1Laboratório de Geologia Sedimentar (Lagesed), Universidade Federal do Rio de Janeiro
RESUMO: A sísmica de reflexão é um dado geofísico indireto que possibilita determinar
estruturas e superfícies geológicas (refletores) em subsuperfície, permitindo a construção de um modelo geológico estrutural e interpretação estratigráfica com apoio de perfis geofísicos, que apresentam informações litológicas e petrofísicas em escala de detalhe. O presente estudo tem como objetivo apresentar um fluxo de trabalho para interpretação de dados sísmicos 2D na região onshore da Bacia do Espírito Santo, que consiste em: (1) análise dos perfis compostos dos poços; (2) interpretação de topos de formações e correlação entre poços; (3) amarração sísmica-poço, utilizando checkshot ou curvas DT e RHOB; (4) interpretação dos principais horizontes associados aos topos de formações e/ou discordâncias; e (5) elaboração de mapas de contorno estrutural dos principais horizontes interpretados. Para iniciar-se uma interpretação sísmica é fundamental adquirir conhecimento da bacia, como a estratigrafia e a tectônica, as quais podem colaborar com o reconhecimento de determinados padrões de terminações e configurações de refletores. A análise dos perfis compostos dos poços contribui também para um melhor reconhecimento da estratigrafia e características das rochas que serão mapeadas, tratando-se de uma avaliação que facilita a interpretação dos topos das principais formações e no entendimento das variações das unidades litoestratigráficas, através de correlações com poços vizinhos. Feita a interpretação e correlação entre os poços, devem-se relacionar os refletores sísmicos com os topos de formações e/ou discordâncias. Para isso, é fundamental a amarração sísmica-poço, utilizando o checkshot, que correlaciona o tempo de trânsito (duplo ou simples) com uma profundidade conhecida. A estimativa da resposta sísmica de um intervalo litológico atravessado por poços, com informações geofísicas adequadas, como o checkshot, é uma das pedras fundamentais para interpretação sísmica, porém, quando a área de estudo não dispõe de tal informação, os perfis sônico (DT) e densidade (RHOB) são úteis para afinar uma interpretação. O RHOB auxilia no reconhecimento de impedância acústica enquanto o DT registra o tempo de trânsito de uma onda em relação às rochas, dessa forma esses dados podem também ser utilizados para ajustar a estratigrafia e fazer a amarração sísmica-poço, no entanto, é necessária uma calibração desses perfis, com o intuito de associar esses dados ao domínio da sísmica, de baixa frequência. À medida que a amarração sísmica-poço se apresentar consistente, pode-se dar continuidade à interpretação dos principais horizontes, iniciando pelos que exibem boa continuidade lateral, através das seções que se interceptam e fazendo comparações dos padrões de terminação dos refletores, o que possibilita uma análise de sismofácies, sismossequências, podendo evoluir para uma análise de estratigrafia de sequências. Além disso, a partir da interpretação dos principais horizontes é possível obter uma visão tridimensional em superfície através de mapas de contorno estrutural, os quais permitem uma visão de como tais horizontes se comportam e se distribuem espacialmente. Com isso, pode-se constatar que para uma interpretação sísmica de qualidade é fundamental a amarração sísmica-poço, através do uso de dados geofísicos de poço calibrados, o que propicia uma maior precisão e evolução do conhecimento da bacia, foco do estudo.
PALAVRAS-CHAVE: INTERPRETAÇÃO SÍSMICA, CHECKSHOT, PERFIS GEOFÍSICOS DE