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PROSA
O Romance de 30
O Romance de 30
De todos os nomes para essa época, o melhor parece ser o do título deste artigo. Por
quê? Porque os romances de Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego,
Érico Verissimo, Graciliano Ramos e outros escritores criaram um estilo novo,
completamente moderno, totalmente liberto da linguagem tradicional, nos quais
puderam incorporar a real linguagem regional, as gírias locais.
A consciência crítica
Mais do que tudo, através dessa "fala", consolidaram em suas obras questões sociais
bastante graves: a desigualdade social, a vida cruel dos retirantes, os resquícios de
escravidão, o coronelismo, apoiado na posse das terras - todos problemas sociopolíticos
que se sobreporiam ao lado pitoresco das várias regiões retratadas.
Perceba a força narrativa com que o narrador descreve a cena cruel, de retirantes
exaustos sob o sol, a família silenciosa e triste, com a qual ele se solidariza ("os
infelizes"); ele e nós, os leitores. A lentidão proposital da narrativa é a superação difícil
do caminho sob o sol (para onde vai quem não tem terras?) e a secura descritiva
reproduz o silêncio dos que estão exaustos. Essa é a seca vida do herói - agora um anti-
herói -, humilhado e vencido pelo meio hostil.
Leia mais um trecho de Graciliano Ramos, não da história de Fabiano, mas da de Paulo
Honório, que foi guia de cego e trabalhador de enxada, mas conseguiu conquistar, com
violência e determinação, além da fazenda de São Bernardo, respeito, dinheiro e
prestígio: virou um coronel. Teria sido um Fabiano que deu certo? Parece que não:
Mas o fato é que sem os modernistas de 1922 (1ª geração), dificilmente os modernistas
de 1930 (2ª geração) teriam conseguido o feito literário e social que obtiveram, porque
aqueles foram os primeiros que provocaram a atualização da "inteligência" brasileira,
foram eles que trouxeram para a literatura o fato não-literário e a oralidade, que tanto
beneficiou o realismo seco dos escritores regionalistas, dando-lhes maior autenticidade.
Por outro lado, mesmo com os romances mais pitorescos e menos brutais, os leitores
aprenderam, como nos ensina Alfredo Bosi (História concisa da literatura brasileira),
que o velho mundo dos homens poderosos não acaba tão facilmente: as estruturas das
oligarquias regionais se mantêm através do poder e da força, e é contra eles que se tem
de lutar. Como nos conta Jorge Amado, ao final de Capitães da areia:
No ano em que todas as bocas foram impedidas de falar, no ano que foi todo ele uma
noite de terror, esses jornais (únicas bocas que ainda falavam) clamavam pela
liberdade de Pedro Bala, líder da sua classe, que se encontrava preso numa colônia.
[...] E no dia em que ele fugiu..., em inúmeros lares, na hora pobre do jantar, rostos se
iluminaram ao saber da notícia. [...] Qualquer daqueles lares se abriria para Pedro
Bala, fugitivo da polícia. Porque a revolução é uma pátria e uma família.
E a poesia, perguntará você? Deixou de ser feita nesses anos duros da seca? De jeito
nenhum.. Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Mário e Oswald de
Andrade, Cecília Meireles, Cassiano Ricardo, Murilo Mendes e outros poetas
continuavam sua longa carreira lírica modernista.
Modernismo no Brasil - a 2ª geração –
POESIA
"Os camaradas não disseram que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento."
(Carlos Drummond de Andrade)
Em 1945, ano do fim da guerra, das explosões atômicas, da criação da ONU e, no plano
nacional, da derrubada de Getúlio Vargas, abre-se um novo período na história literária
do Brasil.
Momento histórico
O período que vai de 1930 a 1945 talvez tenha testemunhado as maiores transformações
ocorridas neste século. A década de 1930 começa sob o forte impacto da crise iniciada
com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, seguida pelo colapso do sistema
financeiro internacional: é a Grande Depressão, caracterizada por paralisações de
fábricas, rupturas nas relações comerciais, falências bancárias, altíssimo índice de
desemprego, fome e miséria generalizadas. Assim, cada país procura solucionar
internamente a crise, mediante a intervenção do Estado na organização econômica. Ao
mesmo tempo, a depressão leva ao agravamento das questões sociais e ao avanço dos
partidos socialistas e comunistas, provocando choques ideológicos, principalmente com
as burguesias nacionais, que passam a defender um Estado autoritário, pautado por um
nacionalismo conservador, por um militarismo crescente c por uma postura
anticomunista e antiparlamentar - ou seja, um Estado fascista. É o que ocorre na Itália
de Mussolini, na Alemanha de Hitler, na Espanha de Franco e no Portugal de Salazar.
No Brasil, 1930 marca o ponto máximo do processo revolucionário estudado nos dois
capítulos anteriores, ou seja, é o fim da República Velha, do domínio das velhas
oligarquias ligadas ao café e o início do longo período em que Vargas permaneceu no
poder.
A eleição de 1°- de março de 1930 para a sucessão de Washington Luís representava a
disputa entre o candidato Getúlio Vargas, em nome da Aliança Liberal, que reunia
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, e o candidato oficial Júlio Prestes, paulista,
que contava com o apoio das demais unidades da Federação. O resultado da eleição foi
favorável a Júlio Prestes; entretanto, entre a eleição e a posse, que se daria em
novembro, estoura a Revolução de 30, em 3 de outubro, ao mesmo tempo que a
economia cafeeira sente os primeiros efeitos da crise econômica mundial.
A Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas a um governo provisório, contava com o
apoio da burguesia industrial, dos setores médios e dos tenentes responsáveis pelas
revoltas na década de 1920 (exceção feita a Luís Carlos Prestes, que, no exílio, havia
optado claramente pelo comunismo). Desenvolve-se, assim, uma política de incentivo à
industrialização e à entrada de capital norte-americano, em substituição ao capital
inglês.
Características
Essa consciência de ter "apenas" duas mãos e de o mundo ser tão grande, longe de
significar derrotismo, abre como perspectiva única para enfrentar esses tempos difíceis a
união, as soluções coletivas:
"O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos
dadas."