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Dayla Albuquerque da Silva (1); Denisson Braun do Rosário (2); Leonardo de Oliveira Damasceno
(3); Paulo Sérgio Lima Souza (4).
Resumo
A viabilidade de um concreto autoadensável (CAA) depende, em grande parte, das características do
agregado graúdo escolhido. Na RMB (Região Metropolitana de Belém), em geral, é utilizado como agregado
graúdo um seixo rolado friável com alto teor de finos; e como agregado miúdo, tem-se normalmente uma
areia de elevada finura. Este trabalho teve como objetivo avaliar tais materiais utilizados na produção do
CAA. Foram empregados três diferentes métodos de dosagem para a produção do CAA: Okamura, Ozawa,
Maekawa e Ouchi, desenvolvido em 1997, o de Tutikian, proposto em 2004 e o de Repette-Melo, proposto
em 2005. A avaliação das propriedades do CAA, no estado fresco, foi realizada através de ensaios
propostos pela literatura. Os resultados mostraram que a maioria dos métodos de dosagem aplicados se
enquadraram dentro de parâmetros aceitáveis encontrados na literatura, no entanto, o emprego de tais
agregados resultou em um desempenho diferente para o CAA produzido através do método de Repette-
Melo (2005).Para uma mesma relação água-cimento, o método de Tutikian apresentou maiores resistências
e foi mais econômico nas idades de 7 e 28 dias. Sendo assim, os resultados mostraram que é possível
produzir CAA utilizando-se os materiais disponíveis na RMB.
Palavras-Chave: concreto autoadensável, seixo rolado, areia fina.
Abstract
The production’s feasibility of a self-compacting concrete (SCC) depends on the features of the chosen
coarse aggregate. In the metropolitan area of Belém, in general, it is used a friable rolled pebble coarse
aggregate which has a high fines content, and usually, as fine aggregate a sand with great fineness
modulus. This paper searched to evaluate such materials used in SCC’s production. Three mix design
methods were employed: Okamura, Ozawa, Maekawa and Ouchi’s, developed in 1997, Tutikian’s,
suggested in 2004 and Repette-Melo’s, proposed in 2005. The fresh SCC was valued according to tests
proposed by literature. The results have shown only two of the applied methods fit in acceptable literature’s
parameters and a distinct performance of SCC produced according to Repette-Melo’s method when using
the BMA aggregates. Ultimately, it was noticed that for the same water-cement ratio, the Tutikian’s method
provided the bigger concrete compressive strength and the least expensive at 7 and 28 days. Thus, the
production of SCC when using the available materials in BMA is possible.
Keywords: self-compacting concrete, rolled pebble, fine sand.
Tabela 3 - Características físicas e químicas da sílica ativa usada na pesquisa, segundo o fabricante.
Características físicas e químicas da sílica ativa
Massa específica 2.200 kg/m³
Teor de SiO2 > 90%
Superfície específica (B.E.T) 19.000 m2/kg
Formato da partícula Esférico
Diâmetro médio da partícula 0,20 m
Para dosar os CAA, foi utilizado aditivo superplastificante de terceira geração, que atua
por diferentes mecanismos, através dos efeitos de adsorção superficial e separação
estérica nas partículas do cimento, e no processo de hidratação, propiciando
superplastificação e alta redução água, tornado o concreto com maior trabalhabilidade
sem alteração do tempo de pega. A Tabela 4 mostra as características do aditivo utilizado
na dosagem, segundo o fabricante.
O primeiro passo para a constituição da mistura de CAA é a escolha dos materiais que
irão compor o concreto, materiais estes que foram previamente selecionados por
questões econômicas e de disponibilidade local. O cimento foi escolhido de acordo com
as características que se desejou obter, como resistência e durabilidade. Escolheu-se o
agregado graúdo com menor granulometria possível com ênfase no tamanho máximo que
deverá ser o menor valor entre 20 mm e um terço do espaçamento das armaduras da
estrutura real em que o CAA será aplicado. No segundo passo é feita a determinação
experimental do teor de argamassa (α) da mistura para o traço padrão auxiliado pelas
equações 1 e 2 do método IPT/EPUSP, não sendo considerado nesta etapa o aditivo e os
materiais finos. Até esta etapa o concreto obtido ainda é convencional.
ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 7
(1 a)
(Equação 1)
(1 m)
onde:
ma p (Equação 2)
Nas equações 1 e 2:
a: Relação agregado miúdo seco/aglomerantes em massa, em kg/kg;
p: Relação agregado graúdo seco/aglomerantes em massa, em kg/kg;
m: Relação agregados secos/aglomerantes em massa, em kg/kg.
Após a execução dos ensaios no estado fresco para as 7 misturas de concreto, partiu-se
para a moldagem dos corpos de prova (10 x 20 cm), sendo moldados 6 por traço, o que
totalizou 42 CP's. Os corpos de prova após 24 horas foram colocados em cura úmida até
a idade de execução do ensaio de resistência à compressão. Na execução deste ensaio
adotou-se como capeamento o neoprene.
3 Resultados
Em cada família de concreto, verificou-se que o traço de CAA que proporcionou melhor
coesão, fluidez e viscosidade foi o que apresentou maior consumo de cimento, um teor de
argamassa mais elevado e consequentemente menor consumo de seixo por m³, o que
resultou em uma maior liberdade para o concreto fluir, no entanto, isso acarretou um
maior custo de produção por m³.
Para a avaliação dos custos das misturas realizadas adotou-se os preços fornecidos pelo
Sinape-PA do mês de março de 2015. O preço encontrado do cimento CPII-Z-32 foi de
0,55 R$/kg, a sílica custava 1,94 R$/kg, a areia custava 0,015 R$/kg, o seixo fino valia
0,055 R$/kg e o aditivo superplastificante usado estava no valor de 8,01 R$/L. Desta
forma, com esses valores unitários pode-se calcular os custos totais dos CAA,
apresentados na Tabela 6. As comparações de custo, fixando-se uma resistência à
compressão aos 7 dias, para todos os métodos, estão apresentadas na Figura 7.
Figura 7 - Comparativo de custo para uma mesma faixa de resistência à compressão aos “j” dias.
Com base nos dados apresentados na Figura 7, observa-se que o método Tutikian (2004)
apresentou para uma mesma faixa de resistência à compressão aos 7 dias, um custo de
38% mais baixo se comparado ao valor atingido por Okamura (1997) e 41% menor que o
resultado alcançado por Repette-Melo (2005).
Já para uma mesma faixa de resistência à compressão aos 28 dias, avalia-se que o valor
obtido através do método proposto por Tutikian (2004) obteve um resultado de 6,4%
menor do que o encontrado em Repette-Melo (2005), o custo para o método de Okamura
(1997) para a idade de 28 dias permaneceu com o mesmo valor que a idade de 7 dias
devido ao fato deste método não compor uma família de concretos, não sendo gerado um
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diagrama de dosagem para o mesmo.Esse resultado deve-se provavelmente a melhor
adequação dos materiais da região ao método de dosagem de Tutikian (2004).
4 Considerações finais
O objetivo principal deste trabalho foi alcançado através da confecção do CAA utilizando
os agregados regionais e com a comprovação da sua eficácia técnica e econômica.
A partir deste estudo, verificou-se que, para dosar CAA com os agregados da região norte
do Brasil, o método queapresentou menor custo e maiores resistências à compressão nas
idades de 7 e 28 dias, foi o de Tutikian (2004). Nos ensaios realizados no estado fresco,
todos os métodos experimentados, obtiveram misturas que se enquadraram na classe de
autoadensabilidade proposta pela literatura, porém o método Repette-Melo (2005) foi o
que apresentou os piores resultados no estado fresco, devido ao agregado graúdo (seixo
rolado friável) utilizado apresentar um alto teor de finos, ocasionando no método
umconsumo maior de cimento e aditivo, para que o mesmo se enquadrasse nos ensaios,
elevando assim o custo de produção, tornando esse método o menos viável
economicamente em comparação ao outros dois métodos estudados.
Ressalta-se que as propriedades mecânicas podem sofrer alterações se utilizados outros
materiais ou quantidade diferentes de aditivo.
De acordo com este estudo, pode-se concluir que é possível e viável, do ponto de vista
técnico e econômico, a produção do CAA com o uso dos agregados encontrados e
usados na região de Belém-Pa.
5 Referências
TUTIKIAN, B. F.; DAL MOLIN, D. C.. Concreto autoadensável. São Paulo: Pini, 2008.