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Tétano Acidental
Tétano Acidental CID10: A35
Doenças Infecciosas e Parasitárias
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição É uma toxinfecção grave causada pela toxina do bacilo tetânico, introduzido no organismo através de ferimentos ou
lesões de pele. Clinicamente, o tétano acidental se manifesta por: hipertonia mantida dos músculos masseteres (trismo e riso
sardônico) e dos músculos do pescoço (rigidez de nuca), ocasionando dificuldade de deglutição (disfagia), que pode chegar à
contratura muscular generalizada (opistótono); rigidez muscular progressiva, atingindo os músculos retoabdominais (abdome
em tábua) e o diafragma, levando à insuficiência respiratória; também ocorrem crises de contraturas desencadeadas, em geral,
por estímulos luminosos, sonoros ou manipulação do doente.
Agente etiológico Clostridium tetani, bacilo gram positivo, anaeróbio esporulado, produtor de várias exotoxinas, sendo a
poderosa tetanopasmina a responsável pelo quadro clínico.
Reservatório O bacilo se encontra no trato intestinal do homem e dos animais, solos agriculturados, pele e/ou qualquer
instrumento pérfurocortante contendo poeira e/ou terra.
Modo de transmissão A transmissão ocorre pela introdução dos esporos em uma solução de continuidade (ferimento),
geralmente do tipo perfurante, contaminado com terra, poeira, fezes de animais ou humanas. Queimaduras podem ser a porta de
entrada devido à desvitalização dos tecidos. A presença de tecidos necrosados favorece o desenvolvimento do agente
anaeróbico.
Período de incubação Varia de 2 a 21 dias, geralmente em torno de 10 dias. Quanto menor o tempo de incubação, maior a
gravidade.
Período de transmissibilidade O tétano não é doença contagiosa, portanto não é transmitida diretamente de um indivíduo a
outro.
Complicações Parada respiratória e/ou cardíaca, disfunção respiratória, infecções secundárias, diasautonomia; crise
hipertensiva, taquicardia, fratura de vértebras, hemorragia intracraniana, edema cerebral, flebite e embolia pulmonar.
Diagnóstico Clínicoepidemiológico, não dependendo de confirmação laboratorial.
Diagnóstico diferencial Trismo e tetania por outras causas, raiva, histeria.
Tratamento Internamento em quarto silencioso e em penumbra, com redução máxima dos estímulos auditivos, visuais, táteis e
outros; sedativos (benzodiazepínicos) e miorrelaxantes; soro antitetânico (SAT) ou gamaglobulina (IGAT); antibioticoterapia;
debridamento e limpeza dos focos suspeitos; cuidados para manutenção da via respiratória livre; vacinar sistematicamente o
paciente na admissão no momento da alta hospitalar. Esquema terapêutico: uso de soro antitetânico após teste de
sensibilidade, administrar 20.000UI, IM, distribuídos em 2 massas musculares ou, IV, diluídos para 100ml de soro fisiológico,
transfundir em 1 hora; usar gamaglobulina humana hiperimune antitetânica, IM (única via de administração), de 3.000 a 6.000UI,
distribuídas em 2 ou mais massas musculares. Antibioticoterapia: penicilina cristalina, 200.000UI/kg/dia, de 4 em 4 horas, IV, (9
a 12 milhões de UI/dia), durante 10 dias. Nos casos de alergia à penicilina, o cloranfenicol, 100mg/kg/dia, de 6 em 6 horas, IV,
máximo de 4 gramas ao dia. No momento da admissão hospitalar, deve ser aplicada a vacina toxóide tetânica em massa
muscular diferente do SAT. Manutenção das vias aéreas devidamente desimpedidas. Lembrar que o paciente tetânico,
particularmente nas formas mais graves, deve ser, de preferência, tratado em unidades de terapia intensiva, sendo tomadas
medidas terapêuticas que impeçam ou controlem as complicações (respiratórias, infecciosas, circulatórias, metabólicas), que
comumente levam o paciente ao óbito.
Características epidemiológicas A distribuição anual da doença não apresenta variação sazonal definida. Apesar da
incidência universal, o tétano é relativamente mais comum em países subdesenvolvidos, com baixa cobertura vacinal, ocorrendo
indistintamente em área urbana e rural. Sua ocorrência está relacionada com as atividades profissionais ou de lazer, mas pode
afetar todos os indivíduos não vacinados.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivo Reduzir a incidência da doença através da vacinação adequada da população.
Notificação Doença de notificação compulsória.
Definição de caso Todo paciente que apresenta trismo e ou contraturas musculares localizadas ou generalizadas, que não se
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=528 1/2
09/09/2016 Tétano Acidental Secretaria da Saúde
justifiquem por outras etiologias, deve ser suspeito de tétano, particularmente na ausência de história vacinal adequada. A falta
de ferimento sugestivo de porta de entrada não afasta a suspeita, pois nem sempre se detecta a porta de entrada do bacilo.
Medidas de Controle
a) Vacinação Manutenção de níveis adequados de cobertura vacinal da população e, especificamente, crianças e adultos da 3ª
idade e/ou pessoas portadoras de úlceras de pernas crônicas, mal perfurante plantar decorrente de hanseníase e os
trabalhadores de risco, tais como agricultores e operários da construção civil. Esquema vacinal de rotina: usar vacina DTP no
2º, 4º e 6º meses, com reforço aos 15 meses e aos 10 anos. Posteriormente, os reforços serão feitos a cada 10 anos com a
vacina dT;
b) Profilaxia Em relação à necessidade de imunização ativa e passiva, o quadro a seguir resume os procedimentos
recomendados.
Observações São focos em potencial de contaminação pelo bacilo: ferimentos de qualquer natureza contaminados por poeira,
terra, fezes de animais ou humanas; fraturas expostas, com tecidos dilacerados e corpos estranhos; queimaduras; mordeduras
de animais peçonhentos. Todo ferimento suspeito deve ser limpo com água e sabão, além de ser debridado amplamente. Após a
remoção de tecido necrosado e de corpos estranhos, devese fazer limpeza com água oxigenada ou solução de permanganato
de potássio a 1:5000. Deve ser ressaltado que o uso de Penicilina Benzatina, na profilaxia do tétano acidental, não é eficaz.
ORIENTAÇÃO PARA PROFILAXIA DO TÉTANO EM CASO DE FERIMENTOS
História de imunização
com o toxóide tetânico
Menos de 3 doses ou ignorada 3 ou mais doses
(DPT, dT, DT, TT) Tipo de
ferimento
APLICAR O TOXÓIDE TETÂNICO • Se menor de 7 anos, aplicar DPT, • Só aplicar o toxóide
completando 3 doses, com intervalos de 2 meses; • Se tiver 7 anos ou tetânico se decorridos
mais, aplicar toxóide tetânico (TT) ou dupla (dT), completando 3 doses, mais de 10 anos da
com intervalo de 2 meses. última dose.
FERIMENTO LEVE NÃO
CONTAMINADO
NÃO APLICAR O
NÃO APLICAR O SORO ANTITETÂNICO (SAT) SORO ANTITETÂNICO
(SAT)
APLICAR TOXÓIDE TETÂNICO
• Se menor de 7 anos, aplicar DPT, completando 3 doses, com intervalo de • Só aplicar o toxóide
2 meses. tetânico se decorridos
• Se tiver 7 anos ou mais, aplicar o toxóide tetânico (TT) ou dupla (dT), mais de 10 anos da
completando 3 doses, com intervalo de 2 meses. APLICAR O SORO última dose.
TODOS OS OUTROS ANTITETÂNICO (SAT)
FERIMENTOS
INCLUSIVE
PUNCTÓRICOS
OU IMUNOGLOBULINA ANTITETÂNICA (IGAT)
• Administrar 5.000 unidades, por via intramuscular, após teste
intradérmico de sensibilidade ou usar imunoglobulina antitetânica (IGAT), .
via intramuscular, 250 unidades (com título de 1:400, ou dosagem
equivalente com outro título.
Fonte: Doenças Infecciosas e Parasitárias: Guia de Bolso, Volume II, 3ª edição, pág. 149 Ministério da Saúde Brasília/DF junho
2004
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