Вы находитесь на странице: 1из 18

24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

I SSN 1 6 7 8 - 0 7 0 1
Número 48, Ano Números anteriores
XIII. ...
Junho-Agosto/2014.

Início | Cadastre-se! | Procurar | Apresentação | Artigos


| Dicas e Curiosidades | Reflexão | Dinâmicas | Entrev istas | Arte e
ambiente | Div ulgação de Ev entos | O que fazer para melhorar o meio ambiente
| Sugestões bibliográficas | Educação | Você sabia que... | Contribuições de
Conv idados/as | Trabalhos Env iados | Brev es Comunicações | Normas de
Publicação | Práticas de Educação Ambiental | Colaboradores antigos

Artigos

05/06/2014

PERCEPÇÃO AMBIENTAL NO RIACHO CANUDOS,


MUNICÍPIO DE CAMPO MAIOR-PI
O trabalho objetiva verificar o saber ambiental entre moradores de entorno ao riacho canudos/Bairro Paulo VI,
Campo Maior-Pi.

PERCEPÇÃO AMBIENTAL NO RIACHO CANUDOS, MUNICÍPIO DE


CAMPO MAIOR-PI

Maria Beatriz Dias Coutinho


¹ Mes tra nda em Des envol vi mento e Mei o Ambi ente. PRODEMA-UFPI, Es peci a l i s ta em Educa çã o
Ambi enta l -FAESPI, Li cenci a da em Bi ol ogi a /UESPI. Ema i l : couti nhobi a a @ya hoo.com.br

RESUMO

A mesma se justifica pertinente, uma vez que vem de encontro a um


cenário anti-utópico e desagregador dos laços societários apostando em uma
nova utopia societária e epistêmica, capaz de reorganizar, os sentidos do viver
e do agir político. O presente trabalho objetiva de forma geral verificar o saber
ambiental existente entre os moradores de entorno ao riacho canudos situado
no Bairro Paulo VI, município de Campo Maior-Pi. O estudo do meio ambiente
foi desenvolvido por meio de entrevista dialogada e analise de mapas mentais
de caráter exploratório. Os dados foram codificados, analisados por meio da
analise discursiva das falas dos moradores, e analise categóricas das
imagens (mapas), com intuito de se conhecer a trajetória do riacho canudos
bem como a percepção dos moradores que moram em entorno ao riacho.

Palavra Chave: Riacho Canudos. Educação. Meio ambiente. Percepção.

INTRODUÇÃO

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 1/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

Em virtude do modelo capitalista que vivenciamos e presenciamos,


criamos um modelo de desenvolvimento nada sustentável e começamos a
perceber um modelo de desenvolvimento que utiliza uma mascara para destruir
o pouco que resta da base natural necessária para a sobrevivência dos seres
vivos no planeta. E talvez a partir do momento em que o homem se sentir,
como elemento integrante do meio ambiente, os problemas ambientais
poderão ser amenizados.

A educação Ambiental na visão de Reigota (2009) está vinculada ao


meio ambiente e a forma como este é percebido. Em 1970 a IUCN definiu a
EA, como sendo o processo de reconhecimento e esclarecimento de conceitos
que permitam o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias para
entender e apreciar as inter-relações entre o homem e sua cultura e seu
ambiente.
O percurso reflexivo traz a densidade da experiência de vida e da
produção teórica de autores, que vem refletindo sobre a questão ambiental
desde os anos 70. O livro didático deve ter a preocupação de que através de
uma cuidadosa articulação filosófica, o debate entre as ciências sociais e
naturais estruturado na forma de um amplo diálogo com as principais matrizes
do pensamento contemporâneo, deva estar presente.
A via hermenêutica aqui escolhida é consequentemente, a ruptura
da dicotomia sujeito-objeto. Esta reflexão toma um empreendimento que
reposiciona não apenas o ambiente enquanto alteridade, mas, sobretudo o
sujeito que o conhece e seu modo de conhecer. Assim, ao problematizar a
epistemologia do fenômeno ambiental, está em causa tanto o ambiente quanto
o sujeito cognoscente. Por fim, enfatiza-se que buscando tirar consequências
do processo da adoção de uma postura hermenêutica para as práticas do
saber ambiental, pensa-se a partir da perspectiva de uma complexidade
ambiental proposta por Leff (2012).
Leff (2011) indica que o conhecimento científico é um processo
resultante de uma prática teórica ou de uma relação entre o Conhecimento e o
Meio Ambiente. Neste itinerário que passa pelas principais rupturas
epistemológicas do pensamento contemporâneo, delineia-se uma
epistemologia ambiental da qual se desdobram um saber e uma racionalidade
ambiental, sobretudo como uma postura epistemológica que não cede diante
da complexidade do mundo, evitando a armadilha reducionista de uma ciência
em busca da unidade do saber. Sustenta, assim, a renúncia ao desejo de
totalizar seu objeto (Leff, 2011).
Sem incorrer em ecletismos epistemológicos, vale ressaltar que o

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 2/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

saber ambiental, para Leff (2011), envolve paradigmas de conhecimentos de


diversas ordens, os quais abrangem, também, sistemas de valores, crenças,
técnicas e práticas produtivas referentes à vida material, social e natural e à
apropriação e produção do ambiente, orientados por princípios de
sustentabilidade, ou seja, nas palavras do autor, esse saber não apenas gera
um conhecimento científico mais objetivo, abrangente, mas também produz
novas significações sociais, novas formas de subjetividade e de
posicionamento ante o mundo.
Ainda na visão de Leff (2009) o saber ambiental não é, portanto, um
suposto saber tudo sobre o ambiente. Ao contrário, incorpora o
desconhecimento como parte constitutiva do projeto de conhecer a vida do
mundo desde o mundo de vida dos sujeitos.
Ao redesenhar as margens pré-definidas da ciência enquanto único
campo de validação do conhecimento, outros saberes, experiências e atores
sociais (populações tradicionais, movimentos e grupos sociais) é reconhecido
como interlocutores na construção de uma racionalidade ambiental (LEFF,
2013).
O saber ambiental fundado no encontro (confronto) de múltiplos
saberes, legitimados por diferentes matrizes de racionalidades inscritas em
lógicas culturais distintas, deve propiciar a produção de novas categorias e
estratégias conceituais, não constituindo um campo discursivo homogêneo
estabelecido a priori: ao contrário, é um campo que se constrói continuamente
em relação com o objeto, com o sujeito e com o tema de cada área do
conhecimento, em suas articulações com as demais áreas (LEFF, 2013).
Dessa forma o autor, retrata a racionalidade do saber ambiental
como constructos teóricos capazes de articular um conjunto de formação lógica
e discursiva a acerca das descrenças e compromissos sociais.
Sob esse olhar, Leff (2011) propõem a ampliação de perspectivas e
o alargamento de horizontes para o conjunto da produção humana em sua
diversidade. Tal diversidade se manifesta tanto na constituição interna do
campo científico, como nas formas de organização dos saberes culturais, em
suas múltiplas expressões – materiais e simbólicas –, como na manifestação
dos sentidos do ser.
E pensando nesta reflexão, todos os seres vivos que tem a
necessidades de se apropriarem de recursos naturais, mesmo com condições
necessárias para o suprimento da própria vida e desde os primórdios de sua
existência o homem buscou se organizar como forma de garantir uma
sobrevivência segura.

“Das relações homem-natureza, se constitui o mundo propriamente


humano, exclusivo do homem, o mundo da cultura e da historia,

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 3/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

Este mundo, em recriação permanente, por sua vez, condiciona seu


próprio criador, que é o homem, em suas formas de enfrentá-lo e de
enfrentar a natureza. Não é possível portanto entender as relações
dos homens com a natureza, sem estudar os condicionamentos
históricos-culturais a que estão submetidos suas formas de atuar”.
(Paulo Freire, 1975)

E partindo desse pressuposto, o primeiro questionamento que se


pode fazer, quanto a concepção de meio ambiente, é o da compreensão da
nossa própria existência. No entanto isso tudo nos leva a crer que o meio
ambiente é tudo aquilo que nos envolve. E as propriedades do meio
circundante influem, na população: as características da flora da fauna em
grande medida os hábitos alimentares e a dieta. O que para Morin (2001), o
conhecimento pertinente é aquele capaz de situar qualquer informação em seu
contexto.
A Constituição Federal de 1988 significou um avanço no
estabelecimento de limites aos modelos de desenvolvimento que atuam
desregradamente no meio ambiente. Antes de tudo, foi um marco que definiu o
meio ambiente como um bem de toda população e atribuiu ao Estado e a
sociedade novas responsabilidades sentido de proteger os ambientes de uso
inaceitáveis.

O Art.225 encabeça as disposições sobre o meio ambiente:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo – se ao poder público e a
coletividade o dever de defendê – lo e preservá – lo para as
presentes e futuras gerações. (Constituição Federal, titulo
VIII, capitulo VI - 1988)

Para tanto, a educação e pratica dialógica objetiva o


desenvolvimento da consciência critica pela sociedade brasileira e que devem
estar comprometidos com uma abordagem da problemática ambiental que
inter-relaciona os aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais, científicos,
tecnológicos, ecológicos, legais e éticos.
E nesse contexto a educação ambiental busca um novo ideário
comportamental, tanto no âmbito individual quanto coletivo. Ela deve começar
em casa, ganhar as praças e as ruas, atingir bairros e as periferias, evidenciar
as peculiaridades regionais, apontando para o nacional e global. Deve gerar

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 4/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

conhecimento local sem perder de vista o global. E como preconiza a CF/88 a


educação ambiental deve ser promovida em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
O termo meio ambiente é usado para definir a relação entre os
conjuntos sociais e naturais que sustentam a existência da vida no planeta,
sendo esta interação indispensável para a sobrevivência dos seres neste
meio.

2. A Percepção Ambiental dos moradores de entorno ao “Riacho”


Canudos – entrevista.

Para realizar um trabalho voltado para a conservação do meio


ambiente é necessário compreender, como os envolvidos neste trabalho
percebem, reagem e respondem sobre as ações que os envolvem, implica em
compreender que a percepção é algo individual e cada ser se apresenta de
maneira diferente perante estas questões, dessa forma as respostas e
desenhos, foram dadas por livre consentimento e esclarecimento dos
entrevistados.
Todos os seres vivos que tem necessidades de se apropriarem de
recursos naturais, mesmo com condições necessárias para o suprimento da
própria vida e desde os primórdios de sua existência o homem buscou se
organizar como forma de garantir uma sobrevivência segura.
O rio canudos se enquadra como sendo um pequeno riacho, ou
até mesmo um córrego, nasce na serra de Santo Antônio de onde parte,
cortando a região norte da cidade de Campo Maior. O trecho mapeado se
encontra localizado no Bairro Paulo VI, mais popularmente como “rabo da
gata”, antes das primeiras casa ribeirinhas surgirem, o riacho tomava parte de
toda área, onde hoje se encontra o bairro Paulo VI e alagando toda área que
hoje serve de moradia para a população que ocuparam a região aos arredores
do pequeno córrego. O riacho canudos tem um percurso rápido, o mesmo
nasce na serra de Santo Antônio e desemboca no rio Longá.
Por volta de 1938, o riacho canudos possuía uma exuberante
vegetação, segundo entrevistas com os moradores os vegetais eram
arbustivos, caracterizando-se por apresentar espécies de “mameleiros”, pau –
pereira, remela e bastante unha – de gato, constituindo capão fechado de
vegetação, e o córrego entrelaçado nos “matos”.
Com o passar dos anos as plantas maiores foram derrubadas,
pois as mesmas serviam de lenha para alguns moradores que moravam
próximo ao capão. Para a prática das “caeiras”, em que consistiam em

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 5/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

pequenas crateras que se fazia no solo, a lenha era colocada dentro destas
crateras e recoberta com terra deixando-se uma “boca”, orifício por onde se
colocará o fogo para a queima da madeira e a produção do carvão. E a outra
parte da madeira era utilizada, pois se usavam a madeira diretamente nas
fornalhas para o cozimento dos alimentos.

Foto 02. (Canudos hoje). Arquivo pessoal

No final da década de 30, e iniciando a década de 40, as


residências eram pequenas com 02 ou 03 cômodos em média, de estrutura
rústica feita de palhas que sofriam constantemente a ação de vândalos que
atiçavam fogo nas palhoças. Com o aumento das famílias foram surgindo mais
casas próximo ao riacho, as margens do riacho possuía grandes cacimbões
onde a população pegavam água para beber e cozinhar. A população cada dia
foi se aproximando do riacho. Conta os moradores que o riacho enchia tanto,
que alagava toda a área habitada que já não era grande. “Apenas umas 07
casas pequenas e de palhas”.
O riacho Canudos, passava pela vila Papi - Vila situada do outro
lado de suas margens e que chegava até as cancelas das fazendas que
ficavam nas proximidades do riacho, e ao trecho que dava acesso ao um
Bairro- “Fripisa”.

“No entanto numa enchente muito grande o riacho “rasgou” abrindo


outro braço que passava mais próximo das casa e o da vila Papi foi
soterrado em virtude de construções de casas simples e distantes
uma das outras que servia de moradia para as classes de baixa
renda que vinham do campo”. ( Dona Maria)

Segundo os moradores Sr. Francisco, Dona Tereza e dona Preta


afirmaram que somente na década de 50 a 60 foi que várias casinhas foram
construídas e que segundo eles aumentava o numero de moradores. Usando a
expressão popular foram construídas essas casas foram construídas “no pé e
na ponta” sendo as mesmas distanciadas alguns metros do riacho, temendo
grandes enchentes como de costume.
http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 6/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

· Foto 05. (Canudos hoje)

Coutinho, 2014

Os espaços vazios foram preenchendo as áreas que circundavam o


riacho por casinhas, e mesmo querendo ficar longe da água precisavam ficar
perto, uma vez que necessitavam da água que brotava em várias cacimbas nas
proximidades do riacho para as atividades do lar (banhar, lavar, cozinhar, etc).
Os entrevistados afirmara que nas margens do Riacho Canudos
era feito a retirada de madeira.

“Os moradores começaram a tirar “madeira” para lenha, já que


usavam fogão a lenha para cozinhar seus alimentos, além de tirar
areia, piçarras e pedras ao longo do percurso do rio para fazer suas
residências, vender, etc.

E com essas atitudes praticamente marcavam a morte do riacho.


Afirmava o morador mais antigo da área. (Sr. Francisco). Foi observado ainda
que os períodos de permanência das águas do riacho, segundo os moradores
mais antigos era os meses de agosto, setembro e outubro e que segundo eles
aproveitavam a dádiva, para tomar banho e as mulheres para lavar roupas, nas
águas límpidas e cristalinas, ainda ressaltam que além de servir de turismo e
diversão para os moradores que habitavam as proximidades, vinha gente de
todos os bairros vizinhos para desfrutar o prazer de banhar e se divertir.
Sendo o morador mais antigo, (desde 1945) Sr. Francisco, diz: “A
algazarra era de mais, onde os banhistas descia as correntezas até as
cancelas, se divertiam pra valer, voltavam caminhando e novamente
desciam.
“Contam ainda: “Nem sempre o lazer terminava bem, pois as
brincadeiras por descuido terminava em morte de pessoas, e que por várias
vezes ocorreu morte entre jovens e crianças”“. (Dona Preta).
Relataram ainda que uma senhora vindo do interior com crianças
pequenas foram morar perto do rio e um de seus filhos encantado com as
águas foi banhar e morreu afogado com apenas 15 dias que havia chegado ao
http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 7/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

seu novo lar.


Acreditando que a transformação da percepção dos moradores é
inerente a educação formal e observando em suas fala, que existe uma
percepção fraca, e que esta não tem respaldo o suficiente para mudança de
seus paradigmas. A introdução da dimensão ambiental no m exige um novo
conceito de educação Leff (2012) em sua argumentação, poderíamos dizer
que é justamente a “abertura em ser bem como o reconhecimento da falta em
ser, o que diferencia o projeto desta epistemologia ambiental de uma
ecologização das ciências, isto é, da internalização de uma dimensão
ambiental nas diversas áreas do conhecimento” (LEFF, 2012, p. 22).
Somente em 1966, foi construída uma pequena ponte e estreita que
dava acesso aos moradores que vinham das proximidades interioranas para a
cidade. Francisco, “a ponte só foi construída porque dificultava o acesso dos
moradores ao centro da cidade e que no período da construção o capitão da
época e comandante do tiro de guerra, foram os responsáveis pela escavação
dos pilares que ergueram a ponte, e que nessa construção o comandante
mandou os trabalhadores cavar um buraco mais fundo perto da ponte para uma
área de lazer, ficando conhecido pelos moradores como sendo o “buraco” do
capitão.” A ponte foi erguida e ainda hoje permanece pequena e estreita, e o
buraco serve para jogar entulhos (foto 02).

A
Goolgle mapas, 2014

Na mesma década, desmataram uma área entre as casa para a

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 8/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

criação de um campo de futebol de chão batido, que nos fins de tarde servia
de diversão para a garotada da população ribeirinha. Hoje no local do antigo
campo, existe uma pequena praça e um campinho melhor (quadra), conforme a
imagem abaixo.

Foto: Coutinho, 2014

Na década de 70, mais precisamente em 1974, “ocorreu uma


grande enchente no Bairro Paulo VI, em virtude do alargamento do riacho,
vindo água de todos os lugares “(Dona Amparo)”. “Por ser uma região mais
baixa, recebia muita água de sua própria cabeceira, das ruas do centro da
cidade, e incluindo águas do sangramento do açude grande”.
Segundo o Sr. Francisco: “aqueles que moravam um pouco” mais
afastados tinham de socorrer os outros, pois as águas do riacho tinham
entrado em suas casas levando tudo, e quase afogando as crianças, portanto
passavam a socorrer uns aos outros durante toda à madrugada chuvosa e a
dar abrigos temporários. “Foi a maior enchente já vista pelos os moradores”.
(Dona Preta).
Dona Tereza, ressalta de que “quando as águas baixavam os
moradores mais uma vez retornavam à suas casas, ou seja, as casas que
ainda se encontrava de pé”. E temendo novas enchentes, começaram a aterrar
toda a redondeza das casas deixando-as, mais altas e mais seguras segundo
eles, pois com isso minimizar a entrada da água (Sr. Francisco).
No quadro de evolução da população ribeirinha foram surgindo
casas maiores e melhores, onde começaram se reunir mais próximas uma das
outras e formaram um pequeno bairro a qual deram o nome de bairro Canudo,
nome este que perdura até hoje nos documentos dos mais antigos e registros
de alguns imóveis e documentos.
Como ação do prefeito, o bairro foi calçado, algumas residências
melhoradas e uma praça construída no antigo campinho, a encanação de água
e eletrificação era tudo que faltava para o bairro ficar perfeito e postinho de

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 9/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

saúde construído.

Coutinho, 2014

O bairro hoje se chama Bairro Paulo VI, mas o mais curioso é que
toda população campomaiorense conhece pelo nome de “rabo da gata”:
“fulano mora no rabo da gata”, mas perguntando aos moradores qual o
verdadeiro sentido desse nome eles responderam, que não teve sentido
algum, apenas alguns “moleques”, na época da construção da linha de ferro
escrevia num pontião (ponte feita para o trem passar) que dava acesso ao
bairro, hoje esse mesmo trecho dar acesso a rua Paulo VI ( rua principal,
considerados pelos mais antigos como sendo a rua do “rabo da gata” talvez,
por ser estreita e torta, na percepção da “mulecada”, quem sabe? (Dona
Maria).
Contam ainda, que existe um interesse político em soterrar toda a
região do canudos e construir moradias. “De todo não seria ruim” afirma dona
Lourdes, uma das moradoras antigas. Mas seu Francisco, que convive 66 anos
com os canudos diz: “O melhor mesmo seria construir pontes para dar acesso
as casas do outro lado e cavar um pouco, o riacho, fazer uma limpeza, e
deixá-lo passar livre e sossegado para seu destino.” Ainda, ressalta : “na
minha casa nunca entrou água, mesmo sendo construída muito próximo ao
canudos, mas se entrasse não ficaria com raiva, pois não seria ele o culpado
e sim eu que invadir sua área.”

3. APRESENTAÇOES DE MAPAS MENTAIS DO RIACHO CANUDOS DE


MORADORES DO BAIRRO PAULO VI- CAMPO MAIOR,PI

A partir da década de 90, os estudos sobre percepção tem


adquirido significado e relevância nas politicas públicas e na implantação de
ações principalmente na comunidade, quando se trata de problema

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 10/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

relacionado ao meio ambiente.


Dentro das várias metodologias os mapas mentais, como
representações simbolizadas da realidade, podem ser um ponto de partida
para as pesquisas, em geral. Desta forma, nesta pesquisa analisou-se os
mapas mentais, para avaliar o nível de percepção ambiental dos moradores do
Bairro Paulo VI.
De acordo com Wood (1992), torna-se importante salientar que, um mapa não
é a realidade e não nos deixa ver coisa nenhuma, mas ele deixa nos saber, o
que outras pessoas viram, acharam ou descobriram. Sob esta perspectiva
salienta que, “mapas são realidades mentais” desenhadas que representa um
fenômeno. E sobre isso Woo (1992), nos diz: “Os detalhes e a complexidade
da realidade são selecionados, simplificados e, em seguida, enfatizados de
uma maneira que eles apenas retratam o que o fazedor do mapa acredita ser
essencial a respeito do espaço referido no mapa”. (WOOD, 1992).
A percepção acontece de forma diferenciada entre cada indivíduo,
pois, cada um, manifesta sua percepção própria, com relação ao espaço, e
seus momentos únicos de vida. Dessa forma o que é percebido e transmitido
sob a forma de um desenho com significados que provoca á sensação de
medo, dor, sentimento de amor, raiva, etc. e essa construção mental, será
expresso em imagens.
Para codificação e análise dos mapas mentais elaborados pelos
entrevistados, foram selecionados algumas representações. Dessa forma foi
feito a categorização das imagens em categorias: Paisagem Natural, Espaço
Intocado, Paisagem Construída, Qualidade de vida Ambiental, Ação Antrópica,
Reducionista, Desastres Naturais.
Vale ressaltar, que os mapas exercem função de tornar visíveis, os
pensamentos sobre uma realidade existencial ou vivenciada, sob uma ótica da
imaginação sentida. Então foi perguntado aos entrevistados: “Quando você
pensa no Riacho CANUDOS, o que vem em sua mente? Desenhe”. E os
desenhos foram surgindo representando no papel, seus sentimentos. A
amostragem foi de 10 moradores, e os mesmos foram escolhidos por serem
os mais antigos morando na região.

Mapa mental 01: Paisagem Natural

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 11/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

Dona, Tereza, 83anos


Nesta imagem os ícones são bem claros quando demonstra o inicio
e a formação da vila ao redor do riacho canudos, bem como a confirmação da
vila Papi, como já mencionada por outros moradores na discursão das falas
anteriormente citadas. Mostra pequenas e poucas casinhas, não representou
nenhum animal, mas demonstrou uma harmonia dos homens com o local.
Casas simples retratando a pobreza dos moradores, era “casas de pau a
pique”, um tipo de estruturas rústica, coberta de palhas. Águas limpas e claras
com coloração em azul simbolizando a existência de um ambiente limpinho.
Observar-se, que as casas foram construídas muito próxima às margens do
riacho.

Mapa Mental 02: Espaço Intocado

Dona. Salu, 82 Anos

Nesta imagem os ícones são todos naturais, sem a interferência do


homem, de forma a se perceber, como o riacho era antes da ação antrópica e
a falta de animais, juga ser um local de calmaria e paz, com serena
tranquilidade.

Mapa mental 03: Paisagem Construída

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 12/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

Irenita, 28 anos

Na categoria paisagem construída, se percebe, uma construção, que


segundo os moradores é um parque de vaquejada construído nas margens do
riacho, há ainda a presença de um campinho de futebol, lixos espalhado,
alguns arbustos, carnaúbas e poucas casinhas simples ao redor, e ainda e
possível a visualização de animais mortos. E como pano de fundo a Serra de
Santo Antônio.

Mapa Mental 04: Qualidade de vida Ambiental

Irenita, 28 anos
A presença da exuberância de animais e o verde do lugar encantam.
A simplicidade das casinhas que se instalavam na região a presença de
garças, símbolo do município de Campo maior, bem como a presença de
inúmeras carnaúbas, ícones muito importante na fauna e flora do município, a
presença de vários peixes, indica que antes era apropriado para a pesca. O
riacho com aguas claras e límpidas.

Mapa mental 05: Ação Antrópica

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 13/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

Irenita, 28 anos
A poluição toma conta do lugar, antes um paraíso intocado e
preservado, hoje um lugar quase sem vida. O riacho quase morrendo, com
águas sujas e a presença de lixo em todos os cantos, mostra ainda a retirada
de sedimentos e a lançamento de lixo, mostrado no carro com a caçamba
(entulhos), fezes humanas a céu aberto, lixo tipo pneus, garrafas, e carcaças
animal. Hoje o riacho como mostrado no desenho, está quase que soterrado,
bem fininho, se constituindo em um córrego, que em muitos dos trechos, a
agua não consegue passar.

Mapa Mental 06: Reducionista

Sr. Vicente, 65 anos

Este mapa mostra um modelo reducionista, uma vez que simbolizou


apena com cores o que sente em relação ao riacho canudos. Verde,
simbolizando o riacho, e ele apresenta-se como nome grafado no lado
esquerdo tdos mapas, o vermelho é a vegetação morrendo, e o amarelado um
pouco ainda de vegetais vivos. A escrita do nome, marca a intenção de deixar
claro onde fica o riacho e de que ele estava falando mentalmente do riacho
canudos.

Mapa Mental 07: Desastres naturais

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 14/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

Dona. Amparo, 68 anos

Este mapa, mostra a enchente ocorrida no passado, e como as casas


ficaram ilhadas. Percebe-se a simplicidades das casas, mostrando que as
mesmas são feitas de palhas, nenhuma presença de animais, apenas alguns
vegetais, dando a entender a impossibilidade de animais vivendo no local
quando as enchentes vinham.

Sr. Silva,67

A enchente ocorrida no passado, isolamento das casas coma s aguas.


Varias as casas, mostrando que o aglomerado que se juntavam perto do
riacho, nenhuma presença de animais, apenas alguns pequenos vegetais.

AGUISA DA CONCLUSÃO

O estudo do desta pesquisa, foi desenvolvido por analise discursiva das


falas dos moradores e analise de mapas mentais, teve caráter exploratório e
bibliográfico, com intuito de se conhecer a trajetória do riacho canudos bem
como a percepção dos moradores que moram em entorno ao riacho.
Ficou claro, que o Bairro Paulo VI, surgiu nas margens do “rio” e
grotescamente falando pode-se dizer que o pequeno córrego deu origem a um
grande Bairro. Ainda ficou constatado a necessidade de se trabalhar a

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 15/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

educação ambiental com os moradores no intuito de minimizar a agonia do


riacho que pede socorro. Notou-se, que a percepção ambiental dos
moradores quando é relacionado o riacho canudos, os desenhos (mapas)
retratam o vivenciados hoje por eles ou o já vivenciado “ontem”, de certa forma
se percebe a existência do conhecimento do que é bom, e do que é ruim.
Entendem, os perigos dos lixos, conhece o que é Educação Ambiental de
forma informal, porque a maioria dos entrevistados não tem nenhuma
escolaridade, “apenas” conhecimentos acumulados ao longo de sua vida
existencial. E importante salientar, de que alguns desenhos são retratados uns
diferenciados dos outros, no sentido de que, quem está mais próximo ao rio,
imagina com maior clareza a poluição e a degradação na imagem mental do
que, quem mora um pouco mais afastado.
Concluiu-se que as enchentes grandiosas eram decorrentes do
desmatamento de suas encostas e a retirada de matérias que também
contribuíram para o estreitamento do riacho, facilitando o alagamento da região
em época de cheia, fatos esses comprovados nos mapas mentais. O rio foi
sendo soterrado, aos poucos a água mal dava pra escorrer, e passava
períodos acumulada que chegavam a variar por meses, semanas e em
decorrência da poluição, não serve para banho, lavar roupa e nem consumir.
Notoriamente, se observou pelos mapas mentais, que a
predominância de uma ecologia profunda, no sentido de dizer que o espaço
natural deverá ser preservado e intocado, foi revelada nos mapas noções de
uma natureza 100% preservada em uns desenhos e natureza, completamente
destruída em outros.
As imagens , assim como a entrevista, foram importantes para se
obtiver as impressões que os moradores do Bairro Paulo VI, tinham acerca do
Riacho Canudos, e com isso a possibilidade para se conhecer as impressões
dos moradores. Dessa forma, ver-se aqui a necessidade de um trabalho
norteado pela educação ambiental, no intuito de talvez não somente de
recuperar o riacho, mas de buscar a construção de uma sensibilidade maior
com relação ao meio ambiente para com o poder publico e toda comunidade
de entorno. Percebendo que o problema ambiental do riacho, não é meu e nem
seu, mas de todos no planeta.
O presente estudo tem-se, como desafio buscar de forma
consistente, alternativas de um fazer educacional seja ele formal ou informal,
que possa abranger as questões ambientais e a busca de diretrizes para uma
política pública de desenvolvimento e conservação dos recursos naturais
devendo pautar-se pelo estabelecimento de uma nova ética, que exija novas
reflexões e ações sobre a dignidade, as contradições, as opressões e as
desigualdades, onde a qualidade de vida seja elemento mediador na relação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 16/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

sociedade-natureza. Este, por sua vez se define como uma proposta de


mapeamento do “rio” canudos, tentando mostrar o que foi o canudos antes e o
que ele é hoje e como produto final a sugere-se a criação de um plano de ação
pedagógica para a agonia do “rio” que seria construído em conjunto com a
comunidade local.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALIER, Joan Martínez. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e


linguagens de
valoração. São Paulo: Contexto, 2007BRASIL. Constituição 1.998.
Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro
de 1988. Brasília: Senado Federal. 1.988.
BERNANDES, J.Q; FERREIRA, F.P.M. A Sociedade e Natureza. In. A
QUESTÃO AMBIENTAL- Diferentes Abordagens. Rio de Janeiro: editora
Bertrand Brasil LTDA,
BARDIN. L. Análise de Conteúdo. Trad. De Luis A. Reto; Augusto Pinheiro.
Lisboa; São Paulo: Edições 70; Livraria Martins Fontes, 1977.
BRASIL .Programa Nacional de Educação Ambiental. Brasília: Congresso
Nacional, 2003.
OLIVEIRA, Nilza Aparecida da S. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EA
PERCEPÇÃO FENOMENOLÓGICA, ATRAVÉS DE MAPAS MENTAIS.
REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental, v. 16,
2012.
VASCO, A. P.; ZAKRZEVSKI, SBB. O estado da arte das pesquisas sobre
percepção ambiental no Brasil. Revista perspectiva, v. 34, n. 125, p. 17-28,
2010.
CURRIER. Karen L. Meio Ambiente: interdisciplinaridade na prática. IN: eixo
norteador: Eu + meio ambiental. Campinas, SP: Papirus, 1998. Coleção
Papirus Educação.
DIEGUES. A.C.S.O Mito da Natureza Intocado.São Paulo. Ed. Hucitec, 2005.
FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1975.
GUIMARAES, S. T DE L. Percepção, interpretação e educação ambiental: um
olhar geográfico. São Paulo/SP: Território & Cidadania. vol. III, n.1, 2003.
Disponível em:
<http://www.rc.unesp.br/igce/ planejamento/territorioecidadania>. Acesso em:
21 janeiro. 2014.
OLIVEIRA, N. A. S. A Educação Ambiental e a percepção fenomenológica,
através de mapas mentais. Revista eletrônica do Mestrado em Educação

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 17/18
24/7/2014 [Artigo] - Educação Ambiental em Ação

Ambiental – UFGRS, v.16, jan-jun/2006.


REIGOTA, M. O estado da arte da pesquisa em Educação Ambiental no Brasil.
Pesquisa em Educação Ambiental, vol.2, nº1, p. 33-66, 2007
SATO, M. Apaixonadamente Pesquisadora em Educação Ambiental. In:
Sato, M. (Org.). Sentidos Pantaneiros: Movimentos do Projeto Mimoso. Cuiabá,
MT: KCM Editora, 2002, p. 36 –57.
KOZEL, T. S. - Das imagens às linguagens do geográfico: Curitiba, a
“capital ecológica”. São Paulo, 2001. Tese de Doutorado-Departamento de
Geografia da Universidade de São Paulo.
WOOD, Denis. The power of maps. New York: Guildford Press, 1992.

LEFF. E. Racionalidade Ambiental e Diálogo de Saberes 34(3): 17-24, set/dez


2009
LEFF. E. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade,
poder. Petropolis: vozes. 2011.
________As aventuras da epistemologia ambiental: da articulação das
ciências ao dialogo dos saberes. Cortez, São Paulo, 2012.
________. Racionalidade ambiental: a reapropriação social da natureza. Rio
de janeiro. Civilização Brasileira, 2013.
MORIN, E. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Brasília:
Cortez; UNESCO, 2001.

Início | Cadastre-se! | Procurar | Apresentação | Artigos | Dicas e Curiosidades


| Reflexão | Dinâmicas | Entrevistas | Arte e ambiente | Divulgação de Eventos | O que
fazer para melhorar o meio ambiente | Sugestões bibliográficas | Educação | Você sabia
que... | Contribuições de Convidados/as | Trabalhos Enviados | Breves Comunicações
| Normas de Publicação | Práticas de Educação Ambiental | Colaboradores antigos

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1808&class=02 18/18

Вам также может понравиться