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ATIVIDADES AQUÁTICAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA ABORDAGEM PEDAGÓGICA

Giliard Morés

RESUMO
As abordagens pedagógicas envolvendo as atividades aquáticas demonstram profunda importância em uma sociedade que
procura diariamente momentos de lazer relacionado a prática de atividades físicas, e em especial atividades no meio
liquido que podem serem trabalhadas como conteúdo escolar. Encontramos ações pedagógicas voltadas somente para o
aprendizado técnico dos gestos específicos de cada estilo de nado, tornando as aulas de natação um treinamento para se
aprender a nadar com perfeição. Em contrapartida, a literatura e as vertentes atuais mostram a importância de vivenciar o
lúdico, oportunizar principalmente para as crianças atividades que envolvam recreação e trabalhos em conjunto, ou seja,
aprender brincando. Entretanto, a necessidade da natação como meio de sobrevivência em um ambiente liquido é
importante para a segurança das crianças em situações que exigirão o saber nadar, tornando necessário o conhecimento de
algum estilo de nado. O presente estudo traz uma visão das abordagens pedagógicas através de uma revisão literária,
análises de artigos e textos relacionados ao tema. Pode ser constatada uma grande produção literária voltada para o
aprendizado dos estilos de nados, focando a pedagogia nessa área. Com relação as atividades aquáticas entende-se que à
necessidade de um aumento de material didático para auxiliar os professores na inserção dessas atividades na piscina para
crianças, jovens e adultos.
Palavras-chaves: atividades aquáticas, natação, escola, pedagogia

ABSTRACT
Pedagogical approaches involving water activities demonstrate profound importance in a society that seeks daily leisure-
related physical activities, especially activities in the liquid that can be worked as a school subject. We find pedagogical
actions aimed only for technical learning of specific gestures of each style of swimming, swimming lessons making a
training to learn to swim perfectly. In contrast, the literature and current aspects show the importance of experiencing the
play, create opportunities especially for children activities involving recreation and work together, or learning experiences.
However, the necessity of swimming as a means of survival in a liquid is important for the safety of children in situations
that require the swim, making it necessary to know about any style of swimming. This study provides an overview of
pedagogical approaches through a literature review, analysis of articles and texts related to the topic. It can be seen a great
literary production-oriented learning styles of still births, focusing on the pedagogy in this area. As for the water activities
it is understood that the need for an increase of educational materials to assist teachers in embedding these activities in the
pool for children, youth and adults.
Keywords: aquatic activities, swimming, school, education

1. INTRODUÇÃO todas as idades e biótipos físicos, desde indivíduos

A importância da pratica de exercícios no
ambiente aquático para o desenvolvimento motor e
social dos alunos nas aulas de educação física
favorecendo a aquisição de habilidades motoras e
desenvolvendo suas potencialidades está cada vez mais
fomentado entre os profissionais da área. Desde a
antiguidade, o homem observa a importância da
natação em sua vida, na Grécia, Platão prescreveu na
sua lei 689 a célebre frase “Todo cidadão educado é
aquele que sabe ler e nadar”. Para os romanos a
natação era um requinte de distinção social, aonde
chegaram a proferir “É tão ignorante que não sabe ler
nem nadar”.
Hoje o crescente interesse pelas atividades
aquáticas está intimamente ligado aos seus benefícios
fisiológicos, terapêuticos e utilitário, devido a
necessidade e a segurança de saber nadar
principalmente para crianças e conseqüentemente
devido a aplicabilidade dos exercícios aquáticos para
saudáveis até portadores de necessidade especiais.
O meio aquático é um ambiente muito rico em
possibilidades e variações de atividades que venham de
encontro às necessidades dos alunos, além de
proporcionar ao professor um grande leque de
exercícios e jogos para as aulas de educação física
independente das faixas etárias relacionadas e
incluindo a natação. Para Farias (1988) o ato de nadar
pode ser definido através da atitude psicomotora que
objetiva a locomoção no meio líquido na horizontal, na
vertical, parcialmente ou totalmente imerso. Na visão
de Keberj (2002) a natação é diferente dos quatro
estilos. Ela deve ser muito mais que isso, valorizando a
adaptação, aprendizagem, aperfeiçoamento e
treinamento; de diferentes formas de ação corporal,
aproveitando as propriedades da água e os benefícios
que esta proporciona ao ser humano.Segundo Gomes
(1995) nadar deve significar deslocar-se
equilibradamente no meio aquático, ou seja, dizer que
uma pessoa não sabe nadar quando ela consegue

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flutuar e locomover-se sem os pés no chão, está errado.
Gomes (1995) conclui afirmando que à luz da técnica,
nadar significa desenvolver uma das seqüências de
movimentos previstas para os nados de crawl, costas,
peito ou golfinho (borboleta).
Os aspectos motivacionais e propriedades
terapêuticas da água estimulam o desenvolvimento da
aprendizagem cognitiva e o poder de concentração,
pois o aprendiz busca compreender o movimento do
seu próprio corpo explorando as várias formas de se
movimentar, adaptando suas limitações às propriedades
da água (Dulcy, 1983 apud Lépore et al 1998).
A natação inerente aos quatro estilos de nado
abrange consideravelmente o conteúdo de atividades
aquáticas, sendo na maioria das vezes voltada para
execução técnica de gestos e movimentos
característicos dos nados crawl, peito, costa e borboleta
a fim de formar nadadores exímios muitas vezes
voltados para a disputa de competições. De acordo com
Erichsen (2000), a aquisição de habilidades motoras,
particularmente as aquáticas, ainda é pouco
compreendida. Indubitavelmente a utilização da
natação deve abranger todas suas características, sendo
uma modalidade recreativa (lazer, gincanas e jogos),
terapêutica (principalmente doenças respiratórias e
problemas osteoarticulares) e desportiva (competição).
1.1 Atividades aquáticas: utilizando o lúdico e a
recreação para aprender a nadar
Definir o lúdico não é tarefa fácil, muitos
pesquisadores tiveram a tarefa de contextualizá-lo,
como a exemplo de Brougère (1998), Roza (1999),
Schwartz (1998) e Aberastury (1992), e o que parece
ser consenso entre eles é de que o lúdico está intrínseco
em sua própria realização e satisfação pela atividade.
Para Marcellino (2000) o método lúdico que vem da
palavra “ludos” derivada do latim em sentido próprio
significa jogo, divertimento e também, por extensão,
escola, aula. O que define ludicidade é a presença do
jogo, do brinquedo, da brincadeira, da atividade
criativa e motivadora que não siga uma sistema
determinado previamente. Todos esses elementos
trazem alegria, prazer e divertimento, motivando a
criança a realizar as atividades e assimilar seus
objetivos sem utilizar a repetição e a correção técnica
dos gestos somente e que pode ser trabalhado nas aulas
de educação física em especial nas atividades
aquáticas.
Trabalhar a ludicidade nas aulas de natação
escolar é um processo importante para o crescimento
do aluno como um individuo autônomo em suas
atividades. A criança em estágio maturacional, não
deve unicamente suportar uma atividade longa com
execuções de gestos técnicos voltados para a perfeita
execução dos movimentos dos estilos de nados.
Quando submetida a isso acaba por perder o gosto pelo
esporte e abandonando sua atividade, em contrapartida
o lúdico acaba por proporcionar atividades que
despertem prazer pela aula e conseqüentemente pelo
esporte. De acordo com Borges e Souza (2010)
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atividades recreativas são fundamentais para as
crianças, porque é nesta etapa da vida delas, que
adquirem os conhecimentos e as capacidades
necessárias, tornando assim, o aprendizado
fundamental mais interessante, dando a oportunidade
aos alunos que participarem mais ativamente do
processo de ensino-aprendizagem.
Em um estudo realizado por Freire e Andries
(2002), sobre o brincar na relação pedagógica em meio
líquido, com destaque para as histórias contadas, os
resultados indicam a importância das atividades lúdicas
em meio líquido, no sentido de criar vínculo afetivo e
propiciar manifestações expressivas na relação entre
professor e aluno, ressignificando o papel do professor
de atividades aquáticas na busca pela intensificação das
relações. O processo de aprendizagem envolve um
momento de profunda integração entre o
conhecimento, aluno e professor e deve sempre
promover um ambiente de atividades propícias para a
absorção dos conteúdos propostos.
Segundo Freire e Schwarts (2005) o lúdico é
capaz de ampliar a gama de possibilidades pedagógicas
utilizadas para um determinado saber fazer em meio
líquido, podendo, um mesmo movimento, ser
vivenciado com emoção e intensidade, de maneira
significativa, não tendo o objetivo específico, lógico e
pré-determinado, mas a busca pela diversidade de
ações motoras básicas, pela satisfação das expectativas
e pelo sucesso na realização das mesmas, pelo fato do
respeito às limitações e potencialidades próprias serem
constantes.
Atletas de alto nível utilizam frequentemente
em seus treinamentos sistematizados, momentos para
aquecimento envolvendo atividades recreativas, onde o
objetivo principal ultrapassa o aquecimento fisiológico,
enfatizando a descontração, a motivação e
profundamente o envolvimento de todos os sistemas
corporais para a atividade proposta.
A atuação do professor durante o processo de
aprendizagem se aproxima do técnico, focando
principalmente na técnica para que o aluno obtenha
resultados satisfatórios em competições futuras. O
importante muitas vezes é passar pelo processo de erro
e acerto, explorando as suas possibilidades,
descobrindo seus limites e potencialidades. Segundo
Lima (2009) é interessante, durante a aprendizagem da
natação, apresentar aos alunos exercícios e estratégias
coerentes com os níveis pedagógicos e maturacional,
de simples assimilação, pois a tensão (gerada pela
expectativa de acertar ou errar) está presente durante a
aprendizagem da natação.
Preferencialmente, o professor deveria propor
uma seqüência pedagógica voltada para o aprendizado
amplo e coerente, deixando de lado as explicações
longas e desmotivadoras. Atividades repetitivas, sem
criatividades, condutas pedagógicas fechadas e que
atendem a um único objetivo, tendem a serem
cansativas e contribuem para o desinteresse nas
praticas de exercícios propostos no meio liquido,
desestimulando os alunos e aumenta o numero de
jovens sedentários.

Segundo a concepção de lúdico defendida por
Brougère, (1998) ele pode atender a certo valor
formativo, portanto moral e ético, gerando
manifestações essenciais nesse processo de ensino-
aprendizagem, surtindo efeitos positivos para a vida do
ser humano e promovendo o interesse por atividades de
forma geral. Brougère, (1998) conclui que o educador
pode construir um ambiente que estimule a brincadeira
em função dos resultados desejados. Não podemos ter a
certeza de como a criança vá agir, mas aumentando
assim, as chances de que ele o faça.
Dentro desse contexto, entender as atividades
lúdicas como uma filosofia dentro da escola e das aulas
de educação física, poderia contribuir para a associação
de atividades aquáticas no contexto do lazer dos alunos
durante toda sua vida. A recreação promove uma
liberdade ao professor em aplicar seus conteúdos,
abrangendo todas as idades e níveis de habilidades ou
limitações físicas. De acordo com Rousseau (1712-
1771) recreação pode ser entendida como a liberdade
total da criança nas atividades, sendo que o aluno deve
ser educado para a liberdade. É preciso que saltem,
corram, gritem quando tiver vontade.
A recreação é muito importante para o
desenvolvimento da criança e de todo o ser humano,
pois, precisamos de momentos de lazer para
estabelecer o equilíbrio físico-mental. Segundo
Turchiari (1996) os alunos que recebem informações
compatíveis com o seu amadurecimento mental
(inteligência), físico (motor) e sócio-afetivo
(emocional), são capazes de aprimorar
simultaneamente o rendimento sem prejudicar sua
motivação.
Nesse sentido Gomes (1995) destaca que
podemos analisar que a natação enquanto prática
espontânea sem a preocupação com a técnica é uma
atividade natural. Mas a influência da competição e da
plástica dos nados leva-nos a inferir que a pessoa ao
não desenvolver um dos nados dentro da técnica não
domina a natação. Farias (1988) afirma que antes de
ensinarmos a aprendizagem de "como ensinar nadar",
devemos primeiro saber diferenciar "Natação" de
"NADAR".
Seguindo essa perspectiva observamos que o
ato de nadar deve ser trabalho em uma forma ampla,
recreativa, lúdica, mas não deixando de lado as
técnicas dos movimentos primordiais, como sugere
Reis (1982) a arte de nadar significa a técnica de
deslocar-se na água por intermédio da coordenação
metódica de certos movimentos.
Os alunos devem sentir entusiasmo na prática
da natação, sentindo-se dentro da água como peixes, e
não somente sentir, mas nadar afirma Fomtchenko
(1995). Destacamos que em aulas pedagogicamente
elaboradas devemos promover o trabalho motor
amplamente, não restringindo ou limitando a gama de
movimentos dos alunos, desenvolvendo atividades
inclusivas e motivadoras, como brincadeiras, grandes
jogos e atividades recreativas.
Para Barreto (1998), brincadeira é a atividade
lúdica livre, separada, incerta, improdutiva, governada
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por regras e caracterizada pelo faz de conta. É uma
atividade bastante consciente mas fora da vida rotineira
e não séria, que absorve a pessoa intensamente. Sendo
fundamental sua inserção no planejamento das aulas.
O crescente interesse dos pais por escolinhas
de treinamento em todos os esportes e em foco na
natação trouxe um amplo mercado de trabalho para os
profissionais da área, que através da especialização
podem descobrir, preparar ou formar atletas desde
cedo, sendo que clubes e academias oferecem aulas de
natação de caráter recreativo e promovendo assim a
diversão no aprendizado dos estilos de nado.
Portanto, as atividades recreativas devem ser
espontâneas, criativas e que nos traga prazer, cabe ao
professor ser o mediador e criar um ambiente propicio
para o aluno interagir, participar e contribuir para suas
aulas, despertando o prazer de praticar as atividades
aquáticas.
1.2 A importância dos jogos nas atividades aquática
Entender a importância do jogo para as aulas
de natação como ferramenta para o processo de ensino-
aprendizagem torna as aulas mais desafiadoras e
motivadas para os alunos. Para Borges e Souza (2010)
o jogo recreativo é algo lúdico, que proporcionará
prazer, é também um grande incentivo para que se
tenha um resultado satisfatório de aprendizagem,
propiciado por meio das brincadeiras, que ultrapassam
os limites da sala de aula. De acordo com Claparède
apud Araújo (1992) jogo é um processo de derivação
por ficção e tem por função permitir ao indivíduo
realizar o seu eu, ostentar sua personalidade, seguir
momentaneamente a trilha de seu maior interesse nos
casos em que, não possa consegui-lo recorrendo as
atividades sérias.
Os jogos promovem através de sua infinita
gama de movimentos no meio líquido o
desenvolvimento das habilidades motoras aquáticas
básicas e necessárias nos deslocamentos aquáticos.
Navarro (1995) sugere a abordagem dos saltos, das
rotações, dos deslocamentos, do equilíbrio e, dos
lançamentos e das recepções. No entanto, segundo o
autor em questão, são fatores essenciais para a
posterior prática da Natação numa perspectiva utilitária
e desportiva, a respiração, a flutuação e a propulsão.
Para Gomes (1995) é na adaptação uma das
fases mais importantes da natação, que devemos propor
os jogos, pois, uma pessoa limitada nos movimentos e
mal orientada terá maiores dificuldades para
desenvolver a técnica dos nados. Segundo Reis (1982)
o aluno por processo indutivo passa para o plano da
experiência. Aprende a partir do erro, colhendo
experiências, de que se conscientiza imediatamente.
Os jogos aquáticos devem segundo citado
anteriormente fazerem parte dos conteúdos de ensino
da natação e de todas as atividades aquáticas, se
tornando por que não parte desse meio pedagógico.
Para Marcellino (2007) o papel do animador será o de
planejar, executar, e avaliar as atividades, procurando
quando possível, privilegiar os diversos aspectos

culturais do lazer (social, físico-esportivo, manual,
intelectual, artístico e turístico) e envolver os
participantes durante as atividades, seja praticando,
assistindo, seja tomando conhecimento.
Segundo Lima (2009) é muito produtivo para
o professor desenvolver aulas criativas, sem muitos
detalhes da técnica. Atividades globais como os jogos,
em que o mais importante é a realização dos
movimentos, mesmo que não sejam tecnicamente
perfeitos seriam as mais indicadas para o processo de
aprendizagem da natação em toda sua magnitude.
Observamos, geralmente em clubes que
adultos e jovens que nadam diferentes estilos, tendem a
realizar seus movimentos com a musculatura contraída,
dificultando os gestos motores, quando o correto
seriam movimentos mais naturais e descontraídos, ou
seja, sem a tensão de ter que realizar a técnica
perfeitamente (Lima 2009).
Estabelecendo uma relação entre a teoria e
sistematização do ensino da natação, Freudenheim,
Gama e Carracedo (2003) propõem um referencial para
uma pedagogia da natação, segundo o qual: concebe a
habilidade do nadar como organizada hierarquicamente
em componentes horizontais e verticais; possuindo três
fases de ensino baseadas em pressupostos
desenvolvimentais (fase de movimentos fundamentais,
fase de combinação de movimentos fundamentais e
fase de movimentos culturalmente determinados);
estabelecendo que na fase de movimentos
culturalmente determinados outras habilidades além
dos estilos de nado podem ser ensinadas.
Outro aspecto importante dessa proposta diz
respeito ao reconhecimento de que além de demandas
motoras, aspectos afetivo-sociais e cognitivos também
compõem as habilidades do nadar. Esse referencial
oferece um suporte teórico ideal para inserção de
atividades na água que envolvam as habilidades
motoras básicas, como os jogos e atividades em grupo
para que os alunos possam experimentar todas as
possibilidades possíveis no seu desenvolvimento
corporal e motor.
1.3 Abordagem técnica: treinar ou aprender
movimentos?
Uma grande quantidade de professores aborda
as atividades aquáticas somente através dos quatro
estilos de nados, focalizando seus movimentos
somente, e promovendo o desenvolvimento da técnica
pertinente a cada estilo. Esse problema aparece em
aulas com muitas explicações teóricas e pouco
conteúdo pedagógico, tendendo a ser desmotivadora e
frustrante para o aluno.
Geralmente observarmos professores que
utilizam de explicações minuciosas em relação aos
exercícios, procurando êxito em sua técnica especifica,
o que não é interessante na aprendizagem da atividade
física, pois o movimento humano é muito complexo,
diferente da atividade do pensar (Lima, 2009). O autor
conclui que quando movimentamos nosso corpo na
água, não basta somente pensar, em se locomover, mas,
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orientar nossas estruturas musculares e articulares na
direção certa.
Olhando há alguns anos atrás, quando não
havia tanto centros de ensino de natação e escolas de
aprendizagem, as crianças começavam a aprender a
nadar em rios e lagos, sem orientação elaborada para os
gestos motores. Contudo, desenvolviam seus
movimentos corporais mais naturalmente, pois
experimentavam várias possibilidades de deslocamento
na água. Para Lima (2009) quanto mais nos
aprofundamos nos processos de aprendizagem, nas
diferenças entre o aprender, aperfeiçoar e treinar,
melhor será o nível das nossas aulas e
consequentemente o ensino da natação.
Aprofundando na discussão Gomes (1995),
afirma que podemos analisar a natação enquanto
prática espontânea sem a preocupação com a técnica,
ou seja, é uma atividade natural. Mas a influência da
competição e da plástica dos nados leva-nos a inferir
que a pessoa ao não desenvolver um dos nados dentro
da técnica não domina a natação.
Retomando um parecer expressado
anteriormente por Reis (1982) relata que a arte de
nadar significa a técnica de deslocar-se na água por
intermédio da coordenação metódica de certos
movimentos. Portanto não podemos dissociar
completamente os educativos para a fundamentação
dos gestos natatórios dos exercícios globais que
procuram oferecer uma liberdade de movimentos e
gestos para os alunos que desejam se deslocar na água.
Reis (1982) completa afirmando que a aprendizagem
da natação em moldes científicos obriga a um trabalho
constante, na ação sobre cada caso e cada aluno,
requerendo correções constantes, repetindo, repetindo
sempre.
Os alunos recebem informações compatíveis
com o seu amadurecimento mental (inteligência), físico
(motor) e sócio-afetivo (emocional). São capazes de
aprimorar simultaneamente o rendimento sem
prejudicar sua motivação. Deste modo, estaremos
dando um grande número de estímulos àqueles que
buscam para si ou para seus filhos uma liberdade em
todos os sentidos relacionados com o meio líquido
(Turchiari,1996).
Fernandes; Costa (2006) pontuam que de
acordo com o método de aula pode-se contribuir para a
fragmentação dos movimentos e para aquisição de um
comportamento mecanicista em relação aos quatros
nados. Essa pedagogia enfatiza que os principais
objetivos do professor de natação é superar a noção de
que aprender a nadar se resume ao domínio técnico dos
quatro estilos, valorizando o aluno como alguém que já
traz um saber consigo, considerando ele membro ativo
no processo de aprendizagem.
Outra proposta pedagógica, defendida por
Freudenheim, Gama e Carracedo (2003) e elaborada
prioritariamente para a população infantil, propõe a
inversão de foco no ensino do nadar. Sendo assim, o
processo ensino-aprendizagem se volta para o
indivíduo, rompendo com a pedagogia tradicional, que
enfatizava o conteúdo, e em todas as aulas, devem ser

contemplados aspectos referentes a três domínios do
comportamento: motor, efetivo-social e cognitivo.
De acordo com esse pensamento de ensino-
aprendizagem, Canossa et al. (2007) apresentaram uma
proposta de ensino da natação de caráter
multidisciplinar, justificada a partir de pressupostos da
aprendizagem motora, tais como a importância da
prática variada, da interferência contextual e da
transferência de aprendizagem, enfatizando a discussão
na fase de adaptação ao meio líquido. Considerando o
tempo de experiência do treinador na capacidade deste
de ensinar, detectar e corrigir erros técnicos foi
estudado por Moreno et al. (2006) e das características
de personalidade deste sobre o aprendizado dos alunos
de natação por Cregan et al. (2007) e Coatsworth e
Conroy (2009), demonstrando a importância da boa
formação profissional na evolução das aulas de natação
e atividades aquáticas em geral.
Observando os estudos e relatos teóricos que
embasam a presente discussão, fica evidente uma
grande diferenciação por parte dos métodos de ensino
na natação: um focado em movimentos tecnicistas e o
outro direcionado para uma aprendizagem mais ampla
envolvendo a diversidade dos gestos motores. Sua
aplicação dependerá da necessidade inerente a cada
realidade que o professor possa estar inserido
pedagogicamente para o sucesso pedagógico das
atividades aquáticas.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Instigar um movimento corporal de uma
criança é parte do trabalho do profissional de educação
física, tornar esse movimento um gesto técnico que
deverá seguir um padrão pré-estabelecido provoca uma
série de ações pedagógicas que podem desagradar os
alunos e tornar a atividade desmotivadora. O professor
deve considerar uma aula baseada em atividades que
despertem o interesse natural dos alunos em aprender
determinado conteúdo sem a pressão do fazer
corretamente, o que se torna agradável principalmente
em se tratando de atividades no meio líquido.
Xavier Filho e Manoel (2002) apontam nessa
direção, relatando que os padrões do nadar em
desenvolvimento, desde o reflexo do nadar, não têm
sido considerados no ensino da natação e que estes são
freqüentemente tratados como erros de performance,
pois são constantemente comparados aos padrões
tecnicamente estruturados dos quatro estilos de nado.
É importante perceber a grande carência de
publicações a cerca da pedagogia da natação e de
atividades aquáticas, ficando a cargo do professor
definir objetivos e traçar conteúdos de acordo com o
que julgar melhor para os seus alunos nas aulas
envolvendo a água. Faz-se necessário construir um
processo pedagógico diferenciado para cada perfil de
alunos, dando importância em grade escala para as
atividades lúdicas e recreativas nas aulas de natação
para crianças, principalmente na fase de adaptação. Por
outro lado, o treinamento e as correções técnicas se
fazem necessário em situações que são encontradas no
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processo de evolução e ensino dos diferentes estilos de
nados, tornando o professor o responsável pela
aplicabilidade correta das atividades sem prejudicar o
aprendizado dos alunos.
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v.10, n.2, p.85-94, 2002.

On-line http://revista.univar.edu.br/ Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2011) nº 7 p. 120 - 125

ISSN 1984-431X