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Ano: 2018

2º ano (DIREITO)

FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS AO TEMA

O direito também tem o seu ciclo vital: nasce, desenvolve-se e extingue-

se. Essas fases ou momentos decorrem de fatos, denominados fatos

jurídicos, exatamente por produzirem efeitos jurídicos. Nem todo

acontecimento constitui fato jurídico. Alguns são simplesmente fatos,

irrelevantes para o direito (a chuva que cai, p. ex.). Somente o

acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato

ilícito, pode ser considerado fato jurídico.

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FATOS JURÍDICOS: CONCEITO

Fato jurídico em sentido amplo é, portanto, todo acontecimento da vida

que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito,

segundo definição de Marcos Bernardes de Mello (Teoria do fato jurídico.

Plano da existência, p. 38-39).

Para Maria Helena Diniz, fatos jurídicos são acontecimentos previstos em

normas de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e

se extinguem as relações jurídicas”.

FATOS JURÍDICOS: CLASSIFICAÇÃO

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FATOS JURÍDICOS: CLASSIFICAÇÃO

ORDINÁRIOS: Nascimento, morte, maioridade,

decurso do tempo, etc.

Fatos

naturais

EXTRAORDINÁRIOS: que se enquadram, em

geral, na categoria do fortuito e da força maior:

terremoto, raio, tempestade etc.

FATOS JURÍDICOS: CLASSIFICAÇÃO

Fatos humanos
Ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito:
Praticados em conformidade com o ordenamento jurídico,
produzem efeitos jurídicos voluntários, queridos pelo
agente. Ex: ser dono do peixe que pescou.

Negócio Jurídico: Baseado na vontade qualificada. Ex:


LÍCITOS num contrato de compra e venda, a ação humana visa
diretamente alcançar um fim prático permitido na lei (a
compra de um imóvel).

Ato-Fato Jurídico: ações humanas que a lei encara como


fatos, desconsiderando a vontade, a intenção ou a
consciência: Ex: louco que encontra um tesouro.

Praticados em desacordo com as leis, repercutem na


ILÍCITOS esfera do direito e produzem efeitos jurídicos
involuntários.

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CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS

Os direitos, que são incorporados aos seus titulares através dos negócios

jurídicos, podem ser assim classificados:

DIREITO ATUAL: é o direito subjetivo já formado e incorporado ao

patrimônio do titular, podendo ser por ele exercido.

DEFERIDO: quando a sua aquisição depende


DIREITO FUTURO: é somente do arbítrio do sujeito. Ex: registrar
um imóvel junto ao CRI.
o que ainda não se

constituiu, podendo NÃO DEFERIDO: quando a sua consolidação


se subordina a fatos ou condições falíveis.
ser:
Ex: A compra de uma safra futura.

CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS

EXPECTATIVA DE DIREITO: há apenas esperança ou possibilidade de que

venha a ser adquirido, a situação é de mera expectativa. Ex: Herança.

DIREITO EVENTUAL: há direito concebido mas ainda pendente de

concretização, a ser efetivada pelo próprio interessado. Ex: Direito de

preferência na compra do imóvel locado.

DIREITO CONDICIONAL: já se encontra em situação mais avançada, ou

seja, completamente constituído, intrinsecamente perfeito, dependendo

a sua eficácia apenas do implemento da condição estipulada, de um

evento futuro e incerto. Ex: Doação condicionada às núpcias.

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MODOS DE AQUISIÇÃO DOS DIREITOS

Ocorre a aquisição de um direito com a sua incorporação ao patrimônio e

à personalidade do titular. Pode ser:

ORIGINÁRIA: quando se dá sem qualquer interferência do anterior

titular. Ocorre, por exemplo, na ocupação de coisa sem dono.

DERIVADA: quando decorre de transferência feita por outra pessoa, onde

a aquisição se funda numa relação existente entre o sucessor e o

sucedido.

Pode ser ainda:

MODOS DE AQUISIÇÃO DOS DIREITOS

GRATUITA: quando só o adquirente aufere vantagem, como acontece na

sucessão hereditária e na doação;

ONEROSA: quando se exige do adquirente uma contraprestação,

possibilitando a ambos os contratantes a obtenção de benefícios, como

ocorre na compra e venda e na locação.

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NEGÓCIOS JURÍDICOS: CONCEITO

A expressão “negócio jurídico” não é empregada no Código Civil no

sentido comum de operação ou transação comercial, mas como uma das

espécies em que se subdividem os atos jurídicos lícitos.

Negócio jurídico é um ato, ou uma pluralidade de atos, entre si

relacionados, quer sejam de uma ou de várias pessoas, que tem por fim

produzir efeitos jurídicos, modificações nas relações jurídicas no âmbito

do direito privado” (Karl Larenz, Derecho civil: parte general, p. 421).

PLANOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Em todo negócio jurídico, a manifestação da vontade tem finalidade

negocial, que abrange a aquisição, conservação, modificação ou extinção

de direitos.

Essa manifestação de vontade deve obedecer a determinados

pressupostos genéricos (elementos) que possam, no futuro, permitir que

os negócios jurídicos possam surtir seus efeitos. Esses elementos são:

ELEMENTOS ESSENCIAIS - são os estruturais, indispensáveis à existência

do ato e que lhe formam a substância, como por exemplo, a declaração

de vontade (manifestação volitiva).

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PLANOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

ELEMENTOS NATURAIS - são as consequências ou efeitos que decorrem

da própria natureza do negócio, sem necessidade de expressa menção,

como por exemplo, a responsabilidade do alienante pelos vícios

redibitórios (CC, art. 441) e pelos riscos da evicção (art. 447).

ELEMENTOS ACIDENTAIS – são consistem em estipulações acessórias,

que as partes podem facultativamente adicionar ao negócio para

modificar alguma de suas consequências naturais, como a condição, o

termo e o encargo ou modo.

A TRICOTOMIA EXISTÊNCIA-VALIDADE-EFICÁCIA

É possível distinguir, no mundo jurídico, os planos de existência, de

validade e de eficácia do negócio jurídico. Embora esses vocábulos sejam

empregados, muitas vezes, como sinônimos, é importante precisar o

significado de cada um.

A doutrina denomina a TRICOTOMIA dos negócios jurídicos, como

ESCADA PONTEANA, porque na visão do renomado civilista PONTES DE

MIRANDA, o negócio jurídico se divide em 03 planos, onde podemos

projetar uma escada com 03 degraus a serem alcançados. Vejamos:

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A TRICOTOMIA EXISTÊNCIA-VALIDADE-EFICÁCIA

NEGÓCIOS JURÍDICOS: ELEMENTOS DE EXISTÊNCIA

Sob esse prisma, não se indaga sobre a invalidade ou eficácia do negócio

jurídico, importando apenas a realidade da existência, que ocorre quando

este sofre a incidência da norma jurídica, desde que presentes todos os

seus elementos estruturais. Se faltar, no suporte fático, um desses

elementos, o fato não ingressa no mundo jurídico: é inexistente.

Ex: O casamento celebrado por autoridade incompetente, um delegado

de polícia, por exemplo, é considerado inexistente. Por essa razão, não se

indaga se é nulo ou ineficaz nem se exige a desconstituição judicial, pois

se trata de um nada jurídico.

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NEGÓCIOS JURÍDICOS: ELEMENTOS DE EXISTÊNCIA

Os requisitos de existência do negócio jurídico são os seus elementos

estruturais, sendo os seguintes:

DECLARAÇÃO DE VONTADE: A vontade é pressuposto básico do negócio

jurídico e é imprescindível que se exteriorize, seja de forma expressa,

tácita ou presumida.

FINALIDADE NEGOCIAL : É o propósito de adquirir, conservar, modificar

ou extinguir direitos. A existência do negócio jurídico depende da

manifestação de vontade com finalidade negocial, isto é, com a intenção

de produzir os efeitos supramencionados.

NEGÓCIOS JURÍDICOS: ELEMENTOS DE EXISTÊNCIA

IDONEIDADE DO OBJETO: Trata-se de um requisito necessário para a

realização do negócio que se tem em vista. Ex: se a intenção das partes é

celebrar um contrato de mútuo, a manifestação de vontade deve recair

sobre coisa fungível, ao passo que no comodato, o objeto deve ser coisa

infungível.

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NEGÓCIOS JURÍDICOS: REQUISITOS DE VALIDADE

Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição,

modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos,

apresentados como os de sua validade. Se os possui, é válido e dele

decorrem os mencionados efeitos almejados pelo agente. Se, porém,

falta-lhe um desses requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito

jurídico em questão e é nulo ou anulável.

Portanto, é imprescindível para a validade de um negócio jurídico, a

presença dos seguintes elementos, em número de 03 (três):

NEGÓCIOS JURÍDICOS: REQUISITOS DE VALIDADE

AGENTE CAPAZ

OBJETO LÍCITO FORMA PRESCRITA OU


NÃO DEFESA EM LEI

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS E PRESSUPOSTOS DE


VALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS ( CCB, art. 104).

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NEGÓCIOS JURÍDICOS: REQUISITOS DE VALIDADE

AGENTE CAPAZ: A capacidade dos contratantes é, pois, o primeiro


requisito (condição subjetiva) de ordem geral para a validade dos
contratos. Estes serão nulos ou anuláveis se a incapacidade, absoluta ou
relativa, não for suprida pela representação ou pela assistência.

OBJETO LÍCITO: O objeto do contrato há de ser lícito, isto é, não atentar


contra a lei, a moral ou os bons costumes.

FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI: O requisito “forma” exige


que esta esteja expressamente prevista em nossa legislação OU que não
esteja proibida pela mesma.

NEGÓCIOS JURÍDICOS: REQUISITOS DE EFICÁCIA

Pode o negócio jurídico existir, ser válido, mas não ter eficácia, por não
ter ocorrido ainda, por exemplo, o implemento de uma condição imposta.

O plano da eficácia é onde os fatos jurídicos produzem os seus efeitos,


pressupondo a passagem pelo plano da existência, podendo ainda, passar
ou não, pelo plano da validade.

Ex: Um cônjuge que simula diversas dívidas junto a um credor (emissão


de cheques, p. ex.), pois, como tem a intenção de se divorciar, não
pretende dividir o patrimônio com o outro cônjuge. As dívidas existem
(os cheques foram emitidos e devolvidos pelo Banco), a emissão dos
cheques é válida, mas, provada a simulação, o negócio jurídico não
atuará no plano da eficácia (não produzirá efeitos).

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CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Há uma grande variação doutrinária em relação à classificação dos

negócios jurídicos.

Vejamos algumas das formas pelas quais os negócios jurídicos podem ser

classificados:

Uma única declaração de


vontade. Ex: Testamento.

Há consentimento mútuo, entre


as duas partes. Ex: Comodato.

Envolvem mais de duas partes.


Ex: Consórcio.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Somente uma parte aufere vantagens. Ex: Doação.

Ambos auferem vantagens, mediante


contraprestações. Ex: Compra e venda.
Caracterizam-se pela destinação dos bens. Ex:
cláusula de incomunicabilidade de um bem.
Podem ser oneroso ou gratuitos. Ex: Depósito.

OBS: Há ainda outras categorias de negócios jurídicos que demandam ou

não seu enquadramento em uma classificação propriamente dita.

Podemos, dentre estes, destacar os seguintes:

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CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

INTER VIVOS: destinam-se a produzir efeitos desde logo, isto é, estando


as partes ainda vivas, como a promessa de venda e compra, a locação, a
permuta, o mandato, o casamento etc.

CAUSA MORTIS: são os negócios destinados a produzir efeitos após a


morte do agente, como ocorre com o testamento, o codicilo, etc.

PRINCIPAIS: São os que têm existência própria e não dependem, pois, da


existência de qualquer outro, como a compra e venda, a locação, etc.

ACESSÓRIOS: São os que têm existência subordinada ao principal e dele


dependem para continuar a existir (acessorium sequitur suum
principale). Ex: Fiança.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS FORMALIDADES A OBSERVAR

SOLENES (FORMAIS): Devem obedecer à forma prescrita em lei para se


aperfeiçoarem. Quando a forma é exigida como condição de validade do
negócio, este é solene e a formalidade constitui a própria substância do
ato, como a escritura pública na alienação de imóvel acima de certo valor
(CC, art. 108), o testamento como manifestação de última vontade, etc.

NÃO SOLENES (INFORMAIS): são os negócios de forma livre. Basta o


consentimento para a sua formação. Como a lei não reclama nenhuma
formalidade para o seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por
qualquer forma, inclusive a verbal. Podem ser mencionados como
exemplos, dentre inúmeros outros, os contratos de locação e de
comodato.

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CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE ATOS NECESSÁRIOS

SIMPLES: Constituídos por ato único. Ex: Compra e venda à vista.

COMPLEXOS: Resultam da fusão de várias declarações de vontade, que se


completam, emitidas por um ou diferentes sujeitos para a obtenção dos
efeitos pretendidos na sua unidade. Ex: a alienação de um imóvel em
prestações, que se inicia pela celebração de um compromisso de compra
e venda, mas se completa com a outorga da escritura definitiva.

COLIGADOS: Compostos por uma multiplicidade de negócios,


conservando cada qual a fisionomia própria, mas havendo um nexo que
os reúne substancialmente. Ex: arrendamento de posto de gasolina,
coligado pelo mesmo instrumento ao contrato de locação das bombas, de
comodato de área para funcionamento de lanchonete, etc.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS MODIFICAÇÕES QUE PODEM PRODUZIR

DISPOSITIVOS: Utilizados pelo titular para alienar, modificar ou extinguir


Direitos, pois é permitido ao titular de um direito de natureza patrimonial
dispor, se para tanto tiver capacidade, de seus direitos, por exemplo,
concedendo remissão de dívida, constituindo usufruto em favor de terceiro ou
operando a tradição.

OBRIGACIONAIS: São os que, por meio de manifestações de vontade, geram


obrigações para uma ou ambas as partes, possibilitando a uma delas exigir da
outra o cumprimento de determinada prestação, como sucede nos contratos
em geral. Ex: A alienação de uma propriedade (natureza dispositiva), que se
consuma com o registro do título, é precedida do contrato de compra e venda,
de natureza obrigacional, pelo qual o adquirente se obriga a pagar o preço e o
alienante a entregar a coisa objeto do negócio.

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CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MODO DE OBTENÇÃO DO RESULTADO

NEGÓCIO FIDUCIÁRIO: é aquele em que alguém, o fiduciante, “transmite um


direito a outrem, o fiduciário, que se obriga a devolver esse direito ao
patrimônio do transferente ou a destiná-lo a outro fim”. Ex: “alguém
transmite a propriedade de um bem com a intenção de que o adquirente o
administre, obtendo dele o compromisso, por outro negócio jurídico de
caráter obrigacional, de lhe restituir o bem vendido”.

NEGÓCIO SIMULADO: é o que tem a aparência contrária à realidade, onde as

declarações de vontade são falsas. As partes aparentam conferir direitos a

pessoas diversas daquelas a quem realmente os conferem ou fazem

declarações não verdadeiras para fraudar a lei ou o Fisco. Ex: Transferir

propriedade para o nome de um terceiro (laranja) para evitar penhora.

INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Nem sempre o contrato traduz a exata vontade das partes. Muitas vezes

a redação mostra-se obscura e ambígua, embora possa ter havido

cuidado quanto à clareza e precisão demonstrado pela pessoa

encarregada dessa tarefa, em virtude da complexidade do negócio e das

dificuldades próprias da língua portuguesa.

Portanto, a execução de um contrato exige a correta compreensão da

intenção das partes e o negócio jurídico deve ser interpretado, ou seja,

busca-se precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração da

vontade concreta e objetiva das partes.

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INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Existem duas teorias que lidam com a questão da interpretação dos

negócios jurídicos:

TEORIA DA DECLARAÇÃO: Com base no que está escrito, parte-se da

declaração, que é forma de exteriorização da vontade, para se apurar a

real intenção das partes.

TEORIA DA VONTADE: Leva em consideração a intenção dos pactuantes,

a partir da declaração escrita para se chegar à vontade dos contratantes.

QUAL DESSAS TEORIAS DEVE PREVALECER ?

INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Dispõe o art. 112 do CCB que, “nas declarações de vontade se atenderá mais

à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”.

Na realidade, não se pode aplicar separadamente a teoria da vontade e a da


declaração, mas conjuntamente, visto que constituem faces de um mesmo
fenômeno. Parte-se da declaração, que é forma de exteriorização da vontade,
para se apurar a real intenção das partes.

Deve-se levar em conta a boa-fé, o contexto e o fim econômico do negócio


jurídico, com equilíbrio, reforçando a teoria da declaração, mas sem aniquilar
a da vontade, em face da necessidade de se agilizar as relações jurídicas que,
de certo modo, ficam travadas com a perquirição do conteúdo íntimo da
vontade declarada.

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REPRESENTAÇÃO: CONCEITO E ORIGEM

Preceitua o art. 120 do Código Civil: “Os requisitos e os efeitos da

representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da

representação voluntária são os da Parte Especial deste Código”.

Representação é uma forma de atuação jurídica em nome de outrem,

através de uma legitimação para agir por conta de outrem, que nasce da

lei ou do contrato.

Quem pratica o ato é o representante e a pessoa em nome de quem ele

atua e que fica vinculada ao negócio é o representado, que, via de regra,

tem seu interesse tutelado pelo representante.

VINCULAÇÃO AO REPRESENTADO

A representação pode ser LEGAL, onde em geral cuida-se do interesse de

incapazes. Ex: (mãe que representa o filho na ação de alimentos) ou

CONVENCIONAL / VOLUNTÁRIA, quando decorre de negócio jurídico

específico: o mandato, cujo instrumento é a procuração.

O art. 116 do CCB dispõe: “A manifestação de vontade pelo

representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao

representado.”

Portanto, o representante atua em nome do representado, vinculando-o a

terceiros com quem tratar, devendo agir na conformidade dos poderes

recebidos.

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VINCULAÇÃO AO REPRESENTADO

Segundo o art. 119 do CCB, “É anulável o negócio concluído pelo

representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato

era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.”

A condição estabelecida na lei para que o negócio se considere anulável é

o conhecimento, pelo terceiro beneficiado, do conflito de interesses entre

representado e representante. Não se admite que, estando de boa-fé,

seja ele prejudicado por ato danoso deste último.

Vamos ver um exemplo que ilustra essa situação.

VINCULAÇÃO AO REPRESENTADO

César nomeia Júlio como seu representante legal, para alienar um

apartamento (cobertura) no Estado do RJ, estipulando o preço mínimo de R$

1.500.000,00. Lá chegando, Júlio vende o imóvel pelo valor de R$ 600.000,00

(muito abaixo do valor de mercado) para Alexandre, pessoa da qual Julio é

credor.

De acordo com nossa legislação, se Alexandre tinha conhecimento de que o

imóvel deveria ser vendido pelo valor de mercado (portanto, agiu de má-fé),

o negócio poderá ser futuramente anulado.

Se ficar provado que desconhecia a situação e presumiu que a venda era num

momento de muita necessidade (e daí a venda rápida, por um valor baixo), o

negócio será válido.

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ATOS PRATICADOS CONTRA O INTERESSE DO REPRESENTADO

Muitas vezes os atos praticados pelo representante vão de encontro aos


interesses do representado, ou seja, não refletem a sua intenção.

O conflito de interesses entre representante e representado decorre, em geral


de ABUSO DE DIREITO ou EXCESSO DE PODER.

ABUSO DE DIREITO - pode ocorrer em várias situações, inclusive pela


atuação do representante com falta de poderes, que caracteriza o falso
procurador, ou quando a representação é exercida segundo os limites dos
poderes, mas de forma contrária à sua destinação, que é a defesa dos
interesses do representado.

EXCESSO DE PODER: configura-se quando o representante ultrapassa os


limites da atividade representativa, excedendo os poderes outorgados.

NÚNCIO

Art. 141 CCB: Pode ocorrer ainda, situações em que o declarante não se

encontra na presença do declaratário, por isso se vale de interposta pessoa

(mensageiro, núncio) ou de um meio de comunicação (fax, e-mail etc.).

Se, nesses casos a transmissão da vontade não se faz com fidelidade, fica

estabelecida uma divergência entre o desejado e o que foi transmitido

ERRONEAMENTE, SEM INTENÇÃO (mensagem truncada), caracteriza-se o

vício que propicia a anulação do negócio.

Ex: Ao fazer a proposta de compra de um imóvel, meu advogado envia um e-

mail, sem notar que o teclado de seu notebook possui uma tecla travada, que

faz com que “três zeros a mais” sejam digitados, aumentando absurdamente

o valor apresentado na proposta de compra.

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CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO

Além dos elementos estruturais e essenciais, que constituem requisitos

de existência e de validade do negócio jurídico (já vistos), pode este

conter outros elementos meramente acidentais, introduzidos

facultativamente pela vontade das partes, não necessários à sua

existência.

Aqueles são determinados pela lei; estes dependem da vontade das

partes. Uma vez convencionados, têm o mesmo valor dos elementos

estruturais e essenciais, pois que passam a integrá-lo de forma

indissociável. Esses elementos acidentais são os seguintes:

CONDIÇÃO TERMO ENCARGO

CONDIÇÃO

CONDIÇÃO é o evento futuro e incerto de que depende a eficácia do


negócio jurídico. Da sua ocorrência depende o nascimento ou a extinção
de um direito.

Ela se apresenta como uma cláusula que subordina o efeito do ato


jurídico a evento futuro e incerto (CC/2002, art. 121), sendo definida por
Orlando Gomes como “a disposição acessória que subordina a eficácia,
total ou parcial, do negócio jurídico a acontecimento futuro e incerto”.

Portanto, segundo o art. 121, “Considera-se condição a cláusula que,


derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do
negócio jurídico a evento futuro e incerto.” EX: EU LHE DAREI MEU
CARRO, CASO EU GANHE NA LOTERIA !

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ELEMENTOS DA CONDIÇÃO

Portanto, os elementos da condição são: VOLUNTARIEDADE, FUTURIDADE e


INCERTEZA.

Quanto ao MODO DE ATUAÇÃO a condição pode ser classificada como:

1 - SUSPENSIVA (art. 125 CC) - é a condição cuja eficácia do ato fica

suspensa até o evento futuro e incerto; protela-se, temporariamente, a

eficácia do negócio (Ex: dou-te um carro se ganhares a corrida).

2 – RESOLUTIVA: (art. 127 CC) - subordina à ineficácia do negócio jurídico a

um evento futuro e incerto. É a condição cujo implemento extingue os efeitos

do ato (resolver = extinguir). Ex: deixo de te dar uma mesada se repetires de

ano.

ELEMENTOS DA CONDIÇÃO

Enquanto a condição não se realizar, vigorará o negócio jurídico. Verificada a


condição, extingue-se o direito (Ex.: empresto-lhe uma casa para você nela
você residir enquanto for solteiro. Isto quer dizer que no dia em que se casar
perderá o direito de usar a casa).

A diferença é que na condição SUSPENSIVA, o ato somente ocorrerá, se

ocorrer um fato futuro e incerto, até lá fica SUSPENSO (Ex: Doarei a você meu

apartamento caso termine a Faculdade de Medicina).

Já na condição RESOLUTIVA, o ato já está ocorrendo, mas somente enquanto

enquanto NÃO SE VERIFICAR um fato futuro e incerto. Se ele vier a ocorrer, o

negócio não fica suspenso, mas TORNA-SE RESOLÚVEL (extinto, resolvido).

Ex: Pago sua mensalidade na UNIP, enquanto você tiver 100% de frequencia.

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ESPÉCIES DE CONDIÇÃO

ESPÉCIES DE CONDIÇÃO

LÍCITAS: Dispõe o art. 122, primeira parte, do Código que

são lícitas, em geral, “todas as condições não contrárias à

lei, à ordem pública ou aos bons costumes”.

ILÍCITAS: Serão ilícitas todas as que atentarem contra

proibição expressa ou virtual do ordenamento jurídico, a

moral ou os bons costumes. Ex: eu lhe darei uma jóia se me

deixar viver em adultério; ou, se você mudar de religião,

não se casar etc.).

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ESPÉCIES DE CONDIÇÃO

CASUAIS – Diferentemente das Potestativas (como veremos a seguir), são as que

dependem do acaso, do fortuito, de fato alheio à vontade das partes. Exemplo

clássico: “dar-te-ei tal quantia se chover amanhã”.

MISTAS – São as condições que dependem simultaneamente da vontade de uma

das partes e da vontade de um terceiro. Ex: “dar-te-ei tal quantia se casares com tal

pessoa” ou “se constituíres sociedade com fulano”. A eficácia não depende somente

da vontade do beneficiário mas também do consentimento de terceira pessoa para

o casamento ou para a constituição da sociedade.

ESPÉCIES DE CONDIÇÃO

DIREITO POTESTATIVO é o direito sobre o qual não recaí qualquer discussão, ou

seja, ele é incontroverso, cabendo a outra parte apenas aceitá-lo, sujeitando-se ao

seu exercício. Desta forma, a ele não se contrapõe um dever, mas uma sujeição. Ex:

o direito do patrão de demitir seu empregado.

Portanto, Segundo Silvio Rodrigues, “diz-se potestativa a condição quando a

realização do fato, de que depende a relação jurídica, subordina-se à vontade de

uma das partes, que pode provocar ou impedir sua ocorrência”.

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ESPÉCIES DE CONDIÇÃO
Consideradas ilícitas pelo art. 122 do CCB, que
as inclui entre as “condições defesas” por
sujeitarem todo o efeito do ato “a um capricho
ou puro arbítrio de uma das partes”, sem a
influência de qualquer fator externo. Ex:
apresentam-se sob a forma de “se eu quiser”,
“se eu levantar o braço” e outras condições
absurdas. Ex: eu lhe darei o carro se eu levantar
meu braço esquerdo.

Admitidas por dependerem não só da


manifestação de vontade de uma das partes
como também de circunstância exterior que
escapa ao seu controle. Por exemplo: “dar-te-ei
este bem se fores a Roma”. Tal viagem não
depende somente da vontade, mas também da
obtenção de tempo e dinheiro.

ESPÉCIES DE CONDIÇÃO

FISICAMENTE IMPOSSÍVEIS: as que não podem ser cumpridas por nenhum

ser humano, como no exemplo clássico “dar-te-ei R$ 100.000,00 se tocares o

céu com o dedo, OU se filtrares toda a água do mar”.

JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEIS: as que esbarram em proibição expressa do

ordenamento jurídico (adotar pessoa da mesma idade - CC, art. 1.619 /

realizar negócio que tenha por objeto herança de pessoa viva -CC, art. 426);

ou ferem a moral ou os bons costumes (a condição de cometer crime ou de se

prostituir).

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ESPÉCIES DE CONDIÇÃO

SUSPENSIVA: impede que o ato produza efeitos até a realização do evento


futuro e incerto. Exemplo: “dar-te-ei tal bem se lograres tal feito”. Não se terá
adquirido o direito enquanto não se verificar a condição suspensiva. Dispõe,
com efeito, o art. 125 do Código Civil: “Subordinando-se a eficácia do negócio
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá
adquirido o direito, a que ele visa”.

RESOLUTIVA: é a que extingue, resolve o direito transferido pelo negócio,


ocorrido o evento futuro e incerto. Ex: alguém constitui uma renda em favor
de outrem, enquanto este estudar OU empresto-lhe uma casa para você nela
você residir enquanto for solteiro. Isto quer dizer que no dia em que se casar
perderá o direito de usar a casa.

CONDIÇÃO MALICIOSAMENTE OBSTADA OU PROVOCADA

As condições podem ser consideradas sob três estados:

a) pendência: enquanto não se verifica ou não se frustra o evento futuro

e incerto, a condição encontra-se pendente;

b) implemento: a verificação da condição denomina-se implemento;

c) frustração: não realizada, ocorre a frustração da condição.

Dispõe o art. 129 do CCB: “Reputa-se verificada, quanto aos efeitos


jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela
parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada
a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o
seu implemento.” O que quer dizer este artigo ?

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CONDIÇÃO MALICIOSAMENTE OBSTADA OU PROVOCADA

A lei estabelece a presunção de que a condição foi atendida para o caso

de o devedor do direito condicional (aquele que estipulou a condição)

descumprir o dever de agir com boa-fé, frustrando dolosamente o

implemento da condição ou provocando-o maliciosamente. Exemplo:

A condição consiste em pagar à pessoa “X” determinada quantia em

dinheiro, somente se as ações de determinada empresa alcançarem certo

valor. Nesse caso, se houver, maliciosamente, manipulação na Bolsa de

Valores pelo interessado para evitar que o valor estipulado se verifique, A

LEI PRESUMIRÁ QUE A CONDIÇÃO SE VERIFICOU E O PAGAMENTO SERÁ

DEVIDO.

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