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Formulação
Uma formulação é um sumário de integração e conhecimento que se adquire
através de um processo de avaliação (que pode envolver diversos tipos de procedimentos).
Baseia-se numa teoria psicológica e enquadra a descrição do problema, como é que este
se desenvolve e como é que se mantém.
É então uma hipótese sobre as causas, os precipitantes e condições de manutenção
dos problemas psicológicos, interpessoais e comportamentais das pessoas (Eells, 1997).
É uma explicação global do caso, de relacionamento dos sintomas com aquilo que
contribuiu para a existência dos mesmos e o que os mantêm, uma hipótese sobre a origem
do problema e daquilo que há para mudar.
A formulação psicodinâmica faz uma afirmação acerca dos problemas do cliente
em função de padrões relacionais não adaptativos. Faz inferências sobre o modo como
estes se relacionam com o seu mundo interno, incluindo os conflitos internos e relaciona
essa informação com a história de vida, num modelo explicativo.
A formulação cognitivo-comportamental fornece uma explicação geral do
problema do cliente que será sujeita a teste. Permite elaborar com o cliente um
entendimento útil e com significado para este (Empirismo Colaborativo). Assim, a
formulação é utilizada para definir a intervenção através da identificação das áreas de
mudança.
Todas as formulações se pautam por sumariam o conjunto de problemas do
cliente; revelam como é que as dificuldades do cliente se relacionam umas com as outras
através de teorias e modelos psicológicos; explicam, com base nas teorias psicológicas, o
desenvolvimento dos problemas psicológicos do cliente, como as dificuldades se
relacionam umas com as outras e permitem a intervenção.
As funções das formulações são:
- Permitir estabelecer um guia de avaliação e condução de entrevista;
- Fornecer uma compreensão geral do caso;
- Ajudar a determinar a intervenção e as áreas de intervenção;
- Estabelecer prioridades e permitir predizer as dificuldades no tratamento com
que a pessoa se irá deparar.
A formulação tem um caráter prático, pois o psicólogo clínico procura explicar e
compreender para melhor poder ajudar através de modelos psicoterapêuticos, através de
medidas psicossociais e para sustentar decisões de outros.
Qual o caminho para chegar à formulação? O terapeuta necessita de competências
relacionais como ouvir, observar e ser empático, assim como um conjunto de
competências técnicas como as perguntas, clarificações, intervenções orientadas pelo
modelo teórico (o modelo teórico da avaliação tende a coincidir com o modelo teórico da
intervenção). O terapeuta precisa também ter conhecimento de psicometria,
nomeadamente de estandardização e aferição de normas e o conhecimento de cada um
dos testes que são sustentados por um modelo teórico.
Intervenção Psicoterapêutica
As grandes escolas de intervenção psicoterapêutica são a Psicodinâmica, a
Cognitivo-Comportamental e a Humanista.
Na cultura pós-moderna, há uma proliferação do número de modelos e começam
a questionar-se os grandes modelos. Kazdin, em 2001, diz existirem cerca de 500 modelos
terapêuticos distintos. Começam s ser questionados os grandes modelos e as explicações
monolíticas.
A cultura pós-moderna pauta-se por apresentar uma realidade que é socialmente
construída, há um nome, um contexto, personagens, onde e como agir para tratar. O que
é realidade advém de um acordo social entre o que é aceite nos fenómenos que ocorrem
na mesma (ex: bullying ou homossexualidade, que já tinha sido anteriormente
considerada patologia).
Surgem, assim, modelos psicoterapêuticos que refletem uma conceção local dos
problemas e sugerem um caminho para os resolver, possuindo técnicas para tal. Muitos
dos novos modelos integram práticas sustentadas e recorrem a práticas culturais.
Há, agora, o risco da psicoterapia “light”. Esta traduz-se em respostas apelativas
que são demasiado simplistas, baseadas no marketing e num líder carismático mas que,
na realidade, não são sustentadas pela investigação.
A crescente proliferação de diversos modelos traz diversos problemas, tais como
não ser compreensível como há tantas explicações para o mesmo (o que pode pôr em
causa a ciência), não se saber qual o melhor a consultar e não se saber qual o melhor para
ensinar, ao nível da formação de profissionais. A solução encontrada para estes problemas
culmina na investigação dos modelos, com a investigação de Tratamentos
Empiricamente Validados, Tratamentos Empiricamente Suportados e Tratamentos
Baseados na Evidência. Em função da investigação realizada com base nesses
paradigmas, reduziu-se o número de modelos válidos/suportados ou baseados nas
evidências para apenas 50.
Também como ser um problema para o Psicólogo Clínico saber qual o modelo a
escolher para a sua prática profissional, com a existência de tantos modelos de
intervenção terapêutica. A escolha é muito importante pela necessidade de optar e
aprender um modelo porque o modelo teórico é o mapa que representa a realidade e que
nos ajuda a conduzir o caso, orientando a formulação do mesmo e ajudando a definir um
plano (Wampold, 2010).
A teoria é importante para o terapeuta pela relação de confiança/emocional entre
terapeuta e cliente a estabelecer, pelo estatuto especial em que lhe são conferidos poderes
para curar, na medida em que a teoria dá um racional para guiar as suas ações e orienta
quais as ações a ter (Frank & Frank, 1991).
Segundo Wampold (2010), o psicólogo deve escolher o modelo terapêutico que
segue através de:
1) Escolha emocional. Teoria que é interessante, atrativa e confortável para si. O
que faz sentido para o próprio;
2) Acreditar que a psicoterapia aplicada por si, desse tipo, surtirá efeito;
3) Aprender com um mestre;
4) Aprender vários modelos terapêuticos.
Investigação em Psicologia Clínica para uma Prática Cientificamente Sustentada –
A Eficácia Absoluta
A Psicologia Clínica destina-se a entender, predizer e aliviar o mau ajustamento,
desconforto e promover a adaptação humana e o desenvolvimento pessoal. Foca-se nos
aspetos intelectuais, emocionais, biológicos, psicológicos, sociais e comportamentais do
funcionamento do indivíduo a um nível socioeconómico e cultural. Uma grande parte da
Psicologia Clínica é dedicada à Psicoterapia.
A psicoterapia nas sociedades modernas diferencia-se das formas tradicionais de
ajuda por se sustentar na ciência. Uma das soluções que se arranjou para a multiplicidade
de intervenções terapêuticas criadas entretanto foi o desenvolvimento da investigação
científica acerca da psicoterapia.
A psicoterapia como prática cientificamente sustentada significa que os modelos
teóricos e as respetivas estratégias e técnicas utilizadas pelos psicólogos clínicos na
avaliação e no tratamento das perturbações psicológicas são validados cientificamente.
São, assim, feitos estudos científicos para sustentar a prática clínica, pois esta não é
baseada em opiniões, crenças ou na fé cega relativamente a um modelo terapêutico e
teórico.
Tratamentos Eficazes
Para ser considerado um tratamento eficaz, devem:
- Ter pelo menos dois RCT que demonstrem eficácia de que este tratamento é
superior a comprimido, placebo ou outro tratamento ou equivalente a um tratamento já
estabelecido em estudos anteriores com amostras de dimensão adequadas;
- Séries de Estudos de Casos com amostra maior a 9 em que seja demonstrada
eficácia, com desenhos experimentais de qualidade e comparação com outra intervenção;
- Devem haver manuais de tratamento;
- As caraterísticas dos clientes devem ser claramente definidas e os efeitos devem
ser demonstrados por pelo menos duas equipas de investigação independentes.
Assim, para cada perturbação existem distintas psicoterapias que podem ser
aplicadas com eficácia ao mesmo problema. Todos podem ter razão.
A investigação através dos Tratamentos Empiricamente Validados/Suportados
permitiu reduzir-se os modelos baseados na evidência a 50.
Equivalência de Resultados
Com base nas meta-análises que testam a eficácia relativa não há um modelo
superior aos restantes, pois todos produzem resultados. Deste modo, os resultados das
psicoterapias dever-se-iam aos fatores comuns a todas as psicoterapias, como a relação
terapêutica, a crença partilhada no efeito do modelo terapêutico, o cliente (a sua
motivação) e ao terapeuta. Outros dados favoráveis aos fatores comuns são os efeitos
rápidos (clientes que melhoram antes da aplicação das técnicas) e os estudos qualitativos
(que demonstram que aquilo que é mais importante para o cliente é a relação e não a
técnica em si).
Numa meta-análise de 27 estudos relativa ao estudo dos componentes das diversas
terapias, concluiu-se que não há componentes que sejam críticos para o sucesso da terapia,
ao que se conclui que não há diferenças nos resultados das psicoterapias que resultem da
adição ou subtração de componentes. Para além disso, as alterações nas variáveis
mediadoras da ação terapêutica não se devem às especificidades da intervenção da terapia
cognitivo-comportamental e as melhorias não se devem aos ingredientes específicos da
psicoterapia aplicada.
Os argumentos favoráveis aos Fatores Comuns são as Críticas aos RCT/MTEV, a
equivalência dos resultados, a perspetiva dos clientes, o estudo de componentes e a
ausência de sequência de ação específicas.
Técnica ou Relação Terapêutica? Ingredientes específicos ou Fatores
Comuns?
A resposta pode ser integradora. Para a mudança podem contribuir que os fatores
comuns quer os ingredientes específicos.
Aliança Terapêutica
A investigação realizada com o objetivo de estabelecer diferenças entre os
diferentes modelos teóricos conduziu à conclusão que os fatores técnicos pouco
contribuem para explicar a mudança terapêutica. Por esta razão, nos anos 80, intensificou-
se a investigação acerca dos fatores relacionais, como a Empatia, a Congruência e a
Aliança Terapêutica.
Relativamente à Aliança Terapêutica, existem quatro conceções teóricas distintas,
a de Freud, de Luborsky, de Bordin e de Horvath e Bedi.
Os primórdios do conceito de Aliança Terapêutica surgem com Freud, que dizia
que a AT consistia num esforço conjunto, uma colaboração do terapeuta e do cliente no
sentido de fazerem desaparecer o sofrimento do cliente. Houve uma ambiguidade na obra
de Freud, uma vez que a aliança podia ser baseada numa avaliação realista e consciente
da relação tida com o terapeuta, ou ser baseada numa transferência positiva.
Zetzel foi a primeira autora a utilizar a denominação de aliança terapêutica, como
a capacidade do cliente para utilizar as partes saudáveis do seu ego com o objetivo de se
aliar ao analista e concretizar as tarefas terapêuticas.
Greenson faz a distinção entre Aliança de trabalho (ou seja, a capacidade do
cliente para colaborar nas tarefas propostas pelo analista) e a Aliança terapêutica (como
a dimensão relativa à capacidade do terapeuta e do cliente para criarem vínculo).
Entre Aliança Terapêutica e Transferência há uma fronteira muito ténue. Coloca-
se mesmo a hipótese de em diferentes momentos do processo terapêutico se verificar o
predomínio de uma sobre outra. Nas análises bem-sucedidas, o cliente faz uma destrinça
entre as dimensões transferenciais e a relação real com o terapeuta.
Luborsky, nos anos 70, distingue Aliança do tipo I e a Aliança do tipo II.
- A Aliança do tipo I ocorre no início da terapia e traduz-se no sentimento, por
parte do cliente, de ser ajudado e apoiado pelo seu terapeuta. Nesta aliança, o cliente
acredita que o terapeuta ou o tratamento o está a ajudar, sente que ocorreram mudanças
desde o início do tratamento, que é compreendido pelo terapeuta e sente-se otimista
quanto aos resultados a obter com ajuda do terapeuta e do tratamento.
- A Aliança do tipo II ocorre nas fases posteriores do processo, remetendo para a
experiência de trabalho conjunto, para a partilha de responsabilidade, pela concretização
dos objetivos e para a perceção de confiança mútua. Nesta aliança, a terapia e os seus
resultados são experimentados como algo que depende do trabalho de equipa entre cliente
e terapeuta, da partilha de conceções sobre a origem dos problemas. O cliente possui
qualidades equivalentes às do terapeuta, especialmente as que se referem às competências
de auto-compreensão.
AT e intervenção terapêutica
De acordo com Bordin, uma caraterística fundamental da Aliança Terapêutica é a
sua natureza colaborativa. Os fatores da aliança terapêutica podem ser considerados um
foco da intervenção, uma vez que na estratégia terapêutica deve ser considerada a cada
momento a avaliação dos fatores da aliança terapêutica. O terapeuta procura encontrar
uma relação de colaboração relativamente às tarefas.
A Aliança Terapêutica é o fator terapêutico mais extenso, tendo cerca de 10000
artigos e dissertações e 24 escalas para avaliá-la, tais como a WAI, CALPAS e HAQ. É
o conceito meta-teórico indicador da relação terapêutica. É, atualmente, considerado um
fator importante em todos os modelos terapêuticos.
Distanciamento Confronto
Contratransferência
Manejo da Contratransferência
A atuação da contratransferência está negativamente associada aos resultados. O
manejo da contratransferência, por sua vez, encontra-se positivamente associado aos
resultados, como comprovado por Hayes, Gelso e Hummel e em estudos de relações
terapêuticas baseadas na evidência da APA.
O manejo da contratransferência tem implicações práticas, tais como para prevenir
a atuação da contratransferência os terapeutas devem resolver os seus conflitos internos
com terapia e supervisão. Os terapeutas que identificam as suas atitudes
contratransferências (através de perguntas que existem, por exemplo) ajudam mais
facilmente os seus clientes a identificar as reações que evocam nos outros.
Em suma, pode dizer-se que não existem muitos estudos para o tema da
contratransferência.
Empatia
O conceito de Empatia foi impulsionado por Carl Rogers e a sua Terapia centrada
no cliente. É considerada como um fator terapêutico necessário e suficiente para que
ocorra a terapia. Relativamente a este conceito, houve muita investigação até aos anos 80,
depois um declínio e foi retomada em meados dos anos 90, pela investigação da
Neuropsicologia. A Empatia passa a ser vista como a base da inteligência emocional, com
a investigação sobre os “neurónios espelho”, Conclui-se que há três processos
intercorrelacionados: a simulação emocional (com base na leitura da reação do outro), a
Descentração (perspetive-taking) e a Regulação emocional (da reação do própria e da
compaixão e ajuda ao outro).
A Empatia abarca duas dimensões. A dimensão cognitiva, o compreender o
quadro de referência da experiência do cliente, e a dimensão emocional, que se refere a
compreender a experiência emocional do cliente. É uma competência interpessoal do
terapeuta, que se traduz na habilidade para ser sensível a entender o ponto de vista do
cliente, momento a momento, ver o mundo com os seus olhos, adotar o seu quadro de
referência – metáfora de “usar os sapatos do outro”.
- Interrompe;
- Não faz contato ocular;
Não Empático
- Impositivo;
- Dá conselhos.
Ao nível dos clientes, os que conseguem explorar com mais facilidade o seu
mundo interno são mais fáceis de empatizar. A expressão de empatia ainda é mais
importante com os clientes com maior severidade da patologia. Os clientes mais céticos,
reativos à autoridade e pouco motivados podem reagir negativamente a terapeutas
empáticas e, aí, deve adotar-se uma postura mais distante e centrada na tarefa.
Por vezes, a expressão da empatia pode ser contraproducente (Duan e Hill, 1996),
quando ao ser empático o terapeuta revela aspetos da experiência do cliente para os quais
este não está preparado ou não pretende revelar. Assim, a expressão de empatia deve ser
dirigida ao cliente mas deve ter-se em conta a avaliação da relação terapêutica no
momento, pois pode ser-se mais empático não expressando empatia.
A empatia está mais associada aos resultados em terapias de grupo e menos
associada aos resultados quando o setting é em internamento.
Em conclusão, pode afirmar-se que a empatia influencia a obtenção de resultados.
O terapeuta empático capta a experiência do cliente, momento a momento, e utiliza essa
experiência para o compreender. O terapeuta empático facilita o processo terapêutico do
cliente e sabe adequar o nível da expressão de empatia às caraterísticas do cliente.
Congruência
Existem duas dimensões relativamente à congruência:
1. Congruência Intrapessoal – autenticidade que resulta da experiência do
terapeuta acerca de si mesmo;
2. Congruência Interpessoal – resulta da capacidade para comunicar ao cliente
a experiência tida com o mesmo.