Edição 1 - Março de 2018

Uma publicação do Centro Dom Bosco

NÃO É PRECONCEITO, JAIR BOLSONARO

PARECE SER O FAVORITO
É BIOLOGIA. EM 2018
ENTREVISTA COM ANA PAULA HENKEL

Ainda há poucas pesquisas que apontam

“As mulheres vão começar a perder o espa-
a liderança do deputado federal Jair Mes-
ço duramente conquistado durante muitos
sias Bolsonaro nas intenções de votos para
anos, o que é uma injustiça muito grande,
a eleição deste ano. Contudo, o bom senso
porque nós mulheres temos que passar por
mostra que há vários indícios de que essas
incontáveis exames antidoping, principal-
pesquisas padecem de precisão estatística:
mente em relação ao hormônio masculi-
a chegada do parlamentar nos aeroportos
no, que é o que traz mais benefícios para
de todo Brasil, o engajamento das pessoas
um corpo feminino”, responde Ana Paula
em sua página no Facebook ou mesmo a
Henkel do Voleibol Feminino.
conversa com os vizinhos em qualquer lu-
gar do país.

ROUBALHEIRA
INFERNAL Foto: Mauro Ventura

“Desde os anos 60 do século XX os comunistas já dominavam as universidades, os órgãos de mídia, o “show business” e o mercado editorial. Era
inevitável que, mais dia, menos dia, tomassem o poder. Só que, chegando lá, eles têm de tentar a “revolução por cima”, a qual custa dinheiro e não
é possível sem uma roubalheira infernal, exatamente como aconteceu.”, explica Olavo de Carvalho.

PARA O COMUNISTA, ROUBAR PARA

“A CAUSA” NÃO É CORRUPÇÃO, MAS OBRIGAÇÃO.
“Há também quem se espante com o tamanho dos rombos deixados pelo Mensalão e pelo
Petrolão, e os considere um desvio de conduta. Stálin ascendeu entre os jacobinos russos
assaltando trens e realizando atos terroristas. Roubar para “a causa” não é corrupção,
mas obrigação. Por trás do discurso populista de Lula havia toda uma rede de corrupção
sistematizada nunca antes vista na história deste país.”, afirma Bernardo Küster.

A INCOMPATIBILIDADE RADICAL DO
MATERIALISMO COM O SIMPLES BOM SENSO
O filósofo Carlos Nouguè explica como o materialismo carece de fundamentação básica:
“...a razão humana decaiu a tal ponto a partir especialmente do século XV que acabou por
acreditar que, se o pudesse fazer ao longo de “zilhões” de anos, um macaco jogando letras
para o alto poderia acabar por escrever a Ilíada, (...). Essa é a “ciência” de Karl Marx e
Friedrich Engels, para os quais o macaco se transforma em homem quando aprende a
usar de instrumentos – como se alguma cotovia se transformasse em joão-de-barro por ter
aprendido a fazer sua casinha tendo um graveto por instrumento.”.

Distribuição Gratuita - Jornal “O Universitário”

 COLUNA
A INCOMPATIBILIDADE RADICAL DO
MATERIALISMO COM O SIMPLES BOM SENSO
Escritor, tradutor e filósofo. Professor e idealizador da escola tomista
Os gregos de antes de Cristo (re)aprenderam a pensar,
e já no início da Filosofia, na Jônia, descobriram que
o universo deve derivar de um primeiro princípio.
Um filósofo dizia que esse princípio é a água, outro
que é o ar, outro o fogo, etc. Mas, pouco tempo
depois, o genial Anaxágoras descobria que, se o
universo tem ordem, se suas partes se combinam
entre si para formar ordenadamente o todo, é porque
uma Inteligência fez que fosse assim. Com efeito, a
ordem só pode derivar da inteligência, e o acaso é
incapaz de causá-la. Um macaco que jogasse para o
alto todas as letras do alfabeto durante bilhões de
anos nunca conseguiria fazer que elas caíssem de tal
modo que formassem a Ilíada de Homero. Ou seja,
o acaso jamais poderia dar origem à ordem. É o que
viria a confirmar mais perfeitamente Aristóteles, ao
descobrir o Primeiro Motor Imóvel, ou seja, θεός,
Deus.
Assim, que o universo seja causado por Deus é uma
verdade possivelmente alcançável por nossa razão
sem ser preciso recorrer à Revelação e à Teologia
Sagrada. Por outro lado, a Revelação permite a todos
saber aquilo que os gregos não puderam descobrir
a tempo e por conta própria, como, por exemplo, a
criação do universo por Deus do nada, tirando-o de
nada. Não é possível ao “nada” gerar “algo”, tendo
sempre de haver “algo” para que outro “algo” seja
gerado. Em outras palavras, para que uma coisa
exista, é necessário que outra, anterior, a gere. É
preciso haver, então, um princípio que seja anterior
ao próprio nada. Permanece, portanto, inabalável a
descoberta grega: o universo não poderia ser criado
e ordenado se uma Inteligência anterior e superior
não o tivesse criado e ordenado.
Sucede, todavia, que a razão humana decaiu a tal
ponto a partir especialmente do século XV que acabou
por acreditar na falácia do macaco que poderia
escrever a Ilíada, e que são as condições materiais
da existência que determinam o que o homem pensa
ou como ele age. É o materialismo biológico, e é o
materialismo histórico e dialético. É a “biologia” de
Darwin e seus antecessores – segundo a qual, se se
trata de “zilhões” de anos e graças ao acaso, e contra o
que diziam Anaxágoras e Aristóteles, entre outros, o
superior pode surgir do inferior, a vida da molécula,
o leão da minhoca, o homem de algum animal –, e
é a “ciência” de Karl Marx e Friedrich Engels, para
2
então da mais de uma centena de milhões de mortes
causada pelas ditaduras do proletariado desde a
tomada do poder, na Rússia, pelos bolcheviques?
É que para o marxismo não há outra maneira de
a humanidade livrar-se das escórias da sociedade
Por Carlos Nougué, de classes e desenvolver as forças produtivas para
completar a revolução sem a morte, tanto cruel
carlosnougue@gmail.com
quanto necessária, daquelas mesmas escórias. Para
Foto: Internet isso, vale até o recurso à morte multitudinária por
fome ou inanição como na China de Mao Tsé-Tung.
Vale ainda, aliás, a morte dos mesmos “companheiros
de viagem” de ontem: os primeiros assassinados em
massa do regime leninista foram os marinheiros
anarquistas de Kronstadt, porque afinal não eram
marxistas... Mas tudo isso é “necessário”: porque
sem isso de que modo um dia cairá o estado como
um castelo de cartas, como num passe de mágica? De
que modo se instaurará o “paraíso na Terra”, onde
cada um dará segundo sua possibilidade e receberá
segundo sua necessidade? De maneira “natural” é
que não será e, por isso, qualquer ação é justificada
para promover a revolução. Mesmo as mais nefastas
e criminosas.
Não se trata, todavia, de que o materialismo
os quais o macaco se transforma em homem quando
mate somente já nascidos: mata em número
aprende a usar instrumentos. Como se alguma
exponencialmente maior crianças ainda não nascidas.
cotovia se transformasse em joão-de-barro por ter
É verdade que o aborto – o pior dos homicídios,
aprendido a fazer sua casinha tendo um graveto por
porque cometido contra a mais indefesa das criaturas
instrumento. Este último materialismo se esquece
humanas – já se praticava nas sociedades pagãs, não
de ver, é verdade, que, se ele mesmo é produto de
ateias. Mas só moderna e materialisticamente se
condições materiais de existência, não apresenta
encontra fundado na legislação – embora, falando
nenhuma garantia de verdade e poderá ser negado
propriamente, uma lei iníqua não seja lei – de
se e quando deixem de dar-se tais condições. Ou
muitíssimos países liberais, comunistas e, como
seja, a própria “teoria” que o cria, o nega e o rejeita.
prefiro chamar, marcusianos (Suécia, Dinamarca,
Ainda mais: como poderia o materialismo de Marx
Bélgica, etc.). Para que se tenha uma ideia pequena
ser “científico” sem que fosse científico por si
da dimensão deste genocídio: na Rússia há 339
mesmo, de maneira intrínseca? Poder-se-ia dizer
abortos para cada 100 nascimentos; na Romênia,
que a segunda lei da termodinâmica é científica
265 para cada 100; na Ucrânia, 159 para cada 100;
porque certas condições materiais de existência a
nos EUA, 35 para cada 100; na Itália, 26 para cada
permitiram, e não por sua cientificidade intrínseca?
100. Agora imagine se se somam a estes os casos na
No momento em que as “condições sociais de
China e nos países nórdicos! Sim, sim, dir-se-á que
produção” fossem outras, a lei da termodinâmica
até tal altura de seu desenvolvimento o embrião não
deixaria de ser lei? Parece impossível, e é. Mas
é ainda pessoa humana, além de que passa longe do
é o que está suposto no materialismo marxista:
materialismo que a alma humana seja imortal. Mas,
afirma ele, peremptoriamente, que todas as nossas
mesmo sem entrar em considerações profundas e
ideias são resultantes de determinado estágio de
científicas impossíveis neste espaço, diga-se que em
desenvolvimento das forças produtivas e da inserção
vários países onde se pratica “legalmente” o aborto,
do cientista em determinada classe social. Dito de
é proibido destruir ovos de tartarugas supostamente
outra maneira, não há possibilidade de se dizer que
em risco de extinção. E por que isso é proibido?
qualquer tipo de materialismo seja “científico”, uma
Porque aquilo que há de ser tartaruga já é, de algum
vez que suas bases não se sustentam, principalmente
modo, tartaruga. Mas por que vale isso para as
quando tomadas pelo todo. Acreditar que o suposto
tartarugas e não para os humanos? Afinal, o embrião
materialismo “científico” de Marx e Engels seja uma
humano não há de ser homem? Por fim, percebe-se
exceção à regra é argumentar em causa própria. Não
que a preocupação do materialismo nunca foi com
há nisso nada de “científico”.
as pessoas, sua dignidade ou cidadania, mas sempre
Há mais ainda, todavia: ambos os materialismos,
foi, exclusivamente, com a revolução em si. Qualquer
o biológico e o histórico-dialético, tão intimamente
dano correlato justifica-se como necessário para que
ligados, têm consequências sociais e políticas
se alcance sua completude.
dramáticas ou, antes, trágicas. Ideologias gnósticas
Portanto, o materialismo, qualquer materialismo, é
como o nazismo e seu fundamento eugenésico têm
radicalmente ateu, e é uma radical ofensa à própria
por fonte o evolucionismo biológico, e não por nada
raça humana, a sua inteligência e dignidade. Por
a síndrome de Down veio a conhecer-se também
isso, por seu lado, qualquer pessoa em sã consciencia
por mongolismo. É que certamente a “evolução” do
– mais ainda, o cristão – há de opor-se radicalmente
homem começa em algum ancestral comum com o
a qualquer forma de materialismo. hão de fazê-lo
macaco, passa sucessivamente pelo pigmeu, pelo
ainda aqueles que não queiram perder o bom senso
zulu, pelo mongólico, e termina no inglês – sendo,
e ofender a integridade de sua própria mente.
claro, um reflexo das tais “condições sociais de
produção”.
Ao mesmo tempo, o materialismo foi usado, ao longo
da história, para justificar os piores regimes políticos
e as piores ações contra a humanidade. Que dizer
 COLUNA E OPINIÕES

SOCIEDADE A SERVIÇO sociedade que está a serviço do poder. Não foi ca-
suisticamente que capturaram milhões de pesso-

DO PODER as em programas de assistencialismo, cujo crité-

rio de sucesso é a adesão, e não a independência.
Assemelha-se a um hospital que se contenta com
Por Bernardo Pires Küster
o alto número de internados, e não com os que
receberam alta.
Veganos, ex-fumantes, funkeiros, ambientalistas e blogueiras, frequente-
Para ser o poder, tudo é necessário. Le-
mente, são fanáticos. E “um fanático, decifrou Churchill, é alguém que não conse-
vantar a bandeira imaculada da democracia – e
gue mudar de idéia e jamais mudará de assunto”. O comunista, porém, nunca será
defendê-la discursivamente até o fim – é inques-
um fanático. Jamais. É apenas um renitente obstinado que distorce a interpretação
tionável, ainda que haja um número estapafúrdio
e julgamentos da realidade por que tudo julga a partir do mundo futuro imaginado.
de leis, que tudo engessa; um ativismo jurídico
Ele jamais mudará de idéia e sempre mudará de assunto. (Aqui desconsidero com-
impassível, que tudo altera; um sistema educa-
pletamente o idiota útil, tipinho que desconhece o barco no qual subiu e cujo des-
cional ineficaz, que a todos imbeciliza; uma gi-
tino lhe escapa, seja por lamentável ignorância ou pela inocência juvenil.) A mente
gantesca burocracia, que tudo anula; uma livre
progressista tem assentada dentro de si – e nisto se fundamenta – o futuro perfeito,
iniciativa nominal, que tudo enterra; um gro-
uma apropriação deformada da cosmovisão cristã da redenção final. O futuro, to-
tesco número de estatais, que em tudo são ine-
davia, não existe para nós; é desconhecido. Para os cristãos, depende de Deus. Para
ficazes; uma mídia refém do Estado, que a todos
os progressistas, de si mesmos, da capacidade de transformar o mundo sem perder
mente; uma frágil segurança pública, que a todos
muito tempo com interpretações, como fixou Marx.
assusta; uma minoria ativista, que a ninguém re-
Em nome desse sonho, porém, o último século foi selado como o mais san-
presenta; uma ausência de pluralismo ideológico
grento da nossa história. O professor R. J. Rummel estima que Rússia, China, Cam-
no poder, que nada altera; uma população desar-
boja e Alemanha tenham acabado com mais de duzentos milhões de vidas inocen-
mada, que tudo teme; e, por fim, um governo que
tes, entre 1917 e 1989. Tudo em nome de um mundo idílico. Em nome da felicidade
ainda ousa se denominar democrático, que a to-
universal dos homens desse futuro, sacrificaram particularmente os homens do
dos engana, porque o assunto muda, mas a idéia
presente; buscando plasmar o céu na terra, o inferno nos visitou.
é sempre a mesma.
Há quem creia que o principal escotoma na visão do revolucionário seja a
debilidade de suas teorias econômicas, expostas ao desprezo por Mises em 1920. O
tema econômico é mais um tema apenas. Lembre-se que a idéia é fixa, mas o assun-
to, no entanto, é relativo. Se a economia de livre mercado é boa para a revolução,
que seja adotada. Se o controle estatal ferrenho serve, que assim seja. O movimento
revolucionário mudou tantas vezes de teoria e de estratégia quantas foram necessá- JAIR BOLSONARO
rias para se manter vivo. O poder é a imagem estática em suas mentes. PARECE SER O FAVORITO
Suas teias estenderam-se para a América Latina após 1989, com o fim da
União Soviética, a fim de garantir uma sobrevida através da fundação, em 1990, do EM 2018
Foro de São Paulo, iniciativa de Fidel Castro e Lula. Não é segredo pra ninguém que Por Redação
as FARC, o MIR chileno, a “Via Campesina” e o MST, todas organizações armadas
e criminosas, dele fizeram parte. Tudo para construir “um mundo melhor”. O Foro Há poucas pesquisas que apontam a liderança do deputado
centralizou as forças da esquerda latino-americana de tal maneira que conseguiram federal Jair Messias Bolsonaro nas intenções de votos para
eleger presidentes mais de 15 membros da sua organização, cuja complexidade dos a eleição deste ano. Contudo, o bom senso mostra que há
favores trocados entre seus membros foge à imaginação popular. vários indícios de que essas pesquisas padecem de precisão
Há também quem se espante com o tamanho dos rombos deixados pelo Men- estatística: a chegada do partalmentar nos aeroportos de
salão e pelo Petrolão, e os considere um desvio de conduta. Stálin ascendeu entre todo Brasil, o engajamento das pessoas em sua página no
Facebook ou mesmo a conversa com os vizinhos em qual-
os jacobinos russos assaltando trens e realizando atos terroristas. Roubar para “a
quer lugar do país.
causa” não é corrupção, mas obrigação. Por trás do discurso populista de Lula havia Somado a este fenômeno salutar, não há candidato - até o
toda uma rede de corrupção sistematizada nunca antes vista na história deste país. presente momento - que atenda a exigência de toda popu-
Qual a lógica subjacente? Leis, para a mente esquerdista, nas palavras de Louis lação por uma segurança pública sem afagos a marginais,
Althusser, não passam de “aparelhos ideológicos do Estado” que devem ser usados uma defesa da criança contra o famigerado “Kit Gay” em
conforme a conveniência do momento. O Estado, afinal, há de servir a causa. O Es- escolas e de um combate à corrupção generalizada.
tado deve ser propriedade do Partido. Nenhuma privatização é permitida, exceto a Caso não seja impedido pelo STF ou pela urna eletrônica
venezuelana, a realidade esmagará o duvidável IBOPE.
do próprio Estado nas mãos dos donos do poder. Nada a serviço da sociedade. É a

Foto: Internet Foto: Arquivo Câmara Federal

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 ENTREVISTA COM OLAVO DE CARVALHO
DE ATENAS À
ROCINHA
“... compare os debates parlamentares da época [início do século XX] com os de hoje. Caímos de Atenas para a Roci-
nha. A criação das universidades, a partir do governo Getulio Vargas, piorou formidavelmente em vez de melhorar.”
Entrevistamos o filósofo e professor do “Curso on-
line de Filosofia”, Olavo de Carvalho, em janeiro
de 2018. Na pauta, comunismo, universidades e a
formação de intelectuais. Abaixo segue na íntegra a
nossa conversa:
1) Há décadas, antes da grande mídia, o
senhor já denunciava a infiltração comunista
no Brasil e nas universidades. O que fez, à
época, com que o senhor percebesse essa
movimentação antes de todos?
É simples. Todos os intelectuais e formadores
de opinião, neste país, raciocinam com base no
que lêem na grande mídia, que é a superfície dos
acontecimentos. Eu fui aos documentos de fonte
primária, o que é a obrigação mais elementar da
pesquisa historiográfica. Cheguei a publicar as
Atas do Foro de São Paulo, onde todos os planos
comunistas para o continente estavam declarados da
maneira mais ostensiva.
44
2) Durante muitos anos o senhor foi,
também, quase que a única voz dissonante
no ambiente comunista. Pode nos contar um
pouco sobre o período e a sua atuação?
O que eu dizia soava tão estranho aos ouvidos
convencionais que muitos me julgavam um maluco
ou teórico da conspiração. Mas os comunistas sabiam
que eu estava dizendo a verdade e espumavam de ódio
por eu havê-los surpreendido de calças na mão. Acabei
sendo banido de toda a grande mídia nacional, o que foi
um presente dos céus, porque a partir daí passei a me
comunicar diretamente com os meus leitores e alcancei
muito mais sucesso do que qualquer colunista do Grobo
ou da Fôia.
3) Embora os exemplos históricos de aplicação
do comunismo sejam desastrosos, ainda há
no Brasil, especialmente nas universidades,
pessoas dispostas a defenderem o regime. A
Foto: Mauro Ventura
que o senhor acha que isso se deve?
Roger Scruton disse do filósofo marxista húngaro Georg
Lukacs: “Para ele, nada no presente fazia sentido. Só o
futuro era real”. Tal como demonstrei nos meus estudos
sobre a mentalidade revolucionária, isso se aplica todos
os revolucionários sem exceção. O revolucionário age,
no presente, em nome da autoridade moral de um
futuro hipotético, por isso a experiência do passado
nada lhe ensina, exceto, às vezes, algum truque lógico
mais requintado para fugir da responsabilidade pelos
seus atos. Por outro lado, o futuro em nome do qual
ele fala não pode chegar nunca, porque se chegasse
deixaria de ser futuro e bloquearia no ato o processo
revolucionário, submetendo os revolucionários ao
julgamento dos seus atos passados e estourando o
mito da sua autoridade moral. Por isso o futuro em
cuja autoridade o revolucionário se baseia tem de ser
permanentemente adiado, empurrado com a barriga. A
ruptura do revolucionário com a estrutura da realidade é
total e definitivo. Ele não pode, portanto, ser persuadido
 REPORTAGEM ESPECIAL

nem mesmo pela sua própria experiência, quanto mais restante da população.
pelos fatos ou argumentos. Só o desmantelamento
completo da sua falsa segurança interior pode lhe abrir 7) O senhor costuma dizer que para se
os olhos. haver efetivo poder, antes de dominar uma
representação política, é preciso dominar
4) O senhor mesmo foi um dos que as instâncias culturais da sociedade. Como
abandonou a universidade por não a universidade se encaixa nessa “tomada de
suportar frequentá-la. Há algum futuro poder”?
possível para um país cujas universidades,
polo de pensamento, sejam comunistas? Desde os anos 60 do século XX os comunistas
já dominavam as universidades, os órgãos de
Nunca abandonei a universidade, pela simples razão mídia, o “show business” e o mercado editorial.
de que nunca estive lá. Na juventude, li vários livros de Era inevitável que, mais dia, menos
Marilena Chauí, Fernando Henrique dia, tomassem o poder. Só que,
Cardoso, Octavio Ianni e outros ídolos chegando lá, eles têm de tentar a
universitários da época, e cheguei à “revolução por cima”, a qual custa
conclusão de que ouvir suas aulas dinheiro e nada é possível sem uma
seria perda de tempo. Estudando em roubalheira infernal, exatamente
casa, aprendi muito mais. como aconteceu.
O problema não é propriamente as
universidades serem comunistas. 8) Em “O Jardim das aflições”, há
O problema é que, sendo-o, a ideia de que “a maior força que
necessariamente elas vão ensinar existe é a personalidade”. Para um
os estudantes a fugir dos problemas A pressão de professores universitário, é possível manter –
substanciais e apegar-se à mitologia e colegas faz com que o ou formar – uma personalidade
daquele futuro melhor que tem de estudante não consiga que seja diferente do status quo
continuar futuro para sempre. E isso conceber um modelo ideal comunista das universidades?
estupidifica a todos. As universidades de personalidade exceto
tornam-se fábricas de analfabetos a perfeita adaptação aos É sempre possível. Mas, se o sujeito é
funcionais, quando não de analfabetos hábitos, gostos, cacoetes um molenga que não aguenta um olhar
“tout court”. Tudo pago a peso de ouro mentais e chavões de de reprovação dos seus colegas – como
em mensalidades ou impostos. linguagem do grupo descrevi no artigo “O Imbecil Juvenil” --,
dominante então a personalidade dele já morreu e
5) E para os jovens será difícil ressuscitá-la.
universitários? Em “O Jardim
das aflições”, há a ideia de que 9) Recentemente, o senhor
“a maior força que existe é a disse em uma rede social que o
personalidade”. De que maneira problema do atraso político do
esse ambiente pode influenciar na sua Brasil é que nós nunca tivemos uma elite
formação? verdadeiramente intelectual que pudesse
fazer frente ao pensamento que vinha de fora.
A pressão de professores e colegas faz com que o Isso tem a ver com a formação universitária?
estudante não consiga conceber um modelo ideal
de personalidade exceto a perfeita adaptação aos Tivemos uma, no Império, mas era pequena
hábitos, gostos, cacoetes mentais e chavões de e não soube formar sucessores. Leia “O Velho
linguagem do grupo dominante, isto é, das pessoas Senado” de Machado de Assis, e compare os
que lhe parecem as mais aprovadas no ambiente, debates parlamentares da época com os de hoje.
as mais iluminadas, as mais brilhantes. No fim, Caímos de Atenas para a Rocinha. A criação das
tudo não passa de uma macaqueação infame, que universidades, a partir do governo Getulio Vargas,
estrangula a personalidade já no bercinho. piorou isso formidavelmente em vez de melhorar.

6) O capitalismo pode ser visto como uma
alternativa eficaz ao comunismo? Se não,
há alguma outra alternativa?
O comunismo não é senão uma etapa dialética
do desenvolvimento do capitalismo. Por isso as
megafortunas sempre investiram nele. Os comunistas
vêm, demolem toda a economia, aí os capitalistas
voltam e compram tudo a preço de banana, exatamente
como aconteceu na Rússia, em todo o Leste europeu e
seguramente acontecerá em Cuba.
A única alternativa para um governo comunista é
antecipar-se aos capitalistas e fazer parceria com eles,
como fez a China. Isso salva a economia, mas eterniza
a ditadura comunista por meios capitalistas. Para
piorar, o modelo chinês – que em tudo e por tudo é
igual à economia nazifascista -- está sendo copiado
no Ocidente : liberdade econômica para os grandes
capitalistas e severo controle socialista de todo o
Foto: Internet
10) O senhor afirmou recentemente que
a educação atual do Brasil, pautada pelo
socioconstrutivismo, é o motivo principal para
a situação educacional do país nos últimos
cinquenta anos. Há alguma relação entre o
socioconstrutivismo, o comunismo e nossa
formação universitária?
O socioconstrutivismo não apenas não ensina a ler,
mas impede de aprendê-lo e às vezes cria danos
cerebrais duradouros. A longo prazo, o efeito
é esse que vemos hoje: praticamente todos os
líderes e “formadores de opinião” são analfabetos
funcionais.

5
 MULHERES NA POLÍTICA
LIBERDADE DE
EXPRESSÃO:
DIREITO
ABSOLUTO?
Por Chris Tonietto, advogada
do Centro Dom Bosco.
chris@centrodombosco.org
RESILIÊNCIA E
GRITARIA
A ex-jogadora de voleibol feminino da seleção
brasileira tem quebrado a espiral do silêncio da
mídia brasileira com suas posições contrárias ao
“senso comum”.
1 - É possível realmente falar em uma
“ditadura” para o “politicamente correto”?
Eu acho que sim. Uma ditadura em que algumas
minorias barulhentas se auto intitulam defensoras
das palavras da grande maioria, sem ter nenhuma
autoridade para falar por todo o grupo. Assim, a
voz dessa minoria se sobressai e começa a mudar a
verdade do grupo em favor do que eles acham que é a
verdade, criando uma nova verdade “politicamente
correta”. Isso é perigoso, principalmente, para
as futuras gerações, que podem assumir que essa
voz barulhenta é a voz verdadeira e, sem saber,
reproduzirem um discurso que nada mais é do que
ideologia e bandeiras político-ideológicas .
2 - Há motivos para temer essa ditadura?
Sim. Estamos formando uma geração altamente
sensível, justamente porque ela não aprendeu
a reconhecer a verdade, que pode doer muitas
vezes. Ou seja, aqui nos Estados Unidos, por
exemplo, existe uma total liberdade de expressão
e, quanto mais liberdade você der para uma
pessoa de ofender, mais liberdade você dá para
que ela exponha opiniões que também podem
ser coerentes. Uma liberdade que serve para os
dois lados, para acertar e errar, mas que se torna
preocupante quando encontra uma geração que foi
“blindada” da verdade e das opiniões contrárias
porque elas não eram “politicamente corretas”. O
resultado é uma pessoa pra quem tudo machuca e
fere: palavras, atitudes, discursos, opiniões. Mas, é
importante pensar, quem controla as pessoas que
controlam a sociedade pra ela ser “politicamente
correta”? Porque hoje a sociedade está cheia de
vigias. “Não pode falar isso, não pode usar isso,
isso é apropriação cultural...”. Mas quem vigia os
vigias? Quem é que fala “Olha, aqui está passando
do ponto.”? Aqui temos outro motivo para temer
6
Os direitos fundamentais, tradicionalmente
denominados de primeira geração, são os direitos
individuais que possuem um caráter negativo, uma
vez que importam do seu principal destinatário –
o Estado – uma abstenção. Como exemplo desses
direitos de primeira geração, podemos citar o direito
à vida, à propriedade privada, à liberdade religiosa e
à liberdade de expressão.
No tocante à liberdade de expressão, muitos afirmam
que ele seja um direito absoluto. Ocorre que este
direito jamais poderia estar acima de outros direitos.
A própria expansão dos direitos na esfera jurídica
corresponde à supressão das liberdades e à tirania na
esfera política.
Aqui vale uma reflexão: se a liberdade de ir e vir
tem suas restrições, bem como o próprio exercício
essa ditadura: dar uma carta branca para certas
minorias acreditarem que não têm limites, que
podem ajustar o discurso ideológico de acordo com
o que eles acham certo. E nem são as minorias, mas
as pessoas que usam as minorias para defender
essa ideologia do “politicamente correto”.  não tenho como me identificar com o movimento,
3 - Casos como o do Rodrigo/Tiffany
acendem um alerta para nós. Que tipo de
consequências uma prerrogativa dessas
pode trazer?
Acendem um alerta muito grande. Que tipo de
consequência essa prerrogativa pode trazer? A
primeira é a completa falta de respeito à biologia
e à ciência humana. Inventar agora qualquer
“construção social” e ignorar a biologia é uma
consequência perigosíssima dessa prerrogativa.
Os livros serão abandonados e as pessoas vão
construir suas verdades de acordo com que
elas acreditam que seja a necessidade. Outra
consequência grave dessa prerrogativa (nesse
caso de transgêneros femininos jogando com as
mulheres) é que o corpo desses transgêneros foram
construídos com a testosterona durante muitos
anos. Ou seja, todo o benefício que o hormônio
masculino dá e promove no corpo masculino
(benefício ósseo, cardiorrespiratório, muscular,
de altura, etc) já está instalado no corpo. Então,
quando você se depara com um corpo desse que se
“sente feminino”, a consequência pode ser a perda
de espaços no campo feminino para as próprias
mulheres, espaço duramente conquistado durante
muitas décadas, o que é uma injustiça muito
grande. Nós mulheres temos que passar por
incontáveis exames antidoping, principalmente
em relação ao hormônio masculino, que é o que
traz mais benefícios para um corpo feminino.
Então esse protocolo rígido foi abandonado mais
uma vez para acomodar 0,01% de uma população
barulhenta. Com todo respeito às batalhas
psíquicas e psicológicas que os transgêneros devem
passar, no campo esportivo a biologia humana
não tem como ser desrespeitada. Portanto,
essa prerrogativa pode trazer consequências
gravíssimas para as mulheres. No fundo, é uma
atitude misógina, porque ela vai excluir mulheres
do seu campo de trabalho e ação.
4) Vôlei, MMA, Futebol Feminino na
Austrália, banheiros... muitos são os “locais
femininos” sendo invadidos por homens,
com o apoio do movimento feminista. Que
tipo de defesa de mulheres pode querer um
movimento feminista agindo assim?
Em primeiro lugar, o movimento feminista atual
se perdeu totalmente. Aquele “feminismo raiz”,
as passeatas dos anos 70, ali sim havia causas
femininas justas, muito melhores do que as atuais.
O feminismo de hoje – mais um dos grupos
barulhentos de que falei - não é um movimento
pró-mulheres, é um movimento contra os homens,
o que é uma tremenda “bola fora”. O feminismo
hoje é pura gritaria, não a favor das mulheres, mas
contra os homens. Obviamente há muitos homens
que apoiam as causas feministas e que estão
da liberdade religiosa possui limitadores, por que a
liberdade de expressão seria irrestrita? Fato é que
o direito de um termina onde o direito de outrem
começa.
Cumpre esclarecer que regular um direito ou colocar
nele limites necessários não implica dizer que haja
censura ao exercício deste direito.
Com base nisso e na firme convicção de que a
liberdade de expressão não é absoluta é que o Centro
Dom Bosco, associação civil composta por leigos
católicos, ajuizou duas ações contra o coletivo de
humor “Porta dos Fundos”, no qual pleiteou uma
indenização a título de danos morais no valor de R$
1,00 por visualização dos vídeos “O céu católico” e
“Ele está no meio de nós” em razão da clara ofensa ao
sentimento religioso.
dispostos a nos ajudar nas nossas causas e lutas.
Se deixamos de lado as bandeiras ideológicas e o
barulho contra os homens, poderíamos fazer um
feminismo muito mais benéfico às mulheres de
uma forma geral. Do jeito que funciona hoje, eu
assim como muitas outras mulheres.
5) O que você diria para alguém que ainda
se sente constrangido em não aceitar ou em
não agir dentro de uma visão “politicamente
correta”?
Como respondi numa pergunta anterior, é a
resiliência. O impulso inicial dessa turma é a
gritaria, o confronto e a intimidação. Se você se
mantiver resiliente, unido à verdade, ao bom senso
e à realidade, casos como o do Rodrigo/Tiffany se
desconstroem por si mesmos. Só o que os sustenta
é o “politicamente correto” que, como vimos, é
bastante perigoso. Portanto, resiliência e coragem
para continuar no debate, sabendo que a gritaria e
as ofensas, quando você se mantém de pé, honrado
e resiliente, passam.
A DIGNIDADE
DA MULHER
Por Letícia Carneiro
Todo mês me vem em mente que quem pensa que
o ser mulher é uma construção social nunca deve
ter vivido a montanha russa hormonal do ciclo
menstrual. Todos sabemos que a realidade da vida
de uma mulher é claramente influenciada pela sua
natureza biológica exclusiva - a não ser que ela se
submeta a hormônios que mudam seu organismo e
que a longo prazo são prejudiciais à saúde.
Depois de um século de comunismo e feminismo,
tantos estão tão confusos que não percebem que
o resultado dessas ideologias é uma tentativa
constante de transformar a mulher em algo (ao
invés de alguém) ou em um bicho, desconstruindo a
valorização da dignidade da mulher ao invés de seus
reais problemas.
A verdadeira solução para os problemas femininos
é o reconhecimento e valorização da dignidade
intrínseca da mulher, incalculável e única. A luta
deve ser contra a banalização e comercialização
do nosso corpo, que é o que somos, não algo que
possuímos. Nosso maravilhoso ser mulher é tal desde
o ventre materno e o será por toda a vida, por mais
que se queira manipular e destruir nossa natureza e
consciência.
Nós mulheres temos uma responsabilidade única
na sociedade através da nossa particular capacidade
de empatia e comunicação, defensoras da vida,
do gênero humano, com terna colaboração com o
homem, seu igual em dignidade, em todos os níveis
sociais. Esse comportamento não diminui, mas supre
o sentimento de realização humana. Parece cliché
mas não é o antigo conselho dos sábios: é tempo que
nos demos o valor!

COMUNISMO
VISTO NA
PRÁTICA
POR UM
PROFESSOR
Por Dr. Antonio Emílio Angueth, professor
titular da UFMG.
Nossa Senhora de Fátima nos alertou, em 1917,
sobre os males do comunismo que, na época, era
uma coisa praticamente desconhecida, apesar
da encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII,
ainda no século XIX.
Esses males são tão amplos e disseminados no
século XXI que, paradoxalmente, se tornaram
difíceis de discernir. O comunismo hoje é tão
presente em nossas mentes que desapareceu de
nossas consciências: somos comunistas sem que
nos demos conta disso. Essa é a vitória póstuma
de Antônio Gramsci. O comunismo é o ar que
respiramos. Nossos amigos são comunistas,
nossos familiares são comunistas, nossos colegas
de trabalho ou de estudo são comunistas. O
comunismo é o nosso horizonte mental. Em todas
as manifestações artísticas, na mídia, no púlpito
das igrejas, o comunismo impera vitorioso.
Mas onde ele impera realmente sem peias é nas
universidades.
Ali esse amálgama infernal é servido aos
estudantes como alimento diário. Não há outro ar
para se respirar. E não é só nas escolas de filosofia
e ciências sociais. O comunismo impera também
nas escolas de ciências exatas, engenharias e
ciências da vida. Nas engenharias, minha área,
ele toma várias formas. Temos engenharia social,
matemática inclusiva, energias alternativas,
engenharia ambiental e sanitária, engenharia
biomédica, etc. Sei que soa estranho ver todos
esses nomes associados ao comunismo, mas
em todas essas áreas, todo mundo raciocina a
partir do comunismo, ou se quiserem, do ódio
ao capitalismo. O ambientalismo, e todas as
mentiras a ele associadas, reina absoluto nas
engenharias. Ser um bom engenheiro agora não é
conhecer a engenharia, mas todas as teorias sobre
o aquecimento global, sobre a preservação das
espécies, sobre todas as besteiras do esquerdismo
mundial promovido pela ONU e por todas as
Foto: Arquivo “O Universitário”
agências financiadores de pesquisas. Todas
as matérias fundamentais da engenharia são
sacrificadas no templo do esquerdismo.
Por muito tempo, fui adepto de todas essas
besteiras. Fui esquerdista ao longo de quase metade
de minha carreira universitária – e fiz muita coisa
de que me arrependo – até que fui salvo por,
principalmente, três pessoas: Chesterton, Olavo
de Carvalho e Orlando Fedeli. Na mesma época,
voltei para a Coisa (na expressão de Chesterton),
voltei para a Igreja de minha adolescência e de
meus antepassados. Daí em diante, passei por um
processo que se chama desasnar. Deixei de ser
asno. Com isso, fui lendo e compartilhando o que
aprendia com meus colegas e alunos.
Fazia observações sobre a situação geral e específica
(da engenharia) e aconteceu comigo um fenômeno
surpreendente e estranho. Nas rodas do cafezinho,
do almoço, em encontros de corredores, todos me
escutavam falar sobre a invasão de mentiras, sobre
a distorção da realidade, sobre a agenda globalista,
sobre o comunismo, etc. Fiz um blog, que passou
a ser lido por alunos e professores da UFMG.
A maioria torcia a cara para mim, mas alguns
escutavam e, pela graça de Deus, se aproximavam
de mim.
Lembro-me de várias discussões hilariantes. Por
exemplo, um dia, após o almoço, conversávamos
sobre o meio-ambiente quando um professor
começou a pontificar sobre como a poluição
só estava aumentando. Perguntei que poluição
estava aumentando e ele me disse que todas: a
do ar, a das águas, etc. Aqui em Minas temos
muitas cachoeiras e aí eu perguntei-lhe se ele
passeava pelas várias cachoeiras daqui. Como ele
me respondeu afirmativamente, eu perguntei se
ele via a poluição das águas nas cachoeiras. Como
ele ficou pensativo, eu perguntei sobre a poluição
do ar, se ele estava sentido algum efeito dessa
poluição. Como ele também não soube responder,
citei para ele e para todos os ouvintes o livro “O
Ambientalista Cético”. Penso que meu interlocutor
não leu o livro sugerido, mas dois ou três dos
ouvintes leram e vieram me procurar depois,
surpresos com o que tinham lido.
Lembro-me também de uma discussão com um
professor e um grupo de alunos. Estávamos na
primeira reunião de um projeto de pesquisa: o
professor coordenador, eu e um grupo de alunos
envolvidos no projeto. Não sei como começou
a discussão, mas num determinado momento
um aluno perguntou sobre algo da história da
Igreja, sobre a Inquisição. Coisa mais estranha!
De qualquer forma, o coordenador do projeto era
COMUNISMO NA PRÁTICA
católico, um catolicão, segundo a definição de
Murilo Mendes. E ele então subscreveu todas as
mentiras que se contam sobre a Inquisição. Eu o
corrigi no ato, com algum tato, mas com firmeza.
Os alunos ficaram bem impressionados. O aluno
que formulou a pergunta teve várias discussões
posteriores comigo, em meu gabinete, e hoje, já
formado, é um grande católico (não catolicão).
Tornou-se um grande amigo.
Com o passar do tempo, essa esquisitice que eu
representava, um católico, defensor da Igreja,
inimigo do comunismo, em plena universidade
do século XXI, começou a ser encarada de duas
formas: com desprezo pela maioria, e com
simpatia por uma minoria bem pequena. Essa
minoria era constituída de alunos e professores.
Um dia, há uns três anos, um professor me
convidou para fazermos uma reunião semanal
para discutirmos as coisas do momento, a
situação do Brasil, do mundo, as mentiras da
mídia, algumas coisas de filosofia, etc. Essas
reuniões se mantêm até hoje, ao contrário de
minhas expectativas, e, não raro, o assunto gira
em torno da Igreja e da doutrina católica.
Conto tudo isso, não para me gabar; conto para
estimular pessoas normais como eu, cheias
de defeitos, a fazer pequenas coisas. Faço o
que Deus me permite fazer, modestamente,
para abrir os olhos da camada mais destacada
intelectualmente da sociedade: aquela que
frequenta a universidade. O trabalho é cheio de
altos e baixos, cheio de defeitos, que são os meus.
Mas duas coisas devem ser ditas. Primeiramente,
que devemos lutar contra os males do comunismo,
como Nossa Senhora nos pediu. E, em segundo
lugar, devemos usar as armas da Igreja. Como
dizia Chesterton, na introdução de Hereges:
“Volto-me para os métodos doutrinais do século
XIII, inspirado pela esperança de conseguir
alguma coisa.”
TERRORISTA
MARIGHELA
SERÁ
HOMENAGEADO
EM FILME
Por Redação
Pode parecer piada de mal-gosto, mas não é. O ator
Wagner Moura, que será o diretor do filme que
homenageia um dos maiores assassinos do período
militar e autor do “Mini Manual do Guerrilheiro
Urbano”, já não mais se esconde com opiniões
esquerdistas aqui e ali. Como ele mesmo disse em
uma reportagem para o jornal O Globo: “A gente
tem que sair das cordas e partir para o ataque”. Não
obstante, o ator que interpretará o terrorista será o
cantor Seu Jorge, além da participação de Bruno
Gagliasso, Adriana Esteves e outros “globais”.
Isso só ratifica o panorama cultural brasileiro:
todas as classes falantes (mídia, arte, música e tutti
quanti) adotam um só discurso e é justamente ela
a causa de - quase - todas as nossas mazelas.
7
 EDITORIAL

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SERGIPE - Instituto Jackson de Figueiredo
EDITORIAL
Por Jefferson Evaristo
Na era das Fake News, dos discursos prontos e fáceis, da solução demagógica e da
dominação cultural e midiática de uma única voz – a da esquerda –, conseguir obter uma
informação realmente isenta, qualificada e verdadeira, pode ser uma epopeia inalcançável.
Tarefa para poucos, difícil, laboriosa. Tão cansativa que, por vezes, nos faz desistir.
A universidade, outrora polo de produção e difusão do conhecimento, tornou-se mera
reprodutora do óbvio e do erro, simulacro disforme do que um dia já foi.
A vida universitária, por sua vez, acompanhou o seu declínio intelectual e moral,
deixando de servir à inteligência e ao povo para servir, quando muito, à simples manutenção
de um status quo do discurso dominante. Na prática, servia, sim, a sua própria destruição
como elemento formador da sociedade. Um erro que tem nos custado caro. Muito caro. Uma
conta que chega a nós travestida de muitas formas. Da explosão da violência ao custo de vida,
da manipulação de informações ao sistema político, há muitas faces para a mesma moeda.
Nós, do jornal “O Universitário”, conhecemos bem os dois problemas que temos a frente:
o da dominação e ideologização das universidades, dos discursos e das discussões – por
extensão, das mídias e da comunicação. Num país dominado há décadas por vozes que
não conseguem enxergar que “a grama é verde”, “o céu é azul” e a “água é molhada”,
empreendemos uma tarefa hercúlea de contraponto e combate à mentalidade dominante.
Nosso jornal é feito, portanto, para você. Escrevemos para aqueles que, diariamente,
são assolados por aulas medíocres, professores-militantes, manipulações da verdade –
sim, ela existe! – e assédio intelectual. Escrevemos para você que, soterrado, mal consegue
cultivar uma vida intelectual que o permita se desenvolver e pesar por si. Escrevemos para
você que sobrevive à universidade, ao ambiente universitário e às “relações acadêmicas”.
Acima de tudo, escrevemos para você que compreende que a grama é verde e que algo
precisa ser feito. É para isso que aqui estamos. Pedimos a Deus que nos ajude e a você que
leve este jornal a todos!

Charge de Luiz Felipe (Geni) - lfac.neri@gmail.com

LOUCO NÃO É O HOMEM QUE PERDEU A RAZÃO.

LOUCO É O HOMEM QUE PERDEU TUDO MENOS A RAZÃO.
G.K. CHESTERTON