Estudo sobre resolução normativa 482 da ANEEL – Análise e Propostas
1. Objetivo
Com base na análise da resolução normativa Nº 482 da ANEEL, indicar os
itens que podem apresentar oportunidades para o mercado da geração distribuída. Apontar itens de atenção e propor novas análises sobre estes pontos visando melhor entendimento e possibilitar maior participação de cogeração com sistemas de microgeração e minigeração.
2. A Resolução Normativa Nº. 482
A RN 482 define as condições gerais para acesso de micro e minigeração aos
sistemas de distribuição de energia elétrica e pontua o funcionamento do sistema de compensação de energia.
Nela fica definida como microgeração distribuída uma central geradora de
energia elétrica com potência instalada menor ou igual a 100kW e minigeração distribuída como uma central geradora de energia elétrica com potência instalada inferior a 1MW. Ambas devem utilizar de fontes renováveis para geração de energia elétrica (energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada) e estarem conectadas à rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras.
Define também que o sistema de compensação de energia é o sistema no qual
a energia ativa gerada por uma unidade consumidora seja injetada na rede da distribuidora local. Esta energia injetada caracteriza um empréstimo gratuito gerando créditos para compensação posterior com o consumo de energia elétrica. Segundo a RN 482 esta compensação está restrita à mesma unidade consumidora ou outra de mesma titularidade inscrito sobre o mesmo CPF ou CNPJ da fonte geradora do crédito.
Atribui às distribuidoras de energia os prazos a serem atendidos para a
viabilização das solicitações de acesso à microgeração e/ou minigeração aos consumidores bem como a adequação da rede e seus eventuais custos para ampliação e reforços necessários no sistema de distribuição. Quanto ao sistema de compensação, informa que os o consumo que deve ser faturado é a diferença entre a energia consumida e a injetada e que o excedente gerado à rede pode ser compensado em ciclos posteriores (restrito ao prazo de 36 meses).
Outro ponto é que os custos decorrentes da adequação do sistema de
medição, necessário para implantar o sistema de compensação de energia é de responsabilidade do interessado.
3. Análise e Propostas
Atualmente existe uma grande oportunidade para a maior presença da geração
distribuída no mercado da geração de energia no Brasil visto a vantagem da não dependência de apenas uma fonte de energia, e o ganho de se ter fontes alternativas próximas às cargas. Porém observou-se que a RN 482 não apresentava o melhor cenário para que oportunidades de investimento na cogeração apresentem maior atratividade.
Este cenário foi analisados nos documentos Nota Técnica nº 0017/2015 da
ANEEL e no relatório “Geração Distribuída no Brasil: panorama, barreiras e oportunidades” da ELEKTRO e são apresentados diversas propostas de alteração na RN 482. Entre eles, gostaria de destacar:
• Incidência do ICMS apenas sobre a diferença entre a energia
consumida e a energia injetada na rede. O entendimento atual é que a aplicação da tributação se dá sobre o total de energia consumida, independente do valor compensado por geração. Esta desoneração serviria de incentivo à investimento neste tipo de geração distribuída, tornando maior a atratividade a estes projetos. A exemplo da aplicação deste entendimento no estado de Minas Gerais, onde o reflexo é o maior número de conexões de micro e minigeradores na distribuidora local. • Simplificação nos procedimentos de solicitação e liberação de acesso para conexão à rede da distribuidora. Como apresentado na nota técnica 0017, o processo de documentação não é claro e até a conexão final do consumidor com microgeração ou minigeração na rede é necessário que se cumpram diversas etapas junto à distribuidora. Esta morosidade pode ultrapassar 500 dias ate a conexão destes clientes. A redução de prazos máximos por parte da reguladora e a simplificação de formulários e de documentação necessária por parte dos consumidores se torna um empecilho a menos e agiliza o retorno por parte do investidor. • Não restrição de compensação de energia apenas para consumidor de mesma titularidade. A liberação deste tipo de utilização dos créditos de energia em áreas contiguas, desde que em comum interesse, pode evitar perdas e melhorar a utilização da energia gerada com maior proximidade às cargas. • Possibilitar a utilização dos créditos de compensação em outras distribuidoras A restrição de utilização dos créditos apenas na mesma distribuidora onde foi realizada a injeção de energia ativa reduz a possibilidade de consumidores quanto ao uso dos próprios créditos. A alteração deste termo é mais um ponto de incentivo ao investimento na geração distribuída. 4. Conclusão
Como apresentado, a maior presença da geração distribuída na matriz
energética do Brasil possibilitaria ganhos quanto melhor aproveitamento de energia em áreas pouco atendidas pelas principais fontes de energia elétrica. Possibilitaria o incentivo a melhores estratégias para o atendimento destas áreas e geraria grande retorno a toda a cadeia. Estes pontos devem ser viabilizados de forma a aumentar a atratividade e maior retorno ao investidor para podermos contar com estes benefícios e contarmos com a presença deste tipo de energia de forma mais maciça.
5. Referências Bibliográficas
ANEEL (2012), Resolução nº 482 de 2012..
ANEEL (2015), Nota Técnica nº 0017 de 2015.
ELEKTRO (2015), Geração Distribuída no Brasil: panorama, barreiras e