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Mayquel Eleuthério

Graduação em História da Arte


Filosofia da Arte – Kathrin Rosenfield e Guilherme Mautone
Avaliação 1 – 23/10/2016

Pergunta 1 - Apresente resumidamente a perspectiva de Noël Carroll a respeito de uma “filo-


sofia da arte”, evidenciando os principais aspectos discutidos pelo autor (analiticidade, mé-
todo das condições necessárias e suficientes, poder heurístico).

Em seu texto, Noël Carroll caracteriza filosofia da arte, primeiro, por meio de duas es-
pecificações necessárias a respeito da palavra filosofia. Para o autor, é preciso ressalvar que,
quando fala em filosofia, entre as diversas acepções que o termo possui, tem em mente a ideia
de disciplina acadêmica. A segunda redução que o autor apresenta para circunscrever o signifi-
cado tão amplo que pode ter o termo filosofia da arte reside na ideia de que sua obra trata de
uma abordagem filosófica específica, a filosofia analítica da arte, cujo método, simplificada-
mente, encontra-se na análise de conceitos e suas aplicações.

A filosofia analítica, segundo Carroll, investiga conceitos que tornam possíveis as práti-
cas dentro dos respectivos domínios. O filósofo analítico, assim, procura identificar os critérios
necessários para a atribuição de um conceito. Uma vez que o pensamento filosófico inicia
quando indivíduos interessados em determinadas práticas se questionam sobre as mesmas, a
investigação levada a cabo pelo método analítico sobre os conceitos por trás de atividades hu-
manas tem o mérito, para o autor, de resgatar o sentido de tais atividades. Além disso, podemos
sublinhar que esse tipo de reflexão fundamenta a crítica e a historiografia da arte.

A arte é uma das práticas sobre as quais a filosofia analítica se debruça. A filosofia ana-
lítica da arte, portanto, busca estudar os conceitos envolvidos nas atividades artística, como re-
presentação, expressão, forma e o próprio conceito de arte. Conceitos determinam nossa forma
de interagir com objetos cotidianos, e, com a arte, não é diferente. Nossa reação diante de um
objeto muda caso o entendamos ou não como arte. Notamos, assim, a importância da reflexão
acerca do conceito. O que entendemos hoje por pintura abstrata, não seria admitido, dois sécu-
los atrás, no âmbito da palavra arte.

O método das condições necessárias e suficientes é identificado por Carroll como uma
forma de abordagem analítica que consiste na listagem das condições necessárias e das condi-
ções suficientes para a aplicação de um conceito. Um objeto chamado obra de arte, ao ser defi-
nido como tal, é imbricado diretamente com as condições que definem o estatuto de arte. A
aplicação de um conceito é inerente à identificação do objeto como participante de uma cate-
goria em que nem todos os objetos estão. Ao utilizar-se o método das condições necessárias e
suficientes, portanto, são levadas em conta, ao mesmo tempo, as características que todos os
membros de determinada categoria possuem e as características que, juntas, diferenciam os
membros dessa categoria dos de outras categorias. Por exemplo, para à pessoa x ser atribuído
o conceito russa, as condições são: (1) ser do sexo feminino; e (2) ter nascido na Rússia. São duas
condições necessárias para a atribuição do conceito e, em conjunto, se tornam suficientes.

Mesmo que tal método não seja bem-sucedido em cem por cento dos casos, tendo em
vista muitas vezes conceitos serem aplicados sem a devida reflexão sobre suas condições, o mé-
todo das condições necessárias e suficientes, para Carroll, possui grande valor heurístico. Ou
seja, é um método que leva a descobrir, senão as reais condições de aplicação de um conceito,
a complexidade envolvida nesse ato.

Carroll apresenta o problema das definições demasiado exclusivas de arte, como a defi-
nição de arte como representação, e definições demasiado inclusivas de arte, como a de arte
como expressão pessoal. Ainda que tais gestos possam ser condições necessárias para a arte (e
não o são), não são condições suficientes (o primeiro, por não abarcar formas não-representa-
tivas de arte, e o segundo por abarcar formas de expressão não-artísticas). Assim, o valor heu-
rístico da filosofia analítica da arte consiste em auxiliar em descobertas sobre as aplicações do
conceito de arte, sem necessariamente chegar à explicação definitiva de tal conceito, mas tra-
balhando continuamente na formulação de bons conceitos provisórios, visto que a arte muda
como muda o mundo.
Pergunta 2 - Evidencie, na leitura de Winckelmann sobre a imitação entre os gregos, o conceito
de “belo ideal”, comentando sobre seu desenvolvimento naquele contexto antigo. Discuta,
em sua exposição, os gêneros de arte contemporâneos a ele.

O entendimento de Winckelmann sobre a beleza ideal parte de uma premissa que toma
a arte grega como prática profundamente integrada ao modo de vida, ao dia-a-dia dos banhos
e festas, ao contato sistemático entre a arte e o corpo que tais sociedades, à visão do autor,
possibilitavam e incentivavam.

O contato do artista com o corpo, para Winckelmann, o fazia possuir uma noção pro-
funda da natureza. A beleza ideal viria de ponderações gerais que o artista, munido desse co-
nhecimento empírico do corpo, faria para chegar a formas perfeitas, além da natureza, conce-
bidas, nas palavras do autor, apenas no intelecto. Nota-se que Winckelmann possui uma leitura
platônica da arte grega, ao analisar, de certa forma, a beleza das formas como um produto pu-
ramente intelectual, ainda que oriundo de um modo de vida em que a arte, para o autor, é
integrada ao cotidiano do corpo.

A sistematização da beleza ideal grega, portanto, é disparada pela experimentação sen-


sível do artista e gera representações que transcendem a forma usual da matéria. No entanto,
ao olhar para a arte de seu tempo, Winckelmann percebe profundas diferenças. Nota um grande
número de detalhes anatômicos e expressões em contraposição à unidade de estrutura e gran-
deza serena da arte dos antigos.

Para o autor, existe uma diferença na forma da imitação da natureza empreendida pelos
antigos e pelos modernos. A imitação do belo pela observação da natureza inspira obras que
resumem impressões de objetos particulares, gerando grande detalhamento e fidelidade ao ob-
jeto representado, como uma cópia similar – este é o caminho utilizado pela arte moderna, re-
ferida pelo autor em Bernini e na arte holandesa. Já a imitação do belo pelo estudo da beleza
universal, isto é, das representações produzidas pela arte grega, leva a produtos cuja beleza é
ideal, corretora das imperfeições naturais do corpo representado – tal é o caminho da arte grega.

A constatação de Winckelmann é nostálgica. A forma como reflete sobre a contraposi-


ção entre arte antiga e moderna revela um olhar idealizador sobre o modo de vida antigo. Não
chega a aventar a possibilidade de o artista moderno, através da observação da natureza, chegar
a um novo ideal de beleza sem ter de recorrer aos ideais antigos. A conclusão do autor é que,
aparentemente, os artistas gregos não só formularam um ideal de beleza, mas estabeleceram o
ideal definitivo.

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