Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
#HUNDERTWASSERCORPOIMENSOEDUCADOR
#HUNDERTWASSERIMMENSEBODYEDUCATOR
ABSTRACT The article investigates the work of the Austrian painter Friedereisch
Hundertwasser, and for such a venture draws a course through the passage of the painter in
Brazil, then argues with his ideas and concepts about the human being as a spiral of five
skins, articulating these surges of vibrant thoughts of the painter with the field of education
and the body in contemporary society.
Keywords: Hundertwasser, body, education.
1 #HUNDERTWASSERBRASIL
Esse organismo vivo e vital é fruto da experiência, levada ao seu máximo pelo
próprio artista em seus manifestos, performances, casas, projetos “me gustaria, y
ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO - PPGE/ME FURB 407
ISSN 1809-0354 v. 7, n. 2, p. 404-422, mai./ago. 2012
logo también, muy instintivamente, vivir un ejemplo, vivir un ejemplo para la gente,
pintar para ellos un paraíso que cada uno pueda tener, lo único que necesita es
alcanzarlo”. (Hundertwasser, 1979, p. 35). Hundertwasser acreditava nessa relação
orgânica da vida e da sua intensa potência criativa desse imenso corpo produtor de
sua própria energia e de sua sustentabilidade, para ele, longe dos clichês
contemporâneos de uma “lógica verde” em projetos, casas, e da imperiosidade da
ideia de sustentabilidade, acreditava num processo harmônico de conhecimento do
corpo e suas diversas peles, somente dessa forma seria possível a felicidade e o
progresso da humanidade. Com sua putrefação epistêmica ataca o sentido do
progresso na humanidade e logicamente, por ser artista, o faz no campo da arte,
também, “paralela a esta línea principal de conducta, el antirracionalismo de
Hundertwasser también ha abordado la educación, la enseñanza y la liberdade de
expressión, la condición del artista, etc.” (Idem, Ibidem, p. 34).
2 #HOMEMMULHERCINCOPELES
1
Algumas palavras são colocadas em conjunto, coladas uma a outra, a fim de ampliar seus sentidos
e significados, por vezes sedentarizados pelo uso em separado.
ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO - PPGE/ME FURB 409
ISSN 1809-0354 v. 7, n. 2, p. 404-422, mai./ago. 2012
de encontro e festa, sonho de ter um lugar para se morar, refúgio e prisão, casa-tipo,
eco-naturista.
A quarta pele se tece nas relações sociais percorridos na família, na amizade
com @s amig@s, nos deslocamentos de nossas identidades pelo mundo da vida,
infligindo tensão nesse ser humano multiepidérmico e suas conexões com outras
pessoas. O meio social, os grupos de amig@s, nossas “afinidades electivas”
(Restany, 2003) praticadas como o quarto círculo da espiral de seu imenso corpo “a
quarta pele não pára ao nível da família, natural ou adquirida. O meio social
estende-se ao conjunto dos grupos associativos que gerem a vida de uma
colectividade” (Restany, 2003, p. 65). Há uma identificação dessa multiplicidade
identitária, do enredamento dos diversos papéis e personagens e da fluidez de
nossas identidades encenadas em nossas vidas.
A Terra – a humanidade e a natureza – constituem a pele planetária do
humano, a sua quinta e interminável pele projetada ao infinito. Um novo corpo e um
novo humano são tecidos, imaginados e fabulados. E nessa nova elaboração
conceitual são destinados outros princípios e valores éticos e estéticos para uma
nova sociedade. Instituídos numa relação visceral com o planeta, numa grande rede
tecida no tecido de uma ética ecológica e relacional da humanidade, com novos
agenciamentos e outro devir da prática de se viver. No pensamento de
Hundertwasser estamos todos numa imensa rede de saberes e fazeres inaugurais
de outras maneiras de pensar e de se viver. Toda a complexidade da vida e o pulsar
da existência são agora a pele vital do ser humano, uma das suas múltiplas formas
de perceber-se e significar-se de forma diferente e inusitada. Na lógica
hundertwasseriana todos os praticantes passam a comungar e compartilhar de uma
mesma pele, trazendo elementos para um repensar de suas fronteiras, limites e
dimensões.
No momento em que o humano passa a compartilhar dessa prática, desse
corpo desenhado e celebrado por Hundertwasser, um gigante espiral germina e
floresce em seu interior, iniciando o seu deslizar pelo universo. O praticante sente a
potência dos sonhos de outrora que nunca se estabelece, e é arrebatado como a
gênese de uma tênue pele que o envolve e circunscreve num novo encantamento.
Um pensar de outra maneira, a humanidade e o ser humano, estão envoltos na
espiralidade que se tece como provocação ao linearismo, está posta uma eternidade
ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO - PPGE/ME FURB 412
ISSN 1809-0354 v. 7, n. 2, p. 404-422, mai./ago. 2012
3 #HOMEMMULHEREDUCADORHÚMUS
ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO - PPGE/ME FURB 413
ISSN 1809-0354 v. 7, n. 2, p. 404-422, mai./ago. 2012
2
Cf. (Restany, 1979).
ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO - PPGE/ME FURB 414
ISSN 1809-0354 v. 7, n. 2, p. 404-422, mai./ago. 2012
nos seus pontos de vida sobre a natureza. Nesses manifestos o autor argumenta
sobre o direito dos seres humanos terem uma janela digna em suas casas, ao poder
de decisão sobre o tamanho de suas janelas, o que corresponderia à amplitude dos
braços abertos. Seus argumentos apontam para uma elaboração arquitetônica
atenta à diversidade dos desejos e das normas da arquitetura, cada janela em um
prédio deve ser diferente da outra, cada cômodo deveria ser diferente do outro.
Cada escola e sala de aula deveriam ser diferentes uma das outras, a aprendizagem
na sala de geografia é diferente da aprendizagem na sala de artes, a indicação de
Hundertwasser aponta para a necessidade de reconhecer o espaço como uma
dimensão da aprendizagem na escola e da relação desta com o corpo das crianças
e jovens nas escolas.
Em outro aspecto ao elaborar o movimento da árvore locatária, levando
árvores a lugares desprovidos da sua presença, indica que a relação com as árvores
deveria ser de ordem religiosa e o amor as árvores como a nos mesmos, seria a
possibilidade de oxigenação e sobrevivência da humanidade; em nossas escolas
amamos nossas árvores? Fazemos de nossas árvores uma relação de
aprendizagemensino? Lutamos pela presença de árvores em nossas escolas? Ou
apenas comemoramos de forma alienada o dia da árvore?
Na contemporaneidade Hundertwasser pode ser relacionado à esterilidade da
arquitetura e o excesso da racionalidade técnica, do rendimento competitivo na alta
performance e do lucro nos projetos arquitetônicos em detrimento da vida das
pessoas. Na atualidade brasileira, principalmente pelos eventos de grande
expressão mundial, há uma discussão sobre a “arquitetura inteligente”, a construção
de edifícios “verdes”, prática cooptada pela lógica do lucro e do rendimento, na
exceção da cidade para todas as pessoas e na exclusão como procedimento
essencial na execução desses projetos “sustentáveis”.
Dessa forma, é preciso pensar na arquitetura de nossas escolas e o sentido
de sustentabilidade em seus projetos; é possível pensar numa arquitetura escolar
“inteligente”? Uma arquitetura com respeito à liberdade de movimento das crianças e
jovens praticantes desses equipamentos arquitetônicos? Como organizar a liberdade
individual de cada escola ao espaço comum da coletividade?
Se desfiarmos um fio daquilo que Hundertwasser escreve sobre a arquitetura
e o predomínio de linhas retas em suas construções, e nesse exercício de ampliação
ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO - PPGE/ME FURB 415
ISSN 1809-0354 v. 7, n. 2, p. 404-422, mai./ago. 2012
Uma reflexão sobre a linha. (...) uma linha “activa” movendo-se por todo o
lado com grande liberdade. A linha surge depois acompanhada por outras
que tanto a complementam como a relativizam, em seguida volta-se sobre
si própria, e finalmente duas linhas secundárias jogam uma com a outra, de
tal forma que a linha principal, produzida através deste jogo, se torna uma
linha “imaginária” (FERRIER, 2001, p.131).
Seria possível, então, pensar a escola e sua organização curricular como uma
linha imaginária? Uma linha que se enreda e que não cessa em si, que se cria, morre,
vive, atualiza, virtualiza, se realiza, mas não é um fim, é um movimento de estarser.
Neste movimento sua organização não existiria sem a presença de alguém que o
pratique, por isso transautomática, aquilo que se realiza na sua relação com os outros.
Uma intensa tecedura de uma teia de atualizações, um movimento que irrompe e
germina e não cessa, é o gigante espiral do corpo.
4 #HUNDERTWASSERILÊNCIOGRÁVIDO
3
Inspirado em Will Eisner, assistido no dia 18 de janeiro de 2010, TV Brasil, Programa Grandes
Cartunistas. Hundertwasser acredita que suas alterações arquitetônicas transformam esses lugares
em lugares felizes.
ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO - PPGE/ME FURB 420
ISSN 1809-0354 v. 7, n. 2, p. 404-422, mai./ago. 2012
REFERÊNCIAS
CONDURU, Roberto Luís Torres. Par ímpar. Teias. Rio de Janeiro, v. 2, p. 147- 152,
2000.
OLIVEIRA, Marcio Romeu Ribas ; PERETI, Éden. As cinco peles do humano. In: 2º
Congresso Sulbrasileiro de ciências do esporte, 2004, UNOESC. Os movimentos
da educação física brasileira: o que eles apontam? Criciúma, 2004.
RESTANY, Pierre. O poder da arte: Hundertwasser, o pintor rei das cinco peles.
Taschen: Alemanha, 2003.
4
COUTO, Mia. Antes do nascer do mundo. São Paulo: Cia das Letras, 2009, p. 13.
ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO - PPGE/ME FURB 422
ISSN 1809-0354 v. 7, n. 2, p. 404-422, mai./ago. 2012