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Terapia Familiar do Construcionismo Social

Susana Ponciano

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Terapia do Cronstrucionismo Social

Introdução

A terapia familiar é um processo relativamente recente, sendo que o movimento que

desencadeou a psicoterapia com famílias começou no início dos anos cinquenta. Esta

forma psicoterapia é bastante flexível na sua abordagem, tendo uma vasta gama de

aplicação tanto a nível de problemas com crianças como adultos. O objectivo central da

terapia familiar é a resolução de problemas e promoção de um relacionamento saudável

entre os membros da família. Destacam-se várias escolas e tradições terapêuticas na

terapia familiar. Podendo ser classificadas em termos da sua enfase em relação ao

problema e padrões de comportamento, história contextual e factores predisponentes,

sistemas de crenças e narrativas. (Carr, 2006)

A abordagem do construcionismo social apresentada neste trabalho concentra-se em

sistemas de crenças e narrativas. O Construcionismo social advém de várias

contribuições teóricas provenientes da sociologia que se tem alastrado a outras áreas da

psicologia. (Rasera, 2004) No entanto vários autores argumentam que as suas raízes têm

origem nos tempos primórdios. Segundo Gergen o construcionismo social provem de

diferenças entre duas escolas de pensamento a empirista e a racionalista. (Grandesso,

2006)

Está particularmente ligada à crítica de Wittgenstein (1953) em relação ao

comportamentalismo e cognitivismo. O autor argumenta que as pessoas comportam-se

de acordo com convenções sociais e que os objectos não estão localizados na mente de

uma pessoa mas nas palavras. A Linguagem é vista como construtiva não referencial. A

linguagem e significado fazem parte de um indexo social e contextual, e não espelho

"realidade" (Durrheim, 1997). Construcionismo social não aceita a existência de apenas

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uma verdade, como é o caso do positivismo, mas muitas "verdades" que estão situadas

nos relacionamentos. (Stead, 2004)

Defende uma visão do mundo que é socialmente construída por indivíduos através

do diálogo, em que a verdade não é descoberta mas sim construída. Os termos em que o

mundo é compreendido são artefactos sociais, produtos de intercâmbios entre pessoas, e

historicamente localizados. A compreensão do processo não é automaticamente

produzida por forças da natureza, mas é o resultado de uma tarefa cooperativa.

“Tudo o que consideramos real é resultado de uma construção social” (McNamee, 2010,

p. 21)

Isto não quer dizer que a realidade não exista mas sim que a sua definição é feita a

partir de constructos sociais. É a partir das relações que o homem faz sentido do que o

rodeia, as flores, água, sol, morte e assim sucessivamente. (McNamee, 2010)

Sotter argumenta que os significados construídos a partir da experiência estão

imperativamente ligados à linguagem. Para o autor a construção da realidade é um

processo que emerge da evolução de narrativas sociais. (Yerby, 1995)

A linguagem é descrita como uma rede de "significados", cuja relação para as

coisas que significam é essencialmente arbitrária. A partir desta perspectiva, as

diferentes comunidades linguísticas podem "esculpir" o mundo em muitas maneiras

diferentes. Mesmo dentro de comunidades linguísticas semelhantes e relacionadas,

subtis diferenças podem configurar o mundo da experiência de forma diferente.

(Neimeyer, 1998)

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Como descrito a linguagem e o seu estudo toma um lugar central no contrucionismo

social. No mesmo sentido o conhecimento torna-se subjacente à linguagem. Sendo este

relativo a cada cultura e por este motivo a subjectividade é interpessoal. (Held, 2000)

A noção de que a compreensão surge aqui como forma de processos sociais, e tem

sido objecto de discussão no campo da Psicologia. Por exemplo, Gregory Bateson,

argumenta que a verdade de uma afirmação depende de acordo entre os interlocutores

para que esta seja verdade. Durante os anos 1970 e 1980 a linguagem era usada como

uma ferramenta para provocar mudança nas práticas de terapeutas sistémicos (Boscolo,

Cecchin, Hoffman & Penn, 1987)

Alguns destes conceitos base do construcionismo social foram adoptados por alguns

membros do grupo de Milão, nomeadamente Checchin e Boscolo. Cecchin (1992)

descreve o desenvolvimento do pensamento sistémico do grupo de Milão, desde a teoria

geral dos sistemas a modelos do construcionismo social. O autor enuncia três mudanças

conceituais que marcaram esta evolução do pensamento: a cibernética, a construção de

significado (perspectiva da teoria da interacção simbólica), e a epistemologia

construtivista.

Inicialmente este grupo, de orientação psicanalítica, dedicou-se ao trabalho com

crianças gravemente perturbadas e suas famílias. No entanto notaram bastantes

dificuldades em transferir conceitos da psicanálise para o trabalho com famílias,

sentindo-se insatisfeitos com o tempo de duração da terapia e a falta de resultados.

(Yerby, 1995)

A integração do trabalho de Bateson e do grupo de Palo Alto, fez com que o grupo

de Milão começasse a mudar o foco da terapia. Deixaram de tentar descobrir o

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problema individual de cada membro para examinar o seu comportamento no contexto

da família.

A família é vista como um sistema, caracterizado por processos de controlo a nível

de funcionamento que são influenciados pela comunicação. Com esta apreciação o

grupo de Milão começa a dar ênfase a regras de comunicação, padrões e paradoxos.

O grupo Milão, em particular, explorou a indeterminação do sentido linguístico

através do uso do questionamento circular para produzir significados alternativos aos

problemas familiares apresentados. Numa pratica terapêutica que parecia contrária ao

senso comum, Boscolo afirma "quando encontrar uma premissa – assim como a ideia de

que as pessoas têm que ser perfeitas - pode construir uma lógica sobre ela de modo que

tudo o que a família faz conecta com essa premissa "(Boscolo et al., 1987, p. 89).

Para Cecchin e Boscolo, a ênfase tem sido a elaboração do posicionamento do

terapeuta e do desenvolvimento a abordagens para o questionamento circular. Cecchin

argumentou que o conceito de neutralidade deve ser expandido para incluir ideias de

curiosidade e irreverência: curiosidade sobre a construção de várias maneiras possíveis

de se pensar sobre a situação.

Os significados socialmente construídos parecem flutuar sobre o mundo do corpo

tornando-se ancorados apenas por outros constructos linguísticos. Em uma discussão

sobre uma consulta com uma mulher anoréxica e sua família, Cecchin afirma:

Não importa se é verdade que ela tem anorexia ou não. Caso contrário, cairíamos

no erro epistemológico da família. Queremos saber quem acredita ou não na sua

anorexia. Estamos atentos ao processo de como funciona essa crença nessa família

particular. (Boscolo et al., 1987, p. 192)

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Esta formulação acentua sobre pressupostos do construcionismo em oposição a

práticas tradicionais sistémicas. Neste caso, o sistema de "crenças", é aprofundado por

uma série de perguntas, de forma a explicar o comportamento dos vários membros da

família. Segundo Volosinov não é a experiência que organiza a expressão, mas o

contrário, a expressão organiza a experiência. Expressão é o que primeiro lhe dá

experiência da sua forma e especificidade de direcção.

Para Volosinov, o significado é construído, mas não é construído a partir de crenças

abstractas ou sistemas de palavras já faladas. Pelo contrário, o significado é feito de

expressões dadas em resposta a uns e outros, momento a momento, situação a situação.

(Lannamann, 1998)

A utilização de fundamentos da teoria do construcionismo social na terapia familiar

tem- se concretizado através da aplicação de conceitos que assinalam uma nova postura

terapêutica e do processo terapêutico.

Hoffman propõe que o construcionismo social apresenta seis grandes desafios para

a terapia tradicional:

. Não se consegue separar o observador da observação. A pesquisa social

objectiva não existe

. O conceito de “self” é construído socialmente em vez de ser uma entidade

estável que pode ser observada

. Não existe um padrão universal sobre o desenvolvimento normal, já que o

contexto tem um papel fundamental no desenvolvimento humano

. As emoções são determinadas pelo contexto em oposição a estados internos

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. Não existe um sentido subjacente na comunicação sendo que o que é definido

como contexto é muitas vezes subjectivo

O pressuposto conceitual deste modelo é de que percepção da realidade é

determinada através de crenças de nós próprios e da sociedade. Segundo esta

perspectiva o terapeuta familiar é incapaz de fazer uma observação objectiva da familia

porque a sua visão é colorida pelo sistema de crenças individual.

Anderson argumenta que devemos ser cautelosos para que não pensemos que

existem entidades chamadas família. Se uma família existe apenas na linguagem

(através da descrição), há uma família diferente para cada um observando a família,

incluindo os próprios membros. A família que cada um vê e experiencia não é mais do

que uma de muitas realidades possíveis. Neste sentido torna-se necessário rever

descrições sobre o conceito família e terapia familiar. (Piercy, Sprenkle, & Wetch,

1996)

Segundo Parry e Doan a introdução de uma dimensão narrativa na terapia familiar

compreende que a visão da família seja feita inevitavelmente pelas lentes de uma

sucessão de histórias – individual, comunitária, cultural. (Piercy, Sprenkle, & Wetch,

1996)

A família não se torna o objecto de tratamento, visto independente de um

observador ou como uma fonte de problemas, mas como uma entidade flexível

composta de pessoas com significado compartilhado (McNamee & Gergen, 2005)

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Os terapeutas não são abençoados com qualidades especiais que permitam um

melhor entendimento da família ou individuo, são apenas participantes na construção da

realidade com os seus clientes

Nesta perspectiva um terapeuta entra na relação como um aprendiz. Não pode ser

um especialista da experiência vivida do cliente, mas deve aprender sobre ele. Cada

cliente é o especialista em sua própria experiência vivida, e ensina o terapeuta. A

aprendizagem do terapeuta sobre o cliente envolve apreciação mostrando estar atento e

curioso ao discurso do cliente. Para formular hipóteses o terapeuta não se baseia em

teorias sobre a natureza humana. As realidades terapêuticas são construídas

conjuntamente com o cliente. (Anderson & Goolishian, 1988)

O nivelamento do conhecimento entre o terapeuta e o cliente torna-se necessário. Ao

invés de dar directrizes clínicas, o terapeuta e o cliente trabalham em conjunto para co-

construir resultados. O papel do terapeuta, é o de estabelecer condições necessárias para

o surgimento de conversas que produzam novos significados.

Segundo Anderson esta forma de estar em terapia é como uma parceria

convencional na qual terapeuta e cliente estabelecem limites, e objectivos de tratamento.

O que se fala durante a terapia é determinado sessão a sessão, conversa a conversa. O

Terapeuta deve respeitar os diferentes membros do sistema, assim como as suas ideias,

e assuntos pertinentes. O tratamento e o diagnóstico são criações sociais formadas pela

linguagem através do dialogo.

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É através do diálogo com o terapeuta que o cliente desenvolve formas diferentes de

ver a situação e consequentemente na maneira como revolver problemas. (Anderson)

Segundo Sluzki & Berliner (2006) “a mudança consiste em descrever (falar sobre) os

problemas de maneira diferente, gerando diferentes acordos e diferentes consequências”

p.131

O processo de terapia, torna-se na criação de contexto onde existe espaço para a

comunicação dialógica. Desde o contacto inicial e ao longo da relação terapêutica, o

terapeuta e cliente estão empenhados em criar colaborativamente descrições e histórias.

Conclusão

O construcionismo social defende uma visão do mundo que é construída socialmente

por indivíduos em relação. Por outras palavras o conhecimento humano sobre a

realidade que o rodeia é construído por indivíduos em intercâmbio. Dando grande

enfase ao uso linguagem e á forma como os significados das realidades são concebidos.

Os conceitos defendidos pelo construcionismo social têm sido alastrados a varias áreas

das psicologia, como forma de psicoterapia, questionamento cientifico e analise critica

de contextos.

A Terapia Familiar do Construcionismo Social destaca-se pela forma como vê a família

e suas queixas. Atribuindo grande ênfase aos significados construídos pelos elementos

em interacção. O terapeuta adopta uma postura “co-trabalhador” facilitando um espaço

onde haja diálogo e diferentes formas de descrever o mesmo problema, de maneira a

conjuntamente com o cliente criar significados diferentes. O diagnóstico perde o seu

valor, sendo visto como uma construção social.

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