicaram,  em  outubro  de  2015, 
Recomendações  para  adoção  de  práticas  não  medicalizantes  e  para  publicação  de  protocolos 
municipais e estaduais de dispensação de metilfenidato para prevenir a excessiva medicalização de 
crianças e adolescentes 17.  
Segundo manifesto do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade – articulação 
de entidades acadêmicas e da sociedade civil – o Brasil vive um processo crescente de medicalização, 
entendido  como  o  processo  que  transforma,  artificialmente,  questões  não  médicas  em  problemas 
médicos. Revelado ainda por pesquisa da UFRJ, nos últimos 10 anos, houve um aumento de 775% da 
dispensação e consumo do medicamento Metilfenidato no Brasil.  
  Após as recomendações do Ministério da Saúde, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e 
do  Adolescente  e  o  Conselho  Nacional  de  Saúde  difundiram  as  recomendações  para  todos  os 
conselhos locais. 
 

17
Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/01/Recomenda----es-para-
Prevenir-excessiva-Medicaliza----o-de-Crian--a-e-Adolescentes.pdf

105
Pesquisa nas unidades de medida de internação socioeducativas 

A fim de qualificar a atenção a crianças e adolescentes com necessidades em saúde mental, a 
Coordenação  Geral  de  Saúde  do  Adolescente  e  do  Jovem  e  a  CGMAD  iniciaram  uma  pesquisa  sobre 
medicalização nas Unidades do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). A pesquisa 
foi iniciada em Unidades de internação estados do Rio Grande do Sul (Porto Alegre e Novo Hamburgo), 
Minas  Gerais  (Belo  Horizonte)  e  Pernambuco  (Recife).  Tal  pesquisa  tem  como  finalidade  avaliar  os 
aspectos que compõem um cenário de medicalização do circuito socioeducativo privativo de liberdade 
ao qual são submetidos os adolescentes e jovens. Esta ação está em fase de consolidação dos dados. 

Grupo de trabalho crianças e adolescentes em situação de rua 

  O  Grupo  de  Trabalho  sobre  criança  e  adolescente  em  situação  de  rua,  composto  por  03 
Secretarias,  diversos  departamentos  e  áreas  técnicas  do  Ministério  da  Saúde,  tem  o  fim  de  propor 
fluxos de atenção e novas estratégias de cuidado junto a esse público que ainda carece de publicações 
específicas.  O  mesmo  também  se  deteve  a  discutir  a  situação  das  maternidades  de  Belo  Horizonte‐ 
MG,  referentes  aos  direitos  das  mulheres,  mães  e  seus  filhos  recém‐nascidos,  que  tinham 
necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas.  No  segundo  semestre  de  2014,  o 
Ministério Público mineiro expediu Recomendações de indução à grave violação de direitos humanos: 
manifestou  que  profissionais  de  saúde  notificassem  o  sistema  de  justiça  perante  casos  de  gestantes 
que, no ato do parto, fossem suspeitas de realizarem uso de drogas; assim também no caso daquelas 
que  se  recusassem  a  dar  continuidade  aos  cuidados  de  pré‐natal.  O  GT  mencionado,  assim,  expediu 
Nota Técnica acerca da situação18. 

 Grupo de trabalho sobre internalização da Convenção 182, da Organização Internacional do Trabalho, 
das Nações Unidas (OIT/ONU) 

  No segundo semestre de 2014, a convite da então Secretaria Nacional de Promoção e Defesa 
dos  Direitos  da  Criança  e  do  Adolescente,  da  Secretaria  de  Direitos  Humanos  da  Presidência  da 
República, a CGMAD integrou o Grupo de Trabalho que visou à construção de pilares interpretativos a 
sustentar  novas  recomendações  às  instituições  afins,  no  sentido  de  se  garantir  a  observância  mais 
crítica das normas da Convenção 182, que estipula a submissão de crianças e adolescentes ao tráfico 
de drogas como uma das piores formas de exploração do trabalho infantil. Com o objetivo de tornar 
mais assimilável e aplicável tal norma, visou‐se à diminuição do encarceramento juvenil – por prática 
equiparada  ao  tráfico  ‐  do  sistema  socioeducativo  em  favor  da  ampliação  de  direitos  por  meio  do 
aprimoramento  de  alguns  programas  estratégicos,  voltados  à  geração  de  renda,  proteção  social  e 
fortalecimento dos vínculos familiares. Grupo em andamento. 

Grupo de Trabalho sobre os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente 

  No segundo semestre de 2015, a Secretaria Especial de Direitos Humanos convidou a CGMAD 
para,  junto  com  a  Coordenação  Geral  de  Saúde  da  Criança  e  Aleitamento  Materno,  representar  o 
Ministério  da  Saúde  na  colaboração  para  a  elaboração  de  Relatório  Avaliativo  sobre  os  25  anos  de 
promulgação do ECA. O Grupo de Trabalho mantém atividades em andamento. 

5.5 AÇÕES DE FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO PERMANENTE 

A  CGMAD  dedicou‐se  a  desenvolver  um  conjunto  de  ações  de  formação  e  educação 
permanente alinhado à Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS). No âmbito da 
PNEPS, a formação em saúde é entendida como conceito pedagógico voltado à efetivação de relações 

18
Disponível em
http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Repositorio/33/Documentos/Nota%20t%C3%A9cnica-
%20diretrizes%20e%20fluxograma%20mulher%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20rua.pdf

106
orgânicas  entre  ensino,  ações  e  serviços  e  entre  docência  e  atenção  à  saúde  para  efetivação  da 
ampliação do acesso e da garantia da qualidade do cuidado nas Redes de Atenção em Saúde.  
As ações de formação e educação permanente desenvolvidas pela CGMAD no período 2011‐
2015  tiveram  por  objetivo,  entre  outros:  a)  fortalecer  a  articulação  entre  a  Área  Técnica  de  Saúde 
Mental, Álcool e outras Drogas (DAPES/SAS) e a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na 
Saúde  (SGTES),  b)  sistematizar  e  construir  referências  para  a  formação  em  saúde  mental,  álcool  e 
outras  drogas  e  c)  viabilizar  um  projeto  consistente  para  a  formação  e  aprimoramento  dos  recursos 
humanos em saúde mental no âmbito do SUS, com foco na consolidação de um modelo de atenção à 
saúde  mental  fundamentado  na  assistência  humanizada,  a  partir  da  troca,  da  reciprocidade  e  da 
integração entre áreas diferentes de conhecimento e serviços.  
Neste  período  a  CGMAD  pôde  dar  continuidade  a  importantes  projetos  de  formação  e 
educação permanente iniciados em anos anteriores, bem como desenvolver novos projetos buscando 
superar alguns dos principais desafios no campo da formação em saúde mental, álcool e outras drogas, 
tais como: a) alinhar os programas de formação no âmbito da PNEPS às necessidades de formação de 
Recursos Humanos para a Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, considerando a 
diversidade  de  experiências  profissionais  neste  campo  e  buscando  a  adequação  das  formações 
acadêmicas  distantes  da  prática  profissional;  b)  induzir  a  participação  ativa  dos  gestores  e 
coordenadores locais na construção de um projeto de formação local; e c) formar profissionais para a 
RAPS em larga escala. Nesse sentido, destacamos a seguir as principais ações de iniciativa própria ou 
em  parceria  com  outras  áreas  do  Ministério  da  Saúde  e  Centros  de  Formação  Universitária 
implementadas e acompanhadas: 
 
Programa Pet‐Saúde 

O  Programa  de  Educação  pelo  Trabalho  para  a  Saúde  (Pet‐Saúde)  é  regulamentado  pela 
Portaria  Interministerial  nº  421,  de  03  de  março  de  2010,  disponibilizando  bolsas  para  tutores, 
preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde.  
Como  uma  das  ações  intersetoriais  direcionadas  para  o  fortalecimento  de  áreas  estratégicas 
para  o  SUS,  de  acordo  com  seus  princípios  e  necessidades,  o  Programa  tem  como  pressuposto  a 
educação  pelo  trabalho  na  área  da  saúde,  sendo  uma  das  estratégias  do  Programa  Nacional  de 
Reorientação  da  Formação  Profissional  em  Saúde,  o  Pro‐Saúde,  em  implementação  no  país  desde 
2005.  
A  SGTES  lançou  Editais  para  apresentação  de  propostas  de  projetos  de  participação  no 
Programa pelas Instituições de Educação Superior (IES) em conjunto com Secretarias Municipais e/ou 
Estaduais  de  Saúde  e  a  CGMAD  participou  do  processo  de  divulgação,  seleção  e  disponibilização  de 
recursos para apoiar grupos de Pet‐Saúde Mental. O quadro abaixo informa um resumo dos programas 
apoiados  entre  2011  e  2015  e  quadro  seguinte  expõe  o  número  de  programas  apoiados  por  UF  no 
mesmo período: 
 
Tabela 21. Resumo dos programas de PET Saúde Mental apoiados entre 2011 e 2015 

Nº de grupos
Nº de Bolsas/mês Total de bolsas
Vigência Edital PET- Saúde Valor investido
Projetos SM SM pagas/SM
Mental
PET-Saúde/SM 2011 março/2011 a
69 80 1.280 15.057 R$ 8.023.902,00
Edital nº 27/2010 fevereiro/2012
Pró-Saúde/PET-Saúde Agosto/2012 a R$ 21.818.214,00
47 60 (aprox.) 1.140 (aprox.) 34.200 (aprox.)
Edital nº 24/2011 dezembro/2014 (aprox.)
PET-Redes Agosto/2013 a
65 90 1.710 41.040 R$ 26.181.856,80
Edital nº 14/2013 julho/2015
 
Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde 
(SGTES/MS) 

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Tabela 22. Número de programas PET Saúde Mental apoiados por UF entre 2011 e 2015 

UF 2011 2012 2013


AC 1
AL 4 2 4
AM 1
BA 10 5 3
CE 5 4 2
DF 1 1
ES 2 4
GO 2 1
MA 2 1 4
MG 8 2 11
MS 1 1
MT 2 1 3
PA 1
PB 2 2
PE 5 5 5
PI 1 1 3
PR 2 1 6
RJ 7 4 10
RN 3 1 2
RR 1
RS 7 5 17
SC 7 4 5
SE 1 1
SP 6 6 7
TO 1
                                      Total 80 46 90  

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde 
(SGTES/MS) 

Residência em Psiquiatria e Residência Multiprofissional em saúde mental 

A  Secretaria  de  Gestão  do  Trabalho  e  Educação  em  Saúde  (SGTES)  do  Ministério  da  Saúde 
passou por um período de reorganização interna no ano de 2012, da qual decorreu uma importante 
articulação  com  CGMAD  e  com  o  Ministério  da  Educação  (MEC)  para  implementação  de  ações  que 
incentivaram a abertura de novos programas de residência. 
Desde  então  os  editais  para  financiamento  de  vagas  para  residência  têm  priorizado  a 
aprovação  de  propostas  que  indicam  a  realização  de  residências  nos  diversos  pontos  de  atenção  da 
RAPS e com proposta de formação na direção de superação do modelo manicomial. 
Cabe  destacar  que  ainda  a  necessidade  de  aumento  de  investimento  em  residências 
multiprofissionais  em  saúde  mental,  que  tiveram  uma  forte  indução  em  2012,  porém  foram 
diminuindo ao longo dos anos seguintes. 
Imprescindível  apontar  também  o  investimento  dos  estados  do  CE,  MG,  PR,  RJ  e  SP  em 
residências  de  psiquiatria  da  infância  e  adolescência  ao  longo  dos  últimos  anos.  A  seguir 
apresentaremos  dados  das  vagas  oferecidas  nos  programas  de  Residência  Médica  em  Psiquiatria, 
Psiquiatria da Infância e Adolescência e Multiprofissional em Saúde Mental. 
 
 

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Tabela 23. Programas de Residência Médica em Psiquiatria e Psiquiatria da Infância e Adolescência por 
ano 

UF  PROGRAMA  2010 2011 2012 2013  2014  2015


AL  PSIQUIATRIA  2 2 2 2  2  2 
AM  PSIQUIATRIA  5 5 5 5  5  5 
BA  PSIQUIATRIA  0 0 0 0  2  2 
CE  PSIQUIATRIA  2 4 7 7  11  11 
CE  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E  4 4 4 4  4  4 
ADOLESCENCIA 
GO  PSIQUIATRIA  0 2 2 2  5  6 
MA  PSIQUIATRIA  0 0 0 0  5  5 
MG  PSIQUIATRIA  2 4 14 16  16  16 
MG  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E  0 1 1 1  1  1 
ADOLESCENCIA 
MS  PSIQUIATRIA  1 1 1 1  1  1 
MT  PSIQUIATRIA  0 0 0 2  2  2 
PA  PSIQUIATRIA  2 2 2 4  4  5 
PE  PSIQUIATRIA  0 0 0 12  12  12 
PR  PSIQUIATRIA  0 2 4 8  12  12 
PR  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E  0 0 0 0  5  5 
ADOLESCENCIA 
RJ  PSIQUIATRIA  0 8 8 8  8  8 
RJ  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E  0 2 2 2  2  2 
ADOLESCENCIA 
RS  PSIQUIATRIA  1 1 1 3  17  21 
SC  PSIQUIATRIA  2 2 2 2  2  2 
SE  PSIQUIATRIA  0 0 0 4  4  4 
SP  PSIQUIATRIA  1 11 11 29  70  87 
SP  PSIQUIATRIA DA INFANCIA E  3 5 5 5  9  9 
ADOLESCENCIA 
Total Geral  25 56 71 117  199  222

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde 
(SGTES/MS) 
 
Tabela 24. Programas de Residência Multiprofissional em Saúde Mental por ano 

 
  UF  Programa  2012 2013 2014 2015
  CE  S. Mental  63
  PE  S. Mental  5
 
MG  S. Mental  12 4 12 12
 
PA  S. Mental  9
 
  PE  S. Mental  10 10
  RO  S. Mental  6 6
  RS  S. Mental  6 18 18
  SC  S. Mental  16
SP  S. Mental  43 36 8 8
  TO  S. Mental  6
Total  132 68 54 54
 

Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde 
(SGTES/MS) 

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Escolas de Redução de Danos, Escolas de Supervisores e Supervisão Clínico‐Institucional 

Nos  anos  de  2011  e  2012  a  CGMAD  deu  continuidade  ao  acompanhamento  dos  projetos  de 
Escolas  de  Redução  de  Danos,  Escolas  de  Supervisores  e  Projetos  de  Supervisão  Clínico‐institucional 
iniciados  nos  anos  anteriores,  além  de  publicar  a  VIII  Chamada  Pública  para  seleção  de  Projetos  de 
Supervisão Clínico Institucional, que beneficiou 98 projetos em todo o país. 
Ainda  em  2012  foi  lançada  a  I  Chamada  para  Refinanciamento  de  Projetos  de  Supervisão 
Clínico‐Institucional  da  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  Escolas  de  Redução  de  Danos  e  Escolas  de 
Supervisores Clínico‐Institucionais, com o objetivo de financiar a continuidade de projetos que tiveram 
boa  execução  nos  territórios.  Como  resultado  desta  seleção,  foram  repassados  incentivos  para  a 
continuidade  de  28  projetos  de  Supervisão  Clínico‐Institucional,  7  Escolas  de  Redução  de  Danos  e  3 
Escolas de Supervisão. 
 
Percursos Formativos na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) 

O Projeto “Percursos Formativos na RAPS” foi lançado pela CGMAD através de uma chamada 
pública  em  novembro  de  2013,  como  proposta  para  viabilizar  a  implementação  de  um  processo  de 
qualificação abrangente e horizontalizado nos territórios. 
Este Projeto contemplou apoio financeiro a municípios para o desenvolvimento de projetos de 
educação  permanente  voltado  aos  profissionais  que  compõem  a  Rede  de  Atenção  Psicossocial 
abarcando quatro ações distintas: a) intercâmbio profissional entre redes de atenção psicossocial; b) 
oficinas de integração do processo de trabalho em rede; c) desenvolvimento e execução de um plano 
de  educação  permanente;  d)  circulação  de  saberes  e  experiências  através  da  mediação  de  um 
profissional (chamado de componente de engrenagens da educação permanente). Participaram dessa 
chamada redes de atenção psicossocial de 21 estados das cinco regiões do Brasil. 
No âmbito do Projeto de Percursos Formativos, definiram‐se seis linhas de ação norteadoras para 
as  proposições  formativas  de  qualificação  com  base  na  troca  de  experiências  e  aprofundamento  de 
conhecimentos:  
 Saúde Mental na Atenção Básica; 

 Atenção à crise e urgência em saúde mental; 

  Saúde Mental Infantojuvenil; 

 Demandas associadas ao consumo de álcool e outras drogas; 

 Desinstitucionalização; 

 Reabilitação Psicossocial;  

O intercâmbio entre experiências se estabeleceu por meio de módulos de formação com foco em 
uma das linhas de ação acima e constituídos por uma rede receptora e cinco redes visitantes. : Foram 
denominadas  redes  receptoras  aquelas  que  indicaram  potencialidades  para  desenvolver  propostas  e 
estratégias  de  intercâmbio  na  RAPS  do  seu  território,  favorecendo  a  troca  de  experiências 
profissionais. Foram chamadas de redes visitantes aquelas que indicaram o interesse em aprimorar e 
aprofundar as experiências e conhecimentos relativos a uma das linhas de ação já mencionadas e cujos 
profissionais  participaram  da  experiência  de  intercâmbio  de  160  horas  na  rede  receptora  de 
referência. 
As  redes  receptoras  receberam  20  profissionais  de  cada  município  visitante,  apresentando 
propostas e estratégias desenvolvidas por meio das práticas em seus territórios, para formação prática 
em  pontos  de  atenção  a  RAPS  e  entre  pares.  Cada  uma  das  redes  visitantes  ofertou  uma  oficina  de 
integração  para  trabalhadores,  gestores  e  usuários  em  seu  território,  com  a  participação  da  rede 

110
receptora.  A  tabela  abaixo  apresenta  os  municípios  participantes  de  cada  módulo  de  formação  da  I 
Chamada de seleção de projetos, com a respectiva linha de ação: 
 
Quadro 6. Módulos da I Chamada Projeto Percursos Formativos da RAPS 

Módulo de Formação  Rede Receptora  Redes Visitantes 


Miguel Calmon/BA, Pouso Alegre/MG, Pio XI/PI, 
Coronel Fabriciano/MG 
Encantado/RJ, Vera Crus/RS 
Atenção à Crise em  Jacobina/BA, Icó/CE, Imperatriz/MA, Itaúna/MG, 
Resende/RJ 
Saúde Mental  Palmas/TO 
Macapá/PA, Vitória da Conquista/BA, Goiânia/GO, 
São Paulo/SP 
Contagem/MG, Parnaíba/PI 
Iguatu/CE, Barbacena/MG, Coronel Fabriciano/MG, 
Ouro Preto/MG 
Saúde Mental  Campo Grande/MS, Boa Vista/RR 
infantojuvenil  Salvador/BA, Ipatinga/MG, Uberlândia/MG, Belém/PA, 
Recife/PE 
São José do Rio Preto/SP 
Mucuri/BA, Bela Vista de Goiás/GO, Cláudio/MG, Barra 
São Lourenço do Sul/RS 
Saúde Mental na  de Santa Rosa/PB, Maravilha/SC 
Atenção Básica  Eunápolis/BA, Araçuaí/MG, Moju/PA, Teresina/PI, 
Embu/SP 
Torres/RS, Guapimirim/RJ 
Rio Pomba/MG, Formiga/MG, Laranjeiras do Sul/PR, 
Uberlândia/MG 
Ijuí/RS, Cândido Mota/SP, Capivari/SP 
Vila Velha/ES, Ouro Branco/MG, Itajaí/SC, Bagé/RS, 
Recife/PE 
Demandas Associadas  Palhoça/SC, São Carlos/SP 
ao consumo de álcool e  Cruzeiro do Sul/AC, Rio Branco/AC, Horizonte/CE, 
outras drogas  Santo André/SP  Guaíba/RS, Araranguá/SC, Sorocaba/SP, Apucarana/PR, 
Canoas/RS 
Maracanaú/CE, Betim/MG, Santa Rosa/RS, Orleans/SC, 
São Bernardo do Campo/SP
São Miguel Arcanjo/SP 
Morrinhos/GO, Carmo do Rio Claro/MG, Pocinhos/PB, 
São Bernardo do Campo/SP
Floriano/PI, Cerquilho/SP, Araguaína/TO 
Desinstitucionalização 
Rio Branco/AC, Rio Verde/GO, Juiz de Fora/MG, São 
Sorocaba/SP 
Sebastião do Paraíso/MG, Ubá/MG 
Santo Antônio do Tauá/PA, Caruaru/PE, Joinville/SC, São 
Santo André/SP 
Reabilitação  Vicente/SP, Gurupi/TO 
Psicossocial  Manaus/AM, Cabo de Santo Agostinho/PE, 
Barbacena/MG 
Paulistana/PI, Prudentópolis/PR, Andradina/SP 
Fonte: Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS 

O  componente  de  Engrenagens  da  Educação  Permanente  se  traduz  na  ativação  das  Redes 
para: discussão e estudo de Projetos Terapêuticos Singulares – PTS; propostas de atuação dos pontos 
de atenção; articulações com o território e dos processos de trabalho, considerando as dimensões da 
gestão e da clínica na perspectiva institucional e intersetorial, fortalecendo o itinerário do usuário no 
território  e,  sobretudo,  fomentando  e  apoiando  o  desenvolvimento  e  transferência  de  tecnologias 
inovadoras entre serviço‐comunidade‐usuário. 
O escopo do Projeto de Percursos Formativos na RAPS previu a vivência de intercâmbio entre 
experiências que beneficiou cerca de 1.600 profissionais; 82 oficinas de integração da rede de atenção 
psicossocial  sobre  o  processo  de  cuidado,  realizadas  na  totalidade  das  redes  visitantes  e  que 
contemplaram cerca de 4.500 pessoas ‐ entre usuários (as), familiares, trabalhadores (as), gestores (as) 
–  de  diferentes  pontos  de  atenção  da  RAPS  e  da  rede  intersetorial  dos  municípios/estados;  o 
desenvolvimento de planos de educação permanente em 96 municípios; a execução do componente 
de engrenagens da Educação Permanente em 96 municípios.   
Entre os anos de 2014 e 2015 foram realizadas as etapas de intercâmbio entre experiências e 
das  oficinas  de  integração  nos  territórios.  Para  o  ano  de  2016  está  organizada  a  execução  do 

111
componente  de  engrenagens  da  educação  permanente,  bem  como  a  implementação  das  ações 
pactuadas nos planos de educação permanente. 
No  2º  semestre  de  2015  a  CGMAD  realizou  a  II  Chamada  para  Seleção  de  projetos  dos 
Percursos Formativos na RAPS, por meio da qual foram selecionadas 48 redes visitantes e definidas 12 
redes  receptoras.  A  segunda  edição  do  Projeto  conta  com  a  inclusão  de  uma  nova  linha  de  ação: 
Atenção a pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e/ou outras drogas, com ênfase nas 
questões  indígenas.  Em  razão  do  contingenciamento  orçamentário  houve  a  necessidade  de 
repactuação dos prazos para a efetivação do repasse com vistas à execução dos projetos selecionados 
nesta II Chamada, então previstos para o início do ano de 2016. 
 
Cursos de atualização à distância 

Os cursos de atualização à distância envolvem profissionais de nível médio e superior de todos 
os  pontos  de  atenção  da  RAPS  do  Brasil,  sobre  três  temas  estratégicos:  Demandas  associadas  ao 
consumo  de  álcool  e  outras  drogas;  Saúde  mental  Infantojuvenil;  e  Atenção  à  crise  e  urgência  em 
saúde  mental.    Trata‐se  de  uma  parceria  entre  a  SGTES,  CGMAD  e  a  Universidade  Federal  de  Santa 
Catarina/UFSC, por meio do Sistema Universidade Aberta/UNA‐SUS, com oferta para mais de 10.000 
vagas nos anos de 2014 e 2015. Os cursos de Saúde mental Infantojuvenil e Atenção à crise em saúde 
mental  tiveram  seu  encerramento  no  ano  de  2015  e  ofertaram  3.000  vagas  cada  um.  Houve  1.990 
profissionais certificados no Curso de Atenção à Crise em Saúde Mental e 1.617 certificados em Saúde 
Mental  Infantojuvenil.  O  curso  de  atualização  sobre  cuidado  no  campo  de  álcool  e  outras  drogas, 
ofertou  cerca  de  8.500  vagas  até  o  final  de  2015  e  certificou  5.430  profissionais.    Esse  último  curso 
encontra‐se com processo de inscrição para a oferta de mais 3.000 vagas em 2016. 
Os mapas abaixo ilustram a distribuição dos participantes pelo País. 

 
 

112
 
 
Figura 3. Distribuição dos (as) alunos (as) formados (as) nos três Cursos à Distância em Saúde Mental (Brasil, dez/2014), por curso. 
 

Álcool e outras Drogas: da coerção à coesão           Saúde Mental na Infância e Adolescência        Atenção às pessoas em situações de crise e 
        urgência em saúde mental 
 

         
 
 

 
Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (SGTES/MS) e Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC 

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Curso Caminhos do Cuidado para profissionais da atenção básica 

O Projeto “Caminhos no Cuidado” foi uma iniciativa da SGTES em parceria com a CGMAD, Fundação 
Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) e Grupo Hospitalar Conceição. O Projeto consistiu  na formação em saúde mental de 
agentes  comunitários  de  saúde,  auxiliares  e  técnicos  de  enfermagem  da  equipe  de  Saúde  da  Família  (eSF), 
com  ênfase  nas  necessidades  decorrentes  do  uso  de  crack,  álcool  e  outras  drogas,  visando  melhorar  a 
atenção  ao  usuário  e  seus  familiares,  por  meio  da  formação  e  qualificação  dos  profissionais  da  Rede  de 
Atenção  Básica  à  Saúde,  baseado  na  perspectiva  da  Redução  de  Danos.  Esta  ação  se  inseriu  no  eixo  do 
Cuidado do Programa Crack, é Possível Vencer. 
A  formação  proposta  pelo  “Caminhos  do  Cuidado”  inovou  por  ser  dinâmica,  com  estratégias  que 
possibilitaram aos profissionais da Atenção Básica trabalhar em conjunto com a Saúde Mental, acolhendo e 
cuidando dos usuários. Outra peculiaridade é que todo o trabalho se deu em conforme as especificidades de 
cada território, levando em conta a realidade local nas mais diferentes regiões do Brasil. 
Chegou  ao  final  de  2015  com  um  total  de  237.175  profissionais  formados.  Desde  o  início  das 
atividades, em 2013, foram oferecidas cerca de 290 mil vagas em todo o Brasil (para mais informações ver o 
componente de Atenção Básica deste relatório).  
 
Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem 

O Curso  de  Especialização  em  Linhas  de  Cuidado  em  Enfermagem  nas  áreas  de:  Saúde  Materna, 
Neonatal e do Lactente; Atenção Psicossocial;  Urgência e Emergência; eDoenças Crônicas Não Transmissíveis 
foram  ofertados  na modalidade  à  distância,  por  meio  da   parceria  do  Ministério  da  Saúde,  por  meio  da 
Secretaria de Gestão do Trabalho e de Educação na Saúde (SGTES), da CGMAD e a da Universidade de Santa 
Catarina (UFSC). Foram ofertadas 300 vagas para formar enfermeiros especialistas em Saúde Mental. O curso 
foi concluído em julho de 2015 com 237 profissionais titulados. No mapa abaixo o número de profissionais 
titulados por estado.  

Figura  4.  Número  de  profissionais  titulados  como  enfermeiros  especialistas  em  saúde  mental  por  estado 
(2015) 
 

 
Fonte: Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas/DAPES/SAS/MS, Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em 
Saúde (SGTES/MS) 
 

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Curso de Tópicos Especiais de Policiamento e Ações Comunitárias (TEPAC) 

Nos  anos  de  2013  e  2014,  a  CGMAD  em  parceria  com  a  Secretaria  Nacional  de  Segurança  Pública 
(SENASP)  do  Ministério  da  Justiça,  ajudou  a  organizar  o  material  didático  e  curso  de  Tópicos  Especiais  de 
Policiamento e Ações Comunitárias (TEPAC) para agentes da policia comunitária, no que se refere ao Módulo 
II  do  curso,  sobre  Redes  de  Atenção  e  Cuidado  a  usuários  de  crack.  Participaram  do  curso,  policiais 
comunitários de todos os municípios que pactuaram o Programa “Crack, É possível Vencer”. 

5.6 DIREITO É QUALIDADE (QUALITYRIGHTS) 

A Reforma Psiquiátrica brasileira sempre foi pautada no respeito aos direitos humanos e à liberdade, com 
vistas à promoção de autonomia e ao exercício de cidadania das pessoas com sofrimento e/ou transtornos 
mentais. Para além dos avanços em termos de marco jurídico, da expansão do acesso e reconhecimento de 
experiências  exitosas  em  políticas  de  saúde  mental,  é  fundamental  garantir‐se  a  consolidação  da  RAPS  por 
meio da superação da lógica manicomial e pelo fortalecimento de serviços territoriais de qualidade. 
Nesse  sentido,  a  Coordenação  Geral  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas  (CGMAD)  estabeleceu 
parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para realizar a tradução oficial do QualityRights para a 
língua  portuguesa  e  publicá‐lo  no  Brasil,  com  vistas  a  sua  implantação.  Trata‐se  de  um  kit  de  ferramentas 
práticas desenvolvidos pela OMS com base na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficiência (CDPD), para avaliar e melhorar os padrões de qualidade e os direitos humanos em serviços 
ambulatoriais  e  de  internação  de  saúde  mental  e  de  assistência  social.  Propõe‐se  como  estratégia 
mecanismos para a identificação dos problemas assistenciais existentes e o planejamento de meios efetivos 
para  assegurar  que  os  serviços  sejam  de  boa  qualidade.  Vislumbra‐se,  ainda,  que  os  resultados  e 
recomendações  advindos  dos  processos  contínuos  de  avaliação  possam  assegurar  o  aprimoramento  de 
legislações e políticas futuras.    
No Brasil, a estratégia chamará Direito é Qualidade. O componente inovador consiste na perspectiva de 
promoção da qualidade em serviços de saúde mental enquanto garantia de direitos de seus usuários. Além 
da tradução e publicação do kit de ferramentas do QualityRights, sua proposta de implantação no Brasil foi 
previamente  discutida  em  diferentes  oportunidades  (ENRAPS  –  2013;  Reunião  Regional  de  Usuários  de 
Serviços  de  Saúde  Mental  nas  Américas  ‐  2013;  Oficina  de  Adaptação  Cultural  do  QualityRights  ‐  2014; 
Colegiado  de  Coordenadores  de  Saúde  Mental  –  2014),  sempre  recebendo  excelente  acolhida  junto  a 
gestores, profissionais e usuários da RAPS. 
Pretende‐se  implantar  esse  projeto  com  apoio  da  Fiocruz,  a  partir  da  adaptação  cultural  dos 
instrumentos  à  realidade  brasileira.  Nesta  primeira  etapa  objetiva‐se  a  ampla  divulgação  da  estratégia  e 
produção de espaços de debate sobre os direitos das pessoas com transtorno mental e a Convenção sobre os 
Direitos das Pessoas com Deficiência. As metas para o ano de 2016 incluem: 
 Desenvolver  e  validar,  nas  cinco  regiões  do  país,  a  metodologia  e  instrumentos  auto  instrutivos  de 
formação em Direitos Humanos e Saúde Mental para utilização por associações e movimentos sociais 
de saúde mental na condição de multiplicadores. 
 Implantação  dessa  metodologia  de  formação  do  “Direito  é  Qualidade”  junto  a  Associações  e 
movimentos sociais de saúde mental nas cinco regiões do país. 
 Implantação  do  Projeto  de  Formação  em  Direitos  Humanos  e  Saúde  Mental  em  25%  (36)  dos 
municípios brasileiros acima de 200.000 habitantes. 
 Implantação  do  programa  de  qualificação  “Direito  é  Qualidade”  nas  Redes  de  Atenção  à  Saúde  de 
100% dos municípios acima de 200.000 habitantes. 
 

115
5.7 PARCERIAS INTERNACIONAIS 

A  Política  Nacional  de  Saúde  Mental  tem  obtido  um  significativo  reconhecimento  internacional  que  se 
expressa  tanto  pela  referência  à  Reforma  Psiquiátrica  brasileira  em  documentos  de  organismos 
internacionais (WHO, 2001; WHO, 2007; MHIN, 2014), como pela crescente demanda de Cooperação Técnica 
com o Brasil nessa área (Angola, Bolívia, Colômbia, Costa do Marfim, Costa Rica, Cuba, Honduras, Haiti, Peru, 
Uruguai).                                                                                                                                                                                                          
Nesse período de gestão houve um grande número de convites  para compartilhamento da experiência 
brasileira  em  eventos  internacionais,  a  exemplo  de  reuniões  como:  a  Oficina  de  alinhamento  temático  em 
indicadores  da  COPOLAD  (Chile,  2013);  estudo  de  caso  sobre  a  reforma  brasileira  em  saúde  mental  no 
“Mental Health Innovation Network” (OMS, 2013); Comitê Gestor Tripartite Brasil – Cuba – Haiti (Haiti, 2014);  
Encontro Internacional de Peritos sobre respostas do setor educação para o uso de substâncias entre crianças 
e  jovens  (Turquia,  2015);  preparatória  da  UNGASS  2016  (México,  2015);  Conferência  Regional  de  Saúde 
Mental da OPAS (Chile, 2015).   
Destacaram‐se como ações da CGMAD em agendas de cooperação internacional:  
a)  Revisão e  publicação  da versão em  português dos instrumentos do QualityRights, uma  estratégia de 
avaliação, desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que se baseia na Convenção sobre os 
Direitos  das  Pessoas  com  Deficiência  (CDPD)  para  avaliar  a  qualidade  e  promover  os  direitos  humanos 
nos serviços de saúde mental;  

b)  Participação  em  projeto  de  cooperação  técnica  Brasil‐Honduras  para  promoção  de  mudança  do 
modelo da saúde mental;  

c) Apoio à elaboração do Projeto de Cooperação Tripartite Brasil‐ Cuba ‐ Haiti (Sistema de Saúde Mental 
do Haiti);  

d) Participação em reuniões de Comistas (Brasil‐Bolívia, Brasil‐Peru);  

e) Cooperação técnica com Cuba;  

f) Resposta a relatórios e indicadores internacionais (Atlas de Saúde Mental da OMS, Atlas Substance Use 
OMS, Annual Report Questionnaire ‐ UNODC, OMS – Unrecorded Alcohol Comsumption Questionnaire, 
OMS  ‐  mortalidade  atribuível  ao  álcool,  Protocolo  de  São  Salvador,  OMS  Saúde  Mental,  Cuestionario 
mundial de la OMS para el 2015 sobre el progreso de las políticas relativas al alcohol). 

   

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Anexos 
ANEXO I: CARTA DA XIII REUNIÃO DO COLEGIADO DE COORDENADORES DE SAÚDE MENTAL  
   
Em defesa da cidadania dos usuários de álcool e outras drogas 

Brasília, 10 de agosto de 2011. 

Os Coordenadores Estaduais e Municipais de Saúde Mental presentes a XIII Reunião do Colegiado Nacional 
de Saúde Mental realizada nos dias 09 e 10 de agosto de 2011 decidem:  

Considerando  a  complexidade  do  tema  álcool  e  drogas,  seu  caráter  multifacetado  e,  sobretudo  as 
consequências sociais e individuais, os prejuízos para saúde, mas também para o convívio, o tensionamento 
dos  laços  sociais  e  familiares  provocados  pelo  uso  abusivo,  pela  dependência  e  pela  inserção  nas  redes  de 
produção, consumo e comércio, em especial, das drogas ilícitas;  

Considerando  a  lacuna  e  ausência  histórica  do  Estado  brasileiro  na  resposta  às  demandas  colocadas  pelos 
usuários  de  crack,  álcool  e  outras  drogas  e,  por  outro  lado,  reconhecendo  as  Comunidades  Terapêuticas 
como respostas sociais vinculadas, em sua grande maioria, as redes de assistência social, que se constituíram 
sobre  o  vazio  assistencial,  respondendo  ao  mesmo  tempo  e  num  único  espaço,  a  necessidades  distintas,  a 
saber: o cuidado em saúde e o suporte social;  

Considerando  que  o  Estado  é  laico  e  a  fé  religiosa  é  uma  escolha  pessoal,  não  se  pode  admitir,  como 
instrumento e recurso de tratamento ou suporte social, a adesão a qualquer credo como um critério; 

Considerando  a  saúde  e  a  assistência  social  como  campos  ou  intervenções  necessárias  e  importantes  na 
implantação  de  uma  política  efetivamente  intersetorial  que  requer  a  participação  de  outros  atores,  tais 
como: cultura, justiça, educação, trabalho, habitação, etc., e que este conjunto deve comprometer‐se com o 
respeito aos direitos de cidadania dos usuários; 

Considerando  as  deliberações  da  IV  Conferência  Nacional  de  Saúde  Mental  que  reafirmam  uma  posição 
consolidada  entre  os  gestores,  trabalhadores  e  usuários  do  SUS  de  não  inclusão  das  Comunidades 
Terapêuticas como dispositivos de saúde, na medida em que estas operam com princípios contrários aos que 
orientam os serviços criados pela Reforma Psiquiátrica; 

Considerando,  por  fim,  a  necessidade  da  ampliação  de  investimentos  no  Sistema  Único  de  Saúde  para 
efetivação  de  uma  rede  substitutiva  de  atenção  integral  aos  usuários  de  álcool  e  drogas  que  permita  a 
implantação dos diferentes dispositivos em condições adequadas e coerentes com os princípios da Reforma 
Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial; 

Reafirmamos nosso compromisso com os usuários de álcool e outras drogas e reforçamos a importância e a 
necessidade  da  ampliação  dos  recursos  destinados  aos  serviços  substitutivos,  permitindo  assim,  a 
implantação  nos  diferentes  municípios  de  dispositivos  de  cuidado.  Além  disto,  reafirmamos  a  Redução  de 
Danos como princípio de orientação do cuidado em toda a rede assistencial: CAPS, CAPS ad equipes de saúde 
mental  na  atenção  básica,  consultórios  de  rua,  leitos  em  hospital  geral,  casas  de  acolhimento  transitório, 
centros  de  convivência,  etc.,  possibilitando  a  criação  de  uma  cultura  terapêutica  mais  tolerante  e  solidária 
com os usuários de álcool e outras drogas. 

Concluindo,  reafirmamos  que  as  Comunidades  Terapêuticas  não  são  e  nem  devem  se  transformar  em 
serviços de saúde, não devendo, portanto, serem incluídas no Sistema  Único  de Saúde e sugerimos que as 
mesmas possam ser incluídas na rede de assistência social, como dispositivos de proteção social. 

117
ANEXO  II:  RELATÓRIO  FINAL  DO  XVIII  COLEGIADO  NACIONAL  DE  COORDENADORES  DE  SAÚDE  MENTAL, 
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 

Brasília, 10 de dezembro de 2015 – Dia Internacional dos Direitos Humanos 

O atual cenário político e econômico nacional aumenta os desafios para os defensores do Sistema Único de 
Saúde – SUS, da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sanitária na medida em que estamos vivendo uma onda 
de conservadorismo político, corremos o risco de retrocessos em relação a avanços e marcos importante nas 
políticas públicas sociais. 

O Colegiado Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, constituído pela Portaria MS/GM nº 3.796, 
de  06  de  outubro  de  2010.  Em  sua  XVIII  edição,  ocorrida  entre  os  dias  08,  09  e  10  de  dezembro  de  2015, 
estiveram  presentes  os  coordenadores  de  saúde  mental,  álcool  e  outras  drogas  de  estados  e  municípios; 
usuários  e  familiares,  pesquisadores,  trabalhadores  do  SUS,  representantes  de  diversas  áreas  técnicas  do 
Ministério  da  Saúde  (Secretaria  Especial  de  Saúde  Indígena  –  SESAI,  Secretaria  de  Gestão  Estratégica  e 
Participativa  –  SGEP,  Departamento  de  Atenção  Básica  –  DAB,  Departamento  de  Gestão  da  Educação  na 
Saúde  –  DEGES),  participação  de  outros  Ministérios  (Secretaria  Nacional  de  Economia  Solidária  –  SENAES, 
Secretaria  Nacional  Antidrogas  ‐  SENAD),  entidades  e  associações  de  Movimentos  de  apoio  a  Luta 
Antimanicomial e representante da Organização Panamericana de Saúde – OPAS/OMS do Brasil. 

Ocorreram  nestes  dias  reflexões  sobre  temas  específicos  relacionados  com  a  sustentabilidade  da  Rede  de 
Atenção Psicossocial ‐ RAPS, considerando toda a conjuntura econômica e política, e envolvendo mais de 250 
pessoas.  

Os  objetivos  do  encontro  foram:  propor  mecanismos  de  sustentabilidade  da  RAPS;  promover  a 
implementação,  avaliação  e  monitoramento  da  Política  Nacional  de  Saúde  mental,  Álcool  e  outras  Drogas; 
contribuir para ampliação e fortalecimento da interlocução entre as diferentes esferas de gestão da política 
de  saúde  com  as  organizações  da  sociedade  civil,  entidades  cientificas,  profissionais  e  atores  das  políticas 
intersetoriais.  

A metodologia de trabalho se deu por meio de rodas de conversas que foram divididas nos seguintes temas: 
saúde mental na atenção básica; demandas associadas ao consumo de álcool e outras drogas; saúde mental 
infantojuvenil; atenção à crise; desinstitucionalização e a reabilitação psicossocial.  

Foram reafirmados neste evento os marcos da Reforma Psiquiátrica e Sanitária que não devem retroceder:  

 Princípios do SUS; 
 Princípios da Redução de Danos como ética de cuidado; 
 Protagonismo; 
 Direitos Humanos; 
 Produção de vida; 
 Cuidado em liberdade, integral e longitudinal. 
Apresentamos  abaixo,  como forma de registro e publicização,  o  relato  dos  principais  pontos  discutidos  em 
cada  roda  e  a  síntese  produzida  pelas  pessoas  em  grande  plenária.  Alguns  aspectos  foram  comuns  e  se 
repetem nas diversas rodas, sinalizando relevância para avançar em ações concretas no cotidiano. As rodas 
resultaram  em  sínteses  analíticas  de  contextos,  demostrando  a  diversidade  e  produção  de  consensos  no 
debate.  Reafirmamos  que  existem  outros  espaços  deliberativos  e  importantes  de  construção  dos  SUS  e  da 
Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, tais como o Relatório Final da IV Conferência Nacional Intersetorial de 
Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, além dos Relatórios das Conferencias Nacionais de Saúde. 

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Durante o XVIII  Colegiado  Nacional  de  Coordenadores  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas, 
realizado em Brasília, foram  divulgados para todos os presentes as  sínteses  das  rodas.  Desta  forma,  foi 
enviado para a plenária final, conduzida pelos Coordenadores, um consolidado de seis rodas, cartas aberta de 
apoio e as moções de apoio e repúdio: 

A. Roda de Conversa 1: Saúde Mental na Atenção Básica  
B. Roda de Conversa 2: Demandas associadas ao consumo de álcool e outras drogas 
C. Roda de Conversa 3: Saúde Mental Infantojuvenil 
D. Roda de Conversa 4: Atenção a Crise 
E. Roda de Conversa 5: Desinstitucionalização 
F. Roda de Conversa 6: Reabilitação Psicossocial 
G. Duas cartas 
H. Moções: 4 moções 
I. Menção Honrosa Póstuma 

Plenária da XVIII Reunião do Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental 

A. Roda de Conversa 1: Saúde Mental na Atenção Básica  
 
Marcos que não podem retroceder 

1. O espaço de diálogo entre Saúde Mental e Atenção Básica já conquistada.  
2. A conquista do SUS, da Reforma Sanitária, da Reforma Psiquiátrica.  
3. Práticas na rede sensíveis ao cuidado em liberdade, à diversidade e ao racismo institucional. 
4. Rede intersetorial e rede existencial.  
5. Rede de saúde de qualidade, que garanta acesso, com equipe que possa dar esse cuidado.  
6. Rede Básica estruturada como estratégia que cuida das pessoas e das comunidades. 
7. Os pontos de atenção da RAPS, em especial os CAPS, não podem ser desmontados ou fechados. 
8. Redução de Danos como paradigma político técnico e ético em oposição ao paradigma da guerra as 
drogas, de modo que respeite não somente os direitos dos usuários, familiares e trabalhadores, mas 
que fortaleça as experiências contemporâneas que se mostram eficazes e promissoras. 
9. Seguir sensibilizando e envolvendo equipes de Atenção Básica no cuidado territorial e substitutivo 

Desafios e Problematizações 

1. Integrar e articular a Rede do território, para promover trocas de práticas e saberes; 
2. Qualificar as equipes para o cuidado em saúde mental; 
3. Trabalhar  com  a  incerteza  quanto  a  recursos  humanos,  decorrentes  da  precarização  dos  contratos 
profissionais; 
4. Rever condições das parcerias público‐privadas territoriais para os serviços de saúde; 
5. Redimensionar e repensar a lógica do  cuidado integral e longitudinal, considerando a existência  da 
sobrecarga de trabalho das Equipes de Atenção Básica;  
6. Considerar  que  as  situações  de  violência  e  discriminação  vivenciadas  geram  sofrimento  para  a 
população atendida. 
7. Ampliar  as  estratégias  de  cuidado  envolvendo  mais  dispositivos  da  RAPS,  não  se  limitando  aos 
recursos dos CAPS e da Atenção Básica atuando no território de modo intersetorial. 
8. Aperfeiçoar o matriciamento e as estratégias de cuidado em grandes centros urbanos, tendo em vista 
a complexidade dos contextos locais. 
9. Aprofundar  as  discussões  a  respeito  da  Política  Nacional  de  Saúde  Mental  envolvendo  os 
profissionais da atenção básica  
10. Fortalecer o CAPS como organizador e ativador de práticas de matriciamento.  
11. Superar a Lógica da Atenção Básica baseada no cumprimento de protocolos e a “qualidade total”.  
12. Repensar indicadores condizentes com as necessidades de avanço na saúde mental.  
13. Adotar amplamente a prática do registro, da avaliação e do compartilhamento das atividades.  
14. Problematizar a Medicalização da população.  
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15. Superar a persistente lógica manicomial dentro dos CAPS e da RAPS como um todo.  
16. Debater e superar a lógica ambulatorial do cuidado.  

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Fortalecer  e  aperfeiçoar  a  atenção  psicossocial  no  âmbito  da  atenção  básica,  no  que  tange  as 
necessidades de saúde da infância e adolescência. 
2. Planejar  e  implementar  o  cuidado  na  perspectiva  ampliada  de  sofrimento,  fundamentada  na 
integralidade, na territorialidade e no reconhecimento de aspectos culturais e sociais. 
3. Superar  a  lógica  da  doença  mental  como  objeto  do  “especialismo”  de  cunho  biomédico,  atuando 
efetivamente sob o conceito ampliado de saúde discutindo e delineando praticas na perspectiva do 
desenvolvimento  sustentável  tal  como  a  felicidade  e  relações  humanas,  cidadania  e  coletividade  ‐ 
trazer essa discussão para dentro do serviço de saúde.  
4. Fortalecer a atuação itinerante do CAPS de modo a estar mais próximo do território.  
5. Garantir as equipes mínimas dos pontos de atenção da RAPS.  
6. Sensibilizar Atenção Básica para atuação na lógica da atenção psicossocial. 
7. Fortalecer  o  cuidado  à  População  de  Rua,  qualificando  o  acolhimento  em  todos  os  dispositivos  da 
rede e ampliando as ações dos serviços itinerantes.  
8. Viabilizar os Centros de Convivência, incrementando as ações de cultura dentro da RAPS, tendo em 
vista seu potencial para os propósitos da Política de Saúde Mental.  
9. Fortalecer a capilarização do cuidado, da formação e do protagonismo dos usuários. 
10. Promover Formação e Educação Permanente para os trabalhadores de saúde.  
11. Ampliar  o  processo  de  formação  dos  ACS  para  os  demais  membros  da  equipe  (Caminhos  do 
Cuidado),  indo  além  do  campo  de  Álcool  e  outras  Drogas,  adentrando  no  campo  geral  da  Saúde 
Mental. 
12. Implementar tecnologias de encontro e de troca – com foco no matriciamento e previsão de outras 
ações como reuniões de equipe, fóruns intersetoriais e itinerantes, com registros. 
13. Incorporar e ampliar a visita domiciliar emancipatória. 
14. Rever  os  indicadores  do  PMAQ  para  que  reflitam  práticas  do  cuidado  psicossocial.  Gerar  novos 
indicadores de saúde mental, que sejam mais representativos.  
15. Ampliar, fortalecer e orientar o papel dos NASFs. Para que o entendimento sobre o matriciamento 
se oriente pela corresponsabilização, compartilhamento de práticas, e não como mera supervisão. 
16. Fortalecer  a  Atenção  Básica  no  cuidado  territorial.    Estimular  os  profissionais  a  pensar  em  como 
cuidar das pessoas e das comunidades em meio a contextos violentos e marcados por concepções 
“fundamentalistas”.   
17. Promover Práticas integrativas na Atenção Básica.  
18. Ampliar e efetivar o diálogo e participação dos usuários.  
19. Implementar estratégia de Gestão Autônoma da Medicação. 
20. Considerar os familiares como parceiros atuantes na gestão da medicação e do cuidado. 
21. Realizar Mostra Nacional com experiências exitosas de Saúde Mental na Atenção Básica.  
22. Disponibilizar contatos de coordenações de saúde mental dos municípios e estados para favorecer 
processos de articulação. 
23. Melhorar  as  estratégias  de  comunicação  e  mídia  sobre  o  tema  da  saúde  mental  de  acordo  com  o 
que preconiza a Política Nacional de Saúde Mental.   
24. Incorporar  a  diretriz  da  Redução  de  Danos  como  ética  do  cuidado  que  garanta  o  acolhimento  e 
integralidade da atenção as pessoas que usam álcool e outras drogas nos serviços da Atenção Básica. 
 
 
B. Roda de Conversa 2:  Demandas associadas ao consumo de álcool e outras drogas  

Estratégias 

1. Necessidade de cuidado compartilhado com outros pontos de atenção, promovendo a integralidade 
do cuidado e diminuindo a necessidade de divisões por serviço a partir de comorbidades; 
2. Investir constantemente em ações de educação permanente nos diversos níveis e diferentes formas; 
3. Articular a construção de políticas intersetoriais para proteção aos usuários de drogas ameaçados de 
morte; 
4. Estreitar o diálogo com o sistema judiciário e promotorias ‐ Como se relacionar com outros setores 
para além da RAPS?  

120
5. Criar estratégias e fortalecer o diálogo com o movimento social de usuários de drogas (Ex.: Marcha 
da Maconha, movimento da AIDS, entre outros); 
6. Alertar  sobre  os  danos  para  os  usuários  na  prescrição  indiscriminada,  buscando  a  superação  de 
práticas não medicalizantes para profissionais e serviços; 
7. Apoiar  o  fortalecimento  de  processos  de  controle  social  no  SUS,  como  assembleias  nos  CAPS  AD, 
Colegiados de gestão, reuniões sistemáticas, reuniões de  conselhos locais  de saúde, sociedade civil 
organizada; 
8. Incluir a economia solidária na pauta da articulação intersetorial; 
9. Matriciamento entre Atenção Básica e outras áreas setoriais na construção de Projetos Terapêuticos 
Singulares; 
10. Ampliar a articulação com serviços que atendem pessoas vivendo com HIV AIDS e/ou tuberculose; 
11. Fortalecer a parceria da Saúde Mental ao Projeto Redes, Percursos Formativos (PF) e demais projetos 
nos territórios; 
12. Ampliar os programas de residência multiprofissional em saúde mental, álcool e outras drogas; 
13. Retomar  de  forma  intensiva  a  discussão  e  incorporação  da  Redução  de  Danos  como  paradigma  de 
cuidado nos  diversos espaços e níveis de cuidado.  Existem resistências contra as práticas de RD ou 
predomínio  de  ações  de  caráter  instrumental,  focalizadas  na  prevenção  de  doenças,  e  não  na 
redução de danos sociais (violência, exclusão, preconceito) e promoção da cidadania e dos direitos 
dos usuários de drogas; 
14. Direcionamento  de  recursos  públicos  para  financiamento  de  Comunidades  Terapêuticas  em 
detrimento da RAPS, reforçando a manutenção da abordagem do problema das drogas fora do setor 
saúde, além da segregação social e negação dos direitos dos usuários de drogas; 
15. Implementar  as  Políticas  de  Saúde  para  Sistema  Prisional,  conforme  Portaria  94/2014  ‐  Pessoas 
Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), para avançar no cuidado destas pessoas; 
16. Consolidar processos de monitoramento e avaliação para qualificação dos princípios e diretrizes da 
Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas; 
17. Investir  na  superação  do  estigma  em  relação  aos  usuários  de  drogas.  O  enfoque  sobre  drogas 
divulgado  pelos  meios  de  comunicação  e  algumas  propagandas  “educativas”  reforça  no  imaginário 
social julgamentos morais, preconceitos, associação de drogas a criminalidade e estigmatização dos 
seus usuários; 
18. Fortalecer o debate junto aos profissionais da saúde mental dos princípios da reforma psiquiátrica e 
sanitária,  disseminando  novos  conceitos  em  AD  e  para  promover  uma  melhor  compreensão  da 
complexidade  do  fenômeno  das  drogas  entre  diferentes  setores  e  instituições,  como  justiça, 
segurança, educação e mídia, de modo a superar o paradigma proibicionista e concepções moralistas 
e criminalizantes; 
19. Ampliar a discussão dos cofinanciamentos entre Estados, Municípios e Regiões de Saúde, de forma a 
fortalecer o seu papel na estrutura organizacional do SUS, enquanto financiadores para uma atenção 
as pessoas nos territórios, de forma resolutiva; 
20. Promover a desburocratização processos dentro do SUS, que dificultam a implementação e repasse 
de recursos dos serviços, e consequentemente, os acessos dos usuários. Por exemplo, os processos 
de registro de procedimentos através do Registro de Ações Ambulatoriais em Saúde – RAAS; 
21. Ampliar  a  composição  das  categorias  profissionais  nas  equipes  dos  CAPS,  através  da  revisão  da 
portaria de composição das mesmas (por exemplo, discutindo a inclusão de oficineiros, redutores de 
danos e acompanhantes terapêuticos); 
22. Dar  visibilidade  aos  esforços  de  reorganização  do  modelo  de  atenção  psicossocial,  através  da 
comunicação  das  boas  práticas,  melhoria  da  alimentação  dos  sistemas  de  informação  e  dos 
processos  de  monitoramento  e  avaliação  para  defesa  dos  serviços  e  ações  de  saúde  mental. 
Precisamos reunir evidências da efetividade do modelo que defendemos; 
23. Fazer  o  enfrentamento  do  discurso  punitivo  da  prevenção,  a  exemplo  do  Programa  PROERD.  É 
preciso  investir  em  ações  curativas  em  detrimento  das  preventivas.  As  ações  devem  envolver  os 
sujeitos  ‐  na  promoção  de  habilidades  sociais,  devem  envolver  as  instituições  ‐  na  promoção  da 
gestão  democrática  e  compartilhada;  devem  envolver  políticas  –  na  estruturação  de  subsídios  que 
deem sustentabilidade às ações territoriais, incluindo a monitoramento e avaliação. Para tanto, se faz 
necessário  ampliar  a  discussão  junto  a  MEC,  MDS  e  MJ  no  sentido  de  fomentar  os  programas  de 
prevenção ao uso problemático de drogas. 

Desafios e Problematizações 

1. Com quem podemos contar como aliados no nosso trabalho com os usuários mais vulneráveis, para 
incorporar e ampliar o escopo das práticas de redução de danos e reabilitação psicossocial, de modo 
121
a ampliar o escopo dessas ações e promover perspectivas de vida satisfatória e autossustentável às 
pessoas que sofrem desses problemas? 
2. O  que  é  possível  melhorar,  mudar  nossas  ações  dentro  do  espaço  de  intervenção?  Existe  a 
necessidade  de  qualificação  das  práticas  de  atenção  em  AD,  particularmente  no  que  se  refere  à 
reintegração social e redução do isolamento e exclusão, bem como o desfavorecimento social; 
3. Quais  as  estratégias  que  podemos  propor  para  prevenir  o  uso  e  abuso  de  drogas  no  ambiente 
escolar? 
4. Como  lidar  com  a  questão  dos  usuários  de  drogas  em  conflito  com  a  lei  e  com  processos  de 
internação compulsória? 

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Divulgação  no  território  do  Guia  Estratégico  para  o  Cuidado  de  Pessoas  com  necessidades 
relacionadas  ao  consumo  de  álcool  e  outras  drogas  (GUIA  AD)  para  profissionais  de  saúde  do  SUS, 
através de oficinas integradas nos territórios; 
2. Enfrentamento  de  valores  sociais  conservadores,  que  legitimam  a  repressão  às  drogas  como  álibi 
para  exercício  de  poder  sobre  os  mais  vulneráveis.  Ainda  persiste  o  paradigma  proibicionista  e  de 
concepções moralistas e criminalizantes, baseadas na ideologia de “guerra às drogas” e em medidas 
de alta exigência que tem a abstinência como pré‐condição ao acesso a atendimento; 
3. Sensibilizar os atores do Sistema de Justiça, para novas práticas sobre os problemas decorrentes do 
uso  de  drogas.  O  Brasil  é  signatário  de  Convenções  Internacionais  sobre  Drogas  que  preconizam  a 
adoção  de  uma  abordagem  voltada  à  saúde,  em  vez  de  uma  abordagem  apenas  voltada  à  sanção, 
baseando‐se  em  evidências  de  que  o  confinamento  em  prisões  ou  em  centros  de  tratamento 
compulsório  tem  baixa  efetividade,  degrada  as  condições  de  vida  já  problemáticas  dos  usuários, 
amplia a exclusão social, reduz as habilidades sociais e agrava as condições de saúde. Nas prisões, as 
pessoas continuam a fazer uso de drogas e ficam mais expostas a infecções como tuberculose, HIV e 
hepatites.  Mesmo  quando  os  indivíduos  são  privados  de  liberdade  em  condições  de  abstinência, 
observam‐se altas taxas de recaída em relação ao uso de drogas, overdose e reincidência de conflitos 
com a lei. 

  

C. Roda de Conversa 3:  Saúde Mental Infantojuvenil 
 
Marcos que não podem retroceder 

1. ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENCIA ‐ ECA 
A partir de todos os aspectos da Infância e Juventude que o ESTATUTO visa proteger, destacamos, na 
atualidade:  
a) A  importância  de  não  retroceder  diante  da  discussão  em  torno  da  redução  da  maioridade 
penal; 
b) Entendemos  ser  absolutamente  necessário,  o  veto  efetivo  às  Comunidades  Terapêuticas, 
para a atenção a Infância e Juventude no âmbito do cuidado em Álcool e outras Drogas, uma 
vez que esse regime reproduz a lógica manicomial; 
 
2. PERCURSOS FORMATIVOS 
Apontado como metodologia inovadora na construção efetiva da RAPS; 
 
3. INTERSETORIALIDADE 
Perspectiva para implementação efetiva das políticas das Redes no território; 
 
4. FÓRUNS MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL INTERSETORIAIS 
 
5. FORMAÇÃO PERMANENTE:  
São recursos fundamentais para a construção da RAPS: 
a) Programas de Residência (Residência Multiprofissional, Residências de Psiquiatria, Residência 
de Saúde Mental, Saúde da Família, Saúde Coletiva). 

Desafios e Problematizações 

122
1. Sustentar a garantia dos direitos apontados no ECA, como prioridade nacional absoluta, nos serviços 
de  Saúde  Mental.  Desta  forma  assegurando  a  efetiva  participação  e  protagonismo  de  crianças  e 
adolescentes; 
2. A  necessidade  de  garantir  a  convivência  familiar  e  comunitária  no  território.  Entendendo  que 
crianças e adolescentes não se configuram apenas como sujeito sanitários, por isso esses princípios 
devem ser respeitados na sua totalidade; 
3. Assegurar  um  debate  com  o  Sistema  de  Garantia  de  Direitos,  em  especial  com  os  operadores  do 
Direito,  como  Ministério  Público,  Poder  Judiciário  e  Defensoria  Pública.  Garantindo  uma  relação 
horizontal com sistema de justiça, de modo que não haja uma interferência entre poderes e esferas;  
4. É fundamental que a política de atenção e cuidado à Infância e adolescência não seja pautada pela 
fragmentação  da  lógica  do  diagnóstico,  mas  sim,  pelo  cuidado  integral,  longitudinal,  e  que  esses 
princípios orientem a construção de dispositivos e políticas de cuidado; 
5. A  necessidade  de  ampliarmos  o  debate  sobre  a  Desinstitucionalização  no  campo  infantojuvenil, 
entendendo  que  nesse  campo  existem  outras  roupagens,  que  precisam  ser  cuidadosamente 
consideradas:  o  autismo,  os  adolescentes  com  necessidades  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras 
drogas,  acolhimento  institucional  e  por  fim  o  alto  índice  de  adolescentes  em  cumprimento  de 
medidas  socioeducativas,  evidenciando  o  quanto  o  princípio  da  excepcionalidade  da  medida  de 
internação não é respeitado. 
6. Outra  problematização  no  campo  da  desinstitucionalização  é  a  fenômeno  da 
medicalização/patologização  da  vida,  e  nesse  mesmo  passo  considerar  que  a  medicalização  é  uma 
prática que não se restringe a administração do medicamento.  
7. Os CAPSi devem propor‐se na perspectiva de uma escuta ética (e não moral, como se opera no senso 
comum) para oferecer lugar/território para a infância e adolescência. 
8. Os CAPSi devem oferecer apoio matricial no âmbito da saúde mental da criança e adolescente. 
9. É  necessário  que  o  campo  da  infância  e  juventude  seja  efetivamente  incluído  na  perspectiva  de 
políticas de redução de danos para usuários de álcool e drogas. 
10. É  preciso  discutir,  ampliar  e  qualificar  a  atenção  a  saúde  mental  na  infância  e  juventude  nos 
dispositivos da Atenção Básica (AB). 
11. O financiamento se mantém como um problema importante que deve ser enfrentado pelo campo da 
saúde mental infantojuvenil, lembrando que as políticas no campo da infância e adolescência devem 
ser prioridade absoluta em todos os âmbitos, inclusive orçamentários; 
12. A  necessidade  de  não  institucionalizar  os  bebes  de  mães  com  necessidades  decorrentes  do  uso  de 
álcool  e  outras  drogas,  de  modo  que  essa  situação  tenha  o  devido  cuidado,  de  acordo  com  as 
políticas de saúde vigentes; 
13. Necessidade de ampliar a discussão sobre identidade de gênero e orientação sexual; 
14. As situações de violência urbana, (exemplo: violência policial) que crianças e adolescentes sofrem em 
seus territórios.   

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. FÓRUNS MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL INTERSETORIAIS 
 
2. AÇÕES INTERSETORIAIS 
 
3. PROTAGONISMO DO USUÁRIO e CONTROLE SOCIAL 
 
4. UMA REDE SUS CAPACITADA A CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL 
a) Políticas integrais e articuladas; 
 
5. POLÍTICAS  PÚBLICAS  QUE  NÃO  SE  PAUTEM  PELA  LÓGICA  SEGMENTÁRIA  (  E  SECTÁRIA)  DO 
DIAGNÓSTICO 
a) Consideração à experiência do sofrimento; 
b) Responder  a  complexidade  do  diagnóstico  e  do  caso  pela  via  da  singularidade  e  não  da 
especificidade; 
 
6. ENFRENTAMENTO DA DISCUSSÃO SOBRE A MEDICALIZAÇÃO DA VIDA 
a) Essa é a mais rigorosa perspectiva  de  institucionalização da Infância  e Adolescência  (muros 
químicos e discursivos)  
 
7. EXPERIÊNCIAS DE "PERCURSOS FORMATIVOS" NO INTERIOR DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS 
123
 

D. Roda de Conversa 4:  Atenção a Crise 

Marcos que não podem retroceder 

1. Lei 10216/2001: internação como medida de exceção  
2. Portaria 3088/2011 não reconhece o Hospital Psiquiátrico como ponto da rede,  
3. Port. 854/2012: todo CAPS pode fazer hospitalidade noturna,  
4. Acolhimento  noturno  prescinde  do  psiquiatra,  diferenciação  entre  vaga  de  acolhimento  e  leito  de 
internação.  
5. Hospitalidade noturna não demanda a estrutura formal de leito 
6. Hospital  Geral  se  faz  necessário  em  situações  que  demandem  o  acesso  à  tecnologia  hospitalar, 
observando  que  as  internações  devem  durar  o  menor  tempo  possível,  de  acordo  com  lei 
10.2016/2001 e a Portaria 148/2012.  

Desafios e Horizontes 

1. Os hospitais psiquiátricos públicos e privados ainda existentes devem ser objeto de enfrentamento 
urgente visando seu fechamento, pois, concentram recursos e impedem o processo de organização 
da RAPS 
2. Possibilidade de financiamento do Governo Federal pelo número de equipes (como nas  ESF) e não 
por serviço. 
3. Fortalecer o protagonismo de usuários e familiares no manejo das situações de crise 
4. Apoiar  a  família  e  os  trabalhadores  da  RAPS  nas  “situações  limite”  que  envolvem  os  momentos  de 
crise 
5. Transformação cultural para contrapor o conceito de crise como mera exacerbação de sintomas, que 
centralizam no profissional médico e no diagnóstico as intervenções do campo da saúde. 
6. Apesar  de  mudanças  nos  espaços  de  internação,  a  lógica  da  “contenção”  e  do  uso  do  poder  nas 
situações de crise ainda são presentes. 
7. Necessidade  de  enfrentamento  de  ideias  estigmatizantes,  como  a  periculosidade,  para  avançar  no 
cuidado integral e humanizado. 
8. Contextualização da crise levando em conta os recursos do território, considerando a integralidade e 
a singularidade dos sujeitos (“a crise pode acontecer em qualquer lugar”; “a crise se dá nas relações”) 
9. Necessidade  superação  do  “especialismo”  nas  ações  relacionadas  à  crise  com  vistas  a  promover  o 
compartilhamento do cuidado e o acolhimento das situações de sofrimento. 
10. Constituir  arranjos  em  que  os  trabalhadores  das  portas  de  urgência  conheçam  o  cotidiano  dos 
demais dispositivos da RAPS.  
11. Desenvolver  linguagem  acessível  (comum)  sobre  o  tema  que  permita  o  diálogo  intersetorial  com 
outras redes e outros atores, incluindo bombeiros e policiais. 
12. Necessidade de ampliar o financiamento federal para os CAPS e de instituir‐se o cofinanciamento dos 
Estados para as ações de cuidado à crise em dispositivos territoriais da RAPS. 
13. Necessidade  de  estabelecer  parcerias  com  o  Sistema  de  Justiça  (MP,  juizados  e  Defensoria),  não 
apenas respondendo demandas, mas realizando pactuações intersetoriais para garantir a realização 
do cuidado à crise sem violar direitos humanos. 
14. Garantia  de  acolhimento  integral  às  crianças  e  adolescentes  em  situações  de  crise,  por  meio  de 
arranjos que  possibilitem  a hospitalidade  noturna em CAPSi quando necessário, e/ou em leitos em 
Hospital Geral de pediatria, entre outros dispositivos da RAPS. 
15. Fortalecer a implantação de CAPS 24h de acordo com os parâmetros estabelecidos. 
16. Avançar na discussão de atenção à crise às pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e 
outras drogas no âmbito da RAPS 
17. Ter como apoiadores e protagonistas os próprios usuários nas práticas de Redução de Danos 

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Matriciamento 
2. Elaboração de documentos pelo Ministério da Saúde que certifiquem e deem legitimidade às ações 
de atenção à crise na perspectiva da RAPS  
3. Ampliação da oferta de ações de Educação permanente nos diferentes pontos de atenção da RAPS 
(UPA, SAMU, Pronto‐Socorro) e com parceiros intersetoriais (Bombeiro, Polícia entre outros atores)  

124
4. Disponibilizar material de EAD e instrumentos on‐line que promovam trocas de experiências. 
5. Construção  de  diferentes  arranjos  para  garantir‐se  que  a  RAPS  funcione  24h  dadas  as  diferenças 
populacionais dos municípios no país. 
6. Fomentar  experiências  de  cuidado  que  garantam  as  diretivas  antecipadas  de  vontade  e  a 
contratualidade como, por exemplo, a ferramenta do “cartão de crise”.  
7. Fomentar  experiências  de  cuidado  em  municípios  que  não  dispõe  de  CAPS  III  por  meio  de  práticas 
que  garantam  atenção  continuada  como:  disponibilizar  profissionais  de  sobreaviso  prevendo 
pagamento de horas extras de modo a garantir o acolhimento noturno quando necessário 
8. Garantir  que  os  CAPS  tenham  protagonismo  na  regulação  dos  leitos  de  saúde  mental  em  Hospital 
Geral 
9. Existem  tecnologias  desenvolvidas  fora  do  campo  da  saúde  para  lidar  com  conflitos  e  manejo  em 
situações que necessitam de mediação (aproximar‐se de outros setores)  
10. Ministério da Saúde deve publicar diretrizes para o atendimento a situações de crise nos diferentes 
dispositivos da RAPS 
 
 
E. Roda de Conversa 5:  Desinstitucionalização 

Marcos que não podem retroceder 

1. Os direitos garantidos pela promulgação da Lei 10.216/2001 
2. Reconhecimento político para a difusão da Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência como 
amparo constitucional para garantia de direitos dos usuários de saúde mental à plena cidadania com 
igualdade de oportunidades, autonomia e liberdade; 
3. Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), cujo custeio fixo foi instituído pelo Ministério da Saúde 
com a publicação da Portaria nº3090 de 23 de dezembro de 2011; 
4. O  Programa  “De  Volta  Para  Casa”  (PVC),  instituído  pela  lei  nº  10.708  de  2003,  que  estabelece  o 
auxílio‐reabilitação  psicossocial  para  pessoas  egressas  de  internações  de  longa  permanência  em 
hospitais psiquiátricos, e seus reajustes sucessivos. 

Desafios e Problematizações 

1. A  existência  de  hospitais  psiquiátricos  ainda  hoje,  pois  concentram  recursos,  violam  direitos 
fundamentais e continuam produzindo internações de longa permanência, criando dificuldades para 
atuação da RAPS nos territórios;  
2. Alinhamento sobre a diferença entre os conceitos de Desinstitucionalização e Desospitalização;  
3. Novas formas de institucionalização (como p.e. instituições de asilamento de idosos) 
4. A integração e a construção de novas estratégias conjuntas entre o SUS e o SUAS; 
5. Sustentação  de  situações  de  crise  na  Rede  de  Atenção  Psicossocial,  vedando  internações  em 
hospitais psiquiátricos; 
6. Criação de estratégias para lidar com a os processos de envelhecimento na RAPS, de forma integrada 
com as políticas existentes, como a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa;  
7. Garantir  a  articulação  dos  processos  de  trabalho  entre  equipe  de  trabalho  do  SRT  e  do  CAPS  de 
referência; 
8. Revisão  da  Portaria  de  SRT  no  sentido  de  assegurar  sua  importância  na  RAPS,  explicitar  a 
possibilidade da mudança de tipologia, bem como questões ligadas ao modo de custeio; 
9. A garantia do acesso ao Benefício de Prestação Continuada e ao PVC sem exigência de interdição; 
10. Implantação de SRT em municípios que não têm porte populacional para implantação de CAPS; 
11. Promover mudança cultural para garantia do acesso ao cuidado territorial, desfazendo as concepções 
centradas nas internações em Hospitais Psiquiátricos. 
12. Utilização do BPC ou PVC por familiares/curadores, em detrimento do beneficiário.  
13. Garantir  qualidade  nos  processos  de  Desinstitucionalização  sem  planejamento  adequado  que  se 
iniciam por decisão judicial ou dos prestadores de serviços; 
14. Promover  processos  de  Desinstitucionalização  em  Hospitais  de  Custodia  e  Tratamento  Psiquiátrico 
(HCTP); 
15. Esclarecimento  aos  familiares  e  à  sociedade  em  geral  a  respeito  dos  Processos  de 
Desinstitucionalização; 
16. Favorecer o início dos processos de desinstitucionalização mesmo na ausência de decisão da gestão 
para o fechamento dos hospitais psiquiátricos, por exemplo em parceria com atores do judiciário; 
17. Garantir que os processos de alta hospitalar não sejam impedidos pela condição de interdição; 
125
18. Situações de porta‐giratória, com internações seguidas em curto espaço de tempo; 
19. Garantir  que  os  SRTs  tenham  caráter  emancipatórios,  pautados  na  autonomia,  na  reinserção 
psicossocial e na validação dos sujeitos; 
20. Incentivar  a  criação  de  associações  de  usuários  e  familiares  para  a  aceleração  e  qualificação  dos 
processos de desinstitucionalização; 
21. Fortalecer  e  garantir  a  desinstitucionalização  da  infância  e  juventude  e  o  cuidado  em  liberdade, 
considerando  as  situações  de  confinamento  nos  acolhimentos  institucionais  da  assistência  social, 
aumento das medidas de internação no sistema socioeducativo, bem como a institucionalização em 
comunidades terapêuticas; 
22. Promover Estratégias de formação e educação permanente voltadas para a desinstitucionalização; 
23. Garantir o acesso ao auxílio‐reabilitação psicossocial para pessoas institucionalizadas após o ano de 
2003 e reajustes sistemáticos. 

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Leis  municipais  nos  moldes  do  auxílio‐reabilitação  psicossocial  do  PVC,  como  por  exemplo  no 
município do Rio de Janeiro, em Recife e no Distrito Federal; 
2. Assegurar a implantação dos SRT considerando os vínculos (sejam os vínculos familiares, vínculos 
de amizade, vínculos com as cidades de origem etc.); 
3. Garantir  co‐financiamento  tripartite  para  os  processos  de  Desinstitucionalização  e  suas 
estratégias. 
4. Fortalecer que a responsabilidade pelos Processos de Desinstitucionalização não seja apenas do 
município‐sede do hospital psiquiátrico, mas também dos demais municípios envolvidos (região 
de  saúde,  municípios  de  origem  dos  egressos  de  internações  de  longa  permanência  e  demais 
possibilidades); 
5. Criar condições para garantir a Tomada de Decisão Apoiada; 
6. Criar  um  Observatório  de  experiências  de  desinstitucionalização,  como  um  acervo  de  memória 
escrita para compartilhamento, aprendizado, etc. 
 
F. Roda de Conversa 6: Reabilitação Psicossocial 

Marcos que não podem retroceder 

1. Rede  de  Atenção  Psicossocial  como  referência  estratégica  do  cuidado  na  promoção  e  garantia  dos 
direitos de cidadania, sustentados na autonomia e no protagonismo de usuários e familiares. 
2. Centro de Atenção Psicossocial como serviço estratégico essencial ao cuidado em liberdade. 

Desafios e Problematizações 

1. Fortalecer  o  protagonismo  da  população  infanto‐juvenil  na  Rede  de  Atenção  Psicossocial, 
estimulando a atuação com voz e voto em coletivos articulados aos serviços e encontros de grupos 
de crianças e jovens. 
2. Estabelecer  cofinanciamento  tripartite  para  ações  em  reabilitação  psicossocial,  especialmente  o 
cofinanciamento estadual. 
3. Incidência no Programa Nacional de Apoio ao Associativismo e Cooperativismo Social (PRONACOOP 
Social) para estabelecer marco regulatório do Cooperativismo Social em 2016. 
4. Discussão sobre linha de crédito específica para os empreendimentos solidários da Rede de Atenção 
Psicossocial. 
5. Aprofundar e reafirmar o apoio psicossocial às famílias dos usuários dos serviços da Rede de Atenção 
Psicossocial. 
6. Implantação  de  Centros  de  Convivência  para  convivência  e  fortalecimento  de  vínculo  entre  as 
pessoas nas comunidades. 

Quais os horizontes para o campo a serem construídos 

1. Garantir  a  inserção  e  aprimoramento  das  atividades  no  mundo  do  trabalho  através  de  cadeias 
produtivas, seja na economia solidária, seja no mercado. 
2. Garantir a implementação dos princípios da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência 
(Decreto  nº  6949  de  25  de  agosto  de  2009),  como  transformadora  de  paradigma  de  proteção  dos 
direitos humanos das pessoas com transtornos mentais. 
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3. Garantir a implementação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.164 de 
06 de julho de 2015), em vigor a partir de 03 de janeiro de 2016. 
4. Garantir as premissas e princípios da Política Nacional de Humanização. 
5. Divulgar  a  metodologia  do  Projeto  Percursos  Formativos,  para  promover  a  troca  de  experiências, 
repensar  práticas,  ajudar  na  definição  de  estratégias  para  fortalecimento  da  Rede  de  Atenção 
Psicossocial no sentido da garantia dos direitos de cidadania. 
 
 
G. Cartas 

CARTA ABERTA AO EXMO. SR. MINISTRO DA SAÚDE MARCELO CASTRO 

Nós membros do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, reunidos 
nos dias 08, 09 e 10 de dezembro de 2015, na XVIII Reunião deste Colegiado, instituído pela Portaria GM/MS 
nº  3.796/10  e  responsável  pela  implantação,  implementação,  avaliação  e  monitoramento  da  Política  de 
Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas em todo país, consideramos que:  

1. Nosso país tem uma legislação de saúde mental que assegura os direitos humanos e sociais dos usuários 
dos serviços de saúde e determina que o modelo de atenção deva ser de base comunitária. A Lei Federal 
10.216/01 é reconhecida pelos trabalhadores de saúde pública e intersetoriais, usuários, familiares e pela 
sociedade,  como  um  marco  legítimo  e  efetivo  para  garantir  o  avanço  da  política  pública  em  saúde 
mental. 
2. A  Política  da  Reforma  Psiquiátrica  constitui  um  consenso  internacional  também  na  área  de  direitos 
humanos, ratificada em inúmeras Convenções da Organização das Nações Unidas (ONU) assinadas pelo 
Governo  Brasileiro,  como  também,  acolhidas  pela  legislação  brasileira.  A  Convenção  da  ONU  sobre  os 
Direitos  da  Pessoa  com  Deficiência  (2007),  incluindo  também  as  pessoas  com  transtorno  mental,  foi 
reafirmada no Decreto Federal 6.949/09, que tem o mesmo status jurídico da Constituição Brasileira. 
3. O Brasil é reconhecido internacionalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é referência exemplar da 
Política de Saúde Mental e Reforma Psiquiátrica, seguindo os parâmetros chaves da Organização Mundial 
de Saúde (OMS) e Organização Pan‐americana de Saúde (OPAS), tais como exposto no Plano de Ação de 
Saúde Mental (2013 – 2020) da OMS e no Plano Regional de Saúde Mental (2015 ‐2020) da OPAS, bem 
como, nos consensos regionais, como o da Declaração de Caracas (1990), da Declaração de Brasília (2005) 
e do Consenso de Brasília (2013), inclusive com assinatura e implementação de acordos de cooperação 
técnica com alguns países latino‐americanos e africanos para desenvolvimento do modelo brasileiro. 
4. No Brasil, a política de reforma psiquiátrica foi aprovada e consolidada por quatro grandes conferências 
nacionais  de  saúde  mental  com  a  participação  de  usuários,  familiares,  gestores  e  trabalhadores, 
reafirmando‐a como política de Estado. 
5. O Decreto Federal 7.508/11, que regulamenta a Lei 8080/90, e institui as redes prioritárias nas regiões de 
saúde,  reafirma  a  atenção  psicossocial  como  política  de  Estado  e  do  Governo  Dilma  com  a  criação  da 
Rede  de  Atenção  Psicossocial  (RAPS)  por  meio  das  Portarias  GM/MS  4.279/10  que  institui  a  Rede  de 
Atenção à Saúde (RAS) e 3.088/11, republicada em 2013.   
6. Destaca‐se  que  a  regulamentação  da  RAPS  propiciou  a  garantia  de  dotação  orçamentária,  definição  de 
diretrizes e linhas de financiamento dos serviços de saúde mental territoriais, com estímulo à criação de 
novas  tecnologias  de  cuidado,  contemplando  o  trabalho  em  rede  e  as  especificidades  culturais  e 
regionais. 
7. A  instituição  da  RAPS  por  meio  dos  espaços  formais  de  pactuação  dos  planos  de  saúde  mental  nas 
Comissões  Intergestores  Regionais  (CIR)  e  nas  Comissões  Intergestores  Bipartite  (CIB),  é  acompanhada 
pelos grupos condutores e pelo controle social dos conselhos municipais e estaduais de saúde. 
8. A  RAPS,  com  seus  diversos  componentes  e  pontos  de  atenção,  foi  instituída  com  o  objetivo  de  ofertar 
cuidado à população adulta e infanto‐juvenil com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades 
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. 
9. Hoje o Brasil conta com mais de 2.300 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nos quais trabalham mais 
de  30.000  profissionais,  com  700  Serviços  Residenciais  Terapêuticos  (SRT),  com  trabalho  integrado  a 
39.228 equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) e 3.898 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) 
e aos Consultórios na Rua (CnR) que asseguram a ampliação e qualificação das ações de saúde mental na 

127
atenção  básica,  além  de  investimentos  crescentes  na  inclusão  das  ações  de  saúde  mental  na  Rede  de 
Atenção às Urgências (RUE) e na atenção em hospital geral (do Norte ao Sul e Leste a Oeste do país). 
10. Como  expressão  dessa  rede,  vem  sendo  desenvolvida  uma  agenda  positiva  que  prima  pela 
intersetorialidade, tendo como uma de suas conquistas a organização de pontos de cultura articulados à 
saúde mental (Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura) e a instituição do Programa Nacional de 
Apoio  a  Associativismo  e  Cooperativismo  Social  (PRONACOOP  Social  ‐  Decreto  Federal  8.163/13),com 
desenvolvimento  de  cerca  de  1.000  iniciativas  e  projetos  de  geração  de  renda  em  articulação  com  o 
Ministério  do  Trabalho.  Registra‐se  ainda  a  articulação  da  saúde  mental  com  o  Sistema  Único  de 
Assistência Social ‐ SUAS. 
Do  exposto,  reafirmamos  o  nosso  compromisso  em  colaborar  com  a  gestão  do  Ministério  da  Saúde  do 
Governo  Dilma,  de  continuar  trabalhando  na  construção  e  consolidação  da  Política  Nacional  de  Saúde 
Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas  Antimanicomial  vigente  em  nosso  país,  com  o  apoio  de  cerca  de  600 
entidades e associações que assinaram as cartas de pedido de audiência com vossa excelência. 

Para tanto, nós coordenadores municipais e estaduais de saúde mental de todas as regiões do país, presentes 
neste  colegiado,  validamos  e  reivindicamos  a  continuidade  do  trabalho  da  atual  gestão  e  equipe  da 
Coordenação Geral Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas dirigida pelo Prof. Dr. Roberto Tykanori 
Kinoshita. 

CARTA AOS GESTORES E TRABALHADORES DA RAPS 

Os usuários dos serviços de saúde mental, álcool e outras drogas da Rede de Atenção Psicossocial RAPS/SUS, 
na sua condição plena de cidadania, nos termos da Lei 10.216/2001, não são passiveis de serem sancionados 
a  nenhum  pretexto  (inclusive  clínicos)  por  atos  administrativos  disciplinares,  por  partes  dos  profissionais, 
equipes  e  coordenadores  administrativos:  Suspensões,  altas  administrativas,  estabelecimento  de 
condicionamentos  para  função  dos  direitos  a  alimentação,  livre  circulação  dos  serviços,  participação  nas 
atividades, situações de revistas pessoais. 

Para  que  isso  ocorra,  é  preciso  que  sejam  cumpridas  as  exigências  formais  que  regem  legalmente  a  vida: 
processos legais, a saber, garantia dos amplos direitos de defesa e a previsão do contraditório. Direitos estes 
aplicáveis a qualquer cidadão, incluindo os funcionários públicos que podem ser acusados de ilegalidade caso 
ajam em desacordo com a lei supracitada.  

Conclamamos  a  todos  a  uma  severa  vigilância  destes  aspectos,  para  garantia  da  preservação  integral  dos 
direitos humanos dos usuários dos serviços de saúde mental, bem como contribuam para a democratização 
das relações na sociedade brasileira. 

H. Moções  

MOÇÃO EM DEFESA DA DEMOCRACIA 

O  XVIII  Encontro  do  Colegiado  Nacional  de  Saúde  Mental,  composta  por  Coordenadores  de  Saúde  Mental, 
trabalhadores de saúde, usuários e familiares, frente a difícil situação que o País, se manifesta plenamente 
em favor da democracia, da civilidade e dignidade do povo brasileiro advertindo sobre o perigo de tentativas 
de golpistas. 

MOÇÃO  DE  APOIO  À  DESCRIMINALIZAÇÃO  DO  PORTE  E  PLANTIO  PARA  CONSUMO  PRÓPRIO  DAS  DROGAS 
ILÍCITAS 

Nesses  10  de  dezembro  de  2015,  momento  em  que  o  Supremo  Tribunal  Federal  discute  a 
inconstitucionalidade  do  artigo  28  da  lei  11.343/2006,  que  criminaliza  o  porte  de  drogas  para  consumo 
próprio,  as/os  Coordenadores/as  Municipais  e  Estaduais  de  Saúde  Mental,  Álcool  e  outras  Drogas, 
participantes da XVIII Reunião do Colegiado Nacional de Coordenadores/as de Saúde Mental, considerando 
que  temos  a  responsabilidade  de  lidar  com  os  sofrimentos  derivados  do  uso  de  drogas  e  da  “guerra  às 
drogas”, manifestamos nosso apoio à descriminalização do porte e plantio para consumo próprio das drogas 
ilícitas. 

128
Nossa experiência, corroborada pela de outros países e por evidências científicas, tem demonstrado que: 

 A  criminalização  estigmatiza  os  usuários  de  drogas  ilícitas  dificultando  seu  acesso  aos  serviços  de 
saúde e a continuidade de seu processo terapêutico; 
 A criminalização gera violência contra os usuários de drogas ao justificar ações de repressão policial 
que agravam sua condição e oneram desnecessariamente a sociedade; 
 Os  países  que  descriminalizaram  o  porte  e  plantio  de  drogas  ilícitas  para  consumo  próprio  não 
sofreram  aumento  do  consumo  e  por  outro  lado  favoreceram  o  acesso  ao  tratamento  e  inclusão 
social daqueles que mais sofrem pelo seu uso abusivo. 

MOÇÃO DE APOIO AO PROCESSO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DE SOROCABA E REGIÃO NO ESTADO DE SÃO 
PAULO 

Na  região  do  município  de  Sorocaba,  no  interior  de  São  Paulo, encontramos  o  maior  número  de  pacientes 
moradores do estado. Segundo censo realizado no ano de 2008, dos 6349 pacientes moradores nos hospitais 
psiquiátricos paulistas, 2219 (35%) estavam naquela região. 

Desde 2011, o movimento social FLAMAS (Frente da Luta Antimanicomial de Sorocaba) vinha denunciando as 
condições degradantes e as violações dos direitos humanos nos hospitais de Sorocaba e região.  Em agosto 
de 2012, a partir de reportagem televisiva, o Grupo de Atuação Especial  de Combate ao Crime Organizado 
(Gaeco)  do  Ministério  Público  Estadual  realizou  uma  operação  de  investigação  com  vistoria  interna  e 
apreensão de documentos. Esta ação desdobrou‐se em uma intervenção no Hospital Psiquiátrico Vera Cruz e 
na assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta, entre as prefeituras da região, o Ministério Público 
Estadual  e  Federal,  Secretaria  de  Estado  da  Saúde  e  Ministério  da  Saúde,  iniciando  um  processo  de 
desinstitucionalização e o compromisso da construção da Rede de Atenção Psicossocial.  

Este  processo,  entre  avanços,  impasses  e  retrocessos,  possibilitou  o  fechamento  de  hospitais,  a  criação  de 
Serviços Residenciais Terapêuticos e, o mais importante de tudo, mudou a vida de mais de 200 pacientes que 
viveram durante muitos anos internados.  

Contudo, o Instituto  Moriah, organização social que ganhou a licitação para efetuar a  gestão desta rede,  e 


que  recebeu  várias  críticas  na  condução  deste  processo,  manifestou  publicamente  que  não  irá  renovar  o 
contrato.  

Neste momento há um claro desinvestimento público com a redução do número de profissionais, salários em 
atraso,  greve  de  funcionários,  dentre  outros  graves  problemas  que  colocam  este  importante  processo  em 
risco. Há ainda quase 500 moradores que aguardam no Vera Cruz que a desinstitucionalização prossiga. 

Diante  do  acima  exposto,  os  participantes  do  plenário  do  XVIII  Reunião  do  Colegiado  Nacional  de 
Coordenadores de Saúde Mental, manifestam o seu irrestrito apoio ao processo de desinstitucionalização de 
Sorocaba  e  região,  reconhecem  sua  importância  e  relevância  estratégica,  e  expressam  a  sua  preocupação 
para  que  a  fragilidade  deste  momento  seja  rapidamente  superada  e  que  os  termos  e  as  responsabilidades 
assumidas no TAC por seus signatários sejam cumpridos na integra. 

MOÇÃO  DE  REPÚDIO  A  SECRETARIA  DE  SAÚDE  DO  ESTADO  DO  RIO  GRANDE  DO  SUL  A  UMA  POLÍTICA 
MANICOMIAL 

A XVIII REUNIÃO DO COLEGIADO NACIONAL DE COORDENADORES DE SAÚDE MENTAL, ocorrida em Brasília, 
nos dias 8 a 10 de dezembro de 2015, vem repudiar os retrocessos na política de desinstitucionalização que 
vem  acontecendo  no  estado  do  Rio  Grande  do  Sul,  onde  pela  primeira  vez  em  23  anos  da  reforma 
psiquiátrica, a Secretaria de Saúde do Estado assume uma política manicomial. O Rio Grande do Sul, um dos 
estados  precursores  da  reforma  psiquiátrica,  tendo  criado  a  primeira  lei  da  reforma  estadual.  Atualmente 
está vivendo retrocessos importantes: 

 Na  RAPS:  O  Estado  não  realizou  pagamento  este  ano  para  os  CAPS  diurnos;  irregularidade  nos 
repasses  e  o  único  equipamento  pago  foram  comunidades  terapêuticas.  O  mais  grave  é  o  não  co‐
financiamento dos CAPS este ano, que deixou de repassar pra Rede 15 milhões. 

129
 Na  desinstitucionalização  dos  moradores  do  Hospital  São  Pedro:  desarticulação  dos  trabalhadores, 
fechamento  de  residencial  terapêutico  e  encerramento  das  atividades  do  grupo  de  teatro  Nau  da 
Liberdade, iniciativa que incluía pela cultura usuários/artistas na vida. 

É inaceitável que o estado do RS se coloque na contramão da história, ignorando o consenso mundialmente 
estabelecido acerca das boas práticas em saúde mental e aviltando o legado construído nos últimos anos e ao 
longo das três últimas décadas, fruto do trabalho competente e dedicado de muitos dos seus profissionais, 
legisladores, gestores e do movimento social. 

I. Menção Honrosa Póstuma 

Homenagem  póstuma  ao  Sr.  Braz  Geraldo  Peixoto,  pela  contínua  luta  antimanicomial  que  empreendeu, 
como pai e familiar, na Reforma Psiquiátrica e na defesa dos CAPS. 

   

130
 

ANEXO III: LEGISLAÇÃO DA COORDENAÇÃO GERAL DE SAÚDE MENTAL, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 
REFERENTES AO PERÍODO ENTRE 2011 E 2015 
 

Publicação de Portarias da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS 
 
 Portaria GM/MS nº 3088 de 23/12/11 – Portaria da RAPS; 
 Portaria GM/MS nº 3089 de 23/12/11 – Novo financiamento dos CAPS  
 Portaria GM/MS nº 3090 de 23/12/11 – Serviço Residencial Terapêutico 
 Portaria GM/MS nº 3099 de 23/12/11 – Ajuste dos Valores dos CAPS 
 Portaria GM/MS nº 130 de 26/01/12 – CAPS ad III  
 Portaria GM/SM nº 121 de 25/01/12 – Unidade de Acolhimento (UA) 
 Portaria GM/SM nº 122 de 25/01/12 – Consultório na Rua 
 Portaria GM/SM nº 123 de 25/01/12 – Consultório na Rua 
 Portaria GM/SM nº 131 de 26/01/12 – Comunidade Terapêutica 
 Portaria GM/SM nº 132 de 26/01/12 – Geração de Trabalho e Renda 
 Portaria GM/SM nº 148 de 31/01/12 – Leitos de Saúde Mental em Hospital Geral 
 Portaria GM/MS nº 349 de 29/02/12 – Altera a PT 148/12 (leitos de SM em HG) 
 Portaria GM/MS nº 1615 de 26/07/12 – Altera a PT 148/12 (leitos de SM em HG) 
 Publicação de Editais específicos para financiamento de vagas nas Comunidades Terapêuticas. (Edital 
nº 8, nº 9 e nº 11/2012) 
 Portaria GM/MS nº 854 de 22/08/12 – Procedimentos dos CAPS  
 Portaria GM/MS nº 855 de 22/08/12 – Procedimentos UA 
 Portaria  GM/MS  nº  856  de  22/08/12  –  Procedimentos  Serviço  de  Atenção  em  Regime  Residencial 
(SARR) 
 Portaria GM/MS nº 857 de 22/08/12 – Procedimentos de SRT 
 Portaria GM/MS nº 953 de 12/09/12 – Procedimento de Leitos Psiquiátricos em HG e Leitos de SM em 
HG  
 Portaria GM/MS nº 615, de 15 de abril de 2013 – Incentivo financeiro de investimento para construção 
de CAPS e UA 
 Portaria 1.511, de 24 de julho de 2013 – Reajusta o valor do Programa de Volta para Casa 
 Portaria GM/MS nº 664, de 23 de abril de 2013 – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado de Minas 
Gerais e Municípios. 
 Portaria GM/MS nº 1966, de 10 de setembro de 2013 – Reajuste do custeio de CAPS III e CAPS AD III 
 Portaria  GM/MS  nº  158,  de  5  de  março  de  2014  –  Aprova  o  Plano  de  Ação  da  RAPS  do  Estado  do 
Maranhão e Municípios 
 Portaria  GM/MS  nº  159,  de  5  de  março  de  2014  –  Aprova  o  Plano  de  Ação  da  RAPS  do  Estado  de 
Sergipe e Municípios. 
 Portaria GM/MS nº 222, de 25 de março de 2014 – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado do Rio 
de Janeiro e Municípios. 
 Portaria  GM/MS  nº  223,  de  25  de  março  de  2014  –  Aprova  o  Plano  de  Ação  da  RAPS  do  Estado  do 
Espírito Santo e Municípios. 
 Portaria  GM/MS  nº  352,  de  2  de  maio  de  2014  –  Aprova  o  Plano  de  Ação  da  RAPS  do  Estado  do 
Roraima e Municípios. 
 Portaria 2.840, de 29 de dezembro de 2014 – Cria o Programa de Desinstitucionalização  
 Portaria GM/MS nº 796, de 17 de junho de 2015 – Aprova o Plano de Ação da RAPS do Estado do Goiás 
e Municípios.  
 Portaria  GM/MS  nº  1.066,  de  23  de  julho  de  2015  –  Aprova  o  Plano  de  Ação  da  RAPS  do  Estado  do 
Alagoas e Municípios 
 Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015 – Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da 
Criança (PNAISC)  
   

131
ANEXO IV: RESUMO EXECUTIVO – RELATÓRIO DE GESTÃO 2011‐2015 
 

Saúde Mental no SUS: Cuidado em Liberdade, Defesa de Direitos e Rede de Atenção Psicossocial 

 Instituição e expansão da RAPS 

Instituição da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com 
necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, no âmbito do SUS (Port. Portaria nº 3088/2011), 
articulando  pontos  de  atenção  e  estratégias  de  diferentes  componentes  (atenção  básica,  urgência  e 
emergência,  atenção  psicossocial  especializada,  atenção  residencial  de  caráter  transitório,  atenção 
hospitalar, estratégias de desinstitucionalização e reabilitação psicossocial) 

24 estados com Grupos Condutores da RAPS em implantação. 

10 estados com a totalidade de regiões de saúde com RAPS pactuada. 

44%  (708)  de  aumento  no  número  de  CAPS  habilitados,  totalizando  2328  CAPS  com  incentivo  de  custeio 
federal em 68% (1.569) dos municípios elegíveis para implantação. 

357 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) habilitados com base em nova regulamentação e financiamento 
(Portaria Nº 131 e 121/ 2012), beneficiando cerca de 2.031 moradores. 

50 Unidades de Acolhimento (UA) habilitadas com base em nova regulamentação (Port Nº 121/ 2012) e 69 
em funcionamento. 

997 leitos de saúde mental, em 187 hospitais gerais, habilitados a partir da Portaria Nº 148 / 2012. 

 Resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS‐2013): 

58%  das pessoas com diagnóstico de depressão são acompanhadas em serviços públicos de saúde: 33% na 
atenção básica e 5% em CAPS. 

79%  das  pessoas  com  depressão  encaminhado  para  especialista  em  saúde  mental  conseguiram  consulta 
especializada 

50% das pessoas com diagnóstico de depressão que utilizam medicamentos obtém pelo menos parte deles 
no SUS, sendo que 35% obtém todos.  

•  Ações para expansão e qualificação dos CAPS  

Estímulo  à  realização  de  acolhimento  noturno  e  de  final  de  semana  por  qualquer  CAPS  (Portaria  nº  854/ 
2012). 

Instituição  de  recurso  financeiro  variável  de  custeio  para  cada  tipo  de  CAPS  e  de  sistemática  de 
monitoramento, por meio de indicadores, vinculado ao repasse desses recursos (Port. 3.089/ 2011)  

Criação de novos procedimentos para os CAPS visando à qualificação de suas práticas e melhoria do processo 
de monitoramento desses serviços estratégicos da RAPS (Port. SAS/MS nº 854/2012). 

132
Ações  para  promover  o  entendimento  dos  procedimentos  e  melhoria  da  alimentação  do  sistema  de 
informação pelos CAPS: Nota Técnica visando ao esclarecimento de dúvidas e melhoria do registro dos novos 
procedimentos; videoconferências (2014 e 2015); instituição de processo de monitoramento da regularidade 
da alimentação dos procedimentos definidos pela Port. SAS/MS nº 854/2012 pelos CAPS; diagnóstico sobre 
dificuldades  de  alimentação  dos  novos  procedimentos  (2014);  envio  de  Ofícios  a  gestores  municipais  e 
estaduais sobre CAPS com ausência de registros (2015). 

Seleção de indicadores para monitoramento dos CAPS, SRT, UA e leitos de saúde mental em hospitais gerais 
(em processo de teste no DEMAS/SE/MS). 

Tradução  e  publicação  do  kit  de  ferramentas  do  WHO‐QualityRights  (Direito  é  qualidade)  com  ampla 
divulgação e  previsão de implantação nos CAPS a partir de 2016, por meio de parceria  com a Fiocruz  (TED 
87/2015) para implantação em 36 municípios/ ano segundo metas do PPA 2016‐2019. 

•  Fortalecimento da gestão participativa e implantação da RAPS 

Implantação de estratégia de Referência Técnica para apoio institucional a todos os estados. 

6 reuniões do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental. 

8  Reuniões  de  colegiados  Regionais  de  Coordenadores  de  Saúde  Mental  (Norte  ‐  4,  Nordeste‐  1,  Sul  ‐  2, 
Centro‐oeste ‐ 1)  

Realização do I ENRAPS ‐ Encontro de Nacional de Redes de Atenção Psicossocial do SUS (2013). 

 Expansão e qualificação das ações de saúde mental na atenção básica 

Transição de 61 Consultórios de Rua para Consultórios na Rua, com fortalecimento de práticas integradas da 
Atenção Básica em Álcool e Outras Drogas, totalizando 111 CnR habilitados.  

Publicação do Caderno de Atenção de Saúde Mental Básica (CAB 34). 

226.321 profissionais da atenção Básica (ACS, auxiliares e técnicos de enfermagem) capacitados por meio do 
Projeto Caminhos do Cuidado. 

Realização  do  I  Seminário  Nacional  sobre  Consultórios  na  Rua  e  Saúde  Mental  na  Atenção  Básica,  com 
participação de 400 profissionais de saúde mental e atenção básica. 

Inclusão de Indicadores de Saúde Mental no Programa de Melhoria da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) 

Inclusão  da  Saúde  Mental  em  módulos  de  curso  de  Educação  à  Distância  (EAD),  Percursos  Formativos  (13 
municípios) e Telessaúde para a atenção básica. 

 Atenção de Urgência e Emergência 

1.994 profissionais de saúde capacitados por meio de curso EAD em Atenção à Crise e Urgências em Saúde 
Mental. 

Participação  na  construção  de  4  Protocolos  Assistenciais  em  Saúde  Mental,  Álcool  e  Outras  Drogas  para  o 
SAMU. (Manejo da Crise em Saúde Mental ‐ BC28 (SBV), AC39 (SAV), Agitação e situação de violência ‐ BC29 

133
(SBV)  e  AC40  (SAV),  Intoxicação  e  abstinência  alcóolica  ‐  BC30  (SBV),  AC41  (SAV),  Intoxicação  por  drogas 
estimulantes ‐ BC31 (SBV), AC42 (SAV). 

Linha de Ação de Atenção à Crise em Saúde Mental no Projeto Percursos Formativos na RAPS (18 municípios) 

Realização  do  I  Simpósio  Internacional  de  Saúde  Mental  na  Gestão  Integral  de  Riscos  e  Desastres  com  150 
participantes (2015). 

Apoio  à  tradução  e  publicação  do  documento  da  OMS:  “Primeiros  cuidados  psicológicos:  guia  para 
trabalhadores de campo”, para apoiar indivíduos que sofreram sérias situações de crise (2015). 

 Estratégia de Desinstitucionalização 

20%  (714)  de  aumento  no  número  de  pessoas  participantes  do  Programa  De  Volta  Para  Casa,  totalizando 
4.349, e atualização (29%) do valor do auxilio reabilitação de R$ 320,00 para R$ 412,00 (Portaria nº 1.511/ 
2013). 

7.726 (24%) leitos em hospitais psiquiátricos fechados. 

143 instituições psiquiátricas avaliadas pelo Programa Nacional de Avaliação de Serviços Hospitalares (PNASH 
2012‐2014) 

Participação  na  instituição  da  Política  Nacional  de  Atenção  Integral  à  Saúde  das  Pessoas  Privadas  de 
Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no Sistema Único de Saúde (Port. Interministerial MS/MJ nº 1/ 2014) 

Participação na instituição do serviço de avaliação e acompanhamento de medidas terapêuticas aplicáveis à 
pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei (Port. nº 94/ 2014).  

Seminário Internacional de Saúde Mental – Desinstitucionalização e Atenção Primária: inovações e desafios 
da Reforma Psiquiátrica Brasileira. 

 Reabilitação Psicossocial 

Fortalecimento institucional e financeiro do componente de Reabilitação Psicossocial da RAPS (Port, nº 3088/ 
2011) por meio da instituição de incentivo financeiro específico e incremento do financiamento dessas ações 
para  estados  e  municípios  (de  R$  5  mil  ‐  R$  15  mil  para  R$  10  mil  –  R$  50  mil),  quase  triplicando  o  total 
aplicado nesse componente por ano ( 2010: R$ 1,54 milhões para R$ 4,3 milhões). 

Levantamento  de  iniciativas  de  geração  de  trabalho  e  renda  e  empreendimentos  econômicos  solidários  e 
cooperativas sociais da RAPS, por meio do Cadastro de Iniciativas de Inclusão Social pelo Trabalho (CIST), com 
identificação de 1.008 experiências. 

380  participantes  capacitados  por  meio  do  Curso  de  Gestão  de  Empreendimentos  Solidários  para  a  Saúde 
Mental 

Encontro Nacional de Experiências de Geração de Trabalho e Renda: Rumo ao Cooperativismo Social e o Caia 
na Loucura V – Inovação para o Desenvolvimento Inclusivo em parceria com a SENAES e a COPPE/UFRJ. 

Participação no Comitê Gestor do Programa Nacional de Apoio ao Associativismo e ao Cooperativismo Social 
(Pronacoop  Social)  (Decreto  nº  8.163  /  2013)  para  planejar,  coordenar,  executar  e  monitorar  as  ações 
voltadas  às  relações  de  trabalho  das  pessoas  em  situação  de  “desvantagem  no  mercado  econômico”  (lei 
134
federal  n.  9.867/99),  como  a  inserção  produtiva  e  geração  de  renda  por  parte  de  usuários  de  serviços  de 
saúde mental e seus familiares. 

 Protagonismo Social de Usuários e Familiares e Associativismo 

Participação na Comissão Intersetorial de Saúde Mental – CISM 

Apoio à realização da Mostra de Arte Insensata Itinerante, exposição de obras de arte de usuários artistas dos 
Centros de Convivência de Belo Horizonte (MG), rodas de conversa e mesas redondas sobre as contribuições 
da arte e da cultura no combate ao estigma, na ampliação das trocas sociais e na ampliação do acesso aos 
direitos dos usuários da RAPS (Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Goiânia‐ 2012) . 

“I Reunião Regional de Usuários de Serviços de Saúde Mental e Familiares” com representantes de 18 países 
da  região  das  Américas,  em  pareceria  com  a  Organização  Panamericana  de  Saúde  (OPAS/OMS)  (Brasília, 
2013).  

Lançamento da “Cartilha para participantes de grupos” e “Cartilha simplificada para participantes de grupos” 
documento didático‐orientador para suporte entre pares e familiares através da ajuda e suporte mútuos em 
saúde mental (2013),  

Publicação do “Manual de direitos e deveres dos usuários e familiares em saúde mental e drogas” (2014) 

 Ações relacionadas ao campo de Álcool e Outras Drogas 

Ações  para  subsidiar  implantação  e  funcionamento  adequado  das  UA:  Nota  Técnica  nº  41/2013; 
videoconferência  (2013);  inclusão  de  UA  como  um  ponto  de  atenção  obrigatório  na  adesão  do  município 
através do Plano de Ação do Programa Crack é Possível; investimentos na construção de UA (Port. 615/2013); 
padronização e ambiência para construção de UA. 

Participação no Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas e em audiências públicas na Câmara e Senado 
Federal, para discussão da política de saúde mental, álcool e outras drogas 

Organização e apoio a eventos: Seminário Internacional de Especialistas sobre políticas de saúde pública para 
o  consumo  de  Crack  (2012);  Simpósio  Internacional  sobre  Drogas:  da  Coerção  à  Coesão,  em  Brasília/DF 
(2013);  I  Congresso  Internacional  de  Prevenção  dos  Problemas  Relacionados  ao  Uso  de  Drogas  (PREVINE) 
(2014). 

Elaboração e publicação do “Guia Estratégico para o Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao 
Consumo de Álcool e Outras Drogas: Guia AD” 

Participação em produções intersetoriais do Programa Crack, É possível Vencer: Texto Orientador da Oficina 
de Alinhamento do Programa; Manual do Programa, 2013. 

Curso  de  Atualização  em  Álcool  e  Outras  Drogas,  da  Coerção  à  Coesão  (EAD),  em  parceria  com 
UNASUS/UFSC. 

Capítulo  de  Livro  do  Curso  SUPERA  ‐  Sistema  para  detecção  do  Uso  abusivo  e  dependência  de  substâncias 
Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento. 

135
Capítulo  de  Livro  do  Curso  Prevenção  Dos  Problemas  Relacionados  Ao  Uso  De  Drogas:  Capacitação  Para 
Conselheiros e Lideranças Comunitárias. 

Ações  de  cooperação  técnica  com  organismos  internacionais  como  OPAS‐Brasil,  OMS,  UNODC:  elaboração 
conjunta de Notas Técnicas; realização de eventos; participação e apoio a eventos internacionais; resposta a 
sete relatórios de indicadores internacionais. 

Participação na elaboração da Campanha da Promoção da Saúde no SUS ‐ Política Nacional de Promoção da 
Saúde (incentivo a redução de consumo de álcool) 

Desenvolvimento  de  ações  de  qualificação  sobre  o  tema  de  Redução  de  Danos  na  RAPS  junto  à  equipe  da 
Coordenação Nacional de Tuberculose e Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais /SVS 

Apoio a estratégias locais de cuidado integral às pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e 
outras drogas, como o Programa De Braços Abertos. 

Instituição  de  Grupo  de  Trabalho  Intersetorial  (GT)  para  alinhamento  conceitual  acerca  da  Promoção  de 
Saúde  no  âmbito  da  saúde  mental,  álcool  e  outras  drogas  no  ambiente  escolar  e  do  componente  ação 
psicossocial. 

Articulação  com  Departamento  Penitenciário  Nacional  (DEPEN)/Ministério  da  Justiça  para  o  atendimento 
psicossocial no contexto do Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. 

 Programas de Prevenção ao uso prejudicial de álcool e outras drogas 

Adaptação e implantação de três programas internacionais de prevenção baseados em evidências científicas, 
em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC): Programa Jogo Elos (Good 
Behavior Game ‐ GBG), 5.300 educandos de 6 a 10 anos; #TamoJunto (Unplugged), 35.023 adolescentes de 
11  a  14  anos;  Fortalecendo  Famílias  (Strengthening  Families  Program  10‐14  SFP),  563  famílias  com 
adolescentes de 10 a 14 anos. 

Avaliação  do  processo  de  implementação  dos  três  programas  Brasil,  em  parceria  com  Universidade  de 
Brasília (UnB), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 

Seminário Internacional sobre Prevenção (2013) 

Articulação com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), para avaliar o impacto dos programas na 
ruptura do ciclo de reprodução de desigualdades 

Inclusão  de  metas  de  implantação  dos  3  programas  no  Plano  Plurianual  2016‐2019,  em  parceria  entre 
Ministérios da Saúde, Educação, Desenvolvimento Social e Justiça. 

•  Programa Crack, É Possível Vencer 

Participação  no  Programa  por  meio  de  ações  no  eixo  cuidado  e  no  eixo  prevenção  (ampliação  de  serviços 
com  funcionamento  24  horas  para  usuários  de  crack  e  outras  drogas;  aumento  de  vagas  em  residências 
médicas  e  em  cursos  de  formação  e  qualificação  para  profissionais  de  saúde;  implantação  de  novas 
metodologias para prevenção em parceria com Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime ‐ UNODC). 

136
118  municípios  acima  de  200  mil  habitantes  e  o  Distrito  Federal  beneficiados  com  recursos  do  Programa 
Crack, É Possível Vencer. 

Instituição de Comitês Gestores visando à articulação entre as políticas setoriais envolvidas no Programa nos 
estados e municípios.  

Participação  no  Projeto  Redes  Intersetoriais  com  o  intuito  de  fortalecer  as  ações  do  Programa  Crack,  é 
Possível Vencer, em 20 municípios brasileiros, por meio da instituição de fóruns de gestão compartilhada e 
ações específicas para populações mais vulneráveis ao uso de álcool e outras drogas. 

•  Ações relacionadas ao público Infantojuvenil 

Realização do IX edição do Fórum Nacional de Saúde Mental Infantojuvenil (Brasília – DF/ 2012) 

Lançamento do documento “Fórum Nacional de Saúde Mental Infantojuvenil – recomendações 2005 a 2012”.  

Realização do I ConCAPSi  ‐ Congresso Brasileiro de CAPSi (2013) 

Participação  na  Comissão  da  Infância  Juventude  e  Comissão  de  Defesa  dos  Direitos  Fundamentais  do 
Conselho  Nacional  do  Ministério  Publico  (CNMP)  e  com  as  Coordenações  Gerais  de  Saúde  da  Criança,  do 
Adolescente e Jovem/Ministério da Saúde. 

Publicação  do  documento  “Atenção  Psicossocial  a  Crianças  e  Adolescentes  no  SUS:  Tecendo  Redes  para 
Garantir Direitos” (2014) para promotores de justiça, defensores públicos, juízes, gestores e profissionais de 
saúde, com eventos de divulgação em 11 estados. 

Publicação  do  documento  “Linha  de  Cuidado  para  a  Atenção  às  Pessoas  com  Transtornos  do  Espectro  do 
Autismo e suas Famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único De Saúde ” (2013) 

Instituição  do  Comitê  Nacional  de  Assessoramento  para  Qualificação  da  Atenção  à  Saúde  das  Pessoas com 
Transtornos do Espectro do Autismo no âmbito do Ministério da Saúde, (Portaria GM/MS nº 962/2013), em 
conjunto com a Coordenação de Saúde da Pessoa com Deficiência. 

Redefinição das diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com 
a Lei, em Regime de Internação e Internação Provisória (PNAISARI) em parceria com a Coordenação Geral de 
Saúde do Adolescente e do Jovem, com 11 estados habilitados de acordo com a Port. nº 1082/2014 até 2015. 

55 projetos financiados por meio de 2 editais do Ministério da Saúde “Viva Jovem”, para apoiar projetos de 
promoção da saúde e prevenção do abuso de drogas e da violência. 

Publicação do documento “Recomendações para adoção de práticas não medicalizantes e para publicação de 
protocolos municipais e estaduais de dispensação de metilfenidato para prevenir a excessiva medicalização 
de crianças e adolescentes” (2015), em consonância com a orientação da 26ª Reunião de Altas Autoridades 
em Direitos Humanos (RAADH) do MERCOSUL, realizada em julho de 2015. 

Pesquisa  sobre  medicalização  nas  Unidades  do  Sistema  Nacional  de  Atendimento  Socioeducativo  (SINASE) 
em unidades de internação em 3 estados (RS, MG e PE). 

Criação e participação em Grupos de trabalho: crianças e adolescentes em situação de rua; internalização da 
Convenção 182, da OIT/ONU; 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente; 

137
 Ações junto às Populações Tradicionais 

Constituição do Grupo Intersetorial Saúde Mental e Povos Indígenas, com reuniões semanais para construção 
das ações de atenção psicossocial aos povos indígenas (2013) 

Participação em eventos (I e II Reunião de Referências Técnicas de Saúde Mental nos DSEIS ‐  2013/Brasília e 
2014/Manaus; Encontro de Saúde Materno Infantil e da Oficina sobre Saúde Mental realizados no âmbito do 
Programa conjunto de Segurança Alimentar e Nutrição de mulheres e crianças indígenas ‐ Brasília, 2013. 

Participação na produção (2013/2014) do Documento Orientador sobre a gestão da Atenção Psicossocial nos 
DSEI. 

Inclusão  de  módulo  destinado  à  atenção  às  questões  decorrentes  do  uso  de  álcool  e  outras  drogas  em 
contextos indígenas no Projeto Percursos Formativos. 

Capacitação de Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena, como o Curso sobre Saúde Mental Indígena no 
DSEI Araguaia. 

Participação no Grupo Executivo SAS/SESAI para coordenação de ações em saúde destinadas às populações 
indígenas. 

Elaboração de proposta de financiamento de ações de protagonismo indígena, em parceria com a SESAI e a 
FUNAI,  nas  seguintes  linhas:  Fortalecimento  e  valorização  das  práticas  de  cuidado  e  saberes  indígenas; 
Expressão  cultural  e  artística;  Formação  de  jovens  lideranças  e  Política  Indigenista;  Projetos  de  Atividades 
Econômicas Sustentáveis; Projetos de fomento ao lazer e esportes. 

Oficina de Qualificação das Estratégias de Prevenção do Suicídio entre Povos Indígenas (Brasília, 2015) 

 Populações em vulnerabilidade 

Participação em oficinas, reuniões e ações em parcerias com o Departamento de Apoio à Gestão Participativa 
(DAGEP‐MS) para promoção de equidade no acesso à Saúde Mental de populações em vulnerabilidade. 

Participação nos “Encontros Estaduais de Planejamento do Cuidado” para população em situação de rua. 

Participação  no  “Grupo  de  Trabalho  sobre  Racismo  e  Saúde  Mental  do  Ministério  da  Saúde”,  para 
desenvolvimento  de  ações  subsidiem  profissionais  de  saúde  sobre  questões  raciais  e  seus  efeitos  na 
conformação do sofrimento psíquico. 

Inclusão  de  meta  no  eCAR  sobre  realização  em  2016  de  ciclo  de  debates  e  coletânea  de  textos  para 
publicação  sobre  discriminação  dos  diversos  grupos  identitários  e  suas  implicações  na  conformação  do 
sofrimento psíquico. 

 Ações de Formação e Educação Permanente 

161 projetos financiados por meio do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet‐Saúde) na área 
da saúde mental, totalizando 90.297 bolsas (R$ 56 milhões) em parceria com a SGTES. 

466 Programas de Residência em Psiquiatria financiados. 

308 Programas de Residência Multiprofissional em saúde mental financiados. 

138
98  projetos  de  Escolas  de  Redução  de  Danos,  Escolas  de  Supervisores  e  Supervisão  Clínico‐Institucional 
financiados 

1.600  profissionais  de  82  municípios  participaram  do  projeto  “Percursos  Formativos  na  Rede  de  Atenção 
Psicossocial (RAPS)” por meio de intercâmbio de 160 horas em redes receptoras de referência para educação 
permanente  de  profissionais  da  RAPS  em  6  diferentes  áreas:  Saúde  Mental  na  Atenção  Básica;  Atenção  à 
crise  em  saúde  mental;  Saúde  Mental  na  Atenção  Básica;  Demandas  associadas  ao  consumo  de  álcool  e 
outras drogas; Desinstitucionalização; Reabilitação Psicossocial. 

10.000  vagas  ofertadas  para  cursos  de  atualização  à  distância  em  parceria  entre  SGTES,  CGMAD  e  a 
Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, destinados a profissionais de nível médio e superior de todos 
os  pontos  de  atenção  da  RAPS  sobre  3  temas  estratégicos:  demandas  associadas  ao  consumo  de  álcool  e 
outras drogas; saúde mental Infantojuvenil e atenção à crise em saúde mental. 

237.175 profissionais formados no Curso Caminhos do Cuidado para profissionais da atenção básica. 

237 profissionais titulados em Curso de Especialização em  Linhas de Cuidado em  Enfermagem  em Atenção 


Psicossocial.   

Módulo II do curso “Tópicos Especiais de Policiamento e Ações Comunitária (TEPAC) para agentes da policia 
comunitária, sobre Redes de Atenção e Cuidado a usuários de crack para policiais comunitários de todos os 
municípios que pactuaram o Programa “Crack, É possível Vencer”. 

Seminário “Radica(lizar) a Formação em defesa da Reforma Psiquiátrica” (2013). 

 Parcerias Internacionais 

Participação  em  projetos  de  Cooperação  Técnica  com  diferentes  países  Bolívia,  Peru                     
Cuba, Honduras, Haiti. 

Participação  em  eventos  e  iniciativas  internacionais  para  compartilhamento  da  Política  brasileira  em  saúde 
mental, álcool e outras drogas: a Oficina de alinhamento temático em indicadores da COPOLAD (Chile, 2013); 
Mental  Health  Innovation  Network  (2013);  Comitê  Gestor  Tripartite  Brasil  –  Cuba  –  Haiti  (Haiti,  2014); 
Encontro Internacional de Peritos sobre respostas do setor educação para o uso de substâncias entre crianças 
e  jovens  (Turquia,  2015);    preparatória  da  UNGASS  2016  (México,  2015);    Conferência  Regional  de  Saúde 
Mental da OPAS (Chile, 2015); Innovation Fair ‐ Out of the shadows (EUA, 2016).   

Colaboração em relatórios internacionais: Atlas de Saúde Mental da OMS; Atlas Substance Use OMS; Annual 
Report Questionnaire – UNODC; OMS – Unrecorded Alcohol Comsumption Questionnaire; OMS ‐ mortalidade 
atribuível  ao  álcool;  Protocolo  de  São  Salvador;  Cuestionario  mundial  de  la  OMS  para  el  2015  sobre  el 
progreso de las políticas relativas al alcohol).  

•  Financiamento 

Aumento do valor do incentivo mensal de custeio federal para os Centros de Atenção Psicossocial 24 horas ‐ 
CAPS AD III, de R$ 78.800,00 para R$ 105.000,00 mensais (Port. 1.966/ 2013). 

295  propostas  de  investimento  para  construção  de  Centros  de  Atenção  Psicossocial  (CAPS  AD  III  ‐  139)  e 
Unidades  de  Acolhimento  (UAI  –  68  e  UAA  ‐88)  aprovadas  por  meio  do  Programa  Crack,  É  possível  vencer 
(Portaria GM nº 615/ 2013) 
139
299  propostas  de  emenda  parlamentar  aprovadas  para  investimentos  (construção,  ampliação  e 
equipamentos) e recursos de custeio (capacitação em Saúde Mental e reforma) totalizando R$ 121,7 milhões. 

Aumento do valor do benefício do Programa de Volta para a Casa: R$ 412,00 (quatrocentos e doze reais) ‐ 
Portaria 1.511, de 24 de julho de 2013.  

Incremento do custeio dos CAPS 24h (CAPS III e CAPS AD III), através da Portaria 1.966 de 10 de setembro de 
2013. 

 Gestão da Informação e Comunicação 

Publicações em meio eletrônico: Viramundo ‐ Boletim (In)formativo (4 edições); Saúde Mental em Dados (4 
edições). 

Internet,  redes  e  mídias  sociais:  Divulgação  de  videoconferências,  webseminários,  entrevistas  e  campanha 
virtual de manifestação voluntária da população com o tema "A Reforma Psiquiátrica em sua vida...". 

Atualização da página institucional da CGMAD (2015). 

Estabelecimento de fluxos internos e processos de trabalho para resposta às demandas baseadas na lei de 
acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011). 

Instituição  do  Sistema  de  Apoio  à  Implementação  de  Politicas  de  Saúde  (SAIPS)  para  facilitar  processos  de 
solicitação de incentivos para implementação de serviços de saúde mental (Portaria nº 281/  2014) 

   

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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