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YAGO JOSÉ CAMPOS SOUSA

Economia criativa: Uma opção em meio à atual crise brasileira.

Artigo elaborado como pré-requisito final


de aprovação do Curso de Bacharelado
em Administração, pela Faculdade de
Tecnologia de Valença.

Orientador: Roberto Pereira Filho, Msc.


em Políticas Sociais e Cidadania.

Valença-BA
2018
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Economia criativa: Uma opção em meio à atual crise brasileira.


Yago José Campos Sousa1

RESUMO

Palavras como estagnação, escassez, desemprego e incertezas se tornaram


recorrentes no linguajar e no cotidiano do povo brasileiro, tudo isso se deve a forte
crise instaurada em nosso país. Assim, este artigo tem como objetivo apontar de
forma sintética a utilização da economia criativa como um dos meios não
convencionais para contornar essa situação desagradável e as vezes
desesperadora. Para se chegar a essa abordagem, empregou-se como método de
pesquisa a análise de dados teóricos, textos e literaturas específicas acerca do
assunto, dessa forma foi possível ter uma visão mais ampla e notar que em um curto
espaço de tempo houve um crescimento significativo desse novo modelo de
negócios baseadas no capital intelectual. Mesmo em meio a recessão percebesse
que nossa sociedade vem progredindo de maneira surpreendente nesse campo e se
adequando naturalmente às situações adversas que se apresentam em um mercado
cada vez mais competitivo e seleto.

Palavras-chave: Economia criativa. Crise. Brasil. Capital intelectual.

ABSTRACT

Words like stagnation, scarcity, unemployment and uncertainties became recurrent


Brazilians’ language and daily, all this is because the strong crisis established at our
country. Then, this article has aims to summarize the use the creative economy like
one unconventional means to overcome this unpleasant and sometimes desperate
situation. In order to arrive at this approach, we used research method analysis
theoretical data, texts and specific literatures about the subject, thete way it was
possible have a large view and to note at short period of time there was a significant
growth in this model's new business based on intellectual capital. Even at recession’s
midst, I realized our society has been progressing surprising way in this field and
naturally adapting about adverse situations present at a alot of increasingly
competitive and select market.

Keywords: Creative economy. Crisis. Brazil. Intellectual capital.

1 Graduando de Bacharelado em Administração pela Faculdade de Tecnologia de Valença. Email:


admiagocampos27@gmail.com
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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos quatro anos, uma forte crise se estabeleceu no sistema econômico
brasileiro. Desde do início de 2015 no tumultuado segundo mandato da presidente
Dilma Vana Rousseff filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), nossa economia tem
andado em marcha ré, já que a mesma passou por uma grande reviravolta saindo
de um boom econômico iniciado em 2010 para um profundo choque recessivo, que
gerou um conjunto de políticas de austeridades implementadas através do corte de
despesas.

Nesse período houve uma desvalorização da nossa moeda e o poder de compra da


população reduziu consideravelmente, estagnando a maioria dos setores do
comércio e diminuindo os postos de trabalhos. Esse efeito em cadeia acompanhado
alto endividamento do governo e dos escândalos de corrupção que vieram à tona
por meio da operação Lava Jato fizeram nosso país ser rebaixado no ranking de
classificação de grau de investimento pela Moody's, Standard and Poor's e Fitch três
principais agências que regulam os níveis de risco para aplicações. Como
consequência dessa queda, diversos investidores estrangeiros retiraram seu capital
e empreendimentos dos nossos domínios, o que só agravou a atual situação de
decadência, já que os investimentos vindos do exterior compõem um numeroso
volume dos negócios presentes no país. Essa brusca transição atingiu em cheio as
finanças de toda uma nação, forçando uma grande fatia da população a mudar
certos hábitos de vida adquiridos nos períodos de economia aquecida e ascensão
financeira.

Perante esse contexto desfavorável diversas soluções foram cogitadas e


implementadas no mercado pela massa de trabalhadores brasileiros com o intuito
de tentar contornar a situação de adversidade imposta pela crise. Uma delas foi a
economia criativa que surgiu como uma das alternativas de sobrevivência em meio
a atual onda de desemprego. Segundo Howkins (2001) esse modelo econômico
pode ser considerado como o meio através do qual, novas ideias e invenções são
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comercializadas e vendidas, ou seja, consiste em todos os atos criativos em que o


trabalho intelectual cria valor econômico.

O Brasil é considerado por especialistas como um reduto de oportunidades quando


se trata de negócios criativos, a região sudeste tem um destaque em relação as
demais, devido a força dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, locais onde o
índice de culturas e costumes diferentes interagindo entre si são altos, o que
favorece e fomenta novas ideias de negócios ligados a criatividade. O ponto chave e
maior barreira para o sucesso desses empreendimentos no Brasil é juntar a grande
aptidão intelectual dos brasileiros ao meio corporativo, monetizando suas ideias e
agregando valor cultural ao meio onde as mesmas são desenvolvidas.

Diante dos expostos, este trabalho busca introduzir os conceitos da economia


criativa, demonstrando de maneira sintética a importância dos segmentos de
produtos e serviços criativos no que diz respeito a geração de renda, apontando-os
como potenciais oportunidades para desenvolvimento econômico, já que a mesma
se demostra como uma das possíveis saídas para atenuação do alto índice de
inatividade presente em nosso país.

Este estudo é, sem dúvida, de fundamental relevância para os diversos


administradores que trabalham oferecendo soluções e suporte para organizações
que careçam de inovações dependentes do intelecto criativo, através de
consultorias, acessórias, desenvolvimento de projetos ou até mesmo que atuam
como freelances. Para outros profissionais que também desenvolvem ou pretendem
desenvolver alguma atividade relacionada a criatividade como designers,
publicitários, músicos, programadores, arquitetos, a pesquisa também é pertinente.
Pois a mesma aponta a economia criativa como um meio não convencional para
geração de riquezas, além de ressaltar sua contribuição de forma direta no
progresso cultural e social do meio onde a atividade é composta ou executada.

Para proporcionar o avanço em um campo do conhecimento é preciso primeiro


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conhecer o que já foi realizado por outros pesquisadores (VIANNA, 2001). Tomando
como base essa afirmativa a confecção desse artigo, foi alicerçada, basicamente,
em um amplo repertório de fontes especializadas, que foram descobertas após um
árduo trabalho de prospecção em bibliografias específicas, revistas e recortes de
jornais relacionados a temática, bibliotecas virtuais e documentos disponibilizados
por instituições que mensuram e fomentam o avanço através dessa modalidade
econômica também foram bastante utilizados no decorrer da pesquisa. A reunião
dessas informações por sua vez resulta em um acervo de dados indispensáveis para
o desenvolvimento do trabalho.

Dessa forma, as informações contidas nesse artigo estão subdividas em cinco


fragmentos. O primeiro traz a introdução, nele podemos ver a temática e um resumo
de tudo que será levantado. O segundo discorre a respeito dos conceitos e evolução
histórica, pois a partir dessas abordagens se torna compreensível a utilização de
certos termos e exemplos presentes no decorrer da leitura. O terceiro trata sobre a
realidade da economia criativa no Brasil, demostrando de forma quantitativa os
resultados auferidos ao longo de mais de uma década. Logo em seguida temos o
quarto fragmento que evidencia um possível mercado de oportunidades para os
brasileiros afetados pela crise, através de exemplos de negócios criativos de
sucesso. Já o quinto, e o último capítulo e trata das considerações finais, onde são
propostas soluções para a problema discutido inicialmente.

2 CONCEITUAÇÕES E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ECONOMIA CRIATIVA

Conforme o dicionário Houaiss, criatividade pode ser determinada como “a


qualidade de quem é criativo; inventividade; inteligência e talento, natos ou
adquiridos, para criar, inventar, inovar”. Logo podemos classificar a criatividade como
algo intrínseco ao indivíduo dotado de inteligência e linguagem articulada,
características presentes na maioria dos seres humanos e que difere a nossa
espécie das demais. Essa particularidade está interligada a consciência e
capacidade para analisar os próprios atos, o que permite ao bicho homem vivenciar,
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planejar e executar suas atividades interagindo com o meio e adquirindo novos


conhecimentos em um processo evolutivo constante.

No início da história humana essa qualidade foi crucial para a perpetuação da


espécie, visto que através dela foram desenvolvidas ferramentas essenciais para
sobrevivência, como a confecção de utensílios para auxiliar na defesa contra
predadores. Com o passar dos anos a criatividade foi sendo empregada cada vez
mais, deixando de ser utilizada apenas para fabricação de produtos voltados para
demandas fisiológicas. Desde do seu início até os dias atuais a sociedade está em
um recorrente processo de transição evolutiva que cria novas necessidades e uma
dependência constante de produção, distribuição e consumo de bens e serviços
interligados, inseparáveis e cíclicos a criatividade, a essa prática é dado o nome de
economia criativa.

De acordo com Renata Reps (2015), mestre em Indústrias Criativas pela


Universidade de Paris, em 1983 foi divulgado pela primeira ministra do Reino Unido
Margaret Hilda Thatcher um relatório sobre importância de áreas ligadas à
tecnologia e à criatividade para o crescimento econômico do seu país, esse
documento foi a primeira alusão sobre a temática que se tem notícia.

Já em 1994 surgia na Austrália o termo indústria criativa, com a publicação do


relatório Creative Nation, nele o primeiro-ministro Paul Jhon Keating apresentou um
revolucionário conjunto de políticas públicas com ênfase na cultura e arte. Três anos
depois em 1997, o departamento de cultura, mídia e esportes do Reino Unido
efetuou um amplo mapeamento sobre as indústrias criativas, um conjunto de
atividades intelectuais fragmentadas em setores que consolidados entre si e com
outros elementos formam uma economia ao seu redor, visando a manipulação e
transformação de ideias para a produção de bens e serviços.

Em decorrência do reconhecimento governamental sobre a importância de um


ambiente de negócios existente em volta da indústria criativa, diversos autores se
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debruçaram sobre a nova temática, entre eles merece notoriedade o inglês Jhon
Anthony Howkins considerado como o papa do assunto, que em 2001 baseado no
termo Indústrias Criativas criou a expressão “Economia Criativa” na sua obra The
creative economy. A partir de então o termo Economia Criativa vem sendo
profusamente estudado, debatido e propagado por todo o mundo, com diferentes
conceitos e classificação de atividades.
De acordo com Caiado (2011, p. 15):

Economia Criativa é o ciclo que engloba a criação, produção e distribuição


de produtos e serviços que usam a criatividade, o ativo intelectual e o
conhecimento como principais recursos produtivos. São atividades
econômicas que partem da combinação de criatividade com técnicas e/ou
tecnologias, agregando valor ao ativo intelectual. Ela associa o talento a
objetivos econômicos. É, ao mesmo tempo, ativo cultural e produto ou
serviço comercializável e incorpora elementos tangíveis e intangíveis
dotados de valor simbólico.

No Brasil a economia criativa foi definida pelo Ministério da Cultura como a


economia do intangível, do simbólico. Alimentada pelos talentos criativos, que se
organizam individual ou coletivamente para produzir bens e serviços criativos.

A classificação dos setores vão além dos denominados como tipicamente culturais,
ligados à produção artístico-cultural (música, dança, teatro, ópera, circo, pintura,
fotografia, cinema), compreendendo outras expressões ou atividades relacionadas
às novas mídias, à indústria de conteúdo, ao design, à arquitetura entre outros.
(MINISTÉRIO DA CULTURA, 2011).

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FRIJAN)


uma organização privada e sem fins lucrativos que realizou o mapeamento da
Indústria Criativa no Brasil a mesma está dividida em quatro grandes áreas
Consumo, Mídias, Cultura e Tecnologia que por sua vez se subdividem em 13
segmentos sendo eles: Design, Arquitetura, Moda, Publicidade, Editorial,
Audiovisual, Patrimônio e Artes, Música, Artes Cênicas e Expressões Culturais,
Pesquisa e desenvolvimento (P&D), Biotecnologia e Tecnologias da Informação e
Comunicação(TIC).
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3 A REALIDADE DA ECONOMIA CRIATIVA NO BRASIL

Ao confrontar a participação dos segmentos criativos na macroeconomia, nota-se


que o Brasil ainda está muito abaixo de países como Austrália, Japão, Estados
Unidos, Inglaterra e França, assim podendo ser considerada como uma nação com
expressividade limitada em negócios dependentes de criatividade, um dos fatores
que contribuem para esse título é a pouca experiência no mercado, já que a ideia de
indústria criativa teve origem na Europa e se difundiu primeiro em países
desenvolvidos, por aqui ainda é algo novo e desconhecido pela grande massa. Essa
disparidade pode ser ilustrada por meio da imagem 1.

Imagem 1: A multipolar creative world (Um mundo criativo e multipolar.

FONTE: Source: Cultural Times – The First Global Map of Cultural and Creative Industries, Dezembro
2015.

Como citado no paragrafo anterior nos países desenvolvidos as informações


chegam de forma mais rápida, contudo não é só o conhecimento que define o
sucesso dos negócios criativos, um conjunto de recursos como capital financeiro,
mercado consumidor, tecnologia e capacitação são fundamentais para perpetuidade
dessas cadeias criativas. É notório que o continente africano e subcontinente latino-
americano não possuem os meios necessários para expandir seu volume de
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indústrias criativas, a dependência de capital estrangeiro por parte dos países que
os compõem, o baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) e a falta de politicas
públicas inibem o crescimento da economia criativa nesses locais, dessa forma o
percentual de participação nas indústrias criativas como um todo é baixíssima em
comparação a com a Europa, Ásia e América do Norte.

Apesar dessas variáveis, no que concerne a economia criativa no Brasil, os


resultados são animadores. Haja vista que o crescimento econômico dos setores
criativos supera a média do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos anos,
influenciando diretamente no mesmo. Segundo dados recentes levantados pela
FIRJAM (2016), os ganhos auferidos pelos empreendimentos criativos representam
cerca de 2,64% do PIB nacional, como decorrência o setor auferiu uma riqueza de
R$ 155,6 bilhões para a economia brasileira em 2015, valor semelhante ao montante
do preço de mercado de marcas renomadas, como Zara, Facebook e L' Oréal
somados.

Gráfico 1: Participação do PIB Criativo no PIB total Brasileiro – 2004 a 2015

FONTE: Mapeamento da Iindústria Criativa no Brasil (FIRJAM-Dezembro/2016).


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Na contramão dos setores criativos, o PIB amarga quedas contínuas. Áreas como a
agropecuária e produção de produtos semiacabados vem perdendo espaço para
concorrentes estrangeiros como Estados Unidos, Índia e China, países que
possuem tecnologia superior, leis trabalhistas maleáveis e maior incentivo
governamental, segundo Darlan Alvarenga Jornalista do portal de notícias G1 até a
própria construção civil que serve como um termômetro para economia se encontra
estagnada, de 2014 a 2017 o setor acumula uma queda de 14,3% e a perda de
quase um milhão de posto de trabalho, esse mau desempenho barra a recuperação
dos demais setores em um efeito de bola de neve. Os anos de 2014, 2015 e 2016
foram de total desiquilíbrio devido a forte crise política e econômica e por isso
merecem notoriedade, os seus maus resultados refletem nos dados da
macroeconomia brasileira, como pode ser visto no gráfico 2.

Gráfico 2: Retrocesso do PIB Brasileiro – 2004 a 2016

FONTE: (IBGE, 2016)


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Mesmo com essa retração frente aos setores tradicionais como indústrias, serviços e
agronegócio a economia criativa não se mostra impactada pelo cenário adverso,
pelo contrário esse meio infortuno parecer despertar o interesses por novos modelos
de negócios criativos, dando mais força a essa indústria que segue em alta.
Conforme Steven Pedigo, diretor de pesquisa e cidades do Creative Class Group,
organização sediada nos Estados Unidos, que produz estratégias voltadas para o
crescimento da economia criativa em todo o mundo ‘‘A crise é o melhor momento
para desenvolver projetos inovadores e disruptivos” já que o mercado está aberto a
novas experiências e conceitos. O pesquisador ainda afirma que os brasileiros estão
concentrados em uma economia voltada a commodities e em recursos naturais e
que é necessário uma mudança de rumo, como o investimento em pessoas
talentosas através do empreendedorismo.

A nova realidade de arrochos econômicos associados ao progresso tecnológico dos


meios de comunicação, abundância de manifestações culturais e início de uma
consciência colaborativa por meio da sociedade refletem na alta dos negócios
criativos. De olho nesse mercado potencial de ganhos, o governo brasileiro vêm nos
últimos anos apoiando a produção desses empreendimentos através de linhas de
créditos e financiamentos, ofertadas por bancos de desenvolvimento como o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Inter-American
Development Bank ou Banco Interamericano de Desenvolvimento (BDI) em
português. Um dos exemplos mais célebre de apoio governamental ao
desenvolvimento criativo é a lei federal de incentivo a cultura nº 8313/91, mais
conhecida como Lei Rouanet, que facilita o ingresso de pessoas físicas e jurídicas a
fontes culturais, promovendo assim o estímulo a valorização regional através da
propagação das manifestações culturais e conservação de bens materiais e
imatérias presentes em nossa cultura. Recentemente a Lei Rouanet passou por
alterações, o número de artigos foram reduzidos de 136 para 73, havendo uma
maior desburocratização ao seu acesso, além disso a verba ofertada vai ser melhor
distribuída contemplando de forma mais ativa regiões com histórico de poucos
projetos. Dessa maneira o governo espera atrair um maior investimento para o setor
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cultural do país.

4 OPORTUNIDADES GERADAS PELA ECONOMIA CRIATIVA FRENTE AO


CENÁRIO DE RETRAÇÃO

De acordo com os dados expostos no tópico anterior os setores criativos parecem


estar dissociados do resto do cenário nebuloso que a economia brasileira se
encontra, pois os mesmos vêm em uma ascensão progressiva, convertendo
dificuldades e retração de mercado em grandes oportunidades. Essa situação se
deve as principais características que alicerçam o segmento, como a flexibilidade,
protagonismo de conteúdo, diminuição de número de intermediários e a proximidade
entre o consumidor final e produtor, o que permite feedbacks quase instantâneos,
contribuindo para uma melhoria constante do produto ou serviço ofertado.

Em virtude dos avanços tecnológicos nos meios de comunicação e mudanças de


comportamento dos consumidores brasileiros que seguem uma tendência mundial
substituindo o habito de ter um bem material e palpável por uma troca de
experiências únicas e compartilhadas, campos específicos de áreas como
mobilidade urbana, educação, logística, comunicação e entretenimento tiveram que
se reinventar para atender os anseios do mercado. Essas mudanças viabilizaram
uma rede de interações entre os indivíduos, que por sua vez geram novas
oportunidades como criação de postos de trabalho, redução de carga horária,
consolidação dos negócios e renovação constante de conteúdo tornando a
criatividade algo eternamente valoroso.

Sobre o custo beneficio, os negócios criativos se tornam mais viáveis em tempos de


crise por serem desenvolvidos e distribuídos a um baixo custo em comparação com
outros meios produtivos tradicionais que apresentam altos gastos com processos de
fabricação, distribuição e divulgação. De acordo com a FRIJAM (2016), no tangível
ao retorno salarial apesar do pequeno recuo de 3,7% entre os anos de 2013 e 2015
devido ao princípio da lei de oferta e demanda oriunda do aquecimento de mercado,
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a conjectura continua animadora, pois segundo a FIRJAM (2016) às remunerações


dos trabalhadores criativos são superiores à média da economia. Enquanto um
empregado formal brasileiro recebe cerca de R$ 2.451,00 mensais a classe criativa
tem salário médio de R$ 6.270,00, cerca de 256 % a mais. Ainda segundo a
organização, empregos ligados a área de Tecnologia encabeçam a lista de melhores
remuneração dos setores, um trabalhador ligado ao segmento de P&D recebia em
2015 uma base R$ 11.205,00 ao mês.

Tabela 1: As quinze maiores remunerações dentro da indústria criativa.

Profissões mais bem Área Segmentos Salário


remuneradas na médio
categoria
Diretor de marketing Consumo Publicidade R$
21.904,00
Geólogos e geofísicos Tecnologias P&D R$
15.720,00
Diretor de programas de Mídias Audiovisual R$
televisão 15.366,00
Ator Cultura Artes Cênicas R$
14.887,00
Gerentes de P&D e afins Tecnologias P&D R$
12.741,00
Autor/roteirista Mídias Audiovisual R$
11.913,00
Engenheiros Tecnologias P&D R$
11.054,00
Diretor de contas Consumo Publicidade R$
10.964,00
Diretor de redação Mídias Editorial R$
10.283,00
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Biotecnologista Tecnologias Biotecnologia R$


10.238,00

Gerente de TI Tecnologias TIC R$


10.122,00
Cientista espaciais e de Tecnologias P&D R$
astronomia 9.870,00
Pesquisadores em geral Tecnologias P&D R$
9.590,00
Engenheiros Tecnologias TIC R$
9497,00
Diretor teatral Cultura Artes Cênicas R$
8824,00

FONTE: FRIJAM 2016, modificado pelo autor.

Por esses motivos os negócios criativos passam a ser comprovadamente um


caminho provável para uma independência financeira em meio a crise, se
consolidando como alternativa de renda em tempos de desemprego. Seus pontos
positivos, passam uma certa segurança aos envolvidos, o que oportuniza uma
permanência em um maior estado de ócio criativo, expressão criada pelo sociólogo
italiano Domenico De Masi (2000) para designar atividades que conciliem momentos
de lazer com o trabalho e a aprendizagem. Dessa forma ao estar nesse ambiente
inspirador o indivíduo trata o negócio criativo com prazer, fazendo o mesmo se
tornar algo cíclico e constante, respeitando a individualidade do consumidor. A
produção permanente dessas inovações originadas de momentos de ócios criativos
se tornam imprescindíveis para o avanço da sociedade, no espaço abrangente a
Economia Criativa, transformando a mentalidade de carência de bens tangíveis
própria do momento de retração, para a fartura de ideias e reaproveitamento, algo
inerente de um meio mais consciente e bem informado. Ainda conforme De Masi o
Brasil tem enorme possibilidade de crescimento a longo prazo, caso adote o modelo
do ócio criativo, pois o mesmo coopera com a redistribuição de conhecimento,
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oportunidades, trabalho, renda e poder, variáveis presente em países que enfrentam


dificuldades econômicas.

Segundo Elaine Patricia Cruz (2017) repórter da Agência Brasil cerca de 25% da
geração Y brasileira, jovens nascidos entre 1980 e 1996 estão desempregados.
Essa geração também conhecida como Millennial pode ser considerada como uma
das bases da pirâmide etária brasileira e suas condutas influem diretamente em toda
economia do país. Essa geração possuí hábitos que a difere das anteriores, estão
sempre tentando recriar conceitos, crenças, costumes e ações em suas vidas
pessoais e profissionais. Suas principais características são o imediatismo e
conectividade, fruto de uma era tecnológica a quais seus integrantes já nasceram
inseridos. Devido a falta de vagas no mercado de trabalho citada no início do
paragrafo, insatisfação com antigos modelos produtivos, facilidade a material e
avanços tecnológicos advindo da globalização, essa geração economicamente ativa
busca meios inovadores e criativos de gerar riquezas constantemente.

Entre esses meios é valido citar a profissão de Youtubers, palavra que segundo o
Oxford English Dictionary (2016) é utilizada para classificar um usuário que produz
conteúdo e aparece frequentemente no site de compartilhamento de vídeos
chamado de YouTube. Verifica-se que com o aumento gradual da preferência
nacional por esse novo modelo de mídia, diversos profissionais têm transformando
seus conhecimentos em serviços de alto valor agregado no mercado, se tornando
verdadeiros influenciadores digitais dessa nova massa de seguidores que aguardam
ansiosamente sempre por mais conteúdo.

Há alguns anos, expor a vida ou opinião sobre determinado assunto através de


recursos audiovisuais na internet aparentava ser um passatempo para jovens ou
ferramenta de comunicação para intelectuais que possuíam tempo de sobra para
lançar seus argumentos na web. Atualmente ser youtuber é uma atividade
reconhecida e que gera altos rendimentos para aqueles que se destacam e encaram
o ato como uma profissão.
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Por ser uma engrenagem poderosa, o formato de trabalho do Youtube permite aos
parceiros envolvidos muitas formas de monetização que vão além da tradicional
gerada por meio do número de visualizações. A ferramenta propicia a criação de
uma audiência devota que subsequentemente consumirá produtos relacionados ao
conteúdo como cursos online, livros, roupas e acessórios de marca própria ou não,
além disso os youtubers expandem seu conteúdo para outros meios e mídias
através de palestras, shows, stand up, presenças vips e aparições em programas de
TV e rádio.

Dessa maneira esses profissionais podem ser classificados com empreendedores


de si mesmos, gerando uma indústria ao seu redor. Esse dinamismo e flexibilidade
citado anteriormente permite a eles desfrutarem de diferentes fontes de renda em
tempo de crise, isso é imprescindível para o sucesso de um negócio, haja vista que
a medida que a situação de contração do mercado avança as atividades remuneram
cada vez menos.

Algo semelhante acontece no cenário musical brasileiro, que abusa da criatividade


para reformular ritmos como sertanejo e funk, antes marginalizados e agora
verdadeiros artigos de luxo, consumidos nas melhores boates e eventos do país. O
interessante é que através desse setor, esses gêneros musicais estão se tornando
produto de exportação, já que essas produções culturais podem ser facilmente
acessadas de qualquer local do mundo através de plataformas como Spotify, iTunes
e o próprio Youtube que possuem canais de sucesso como Kondzilla, GR6 que se
tornaram uma verdadeira vitrine para novos artistas como MC Livinho, MC Kevinho,
Kevin, MC G15, MC 7BELO e etc. É comum ver artistas internacionais gravando
músicas e vídeo clips com participação de brasileiros ou vice e versa, a cantora
Annita é o melhor exemplo para ilustrar esse contexto, de acordo com o site
portalitpop (2017) o clipe “Vai Malandra” lançado em 18 de dezembro de 2017 em
parceria com o rapper americano Major conseguiu mais de 8.7 milhões de
visualizações, se tornando o videoclipe brasileiro mais visto nas primeiras 24 horas,
título anteriormente pertencente ao sertanejo Luan Santana com a música “Check-
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In”.

De acordo com o site worldcreative, primeiro mapa global de indústrias culturais e


criativas o Brasil é o numero um em mercado de música na América Latina. Hoje
somos referencia em estrutura e entretenimento musical, através de um ritmo
envolvente e letras chicletes esses profissionais vem encantando o Brasil e o
mundo, arrecadando milhões de reais e geram milhares de empregos formais e
informais com seus conteúdos únicos de enorme riqueza cultural. Essa conjuntura
abriu um grande leque de novas oportunidades para novos empreendedores e
artistas, aquecendo um mercado que a alguns anos atrás se encontrava em baixa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A confecção do presente artigo possibilitou a análise de como a economia criativa


pode ser utilizada como uma possível saída para a atual crise brasileira. Além disso
propiciou uma compreensão sólida de dados como conceitos, exemplos de
situações reais e cenário nos quais o cerne da temática esta inserido.

De um modo geral, é possível afirmar que a partir do conhecimento apresentado a


economia criativa tem com matéria-prima a capacidade do ser humano em inovar,
fato que trouxe impactos positivos nas organizações e nas sociedades onde são
desenvolvidos esses modelos de negócio.

A medida que os resultados da economia criativa foram se mostrando eficientes, o


Brasil seguindo uma tendência mundial, passou a perceber que esse potencial de
geração de riquezas, pode se tronar a chave para a sobrevivência econômica de
organizações e pessoas em um futuro próximo, já que a criatividade é algo
abundante e sempre presente entre o povo brasileiro.

Dada a relevância do tema, trona-se necessário incentivar a maior parcela


economicamente ativa do país, os jovens da geração Y, para que os mesmos
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desenvolvam seus talentos e projetos fomentando empregos e, sobretudo,


buscando riquezas que amenizem a desigualdade agravada com a crise. Em
paralelo é de fundamental importância fomentar as futuras gerações como os
Igenerations ou geração Z, jovens nascidos entre 2000 e 2010 que são nativos
virtuais e desconhecem um mundo sem internet, para que eles canalizem seus
conhecimentos dando continuidade e ampliando o que está sendo construído pela
geração atual.
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6-REFERÊNCIA

ACCIOLY, Nathalia. Anitta quebra recorde de clipe brasileiro mais assistido nas
primeiras 24 horas com "Vai Malandra" . Disponível em: https://www.portalitpop.co
m/2017/12/vai-malandra-de-anitta-e-o-clipe-brasileiro-mais-visto-nas-primeiras-24-ho
ras.html. Acesso em: 06 nov. 2017.

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Acesso em: 02 nov. 2017.CAIADO, A. S. C. (Coord.). Economia Criativa na cidade
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CRUZ, Elaine Patricia. Cerca de 25% de brasileiros da geração Millennial estão


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09/25-de-jovens-brasileiros-da-geracao-millennial-estao-desempregados-diz-estudo.
Acesso em: 06 nov. 2017.

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https://en.oxforddictionaries.com/definition/youtuber. Acesso em: 06 nov. 2017.

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VIANNA, I. O. de A. Metodologia do trabalho científico: um enfoque didático da


produção científica. São Paulo: EPU, 2001.
21

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