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PÓS-GRADUAÇÃO

AGRONEGÓCIO

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS
FUTUROS

COMERCIALIZAÇÃO
NO AGRONEGÓCIO
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Acadêmico: Claudio Ferdinandi
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão: Flávio Bortolozzi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR



CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
a distância:
C397 Comercialização no agronegócio/ Bianca Burdini Mazzei,
Julyerme Matheus Tonin, Alexandre Florindo Alves - Maringá
- PR, 2009.
185 p.

“Curso de Pós-Graduação em Agronegócio - EaD”.


Conteúdo: Organizações associativistas e agronegócio.
Principais commodities agrícolas. Comercialização e mercados
futuros.

1. Agronegócio. 2. Commodities agrícolas. 3. Comercialização.


4. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 338.1


CIP - NBR 12899 - AACR/2

“As imagens utilizadas nesta apostila foram obtidas a partir dos sites contratados através da empresa LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ.
Animation Factory; Purestockx; Photoobjects; Clipart e Ablestock”.
COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS
FUTUROS
Professor Dr. Alexandre Florindo Alves
SUMÁRIO

UNIDADE I

COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA: CONCEITOS E APLICAÇÕES

COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS...................................................... 10

OS MERCADOS E A DETERMINAÇÃO DE PREÇOS...........................................................................................13

UNIDADE II

MERCADOS FUTUROS DE COMMODITIES AGROPECUÁRIAS

RISCOS.................................................................................................................................................................. 25

MERCADOS FUTUROS........................................................................................................................................ 27

FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS FUTUROS . ............................................................................................ 29

UNIDADE III

MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES AGROPECUÁRIAS

A QUESTÃO DA BASE ......................................................................................................................................... 43

CUSTOS DA OPERAÇÃO..................................................................................................................................... 45

OPÇÕES EM MERCADOS FUTUROS AGROPECUÁRIOS................................................................................. 52

REFERÊNCIAS...................................................................................................................................................... 57
UNIDADE I

COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA: CONCEITOS E APLICAÇÕES


Professor Dr. Alexandre Florindo Alves

Objetivos de Aprendizagem
• Estudar as principais características relativas à produção e consumo dos produtos agrícolas.
• Entender os conceitos, as implicações e as formas de estudo da Comercialização Agrícola.

Plano de Estudo
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Definição de Comercialização Agrícola.


• Estudos dos mercados, inclusive mercados organizados.
• Análise da eficiência da comercialização.
INTRODUÇÃO
Fonte: LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ

Você ao certo já deve ter ouvido um produtor dizer “Produzir, eu sei. O


problema é comercializar o produto”. O que nós iremos estudar neste Módulo,
são características importantes de aspectos ligados à comercialização de
produtos agrícolas e agroindustriais, com destaque para os Mercados
Futuros. Um primeiro ponto a destacar, e cuja verificação depende de
seus conhecimentos da graduação, bem como de outros Módulos da
especialização, é que muitas vezes o produtor se depara com problemas
de venda de seus produtos em função da falta de um Plano de Negócios.
Veja um exemplo: alguém que investe no plantio de café (ou de qualquer
outra cultura) quando os preços estão altos está correto ao reclamar de
preços baixos alguns anos à frente quando for vender a sua produção?

Nesse sentido iremos trabalhar, ao longo de três Unidades, a definição e


Faça uma mini pesquisa, com alguns
as principais características do processo de comercialização, a questão do
produtores, perguntando quais os
principais problemas que ele enfren- preço, risco de preço e sua gestão e como as políticas agrícolas influenciam
ta. O resultado deverá ser comparado os processos de comercialização e nos preços.
aos seus conhecimentos sobre co-
mercialização ao final do módulo e Finalizando esta parte introdutória, certa vez um aluno encaminhou a
poderá indicar necessidades de atu-
seguinte pergunta: “Para uma boa comercialização e uma tomada de
ação na sua região.
decisão com maior probabilidade de sucesso [...], observaria quais passos?”
Eu disse a ele que a resposta é complexa. Exige ESPECIALIZAÇÃO, no
sentido de conhecer aspectos específicos da comercialização, mas que
Procure um viveirista em sua região
e verifique se existe correlação (não
não pode ser isolado do conhecimento de cadeias produtivas, do mercado
necessariamente estatística) entre (estudo da evolução - passado, do presente e estudos prospectivos) e do
preços do produto e a venda das planejamento da atividade (Plano de Negócio).
respectivas mudas.
Um comentário a respeito das fontes. Os materiais básicos são Barros
(2007) e Marques; Aguiar (1993) para a parte da Comercialização Agrícola
e Marques; Mello; Martines Filho (2008) para a parte dos Mercados Futuros.
Recomendo aos alunos a consulta a essas obras. Dessa forma, damos
o devido crédito aos autores, pois, por se tratar de um material de aula,
e não de uma publicação, optamos por não sobrecarregar o texto com
referências. Várias obras complementares importantes são citadas ao final
do material.

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 9


COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS E
Quais os produtos mais importantes
de sua região?
AGROINDUSTRIAIS

Em primeiro lugar, é importante deixar claro que quando nos referimos


a comercialização agrícola, estamos pensando numa gama muito maior
de produtos do que simplesmente os derivados da produção agrícola
num sentido estrito. Neste módulo, os conceitos se aplicam igualmente a
produtos das atividades pecuárias, de aqüicultura e pesca, silvicultura, bem
como dos produtos de seus processamentos.

Voltando aos aspectos conceituais, uma primeira pergunta: para quê


é interessante conhecer os mercados? Perceba que as possibilidades
dependem do “ponto de vista”, no sentido de que os conceitos são
aplicáveis por profissionais que irão atuar em diferentes instâncias, como
empresas do agronegócio, setor público, terceiro setor e assim por diante.
É importante conhecer os mercados para atuar, por exemplo, em:
– Projetos privados;

– Melhoria da eficiência do mercado;

– Melhoria da eficiência da empresa atuante no mercado.

A Comercialização Agrícola
Fonte: LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ

é definida como uma série


de funções ou atividades de
transformação e adição de
utilidade onde bens e serviços
são transferidos dos produtores
aos consumidores

Quem são produtores e


consumidores quando se pensa em
cadeia produtiva? É exatamente
por isso que falamos de produtos
agrícolas e agroindustriais. É

Quais os principais tipos de fluxos


também por isso que os estudos de Comercialização Agrícola guardam
que podem ser observados numa ca- relação estreita com a Análise Sistêmica de cadeias produtivas.
deia produtiva? Onde se encaixam os
aspectos de comercialização quando Tipos de transformações
se pensa em gestão do agronegó-
cio? À quais agentes de uma cadeia Os produtos agrícolas podem sofrer diferentes tipos de alterações,
produtiva podem interessar aspectos
geralmente combinadas:
de comercialização?
– Alteração de posse: transferência de propriedade entre os agentes que

10 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


operam entre a produção e o consumo final;

– Alteração de forma: emprego de recursos produtivos para “colocar” o


produto em condições de ser consumido;

– Alteração temporal: estocagem e armazenamento para consumo fora


da época da safra;

– Alteração espacial: transporte do local de produção ao de consumo.

O caminho percorrido, ou seja, por onde passa o produto durante a


comercialização, recebe o nome de Canal de Distribuição que é o “conjunto
de organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o
produto ou serviço da empresa disponível para consumo ou uso”. Envolve,
portanto:
– Intermediação na troca de commodities: redução no número de transa-
ções.

– Ajuste de discrepâncias: padronização; formação de lotes.

– Contato (antes, durante e depois da venda).

– Especialização em atividades.

– Alta relação com estudos de cadeias produtivas (e da estrutura do mer-


cado).

Anteriormente falamos de mercado. Formalmente, é definido como o “local”


onde operam as forças de oferta e demanda e ocorrem as transferências
de bens e serviços. Obviamente se trata de uma abstração. Basta pensar
“onde está o mercado de boi? E o de soja? E o de lã? Sisal? Teca?...”

A delimitação pode ser feita de várias formas:


– Por região: interno X externo; local ou regional X nacional;

– Por produto: substitutos próximos;

– Influência dos preços dos substitutos:

Definido o que é mercado, é possível compreender que existem diferentes


níveis de mercado:
– Produtor: onde os produtores oferecem a produção aos intermediários
(geralmente atacadistas);

– Atacado: onde ocorrem transações entre atacadistas e varejistas.


Geralmente os atacadistas são especializados em alguns produtos, o
que permite maior controle sobre informações relevantes;

– Varejo: geralmente trabalha com maior número de produtos. Está em

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 11


contato direto com o consumidor final.

Os níveis de mercado dão origem às fases da comercialização:

– Concentração ou convergência: reunião da produção de agentes “a-


tomizados” ou “pulverizados”;

– “Balanceamento da oferta e demanda no atacado": podendo haver es-


tocagem e alteração de forma;

– Dispersão em lotes cada vez menores, até a chegada ao consumidor


final.

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co

O conhecimento das fases é importante, entre outras coisas, pois tem


relação com a determinação de preço, o que pode ser verificado, por
exemplo, pelo uso de conhecimentos da organização industrial, como
concentração, custos de transação etc. A abordagem destes itens não
faz parte dos objetivos deste curso, mas o leitor que quiser buscar mais
detalhes pode consultar obras como Pinho; Vasconcelos (2003) e Kupfer;
Hasenclever (2002).

12 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


OS MERCADOS E A DETERMINAÇÃO DE PREÇOS
Fonte: LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ

A discussão em relação aos mercados leva à consideração de


que existem diferentes formas de organização e de postura dos
agentes que influenciam a determinação de preços.

i) Negociação individual: para o produtor, essa opção está


associada a problemas de assimetria de informação, custo e
tempo para o levantamento de informações, exposição ao risco.
Esses problemas decorrem do fato de que quem tem mais informação está
em melhores condições de negociação.

ii) Ainda em relação aos mercados, há um tipo particular que interessa


bastante aos agentes do agronegócio. São os mercados organizados. A
seguir, dois tipos deles. A discussão sobre as bolsas está mais sucinta pois
iremos verificar alguns aspectos novamente quando estivermos falando
sobre os mercados futuros.

a) Bolsas de mercadorias:
– Regras específicas e conhecidas;

– Preços e volumes são conhecidos;

– Padrões dos produtos são conhecidos.

Condições para o bom funcionamento:


– Grande número de transações;

– Produto de qualidade facilmente identificável;

– Não possibilidade de manipulação;

– Informação acessível a todos os participantes;

– O governo não pode ser o principal ator na determinação de preços.

b) Leilões

São instituições de mercado, com um explícito conjunto de regras que


determina a alocação de recursos e preços a partir de ofertas (lances)
provenientes dos participantes desse mercado.

É um canal de distribuição, definido como o espaço físico (ou não) onde se


reúnem vendedores e compradores de bens ofertados publicamente, tendo
como intermediário um agente (leiloeiro) que formaliza a transferência de
propriedade do bem.

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 13


Tipos de leilão:
Que tipos de leilão são usados em
- Leilão inglês: lances sucessivos de oferta de valores crescentes até o
sua região? Explique o “ou não” do
lance mais alto (comprador).
parágrafo acima.
– Método muito utilizado, tanto pelo meio convencional quanto eletrônico
(quanto misto).

– Há possibilidade de salvaguarda (preço mínimo) para o bem, isto é, não


Para visualizar o leilão do tipo holan- há negociação se não atinge esse patamar.
dês, utilize um mecanismo de busca – Código de lances variável.
eletrônica e entre com as palavras
“veiling” e “holambra”. Qual o tempo - Leilão holandês: o leiloeiro estipula um preço máximo, a partir do qual
médio de negociação de um lote um mostrador começa a apontar decréscimos de preço até que alguém
neste sistema? (Antes de procurar, oferte o primeiro lance (comprador).
faça uma estimativa do tipo “vamos
- Leilão fechado de primeiro preço: lance mais alto é o vencedor.
ver quem chega mais próximo” com
seus colegas de turma). - Leilão fechado de segundo preço: lance mais alto é o vencedor, mas
o valor a ser pago é determinado pelo segundo lance.

c) Cooperativas: produtores organizados para aumentar o poder de


barganha (tanto na venda de produtos quanto na aquisição de insumos).
Há também a possibilidade de adição de valor aos produtos em função do
beneficiamento.

Formas de estudo da Comercialização Agrícola

Envolve descrever a realidade, procurando analisá-la e entendê-la.


• Forma funcional: estuda as atividades especializadas. Enfoque no tra-
balho a ser desenvolvido, e não no agente:

- Troca de posse.

- Funções físicas: manuseio; movimentação.

- Funções auxiliares (facilitadoras): seguro; crédito.

• Análise da estrutura do mercado.

• Análise por produto: quando os produtos têm características pecu-


liares:

- Condições de oferta e demanda; canais de comercialização.

• Análise da cadeia produtiva (relação com estrutura do mercado).

Margens de comercialização

Quando se pensa nos custos de comercialização, inclui-se as despesas


para colocar o produto à disposição do consumidor, como salários,
aluguéis, impostos, depreciação etc. Ocorre que a mensuração destes

14 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


custos é difícil, pois envolve o levantamento sistemático de todas as
Reflita. atividades desenvolvidas por cada um dos agentes envolvidos no processo
de comercialização.
Faz sentido falar em Margem (absolu-
ta ou relativa) do produtor agrícola?
Uma alternativa é calcular a margem de comercialização, que é a diferença
no preço do produto nos diversos níveis de mercado, expressa em unidades
equivalentes (que devem considerar os coeficientes de transformação e as
perdas de comercialização), ajustadas para as mesmas unidades do nível
inferior. A principal função da margem é avaliar o desempenho do mercado,
através de sua evolução. A margem (M) contém os custos (C) e os lucros
(L) associados ao processo.

M=C+L

Uma observação importante: a expressão acima não é uma fórmula para o


cálculo da margem, e sim uma forma de mostrar que ela contempla C e L.

Utiliza-se o conceito de unidade equivalente em função da necessidade


de comparar quantidades e preços de produtos em níveis de mercado
diferentes. Corresponde ao produto em qualquer nível de mercado expresso
em termos do seu equivalente na forma bruta. Vejamos um exemplo:
admitindo que com 10 l de leite se produz 1 kg de queijo. Se o preço do
queijo for R$ 6,50/kg e o do leite R$ 0,40/l, qual o valor equivalente, na
fazenda, de 1 kg de queijo? A resposta é direta: R$ 4,00.

As especificações das margens são mostradas a seguir, considerando os


Preços Pagos ao Produtor (Pp), Preços Pagos ao Atacadista (Pa) e Preços
Pagos ao Varejista (Pv). A Margem Total (MT) é definida como:

MT = Pv – Pp

A Margem Total Relativa (MT’) é dada por:

MT’ = (Pv – Pp)/Pv

As demais margens seguem o mesmo padrão. Por exemplo, a Margem


Relativa do Varejista é dada por:

MV’ = (Pv – Pa)/Pv

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 15


Margens de comercialização: exemplo

Fabricação de leite em pó, com manteiga como subproduto.


– 11,00 l de leite: 1,00 kg de leite em pó

0,503 g de manteiga

– Preço do leite $ 0,35/l

– Valor do leite em pó no varejo $ 10,00/kg

– Valores correspondentes na indústria

q p valores %

leite pó 1,00 8,00 8,00 73


manteiga 0,503 6,00 3,02 27
11,02

O valor da manteiga é descontado proporcionalmente do leite comprado ao


produtor, ou seja, o valor pago ao produtor, correspondente ao leite em pó,
é $ 0,35 * 0,73 = $ 0,26/l

Margem de comercialização

– Absoluta: 10,00 - (0,26*11) = 7,19

– Relativa: 71,9%

As Figuras a seguir apresentam dados reais de margens calculadas para uva


fina de mesa no estado do Paraná . Na primeira aparecem a participação
do produtor e a margem total. Verifique que, ao longo do tempo, a primeira
tem ficado cada vez menor.

16 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


Figura 1. Evolução da participação do produtor e da margem total de
comercialização da uva fina de mesa no Paraná, junho1998 a julho 2008

Participação do produtor Margem Total

70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00

jul/98

jul/99

jul/00

jul/01

jul/02

jul/03

jul/04

jul/05

jul/06

jul/07
Fonte: (CARRER; ALVES, 2008)

Na Figura 2 são mostradas as margens do atacadista e do varejista. Observe


que ao longo do tempo há um aumento das margens dos varejistas, em
detrimento das margens dos atacadistas, um reflexo do poder de mercado
dos primeiros.

Figura 2. Evolução das margens relativas de comercialização do atacadista


e do varejista de uva fina de mesa no Paraná, julho 1998 a junho 2008

Margem do Atacadista Margem do Varejista

60,00

50,00
40,00

30,00
20,00
10,00
0,00
jul/98

jul/99

jul/00

jul/01

jul/02

jul/03

jul/04

jul/05

jul/06

jul/07

Fonte: (CARRER; ALVES, 2008)

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 17


ATIVIDADE DE AUTO-ESTUDO

A cada kg de peso vivo corresponde 0,550 kg de carne bovina congelada e


0,343 kg de subprodutos (sangue, couro, vísceras etc.) em média. O valor
do peso vivo é de R$ 1,30/kg. O preço da carne congelada é de R$ 2,70/kg
e dos subprodutos, de forma “agregada”, de R$0,80/kg. O preço da carne
no varejo é R$ 4,10.
a) Quais os valores da margem de comercialização?

b) Comente a diferença do valor da margem de comercialização consi-


derando e não considerando os subprodutos.

Limitações das análises das margens

A principal função da margem é a avaliação do desempenho do mercado


através de sua evolução. Exemplos:
– Produtos idênticos: maior competição e menor margem;

– Maior processamento: maior margem;

– Maior risco: maior margem;

– Mudança tecnológica: pode aumentar (maior processamento) ou di-


minuir (menores custos) a margem;

– Alterações na demanda (exigência de maior processamento): maior


margem.

Composição das margens

A prática de determinação do preço está relacionada à influência do preço


pago ao produtor sobre o preço pago pelo consumidor. Tipos dessas
práticas:
a) Métodos sistemáticos

a.1) Margem absoluta fixa

M = a (= constante)

Pv = Pp + M = Pp + a
(1)

a.2) Margem percentual fixa

Pv = Pp + M = Pp + bPp = Pp (1 + b)
(2)

18 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


a.3) Combinação de absoluta e percentual fixa

M = a + bP

Pv = Pp + a + bPp = a + (1+b) Pp

Pv = β0 + β1Pp
(3)

Para saber qual o método utilizado, ajusta-se (3) econometricamente e


verifica-se se os parâmetros são estatisticamente diferentes de zero.

b) Métodos não sistemáticos

O intermediário não obedece nenhuma política definida de determinação


de preços.

Preços em diferentes níveis de mercado

É sabido que variações de preços em certos níveis de mercado podem


afetar preços e quantidades consumidas em outros níveis. A verificação
disso é feita com o uso da Elasticidade de Transmissão de Preços.

Elasticidade de Transmissão de Preços: relação entre variações


proporcionais de preços entre dois níveis de mercado. Por exemplo, as
variações no Pv decorrentes de variações no Pp são verificadas através
da expressão:

Evp = d Pv Pp
d Pp Pv
Normalmente, Evp > 0.

Se as variações nos preços são transmitidas entre os mercados, é possível


verificar os efeitos de variações nos preços ao produtor sobre o consumo
final.

Pv = a + (1+b ) Pp
q  q .  Pv
=
 Pp  Pv  Pp

Multiplicando ambos os lados por Pp, dividindo-os por q e multiplicando e


dividindo o lado direito por Pv tem-se:

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 19


 q . Pp  q .  Pv . Pp . Pv
=
 Pp q  Pv  Pp q Pv

 q . Pp
 Pp q
=
(  q . Pv
 Pv q ) ( .  Pv . Pp
 Pp Pv )
p = v . E vp

Para comparar as elasticidades ao produtor e ao varejo, parte-se da


expressão (4). Sabendo, da expressão (3), que:

(1 + b) Pp = Pv – a

A expressão (4) pode ser reescrita como:

Evp = (1 + b) Pp/Pv

Evp = (Pv – a)/Pv (7)

Usando as expressões (6) e (7), pode-se montar o quadro abaixo com


as relações entre as elasticidades-preço da demanda ao produtor e ao
varejo.

Valor de a Evp >0 pX v

0 1
>0 <1
<0 >1
Verifique que se a > 0, a elasticidade ao produtor é menor que ao varejo.
Isso implica que se a quantidade ofertada do produto agrícola diminuir, o
preço do produto no varejo aumenta mais que o preço para o produtor.

Características dos produtos, da produção agrícola e do consumo de


produtos agrícolas

i) Produtos:
– São produzidos na forma bruta: a maioria dos produtos agrícolas tem
que ser processada antes de chegar ao consumidor final;

– Perecibilidade: todos os produtos são, em maior ou menor grau,


perecíveis. Quanto mais perecível, mais rápida deve ser a comercia-
lização e maiores os custos de armazenamento;

– Volume: a relação volume/valor encarece os custos de transporte.

20 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


ii) Produção
Qual o produto mais perecível e qual
– Variabilidade da produção anual (risco de produção): a produção de-
o menos perecível que é produzido
pende de fatores não controláveis ou de difícil controle (clima, pragas,
em sua região? Como isso afeta a
doenças);
produção e a comercialização dos
mesmos? – Sazonalidade: variação ao longo do ano em função das estações e do
ciclo das culturas;

– Distribuição geográfica: ocorre em função das condições edafoclimáti-


cas e das características intrínsecas dos produtos (lembrando que tal
característica muda com o tempo, principalmente em função de desen-
volvimento tecnológico);

– Atomização da produção: grande número de pequenos produtores.


Ocorre principalmente nos alimentos. Acarreta dificuldade nos custos
de recolhimento dos produtos e na formação de lotes (quantidade e
qualidade);

– Variação na qualidade dos produtos: de um período a outro, em função


de clima, pragas e doenças, e também entre produtores;

– Dificuldade de ajustamento entre planejamento e produção: o planeja-


mento da produção é feito bem antes da entrega do produto;

– Estruturas de mercado enfrentadas: alguns produtos agrícolas se apro-


ximam da concorrência perfeita, enquanto os insumos são adquiridos
em mercados mais concentrados.

iii) Características do consumo


– Hábitos alimentares: consumo de alimentos saudáveis, consumo
consciente;

– Produtos X serviços: na verdade o consumidor compra produtos com as


alterações citadas anteriormente. Um exemplo interessante atualmente
é o dos VMPs ;
Faça uma busca no IBGE, especifi- – Mudanças no mercado de trabalho: aumento da participação feminina,
camente na Pesquisa de Orçamentos associado ao aumento do custo de oportunidade do trabalho feminino;
Familiares (POF) e analise a relação
entre consumo e renda com base – Mudanças no “tamanho” das unidades domiciliares;
nos dados da Tabela que mostra a – Relação com preço (elasticidade direta e cruzada): relação com a re-
“Aquisição alimentar domiciliar per ceita total dos produtores;
capita anual, por classes de rendi-
mento monetário e não-monetário – Relação com renda (elasticidade);
mensal familiar, segundo os produtos
– Demanda derivada: a demanda de dado nível de mercado é originada
– Brasil”.
de outro nível (superior).

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 21


UNIDADE II

MERCADOS FUTUROS DE COMMODITIES AGROPECUÁRIAS


Professor Dr. Alexandre Florindo Alves

Objetivos de Aprendizagem
• Estudar as principais características dos Mercados Futuros.
• Compreender os mecanismos de funcionamento dos Mercados Futuros.
• Definição de Mercados Futuros.

Plano de Estudo
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Formas de gestão do risco de preço.


• Mercados Futuros.
• Operação de hedge.
INTRODUÇÃO
Fonte: LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ

Quando se estuda Mercados


Futuros, ou outro assunto novo
qualquer, há uma dificuldade
associada ao fato de que os
conceitos são novidade, assim
como os aspectos operacionais. A
opção que fazemos neste Módulo
é mostrar uma série de conceitos
e aspectos relacionados aos
mercados futuros que permitam
a compreensão de uma operação
com contratos futuros. Portanto, anime-se, pois essa primeira parte exige um
pouco de paciência e de persistência. Depois que trabalharmos o primeiro
exemplo de carregamento, com algumas simplificações, você perceberá
que os conceitos da parte inicial terão sido fundamentais. Daí para frente,
na Unidade III, o que faremos é aproximar nosso conhecimento cada vez
mais à realidade, até chegarmos à situação onde você terá condições de
acompanhar uma situação real de carregamento de um contrato futuro.
Depois disso, teremos condições de fazer o mesmo com os contratos de
opções sobre futuros.

RISCOS

Pode-se dizer que as atividades agropecuárias, e também as agroindustriais,


têm na sua composição de lucros dois tipos básicos de risco.
─ Produção: risco relacionado à (não) obtenção do produto, que é um
dos componentes da receita. A lista de fatores que pode influenciar
nesse aspecto é longa. Como exemplos mais recentes temos Ferrugem
Asiática, Febre Aftosa, “gripe do frango”, fogo em pastagem, amareli-
nho, estiagem etc.

─ Preços: relacionado ao preço do produto (componente da receita para


certos agentes) ou do insumo (componente do custo para outros agen-
tes).

As formas de lidar com estes riscos são diferentes (mas não excludentes),
sendo que poderíamos associar aos primeiros as técnicas de produção.
Nosso objetivo, nesta Unidade, é discutir uma forma particular de gestão
dos riscos de preços. Em geral, pode-se pensar nos seguintes instrumentos

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 25


para lidar com o problema.
─ Contratos a termo: são contratos entre duas partes onde são nego-
ciados preços, quantidades, qualidade e data de entrega e pagamento
de determinada mercadoria. Estes contratos podem ou não envolver
dinheiro.

─ Programas de governo: fazem parte da política agrícola oficial, sendo


a mais conhecida a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).
Existem hoje novos instrumentos à disposição dos agentes do agro-
negócio.

─ Mercados Futuros e de Opções: é o que vamos estudar nesta Uni-


dade.

De volta aos riscos de preços, observe o padrão de comportamento dos


preços da soja em 2002 na região de Maringá (Figura 4). Atente para o fato
de que ele se apresenta como típico para o Centro-Sul do país, com preços
menores na safra e maiores na entressafra.

Figura 4. Comportamento do preço da soja pago ao produtor pela Cocamar


em Maringá no ano de 2002 (valores reais de preços).

250,00

200,00

150,00
US$/t

100,00

50,00
-
ro
to

ro
iro

ho

lho

bro

ro
o

io
lri
r

os

mb
tub
rei

Ma

b
n
Ab
ne

Ju

tem
Ma

em
Ju

Ag
ve

ve
Ja

Ou

z
Fe

Se

No

De

Fonte: Cocamar

Para caminhar em direção à visualização do risco de preços, vamos


chamar de comportamento o caminho que o mesmo segue ao longo do ano
e de patamar o nível dos preços. Observe agora na Figura 5 que tanto os
comportamentos quanto os patamares são diferentes ao longo dos anos. O
que isso quer nos dizer? Que, apesar de conhecermos os comportamentos
típicos, não há elementos para garantir qual será o comportamento num
período futuro.

26 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


Figura 5. Comportamento do preço da soja pago ao produtor pela Cocamar
em Maringá em anos selecionados (valores reais de preços).
300,00

250,00

200,00

150,00

US$/t
100,00

50,00

bro
sto

bro
iro

ro

lho

ro

bro
o

io
ril

nh

rei

mb
Ma
Ab
ne

o
Ju

em
tu

em
Ma

Ju

Ag
ve
Ja

te

Ou

z
Fe

Se

No

De
2.002 2001 1.998 1997

Fonte: Cocamar

Finalmente, observe a Figura 6. Nela é apresentado o padrão sazonal dos


preços de cana-de-açúcar. Essa é a representação mais correta, uma vez
que “isola” os efeitos de ciclo e tendência da série de preços (HOFFMANN,
2006). Os valores extremos são os índices de irregularidade. Na Figura,
é possível verificar que, historicamente, os preços não têm somente
comportamento sistemático, ou seja, variam ao longo do ano, mas com
oscilações em torno do padrão.

Figura 6. Índices sazonais e limites superior e inferior relacionados com os


preços médios atualizados da cana-de-açúcar recebidos pelos produtores
do estado do Paraná, no período de 2000 a 2007

Figura 6. Padrão sazonal do preço da cana-de-açúcar pago ao produtor do


estado de São Paulo, 2002-2006

Fonte: Melo, Esperancini e Silva (2008)

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 27


MERCADOS FUTUROS

Do que vimos até aqui, já é suficiente para desmistificarmos dois aspectos


que são muito comuns. Primeiro: os mercados futuros não são instrumentos
de previsão de preços. São, para os agentes do agronegócio, instrumentos
de gestão de risco de preços (podem ser também instrumentos de
alavancagem, mas este não é foco deste Módulo). Segundo (e
importantíssimo para a compreensão do funcionamento): são mercados
onde são negociados contratos.

Agora podemos iniciar uma lista de definições relativas aos mercados


futuros que irão ser indispensáveis para a compreensão do funcionamento
dos mesmos.

─ Contrato futuro: obrigação, legalmente exigível, de entregar ou receber


determinada quantidade de mercadoria, de qualidade pré-estabelecida,
pelo preço ajustado no pregão.

No início, a função era viabilizar a entrega física de mercadorias. Hoje há


Entre no site de uma bolsa, por exem-
pouca entrega física (menos que 2% dos contratos). A mercadoria é uma
plo a BM&F-Bovespa, faça o down-
load de alguns contratos e leia-os. espécie de referência pois, a rigor, o vendedor de um contrato não precisa
tê-la.

Entre aspectos importantes dos contratos futuros, destacam-se:


• Padronização: qualidade, quantidade, prazo de encerramento. Per-
mitem a negociação sem a “presença” da mercadoria.

• Ponto de entrega: serve como referência para a formação dos


preços.

• Os preços são disseminados imediatamente.

• Sigilo, garantia de cumprimento dos contratos, comissões de arbitra-


gem: é praticamente impossível a manipulação dos resultados.

• Clearing house: mecanismo responsável pelo registro de operações,


controle de posições, compensações de ajustes diários, liquidação dos
negócios e administração das garantias.

Como vantagens dos mercados futuros temos:


─ Proteção contra movimentos desfavoráveis de preços (é esta a principal
característica que estamos interessados e na qual iremos focar nossas
atenções). Um produtor com receio de queda no preço do produto faz
um hedge de venda (fica short). Se o receio de uma exportadora é que
o preço suba, faz um hedge de compra (fica long) e “garante” o preço
de aquisição da matéria-prima;

28 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


─ Contribuem para atenuar a exposição dos produtores às variações sa-
zonais dos preços agrícolas;

─ Atraem capital de risco: os especuladores assumem riscos de preços


em troca de possibilidade de ganhos e com isso dão liquidez aos mer-
cados.

O Preço Futuro é formado em função de informações sobre os mercados e


das expectativas dos agentes. Um exemplo: pegue ou assista a um jornal
(ou via internet) e verifique qual o preço futuro do boi para novembro de
2009. O valor que você encontrar refere-se a uma “visualização” do conjunto
das expectativas dos agentes do mercado, hoje, a respeito de qual seria o
preço do boi no último dia útil de novembro. Porque seria? Porque ninguém
sabe exatamente qual será tal preço. Vamos falar mais disso adiante.

Ainda, sabe-se que existe relação entre os preços futuros e os preços à


vista, mas não é possível estabelecer uma causalidade inequívoca, ou
seja, não dá para dizer quem provoca variações em quem. No entanto,
é fato que, para a praça de formação do preço especificada no contrato,
há convergência, no vencimento, entre os preços físico (spot) e futuro.
Finalmente em relação aos preços futuros, não faz parte dos objetivos deste
Módulo estudar as análises de preços, em função do tempo disponível.

Como se trata de um tipo de mercado organizado, é possível listar alguns


requisitos para bom funcionamento:
Fonte: LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ

─ grande número de vendedores e compradores;

─ não intervenção governamental;

─ produto padronizável (commodity);

─ mercados físicos organizados e funcionais.

- esses aspectos ajudam a garantir, ao mesmo tempo,


liquidez e não manipulação.

Para os agentes do agronegócio, o enfoque principal é o


uso como instrumento de gestão do risco de preço e como
instrumento auxiliar no planejamento das atividades.

FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS FUTUROS

No mercado físico, a operação é concluída porque o


comprador recebe o produto e o vendedor recebe o

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 29


pagamento.
─ Contrato a termo: difere da venda à vista somente quanto ao momento
de entrega. Sempre é liquidado pela entrega da mercadoria. As partes
ficam vinculadas até o prazo de liquidação.

─ Cada transação é independente.

─ Exemplo: soja verde (entre outros vários tipos).

No mercado futuro negocia-se apenas preço e quantidade de contratos


padronizados. Não há necessariamente obrigatoriedade de entrega.
Vejamos alguns aspectos importantes dos mercados futuros.
1. Ajustes diários: pagamentos ou recebimentos em função de variações
diárias nos preços futuros (mais adiante veremos a fórmula de cálcu-
lo);

2. Padronização dos contratos: permite encerrar a operação sem a anuên-


cia da outra parte;

3. Clearing: garante o funcionamento das transações.

Conforme dissemos anteriormente, o número de negócios é um requisito


para o bom funcionamento dos mercados futuros. Na Figura 07 é possível
verificar a evolução dos negócios com contratos agropecuários na BM&F-
BOVESPA.

Figura 07. Total de contratos agropecuários negociados na BM&F-


BOVESPA, de 1991 a 2009. 4

3500000
.95
82
3.2

3000000
0
.89
21

2500000
2.2

2000000
6
.61
91
2

1 .2 0
.98

1500000
.81
48

61
1 .0

1.0
67
70
68
81

67

84
86

1000000
34
81

77
76
74

37
17
66
62

3 .5
55
48
87

26

47
56
79

38

500000
46

28
26
3

7
5

32
26

90
1
82
67

12
95

84
59
14

0
99

08

*
91

92
93

94
95

96
97

98

00
01
02

03
04

05
06

07

09
20
19

19
19

19
19

19
19

19
19

20
20
20

20
20

20
20

20

20

Fonte: (BM&F-BOVESPA)

* Acumulado de janeiro a março.

30 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


Tomando como exemplo o caso dos contratos de boi gordo, a evolução dos
negócios pode ser verificada na Tabela 1. Tanto na Figura (geral) quanto na
Tabela (exemplo específico) observa-se o expressivo aumento da utilização
dos contratos futuros.

Tabela 1 � Contratos de Boi Gordo Negociados na BM&F-Bovespa


Mês 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009*
Janeiro 12.050 6.842 9.527 17.380 15.905 33.521 119.593 62.418
Fevereiro 9.061 8.454 8.527 17.797 11.745 31.105 83.716 53.863
Março 9.272 5.394 11.966 19.996 10.264 35.142 74.501 99.953
Abril 16.293 8.128 19.623 18.239 16.958 39.117 116.142
Maio 11.437 11.016 28.304 20.119 27.179 54.772 186.388
Junho 13.477 7.029 20.966 20.087 19.978 82.001 207.771
Julho 26.578 6.943 19.352 26.695 41.061 66.113 201.642
Agosto 14.797 10.193 21.997 39.020 48.775 147.735 166.450
Setembro 13.642 11.927 27.771 48.596 43.191 116.282 152.614
Outubro 10.318 15.009 16.279 39.352 77.917 125.774 156.486
Novembro 8.152 12.769 16.792 22.615 43.409 110.051 84.038
Dezembro 7.862 9.769 24.096 21.563 26.630 92.809 83.772
Total 152.939 113.473 225.200 311.459 392.012 934.422 1.633.113 216.234

Fonte: (BM&F-BOVESPA)

* Os contratos a partir de março/2001 passaram a ser negociados em R$.

Em suma, o aumento dos negócios nos mercados futuros:


─ Pode reduzir a volatilidade dos preços ao longo do ano;

─ Possibilita financiamento externo;

─ Aumenta a segurança dos importadores de produtos brasileiros.

O que é a Bolsa? É uma instituição que tem a função de “fornecer o ambiente


e a estrutura para as negociações”, sendo que uma das mais importantes
estruturas é a Clearing House. Os principais agentes nas bolsas são:
1. Hedger: agente que utiliza o hedge e que tem interesse na mercadoria
(ou seja, atua como comprador ou vendedor também no mercado físi-
co).

─ Hedge: seguro contra variações nos preços. O hedging é o ato de as-


sumir uma posição de segurança, nos mercados futuros, contra flutua-
ções indesejáveis de preços.

─ Princípio básico: o que perde num mercado (futuro/físico), ganha no


outro (físico/futuro).

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 31


Em geral, atuam como hedgers:
─ Produtores rurais: proteção contra quedas de preços;

─ Agroindústrias: proteção contra aumentos de preços de matérias-pri-


mas (ou proteção contra quedas de preços, no caso de açúcar, álcool,
etanol, farelo de soja etc.);

─ Exportadores: proteção contra aumentos de preços de matérias-pri-


mas;

─ Importadores: proteção contra queda de preços de produtos que já


foram comprados, mas não entregues aos destinatários finais.

2. Especuladores: são agentes interessados em ganhar com a compra e


venda de contratos. Não têm interesse na mercadoria. É muito impor-
tante esclarecer que especulador não é um agente maléfico, “explora-
dor”. Ao contrário, são agentes muito importantes na equalização da
oferta e demanda de contratos e no aumento da liquidez do mercado.

3. Corretores: são os agentes que operacionalizam as transações (em-


bora haja outros tipos especiais de agentes). A corretora é credenciada
a participar do pregão através dos operadores. Executa ordem dos cli-
entes, acompanha suas posições e os assessora.

Em termos do carregamento dos contratos, bastam apenas mais algumas


definições e estaremos prontos a trabalhar com nosso primeiro exemplo.

i. Margem de garantia: depósito feito no início das operações de compra


e venda de contratos futuros que tem a finalidade de cobrir eventuais
faltas nos pagamentos de ajustes diários. Existem diferentes tipos de
ativos que podem ser aceitos como Margem. Para residentes, dinheiro,
ouro e, mediante autorização prévia da Bolsa, títulos públicos federais,
títulos privados, cartas de fiança, ações e cotas de fundos fechados de
investimento em ações. Para não-residentes, dólares dos Estados Unidos
e, mediante autorização prévia da BM&F-BOVESPA, títulos do governo dos
Estados Unidos (T-Bonds, T-Notes e T-Bills).

ii. Ajuste diário: é tido como uma grande evolução dos mercados futuros,
uma vez que reduz a possibilidade de inadimplência. Os “acertos” são
feitos ao final de cada dia, não havendo acúmulo de obrigações. Em
termos operacionais, há duas fórmulas de pagamento dos ajustes diários,
especificadas nos contratos.

a. Posição aberta no mesmo dia

AD = (PAt - PO)*s*n

b. Posição aberta em dias anteriores

32 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


AD = (PAt - PAt-1)*s*n

Onde:
– ADt = Ajuste Diário no período t ;

– PAt = Preço de Ajuste no período t. O cálculo do PA é definido para


cada contrato. Quando falamos em preço futuro de maneira genérica,
estamos nos referindo ao preço de ajuste;

– PO = Preço da Operação;

– s = “tamanho” do contrato;

– n = número de contratos.

De acordo com o que especificam os contratos, “o valor do ajuste diário, se


positivo, será creditado ao comprador e debitado ao vendedor. Caso o valor
seja negativo, será debitado ao comprador e creditado ao vendedor”.

O AD significa um recebimento diário se o preço futuro se movimenta contra


a posição assumida. Por outro lado, significa um pagamento diário se o
preço futuro se movimenta a favor da posição assumida. Isso garante o
princípio básico de funcionamento descrito acima. O AD permite que todas
as operações sejam corrigidas diariamente, reduzindo as possibilidades
de inadimplência e fraudes. Além disso, permite ao participante sair do
negócio a qualquer momento, desde que haja liquidez.

iii. Liquidação dos contratos


– Reversão da posição (operação inversa): única forma de liquidação
antes do vencimento. A posição de quem vendeu (comprou) contratos
futuros é liquidada com a compra (venda) de igual número de contratos
com o mesmo vencimento.

– Entrega física: obedece a especificações de cada contrato. Ver o Box


sobre os contratos.

– Liquidação por indicador de preço à vista: não havendo manifesta-


ção de intenção de entrega (e de recebimento, caso do contrato de boi
gordo, por exemplo), a posição é revertida pelo valor de um indicador
de preços. A especificação do procedimento também está descrita nos
contratos.

Exemplo de hedge de venda

Uma consideração inicial antes do exemplo. A referência para o mesmo


também é o texto de Marques e Mello (1999). Nossa opção é a de deixar
os mesmos valores do texto original, mesmo que defasados. Isso porque
o objetivo é entender o funcionamento. Mais adiante, trabalharemos com

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 33


valores atualizados.

Assume-se que o produto pode ser comprado ou vendido nos diferentes


locais pelo preço vigente na Bolsa, o que corresponde a um hedge perfeito.
(veremos que isso corresponde a uma situação onde a Base = 0. Como
a base é a diferença entre os preços à vista e futuro, se a consideramos
zero estamos dizendo que, numa determinada data, tais preços são
equivalentes).

A situação proposta é a seguinte: em novembro de 1997 um produtor de


soja calcula seus custos de produção e deseja garantir um preço em torno
de $12,25/sc em maio do ano seguinte (veremos, na discussão da variação
da base, que nem sempre se consegue vender ao preço esperado).
Para tanto, dá ordem para vender contratos na quantidade equivalente à
sua produção esperada, de 2250 sacas, para maio de 1998 na BM&F-
BOVESPA. Vejamos algumas situações possíveis:

1. Queda nos preços

Vamos acompanhar o processo no Quadro 02 (a descrição do mesmo


exemplo está contida no vídeo que você recebeu, para consolidar a
compreensão do processo):
a. No dia 5/11, o produtor vende 5 contratos (de 450 sacas cada um), a
$12,25/sc. No mesmo dia, o PA foi de $12,24/sc. Usando a fórmula de
cálculo para posição aberta no mesmo dia, chega-se ao valor de ajuste,
creditado ao vendedor, de $22,50 (=0,01*450*5), equivalente a $0,01/sc
(por uma questão de seqüência dos cálculos, o valor por saca é deixado
na penúltima coluna).

b. No dia 6/11, o preço futuro sofre uma redução para $12,24/sc. Usando
a fórmula de cálculo para posição aberta em dias anteriores, chega-se
ao valor de ajuste, creditado ao vendedor, de $90,00 (=0,04*450*5),
equivalente a $0,04/sc.

c. Do dia 7/11 até o dia 14/05, os cálculos são feitos como no item b acima,
com o detalhe de que, pela construção do exercício, toma-se o dia 7/11
como sendo o dia anterior ao dia 14/05.

d. Em 15/05 o produtor encerra sua participação no mercado futuro, op-


tando pela reversão da posição. Assim, ele compra cinco contratos com
vencimento em maio. Esta operação é realizada a um preço de $10,50/
sc. O AD é calculado usando a fórmula para posição aberta no mesmo
dia. O detalhe é que o PAt, neste caso, é o do dia anterior, ou seja,
$10,60/sc. Chega-se então ao valor de ajuste, creditado ao vendedor,
de $225,00 (=0,10*450*5), equivalente a $0,10/sc.

34 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


Quadro 03. Exemplo de carregamento de posição vendida (short) com
queda de preço

Dia Produtor Preço de Preço de Ajuste Ajuste


negociação ajuste Total

5/11 V5 Maio 98 12,25 12,24 +0,01 +22,50

6/11 12,20 +0,04 +90,00

7/11 12,25 -0,05 -112,50

... ... ... ... ... ...

14/05 10,60 1,65

15/05 C5 Maio 98 10,50 +0,10 +225,00

1,75

No mesmo dia 15/5 o produtor foi ao mercado físico e vendeu soja ao preço
de $ 10,50/sc (isso em função da consideração de Base = 0).

Finalizado o Quadro, é possível fazer o chamado Balanço da Operação


(neste exemplo feito por saca de soja. Poderia ser feito usando os dados
da última coluna): o produtor recebeu $ 1,75 de ajustes diários ($ 12,50 - $
10,50) e vendeu soja no mercado à vista (spot) a $ 10,50 chegando a $
12,25, ou seja, o preço alvo (sem considerar, por enquanto, os custos da
operação).

O Balanço da Operação mostra a essência do hedge: o que se chama


de “trava de preços” é o resultado das operações nos dois mercados:
futuro e físico. O nome “trava” é dado pois o resultado seria o mesmo,
independentemente da variação nos preços. Iremos comprovar isso
com o próximo exemplo. É muito importante observar a diferença entre
travar preços e prever preços. O resultado da operação (físico + futuro)
corresponde a uma trava de preços. Isso é completamente diferente de
afirmar (“adivinhar”), no início da operação, qual será o preço (tanto futuro
quanto físico).

Alguns comentários finais em relação à operação:

─ Verifique que o total do ajuste acumulado (por saca), pode ser calculado
somando os valores da penúltima coluna ou pela diferença entre os preços
das operações de abertura e fechamento da operação.

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 35


─ Outro aspecto: você pode estar se perguntando “de onde vêm os
recursos?” ou, de outra forma, “se o produtor recebeu ajuste, quem pagou?”
A resposta é simples. Lembre-se que estamos falando de negociação de
contratos. Se alguém, neste exemplo o produtor, vendeu contratos, alguém
comprou os mesmos contratos. Neste caso, há uma inversão no caso de
débitos e créditos, para uma mesma variação nos preços. Se os contratos
foram comprados por um especulador, ou um exportador, este agente
pagou o equivalente a $ 1,75/sc. Veremos um exemplo para o caso do
comprador do contrato logo adiante.

2. Elevação nos preços

Vamos acompanhar o processo no Quadro 04:


a. No dia 5/11, o produtor vende 5 contratos (de 450 sacas cada um), a
$12,25/sc. No mesmo dia, o PA foi de $12,24/sc. Usando a fórmula de
cálculo para posição aberta no mesmo dia, chega-se ao valor de ajuste,
creditado ao vendedor, de $22,50 (=0,01*450*5), equivalente a $0,01/sc
(por uma questão de seqüência dos cálculos, o valor por saca é deixado
na penúltima coluna).

b. No dia 6/11, o preço futuro sofre uma redução para $12,24/sc. Usando
a fórmula de cálculo para posição aberta em dias anteriores, chega-se
ao valor de ajuste, creditado ao vendedor, de $90,00 (=0,04*450*5),
equivalente a $0,04/sc.

c. Do dia 7/11 até o dia 14/05, os cálculos são feitos como no item b acima,
com o detalhe de que, pela construção do exercício (assim como no
exercício anterior), toma-se o dia 7/11 como sendo o dia anterior ao dia
14/05.

d. Em 15/05 o produtor encerra sua participação no mercado futuro, op-


tando pela reversão da posição. Assim, ele compra cinco contratos com
vencimento em maio. Esta operação é realizada a um preço de $13,75/
sc. O AD é calculado usando a fórmula para posição aberta no mesmo
dia. O detalhe é que o PAt, neste caso, é o do dia anterior, ou seja,
$10,60/sc. Chega-se então ao valor de ajuste, debitado ao vendedor,
de $7087,50 (=3,15*450*5), equivalente a $3,15/sc.

36 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


No mesmo dia 15/5 o produtor foi ao mercado físico e vendeu soja ao preço
de $ 13,75/sc (isso em função da consideração de Base = 0).

Balanço da Operação: o produtor pagou $1,50 de ajustes diários ($12,50


- $ 13,75) e vendeu soja no mercado à vista (spot) a $13,75 chegando a
$12,25, ou seja, o preço alvo (sem considerar, por enquanto, os custos da
operação).
Fonte: LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ

O Balanço da Operação, novamente, mostra a essência do


hedge: a “trava de preços” é o resultado das operações nos
dois mercados: futuro e físico. Observe, como foi proposto
no exemplo anterior, que a trava funciona tanto no caso
de queda quanto no caso de elevação dos preços. Mais
tarde veremos que isso pode ser considerado como uma
desvantagem da negociação de contratos futuros em relação
à negociação de contratos de opções sobre futuros.

Verifique que, também neste caso, o total do ajuste acumulado


(por saca), pode ser calculado somando os valores da
penúltima coluna ou pela diferença entre os preços das
operações de abertura e fechamento da operação.

Exemplo de hedge de compra

Vejamos uma situação onde uma agroindústria, preocupada


com elevação do preço da matéria-prima, compra contratos

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 37


futuros. Isso porque o preço da matéria-prima faz parte de sua composição
O caso de redução nos preços fica de custos. Neste caso, o exemplo será construído com uma situação de
como exercício.
elevação nos preços.

3. Aumento nos preços

Vamos acompanhar o processo no Quadro 05:


a. No dia 5/11, o produtor compra 5 contratos (de 450 sacas cada um), a
$12,25/sc. No mesmo dia, o PA foi de $12,28/sc. Usando a fórmula de
cálculo para posição aberta no mesmo dia, chega-se ao valor de ajuste,
creditado ao comprador, de $67,50 (=0,03*450*5), equivalente a $0,03/
sc.

b. No dia 6/11, o preço futuro sofre elevação para $12,30/sc. Usando a


fórmula de cálculo para posição aberta em dias anteriores, chega-se
ao valor de ajuste, creditado ao comprador, de $45,00 (=0,02*450*5),
equivalente a $0,02/sc.

c. Do dia 6/11 até o dia 14/05, os cálculos são feitos como no item b acima,
com o detalhe de que, pela construção do exercício (assim como nos
casos anteriores), toma-se o dia 6/11 como sendo o dia anterior ao dia
14/05.

d. Em 15/05 o produtor encerra sua participação no mercado futuro, op-


tando pela reversão da posição. Assim, ele vende cinco contratos com
vencimento em maio. Esta operação é realizada a um preço de $ 14,13/
sc. O AD é calculado usando a fórmula para posição aberta no mesmo
dia. O detalhe é que o PAt, neste caso, é o do dia anterior, ou seja,
$14,10/sc. Chega-se então ao valor de ajuste, creditado ao comprador,
de $67,50 (=0,3*450*5), equivalente a $ 0,03/sc.

No mesmo dia 15/5 o comprador (agroindústria) foi ao mercado físico e


comprou soja ao preço de $ 14,13/sc (isso em função da consideração de

38 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


Base = 0).

Balanço da Operação: a agroindústria recebeu $ 1,88 de ajustes diários


($ 12,50 - $ 14,13) e comprou soja no mercado à vista (spot) a $ 14,13
chegando a $ 12,25, ou seja, o preço alvo (também sem considerar, por
enquanto, os custos da operação).

Transferência de contratos

Como são feitos ajustes diários e os contratos são homogêneos, é possível


encerrar a posição antes do vencimento do contrato, DESDE QUE consiga
alguém disposto a assumir a posição. Aliás, isso confirma a importância do
especulador e sua contribuição para a liquidez.

A seguir está descrito um exemplo de carregamento de um contrato onde


há transferência antes do vencimento. Um produtor vende contratos e
uma esmagadora de soja compra. Depois de um mês o produtor resolve
encerrar suas posições nos mercados futuros e o faz por reversão. Nesse
momento ele vende contratos que são comprados por um especulador.

Quadro 06. Exemplo de situação de transferência de contratos

Quadro 06. Exemplo de situação de transferência de contratos

Data Operações

Produtor Esmagadora
05/11
V5 Maio 98 C5 Maio 98

Produtor Especulador
05/12
C5 Maio 98 V5 Maio 98

Especulador Esmagadora
05/01
C5 Maio 98 C5 Maio 98

Fonte: (MARQUES; MELLO, 1999)

Observe que se trata sempre de contrato de mesmo vencimento. Quando


REFLITA o produtor compra os cinco contratos em 05/12, ele encerra sua posição.
Observe que, se para existir um contrato em aberto ele tem que ter um
─ Se o especulador entrou vendendo
contratos em 05/12, qual era a sua comprador e um vendedor, o especulador, a partir desta data, assume a
expectativa em relação aos preços? posição short em relação ao contrato que foi comprado pela esmagadora
─ E qual seria a expectativa do
de soja. Uma observação interessante: a esmagadora sequer fica sabendo
produtor no mesmo dia?
da operação de transferência que ocorre na “outra ponta” do contrato.

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 39


UNIDADE III

MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES AGROPECUÁRIAS


Professor Dr. Alexandre Florindo Alves

Objetivos de Aprendizagem
• Aproximar os conceitos anteriores de situações reais.
• Estudar o funcionamento dos contratos de Opções sobre Futuros.

Plano de Estudo
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Abordagem da base e do risco de base.


• Cálculo dos custos das operações.
• Estudo dos mecanismos dos contratos de opções.
INTRODUÇÃO
Fonte: LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ

Conforme havíamos prometido, verificamos


até agora os aspectos básicos e, para fazer
isso, usamos exemplos bastante estilizados.
Nesta Unidade vamos nos aproximar das
situações reais. Você irá ter condições, ao
final, de compreender (e desenvolver) uma
situação prática de uma operação de hedge,
e também de uso de contratos de opções.

A QUESTÃO DA BASE

A base é a diferença entre o preço no mercado físico (spot) em uma dada


região e o preço futuro (que é único, ou seja, o preço ajuste, definido
nos pregões é único e, portanto, é referência para todas as regiões).
Algebricamente, a base é definida como (HULL, 2003):

Bt = St - Ft

Se o preço à vista cresce mais do que o futuro, diz-se que há fortalecimento


da base. O valor da base aumenta. Se o preço futuro cresce mais do que
o à vista, há enfraquecimento da base. O valor da base diminui. Esses
conceitos serão muito úteis para o entendimento das implicações de
variações da base, mais à frente.

Parte da variação da base é um movimento natural de convergência dos


preços à medida que se aproxima o vencimento do contrato. Estas são
variações sistemáticas dos preços. Apenas as variações aleatórias podem
ser consideradas risco de base. Quanto menor o risco da base, maior a
utilidade dos mercados futuros na administração do risco.

Existem diversas razões para o surgimento da base:


─ Qualidade: atributos do ativo a ser hedgeado X atributos do ativo cotado
no contrato;

─ O ativo a ser hedgeado não é o mesmo do contrato futuro. Neste caso,


a operação é chamada Cross Hedge;

─ Localização: o preço da bolsa pode não refletir o preço de determinado


local;

─ Condições locais de oferta e demanda;

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 43


─ Tempo: novas informações chegando ao mercado;
Verifique a afirmação acima refa-
zendo o exemplo do hedge de venda
─ O contrato futuro pode ser liquidado antes da data do vencimento, ou
com queda no preço considerando
seja, antes da convergência dos preços;
a base $1,00 abaixo, forma de dizer
─ A base tende a ter comportamento diferente entre commodities es-
que o valor da base é - $1,00 (ou
seja, na média, o preço spot numa tocáveis e não estocáveis.
dada região é menor que o preço
futuro, para um mesmo momento no A base não constitui problema, desde que conhecida.
tempo, em $1,00). Faça o balanço da
operação e compare o resultado al- O problema é o risco de base, ou seja, as variações que ocorrem com a
cançado com o pretendido. Observe
base (em relação a um valor “médio”) ao longo do carregamento do contrato.
que o resultado pretendido também
deve considerar, de antemão, o valor Isso faz com que o resultado final não seja exatamente aquele desejado. O
da base. que ocorre, na verdade, é uma troca do risco de preço pelo risco de base.
Atenção para esse fato: o uso dos contratos futuros não elimina o risco de
preço. É um instrumento de gestão do mesmo. Por essa razão é importante
conhecer o comportamento da base em cada região.

Vejamos um exemplo:

Sabe-se que, normalmente, a base em uma região é de - $0,30/sc (diz-se


30 centavos abaixo). Se o produtor negociou contratos na bolsa a $12,25/
sc é porque na verdade ele espera garantir um resultado de $11,95/sc (veja
a última observação no Box anterior).

Com os dados acima, é possível verificar, os seguintes tipos de situação:

i) Balanço da operação em 15/05, com base igual a - $ 0,30/sc:

Vende soja a 10,20

Recebe de ajuste 1,75

Total 11,95

44 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


ii) Considerando um enfraquecimento da base para - $ 0,45/sc

Vende soja a 10,05 (= – 0,45 + 10,50)

Recebe de ajuste 1,75

Total 11,80

iii) Considerando um fortalecimento da base para - $ 0,20/sc

Vende soja a 10,30 (= – 0,20 + 10,50)

Recebe de ajuste 1,75

Total 12,05

Quando há variação na base, o resultado final é diferente do esperado


(no caso do exemplo, $ 11,95/sc.). Esta possibilidade de diferença é que
corresponde ao risco de base.

CUSTOS DA OPERAÇÃO

Até o momento, nossa preocupação foi com os aspectos operacionais,


envolvendo o carregamento dos contratos, inclusive considerando a
questão da base. Para que tenhamos a idéia completa de uma operação de
proteção contra variações indesejáveis dos preços falta abordar os custos.
A partir desta etapa, você estará apto a tomar decisão a respeito do uso ou
não deste mecanismo. Os custos relativos ao carregamento de um contrato
futuro são:
─ Taxa operacional básica (TOB)

─ Taxa de emolumentos (TE)

─ Taxa de liquidação (TL)

─ Taxa de permanência (TP)

─ Taxa de registro (TR)

i) TOB

A TOB corresponde à corretagem paga referente à operação. O valor


correspondente é devido no dia útil seguinte ao de realização da operação.
Como se trata de uma corretagem, ela se aplica tanto no início da operação
quanto na reversão da posição, liquidação ou transferência da posição.

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 45


Figura 08. Visualização da especificação da TOB no site da BM&F-
BOVESPA.

Aqui entra um detalhe que deve ser verificado com bastante cuidado.
A Base de Cálculo é o preço de ajuste, do dia anterior, do contrato de
segundo vencimento. Vamos detalhar isso. Se a operação é realizada no
dia t, para o cálculo da TOB utiliza-se o preço de ajuste do dia t-1. Mas, de
qual contrato? Se a negociação é no dia t, como identificamos o contrato
de segundo vencimento? Para isso, é necessário conhecer as datas de
vencimento do contrato em questão (e isso varia de contrato para contrato).
Se você está trabalhando com um contrato de boi gordo, por exemplo, ele
tem vencimentos em todos os meses do ano, no último dia útil do mês.
Então, se a negociação ocorreu no dia 15/07/2008, o primeiro vencimento
de contrato de boi seria o dia 31/07/2008. Assim, o contrato de segundo
vencimento é o contrato de agosto. Então, para o cálculo da TOB, a base
de cálculo seria o PA, no dia 14/07/2008, do contrato de boi gordo com
vencimento em agosto.

Como se trata de um percentual, são estabelecidas taxas mínimas:


─ Operação normal = R$ 10,34;

─ Day trade = R$ 6,49;

46 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


─ Para contratos agrícolas cotados em dólares: operação normal = US$
Porque, no enunciado do exemplo, 4,28; day trade = US$ 2,68.
aparece “tantos”?

Vejamos um exemplo: compra (em 04/06/08) de 10 contratos de café


arábica (100 sc) com vencimento em julho/2008 a “tantos” US$ /sc.

TOB = [preço de ajuste do contrato com vencimento em setembro/2008


(em 03/06/08)]*0,003*10*100

= 140,00*0,003*10*100 = US$ 420,00

ii) TE

Corresponde à receita da Bolsa e é devida no dia útil seguinte à data de


ocorrência do fato gerador, o que poderá acontecer em datas diferenciadas
nos contratos liquidados em dólares, caso haja feriado na praça Nova
Iorque ou caso não haja operação de câmbio na data devida.

O que são os fatos geradores?


a) negociação de qualquer contrato via negócios realizados diretamente
no pregão, no mercado de balcão, em leilões de contratos ocorridos em
ambientes autorizados pela BM&F-BOVESPA ou na entrega decorrente
de exercício ou de vencimento;

b) encerramento do contrato por liquidação financeira no vencimento


(exceto opções flexíveis);

c) liquidação do contrato por reversão de posições (operação de natureza


inversa no mercado de balcão, exceto opções flexíveis);

d) exercício de direitos no mercado de opções (exceto opções flexíveis);


e;

e) procedimentos de cessão de direitos.

Exemplo: Contrato de Café Arábica

TE = US$ 0,66 por contrato se forem negociados até 5 contratos (para mais
contratos, ver a Tabela de Faixas no site da BM&FBOVESPA).

TE por contrato = FB (Fórmula Básica) *Dólar

Dólar: valores de referência em junho/06 (disponível na Bolsa)

Devida tanto no início da operação quanto na reversão da posição.

No caso dos derivativos agropecuários, na verdade a TE não está colocada


como uma “fórmula”, mas como um valor fixo.

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 47


Figura 09. Visualização da especificação da TE no site da BM&F-
BOVESPA.

iii) TL

É devida quando da liquidação financeira de uma entrega física. Se não


tem entrega, (obviamente) não tem TL.

A entrega física corresponde à forma de encerramento de menos que


2% dos contratos agropecuários. No caso de café este percentual é de
1,03%.

48 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


Figura 10. Visualização da especificação da TL no site da BM&F-
BOVESPA.

iv) TP

A TP não incide sobre os contratos de opções e é devida no último dia útil


de cada mês, no dia seguinte ao encerramento de todas as posições da
mesma mercadoria do mesmo comitente e quando da transferência total de
posições do comitente na mesma mercadoria para outra corretora.

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 49


Figura 11. Visualização da especificação da TP no site da BM&F-
BOVESPA.

v) TR

Devida no dia útil seguinte à data de ocorrência do fato gerador, o que


poderá acontecer em datas diferenciadas nos contratos liquidados em
dólares, caso haja feriado na praça Nova Iorque ou caso não haja operação
de câmbio na data devida.

50 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


Figura 12. Visualização da especificação da TR no site da BM&F-
BOVESPA.

Fatos geradores:
a) negociação de qualquer contrato, via negócios realizados diretamente
no pregão, no mercado de balcão, em leilões de contratos ocorridos em
ambientes autorizados pela BM&F-BOVESPA ou na entrega decorrente
de exercício ou de vencimento;

b) liquidação do contrato por reversão de posições (operação de natureza


inversa no mercado de balcão, exceto opções flexíveis);

c) exercício de direitos no mercado de opções (exceto opções flexíveis);


e

d) procedimentos de cessão de direitos.

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 51


ATIVIDADE DE AUTO-ESTUDO

Em 10/07/09 um produtor vende 5 contratos de café com vencimento em


dezembro do mesmo ano. O preço de negociação foi de US$ 175,00/sc.
Em 14/08/09 ele reverte completamente a sua posição.

Dados:
– Preço da negociação (na reversão): US$ 170,40/sc.

– Preço de Ajuste do contrato para setembro em 08/07/09 = US$ 172,50/


sc.

– Preço de Ajuste do contrato para dezembro em 13/08/09 = US$ 180,00/


sc.

– TE = US$ 0,66 por contrato

a) Faça o “balanço” da operação, incluindo os custos (considere Base=0).

b) Comente os resultados, inclusive os custos.

OPÇÕES EM MERCADOS FUTUROS AGROPECUÁRIOS


Você conhece o funcionamento
(básico) de um seguro qualquer? O
Conforme citado anteriormente, a “trava” do preço pode ser uma
contratante paga um prêmio para ter
direito, por um ano (por exemplo), ao desvantagem. Para um produtor, o hedge, ao mesmo tempo que serve para
ressarcimento de um dado valor em prevenir problemas em função de quedas nos preços, limita os ganhos no
caso de sinistro. Se ocorrer um sinis- caso de alta dos preços (veja os exemplos que estudamos). O usuário ou
tro, o contratante aciona a seguradora
consultor deve ter consciência disso, ou seja, quando um produtor trava
(exerce seu direito) e esta é obrigada
a cumprir as especificações. Se, preços e os preços sobem, pode, mas não deveria, ter um sentimento de
durante o ano, não ocorre nenhum frustração. Porque dizemos que “não deveria”? Porque as regras do jogo
sinistro, o contratante não exerce o
devem ser conhecidas antes da definição do uso dos contratos futuros.
seu direito e a seguradora fica com
o prêmio. Observe que a decisão de Em outras palavras, um produtor que faz a trava de preços vendendo
exercer ou não é do contratante. contratos futuros deve estar ciente de que ele deixará de ter ganhos caso
haja elevação de preços. Isso não constitui problema algum. Só deve ficar
claro para os usuários. Uma forma de evitar esse sentimento de perda é
usar contratos de opções sobre futuros, e é o que estudaremos agora.

Um Contrato de Opção é um contrato de cunho legal que dá ao comprador


o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender uma commodity em
condições específicas, mediante o pagamento de um prêmio. O vendedor
é obrigado a cumprir irrestritamente.

No caso das opções, o sinistro corresponde a um movimento desfavorável


dos preços. Vejamos o caso de um produtor de milho que compra um contrato

52 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


de opção de venda de milho. Se o preço futuro cai, isso corresponde ao
sinistro. Ele, então, exerce o direito de vender o milho ao preço de exercício
estipulado no contrato de opção. Se o preço futuro do milho sobe, ele
não exerce o direito de vender ao preço de exercício, e vende o milho no
mercado físico aproveitando-se do movimento de alta.

Existem dois tipos de opções:


– De compra (call): transfere ao tomador (comprador) o direito de com-
prar um contrato futuro por um dado preço (de exercício);

– De venda (put): transfere ao tomador (comprador) o direito de vender


um contrato futuro por um dado preço (de exercício).

Opção X hedge

– A opção não limita os ganhos;

– Exceto o pagamento inicial do prêmio, o tomador não tem que pagar


Ajuste Diário.

O exercício da opção tem uma particularidade. Quando um agente exerce


uma opção, é como se ele tivesse negociado um contrato futuro ao preço
de exercício da opção. A decisão sobre exercer ou não é feita com base
na comparação entre o Preço de Exercício e o preço futuro (do contrato
da commodity em questão) na data do vencimento. As situações e os
desdobramentos dos exercícios são descritos a seguir:

O exercício da Call ocorre se o preço futuro sobe.


– Comprador assume posição long: recebe ajuste.

– Vendedor assume posição short: paga ajuste.

O exercício da Put: ocorre se o preço cai.

– Comprador assume posição short: recebe ajuste.

– Vendedor assume posição long: paga ajuste.

A finalização das operações pelo tomador pode ser feita da seguinte


forma:

– Vende opção idêntica, a qualquer momento antes do vencimento;

– Deixa a opção vencer (diz-se que a opção vira pó);

– Exerce a opção.

As principais características da negociação das opções são:


– No pregão é negociado o prêmio (e não o preço);

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 53


– O prêmio pago pelo tomador é o valor máximo que ele perde com a
variação de preços;

– O prêmio recebido pelo lançador é o valor máximo que ele ganha na


operação;

– Séries autorizadas para lançamento: são a “lista” das opções de com-


pra e venda, com preço de exercício e vencimentos definidos;

– As opções vencem no mês anterior ao contrato futuro correspondente;

– O tomador não precisa depositar margem;

– Podem ser usadas pelos lançadores para alavancagem de recursos.

Vamos ver um exemplo de seguro de venda com put. Novamente, os


valores são baseados nos mesmos exercícios de Marques e Mello.

Um produtor de soja, preocupado com queda no preço, pode fazer um


“seguro”:
– assumindo posição short no mercado futuro;

– comprando uma put.

Em 30/12/06 compra uma put para JUN/07, com um preço de exercício


(strike price) de $ 23,00/sc, pagando um prêmio de $ 0,80/sc. Daí pode
ocorrer duas situações:

1) Se o PF cair para $ 20,00/sc, o produtor exercerá a opção, recebendo $


Por que os ganhos da opção são de 3,00 de ajuste e vendendo a soja no físico a $ 20,00. (Supondo Base = 0)
$ 3,00/sc? De onde vêm esses recur- – Receita da soja $ 20,00
sos?
– Ganho da opção $ 3,00

– Prêmio pago $ 0,80

– Resultado $ 22,20 (“esperado”)

Dica: repita os valores acima, tomando como base o ponto de vista do


lançador da opção.

2) Se o PF subir para $ 25,00, o produtor deixa a opção vencer.


– Receita da soja $ 25,00

– Ganho da opção $ 0,00

– Prêmio pago $ 0,80

– Resultado $ 24,20

54 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


Observe que se fosse o caso de um contrato a termo, o produtor
O que ocorreria com os Balanços das permaneceria obrigado a entregar o produto, o que não ocorre no caso da
Operações acima se fosse o caso de
opção.
compra de uma opção de compra?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com isso abordamos os principais aspectos dos mercados futuros e de


opções que permitirão a você tomar decisões a respeito do uso destes
mecanismos de gestão de preços. Felizmente o assunto não se esgota
aqui. Há várias outras considerações, como a questão das análises de
preços e os tipos de estratégias que podem ser traçadas a partir das
negociações com os contratos que estudamos aqui. A partir daqui você
poderá aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto, pois já tem a base
necessária. Bom trabalho!

ATIVIDADE DE AUTO-ESTUDO

Exercício 1

Em 04/07/08 um produtor vende 10 contratos de Etanol com vencimento


em novembro/08. Preço de negociação de US$ 564/m3. Em 15/07/08
ele reverte completamente a sua posição. Dados: Preço da negociação
na reversão: US$ 590/m3. Preço de Ajuste do contrato para setembro (2o
vencimento) em 03/07/08 = US$ 565/m3. Preço de Ajuste do contrato para
setembro em 14/07/08 = US$ 580/m3. TE = US$1,60 por contrato. TR =
US$1,68 por contrato e TP = R$ 0,133333 por contrato.

a) Faça o “balanço” da operação, incluindo os custos (considere Base US$


15,00 abaixo).

b) Comente os resultados (principalmente a relação custo X valor do


ativo).

c) O que ocorre se a base sofrer um fortalecimento de US$10,00?

Exercício 2

Um frigorífico compra uma call de boi gordo para OUT09 (referente a um


contrato de 330@), preço de exercício de R$ 78/@, pagando um prêmio
de R$ 2,50/@. Mostre os resultados (balanço da operação) nos casos de:

COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância 55


a) um aumento de preço futuro, no vencimento, para R$ 94/@; e, b) uma
SAIBA MAIS redução de preço futuro para R$ 78/@. Qual o resultado para o lançador
SOBRE O ASSUNTO
desta opção nos dois casos?

Sites interessantes
www.bmf.com.br
www.conab.gov.br
www.agricultura.gov.br
www.agronegocios-e.com.br
www.ibge.gov.br
www.usda.com
www.cbot.com

56 COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS FUTUROS | Educação a Distância


REFERÊNCIAS

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