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Revolta do Queimado: Negritude, Política e Liberdade no Espírito Santo
Revolta do Queimado: Negritude, Política e Liberdade no Espírito Santo
Revolta do Queimado: Negritude, Política e Liberdade no Espírito Santo
Ebook155 pages1 hour

Revolta do Queimado: Negritude, Política e Liberdade no Espírito Santo

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Revolta do Queimado é resultado da construção de processo político de conquista da liberdade, em busca da carta de alforria. As variadas formas de resistência negra à escravidão, como fuga, formação de quilombos, assassinato de senhores e as revoltas, revelam-nos as contradições existentes na sociedade do século XIX. Mesmo na condição de cativos, no século XIX, os negros paulatinamente foram conquistando alguns espaços de liberdade, a terem, inclusive, uma hierarquia informal entre eles, com lideranças capazes de arregimentar pessoas para o trabalho e de negociar com as autoridades locais, quer fosse sacerdote da igreja católica quer fosse seu senhor. A rede de ações que antecede ao dia 19 de março de 1849 se traduz no que denominamos sincopa libertária, na medida em que estabelece uma negociação pela liberdade, nos espaços de improviso do cotidiano, e exercita o diálogo como forma de fazer ou de promover políticas emancipatórias. A libertação em troca dos préstimos na construção de uma igreja católica e a negociação diante do impasse criado pelo pároco resultaram em uma ação violenta, por parte dos escravos, como meio de garantir a liberdade. Isso acabou por culminar na prisão e na fuga dos negros, diante da ação das forças repressoras da polícia local. Para os escravizados do Queimado, esse fato significou possuir a Carta de Alforria, ou seja, sair da condição jurídica de cativo para se tornar dono de sua liberdade, nos termos do que esta significa no séc. XIX.
LanguagePortuguês
Release dateNov 4, 2020
ISBN9788547344368
Revolta do Queimado: Negritude, Política e Liberdade no Espírito Santo

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    Revolta do Queimado - Lavinia Coutinho Cardoso

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO E CULTURAS

    Este livro é dedicado às minhas ancestrais, minha Bisavó Carolina de Jesus, Calu como era conhecida, nascida na lei do ventre livre, minha avó Odete Coutinho Cardoso e minha mãe amada, Hildete Coutinho Cardoso, que me ensinaram a ser livre! E a todas e todos que lutam pelo fim da opressão no mundo!

    AGRADECIMENTOS

    Este livro é resultado de um longo período de espera para sua publicação. Do ano de 2008, quando apresentei este trabalho para a obtenção do título de mestra à sua publicação no ano de 2020. Meu agradecimento vai para as inúmeras pessoas que contribuíram direta e indiretamente para que este trabalho chegasse às mãos das leitoras e leitores.

    Em primeiro lugar, quero agradecer ao professor Cleber Maciel, que faleceu precocemente no início dos anos de 1990. Foi ele que me inspirou e me colocou diante da minha negritude. Aos amigos do tempo de graduação: Suely Carvalho (in memoriam), Sérgio Batista Fonseca, Suely Bispo e Edileuza Penha de Souza do curso de História, e às minhas pretas maravilhosas: Giovana Santos Faria e Maria Lúcia da Silva, a nossa Lucrécia. Ao colega historiador e produtor editorial Saulo Ribeiro da Editora Cousa, pelo apoio e incentivo. Às minhas amadas amigas, Ana Cláudia Nolasco e Magna Fraga, pelos quase quarenta anos de amizade e companheirismo!

    Aos professores do Programa de Pós-graduação em História, em especial ao meu orientador, o prof. Geraldo Antônio Soares, pela paciência e pela dedicação ao longo da confecção da dissertação que deu origem à nossa publicação. Ao professor Gilvan Ventura da Silva, pela sempre imediata disponibilidade a qualquer sinal de dúvida. Aos professores membros da banca de qualificação e da banca examinadora, por participarem desse momento tão importante na minha trajetória acadêmica.

    À Prof.ª Dr.ª Clara Miranda da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), pela disponibilização das fontes icnográficas.

    À amiga, historiadora, cineasta e professora, Dr.ª Edileuza Penha de Souza, pelo incentivo e pela contribuição, Igor Vitorino e Miriam Cardoso, com quem pude repartir minhas incertezas e minhas dúvidas na escrita da dissertação.

    As amigas e amigos: Antônio Marcos, Tatiana Pasolini, Danuza Brício, Ana Cláudia Rodrigues, Angela Vescovi, Roger Ghil, Juliana Duarte, Messias Tadeu Capistrano e a muitos outros que me acompanham na vida com afeto e carinho. As companheiras e companheiros do movimento negro: Vanda de Souza, Drica Monteiro, Fátima Tolentino, Marilene Pereira, Val Andrelino, Olindina Serafim e demais companheiras (os) do Movimento Negro Unificado (MNU/ES), as mulheres do Núcleo de Mulheres Negras do Espírito Santo e ao Fórum da juventude negra do Espírito Santo (Fejunes), meu caminhar se enche de significado com vocês!

    À Universidade Federal do Espírito Santo, que é parte importante e significativa da minha história e da minha trajetória acadêmica, minha total solidariedade e apreço nesses tempos tão obscuros!

    Ao professor Erineu Foerste e à Escola do Campo, que foram os incentivadores e que possibilitaram a publicação desta obra, minha gratidão sempre! À Prof.ª Dr.ª Jacyara Silva de Paiva, do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), pelo apoio incondicional.

    À minha família, meu companheiro Leandro Coelho Ferreira, que me acompanhou em todo o processo da construção da publicação, te amo! Meu irmão, Luciano Cardoso, sempre o melhor amigo! Meus pais, Hildete Coutinho Cardoso (in memoriam) e Oliveira Cardoso (in memoriam), minha ancestralidade, minha referência e meu amor incondicional sempre!

    Ao meu sagrado Mojubá! Aséooooo

    Lavínia Coutinho Cardoso

    AO LEITOR

    A Coleção Educação e Culturas organiza-se a partir de temas diversos, para fomentar debates sobre problemáticas do nosso tempo, algumas das quais são pautadas nas agendas de várias linhas e grupos de pesquisas e áreas de conhecimento. A diversidade de abordagens teóricas e metodológicas nesse cenário provoca o leitor a estabelecer diálogos que articulam interdisciplinaridade e interculturalidade na sua interface com a escola. Objetiva-se fomentar interlocuções com as análises do binômio Educação e Cultura – não somente a educação escolar, mas essa em especial. A ênfase recai no estudo colaborativo de práticas educativas interculturais, com esforço para superar dicotomias entre escolar e não-escolar, entre aprender e ensinar. São experiências e vivências que emergem de contextos sociais diversos e seus territórios, como: indígenas, quilombolas, pomeranos, imigrantes italianos, assentados de reforma agrária, agricultores familiares de modo geral entre outros. Ganham relevância conhecimentos produzidos pelos Povos e Comunidades Tradicionais, cujas bases epistemológicas problematizam produção acadêmica acumulada pela Ciência e reproduzida pelo projeto de Estado Burguês, por vias e formas há muito criticadas pelos intelectuais da cultura, entre eles o professorado. Assim, acreditamos contribuir para a construção coletiva de projetos alternativos de educação que promovam diversidade, autonomia e justiça social.

    Erineu Foerste

    Gerda Margit Schütz-Foerste

    PREFÁCIO

    O olhar construído durante essa narrativa é fruto de uma abordagem histórica que privilegia o destoante e o contraditório

    (Cardoso, 2008)

    Tenho um gosto especial por caminhadas. Gosto de passar várias vezes pelos mesmos caminhos. Faço isso apenas e tão somente para sentir a magia do quão diferentes eles se tornam cada vez que por eles passo. Sinto também o quanto de possibilidades narrativas esses percursos produzem em mim. São trajetos inesperadamente destoantes e contraditórios.

    Comecei a ler este livro como se estivesse fazendo uma caminhada. Aceitei o convite da autora Lavínia Coutinho Cardoso e me deparei com um curso pela história, como não poderia deixar de ser. Antes de iniciar esse trajeto, pedi autorização à ancestralidade, pois não poderia deixar de honrar aqueles que vieram antes de nós. Digo isso pois estou ciente de que somos o resultado de quem veio antes.

    O fato de ser Lavínia uma escritora negra e imbricada com a militância, além de ser também o resultado de milhares de acontecimentos com o povo negro, fornece a ela a legitimidade de nos conduzir, enquanto leitores, pela Revolta do Queimado. Este não é um livro qualquer, esta leitura não é uma simples narração da história. Podemos, sim, considerá-la um desvelamento da energia, do cotidiano, das táticas e burlas de um povo que se juntou, que se uniu, que nasceu e que morreu antes de nós. Consequentemente, sua história ainda está em nós, em nossas células, em nosso DNA.

    O caminho da Revolta do Queimado, no entanto, não é para ser percorrido apenas pelo povo preto. É para ser percorrido por todo brasileiro que se constitui por meio das múltiplas histórias de resistências e resiliências dos negros. Precisamos (re)conhecer nosso passado para que possamos progredir na estrada do presente.

    A autora nos abre o cenário de um texto histórico, denso e repleto de reflexões e problematizações. Na narrativa não cabe apenas uma resposta, mas várias. Em verdade, a melhor resposta estará sempre com aquele que

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