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elétrica
(BIA)
Guilherme
T.
Araújo,
Me,
MBA,
MD
1. Introdução
A
avaliação
da
composição
corporal
tem
se
tornado
um
tópico
de
extrema
importância
na
área
médica,
nutricional
e
de
atividade
física,
devido
à
importante
correlação
entre
os
componentes
do
corpo,
como
o
excesso
de
gordura
corporal,
com
doenças
crônico
degenerativas.
Diversos
métodos
tem
sido
utilizados
para
este
fim,
tais
como
pesagem
hidrostática,
tomografia
computadorizada,
DXA
(dual
x-‐ray
absormetry),
avaliação
de
pregas
cutâneas,
entre
outros.
Dentre
os
métodos
utilizados
para
a
avaliação
da
composição
corporal,
a
Bioimpedância
Elétrica
(BIA)
tem
sido
amplamente
utilizada,
sobretudo
pela
alta
velocidade
no
processamento
das
informações,
por
ser
um
método
não
invasivo,
prático,
reprodutível
e
relativamente
barato,
que
estima,
além
dos
componentes
corporais,
a
distribuição
dos
fluidos
nos
espaços
intra
e
extracelulares,
bem
como
a
qualidade,
tamanho
e
integridade
celular.
Em
sistemas
biológicos,
a
corrente
elétrica
é
transmitida
pelos
íons
diluídos
nos
fluidos
corporais,
especificamente
íons
de
sódio
e
potássio.
Os
tecidos
magros
são
altamente
condutores
de
corrente
elétrica
devido
à
grande
quantidade
de
água
e
eletrólitos,
ou
seja,
apresentam
baixa
resistência
à
passagem
da
corrente
elétrica.
Por
outro
lado,
a
gordura,
o
osso
e
a
pele
constituem
um
meio
de
baixa
condutividade,
apresentando,
portanto,
elevada
resistência.
Em
frequências
maiores
(fh)
(50
kFz
e
100
kHz),
a
corrente
elétrica
passa
através
das
membranas
celulares,
permitindo
as
medidas
de
impedância
dentro
e
fora
das
células,
determinando
o
balanço
hídrico
intra
e
extracellular.
Assim,
através
dos
valores
obtidos
para
essas
variáveis
(Z,
R
e
Xc),
em
diferentes
frequências,
o
analisador
calcula
a
quantidade
de
água
corporal
total
e
sua
distribuição
intra
e
extracelular
e,
assumindo
uma
hidratação
constante,
determina
primeiramente
a
massa
corporal
magra
e,
logo,
a
composição
corporal.
3. Tipos
de
BIA
3.1. BIA
de
frequência
única
Os
aparelhos
de
BIA
com
frequência
única
geralmente
utilizam
uma
frequência
de
50kHz,
que
são
passados
pela
superfície
de
eletrodos
colocados
na
mão
e
no
pé.
Outros
tipos
de
aparelhos
podem
utilizar
outros
pontos
de
fixação,
como
pé-‐pé
ou
mão-‐mão.
À
uma
frequência
de
50kHz
a
BIA
não
mede
exatamente
a
água
corporal
total
(TBW),
mas
sim
uma
soma
ponderada
da
ECW
e
ICW.
Assim
a
BIA
de
frequência
única
consegue
estimar
a
FFM
e
TBW,
mas
não
consegue
determinar
diferenças
da
ICW.
Apesar
da
BIA
de
frequência
única
não
ser
validade
em
condições
com
alterações
significativas
de
hidratação,
ela
não
é
invalidada
para
estimar
a
FFM
ou
TBW
em
indivíduos
normohidratados.
A
BIA
segmentar
aborda
aspectos
da
análise
da
composição
corporal
que
podem
eliminar
certas
inconsistências
existentes
na
avaliação
da
massa
corporal
total,
analisando
o
corpo
por
segmento,
ou
seja,
essa
técnica
determina
isoladamente
a
massa
dos
membros
e
do
tronco.
A
BIA
segmentar
tem
sido
utilizada
para
determinar
a
distribuição
de
fluidos
em
certas
doenças
(ascite,
insuficiência
renal,
cirurgias).
Para realização da BIA os seguintes passos devem ser respeitados:
• Os
pacientes
devem
ter
sua
altura
e
peso
aferidos
no
momento
do
exame;
• O
paciente
deve
estar
em
decúbito
dorsal,
descalço
e
com
os
membros
inferiores
afastados,
ficando
os
pés
distantes
um
do
outro
em
cerca
de
30
cm.
A
dificuldade
de
afastar
a
coxa
de
pessoas
obesas
(mórbidas)
deve
ser
um
fator
de
dificuldade
de
análise
dos
resultados.
O
paciente
deve
permanecer
em
decúbito
dorsal
em
repouso
por
pelo
menos
10
minutos
antes
do
exame;
• O
paciente
deve
retirar
objetos
de
metal
presos
ao
corpo,
como
anéis
e
brincos;
• As
condições
que
dizem
respeito
à
posição
do
corpo
e
dos
eletrodos
devem
ser
respeitadas.
Isto
é,
os
eletrodos
devem
ser
uniformemente
posicionados;
• O
paciente
deve
suspender
o
uso
de
medicamentos
diuréticos
no
mínimo
24
horas
antes
da
realização
do
teste;
• O
consumo
de
alimentos
e
bebidas
deve
ser
evitado
até
4
horas
antes
de
se
realizar
o
teste.
Apesar
de
existir
consenso
de
que
o
paciente
deve
estar
em
jejum
de
4
horas
e
esvaziar
a
bexiga
antes
do
exame,
ainda
não
há,
na
literatura,
a
confirmação
de
que
o
jejum
por
4
horas
seja
realmente
necessário;
• O
exame
deve
ser
feito
com
o
paciente
em
repouso
e
a
prática
de
exercícios
até
8
horas
anteriores
não
é
recomendada;
• Medicamentos
que
cursem
com
retenção
hídrica,
se
possível,
devem
ser
retirados
para
a
realização
do
exame.
Em
situações
onde
a
condição
ou
características
do
paciente
limita
a
colocação
dos
eletrodos
na
superfície
corporal,
tal
como
amputados,
atrofias
ou
hemiplegias,
os
eletrodos
devem
ser
colocados
em
porções
do
corpo
não
afetadas.
Em
outras
situações,
como
lipodistrofia,
síndrome
de
Cushing,
mixedema,
ascite,
obesidade,
onde
os
pacientes
demonstram
uma
distribuição
irregular
da
composição
corporal,
deve
ser
considerado
o
uso
da
BIA
segmentar.
Em
pacientes
com
próteses
de
silicone,
o
volume
das
próteses
devem
ser
subtraídas
da
FM,
uma
vez
que
as
próteses
são
má
condutoras
e
são
interpretadas
como
FM.
A
partir
dos
valores
da
R
e
da
Xc
obtidos
pela
BIA,
são
utilizadas
diferentes
equações
de
regressão
disponíveis
na
literatura,
para
estimar
os
componentes
corporais,
e
assim,
determinar
os
valores
de
massa
de
gordura,
massa
magra
e
água
corporal.
Essas
equações
preditivas
são
ajustadas
para
sexo,
etnia,
idade,
peso,
altura
e
nível
de
atividade
física.
Através
da
BIA,
o
AF
pode
ser
obtido
por
meio
da
relação
entre
medidas
diretas
da
R
e
da
Xc.
A
variação
do
AF
ocorre
entre
zero
grau
(sistema
sem
membranas
celulares,
apenas
resistivo)
e
90
graus
(sistema
sem
fluidos,
apenas
capacitivo),
sendo
que
num
indivíduo
saudável
o
AF
pode
apresentar
valores
entre
4
e
10
graus.
Também
se
encontra
na
literatura
que
esse
valor
pode
variar
de
5
a
15
graus.
Esse
ângulo
é
dependente
da
capacitância
dos
tecidos
e
está
associado
com
a
qualidade,
tamanho
e
integridade
celular.
Trata-‐se
de
uma
ferramenta
de
diagnóstico
nutricional
cada
vez
mais
utilizada
na
prática
clínica.
Estudos
recentes
demonstram
alta
correlação
entre
o
ângulo
de
fase
e
o
prognóstico
e
mortalidade
de
pacientes
em
hemodiálise,
com
câncer,
SIDA
e
doenças
hepáticas.
Portanto,
variação
no
AF
indica
alterações
na
composição
corporal,
na
função
da
membrana
celular
ou
no
estado
de
saúde.
Valores
de
AF
menores
representam
baixa
Xc
e
alta
R,
e
podem
ser
associados
à
existência
ou
agravamento
de
doença,
a
morte
celular,
ou
a
alguma
alteração
na
permeabilidade
seletiva
da
membrana.
De
outro
lado,
valores
mais
altos
representam
alta
Xc
e
baixa
R,
podendo
associar-‐se
à
maior
quantidade
de
membranas
celulares
intactas,
ou
seja,
maior
massa
celular
corpórea,
e
a
um
adequado
estado
de
saúde.
5.2. Água corporal total (TBW), água intracelular (ICW) e água extracelular (ECW)
A
elevação
nos
valores
de
ECW
ou
na
relação
ECW/TBW
podem
indicar
edema
e/ou
desnutrição.
O
valor
normal
de
TBW
varia
com
a
idade
e
sexo,
conforme
demonstrado
na
tabela
1.
Tabela
1:
Água
corporal
total
(TBW)
de
acordo
com
idade
e
sexo
A
FFM
contempla
tudo
o
que
não
for
gordura
corporal
(ou
FM).
Existe
uma
grande
gama
de
equações
de
BIA
relatadas
na
literatura
para
predizer
a
FFM.
A
figura
2
demonstra
a
faixa
de
variação
de
normalidade
da
FM
de
acordo
com
a
idade
e
sexo.
É
importante
ressaltar
que
em
caso
de
pequenas
variações
do
peso
corporal
(1,5
a
2,0
kg),
as
variações
da
FFM
e
FM
podem
não
ser
aferidas
pela
BIA,
devido
à
precisão
do
método.
Figura
2:
Faixa
de
normalidade
de
massa
gorda
(FM)
de
acordo
com
idade
e
sexo
6. Limitações
do
método
Estudos
mostram
que
podem
ser
obtidos
resultados
variáveis
e
contraditórios
pela
BIA
em
várias
doenças.
Essas
discrepâncias
se
devem
não
só
às
limitações
do
método,
mas
também
pela
própria
diferença
entre
a
condutividade
do
tecido
entre
indivíduos
saudáveis
e
acometidos
por
alguma
doença:
Diversos
métodos
são
utilizados
para
avaliar
composição
corporal,
entretanto
alguns
destes
métodos
são
caros
ou
difíceis
para
serem
realizados.
Atualmente
considera-‐se
como
padrão
ouro
a
pesagem
hidrostática
e
o
uso
de
água
duplamente
marcada,
entretanto
são
métodos
utilizados
exclusivamente
no
meio
acadêmico.
Dentre
os
meios
disponíveis
na
prática
clínica
os
métodos
mais
utilizados
são
a
BIA,
estimativa
através
de
pregas
cutâneas
e
DXA
(dual
x-‐ray
absormetry).
Outro
método
que
vem
ganhando
atenção
é
a
utilização
de
tomografia
computadorizada,
porém
ainda
é
necessário
a
padronização
e
validação
do
método.
Apesar
da
DXA
poder
informar
com
boa
acurácia
e
detalhe
a
distribuição
de
FFM
e
o
conteúdo
mineral
ósseo,
é
um
método
caro
e
que
não
pode
ser
repetido
frequentemente
devido
à
radiação.
O
uso
de
pregas
cutâneas
para
a
estimativa
de
FM
e
FFM
pode
subestimar
entre
1
a
12%
podendo
variar
os
resultados
entre
examinadores.
Os
resultados
de
uma
metanálise
que
comparou
diversos
métodos
de
avaliação
de
FM
estão
demonstrados
na
tabela
2.
9. Bibliografia
recomendada
• Duren
DL,
Sherwood
RJ,
Czerwinski
SA,
Lee
M,
Choh
AC,
Siervogel
RM,
Cameron
Chumlea
W.
Body
composition
methods:
comparisons
and
interpretation.
J
Diabetes
Sci
Technol.
2008
Nov;2(6):1139-‐46.
• Mialich
MS,
Sicchieri
JMF,
Jordao
Junior
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Analysis
of
Body
Composition:
A
Critical
Review
of
the
Use
of
Bioelectrical
Impedance
Analysis.
Int
Jour
of
Clin
Nutri
2,
no.
1
(2014):
1-‐10.
• Kyle
UG,
Bosaeus
I,
De
Lorenzo
AD,
Deurenberg
P,
Elia
M,
Gómez
JM,
Heitmann
BL,
Kent-‐
Smith
L,
Melchior
JC,
Pirlich
M,
Scharfetter
H,
Schols
AM,
Pichard
C;
Composition
of
the
ESPEN
Working
Group.
Bioelectrical
impedance
analysis-‐-‐part
I:
review
of
principles
and
methods.
Clin
Nutr.
2004
Oct;23(5):1226-‐43
• Kyle
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Bosaeus
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De
Lorenzo
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Deurenberg
P,
Elia
M,
Manuel
Gómez
J,
Lilienthal
Heitmann
B,
Kent-‐Smith
L,
Melchior
JC,
Pirlich
M,
Scharfetter
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M
W
J
Schols
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Pichard
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impedance
analysis-‐part
II:
utilization
in
clinical
practice.
Clin
Nutr.
2004
Dec;23(6):1430-‐53.
• Eickemberg
M,
Oliveira
CC,
Roriz
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Sampaio
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e
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nov./dez.,
2011
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Metab
Care
12:482–486
• Fogelholm
M,
Lichtenbelt
W
van
M.
Comparison
of
body
composition
methods:
a
literature
analysis.
Eur
Jour
of
Clin
Nutr
(1997)
51,
495±503
• Cômodo
ARO,
Dias
ACF,
Tomaz
BA,
Silva-‐Filho
AA,
Werustsky
CA,
Ribas
DF,
Spolidoro
J,
Marchini
JS.
Utilização
da
Bioimpedância
para
Avaliação
da
Massa
Corpórea.
Projeto
Diretrizes,
AMB