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Setembro de 2016
Resumo: O objetivo deste trabalho é compartilhar parte de uma estratégia de ensino aplicada a uma turma
com demandas diversificadas. As aulas aconteceram em oficinas de prática em conjunto durante os anos de
2014 e 2015. Estas oficinas foram desenvolvidas em um projeto social que teve como objetivo propo rcionar
a aprendizagem musical gratuita para qualquer aluno que tivesse interesse, sendo estabelecido como critério
o aluno ter o instrumento. A proposta acolhedora do projeto possibilitou a formação de uma turma diversa em
termos de faixa etária, instrumentos, nível técnico, teórico e musical. Neste contexto foi desenvolvida uma
estratégia de ensino que utiliza como principal ferramenta o arranjo didático.
1. INTRODUÇÃO
Após perceber que o arranjo didático de “Asa Branca” estava um pouco acima do
nível da turma, decidiu-se fazer o segundo arranjo didático de nível mais fácil. Este e os
próximos arranjos didáticos foram elaborados com base em avaliações processuais feitas a
cada aula mediante atenta observação sobre a prática dos alunos.
O segundo e o terceiro arranjos didáticos elaborados foram executados com maior
facilidade. Aos iniciantes destinaram-se as partituras voltadas para o desenvolvimento de
habilidades relacionadas à respiração, controle de arco, sonoridade, e a execução de notas
da harmonia. Já aos alunos de nível intermediário, destinaram-se as partes voltadas para o
desenvolvimento de fraseados, expressividade, execução de melodias e contracantos. Para
ambos os níveis, buscou-se trabalhar aspectos musicais relacionados à afinação, precisão
rítmica, dinâmica e execução de ostinatos.
Veja nas figuras 01 e 02 um pequeno exemplo de duas partituras escritas para
violino 01 (nível intermediário) e 02 (nível iniciante).
Figura 01 Figura 02
Violino 01 Violino 02
Para alunos de nível intermediário Para alunos de nível iniciante
2. ARRANJO DIDÁTICO
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Comenius é um educador pedagogo do século XVII considerado o primeiro pensador ocidental da
pedagogia moderna e também o pai da didática, este também antecede a Rousseau em relaçã o à criança e é o
primeiro e se preocupar com o processo de ensino-aprendizagem.
formação do homem”. Deste modo, podemos dizer que a didática preocupa-se com os
processos de ensino-aprendizagem.
Tratando do termo “didático”, o minidicionário Aurélio (2004) diz que este, está
relacionado ao ensino ou é próprio dele. Segundo FREITAS (2007, p. 21) os materiais
didáticos “são todo e qualquer recurso utilizado em um procedimento de ensino, visando à
estimulação do aluno e à sua aproximação do conteúdo”.
Após refletirmos um pouco sobre os termos “arranjo” e “didático” agora talvez seja
mais fácil compreendermos a nomenclatura “arranjo didático”, amparados por bibliografias
de duas áreas do conhecimento: música (arranjo) e pedagogia (didática).
O termo arranjo quando trabalhado de forma isolada não aponta para uma
elaboração musical desenvolvida com objetivo de promover o ensino-aprendizagem. Um
arranjo pode ser desenvolvido para diversos fins relacionados ao entretenimento, religião,
eventos sociais, culturais, shows, gravações em estúdios, produções cinematográficas,
teatrais, publicitárias, educacionais e etc.
É fácil perceber que a aplicação do arranjo é ampla e atende a diversos fins,
inclusive educacionais. Para tornar o termo mais específico e conduzir o leitor de forma
mais rápida a um conjunto de conhecimentos relacionados à utilização do arranjo como
ferramenta de ensino-aprendizagem, escolheu-se trabalhar os termos arranjo didático de
forma conjunta.
As características de um arranjo se formam durante a sua concepção. Porém,
independente da intenção de quem o cria, um arranjo pode ser aplicado a contextos
diferentes, por suas características possibilitarem está aplicação. Deste modo, um arranjo
que foi elaborado objetivando exclusivamente a performance pode ser utilizado como
ferramenta de ensino-aprendizagem, e vice-versa.
O que confere identidade a um arranjo é a intencionalidade de quem o produz. Um
arranjo pode ser denominado como didático se este foi elaborado para facilitar o ensino e a
aprendizagem de conhecimentos musicais - apesar deste também poder ser utilizado para
atender exclusivamente a outras finalidades, como as relacionadas à performance. O
arranjo didático recebe identidade segundo a intenção pedagógica de seu produtor e é
caracterizado durante seu processo de elaboração. Sua finalidade é ser uma ferramenta de
ensino que amplia as possibilidades de aprendizagens musicais, sendo assim, o arranjo
3. ELABORAÇÃO
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Sem considerar Asa Branca, Greensleeves foi o segundo arranjo didático a ser trabalhado com a turma.
SILVA, Alex A. A elaboração de arranjos didáticos como ferramenta de ensino-aprendizagem em oficinas de
prática em conjunto. In: JORNADA DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO MUSICAL, 6., 2016. São Carlos. Anais.... São 251
Carlos: UFSCar, 2016. p.245-253.
V I JEEM
Setembro de 2016
4. CONCLUSÃO
O arranjo didático mostrou ser uma excelente escolha para se trabalhar em uma
turma diversa em termos de técnica, faixa etária e instrumentos, pois através desta
ferramenta foi possível propor exercícios personalizados para cada aluno e trabalhá-los
simultaneamente possibilitando resultados sonoros animadores.
Apenas o termo arranjo, escrito de forma isolada, não traduz as especificidades das
elaborações musicais destinadas a aplicações didáticas. Por esta razão a nomenclatura
“arranjo didático” foi adotada nesta produção textual por conseguir traduzir de forma
eficiente à função deste tipo de elaboração musical: facilitar o processo de ensino-
aprendizagem de conhecimentos musicais.
Durante a elaboração dos arranjos didáticos é importante observar alguns critérios:
01. O arranjo didático deve promover o desenvolvimento musical e ser elaborado de
acordo com as necessidades de aprendizagens dos alunos; 02. É importante que a música
escolhida tenha significado para os alunos, professor e comunidade; e 03. Os arranjos
didáticos devem estar adequados ao nível técnico dos alunos.
Essa estratégia de ensino possibilitou que os alunos realizassem apresentações
públicas durante os anos de 2014 e 2015, nas seguintes formações: quarteto de cordas,
grupo de câmara e orquestra. As apresentações musicais aconteceram em locais variados,
como: teatro, biblioteca, palco na rua, shopping e museu.
A experiência de trabalhar com arranjos didáticos, apesar de trabalhosa,
principalmente em relação à sua elaboração, se mostrou satisfatória - é gratificante ensinar
e aprender música enquanto se a produz. Esta ferramenta aponta para a possibilidade de se
alcançar as necessidades individuais de aprendizagens musicais de cada aluno em uma
turma de prática em conjunto composta de alunos com instrumentos musicais e níveis
técnicos diferentes. Com relação a está metodologia de ensino-aprendizagem, ainda há
muito a se desenvolver, principalmente no que se refere a sua sistematização.
COMENIUS, Iohannis Amos. Saudações aos Leitores. In: COMENIUS, Iohannis Amos.
Didática Magna. Introdução, tradução e notas de Joaquim Ferreira Gomes. Fundação
Calouste Gulbenkian, 2001, p. 3-6.
PILETTI, Claudino. Pedagogia e Didática. In: PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23ª
Edição. São Paulo : Editora Ática, 2004, p. 39-49.