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Acórdãos STJ Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça

Processo: 1430/15.9T8STR.E1.S1
Nº Convencional: 6ª SECÇÃO
Relator: PINTO DE ALMEIDA
Descritores: INSOLVÊNCIA
PROCESSO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA
PESSOA SINGULAR
COMERCIANTE
EMPRESÁRIO
Data do Acordão: 10­12­2015
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Meio Processual: REVISTA
Decisão: NEGADA A REVISTA
Área Temática:
DIREITO FALIMENTAR ­ PROCESSO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO.
DIREITO CIVIL ­ LEIS, SUA INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO.
Doutrina:
­ Ana Filipa Conceição, “Disposições específicas da insolvência de pessoas singulares no
CIRE”, em I Congresso de Direito da Insolvência, 32.
­ Ana Prata, Morais Carvalho e Rui Simões, “Código da Insolvência e Recuperação de
Empresas” Anotado, 7 e ss..
­ Carvalho Fernandes e João Labareda, “Código da Insolvência e da Recuperação de
Empresas” Anotado, 2.ª ed., 143.
­ Catarina Serra, O Regime Português da Insolvência, 5.ª ed., 176.
­ Isabel Alexandre, “Efeitos processuais da abertura do processo de revitalização”, em II
Congresso de Direito da Insolvência, 235 e 236.
­ Luís M. Martins, Recuperação de Pessoas Singulares, Vol. I, 2.ª ed., 15. 
­ Menezes Leitão, Direito da Insolvência, 6.ª ed., 296.
­ N. Salazar Casanova e D. Sequeira Dinis, PER – O Processo Especial de Revitalização, 13.
­ P. Olavo Cunha, “Os deveres dos gestores e dos sócios no contexto da revitalização de
sociedades”, em II Congresso de Direito da Insolvência, 220 e 221.
­ Rosário Epifânio, O Processo Especial de Revitalização, 15; também no Manual de Direito
da Insolvência, 6.ª ed., 280.
­ Soveral Martins, Um Curso de Direito da Insolvência, 461, nota (5).
­ Tarso Domingues, “O processo especial de revitalização aplicado às sociedades
comerciais”, em I Colóquio de Direito da Insolvência de Santo Tirso, 15.
Legislação Nacional:
CÓDIGO CIVIL (CC): ­ ARTIGO 9.º.
CÓDIGO DA INSOLVÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS (CIRE): ­ ARTIGOS 1.º,
N.º2, 17.º­A E SS..
RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE MINISTROS N.º 11/2012, DE 3/2.
Jurisprudência Nacional:
JURISPRUDÊNCIA DAS RELAÇÕES

­ACÓRDÃOS DOS TRIBUNAIS:­ DA RELAÇÃO DO PORTO DE 23.02.2015, DE
23.06.2015 E DE 12.10.2015 E DA RELAÇÃO DE ÉVORA DE 09.07.2015 (PROC. 718/15).
EM SENTIDO CONTRÁRIO, O ACÓRDÃO DA RELAÇÃO DE ÉVORA DE 09.07.2015
(PROC. 1518/14), INVOCADO COMO FUNDAMENTO NO PRESENTE RECURSO.
TODOS DISPONÍVEIS EM WWW.DGSI.PT .
Sumário :
I ­ Com a revisão de 2012, foi alterada a filosofia que estava
originalmente subjacente ao CIRE, assente num sistema de
falência/liquidação, passando a privilegiar­se a recuperação do devedor.

II ­ Foi, assim, com este objectivo que foi criado o processo especial de
revitalização, tido como solução eficiente para a referida recuperação e
no "combate ao desaparecimento de agentes económicos" e ao inerente
"empobrecimento do tecido económico português".
III ­ Neste pressuposto, as normas que regem o PER devem ser
interpretadas restritivamente, no sentido de que esse processo especial
não é aplicável às pessoas singulares que não sejam comerciantes,
empresários ou que não desenvolvam uma actividade económica por
conta própria.

IV ­ Para além de ser essa a solução compatível com o referido
objectivo, anunciado pelo legislador, é também a que se adequa à
situação do devedor que não exerça essa actividade económica: sendo­
lhe inerente uma "situação patrimonial estática", o PER não poderia
visar a manutenção de uma actividade que este não exerce e promover
uma recuperação, que não passaria, necessariamente, de simples
exoneração do passivo.
Decisão Texto Integral:

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça[1]:
I.
AA e mulher BB vieram apresentar­se e submeter­se a processo
especial de revitalização (PER), nos termos do art. 17º­C do CIRE.
O processo foi liminarmente indeferido por os devedores serem
trabalhadores por conta de outrem e se entender que às pessoas
singulares não comerciantes ou empresários está vedado o acesso a
este instituto jurídico por estarem fora do seu objecto em termos
finalísticos, sendo que existe alternativa legal que é a apresentação à
insolvência com plano de pagamentos.
Discordando desta decisão, os devedores interpuseram recurso de
apelação, que foi julgado improcedente, tendo a Relação mantido a
decisão recorrida.
Vem agora o Ministério Público, como parte acessória, pedir revista,
que foi admitida, com fundamento em oposição de acórdãos.
Apresentou as seguintes conclusões:
I ­ (…)
II ­ O legislador não quis afastar os devedores pessoas singulares, não
comerciantes, do regime do PER, onde não existe qualquer norma
expressa nesse sentido, antes admitindo implicitamente a inclusão dos
mesmos nesse regime, face à redacção do disposto no art°17°­D, n° 11,
do CIRE.
Ill ­ Os objectivos que o legislador pretendeu obter com o PER de
"combate ao desaparecimento de agentes económicos" e de "não
geração de desemprego" é conseguido não apenas quando são
minoradas as dificuldades das empresas, mas igualmente as
dificuldades dos consumidores, uma vez que uma diminuição da
procura por parte destes condiciona inevitavelmente a manutenção e o
desenvolvimento das empresas, levando a eventuais despedimentos ­ e
assim o "combate ao desaparecimento de agentes económicos" engloba
quer empresas quer consumidores, que são igualmente agentes
económico relevantes.
IV ­ Inexistindo no regime legal do PER qualquer norma expressa que
afaste a sua aplicação a devedores pessoas singulares não comerciantes,
tal regime é­lhes aplicável, uma vez que não deve o intérprete
distinguir onde a lei não distinguiu, conforme se entendeu no douto
acórdão fundamento:
"O regime do PER aplica­se a qualquer devedor seja ele, pessoa
singular, pessoa colectiva, património autónomo, titular de empresa ou
não, dado o silêncio da lei quanto a qualquer dos requisitos ­ cfr. arts.
1°, nº 2, 2°, nº 1 e art. 17°­A, nº 1, do CIRE".
V ­ Não tendo assim decidido, violou o douto acórdão recorrido o
disposto nas normas legais referidas na conclusão que antecede, normas
que deveriam ter sido interpretadas no sentido adoptado pelo acórdão
fundamento.
Nestes termos, deve o douto acórdão recorrido ser revogado e
substituído por outro que admita liminarmente o processo especial de
revitalização dos autores, ordenando­se o prosseguimento dos autos, e
assim se dando provimento ao presente recurso.
Não foram apresentadas contra­alegações.
Após os vistos legais, cumpre decidir.
II.
Questões a resolver:
Trata­se de decidir se o processo especial de revitalização é aplicável a
pessoas singulares que não sejam comerciantes ou empresários, nem
exerçam, por si mesmos, qualquer actividade autónoma e por conta
própria.
III.
Relevam para a decisão os elementos que constam do relatório
precedente e, assim, no essencial, que os requerentes devedores são
trabalhadores por conta de outrem, sendo ele funcionário bancário e ela
professora do ensino oficial.
IV.
No acórdão recorrido concluiu­se que, no caso, os devedores, sendo
trabalhadores por conta de outrem, não poderiam ter acesso ao processo
especial de revitalização, tendo em consideração, no essencial, os
objectivos visados pelo legislador ao instituir esse instrumento legal,
claramente identificados na Exposição de Motivos da Proposta de Lei
39/XII, de 30.12.2011, que esteve na origem da Lei nº 16/2012, de
20/4.
Refere­se nessa Exposição, com efeito, que "o principal objectivo
prosseguido por esta revisão passa por reorientar o Código da
Insolvência e Recuperação de Empresas para a promoção da
recuperação, privilegiando­se sempre que possível a manutenção do
devedor no giro comercial, relegando­se para segundo plano a
liquidação do seu património sempre que se mostre viável a sua
recuperação. (…)
O processo especial de revitalização pretende assumir­se como um
mecanismo célere e eficaz que possibilite a revitalização dos devedores
que se encontrem em situação económica difícil ou em situação de
insolvência meramente iminente mas que ainda não tenham entrado em
situação de insolvência actual. A presente situação económica obriga,
com efeito, a gizar soluções que sejam, em si mesmas, eficazes e
eficientes no combate ao “desaparecimento” de agentes económicos,
visto que cada agente que desaparece representa um custo apreciável
para a economia, contribuindo para o empobrecimento do tecido
económico português, uma vez que gera desemprego e extingue
oportunidades comerciais que, dificilmente, se podem recuperar pelo
surgimento de novas empresas". (sublinhado nosso)
Como tem sido reconhecido, com a revisão de 2012, foi alterada a
filosofia que estava originalmente subjacente ao CIRE, assente num
sistema de falência/liquidação, passando a privilegiar­se a recuperação
do devedor[2].
Foi assim, com este objectivo – "de promover a revitalização de
empresas, assegurando a produção de riqueza e a manutenção de postos
de trabalho"[3] –, que foi criado o processo especial de revitalização,
tido como solução eficiente no sentido da referida recuperação e de
"combate ao desaparecimento de agentes económicos" e ao inerente
"empobrecimento do tecido económico português".
Apesar de, na enunciação do referido objectivo, os termos utilizados –
a recuperabilidade, a manutenção do "giro comercial", "o combate ao
desaparecimento de agentes económicos" – sugerirem um regime
restritivo, quanto ao âmbito subjectivo de aplicação do PER, limitando­
o a estes últimos, o certo é que na regulamentação desse processo nada
se definiu a esse respeito.
Quem pode recorrer ao PER é o devedor (art­ 1º, nº 2, e 17ºA e segs do
CIRE), assim designado genericamente e, por isso, sem um significado
preciso[4].
E é assim que parte da doutrina, com base no argumento literal,
defende que o PER é aplicável também às pessoas singulares, mesmo
que não sejam agentes económicos. Não que essa conclusão resulte
directamente das normas que regulamentam aquele processo, mas por
estas a não excluírem.
Neste sentido se pronuncia Catarina Serra:
"O regime do PER aplica­se a qualquer devedor, pessoa singular,
pessoa colectiva, património autónomo, titular de empresa ou não, dado
o silêncio da lei quanto a quaisquer requisitos"[5].
É essa também opinião de Luís M. Martins:
"(…) os novos arts. 17º­A a 17º­I, que regulam o processo especial de
revitalização, em momento algum referem que a sua aplicação está
limitada às pessoas colectivas ou entidades equiparáveis, antes
anunciando, expressamente, que o processo de revitalização pode ser
utilizado «por todo o devedor». Assim, não deixa de ser aplicável às
pessoas singulares (…)"[6].
Outros Autores limitam­se a afirmar simplesmente que podem recorrer
ao PER quaisquer devedores, pessoas singulares ou colectivas,
independentemente de serem ou não empresários[7].
Isabel Alexandre, ainda nesta linha, pronuncia­se pela negativa:
"Os sujeitos que podem utilizar o processo de revitalização não são
necessariamente titulares de empresas. Com efeito, apesar de a
consagração desse processo especial no direito português ter tido em
vista a «manutenção do devedor no giro comercial» e o não
«empobrecimento do tecido económico português» (…), sucede que o
processo de revitalização tem sido também utilizado por pessoas
singulares não titulares de empresas, conforme resulta da consulta da
jurisprudência"[8].
Tarso Domingues, por seu turno, manifesta dúvidas sobre se o PER se
deve aplicar apenas a empresas (apesar de ter por "inquestionável que
este novo regime cobrará sobretudo sentido para as empresas")[9].
Diferente é a posição de Carvalho Fernandes e João Labareda, para
quem a "ideia de recuperabilidade do devedor tem constantemente sido
ligada pela lei à existência de uma empresa no seu património e, neste
sentido, à sua qualidade de empresário", como sucedia na vigência do
CPEREF e também se passa com o CIRE, como "se induz da própria
denominação do Código e também se comprova pelo seu art. 1º".
Consideram, por outro lado, a principal motivação da criação do
processo de revitalização, confessada na aludida Exposição de Motivos,
para concluir que "manifestamente, pois, a realidade que preenche o
pensamento legislativo é o tecido empresarial, no seu conjunto, e de
uma forma muito lata, facilitada, de resto, pelo conceito geral de
empresa que, para os efeitos do Código (…) se acolhe no art. 5º".
Sustentam, assim, que "o processo de revitalização se dirige somente a
devedores empresários, justificando­se a correspondente restrição ao
significado literal do texto"[10].
No mesmo sentido se pronuncia P. Olavo Cunha:
"O PER é exclusivamente aplicável a empresas, só para estas fazendo
sentido. Com efeito, apesar de os arts. 17º­A e seguintes serem omissos
sobre eventuais restrições à aplicação do procedimento a pessoas
singulares que não sejam titulares de empresas, a recuperação a
empreender com este procedimento visa essencialmente salvaguardar e
viabilizar uma empresa, sendo suficiente aplicar o plano de insolvência
ao devedor que seja pessoa singular, visto que a sua situação
patrimonial é, por definição, estática relativamente à de uma empresa,
em que as variações patrimoniais são constantes. Consideramos, pois, o
PER aplicável às empresas, incluindo as de titularidade individual, e
diferenciando, assim, as empresas (singulares e colectivas) das pessoas
singulares que não são titulares de empresas no acesso a este
procedimento de revitalização"[11].
N. Salazar Casanova e D. Sequeira Dinis preconizam entendimento,
que parece situar­se ainda neste sentido restritivo, mas com amplitude
diferente (mais abrangente):
"O devedor não terá necessariamente de ser uma sociedade comercial.
As pessoas singulares e as demais pessoas colectivas e os patrimónios
autónomos previstos no artigo 2º, nº 1, do CIRE podem ser objecto de
um PER. Todavia, e uma vez que o PER se destina a revitalizar o
devedor, e não a liquidar o seu património, apenas podem ser objecto
de um PER as pessoas colectivas e patrimónios autónomos que, mesmo
não tendo uma finalidade lucrativa, exerçam uma actividade
económica. (…)
As pessoas singulares com capacidade plena também podem exercer
uma actividade económica, pelo que – mesmo não sendo comerciantes
ou empresários – são igualmente susceptíveis de recuperação. E não se
vê motivo para as excluir do recurso ao PER"[12].
A jurisprudência que se tem pronunciado sobre a questão da
aplicabilidade do PER às pessoas singulares tem enveredado, de forma
predominante, por este sentido restritivo[13].
Como se concluiu no Acórdão da Relação do Porto de 23.02.2015, o
PER não se destina aos devedores pessoas singulares que não sejam
comerciantes ou empresários nem exerçam, por si mesmas, qualquer
actividade económica.
Propende­se para esta solução (apesar de a decisão do caso sub judice
não exigir que se opte por qualquer destas últimas posições, que têm
em comum o entendimento de que o PER não se aplica à pessoa
singular, tout court), afigurando­se­nos que as normas que regem o
PER devem ser interpretadas restritivamente[14], no sentido de que
esse processo especial não é aplicável às pessoas singulares que não
sejam comerciantes, empresários ou que não desenvolvam uma
actividade económica por conta própria.
Não devendo a interpretação cingir­se à letra da lei, mas reconstituir a
partir dos textos o pensamento legislativo (art. 9º, nº 1, do CC), crê­se
que (não obstante, para além do próprio nome – PER) a razão de ser da
lei, o fim visado pelo legislador e as circunstâncias político­económicas
que motivaram a lei (elemento racional ou teleológico) e o elemento
histórico (trabalhos preparatórios) concorrem, parece­nos, para que se
deva adoptar aquele sentido interpretativo.
Só essa solução, com efeito, parece compatível com o objectivo
anunciado pelo legislador, de promover a revitalização ou recuperação
do tecido empresarial e, assim, dos agentes económicos que nele se
integrem, privilegiando a manutenção dessa actividade económica, em
detrimento da liquidação do seu património[15].
Neste sentido, será difícil conceber a recuperabilidade de pessoa
singular que não exerça essa actividade, pessoa a que é inerente, como
se disse, uma "situação patrimonial estática". É o que sucede, no caso,
com os devedores, que são trabalhadores por conta de outrem: o PER
não poderia visar a manutenção de uma actividade que estes não
exercem e promover uma recuperação, que não passaria,
necessariamente, de simples exoneração do passivo.

Por outro lado, como tem sido observado[16], existe no âmbito da
insolvência um procedimento particularmente adequado – o plano de
pagamentos (arts. 249º e segs. do CIRE) – de que essas pessoas
singulares podem beneficiar, permitindo que estas "sejam poupadas a
toda a tramitação do processo de insolvência (com apreensão de bens,
liquidação, etc), evitem, quaisquer prejuízos para o seu bom nome ou
reputação e se subtraiam às consequências associadas à qualificação da
insolvência como culposa" (Preâmbulo do DL 53/2004, de 18/3).
Procedimento de que decorre, como sublinha Ana Filipa Conceição,
"menor duração do processo, menores custos e inexistência dos efeitos
da declaração de insolvência sobre o devedor, comportando menor
desgaste psicológico e patrimonial e evitando o estigma social da
declaração de insolvência, uma vez que a declaração de insolvência não
é publicitada (art. 259º, nº 2)"[17].
Não se vê, assim, utilidade em os referidos devedores, pessoas
singulares, poderem recorrer também ao processo especial de
revitalização, não se justificando, por isso, a duplicação de recursos que
tal implicaria.
V.
Em face do exposto, nega­se a revista, confirmando­se o acórdão
recorrido.
Sem custas – art. 4º, nº 1, al. a) do RCP.
                                                    Lisboa, 10 de dezembro de 2015
Pinto de Almeida (Relator)
Júlio Gomes
José Raínho

_____________
[1]  Proc. nº 1430/15.9T8STR.E1.S1
F. Pinto de Almeida (R. 104)
Cons. Júlio Gomes, Cons. José Rainho
[2]  Sobre o sentido e finalidade desta revisão, cfr. Ana Prata, Morais Carvalho e Rui Simões,
CIRE Anotado, 7 e segs. Como referem estes Autores (pg. 10), introduziu­se, "como finalidade
do processo, a par do interesse dos credores, o interesse geral associado à manutenção de
empresas em funcionamento".
[3]  Resolução do Conselho de Ministros nº 11/2012, de 3/2.
[4]  A este respeito, nem a norma do art. 17º­D, nº 11, do CIRE assume o relevo atribuído pelo
Recorrente, uma vez que, como adiante se verá, ninguém defende que o devedor tenha de ser
necessariamente uma pessoa colectiva. 
[5]  O Regime Português da Insolvência, 5ª ed., 176.
[6]  Recuperação de Pessoas Singulares, Vol. I, 2ª ed., 15. Este Autor acrescenta, porém, que "teria
sido mais simples se, em vez de criar um processo extrajudicial com a tramitação pouco
exequível com que o PER nasceu e seu «enxerto» no artigo 17º, o que não faz qualquer sentido,
o legislador tivesse alterado os arts. 249º a 263º no sentido de permitir a sua aplicação a
empresas e pessoas singulares com uma tramitação bipartida, podendo o mesmo ocorrer
extrajudicialmente com posterior homologação judicial – tal como previsto no PER".
[7]  Cfr. Menezes Leitão, Direito da Insolvência, 6ª ed., 296; Soveral Martins, Um Curso de
Direito da Insolvência, 461, nota(5); Rosário Epifânio, O Processo Especial de Revitalização,
15; também no Manual de Direito da Insolvência, 6ª ed., 280.
[8]  Efeitos processuais da abertura do processo de revitalização, em II Congresso de Direito da
Insolvência, 235 e 236.
[9]  O processo especial de revitalização aplicado às sociedades comerciais, em I Colóquio de
Direito da Insolvência de Santo Tirso, 15.
[10]  Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas Anotado, 2ª ed., 143.
[11]  Os deveres dos gestores e dos sócios no contexto da revitalização de sociedades, em II
Congresso de Direito da Insolvência, 220 e 221.
[12]  PER – O Processo Especial de Revitalização, 13.
[13]  Cfr. os Acórdãos da Relação do Porto de 23.02.2015, de 23.06.2015 e de 12.10.2015 e da
Relação de Évora de 09.07.2015 (Proc. 718/15). Em sentido contrário, o Acórdão da Relação de
Évora de 09.07.2015 (Proc. 1518/14), invocado como fundamento neste recurso. Estes
Acórdãos estão todos disponíveis em www.dgsi.pt.
[14]  Como é reconhecido, o brocardo ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus,
invocado no recurso, não tem valor absoluto, como se verifica, designadamente, no caso de
existir fundamento para a interpretação restritiva.
[15]  Como referem Ana Prata, Morais Carvalho e Rui Simões (Ob. Cit., 10), "a interpretação das
regras estabelecidas no diploma tem de ter em conta esta dupla finalidade, associada, por um
lado, aos interesses dos credores e, por outro lado, aos interesses gerais relativos à manutenção
da actividade do devedor, em especial tratando­se de uma empresa, se esta tiver viabilidade".
[16]  Carvalho Fernandes e João Labareda, Ibidem.
[17]  Disposições específicas da insolvência de pessoas singulares no CIRE, em I Congresso de
Direito da Insolvência, 32.

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