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Introdução
A origem dos títulos de crédito remonta à Idade Média, no momento em que houve uma
grande expansão do comércio. Desenvolveram-se a partir de um papel que na verdade era
um documento, que representava um instrumento de câmbio
Definição
Cartularidade
Autonomia
Podemos entender a autonomia como sendo a desvinculação do título da obrigação
que a origina, ou seja, todo título de crédito tem origem numa obrigação pecuniária, e
depois de formado, este título fica desvinculado desta obrigação, como uma borboleta que
se desvincula do casulo.
Literalidade
O título de crédito estar devidamente preenchido, explicitando assim, de forma
literal, a obrigação por ele representada. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao
1
Cesare Vivante – Comercialista Italiano – 1855 -1944.
escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico
que lhe deu origem.
O Código Civil em seu art. 887 diz que O título de crédito, documento necessário ao
exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando
preencha os requisitos da lei.
O funcionamento do cartão de crédito pode ser explicado por meio de uma série de
contratos interligados materialmente entre si, embora formalmente separados.
Este último contrato tem os caracteres do de compra e venda (ou do de locação de serviços,
se for o caso), porém com uma particularidade: se para a afiliada há a obrigação de entregar
a coisa, para o titular não há obrigação de entregar o preço, mas tão somente de emissão de
um título pro soluto contra a administradora. O titular não paga diretamente à afiliada;
quem a paga é a administradora. Por isso, nossa
opinião é de que não há propriamente uma compra e venda a crédito a ser paga por um
terceiro, mas uma promessa de fato de terceiro, pelo titular, em vista de uma
contraprestação a ser paga pela afiliada.
Há opiniões em contrário, que enxergam no caso uma compra e venda perfeita. Segundo
estes, o pagamento não é essencial à compra e venda (ou locação de serviços), sendo seu
mero exaurimento, na fase de execução. Destarte, seria indiferente de quem parta o
pagamento. Não entendemos assim. Vemos aí, s.m.j., uma promessa de fato de terceiro, e
não uma compra e venda com seu sinalagma característico.
A afiliada, normalmente, não tem qualquer ação contra o titular. O titular se obriga a pagar
perante a administradora. Só a esta cabe cobrá-lo em caso de inadimplemento.
Contudo, se é rompido o vínculo entre titular e administradora, por qualquer motivo e, não
obstante, o titular contrai uma dívida junto à afiliada, esta deve exigir o pagamento não
mais à administradora, mas ao titular, opondo-lhe o cancelamento do vínculo entre este e
aquela.
O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer declaração com
esse sentido.
O pagamento do cheque pode ser garantido, por aval prestado por terceiro, exceto o
sacado, ou mesmo por signatário do título e desde a entrada em vigor do Código Civil
somente pode ser total.
Do cheque cruzado
O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa
de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o
emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de
ter, em razão de fato que não lhe seja imputável.
O obrigado contra o qual se promova execução, ou que a esta esteja sujeito, pode
exigir, contra pagamento, a entrega do cheque, com o instrumento de protesto ou da
declaração equivalente e a conta de juros e despesas quitada.
Da prescrição
Caso o portador não execute o devedor do cheque no prazo acima descrito, poderá
ainda lançar mão de ação monitória nos termos da Lei 9.079/95 que introduziu os artigos
1102 a, b e c no Código de Processo Civil.
Destaque-se que em qualquer dos casos, o credor deve ter a negativa do banco em
relação ao depósito, pois sem esta negativa entende-se que o credor deixou de exercer seu
direito de crédito.
Letras de Câmbio
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, à vista ou a prazo, sendo emitida
pelo sacador contra o sacado, devendo o último efetuar o pagamento ao beneficiário da
quantia nela especificada, desta forma possui uma relação jurídica triangular.
Características gerais
A letra pode ser pagável no domicílio de terceiro, quer na localidade onde o sacado
tem o seu domicílio, quer noutra localidade.
Numa letra pagável a vista ou a um certo termo de vista, pode o sacador estipular
que a sua importância vencerá juros. Em qualquer outra espécie de letra, a estipulação de
juros será considerada como não escrita. A taxa de juros deve ser indicada na letra; na falta
de indicação, a cláusula de juros é considerada como não escrita e os juros contam-se da
data da letra, se outra data não for indicada.
Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por mais de uma vez,
quer por extenso, quer em algarismos, e houver divergências entre as diversas indicações,
prevalecerá a que se achar feita pela quantia inferior.
Todo aquele que opuser a sua assinatura numa letra, como representante de uma
pessoa, para representar a qual não tinha de fato poderes, fica obrigado em virtude da letra
e, se a pagar, tem os mesmos direitos que o preenchido representado. A mesma regra se
aplica ao representante que tenha excedido os seus poderes.
O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do sacador,
ou de qualquer outro coobrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra.
O endosso deve ser puro e simples e qualquer condição a que ele seja subordinado
considera-se como não escrita, bem como o endosso parcial é considerado nulo.
Do aceite
Do aval
O art. 30 do Decreto 57.663/66 admitia o que o pagamento de uma letra poderia ser
no todo ou em parte, garantido por aval, entretanto o parágrafo único do art. 897 do Código
Civil veda o aval parcial, assim todas as letras emitidas depois do novo diploma civil não
contemplam aval parcial.
O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada e
sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por
qualquer razão que não seja um vício de forma.
Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra
contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em
virtude da letra.
Uma letra pode ser sacada: à vista; a um certo termo de vista; a um certo termo de
data; pagável num dia fixado.
A letra à vista é pagável à apresentação. Deve ser apresentada a pagamento dentro
do prazo de 01 (um) ano, a contar da sua data de emissão. O sacador pode reduzir este
prazo ou estipular um outro mais longo e estes prazos podem ser encurtados pelos
endossantes.
O sacador pode estipular que uma letra pagável à vista não deverá ser apresentada a
pagamento antes de certa data. Nesse caso, o prazo para a apresentação conta-se dessa data.
O vencimento de uma letra a certo termo de vista determina-se, quer pela data do
aceite, quer pela do protesto. Na falta de protesto, o aceite não datado entende-se, no que
respeita ao aceitante, como tendo sido dado no último dia do prazo para a apresentação ao
aceite.
O vencimento de uma letra sacada a 01 (um) ou mais meses de data ou de vista será
na data correspondente do mês em que o pagamento se deve efetuar. Na falta de data
correspondente, o vencimento será no último dia desse mês. Quando a letra é sacada a 01
(um) ou mais meses e meio de data ou de vista, contam-se primeiro os meses inteiros.
Se o vencimento for fixado para o princípio, meado ou fim do mês entende-se que a
letra será vencível no primeiro, no dia 15 (quinze), ou no último dia desse mês.
As expressões oito dias ou quinze dias entendem-se não como 01 (uma) ou 02
(duas) semanas, mas como um prazo de 08 (oito) ou 15 (quinze) dias efetivos. A expressão
meio mês indica um prazo de 15 (quinze) dias.
Quando uma letra sacada entre 02 (duas) praças que em calendários diferentes é
pagável a certo termo de vista, o dia da emissão é referido ao dia correspondente do
calendário do lugar de pagamento, para o efeito da determinação da data do vencimento e a
apresentação das letras deve seguir as mesmas regras. Estas regras não se aplicam se uma
cláusula da letra, ou até o simples enunciado do título, indicar que houve intenção de adotar
regras diferentes.
O portador de uma letra pagável em dia fixo ou a certo termo de data ou de vista
deve apresentá-la a pagamento no dia em que ela é pagável ou num dos 02 (dois) dias úteis
seguintes.
O sacado que paga uma letra pode exigir que ela lhe seja entregue com a respectiva
quitação, e o portador não pode recusar qualquer pagamento parcial.
No caso de pagamento parcial, o sacado pode exigir que desse pagamento se faça
menção na letra e que dele lhe seja dada quitação.
O portador de uma letra não pode ser obrigado a receber o pagamento dela antes do
vencimento, e sacado que paga uma letra antes do vencimento realiza sob sua
responsabilidade.
Aquele que paga uma letra no vencimento fica validamente desobrigado, salvo se da
sua parte tiver havido fraude ou falta grave. É obrigado a verificar a regularidade da
sucessão dos endossos, mas, não a assinatura dos endossantes.
Se a letra não for apresentada a pagamento dentro de dois dias do vencimento,
qualquer devedor tem a faculdade de depositar a sua importância junto à autoridade
competente, à custa do portador e sob a responsabilidade deste.
O portador de uma letra pode exercer os seus direitos de ação contra os endossantes,
sacador e outros coobrigados, no vencimento, se o pagamento não foi efetuado ou mesmo
antes do vencimento:
Qualquer dos coobrigados, contra o qual se intentou ou pode ser intentada uma
ação, pode exigir, desde que pague a letra, que ela lhe seja entregue com o protesto e um
recibo.
Qualquer dos endossantes que tenha pago uma letra pode riscar o seu endosso e os
dos endossantes subseqüentes.
Da prescrição
A letra de câmbio como qualquer título tem prazo prescricional de validade, e contra
o devedor principal (sacado) e seus avalistas o prazo será de 03 (três) anos a contar do
vencimento, e contra os endossantes e seus avalistas o prazo é de um ano a contar da data
do protesto do título.
Neste caso, o título deve ser levado a protesto no máximo em dois dias após o seu
vencimento.
As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador prescrevem em 06
(seis) meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi
acionado
As obrigações cambiais são autônomas e independentes umas das outras. O
signatário da declaração cambial fica, por ela, vinculado e solidariamente responsável pelo
aceite e pelo pagamento da letra, sem embargo da falsidade, da falsificação ou da nulidade
de qualquer outra assinatura.
A interrupção da prescrição só produz efeito em relação à pessoa para quem a
interrupção foi feita.
Nota promissória
A nota promissória é regida pelas mesmas regras das letras de câmbio e é uma
promessa de pagamento feita pelo devedor em favor do credor e deve conter os seguintes
requisitos essenciais, lançados, por extenso, no contexto:
Presume-se ter o portador, o mandato para inserir a data e lugar da emissão da nota
promissória, que não contiver estes requisitos.
Será pagável à vista a nota promissória que não indicar a época do vencimento. Será
pagável no domicílio do emitente a nota promissória que não indicar o lugar do pagamento.
É facultada a indicação alternativa de lugar de pagamento, tendo o portador direito de
opção.
Diversificando as indicações da soma de dinheiro, será considerada verdadeira a que
se achar lançada por extenso no contexto e diversificando no contexto as indicações da
soma de dinheiro, o título não será considerado nota promissória.
Não será considerada nota promissória o escrito ao qual faltar qualquer dos
requisitos acima enumerados. Os requisitos essenciais são considerados lançados ao tempo
da emissão da nota promissória. No caso de má-fé do portador, será admitida prova em
contrário.
São aplicáveis às Notas Promissórias, na parte em que não sejam contrárias à
natureza deste título, todas as disposições relativas às letras de câmbio.
O subscritor de uma Nota Promissória é responsável da mesma forma que o
aceitante de uma letra de câmbio.
O prazo prescricional da nota promissória é idêntico ao das letras, ou seja, contra o
devedor principal (sacado) e seus avalistas o prazo será de 03 (três) anos a contar do
vencimento, e contra os endossantes e seus avalistas o prazo é de um ano a contar da data
do protesto do título. Neste caso, o título deve ser levado a protesto no máximo em dois
dias após o seu vencimento.
As ações dos endossantes uns contra os outros prescrevem em 06 (seis) meses a
contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado.
Duplicatas
A duplicata é um título causal e pode ser emitida toda vez que houver a emissão de
uma nota fiscal fatura de compra e venda de produtos, ou de prestação de serviços.
No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação
como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para
documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador.
A duplicata deve contar os seguintes dados:
Destaque-se que uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura.
Nos casos de venda para pagamento em parcelas, poderá ser emitida duplicata
única, em que se discriminarão todas as prestações e seus vencimentos, ou série de
duplicatas, uma para cada prestação distinguindo-se a numeração a que se refere a aliena a,
pelo acréscimo de letra do alfabeto, em seqüência.
A duplicata indicará sempre o valor total da fatura, ainda que o comprador tenha
direito a qualquer abate, mencionando o vendedor o valor líquido que o comprador deverá
reconhecer como obrigação de pagar.
Não se incluirão no valor total da duplicata os abatimentos de preços das
mercadorias feitas pelo vendedor até o ato do faturamento, desde que constem da fatura.
Do aceite
Como não é o próprio devedor quem emite o título à duplicata, necessita do
reconhecimento expresso da dívida por parte do comprador, que é feito por intermédio do
seu aceite na duplicata, mediante a assinatura do mesmo.
A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao
apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da data de sua apresentação,
devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da
falta do aceite.
Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o sacado
poderá reter a duplicata em seu poder até a data do vencimento, desde que comunique, por
escrito, à apresentante o aceite e a retenção.
Quanto ocorrer a situação acima a comunicação substituirá, quando necessário, no
ato do protesto ou na execução judicial, a duplicata a que se refere.
O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:
Do protesto
A duplicata é protestável por falta de aceite, de devolução ou pagamento. Por falta
de aceite, de devolução ou de pagamento, o protesto será tirado, conforme o caso, mediante
apresentação da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples indicações do portador, na
falta de devolução do título.
O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite
ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento.
O protesto para ser válido, será tirado na praça de pagamento constante do título.
O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo
de 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra
os endossantes e respectivos avalistas.
Da prescrição
A pretensão à execução da duplicata prescreve:
2
Art 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o
processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de
Processo Civil,quando se tratar:
l - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;
II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente:
a) haja sido protestada; b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega
e recebimento da mercadoria; e c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no
prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei.
§ 1º - Contra o sacador, os endossantes e respectivos avalistas caberá o processo de
execução referido neste artigo, quaisquer que sejam a forma e as condições do protesto.
§ 2º - Processar-se-á também da mesma maneira a execução de duplicata ou triplicata não
aceita e não devolvida, desde que haja sido protestada mediante indicações do credor ou do
apresentante do título, nos termos do art. 14, preenchidas as condições do inciso II deste artigo.
Os Registros de Duplicatas, que não poderão conter emendas, borrões, rasuras ou
entrelinhas, deverão ser conservados nos próprios estabelecimentos.