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COTIDIANO MEDIEVAL
DIVINÓPOLIS-2009
A INFLUENCIA DAS LENDAS ARTHURIANAS NO IMAGINÁRIO E
COTIDIANO MEDIEVAL
RESUMO
INTRODUÇÃO
Ao falar em Idade Média muitas pessoas se lembram das lendas, dos mitos, dos
romances de cavalaria envolvendo seres fantásticos como: fadas, dragões, monstros,
duendes, heróis, lugares mágicos, serpentes do mar, etc. Filmes, livros, séries de
televisão adotam o riquíssimo imaginário medieval para seus roteiros, dando lugar a
imaginação fantástica que alimenta a curiosidade humana. Entretanto na própria Idade
Média nos séculos XI a XIII houve uma explosão de romances escritos e entre eles
muitos derivados das lendas Arthurianas. “Na Idade Media este era o grande tema, em
poesia e em prosa. Não só na Ingaterra, mas proeminentemente na França e na
Alemanha haviam romances de Artur... em todo idioma da cristandade.”1
1
ASHE, Geoffrey. Introdução ao Rei Artur.
Disponível em:
<http://assets4.scribd.com/doc/7074599/Geoffrey-Ashe-InTRODUCAO-AO-REI-ARTHUR-Traducao-
Por-Emerson-de-Oliveira> Acesso em: 28 nov 2009
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Na minha adolescência li muitos romances baseados na figura do lendário Rei
Arthur, entre eles a trilogia de Bernard Cornwel composta pelos livros: Rei do Inverno,
O Inimigo de Deus e Excalibur. Ao ler estas obras me interessei pelo assunto e comecei
a pesquisar sobre as origens da lenda e sua repercussão na Idade Média. Este artigo é
uma busca de compreender como os mitos e lendas principalmente aqueles envolvendo
a figura do rei Arthur, influenciou e fez parte do cotidiano dos medievos.
Após os Annales a história incorpora elementos do cotidiano e da mentalidade
dos homens como objetos de estudos. Para uma melhor compreensão, o historiador
busca analisar certo período histórico com o olhar do sujeito que vivia na determinada
época, ou seja, em um estudo sobre a Idade Media, deve-se buscar ao analisar o período,
ter um olhar de um medievo, da pessoa que estava inserido na época. E qual a
importância das lendas e mitos para se compreender o período medieval? É que as
pessoas que viviam na idade média, estavam rodeadas de um riquíssimo imaginário e
isto consequentemente influenciou na vida delas.
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3
transmissão de seu saber, de sua cultura e de suas lendas era oral.” Eram povos bem
antigos que segundo um artigo da revista Limites da Nossa História:
Entretanto segundo Caroline Moreira “já que antes ser um povo homogêneo, ser
celta era, na verdade, ter uma série de tradições em comum.” 5, ou seja, eles poderiam
viver em vários lugares distintos e o que os ligavam entre si eram seus hábitos e
costumes em comum. As lendas celtas tinham como características a presença do
sobrenatural, de elementos mágicos.
A lenda do rei Arthur contém diversas versões que chegaram até os dias atuais. A
sua origem pode ser considerada em um texto escrito por um monge de nome Gildas do
século VI, encontrado na França e em canções de gesta. Entretanto o nome exato de
Arthur aparecerá pela primeira vez em um romance escrito por Nennius (também um
monge, mas de origem britânica) chamado: Historia Brittonum (História dos Bretões).
3
REIS, Moreira Carolina. A Memória da Matéria de Bretanha em narrativas de Álvaro Cunqueiro e
Méndez Ferrín. RJ:UERJ, 2007 p.25
4
? . A Perdido nas Brumas Estranha Origem do Nome Do Brasil. Revista Limites. São Paulo: Abril,1995
5
Idem 3
4
galeses chamada Mabinogion fala de um líder chamado
Artur.6
6
STAM, Giba. O Verdadeiro Rei Artur. Revista Aventuras na História. São Paulo, SP: Editora Abril.n.75.
Outubro de 2009
Disponível em:
http://historia.abril.com.br/gente/verdadeiro-rei-artur-433395.shtml Acesso em: 28 de nov 2009
7
Os relatos sobre a obra de Geoffrey Monmouth é baseado nos textos: REIS, Caroline Moreira (idem 3) e
de STAM, Giba (idem 6).
5
pessoa. Na hora de sua morte, sabemos, a primeira
preocupação de Rolando foi para com Durandal.8
8
DUBY, G. A Europa na idade média. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p.6
9
Idem 6
10
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Estampa, 1983. v.1. p.30-45
6
dados arqueológicos mostra que na época, os bretões estavam deixando as cidades e
passando a povoar lugares mais isolados, como fortes em colinas devido as invasões
saxãs.11
A figura de um Rei Bretão como Arthur que segundo o conto de Monmouth, foi
fruto de uma profecia do mago Merlim na qual dizia que ele seria o rei que salvaria a
Bretanha dos Saxões, tem bases históricas. Primeiramente vale relatar a situação
britânica no período que Monmouth data a vida de Arthur, “É um fato que as pessoas da
Inglaterra eram as pessoas Célticas, os antepassados dos gauleses, e que eles ficaram
independentes de Roma, em algum lugar aproximadamente no ano 410.” 12, ou seja, a
Inglaterra não estava mais submetida a Roma, ela estava “autônoma”. Entretanto
começa as invasões do saxões no início do século VI, o que consequentemente leva aos
britânicos a se movimentarem. A figura de Arthur, é no conto, a salvação para aquele
povo que estava em conflito primeiramente contra os romanos e no século VI com os
novos invasores os saxões.
Analisando Arthur como um rei Bretão, primeiramente a época não se remete a
uma monarquia concretizada. Arthur passa a ser considerado rei por ser um chefe militar
de “sucesso”. Segundo Ken Dark em um relatório postado na revista eletrônica Bhistish
Archaeology em março de 1998:
11
ASHE, Geoffrey. Introdução ao Rei Artur.
Disponível em:
<http://assets4.scribd.com/doc/7074599/Geoffrey-Ashe-InTRODUCAO-AO-REI-ARTHUR-Traducao-
Por-Emerson-de-Oliveira> Acesso em: 28 nov 2009
12
Idem 11
13
DARK, Ken. Séculos de sobrevivência Romano no Ocidente. Revista British Archaeology. Ed.março
1998. n. 32.
Disponível em:
<http://www.britarch.ac.uk/ba/> Acesso em: 28 de nov de 2009
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O contexto social da época na Bretanha (que corresponde hoje ao norte da
França e ao Reino Unido) como foi dito anteriormente era das pessoas deixando as
cidades para lugares como colinas e outros devido as invasões. A miséria entre esses
povos também era relevante, e a busca de segurança era característica daquele tempo.
Depois de Roma ter retirado seu domínio sobre a Bretanha por volta de 410, apesar dos
bretões serem submetidos aos romanos, eles tinha a proteção militar que vinha do
império impedindo a invasão de outros povos. Contudo os bretões pouco deixaram
influenciarem pela cultura romana, não que eles não adquiriram elementos desta, porem
a sociedade ainda era basicamente dividida em pessoas comuns e em uma aristocracia
guerreira. Arthur pode ser considerado parte dessa aristocracia guerreira, que em
denominadas áreas se denominavam reis, como na História Regnum Brithanniae ele era
filho de bastardo de Uther naquele momento era rei, mas entretanto na história mostra
vários reinos formados na Bretanha, contudo esses reis eram tipos guerreiros de
destaque, ou seja, integrantes da elite guerreira.
14
STAM, Giba. O Verdadeiro Rei Artur. Revista Aventuras na História. São Paulo, SP: Editora
Abril.n.75. Outubro de 2009
Disponível em:
http://historia.abril.com.br/gente/verdadeiro-rei-artur-433395.shtml Acesso em: 28 de nov 2009
8
garantir a vitória numa importante batalha em Mount Badon, nos primeiros anos do
século VI.”15
O conto dos Reis da Bretanha também fala do amor de Arthur para com
Guinevere, e de seu sobrinho Mordred que toma a posição de rei de Arthur e se adultera
com sua esposa, mas no fim Arthur se vinga do sobrinho em uma batalha. Nesta batalha
Arthur sai gravemente ferido e é levado para a ilha de Avalon (a ilha mágica), não da
para saber se ele morreu ou viveu, não há margem de resposta na história de Monmouth.
A obra foi considerada um meio de grande influencia na Inglaterra para consolidação
dos reis.
O livro de Monmouth transformou o guerreiro bretão
em príncipe da cristandade: corajoso, justo, respeitado e
invencível. Seu objetivo, segundo Adriana Zierer, era
legitimar o poder dos reis ingleses. A obra teve tanta
influência que por 600 anos foi considerada a versão
oficial da história britânica.16
15
LOYN, Henry R. (org); CABRAL, Álvaro (trad); JÚNIOR, Hilário Franco(rev).Dicionário Ilustrado
da Idade Média. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Ed., 1997. p.94
16
STAM, Giba. O Verdadeiro Rei Artur. Revista Aventuras na História. São Paulo, SP: Editora Abril.n.75.
Outubro de 2009
Disponível em:
http://historia.abril.com.br/gente/verdadeiro-rei-artur-433395.shtml Acesso em: 28 de nov 2009
9
incorporar este objeto na lenda nota-se a influencia cristã no imaginário medieval. Por
volta do século XI a igreja já estava basicamente consolidada em uma posição
previlegiada de poder, o que a permitiu a ter uma forte influência no imaginário da
Idade Média e que consequentemente influenciava no comportamento dos medievos.
Caroline Moreira Reis mostra que ao introduzir um elemento cristão na lenda entre
outros motivos, um deles foi uma forma dos celtas recém cristianizados pudessem
continuar a se encontrarem em seus ideais imaginários, mantendo assim parte de suas
tradições vivas:
17
REIS, Moreira Carolina. A Memória da Matéria de Bretanha em narrativas de Álvaro Cunqueiro e
Méndez Ferrín. RJ:UERJ, 2007 p.25
18
LOPES, Reinaldo José. A saga do Santo Graal. In: Revista Aventuras na História. Editora Abril n.59,
Junho de 2008
10
Artur, sem versão em português) (1469-70), de Thomas Malory foram as obras que mais
destacaram sobre o assunto. As obras de Boron e a Demanda do Santo Graal se referem
ao Graal como um prato ou um cálice, como explica Reinaldo José Lopes:
CONCLUSÃO:
19
Idem 17
20
LOYN, Henry R. (org); CABRAL, Álvaro (trad); JÚNIOR, Hilário Franco(rev).Dicionário Ilustrado
da Idade Média. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Ed., 1997. p.780
21
Idem 19
11
foi escrita, uma história que buscou a construir um sentimento de pertencimento aquele
lugar e ajudou na construção de uma monarquia posteriormente.
Segundo Adriana Zierer as lendas do Rei Arthur em Portugal teve como função
além de propagar os ideais da cavalaria, um interesse particular. Esse interesse foi da
parte do rei Afonso III. Isso leva a concluir que de certa forma as lendas e mitos tinham
uma função ideológica no cenário medieval.
O Santo Graal ao ser inserido na lenda teve também uma enorme repercussão
para os medievos, pois resultou em diversas buscas pelo o objeto nos mais variados
lugares e pelas mais variadas pessoas. O objeto Sagrado chegou a encantar as pessoas
da Idade Média, que o mosteiro de Glastonbury localizado na Inglaterra durante:
O imaginário medieval era rico. Pode-se concluir que as lendas e mitos que
faziam parte dele eram um reflexo do cotidiano, de modo que elementos do dia-a-dia
eram incorporados e elementos como ideais de cavalaria ou um modelo de um rei justo
da qual Arthur correspondia eram inseridos para serem propagados pela Europa
Ocidental. Seria anacronismo dizer ou indagar: mas como as pessoas acreditavam em
lendas ou coisas sobrenaturais como o Graal a ponto de saírem procurando por ele?
22
ZIERER, Adriana. Arthur como modelo Régio nas Fontes Ibéricas Medievais (Parte I): A demanda do
Santo Graal. 2003. s/p
23
LOYN, Henry R. (org); CABRAL, Álvaro (trad); JÚNIOR, Hilário Franco(rev).Dicionário Ilustrado
da Idade Média. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Ed., 1997. p.404
12
Deve-se lembrar que atualmente dispomos de inúmeros suportes que nos fornece uma
base de conhecimentos e que as pessoas na atualidade são mais bem informadas devidos
a vários estudos acadêmicos que existem dos mais diversos assuntos. E mesmo assim
quem nunca acreditou em uma superstição, no mito do bicho papão que por acaso tem
origem na Idade Média? Quem nunca teve na infância passado pela fase de acreditar no
papai Noel, em fadas, em fantasmas ou em duendes? O sobrenatural exerce um fascínio
no ser humano até os dias atuais e isso é inegável.
A respeito se o rei Arthur de fato existiu, essa é uma pergunta ainda sem
resposta. Há indícios que nos remete de fato a sua existência, mas nada realmente
concreto foi encontrado nos dias de hoje devido o período da qual é datada a sua
existência ser escasso fontes documentais. Muitos autores apostam em teses que ele
realmente existiu, outros dizem que ele só existiu mesmo na lenda. Entretanto pra
muitos com certeza ele existiu e salvou a Bretanha dos saxões, sejam estes medievos ou
não, o que leva o ser humano acreditar é a sua imaginação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
? . A Perdido nas Brumas Estranha Origem do Nome Do Brasil. Revista Limites. São Paulo: Abril,1995
DARK, Ken. Séculos de sobrevivência Romano no Ocidente. Revista British Archaeology. Ed.março
1998. n. 32.
Disponível em:
<http://www.britarch.ac.uk/ba/> Acesso em: 28 de nov de 2009
LE GOFF, Jacques. Maravilhoso. In: LE GOFF, Jacques e SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário Temático
do Ocidente Medival. Bauru, SP: EDUSC, 2002, vol.1
LOYN, Henry R. (org); CABRAL, Álvaro (trad); JÚNIOR, Hilário Franco(rev).Dicionário Ilustrado da
Idade Média. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Ed., 1997.
13
LOPES, Reinaldo José. A saga do Santo Graal. In: Revista Aventuras na História. Editora Abril n.59,
Junho de 2008
LOYN, Henry R. (org); CABRAL, Álvaro (trad); JÚNIOR, Hilário Franco(rev).Dicionário Ilustrado da
Idade Média. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Ed., 1997.
STAM, Giba. O Verdadeiro Rei Artur. Revista Aventuras na História. São Paulo, SP: Editora Abril.n.75.
Outubro de 2009
Disponível em:
http://historia.abril.com.br/gente/verdadeiro-rei-artur-433395.shtml Acesso em: 28 de nov 2009
ZIERER, Adriana. Arthur como modelo Régio nas Fontes Ibéricas Medievais (Parte I): A demanda do
Santo Graal. 2003.
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