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A dcsc.berta, elìr 199(r, r-ru'r anexo r-ra residêncir


rrc S¿russure,
em Genebra, rftrs manuscr.itos cle lrm ,,livtrl sobre
¿r lingiiística
geral" tllle se jtrlgava clefiniti'a.rerte pcrrlitkr,
ln.çir r.'ììa novrì
Iuz sobre o Lrelrsalììc.t. rlo refo''uracror ur.tle'r.
c{¿rs ciê'cias
tla lir-rguagern. PtrL-'lic¿rclas pelir pl.jrrreira \/ez lla presc¡te ecftção,
essas pági'¿rs estão reur-iic1¿rs colìì o conjn't.
dos escritos cle
S¿*rssnre ar restrreitc'r c1a li'giiística gcral co.servaclos .¿r Bibli.-
tec¿r Públic¿r e Universit¿iri,.r cle Ger-rebra. rrl
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Graç:rs rì esses textos, leittrra r{o peLrsn¡rcl,ì[() s:ìr.lssrr-
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EDITORA CI]LTRIX lilllllLll llllll llil I lllill Þ Organizados e editados por
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FERDINAND DE SAUSSURE (1857-


1913) nasceu em Genebra numa família
de origem francesa' que contava entre seus
membros com geólogos, gramáticos e na-
turalistas, como seu avô matemo Henri de
Saussure. Nesse ambiente de alta cultura,
o jovem Ferdinand logo aprendeu o latim,
o alemáo, o inglês, o grego' e foi iniciado na
grande tradição da frlosofia alemã do sé'
culo XIX e no idealismo romântico em
Escritos de
particular.
Aos 15 anos, tenta constituir um sis-
tema geral da linguagem, tentação que
Lingüística Geral
será a de toda a sua vida, Primeiro no
Ginásio de Genebra, depois na Universi-
dade de Leipzig, enquanto mandava seus
trabalhos para a Sociedade Lingüística de
Paris e aprendia o sânscrito quase que
sozinho. A Escola dos Altos Btudos de
Paris lhe ofereceu uma cátedra de gramá'
tica comparada, que ele ocupou de 1881
até 1891. De 1901 a 1907, foi professor de
línguas indo-européias e, de 1907 em
diante, foi professor de lingüística geral
na Universidade de Genebra, cidade onde
morreu em fevereiro de 1913.
Com exceção de sua Mémoire sur le
rystème primitif des voylles dans les langues
indo-euroþéenne.s, escrita quando tnha 22
anos, Saussure não publicou quase nada.
O Curso de Ling*tstica Geral, publicado
pela Editora Cultrix, em tradução do pro-
fessor Isaac Nicolau Salum, texto funda-
dor das ciências humanas no século XX,
foi redigido por seus discípulos - Charles
Bally e Albert Sechehaye - 9u€, por sua
vez, serviram-se das anotações de outro
estudante, três anos depois da morte do
professor genebrino.

(conrinø ru outr a orelha)


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Ferdinand de Saussure
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Escritos de
Lingüística Geral
Organizados e editados por
Simon Bouquet e Rudolf Engler
com a colaboração de Antoinette Weil

Tiadução
CARLOS AUGUSTO LEUBA SALUM
ANA LUCIA FRANCO

+ \

EDITORÁ. CULIRIX
São Paulo
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Écrits de Linguistique Générale.
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Título do original:

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Copyright @ 2OO2 Éditiots Gallimard.

Esta edição foi, realizada sob a égide dos arquivos de Ferdinand de Saussure.

SUMARIO
revlstas.

Este livro não pode ser exportado para Portugal.


Prefácio dos Editores 11

I. SOBRE A ESSÊNCIA DUPLA DA LINGUAGEM


- (Acervo BPU 1996) 19

I Prefácio 2t
2a lDa essência dupla: Princípio "primeiro e último" da dualidade] 21
2b Posição das identidades ................ 23
2c Natureza do objeto em lingüística 23
2d lPrincípio de dualismol ................ 24
2e fQuatro pontos de vista] 24
3a fAbordar o objeto] 25
3b flingüística e fonética] ................. 26
3c fPresença e correlaçáo de sons] ... 27
3d lDomínio fisiológico-acústico da figura vocall 28
3e Observações sobre as guturais palatais do ponto de vista
fisiológico e acústico 29
3f fValoa sentido, significação...] ............. 30
O primeiro
- número à esquerda indica a edição, ou reedição, desta obra. A primeira dezena 39 [Valor e formas] 30
à direita indica o ano em que esta edição, ou reediçáo, foi publicada'
4a fFonética e morfologia, 1] 31
Edição Ano
04-05-06-07-08-09-10-l 1 -12
4b fFonética e morfologia,2f 32
7-2-3-4-s-6-7 -8-9-1 0-1 I -12
5a [Som e senrido] 32
Direitos de traduçáo Para o Brasil
5b lldentidade Entidadesl 33
5c fldentidade - Marcha das idéias]
adquiridos com exclusividade pela
EDITORA PENSAMENTO-CULIRIX LIDA. 34
Rua Dr. Mário Vicente, 368 04270-000 São Paulo, SP
- as operações do lingüista]
6a lReflexão sobre 35
Fone: 6166-9000
- Fax: 6166-9008 - 6b fMorfologia Estado de língua]
-
E-mail: pensamento @cultrix.com.br - 35
6c [Forma] 36
http / / www.pens amento -cultrix. com.br
:

que se reserva a propriedade literária desta traduçáo.


6d flndiferença e Diferença] ........... 37
6e fForma Figura vocal] 37
Impresso em nossas oficinas gráJicas. -
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Sumârio Sumário 7
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3 [Elementos fundamentais
7 lMudança fonética e mudança semântica] .. 40
- Som como tal - Frase-Rito
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8 [Semiologia] 43 Unidade lingüística (Signo-Som-Significação)l ............. 86


44
- 4 discursivo, lugar de modifìcações Divisões
9 fAviso ao leitor] [O deste livro] ...... B6
-
10a Da essência, etc. lPerspectiva instantânea e fonética. Estadol .... 46 5 fSituação da lingüística Unidade lingüística] B7
49 6 fSigno e significação
-Realidades semiológicas]................
10b Regra: n cacuminal 87
11 fDiversidade do signo] 49 -
72 lYida da linguageml 51 II. ANTIGOS ITEM (Edição Engler 1968-7974) B9
13 [Gramática : categorias] .............. 53
- .

14 lGramâtica : regras] 53 n. AFORISMOS (Edição Engler 7968-1974) 107


15 [Regras de fonética instantânea] 54 -
16 Características daregra de fonética instantânea 57
.
il. OUTROS ESCRITOS DE LINGÜÍSTICA GERAL 111
77 lFala efetiva e fala potenciall........... 5B
5B
-
78 lParalléli¿l ..............
19 fAlternância] .......... 59
I.
- NOVOS DOCUMENTOS (Acervo BPU 1996) 113

20a [Negatividade e diferença, 1] 60


I flinguagem Língua Fala] 115
20b fNegatividade e diferença, 2] ............... 61
2 [Signo]
- - 777
21 fldentificaçáo; Valores relativos, Ponto de vista] ... 62
3 fAdivinhação Induçáo] 717
22a lFonética e morfologial 63 -
4 fSobre os compostos larinos do tipo agrícolaf . 118
22b lPrincipio fundamental da semiologial ....... 65
5 ffaber Faure (Favre, Fèvre, Lefèvre, Lefébure)] 119
23 [Sentido próprio e sentido fìgurado] 67 -
24 fSignos e negatividade] ............ 67
II. ANTIGOS DOCUMENTOS (Edição Engler 7968-7924) ... ..... t27
25 fSobre a negatividade da sinonímia] ........... 68 -
26 lQuestão de sinonímia (continuação)] ....... 69
1 fFonologia, 1] ........ 123
27 Da essência 71,
74
2a fPrimeira conferência na Universidade de Genebra
28 Índice
(novembro de 1891)l t26
29a fsistema de uma língua] 75
75 2b fSegunda conferência na Universidade de Genebra
29b [Diferença e entidades] ...........
77 (novembro de 1891) ........, 136
29c Situação relativa dos domínios interior e exterior........
77 2c fTerceira conferência na Universidade de Genebra
29d Parte sintética
(novembro de 1891)l 142
29e Identidade etimológica
29f [Sintaxe histórica] ...... 7B 3a fNota sobre a história das línguas; crítica da expressão gramâtica
78 comparada, 1] ............... 150
29g fMudança analógica] .............
29h lObjeto central da lingüístical .............. 79 3b fCrítica da expressão gramática comparada, 2] .......... 151
29i fNovação morfológica] ............ 79 4 fDistinção enrre literatura, fìlologia, lingüística] .... 752
29j flntegração ou pós-meditação-reflexão] 80 5 [O fato fonético supõe duas épocas] ....................... 153
6a [Fonologia, 2] 1s3
6 bfFonologia, 3l 153
il.-ITEMEAFORISMOS 81
7 lCaracterísticas da linguagem] .... 154
B Morfologia..
I. NOVOS ITEM (Acervo BPU 1996) B3 155
- 9 fCrítica das divisões em uso nas gramáticas científicas] 769
85 10a fNotas para um livro sobre a lingüística geral, 1]
1 fKénôme]
2 [Questão de origem Riacho] 85 (18e3_1894) ................... t70
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Sumário 9
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Sumârio
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.... 7 fDescontinuidade geográfìca] 250 w
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10b [Notas para um livro sobre a lingüística getal,2]
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.c 772 .d o
c u -tr a c k
.c

.... B [Intercurso] ............... 2s3


l0c fNotas para um livro sobre a lingüística geral, 3] 774
11 [Notas para um artigo sobre Whitn"y] .......... t75
12a fstatus e motus. Notas para um livro de lingüística geral, 1] 191 IL ANTIGOS DOCUMENTOS (Edição Engler 1968-1974) . 255
-
12b fStatus e motus. Notas para um livro de lingüística getal',2f 193
13a [Sobre as dificuldades da terminologia em lingüística I [Notas para o curso I (1907)] 257
("Chega de fìguras! ")] .............. 200 2a [Notas para o curso II (1908-1909) : Dualidades] ............. 258
13b fSobre as dificuldades da terminologia em lingüística 2b [Notas para o curso II (1908-1909) : Whitney] ................. 259
(a expressáo simples)l 202 2c [Notas parao curso II (1908-1909) : As línguas celtas] .... 263
I4a lDa articulaçãol 202 3a fNotas parao curso III (1910-1911) : Divisáo do curso e
14b flmplosáo + implosáo] 203 lingüística geográfìcal 264
14c fTeoria da sílaba (1897?)] 204 3b fNotas para o curso III (1910-1911) : Análise da cadeia
14d [Notas de fonologia; aberttra; teoria da sílaba (1897?)] 209 acústica 280
15a [Que tipo de entidades tem-se diante de si em lingüística?] .... 279 3c fNotas para o curso III (1910-1911) : Nomenclatura] 282
15b fReflexões sobre as entidades] .............. 279 3d [Notas parao curso III (1910-1911) : Entidades e seções] ........ 282
16 fAnatomia e Fisiologia] 220 3e fNotas parao curso III (1910-1911) : Arbitrariedade
17 fNotas sobre Programa e métodos da lingüística teórica de Albert do signo e noção de termo] 282
Sechehaye, 19081 ........ 220 3f fNotas para o curso III (1910-1911) : Necessidade da
1B fNotas diversas não classificáveis] ........ 223 alteraçáo dos signos; sincronia e diacronia] 284
I 9 [Semiologia] ............ 223 39 [Notas para o curso III (1910-1911) : O valor lingüístico] ...'....' 288
20 [Acontecimento, estado, analogia] 227
27 lEamilias de línguasl ................ 228 Index rerum .. 290
22 lPrefixos ou preposiçóesl ........... 229
23 [Alternâncias] 230
24lParecer sobre a criaçáo de uma cadeira de estilístical .................. 231

il. - NOTA SOBRE O DISCURSO (Acervo BPU 1996) 235

IV UNDE EXORIAR (Acervo BPU 1996) 239


-
IV. NOTAS PREPARATÓzuNS PARA OS CURSOS
- DE LINGÜÍSTTCE GERAL 243

I. NOVOS DOCUMENTOS (Acervo BPU 1996) 245


-
1 fNatureza incorpórea das unidades da língua] ..... 247
2 llndiferença do instrumentol 247
3 llíngua] 247
4 fSemiologia] 248
5 fsistema de signos 248
- Coletividade]
....
6 fValor Coletividade] ........... 249
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PREFÁCIO DOS EDITORES

A reflexão saussuriana, que pode ser chamada de lingüísticageral, remete


a três corpus de textos: lq os escritos de Ferdinand de Sausstre;2e as notas de
seus alunos, por ocasião de três séries de cursos ministrados em Genebra,
entre 1907 e 1911; 3q o livro escrito, depois de sua morte, por Charles Bally e
Albert Sechehaye e publicado em 19 1 6 com o título Cours de linguistique généraler
e baseado, principalmente, nessas notas dos alunos.
A expressão lingüística geral, nesse título, retomava o nome adminis-
trativo dos cursos genebrinos. Se essa expressão, influenciada pelaAllgemeine
Sprøchwissenschaft alemã., era corrente no francês do início do século XX, ela
não se referia, na época, a um conteúdo conceitual unificado. Sylvain Auroux
demonstrou , a,partir de um exame das obras produzidas em alemão, inglês
e francês, entre 1870 e 1930, que ela denotava cinco objetos que, às vezes,
se sobrepunham: 1q apresentações da lingüística e de seus resultados; 2n
tratados sobre a linguagem, mais ou menos voltados para a divulgação; 3q
enciclopédias concernentes ao conjunto de línguas; 4q discussões meto-
dológicas específicas; 5q monografìas sobre as categorias usadas pela disci-
plina.2 Saussure, por sua vez, parece que jamais se preocupou em justificar
o nome administrativo escolhido para o seu curso: ele descrevia a aborda-
gem de seu ensinamento como "uma fìlosofia da lingüística".
Como o livro de 1916 rotulou de lingüística geral o pensamento saus-
suriano, esse rótulo foi conservado no título dapresente edição (assim como
nas Lições de lingüística geral, qtte a sucederão) por ser apropriado, não como
referência aos múltiplos empregos dessa expressáo no início do outro sécu-

1. F. de Saussure, Cours de linguistique générøIe, publicado por C. Bally e A. Sechehaye


com a colaboração de A. Riedlinger, Payot, Lausanne-Paris, 19).6. lCurso de Lingüística
Gerøl, publicado pela Editora Cultrix, Sáo Paulo, 1969.1
2. "La notion de linguistique générale", Antoine Meillet et la linguistique de son temps,
H ist oire, Epist émologie, Langage, 8 I 0-ll, I 988.
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72 Preføcio dos Editores 13
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c u -tr a c k lo, mas para designar um conjunto de reflexões específìcas no seio da pro- duas séries, mas uma união de um tipo particular da qual seria absoluta-
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duçáo intelectual do lingüista de Genebra. -


mente inútil querer explora¡, por um único instante, as características, ou
O conjunto das reflexões saussurianas, que consideramos como lingüís- dizer, de antemão, o que ela será."s
tica geral, cobre, de fato, três campos do saber
fundidos com os três corpus textuais mencionados.
- que não devem ser con- Quanto à minuciosa fundamentação
- epistemológica e fìlosófica - da
reflexáo do mestre genebrino, ela corresponde precisamente aos dois estra-
O primeiro campo é uma epistemologia (entendida aqui no sentido es- tos de seu pensamento bastante negligenciados por seus "editores" (é as-
trito de crítica de uma ciência). Essa epistemologia se inscreve nas condi- sim que se denominam, curiosamente, Bally e Sechehaye no prefácio do
ções de possibilidade de uma prâtica científica em que saussure era um livro que redigiram de ponta a ponta): são, esses dois estratos, uma
especialista. a gramâtica comparada, incluindo, principalmente, o que se epistemologia da gramâtica comparada e uma fìlosofìa da linguagem, ali-
chamava de fonéticø histórica. mentadas para esquematizar a primeira pela épistémê do século XIX, a
o segundo campo de saber é o de uma especulação analítica (no sentido - -
segunda pela do século XVI[. É nesse horizonte retrospectivo que se pro-
das Ana.lítica.s aristotélicas) sobre a linguagem estendendo-se, às vezes, à grama a reorganização de uma ciência lingüística que deve tratar, em
questão mais geral dos sistemas de signifìcação- humanos especulação
-, pode-se falar, sincronia, da face semântica da linguagem, tão rigorosamente quanto a gra-
que o próprio Saussure qualifìcou, diversas vezes, defiIosófica: mâtica comparada, em diacronia, de sua face fonológica.
também, como ele mesmo chegou a fazer, de filosofia da linguagem. Dessa perspectiva, a lingüística futura deveria recuperar, segundo
o terceiro campo é o de uma reflexão prospectiva sobre uma disciplina. Saussure, os objetos tradicionais da morfologia, da lexicologia e da sintaxe
Trata-se, no caso, de uma "epistemologia programâtica", na medida em que mas também, descobre-se hoje, os da retórica e da estilística. Essa lingüísti-
náo é a análise das condições de possibilidade de uma ciência existenre que
ca unifìcaria essas abordagens numa semiologia, isto é, numa grømática geral
está em jogo, mas a aposta numa ciência futura. Este terceiro campo do de um novo tipo, que estuda seus objetos com base no princípio de
pensamento saussuriano é o que Bally e sechehaye quiseram divulgar: é ele
opositividade intra-sistêmica (chamado também de negatividade, diferençø,
que, depois do cours, passou a ser, muitas vezes, associado exclusivamente kénôme) e que os concebe como constituintes de uma mathesis linguistica.
ao nome de Saussure.3
Já existia, em 1894, a tese das "Notas para um artigo sobre Whitney":
Mesmo que um tal destino não tivesse sido nefasto, cabe hoje, ao com- 'A diversidade sucessiva das combinações lingüísticas (ditas estados de lín-
parar os manuscritos e as anotações dos alunos com a vulgata consagrada gua) ocasionadas por acidente é, eminentemente, comparável à diversidade
do Cours, apontar o maior alcance das meditações do genebrino e de das situações de uma partida dexadtez. Ora, cada uma dessas situações, ou
observar, também, que seu programa científico é, ao mesmo tempo,-menos nada comporta, ou comporta uma descrição e uma apreciaçáo matemáti-
categórico que a sua tradução de 1916 e estabelecido sobre fundamentos ca."6 Quinze anos depois, o curso de lingüística geral de 1908-1909 reafir-
mais minuciosamente explicitados. ma a mesma idéia: "Toda espécie de unidade lingüística representâ uma
De seu carâter menos categórico, é testemunha uma observação como relação, e um fenômeno também é uma relaçáo. Portanto, tudo é relação. As
esta: 'A dificuldade que experimentamos para determinar o que é geral na unidades não são fônicas, elas são criadas pelo pensamento. Haverá apenas
língua, nos signos de fala que constituem a língua, é a sensação de que esses termos complexos:
signos remetem a uma ciência muito mais vasta do que a'ciência da lingua-
gem'. Falou-se, um pouco prematuramente, de uma ciê.nciq. dø linguøgem.,,a
Ou, ainda, de uma maneira mais radical "Hâ realidades psicológicas, há (rt) (axb)
realidades fonológicas, mas nenhuma das duas séries separadas seria capaz
de gerar o menor fato lingüístico. um fato lingüístico exige a união das Todos os fenômenos são relações entre relações. Ou então falamos de
- diferenças: tudo é apenas diferença usada como oposi çáo, e a oposição dá o

3' sobre os três campos de saber da lingüística geral saussuriana, ver s. Bouquet,
Introduction à la lecture de saussure, Payot, paris, J.997. flntrodução à Leitura de sauisure,
Publicado pela Editora Cultrix, São paulo, 1998.1 5. Cf. infra, p. 93.
4. Cf. infra, p.226. 6. Cf. infra, pp.777-778
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cebida e consagrada como uma edição critica do Cours de linguistique
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valor."7 E, novamente, o curso de 1910-1911: "[Sobre] a palavra termo
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empregada aqui. Os termos sáo as quantidades com as quais se opera: ter-


générale; com isso, os textos originais apresentados nessa edição não fo-
mos de uma operaçáo matemática ou: termos que têm um valor determi- ram, muitas vezes, considerados segundo sua própria lógica, mas com refe-
remete, neste sentido,
-
à unidade lingùística."8 rência ao texto de 1916. É verdade que esses textos manuscritos, com algu-
nado. Isso
A exemplo das poucas citações acima, o pensamento saussuriano, que mas exceções (aulas inaugurais de 1891, rascunho de um artigo sobre
os textos originais nos fazem descobrir, é menos categórico do que o Cours Whitney de 1894), eram muito desiguais e fragmentários.
na medida em que confessa suas dúvidas sobre pontos cruciais e faz, dessas Além disso, só nos resta lamentar a perda do livro sobre lingüística ge-
mesmas dúvidas, a sua heurística, e ao mesmo tempo mais radical, na medi- ral em que Saussure trabalhava, como ele mesmo admitiu a L. Gautier, um
da em que se apresenta como uma batalha contra a falta de reflexáo dos alunos de seu último curso. Gautier anotou uma conversa particular
em que o professor lhe fala de seus escrúpulos,
-
epistemológica que caracteriza a lingüística: como a batalha pela renovação do dia 6 de maio de 1911
-
a respeito do curso, de "expor o assunto em toda a sua complexidade e
dos conceitos fundamentais dessa ciência. Esses dois pólos mostram-se ca-
racteríSticos das notas do curso e dos manuscritos, sustentando um pensa- confessar todas as (suas) dúvidas, o que não convém a um curso", e fala
mento mais sutil, mais límpido, mais convincente do que o do Cours. No também de sua concepçáo da ciência da linguagem " (Eu tinha lhe perguntado
livro de 1916, eles são como que esmagados e, até mesmo, sistematicamen- se ele tinha redigido suqs idéias sobre esses assuntos.) Sim, eu tenho anotações,
-
mas perdidas em pilhas, náo conseguiria encontrá-las. (Eu insinuei que ele
te apagados.
deveria divulgar ølguma coisa sobre esses assuntos.) Seria absurdo recomeçar
* -
as longas pesquisas para a publicação, quando eu tenho (ele fez um gesto)
tantos trabalhos não publicados."ll
A história editorial, que dá origem aos três corpus textuais menciona-
Um livro que reexaminasse os conceitos fundadores da ciência da lin-
dos acima, continuou, todavia, ao longo do século XX, muito centrada no
guagem, ele já evocava nas aulas inaugurais de sua cadeira genebrina, em
Cours.
1891: "Um dia, dizia ele, haverá um livro especial e muito interessante a
Em 1957 , o título da obra de Robert Godel, que inaugur a a era das pes-
escrever sobre o papel da palavracomo principal perturbador da ciência das
quisas exegéticas saussurianas, Les Sources manus*ites du Cours de linguistique
palavras."l2 Ele ainda faziao projeto desse livro em 1894 quando, escrevendo
générale de Ferdinand de Saussures, é perfeitamente ambíguo com referência à
a seu colega e amigo parisiense Antoine Meillet, aîumava estar a cada dia
análise do corpus de manuscritos que recenseia: uma grande parte desse
mais consciente da "imensidão do trabalho necessário para mostrar ao lin-
corpus não serviu de fonte, com efeito, para Bally e Sechehaye na elaboração
güista o que ele faz" e se dizia acabrunhado pela "inépcia da terminologia cor-
de seu texto. O rótulo fontes, atribuído por Godel ao conjunto desses tex-
rente, pela necessidade de reformá-la e de mostrar, com isso, que espécie de
tos, de que ele faz a primeira apresentação completa, vai continuar relacio-
objeto é a língua em geral". E concluía: "Isso vai acabaq à minha revelia, num
nado a eles e fazer com que vejam sua importância e sua dimensão original
livro onde, sem entusiasmo nem paxáo, explicarei por que niohâ um único
implicitamente reduzidas, ainda que manifestem aspectos cruciais do pen-
termo empregado em lingüística ao qual eu atribua um sentido qualquer."Ì3
samento saussuriano particularmente de sua fìlosofìa da linguagem.
-
Uma dezena de anos depois, a ediçáo sinóptica das notas dos alunos e
Como, por outro lado, ele pensava que os problemas das palavras sáo, em
lingüística, problemas de coisas, é efetivamente a necessidade de uma refor-
dos textos manuscritos disponívei s, organizada por Rudolf Engler10, foi con-
ma fundamental da lingüística que se expressa nesse projeto de livro.
Ora, entre esse projeto (1 891 , 1 894) e a admissão da existênciq de "notas perdi-
dqs em pilhas" (1911), Saussure parece, na verdade, ter redigido, além dos textos
7. F. de Saussure, Cours de linguistique générale, ediçáo crítica de R. Engler, tomo 1
(daqui em diante CLGEII), Otto Harrassowitz, Wiesbaden, 1968, pp' 234-235 (índice fragmentários conhecidos até então, os esboços consistentes de um livro sobre a lin-
1964, 1968,1963, colunas 2,3,5). güística geral. É o que se evidenciq, hoje, com a leitura do conjunto de manuscritos
8. CLGE/I, p. 302 (índice2I2l., coluna 5).
9. Droz, Genebra, 1957 (daqui em diante SM).
11. Citado de SM, p. 30.
10.F.deSaussure, Coursdelinguistiquegénérale, ediçãocríticadeR.Engle¡,tomo1,op.
12. Cf . infra, p. 113.
cit., e tomo 2: Apêndice, Notas de Ferdinand de Saussure sobre a lingüística geral, Otto
13. Citado de SM, p. 31.
Harrassowitz, Wiesbaden, 1974.
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- Títulos: quando os documentos têm um título da autoria de Saussure,
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descobertos em 1996 na estufd do hotel genebrino da família de Saussure, deposita- w
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dos na Biblioteca pública e universitâría de Genebra e publicados no presente volume.


esse título aparece sem colchetes; caso contrário, o título foi dado
Pareceu-nos útil, na edição desses novos textos, agregar, no mesmo vo- pelos editores e fìgura entre colchetes.
lume, o conjunto dos textos manuscritos de Saussure sobre a lingüística - Ordem dos documentos: os documentos da presente edição foram orde-
geral, igualmente conservados na Biblioteca pública e universitária, integra- nados pelos editores; os números de ordem ().,2u, etc.) foram atribuí-
dos na edição de Engler de 1968-197414. A apresentaçáo desses textos, dos pelos editores.
chamados, em nosso sumário, de "Documentos antigos", segue normas - Organização do texto: o texto organizado respeita, ao máximo, o texto
filológicas muito diferentes das da edição precedente, homogeneizadas com do manuscrito, que continua sendo o de um rascunho e não o de um
as dos textos novosÌs. livro acabado. As lacunas do manuscrito são transcritas por espaços
vazios entre colchetes. As leituras incertas são incluídas entre colche-
* tes. Os sublinhados foram padronizados pelos editores: são transcri-
tos por caracteres itálicos. As maiúsculas, como regra geraI, foram
Os documentos descobertos em 1996 (Acervo BPU 1996) foram rea-
conservadas. A menção de palavras francesas ou estrangeiras é
grupados em diferentes partes:16
indicada, de maneira padronizada, por caracteres itálicos. As mudan-
1q Sob o título "Da essência dupla da linguagem", eles provêrn, em sua
ças de linhas reproduzem, o mais fielmente possível, a lógica grâfica
maioria, de um grande envelope que contém maços de folhas da mesma
do manuscrito. As passagens riscadas no manuscrito não foram
natureza e do mesmo formato, sendo que várias delas trazem a menção:
reproduzidas.
"Da dupla essência da linguagem", "Dupla essência" ou "Essência dupla
(da linguagem)". Uma etiqueta com a menção "Ciência da linguagem" esta- - Notas: as poucas notas de pé de página são dos editores.

va colada nesse envelope.


Os antigos documentos (Edição Engler 7968-1974 e Acervo BPU) fo-
2o Sob o título "Novos Item", começando pela palavra ltem, eles sáo
ram editados conforme os mesmos princípios filológicos dos novos docu-
comparáveis aos textos que figuram no antigo acervo da Biblioteca pública e
mentos.
universitária, editados aqui sob o título 'Antigos Item".
Para os que fìguram nos dois tomos da edição de Engler de 7968-7974,
3q Sob o título "Outros escritos de lingüística geral: novos documen-
o número de índice dessa edição fica, em caracteres sobrescritos, antes da
tos", trata-se de textos que não nos pareceu adequado ou possível
integrar nas seções precedentes e nem na seguinte.
- - passagem. (O leitor poderá, assim, se reportar a essa edição para se benefì-
ciar de seu aparato fìlológico.) Ao contrário dessa edição, eles são sempre
4q Sob o título "Notas preparatórias para o curso de lingüística geral:
apresentados na seqüência natural do manuscrito. Sua ordem de classifìca-
novos documentos", eles são classificáveis com as notas preparatórias que
ção com exceção dos 'Antigos Item" e das "Notas preparatórias para o
figuram no antigo acervo da Biblioteca pública e universitária, editadas igual- -
curso de lingüística geral: novos documentos", reagrupados com seus
mente no presente volume.
homólogos dos novos documentos mas diferenciados desses últimos e
seus títulos continuam os mesmos da edição de Engler.rT
-
Para o conjunto dos novos documentos, nós adotamos os seguintes prin-
cípios editoriais:

14. Para uma apresentação dos manuscritos, consultar o site na Internet do Instituto
Ferdinand de Saussure: wwwinstitut-saussure.org
15. Sobre as hipóteses de datações relativas aos escritos da edição Engler de 1968-
17. Este trabalho editorial foi realizado graças a um subsídio do Fundo nacional suíço
1974, consultar: R. Engler, "The Notes on General Linguistics", European Structuralism:
da pesquisa científica. Os editores agradecem a: Antoinette Weil, por sua colaboração
in Linguistics, vol. I3/2, 1975.
Søussure, Current Trends
preciosa durante todo o trabalho; Françoise Voisin-Atlani,
16. Esses documentos, que náo estão defìnitivamente classificados na BPU, ainda não Jacques Geninasca e François
Restier, assim como à UMR 7597 do CNRS.
têm um código.
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SOBRE A ESSÊNCIA DUPLA i,l,
DA LINGUAGEM :i
(Acervo BPU 1996) ltti
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I Prefâcio
da lin-
minência a tal ou tal verdade
há cinco ou
o de Partida central: mas
enttå si que se pode partir indiferen-
outras e
rcgatâlogicamente a todas as
partindo de qualquer
das mesmas ton'"qiêt"ias'
à mais ínfìma ramifìcação
uma dentre elas' 'camente com este dado:
Por exemplo, dâpata se
contentar unl
É errado (e imPraticável) oPor
a
de um lad
troca, ê oPor afigurattocal'

'
:; ci ênci a e os

":z:;:,nix"ånJ ",
ctáveis'

2a LDø essênciadupla: frincíplo-"ptimeiro


e tihimo" dø dualidødel
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Sobre a Essência Dupla da Linguagem 23
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Sobre ø Essência Dupla da Linguøgem
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2b Posíção døs ídentidades
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minar a espécie química de uma barra de ferro, de ouro, de cobre, de um
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lado e, em seguida, a espécie zoológica de um cavalo, de um boi, de um Náo se temrazão ao dizer: um fato de linguagem precisa ser considera-
carneiro, essas seriam duas tarefas fáceis. Mas se nos pedissem para deter- do de vários pontos de vista; nem mesmo ao dizer esse fato de linguagem
minar que "espécie" representa o conjunto bízarto de uma barra de ferro será, realmente, duas coisas diferentes, conforme o ponto de vista. Porque
presa a um cavalo, de uma barra de ouro em cima de um boi ou de um se começa supondo que o fato de linguagem é dado fora do ponto de vista.
carneiro que ostenta um enfeite de cobre, nós fìcaríamos espantados, achando É preciso dizer: primordialmente, existem pontos de vista; senão, é sim-
a tarefa absurda. É precisamente diante dessa tarefa absurda que é preciso plesmente impossível perceber um fato de linguagem.
que o lingüista entenda que está, de repente e antes de tudo, colocado. Ele
A identidade que começamos a estabelecer, ora em nome de uma consi-
tãnta fugir, que nos seja permitida uma expressáo realmente muito justa deração ora em nome de outra, entre dois termos, eles mesmos de natureza
neste caso, escapando pela tangente, isto é, classifìcando, como parece lógi-
variável, é absolutamente o único fato primeiro, o r3nico fato simples de onde
co, as idéiøs, para considerar, em seguida, as formas, ou, ao contrário, as
idéias; e' nos
-
dois casos, ele ignora o
parte a investigação lingüística.
formøs, para considerar, em seguida,
as
l

que constitui o objeto formal do seu estudo e de suas classifìcações, a saber,


exclusivamente, o ponto de junçáo dos dois domínios. 2c Nøtureza. do objeto em lingüística
Os elementos principais, sobre os quais incidem a atividade e a atenção
Será que a lingüística encontra diante de si, como objeto primeiro e
do lingüista, náo são, simplesmente, de um lado, elementos complexos, que é
um equívoco querer simplifìcar, mas, por outro lado, elementos destituídos, imediato, um objeto dado,um conjunto de coisas evidentes, como é o caso
da física, da química, da botânica, da astronomia, etc.?
em sua complexidade, de uma unidade natural, náo comparáveis a um cor- I

De maneira alguma e em momento algum: ela se situa no extremo opos-


po químico simples e nem a uma combinação química, muito comparáveis, u

è- .o-p"trsação, se assim se preferir, a uma mistura química tal qual a mis- to das ciências que podem partir do dado dos sentidos.
tura do azoto edo oxigênio no ar respirável; de maneira que o ar não é mais
Uma sucessão de sons vocais, por exemplo mer (m 'f e + r) é, talvez,
ar se for retirado o azoto ou o oxigênio, que nadaliga, no entanto, a massa uma entidade que regressa ao domínio da acústica, ou da fìsiologia; ela náo
é, de jeito nenhum, nesse estado, uma entidade lingüística.
de azoto, espalhada no aq à massa de oxigênio; que, em terceiro lugar, cada
Uma língua existe se, à m I e I r, se vincula uma idéia.
um desses elementos só é passível de classificaçáo diante de outros elemen-
Dessa constatação, absolutamente banal, segue-se:
tos da mesma ordem, mas que não se trata mais de ar quando se passa a
lq que nãohâ nenhuma entidade lingüística, que possa ser dada, que
essa classifì cação e que, em quarto lugar, não é impossível classificar sua
seja dada imediatamente pelo sentido; nenhuma que exista fora da idéia que
mistura. Sáo essas, ponto por ponto, as características do objeto principal
lhe pode ser vinculada;
que o lingüista considerai apalavrà náo é mais a palavra se [ ]
2e quenáohânenhuma entidade lingüística, entre as que nos são dadas,
que seja simples porque, mesmo reduzida à sua mais simples expressão, ela
Finalmente, se dirá que a comp araçáo é grosseira na medida em que os
exige que se leve em conta, ao mesmo tempo, um signo e uma signifìcação,
dois elementos do ar sáo materiais, enquanto que a dualidade da palavta
e que contestar essa dualidade ou esquecê-la equivale diretamente a privâ-
representa a dualidade do domínio físico e psicológico. Essa objeçáo apare-
la de sua existência lingüística, atirando-a, por exemplo, ao domínio dos
ce, aqui, casualmente e quase sem importãnciaparao fato lingüístico; nós a
fatos físicos;
apanhamos de passagem para declarâla nula e diretamente contrária a tudo
3q que, se a unidade de cada fato de linguagem resulta, já, de um fato
oque afirmamos. Os dois elementos do ar estáo na ordem material e os dois
complexo que consiste da união de fatos, ela resulta, além disso, de uma
elementos da palavra estáo, reciprocamente, na ordem espiritual; nosso ponto
união de um gênero altamente particular: na medida em que não hâ nada
de vista constante serâ dizer que, náo apenas a signifìcação, mas também o I

em comum, em essência, entre um signo e aquilo que ele signifìca;


signo, é um puro fato de consciência. (Em seguida, que a identidade lingüís- I
I

4q que a empreitada de classifìcar os fatos de uma língua está, portanto, I

tica no tempo ê simples.)


diante deste problema: classifìc ar os acoplamentos de objetos heterogêneos (sig- I

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nos-idéias) e não, como se é levado a supor, classificar objetos simples e I

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III e IV resultam das maneiras legítimas de considerar:
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homogêneos, como seria o caso se fosse preciso classifìcar os signos ou as
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III. Ponto de vista ANACRONICO, artifìcial, intencional di-
e puramente
idéias. Há duas gramáticas, das quais uma partiu daidêia, e outra do signo;
dático, da PRoJEÇÃo de uma morfologia (ou de um "estado de língua anti-
elas são falsas ou incompletas, todas as duas'
ga") sobre uma morfologia (ou sobre um outro estado de língua posterior).

2d lPrincþio de dualismol (O meio, com a ajuda do qual pode se operar essa projeção, é a conside-
raçáo das identidades transversais, II, combinada à consideraçáo morfológica
O dualismo profundo que divide a linguagem não reside no dualismo do
do primeiro estado conforme I);
som e da idéia, do fenômeno vocal e do fenômeno mental; essa é a maneira
não diferindo do ponto de vista ANACRONICO RETROSPECTIVO,
fácil e perniciosa de concebê-lo. O dualismo reside na dualidade do fenôme- -
esse ponto de vista é o ponto de vista ETIMOLÓGICO, que compreende
no vocal COMO TAL e do fenômeno vocal COMO SIGNO - do fato físico
outras coisas além do que se chama, comumente, de etimologia. Uma de
(objetivo) e do fato físico-mental (subjetivo), de maneira alguma do fato
.,físico,, do som por oposição ao fato "mental" da signifìcação.Hâ um pri- suas características, com relação a IV é de não levar em conta a época B em
si mesma.
meiro domínio, interior, psíquico, onde existe o signo assim como a signifi-
caçáo,um indissoluvelmente ligado ao outro; há um segundo, exterior, onde
IV. Ponto de vista HISTÓRICO da fìxação de dois estados de língua su-
exiSte apenas O "Signo" mas, nesse moment6, O signo Se reduz a uma SUceS-
cessivos, tomados cada qual em si mesmo, em primeitolugat, e Sem subor-
são de ondas sonoras que merece de nós apenas o nome de figura vocal.
dinação de um ao outro, seguida da explicação.

2e lQuøtro Pontos de vístøl Desses quatro pontos de vista legítimos (além dos quais nós admiti-
mos nada reconhecer), quase que só o segundo e o terceiro sáo cultivados.
I e II resultam da natureza dos próprios fatos da linguagem
De fato, o quarto só poderia sê-lo, proveitosamente, no dia em que o pri-
meiro t l
I. Ponto de vista do estado de língua em si mesmo, Em compensaçáo, é vivamente cultivada a confusão lamentável desses
difere do ponto de vista instantâneo,
- náo difere do ponto de vista semiológico (ou do signo-idéia),
diferentes pontos de vista, até mesmo nas obras que ostentam as mais altas
- não difere do ponto de vista da vontade anti-histótica,
pretensões científìcas. Há, certamente, com muita freqüência, uma verda-
- não
não difere do ponto de vista motfológico ou gtamatical-
deira ausência de reflexáo Por parte dos autores. Mas acrescentemos, ime-
- não difere do ponto de vista dos elementos combinados- diatamente, uma profìssão de fé: assim como estamos convencidos, com ou
- semrazão, de que por fim será preciso tudo reduzir, teoricamente, aos nos-
sos quatro pontos de vista legítimos, que repousam sobre dois pontos de
(As identidades, nesse domínio, são fixadas pela relação da significaçáo e
vista necessários, assim também duvidamos de que alguma vez seja possí-
do signo, ou pela relação dos signos entre si, o que náo é diferente')
vel estabelecer, com p:u¡reza, a quádrupla ou, ao menos, a dupla terminolo-
gia que seria necessária.
II. Ponto de vista das identidades ûansversas,
difere do ponto de vista diacrônico,
- não
não difere do ponto de vista fonético (ou da figuta vocal separada da 3a lAbordør o objetol
- de I),
id,éia e separøda dafunção de signo, o que é a mesma coisa em virtude
não difere, também, do ponto de vista dos elementos isolados. Quem se coloca diante do objeto complexo que é a linguagem, parafa-
- zer seu estudo, abordará necessariamente esse objeto por tal ou tal lado,
que jamais será toda a linguagem, supondo-se que seja muito bem escolhi-
(As identidades deste domínio sáo dadas, antes de tudo, necessariamen-
do, e que, se não for tão bem escolhido, pode nem ser de ordem lingüística
te, pelas do precedente; mas, depois disso, elas se tornam asegundaordemde
ou representar, depois, uma confusão inadmissível.
identidades lingüísticas, irredutível à precedente.)
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a Essênciø Duplø da Linguagem Sobre a Essência Duplø da Linguagem
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26 Sobre
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tudo, que hâumapalavrq, qlue deverá ser considerada, depois, de diferentes
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Ora,hâ de primordial e inerente ànatureza da linguagem o fato de que, w
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por qualquer lado que se tentar abordá-la justificável ou náo náo se pontos de vista?
ou
- (ou
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quantidades) de- Só se obtém essa idéia, ela mesma, de um determinado ponto de vista,
poderâjamais descobrir, ai, indivíduos, seja, seres
terminados em si mesmos sobre os quais se opera, depois, uma generaliza- porque, para mim, é impossível ver que a palavra, em meio a todos os usos
ção. Mas há, ANTES DE TUDO, a generalização e nada há além dela: ora, que dela se faz, seja algo dado, que se imponha a mim como a percepção de
como a generalizaçáo supõe um ponto de vista que serve de critério, as pri- uma cor.
meiras e mais irredutíveis entidades com que pode se ocupar o lingüista já O fato é que, quando se fala da palavra a, dapalavrab ou, simplesmente,
são o produto de uma operação latente do espírito. Resulta daí, imediata- dapalavra, fìca-se, fundamentalmente, no dado MORFOLÓGICO, a despei-
mente, que toda a lingüística se resume não [ ] mas, materialmente, à to de todos os pontos de vista que se pretenda introduziç já que apalavraé
discussáo dos pontos de vista legítimos: sem o que não há objeto. uma distinção que vem da ordem das idéias morfológicas e já que não há
distinções lingüísticas independentes.
Exemplo. Se eu preferir, para entrar no estudo da linguagem, o procedi-
mento de simplificação máxima, que consiste em supor que a linguagem A que título essa distinção morfológica dapalavra interviria como a uni-
seja uma sucessão t ] dade dada numa discussáo fisiológica-acústica, embora convenha destruir
imediatamente [ ]
3b lLíngüísticø e fonéticøl
É assim que não se deixa, em lingüística, de considerar, na ordem B,
O erro incessante e sutil de todas as distinções lingüísticas é acreditar objetos a que existem segundo A, mas não segundo B; na ordem A, os obje-
que, ao falar de um objeto de um certo ponto de ttista, se está, por isso, no tos b, que existem segundo B mas não segundo A, etc.
referido ponto de vista; em nove entre dez casos, a verdade é justamente o Para cada ordem, com efeito, sente-se a necessidade de determinar o
contrário, por uma razão muito simples: objeto; e, para determiná-lo, recorre-se, maquinalmente, a uma segunda
Lembremos, com efeito, que o objeto da lingüística não existe para co- ordem qualquer, porque náo há outro meio disponível na ausência total de
meçar, não é determinado em si mesmo. Dai, falar de um objeto, nomear um entidades concretas: eternamente, então, o gramático, ou o lingüista, nos
objeto, nada mais é do que recorrer a um ponto de vista A determinado. dâ, por entidade concreta, e por entidade absoluta que serve de base para
Depois de ter denominado um certo objeto, abandonado o ponto de suas operações, a entidade abstrata e relativa que ele acaba de inventar em
vista A, que não tem existência absolutamente a não ser na ordem A, e que um capítulo anterior.
não seria mesmo uma coisa delimitada fora da ordem A, é permitido, talvez Imenso círculo vicioso, que só pode ser rompido substituindo-se, de
(em certos casos), ver como se apresenta esse objeto da ordem A, visto uma vez por todas, em lingüística, pela discussáo dos pontos de vista, a dos
segundo B. " fatos", porque não hâ o menor traço de fato lingüístico, nem a menor possi-
Nesse momento se está no ponto de vista A ou no ponto de vista B? Regularmen-
bilidade de perceber ou de determinar um fato lingüístico fora da adoção
te, será respondido que se está no ponto de vista B; é que se cedeu, mais uma anterior de um ponto de vista.
vez, à ilusáo de seres lingüísticos que levam uma existência independente. A
mais difícil de captar, mas a mais benéfìca das verdades lingüísticas, é com-
preender que, nesse momento, não se deixou, ao contrário, de estar funda- 3c lPresençø e correlação de sons]
mentalmente no ponto de vista A, pelo simples fato de que se faz uso de um
A presença de um som, numa língua, é o que se pode imaginar de mais
termo da ordem A, cuja noção, ela mesma, nos escaparia segundo B.
irredutível como elemento de sua estrutur^. Ê fâcil mostrar que a presença
Assim, muitos lingüistas pensam ter se situado no terreno psicológico-
desse som determinado só tem valor por oposição com outros sons presen-
acústico ao fazer abstração do sentido da palavra para considerar seus ele-
tes; e é essa a primeira aplicação rudimentar, mas já incontestável, do prin-
mentos vocais, dizendo que a palavra champ, do ponto de vista vocal, é idên-
cípio das OPOSIÇÓES, ou dos VALORES RECÍPROCOS, ou das QUANTI-
tica à palavra chant, dizendo que a palavra comporta uma parte vocal que se
DADES NEGATIVAS e RELATIVAS que criam um estado de língua.
vai considerar, mais uma outra parte, etc. Mas de onde se supõe, antes de
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28 Sobre Essência Dupla dø Linguagem Sobre a Essência Dupla dø Linguagem 29
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(ainda destituída de as que resultam do recorte, racional ou não, da cadeia sonora, ou
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A presençø de umø correlação percebida entre dois sons
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toda significação propriamente dita) por exemplo, em alemão, a correla- sintagma, em diferentes fraçóes que serão as unidades do mesmo corpo
entre ch velar, depois de a, o, u
-(wachen), e ch palatal depois de e, í, ü concreto;
ção
(nicht), que é percebida pela língua oferece o segundo grau de OPOSI- as que resultam da classifìcação das unidades da primeira ordem com
- -
çÁO, jâ perfeitamente claro em sua essência relativa. relação às outras unidades da mesma ordem, separadas de outros sintagmas,
A presença de umq correlação percebida entre dois sons, à quøl começa a se juntar tal ou tal característica: obtém-se, assim,
e declaradas semelhantes graças a
umø diferença de I l uma unidade abstrata, mas que pode passar por unidade pela mesma razão,
ao menos, que as precedentes.
Presença de um fonema : sua oposição com os outros fonemas presentes, Em nenhuma dessas duas séries, as unidades obtidas são mais do que
ou seu valor com relação a eles. uma.
Correlação de dois sons (sem "signifìcação") : sua oposiçáo mútua, seu
vqlor, um com relação ao outro. Todo o trabalho do lingüista que pretende compreender, metodicamen-
Correlação de dois fonemas com correlação de "significações" diferentes : te, o objeto que estuda, se reduz à operação extremamente difícil e delicada
sempre simplesmente seu valor recíproco. É aqui que se começa a entrever a da definição das unidades.
identidade da significação e do valor. Na linguagem, seja ela abordada pelo lado que for, não há indivíduos
Depois disso: o que fìzemos? Nós partimos do elemento fonológico como delimitados e determinados em si, e que se apresentem necessariamente à
de uma unidade morfológica que adquire, sucessivamente, diferentes fun- atenção. (Quando se supõe o contrário, como é natural à primeira vista,
ções, mas em nenhum momento, um som, em si mesmo, é dado como uni- percebe-se logo que nada se fez além de isolar, arbitrariamente e sem méto-
dade morfológica. do, este ou aquele fato, unido, na realidade, a uma multidão de outros, sem
Na análise morfológica (instantânea, etc.) náo há nenhumarazão para que seja possível dizer por que, dentre a massa, acreditou-se ter autoridade
dividir as formas úbimq análise, assim entendo precisamente por para fazer essa ou aquela demarcação específica.)
ou seja, segundo os resultados da análise
-
fonemas, fonológica.
Por exemplo, se num estado de língua, o fonema Z só se apresenta segui-
Ora, é necessário, entretanto, saber sobre quais [ ]

do de e, náo é morfológico distinguir -2-, mas distinguir apenas -2e-, que


parece, nesse estado de língua, um elemento não redutíyel, da mesma maneira 3e Observações sobre as guturais palqtøis
que o seria, por exemplo, p (supondo-se, naturalmente, que p, por sua vez, do ponto de yístø fisiológico e acústico
esteja em outras condições).
(Esse princípio encontra, em seguida, uma singular verificação no fato Primeiramente. Do ponto de vista fìsiológico ou mecânico, há paralelismo

de que a alternânci a ç/o : alternância ap/ep, etc.) completo entre uma gutural palatal e uma gutural mediana ou velar.
O ponto de articulação é situado mais adiante, eis tudo.
Mas é preciso reconhecer, pelo menos na minha opinião, que a gutural
3d lDomínio fisiológico-acústico dø figura vocølf palatal, por motivos que eu náo indago, dá, acusticamente, a impressão de
um som duplo: H. Hâ, ali, um elemento totalmente particular e que pode
D omínio fisioló gico - acústic o (não lingüístico) levar mesmo a se negar que a gutural palatal seja uma espécie determinada,
no sentido de que ela seria umgrupo de dois sons, não um som e, por conse-
dø figura vocøl (que se impõe como igual a si mesma.,
independentemente de toda língua)
guinte, que ela só poderia ser classificada com relação a outros grupos, mas
não com relação a um som simples.
Em primeiro lugar, não apenas nenhuma espécie de indivíduo determi- Eu suprimo esta segunda consideração; eu me atenho ao ponto de vista
nado em si mesmo, mas nenhuma espécie de unidade é dada naturalmente. fìsiológico e admito, então, que Þ,, apesar de seu duplo som, é diretamente
Como se procederâ para estabelecer as unidades? comparável akr, é um elemento simples.
As unidqdes possíveis e a unidade absoluta : Identidade. Segunda observação. Sobre o mau uso do termo palatais.
Quando se dá o
Há duas ordens de unidades possíveis: nome de palatais aos grupos tí e dZ que existem em muitas línguas,
por
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30 a Essência Dupla
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Sobre a Essênciø Dupla dø Linguagem da. Linguagem 31
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exemplo em italiano cenere, generoso, se faz um mau uSo completo desses nais, não consistem nem nas formas nem nos sentidos, nem nos signos nem
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termos. nas significações. Eles consistem na solução particular de uma certa relaçáo
Os grupos tí, dl,, que implicam uma sucessão de sons, não devem rece- geral entre os signos e as signifìcações, estabelecida sobre a diferença geral
ber nenhum nome, nem o de palatais, nem outro que fosse proposto' dos signos mais a diferença geral das significaçõe s mais a atribuição anterior
Porque um grupo de sons não poderia ser uma espécie. Se considero o de certas signifìcações a certos signos ou reciprocamente.
grupo Þr, eu determino de que espécie é k e de que espécie é r; mas eu não
devo fazer, do conjunto kr, uma espécie. Da mesma forma, tí e di, não Há, então, antes de tudo, vølores morfológicos: que não são idéiøs e tam-
existem em si mesmos. Existe t I íe d + Z. bém não sáo formas.
Terceira observação. Mas como, cem vezes na história das línguas, acon-
teceu que "o som simples k, (k palatal) produziu, na seqüência, o grupo Secundariamente, para que uma FORMA exista, como forma, e não como
t5" e que a mesma letra, considerada com alguns séculos de distância, figura vocal, há duas condições constantes, embora, em última análise, es-
designa antes o som Þ,, mais tarde o som tí, não se deve ter ilusões sobre sas duas condições acabem por formar uma só:
as difìculdades de se evitar, na prâtica, a aplicação do nome palatais para 1q que essa forma não seja separada de sua oposição com outras formas
os grupos tí, d2,. Ao menos, ficará bem entendido que há aí um emprego simultâneas;
convencional e abusivo; e um sentido da palavra palatal completamente 2q que essa forma não seja separada de seu sentido.
diferente daquele a que recorremos ao falar do Þ, indo-europeu. As duas condições tanto são as mesmas que, na realidade, não se pode
falar de formas opostqs sem supor que a oposiçáo resulta do sentido, assim
3f lVøIor, sentido, sígniftcação...1 como da forma.

Nós não estabelecemos nenhuma diferença séria entre os termos v4- Náo se pode definir o que é uma forma com a ajuda da fìgura vocal que
Ior, sentido, significação, função ou ernprego de uma forma, nem mesmo com ela representa
aidéia como conteúdo de uma forma; esses termos são sinônimos. Entre- - e também náo com a ajuda do sentido que contém essa
fìgura vocal. Fica-se obrigado a colocar, como fato primordial, o fato GE-
tanto, é preciso reconhecer que valor exprime, melhor do que qualquer RAL, COMPLEXO e composto de DOIS FATOS NEGATIVOS: da diferença
outra palavra, a essência do fato, que é também a essência da lingua, a geral das figuras vocais associada àdiferença geral dos sentidos que se pode
saber, que uma forma náo significa, mas vale: esse é o ponto cardeal. Ela atribuir a elas.
vale, por conseguinte ela implica a existência de outros valores.
Ora, no momento em que se fala de valores em geral, em vez de se
falar, ao acaso, do valor de uma forma (que depende absolutamente dos lFonétícø e morfologia' lf
valores gerais), percebe-se que é a mesma coisa colocar-se no mundo dos
(Brouillon) uourl^
signos ou no das signifìcações, que não há o menor limite definível entre
Para uma regra como o r¡ (çureVa) sânscrito, o elemento ativo e passivo
o que as formas valem em virtude de sua diferença recíproca e material, e
náo coincide habitualmente com a fronteira de dois elementos morfológicos,
aquilo que elas valem em virtude do sentido que nós atribuímos a essas
ao passo que esse é o caso, muitas vezes, para uma regra como s > depois
diferenças. É u-a disputa de palavras. ç
de fr. r e vogal que náo seja d/ã . Assim, agniçu vaþsu contra latasu, vak"sy-ømi
contra tupsydmi.
39 lValor e formøs) Então, dentre essas duas regras, que são exatamente da mesma ordem,
da segunda se faz uma regra de samdhi interior e, da outra, não se sabe o que
O sentido de cada forma, em pørticular, é a mesma coisa que a diferença das

formas entre si. Sentido


: valor diferente. fazer.

Contudo, a diferença das formas entre si não pode ser estabelecida. O fato de se chamar vdk-5u samdhiinterior é a mais excelente prova de
que. se procede (forçosamente)
segundo elementos morfológicos e não fo-
netlcos.
Nunca é demais repetir que os valores dos quais se compõe primordial-
mente um sistema de língua (um sistema morfológico), um sistema de si-
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Sobre a Essência DupIø da Linguøgem

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Sobre a Essência Dupla da Linguøgem JJ

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2l Admitir a forma fora de seu emprego é cair nafiguravocal que pertence à
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4b lFonétíca
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w e morfologiø, w
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fìsiologia imediatamente, entrar em contra-
e à acústica. É, além disso, mais
Uma regra como a de so'pi, e sqhsauvdéa (apesar de sø tu, sabhavøtl) deve dição consigo mesmo porque há muitas /ormøs idênticas de som e que nem
Irgurar, como exceção, na regra do "s final"? Ou será que ela diz respeito à se sonha em abordar, o que é a melhor prova da perfeita inanidade do ser
morfologia da palavra sø? É impossível dizer porque a primeira regra do "s formafora de seu emprego.
ftnaI" ê, ela mesma, morfológica e não fonética. A regra do "s final" se baseia
apenas na unidade da forma açvas (øçvah, açvo, etc.), oubha-rqma.s, unidade Náo há nenhuma outraidentidade no domínio morfológico além da iden-
de forma que depende, ela mesma, diretamente do sentido. tidade de uma forma na identidade de seus empregos (ou a identidade de
uma idéia na identidade de sua representação). A IDENTIDADE MOR-
Quando tira dessa unidade de forma, umavez estabelecida pelo senti-
se
FOLÓGICA, seria inútil disfarçar, é, portanto, uma noção excessivamente
do, um fato material que parece constante, como -ah antes de surdo : -o
complexa.
antes de sonoro, é absolutamente impossível determinar o valor desse fato
em si, ou o grau de necessidade e de constância com que ele se apresenta.
Ou seja, depois de partir da forma significativa para separar esse fato, nós 5b lldentidøde Entídødesl
fìcamos, até o fim, sem outro pólo além dessa forma signifìcativa: quando -
estivermos diante de sô'pi sabhavqti, que não concorda com açvo'pi, açvobhavati, .$ l. A identidade na ordem yocal
nadahâa observar, a náo ser que o conjunto de manifestações da palavra sø
Quando eu abro duas vezes, três vezes, quinhentas vezes, a boca, para
náo coincide com o conjunto da palavra açva, sem que uma seja mais regular,
pronunciar aha, aquestão de saber se o que pronuncio pode ser considerado
em princípio, do que a outra, visto que nenhuma das duas coisas pretende
idêntico ou não-idêntico depende de um exame.
ser racional.
Agora, formulando-se a regra com relaçáo ao s indo-europeu, se obterá
S 2. As entidades daordemyocal
[ ], mas isso pertence à etimologia, operação complicada que se situa
fora da língua em si.
É imediatamente visível que as entidqdes da ordem vocal ou consistem
na identidade que acabamos de considerar, por conseguinte num fato per-
5a lSom e sentidol feitamente abstrato, ou em nada consistem e não estão em parte alguma.
Os fatos de fala, tomados em si mesmos, que por si sós certamente são
As alternâncias sáo as diferenças vocais (não fonética.s) que existem, ao concretos, se vêem condenados a não signifìcar absolutamente nada, a náo
mesmo tempo, entre formas que se julga representar, a um título qualquer,
ser por sua identidade ou náo-identidade. O fato, por exemplo, de aka ser
uma unidade morfológica mais ou menos extensa, mas com a exceçáo da
-
unidade última, que é a identidade morfológica.
pronunciada por uma pessoa, num certo lugar e num certo momento, ou o
fato de mil pessoas, em mil lugares e em mil momentos, emitirem a suces-
Continuando no domínio morfológico, falamos ora da identidade de sen-
sáo de sons aha, é, absolutamente, o único fato dado: mas não é menos
tido, ora da identidade de valor, ora daidentidade de emprego, ora da iden-
verdade que só o fato ABSTRATO, aidentidqde acústica desses øÞa, forma sozi-
tidade de forma. Nenhuma dessas expressões tem um sentido quando não
nho a entidade acústica økø: e que não hâ um objeto primeiro a ser procurado,
se subentende a identidade de sentido, de valor, de emprego, segundo a
identidade de forma segundo o mais tangível do que esse primeiro objeto abstrato.
forma una ou diversa
- e, reciprocamente,
sentido, o valor ou o emprego uno ou diverso. Ora, o todo é solidário. En-
(Acontece a mesma coisa, por outro lado, com qualquer entidade acústi-
ca, porque ela é submetida ao tempo; 1q leva um tempo para se rcalizar e 2e
táo, náo se pode falar, em morfologia, diretamente, de identidade, conside-
cai no nada depois desse tempo. Por exemplo, uma composição musical,
rando apenas a forma ou o sentido.
comparada a uma mesa. Onde é que existe uma composiçáo musical? E a
Todo o estudo de uma língua como sistema, ou seja, de uma morfologia,
se resume, como se preferir, no estudo do emprego das formøs ou no darepre-
mesma questão de saber onde existe aka. Na verdade, essa composiçáo só
sentação das idéias. O errado é pensar que há, em algum lugat, forma.s (que
existe quando é executada; mas considerar essa execução como sua existên-
existem por si mesmas, fora de seu emprego) ou, em algum lugar, idéias (que cia é falso. Sua existên cia ê a id.entidade das execuções.)
existem por si mesmas, fora de sua representoção).
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34 Sobre da Linguagem Essêncio Dupla dø Linguøgem 35

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$ 3. As entidades da ordem yocal car os esquemas de identidade de todo tipo que tomamos, e somos obriga-
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são entidades lingüísticas? dos a tomar, por fatos primeiros particulares e concretos, embora, em sua
diversidade infinita, eles sejam, cada um, apenas o resultado de uma vasta
Para resolver essa questáo, é preciso se perguntar o que é uma entidade
operação anterior de generalização.
vocal; foi visto que ela consiste na identidade de dois fatos vocais.
Não é possível se limitar a subentender essa grande operação funda-
A identidade de dois fatos vocais é subordinada à presença de uma lín-
mental? Não é, desde o início, evidente que, quando se fala de um grupo
gua?
p&ta, por exemplo, quer-se referir à generalidade de casos em que um grupo
Náo. Fora de toda linguagem humana, øka é igual a akø e, sendo dada a
pata ê efetivamente pronunciado? E que há, então, apenas um interesse su-
língua humana, aka, em uma língua, é igual a akq em outra. Se há diferença
til em lembrar que essa entidade repousa, anteriormente e essencialmente,
é porque as entidades vocais foram separadas muito grosseiramente e por-
sobre uma identidade?
que aí cabe estabelecer duas onde não se via senáo uma.
Vai-se veç a seguir, que não se pode substituir impunemente, de uma só
Por conseguinte, as entidades da ordem vocal não são entidades lingüís-
vez, entidades abstratas pelo fato da identidade de certos fatos concretos:
ticas.
porque nós trataremos de outras entidades abstratas e porque o único pólo
em meio a [ ] será a identidade ou a não-identidade.
S 4. Observações sobre os parágrafos precedentes

Sobre o S 2. Tomar a língua pelo lado do fenômeno vocal é, certamente, a


6a lReflexão sobre as operações do lingüístøf
maneira mais simples de abordâ-la, a tal ponto que, na realidade, como
resulta do S 3, nem chega a ser uma maneira de abordála; ora, admitindo Nós diferimos, desde o princípio, dos teóricos que pensam que se trata
mesmo assim esse procedimento, é extremamente evidente que, à primeira de apresentar uma idéia dos fenômenos da linguagem ou daqueles, já mais
vista, é impossível refletir sobre os INDIVÍDUOS dados, para, em seguida, raros, que procuram situar as operações do lingüista em meio a esses fenô-
generalizar; que, ao contrário, em lingüística, é preciso começar generalizando menos. Nosso ponto de vista é, com efeito, que o conhecimento de um
para se obter qualquer coisa que faça as vezes do que é, alhures, o indivíduo. fenômeno ou de uma operaçáo do espírito supõe, antes, a defìnição de um
termo qualquer; não a defìnição ocasional que se pode sempre dar de um
termo relativo com relação a outros termos relativos, girando eternamente
5c lldentidade Marcha das ídéíasl
- num círculo vicioso, mas a definição conseqüente que parte, num ponto
qualquer, de uma base não digo absoluta, mas escolhida expressamente como
A noção de identidade será, em todas essas ordens, a base necessária, a
que serve de base absoluta: é só por ela e com relação a ela que se chega a base irredutível para nós, e central de todo o sistema.
determinar, depois, as entidades de cada ordem, os termos primeiros que o Imaginar que se pode prescindir, em lingüística, dessa salutar lógica
lingüista pode, legitimamente, acreditar ter diante de si. matemática, sob o pretexto de que a língua é uma coisa concreta que "vem
a ser" e não uma coisa abstrata que "é", é, segundo creio, um erro profundo,
inspirado, no início, pelas tendências inatas do espírito germânico.
(Ordem vocal) Marcha das idéias

Tìrdo o que é considerado idêntico forma, por oposiçáo ao que não é Nós acreditamos que o objetivo principal não seria estabelecer o que se
idêntico, um termo frnito, que ainda não é defìnido e que pode ser qualquer passa entre diferentes termos de estados lingüísticos; mas constatar que es-
um, por exemplo, um termo complicado akarna, etc., mas que representa, ses termos são literalmente destituídos de qualquer definição, que nem sabe-

pela primeira vez, um objeto cognoscível, enquanto que a observação dos mos se existem ou em que sentido existem, que talvez se uniu um termo.
fatos vocais particulares, fora da consideração de identidade, não descobre
nenhum objeto.
6b lMorfologia Estado de línguøl
Sendo assim constituído e reconhecido, em nome de uma identidade -
que nós estabelecemos, um determinado ser vocal, depois milhares de ou- Num estado de língua dado, náo há nem regra fonética, nem fonética de
tros que são obtidos graças ao mesmo princípio, pode-se começar a classifi- qualquer espécie. Não há nada além da morfologia em diferentes graus, que
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Sobre a Essênciq Dupla dø Linguagem Sobre ø Essênciø Dupla da Linguagem 5/
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6d llndiferença
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não são, provavelmente, separáveis por uma linha de demarcaçáo qualquer: e Díferençøl w
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de tal maneira que uma regra de "sintaxe" que determina em que casos se
ou uma regra "morfológica" (no sentido estrito), que Outrø definição de forma:
emprega o perfeito
-
Forma : elemento de uma alternância
qual é a forma do perfeito "foné-
determina
- ou uma regra supostamente
tica", que determina em que casos uma vogal é elidida, ou em que caso um Alternância : coexistência (cf observação sobre exritn) de signos diferen-
ru é substituído por um q pertencem, graças a uma ligaçáo profunda e
-
indestrutível, à MESMA ORDEM DE FATOS: saber o jogo dos signos, em meio
tes, sejam equivalentes ou sejam, ao contrário, opostos em sua significação.

às suas diferençøs, num momento dado. É completamente ilusório querer isolar, Indifer ença e Diferença
desse jogo de signos, de um lado as significações (sintaxe, etc.), aquilo que
representa simplesmente a diferença ou a coincidência das idéias segundo os A esfera das coisas que podem, indiferentemente, ser tomadas uma pela
signos. outra é, de fato, absolutamente restrita; mas ela tem, teoricamente, uma
De outro lado, as formas (o que significa simplesmente a diferença ou a importância capital.
coincidênciø dos signos segundo øs idéias). Por exemplo, NA PALAVRA (não é preciso considerar a língua) courqge,
Enfim, os elementos vocais do signo, o que signifìca a diferença ou a é, de fato, completamente indiferente, em francês, pronunciar courir corr r
grasseyé non roulé, ou com r grasseyé roulé, ou com r dental (roulé ou não).
coincidência desses elementos vocais segundo as formas
- ou
seja, segundo
os signos diversos ou seja, segundo as significaçóes diversas. Esses sons constituem, no entanto, espécies perfeitamente distintas e, em
- alguma outra língua, o abismo poderia ser mais intransponível entre este / e
Retornemos à fonética. aquele r, do que entre um K e um [g]. Reciprocamente, em francês t ]
Nós tiramos daí, de maneira geral, que a língua repousa sobre um certo
número de diferenças ou de oposições que ela reconhece, sem se preocupar es-
6c lFormal sencialmente com o valor absoluto dos termos opostos, que poderá variar
consideravelmente, sem que o estado de língua seja destruído.
Quem diz FORMA diz quatro coisas de que se esquece, de todas as qua-
tro, e esse ponto é fundamental: A latitude que existe no seio de um valor reconhecido pode ser denomi-
1q Quem diz forma diz, primordialmente, diversidade de forma: senão, não
nada "flutuaçáo". Em todo estado de língua se encontra flutuações. Assim,
há nem mesmo uma base qualquer, certa ou errada, suficiente ou insufìci- tomando um exemplo ao acaso, em gótico, o grupo ij + vogal é equivalente
ao grupo i + vogal (sijøi "que seja" ou siai, frijana "liberum" ou friana, sem
ente, para se pensar, por um instante sequer, sobre a forma;
diferença), mas, num dialeto próximo, a diferença ija-ia pode rer uma im-
2e Quem diz forma diz, portanto, pluralidade de formas: sem o que a dife-
portância absoluta, isto é, representar dois valores e não um só.
rença, que se encontra na base da existência de uma forma, não é mais pos-
sível.
lq Um signo só existe em virtude de sua significação;2e uma significa-
Quem dizforma, ou seja, diferença numa pluralidade t
3q ]
Forma implica: DIFERENÇA: PLURALIDADE ISISTEMA?]. SIMULTA- ção só existe em virtude de seu signo; 3q signos e signifìcações só existem
em virtude da diferença dos signos.
NEIDADE. VALOR SIGNIFICATIVO.

Em resumo: 6e lForma Figura vocal]


FORMA : Não uma certa entidade positiva de uma ordem qualquer, e -
de uma ordem simples; mas a entidade ao mesmo tempo negatitta e complexa: Uma forma é uma figura vocal que, na consciência dos sujeitos falantes,
é determinadø,
ou seja, é ao mesmo tempo existente e delimitada. Ela não é
que resulta (sem nenhuma espécie de base material) da diferença com outras
formas, COMBINADAàdiferença de significação de outras formas.
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(Eu duvido que se possa definir a forma com relação à "figura vocal", é essa forma não seja um imperfeito como êôeíxvuv mas um aoristo, como w
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preciso partir do dado semiológico') ëpr1v, semelhante ao sentido geral de aoristo, se ele for bem descrito.
Mas (II), de onde tiramos, agora, o sentido de aoristo, sem o qual seria
(Nota) Observa-se, pondo-se no ponto de vista do moralista' que se impossível, acabamos de ver, classifìcar as formas? Nós o tiramos, única e
-
palavras como crime, paixão, virtude, vício, mentira, dissimulação, hipocrisia, ho- puramente, dessas mesmas formas: seria impossível separar uma idéia qual-
nestidade, desprezo, estimq, sinceridade são relegadas, lingüisticamente, a sim- quer que pudesse ser denominada aoristo se não existisse, na forma, alguma
ples categorias negativas e passageiras, há, neste caso, uma verdadeira imo- coisa em particular.
ralidade na lingüística ou na língua. Se essa imoralidade fosse um fato Ora (III), como se percebe imediatamenre, essa parricularidade da for-
comprovável, eu negaria, certamente, a quem quer que fosse, o direito de ma consiste justamente no fato tão absolutqmente negativo quanto possível da
ocultar que a língua é imoral ou de se furtar à constatação de um fato sob o oposição ou da diferença com outras formas: assim, ëôet(a é diferente de
pretexto de que esse fato nos ofende. Mas eu não vejo em que a moral é éôeîxwv, de ôeíxvu¡l e de õeí(ro;
- ëÀrnou é diferente de ëÀernou, de À¿irur¡ ou
mais prejudicada do que qualquer outra ramificação do pensamento pelo de Àeiryar, e Àél"orrca; ë"¡eu é diferente de 1éar, ë1eou; Ìiveypov é diferente
- -
inconveniente fundamental que jamais se suprimirâ dalingua. de rpépro, è<pepou, oiorrl, êuiv. Mas não hânada que seja uno e característico
Esse inconveniente, nós o apontamos como todos os outros pesquisa- entre as formas ë<¡v, ëðer(a, ëî.rnov, ëyecl", etc. Poderia muito bem aconteceç
dores: nãohâum único objeto material, nós vimos, ao qual se aplique exa- para dízer a verdade, que essas formas tivessem alguma coisa em comum e
tamente e exclusivamente uma palavra; isso não suprime a existência des- característica; como, por exemplo, os imperfeitos latinos em -bam. Mas esse
ses objetos materiais. Da mesma forma, náo hâ um único fato moral que se fato, caso acontecesse, não teria nenhuma importância em princípio, deve-
pOSSa, exatamente e exClUsivamente, encerrar em um determinado termo; ria ser considerado como um simples acidente: podendo, por outro lado,
mas isso não ameaça, nem por um instante, a existência desses fatos mo- incontestavelmente, ter certas conseqüências no que lhe diz respeito, como
rais. O que pode ser proposto, como uma questáo digna de exame, é em que todos os acidentes de que se compõe eternamente a língua, mas não mais
medida apalavracorresponde a um fato moral determinado, assim como se do que o acidente inverso, em que acabamos de nos deter.
é obrigado a pesquisar em que medida a idéia de sombra, por exemplo, Resta, agora, constatar (IV) que nenhuma das considerações é sepa-
corresponde a um fato material determinado. As duas séries de investigação rável.
não dependem mais da lingüística. Eu acrescentaria, sem sair do domínio Nós somos sempre reconduzidos aos quatro termos irredutíveis e às
lingüístico, que o fato moral, que existe graças à consciência imediata que três relações irredutíveis entre eles, que formam um todo único para o espí-
dele temos, é provavelmente infìnitamente mais importante, como fator da rito: (um signo / sua signifìcação) : (um signo / e um outro signo) e, além
língua, do que o fato material, que só chega indiretamente, e de maneira disso : (uma signifìcação / uma outra significação).
muito incompleta, ao nosso conhecimento. Seria preciso, para que uma outra coisa se produzisse, que um desses
dois termos fosse determinado, ainda que artifìcialmente, em si; e é isso
Uma fìgura vocal se torna uma forma a partir do instante crucial em que que supomos, por necessidade e em certa medida, ao falar de uma idéia ¿ ou
é introduzida no jogo de signos que se chama lingua, da mesma maneira de uma forma A. Mas, na realidade , nãohá,, na língua, nenhuma determina-
que um pedaço de pano,jogado no fundo do navio, se torna um sinal no ins- çáo, nem da idéia e nem da forma; náohâoutra determinação além da deter-
tante em que é içado ]q entre outros signos içados no mesmo momento e minação da idéia pela forma e da forma pela idéia.
que contribuem para uma signifìc ação; 2e entre cem outros que poderiam ser A primeira expressão da realidade seria dizer que a língua (ou seja, o
içados, e cuja lembrança não contribui menos para a t ] sujeito falante) não percebe nem a idêia a, nem a forma A, mas apenas a
, a
relacão
A,'
Como decidir, procurando fìcar no lado mais material das coisas que essa expressão seria, ainda, completamente grosseira. Ela
só percebe, na
possa considerar o morfologista, como decidir: verdade,arelaçãoentïeasduasrelações a abc,ou b- . blr
AHZ" A
,
(I) se ë<pr1v é uma forma de aoristo comparável a ëpqv, se hâ' formações de etc. ARS B
aoristo como ëgr¡v a menos que se evoque imediatamenle o sentido: lq senti-
do geral de aoristo; 2e o sentido particular contido em ð<pqv qtte faz com que
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40 Sobre Essência Dupla da Linguagem 4I
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Sobre ø Essência Duplø da Linguagem a.
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w É isso que chamamos de QUATÉRNION FINAL e, considerando os qua- colocaremos, entáo, entrando no quadro inadmissível w
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- que a mudan-
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c u -tr a c k c u -tr a c k
tro termos em suas relações: a tripla relação irredutível. E, talvez, sem razão ça de significação não tem valor algum como fato resultante do trmpo, por to-
que renunciamos a reduzir essas três relações a uma só; mas nos parece que dos os tipos de razões, entre outras, porque essa mudança se dá a cada
essa tentativa começaria a ultrapassar a competência do lingüista. instante e não exclui a significaçáo precedente, que se torna concorrenre;
enquanto que a mudança de forma reside na substituiçã.o de um termo por
Capital outro; e porque essa substituiçáo consagra, supõe com necessidade, e por si
só, a presença sucessiva de duas épocas;
Náo é a mesma coisa, como muitas vezes se acredita, falar da relação da
forma e da idéia, ou da relação da idéia e da forma: porque, quando se toma
- que a significação é apenas uma maneira de exprimir o valor de uma
forma, valor que depende completamente das formas coexistentes a cada
por base a forma A, abarca-se, mais ou menos exatamente, um certo núme- momento, e que é, por conseguinte, uma empreitada quimérica, não apenas
ro de ideias a b c; querer examinar essa significaçáo em si mesma (o que não é nada lingüístico),
mas querer examiná-la com relaçáo a uma forma, visto que essa forma muda
(reìarão obc\ e, com ela, todas as outras e, com estas, todas as signifìcações, de maneira
\'"'*Y*" I /
que só se pode dominar a mudança de signifìcação vagamente com relação
e quando se toma por base a idéia ø, abarca-se, mais ou menos exatamente, ao conjunto.
um certo número de formas AHZ o fato de que não hâ nada ínstøntâneo que não seja morfológico (ou signi-
fìcativo), e que também não hânadamorfológico que não seja instantâneo,
(retação ñ) é inesgotável nos desdobramentos que comporta.
Mas esse primeiro fato tem, por contrapartida imediata, que nada há de
Observa-se que não há, portanto, nenhum ponto de partida nem qual- sucessivo que não seja fonético (ou fora da significaçáo), e que nada há de
quer ponto de referência fixo na língua. fonético que não seja sucessivo.

7 Capital
lMudønçø fonétícø e mudançø semânticol
Whitney, Gramática do sânscrito, p.
A persistência (mais ou menos exata) de muitas funçóes signifìcativas
41.;
no tempo e nas formas é o fato que nos sugere falsamente a idéia- eu não
Ao tratar separadamente a dupla questão das modificações Ce formas e das modi-
digo que existe uma história das signifìcações, porque isso não signifìca
ficøções de sentido nøs palavras, nós não criamos uma divisão artificial e nada faze-
decididamente nada
mos qlém de reconhecer as distinções naturais...
duplo aspecto da forma- mas que existe uma história da língua tomada pelo
e do sentido (ou seja, uma morfologia histórica): ou
uma possibilidade de seguir o movimento quadruplicadamente combinado
Mergulha-se em profundo devaneio ao se ver comparar, em obras sérias
da mudança das fìguras vocais, de sua combinação geral como signos, de
(exemplo: Whitney), essas duas espécies de mudanças no tempo:
sua combinação geral com a idéia, e de sua combinação particular.
a) uma palavra muda de significaçáo;
ora, essa persistência das funções é um fato deixado ao mais completo
b) uma palavra muda de forma (ou de som), enfim, muda materialmente.
acaso, não mais importante, em princípio, do que o fato inverso.
Seria preciso retomar tudo, e não se sabe de que lado começar. Seria Recorren-
do à comparação com a história de um organismo (?)
preciso, entre mil coisas, indagar o que é uma palavra (no tempo), se ela [ ]
pode mudar de forma e de signifìc ação e, portanto, o que signifi ca a afirma-
como entender o extremo mal-entendido que domina as reflexões so-
ção[ ] bre a linguagem?
Mas vamos nos limitar a retomar o fio condutor, em vez de tentar escla-
Supõe-se que existem termos duplos que comportam
recer o amontado de erros e de termos mal definidos que t uma forma, um
] corpo, um ser fonético
e uma significação, uma idéia, um ser, uma coisa
espiritual. -
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42 Sobre a Essêncio Dupla da Linguagem Sobre ø Essênciø Dupla dø Linguagem 43
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Dizemos, antes de tudo, que aforma é a mesma coisa que O mecanismo da língua
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a significação, e
- considerado sempre EM UM MOMENTO
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que esse ser é quádruplo. DADO, que é a única maneira de estudar esse mecanismo será, um dia,
-
estamos persuadidos disso, reduzido a fórmulas relativamente simples. Por
Visão habitual ora, não se poderia nem mesmo sonhar em estabelecer essas fórmulas: se,
para fixar as idéias, tentamos delinear, em traços gerais, o que nós nos re-
A Significação presentamos sob o nome de uma semiologiø, ou seja, de um sistema de sig-
B Forma nos totalmente independente daquilo que o dispôs e tal como existe no
espírito dos sujeitos falantes, é certo que estamos ainda, a despeito de nós,
Visáo proposta: limitados a opor, sem cessar, essa semiologia à sempiterna etimologia; que
essa distinção, quando se chega à particularidade, é tão delicada que absor-
II ve, só para si, atenção muito constante, que provavelmente ela será conside-
rada distinção sutil em mil casos, previstos ou imprevistos; que, por conse-
Diferença geral das Uma significaçáo Figura vocal qüência, ainda não está próximo o momento em que se poderá opera{, com
significações (só existe (relativa (que serve de forma toda tranqüilidade, fora de toda etimologia, sobre t ]
segundo a diferença a uma forma). ou de várias formas
das formas). em I).
B lSemiologiøl
Diferença geral Uma forma I. Domínio não lingüístico do pensamento puro, ou sem signo vocal e
das formas (só existe (sempre relativa
fora do signo vocal, que se compõe de quantidades absolutas.
segundo a diferença a uma signifìcação) II. Domínio lingüístico do signo vocal (Semiologia): nele também é inútil
das signifìcações). querer considerar a idéia fora do signo e o signo fora da idéia. Esse domínio
é, ao mesmo tempo, o do pensamento relativo, da figura vocal relatiya e da
Declaramos que expressões como A forma, A idéia; A forma e A idéia; O
relação entre os dois.
signo e A significação, são, para nós, sinais de uma concepção diretamente
III. Domínio lingüístico do som puro ou daquilo que serve de signo
considerado em si mesmo e fora de qualquer relaçáo com o pensamento :
falsa da língua.
Não existe a. forma e uma idéia correspondente; não hâ, também, ø sig- FONÉTICA.
nifìcação e um signo correspondente. Há formas e significações possíveis
(nunca correspondentes); há, apenas, em realidade, diferenças de formas e
I. Domínio não lingüístico do pensamento puro, ou sem signo vocal, e
diferenças de significações; por outro lado, cada uma dessas ordens de diferen- forado signo vocal.
ças (por conseguinte, de coisas já negativas em si mesmas) só existe como E a esse domínio, pertença ele a que ciência for, que deve ser relegada
diferenças graças à união com a outra. toda espécie de categoria absoluta da idéia, se for realmente dada como
E curioso que a nasal, como tal, pareça ser, em muitas línguas, uma absoluta, quando se pretende colocar, por exemplo, a categoria SOL, ou a
quantidade semiológica. Assim, em sânscrito
da palavra (simplesmente)
- no que diz respeito ao interior
é possível fìngir que se ignora uma relação
categoria do FUTURO ou a do SUBSTANTIYO contanto que sejam dqdas como
req,lmente absolutas e independentes dos signos tocais de
uma língua, ou das infi-
-
entre ri, n e n e ñ, tão completamente quanto uma relação entre b, g e d. Do nitas variedades de quaisquer signos. Não cabe ao lingüista examinar onde
mesmo modo que náo estabelecemos nenhuma troca entre b-g-d, mas que pode começar, realmente, essa libertação do signo vocal, se certas categorias
evocamos, pela presen ça de b g d, o ponto de vista diacrônico ou então nenhum preexistem e se outras pós-existem ao signo vocal; se, por conseguinte, al-
ponto de vista: assim também, pareceria natural evocar por [ ] gumas são absolutas e necessárias para o espírito e outras relativas e con-
tingentes; se algumas podem continuar a existir fora do signo enquanto
As quantidades semiológicas são unidades em que a língua reúne certos outras têm um signo, etc. Só aidéia relativa aos signos
elementos vocais atribuindo-lhes um valor uno ou semelhante [
t ]
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II. Domínio lingüístico do pensamento, que se torna IDÉIA NO SIGNO, ou
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w da mesma coisa duas coisas; isso sem nenhum jogo de palavras, como tam- w
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d,afigurøvocø\, que se torna SIGNO NA IDÉIA: o que não é duas coisas, mas bém sem nenhum mal-entendido sobre o que acabamos de chamar de coisa,
uma, contrariamente ao primeiro erro fundamental. É, hmbém, literalmen- a saber, um objeto de pensamento distinto, e não uma idéia diversa do mes-
te verdadeiro dizer que a palavra é o signo da idéia e dizer que a idéia é o mo objeto.
signo da palavra; ela o é acada instante, já que náo é possível, sem ela, nem cada vez que se tratar da crítica das operações gramaticais realizadas
mesmo fìxar e limitar materialmente uma palavra na frase. sobre um estado de língua determinado, nossas observações correrão o risco
Quem diz signo diz signíficação; quem diz significøção diz srigno; tomar por de serem tomadas por uma afìrmação banal do princípio histórico; o que é
base o signo (sozinho) não é apenas inexato, mas não quer dizer absoluta- justamente o contrário do que entendemos.
mente nada porque, no instante em que o signo perde a totalidade de suas Nós sustentamos, com efeito, precisamente ao inverso, que existe um
signifìcações, ele nada mais é do que uma fìgura vocal. estudo científico relativo a cada estado de língua tomado em si mesmo; que
esse estudo, além de não precisar da intervençáo do ponto de vista histórico
A distinçáo fundamental e única, em lingüística, depende, enrão, de saber: e de não depender dele, tem por condição preliminar que seja feita tábula
se é considerado um signo ou uma figura vocal como signo (Semiologia : rasa, sistematicamente, de toda espécie de visão e de noção histórica, assim
-
morfologia, gramâtica, sintaxe, sinonímia, retórica, estilística, lexicologia, como de toda terminologia histórica.
etc., sendo o todo ínseparável), o que implica diretamente quatro termos Infelizmente, a maneira de formular os fatos em cada um desses estados
irredutíveis e três relações entre esses quatro termos, sendo que as três de língua tomados em si mesmos é, até agora, eminentemente empírica., ou
devem ser, além disso, transportadas pelo pensamento na consciência do entáo, o que é muito pior [sic], corrompida desde o princípio pela intromis-
sujeito falante; são, supostamente científica, dos resultados da história em um sistema que
- ou se é considerado um signo ou uma figura vocal como figura vocal (foné-
tica), o que não acarreta nem a obrigação imediata de considerar um outro
funciona, repetimos, totalmente independente da história.
Que nos perdoem nosso absolutismo; mas nos parece, para dizer aver-
termo e nem a de se representar outra coisa além do fato objetivo; mas o dade, que mesmo numa obra absolutamente geral e quase que de divulga-
que é, também, uma maneira eminentemente abstrata de considerar a lín-
ção como, por exemplo, LaVie du Langage, de Whitney, seria preciso colocar,
gua: porque, acadamomento de sua existência, só EXISTE lingüisticamente desde a primeira pâgina, o dilema:
o que é percebido pela consciência, ou seja, o que é ou se torna signo. Cabe considerar a língua como o mecanismo que seïve à expressão de
um pensamento? Neste primeiro caso, que é tão importante quanto o ou-
tro, senão infìnitamente mais, basta fazer uma consideração histórica das
9 lAvíso øo leitorl
formas, e todo o trabalho da escola lingüística de um século para câ, dirigi-
Capital do unicamente à sucessão histórica de certas identidades que servem, de
repente, a mil fìns, é, em princípio, sem importância.
Náo podemos fingir que não vemos que a grande dificuldade de nossa Na prática e, auxiliarmente, com a condição, também, de ser aplicado de
exposiçáo (que vai alterar continuamente, receamos, o sentido de nossas maneira nova, porque ela se tornaria, então, metódica e sistemática, nós
observações no espírito de alguns leitores) vem do próprio erro que esre reconhecemos que o trabalho do historiador pode lançar uma luz muito
opúsculo é destinado a combater. Nós chegamos, efetivamente, a imaginar viva, incidindo sobre as condições que regem a expressão do pensamento,
que os fatos de linguagem, expressos com relação a uma época dada, repre- principalmente ao produzir a prova de que não é o pensamento que cria o
sentam ipso facto uma maneira EMPÍRICA de exprimir esses fatos, enquan- signo, mas o signo que determina, primordialmente, o pensamento (por
to que a maneira RACIONAL de exprimi-los seria exclusivamenre a que conseguinte , o cria, na realidade, e o leva, por sua vez, a criar signos,
sempre
recorre a períodos anteriores. Nosso objetivo é mostrar que cada fato de um pouco diferentes daqueles que recebeu).
linguagem existe ao mesmo tempo na esfera do presente e na esfera do
passado, mas com duas existências distintas, e comporta não UMA, mas
. Quando se quer, ao contrário, considerar a língua como uma soma de
srgnos (não é mais preciso faIar,
aqui, de sistema) que gozam da proprieda-
regularmente DUAS EXPRESSÓES RACIONAIS, legítimas do mesmo jei- qe de se
transmitir através do tempo, de indivíduo para indivíduo, de gera-
to, uma táo impossível de suprimir quanto a outra, mas acabando por fazer ção para geração, é preciso, desde o início, constatar que
esse objeto ofere-
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Linguøgem
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signifìcação completa ou complementa{, como um determinado ,.som,, de
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ce, apenas, alguma coisa em comum com o precedente. Essa opinião, que
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pode parecer paradoxal, encontra, a cada instante, sua verificação; e são língua; ou signo não vocal, como "o fato de pôr tal signo antes de tal outro,')
essas as duas maneiras, que julgamos irredutíveis, de considerar alingua. tem um valor purømente, por conseguinte, não positivo mas, ao contrário,
Suponhamos que temos que tratar da origem da linguagem. Haverâ, imediata- essencialmente, eternamente NEGATIVO.
mente, essas duas maneiras de conceber a questão: ou as condições em que A base perceptível, que é o primeiro e o último fundamento de qualquer
um pensamento chega a corresponder a um signo ou as condições em espécie de consideração lingüística, histórica, fìlosófìca, psicológi ca, nio é
-
que um signo chega a se transmitir durante seis meses, ou doze meses, e nem a forma, nem o sentido,
- nem,
logo o pensemento é suprimido porque esse pensamento pode diferir de um - nem 4qema terceiro lugar, a união indissolúvel da forma e do sentido,
instante para o outro. Ora, o fenômeno primordial da linguagem é a associ- - mas é 5a adiferença dos sentidos,
diferença das formas.
ação de um pensamento a um signo; e é justamente esse fato primordial que -
é suprimido na transmissáo do signo.
Em checo, uma palavra (neutra): zløto.

I}a Da essênciø, etc. Eu estou tentado a dizer que esse fato é muito mais instrutivo, por si só,
lPer sp ectitt a inst ønt âne a e fonétic a. E st ødol do que tudo o que foi escrito sobre a língua, por parte dos lingüistas, e, por
parte dos fìlósofos, sobre o mecanismo fundamental da relação entre o sig-
Quando se fica deliberadamente na perspectivainstantâneø, acaba-se sem- no e a idéia.
pre por compreender que não hâ nada no ESTADO de língua que possa se Não se pode, em primeiro lugar, desejar prova mais flagrante em abono
chamar de fonético. da afirmação de que um signo de linguagem só existe pelo estrito fato da
Mas que 1'cada fato supostamente fonético que existe na gramática de existência de outros, jâ. que, na declinação de zlato, todas as combinações
uma língua num dado momento é efetivamente fonético se for considerado possíveis da idéia de substância com as de [
comparatfuamente a uma outro época (começando por formulá-lo de maneira
] mas acontece que zløt é
absolutamente capaz de representar, ainda, a idéia t ]
totalmente diferente): mas é então que se abandona a perspectiva instantâ- Como isso se dá? Unicamente pela oposição com zlatëch.
nea e se mistura dois pontos de vista que não admitem ser misturados.
Quem diz forma diz diferença com outras formas e nada mais. pode-se
Ou então 2a quando, ao contrário, se quer formular o fato, propondo-se considerar apenas a diferença com umo outra forma, por exemplo, unica-
metodicamente a permanecer numa época dada, é regularmente impossível mente, a diferença entre ïflroç e ínæov ou bem unicamente a diferença entre
perceber em que esse fato se distingue de um fato semiológico (ou ircruoç e 0úÀcroocr. Neste caso, a
forma não é determinad a, ela não é determi-
morfológico, se assim se preferir) qualquer como, por exemplo, a oposição nada [ ]
de lupum com lupus, ou a oposiçáo de tu es com es-tu.
? Círculo vicioso fundamental
Caso de n cerebral, no sânscrito: pitnamahøm

2 formas e 2 sentidos (opostos respectivamente)


2formas e l sentido
(1 formae2sentidos)
zero forma e I,2 ott mais sentidos , n:. que essa fìgura vocal é determinad
tantes?
a par& a consciência dos sujeitos fa-

Checo: zlat genitivo plural

Toda espécie de signo existente na linguagem (1n o signo VOCAL de


toda ordem, signo completo tal como uma palavra, ou um pronome, signo
complementar como um sufixo ou uma raiz, signo destituído de qualquer
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Sobre a Essência Dupla dø Linguagem Sobre a Essência Dupla da Linguogem 49
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Acrescente-se, aqui, o fato de que se lê uma escrita correntemente Sem 70b Regra: n cacuminol
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se duvidar da forma dos signos: assim, a maioria das pessoas interrogadas


De que maneira uma regra de alternância como o n cacuminal em vez de
fìca muito embaraçada para reproduzir exatamente a forma de um 3 (mi-
n dental depois de r ç r , em sânscrito, é etimológica (ou se tornou semiológicø) ,
núsculo redondo) impresso, que cada um lê, todos os dias, cinqüenta vezes,
mas não é fonética, porque se tem
se não mil. O fenômeno parece ser exatamente igual ao da inconsciência do
som das palavras em si mesmo. De uma maneira mais geral, me parece que'
seja no campo do efeito individual (: semiológico), seja na perspectiva histó-
pitarnama o nome do pai
rica, os fatos relativos à escrita apresentam, talvez, a respeito de todos os ou mesmo pitrndmt pitrnømakar em uma só palavra
fatos que existem na linguagem, sem exceçáo, uma mina de observações
incessantes e de fatos não apenas análogos, mas completamente homólogos, sem que a proximidade, mesmo imediatq, do r influa, no que quer que seja, na
de um extremo ao outro, aos que se pode discernir na linguagem falada. pronúncia do n dental. Então, supor, como regra "fonëtica", que n depois de
Paraaescrita, o sentido é representado pelo som enquanto que o som é repre- r daria n seria absolutamente [ ]
sentado pelos traços gráficos; mas a relação entre o traço 1râfico e o som
falado é a mesma que entre o som falado e a idéia. 7I lDiversidade do sígnof
2e Serâ pelo sentido que se encontra atrelado à figura vocal? Nada de
erro! anti-Pascal. (Examinar) "Diversidade do signo na idéia" parece ser próprio dos ele-
Igualmente não: porque, em primeiro lugar, o sentido pode variar numa mentos gramaticais, enquanto que, na sinonímia, há sempre diversidade
medicla infinita sem que o sentimento de unidade do signo seja, nem mes- dos dois.
mo vagamente, atingido por essas variaçóes. Assim concepçã0. (Se bem que, Vai fr,car, na realidade, cada vez mais impossível esconder que nós não
de um momento para o outro, pode muito bem acontecer, com efeito, que a possuímos uma única espécie de distinções gramaticais que seja fundada
unidade seja rompida em favor dessas variaçóes.) Mas não sáo os fenôme- sobre um princípio definido ou sobre muitos princípios definidos em
-
nos desse gênero, supondo sempre uma sucessão de estados, que ajudaráo a tl
compreender o que ê um estado lingüístico em si mesmo ou o que valem os Em parte alguma se sabe onde está o terreno firme de onde partem as
termos que dele dependem; e é precisamente a intromissão perpétua e de- definiçóes: aqui se reúnem certos signos em nome de uma certa idéia (su-
sastrosa do que ê sucessivo ou retrospectivo naquilo que é instantâneo ou pondo, portanto, que o signo, por si mesmo, náo é defìnido): 1á se considera
presente, direto e geral, que constitui o objeto de nossos ataques. Náo se um signo como sendo, ao contrário, a coisa definida.
deve nem mesmo sonhar em defìnir o que é uma forma, nem qualquer outra Expressões como categoria gramatical, distinção gramatical, formø gramati-
coisa em lingüística, quando se começa por deixar que se infìltre, num esta- cal, unidqde e diversidade das formas gramøticøis, são também termos correntes
do real A, um outro estado real B, anteríor, o que dá, como união monstruo- aos quais somos obrigados a negar qualquer sentido preciso. O que é, de
sa, um estado completamente imaginário
A. fato, uma entidade gramatical?
B
Nós procedemos exatamente como um geômetra que pretenda demons-
Notø. Eu penso que o duplo estudo, semiológico e histórico, da escrita (sen- trar as propriedades do círculo e da elipse sem ter dito o que chama de
do que o último se torna equivalente à fonéticø no estudo da linguagem) círculo e de elipse.
constitui, graças ànatureza da escrita, uma ordem de pesquisas quase tão Assim, uma noção continuamente empregada (sob diversas formas) e
digna de atençáo quanto t ].Até o presente, a paleografia parece estar que parece clara, diyersidøde do signo, náo signifìca absolutamente nada; só se
totalmente inconsciente desse objetivo. pode falar da diversidade do sígno na idéiø unq ou da diyersidade do signo na idéia
diversa.
E as duas coisas, mesmo sendo essencialmente diferentes, se entrecruzam
de tal forma que seria profundamente errado dizer que basta, em cada caso,
subentender visto que, ao fìm de alguns minutos, ter-se-ia, já, admitido a
mudança sem- de nada suspeitar.
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Essência Dupla da Linguagem

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50 Sobre a Essência Dupla da Linguagem Sobre 51
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Mas essas duas coisas, por sua vez, sáo apenas um aspecto momentâ- diversidade, por conseguinte relativo, não se é tentado a dar uma existência
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neo, uma maneira empírica de exprimir os fatos, visto que nem a idéia nem positiva e finita a um dos dois termos independentemente do outro, ou a
o signo, nem as diversidades dos signos, nem a diversidade das idéias, re- partir de um dos dois termos de preferência ao outro, seja quais forem as
presentam jamais, por si só, um termo dado: nada é dado, a náo ser a diver- palavras usadas.
sidade dos signos combinada indissoluvelmente, e de maneira infinitamen-
te complexa, com a diversidade das idéias. 2. Diversidqde do signo que corresponde a uma significação unø (ou de emprego
Os dois caos, ao se unirem, produzem urr'a ordem. Não há nada mais uno)
inútil do que querer estabelecer a ordem separando-os. Ninguém, sabemos, (rathad-rajnas)
pensa em separá-los radicalmente. Mas apenas em separar um do outro e a
partir, qd libitum, disto ou daquilo, depois de se ter, anteriormente, feito
Aqui, ao contrário, é muito crítico começar a falar da diversidade do
disto ou daquilo uma coisa que supostamente existe por si mesma. É isso, signo na IDEIA una em vez de falar de sua diversidade no emprego uno ou
justamente, o que nós chamamos de querer separar os dois caos, e que nós significação unø | ]: porque isso é cair no erro de acreditar que haja, ante-
acreditamos ser o vício fundamental das considerações gramaticais às quais riormente estabelecidas, quaisquer categorias ideais em que aconteçam de-
estamos habituados. pois, secundariamente, os acidentes do signo. A unidade da "idéia" que
preside, aqui, à diferença do signo, só tem como sanção o fato de estar em
rathad-røjnas diversidqde do signo na significação una
outro lugar e por sua vez na mesma língua encarnada numa unidqde de signo
por oposição ø uma diferença de idéías (caso 3).
rathad-rath¿ diversidade do signo na idéiq diversa
Caso se queira absolutamente usar a palavra idéia, resultaría daí ter que
(unidade do signo na idéia una)
formular como se segue os dois casos de que nos ocupamos.
raJnas-raJnqs unidade do signo na idéía diversa 7e caso simplesmente: diversidade do signo na idéia diversa, mas em
id. - id. diversidade da idéia no signo uno compensação
(røthad-rathc) diversidade da idéia no signo diverso do signo na idêia una, mas essa unidade da idéia
2e caso: diversidade
(unidade da idéia no signo uno) corresponde, em algum lugar, a um signo uno;
(rathad-rajnas) unidade da idéia no signo diverso
3. Diversidq.de da significação que corresponde a uma unidade de signo
Resíduo: Duas coisas para eliminar:
rathad-rathc diversidade do signo em signifìcações diferentes 1q diversos sentidos de uma palavra que só são diversos se são defìni-
-
dos exatamente, cada um, por uma outra palavra;
rdjnøs-rajnas unidade do signo numa significação diferente
2q os sentidos de dois homófonos. Como son "sonus" e son.
rathad-rajnas diversidade do signo numa signifìcação una
Resta o caso de rajnas ablativo e rajnas genitivo.
a unidade de só pode ser constatada por t ]
significação
72 lvidø da linguagemf
Uma signifìcação assume uma existência ou pode-se pensar que ela as-
Por vida da linguagem pode-se entender, primeiramente, o fato de que a
sume uma existência fora dos signos t ]
linguagem vive através do tempo, ou seja, é suscetível de se transmitir.
Esse fato é, se assim se preferir, um elemento vital da linguagem, por-
l. Diversidade do signo que corresponde a significøções diferentes (ou ernpregos
que nada há na linguagem que não seja transmitido; mas ele é, sobretudo,
diferentes)
absolutamente estranho à linguagem.

Aqui, pode-se substituir, se assim se preferir, significøção (ors emprego) - Ou SIGNO e seqüência de tempo, mas, nesse caso, nenhuma idéia no
signo. É isso que se chama fonética.
por idéia ou outra coisa, sem inconveniente grave porque, sendo tudo uma
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Sobre a Essência Dupla da Linguøgem 53

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52 Sobre Essência DupIø da Linguagem
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73 lGramática : cøtegoriøsf
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Ou SIGNO IDEIA: mas, neste caso, inversamente, nada de seqüênciø w
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-
de tempo; necessidade de respeitar completamente o instante e unicamente o
c u -tr a c k

Uma cøtegoria gramaticøl, como a categoria do genitivo, por exemplo, é


instante. É o domínio da morfologia, da sintaxe, da sinonímia, etc.
uma coisa completamente inacessível, uma palavra verdadeiramente desti-
A existência que se pode atribuir ao signo só está, em princípio, na asso-
tuída de sentido, no emprego que dela fazemos diariamente. Nós não que-
ciaçáo que o espírito faz dele com uma idéia: por isso, podemos e devemos
remos dizer, o que é evidente logo de início, que essa categoria não seja
nos surpreender pelo fato de se tornar necessário conceder ao signo uma
necessária para o espírito, nem representada com necessidade nas diferen-
segunda existência, que não depende da idéia à medida que se avança no
tes línguas que se examinará, nem una naquilo que abrange, em geral ou em
tempo. Essa segunda existência, é essencial observar, só se manifesta ou
particular, em tal língua. Nós queremos dizer que, numa língua determina-
encontra sanção tangível no instante em que há, um em face do outro, um
da, em que existe um "genitivo", não se sabe jamais o que é entendido, de
passado e om presente, enquanto a primeira é imediatamente contida no pre-
momento a momento , de pâgina a pâgina, de linha a linha, por essa palavra
sente. Em compensação, a segunda existência do signo (através do tempo) só
"genitivo" ou o que se quer exatamente generalizar quando se fala da cate-
se mantém quando se isola o signo de sua signifìcaçáo e de qualquer signi-
goria do genitivo, de que usufrui a gramâtica dessa língua.
fìcação que lhe sobrevenha.
exemplo, o genitivo grego.
- Tomemos, por
O sistema da língua pode ser comparado, com proveito e em vários sen-
Ora, entende-sepor genitivo, emgrego, a "distinção gramatical do genitivo"
tidos, embora a comparação seja das mais grosseiras, a um sistema de sinais
de uma certa idéia superior aos signos, exterior aos signos, independente
marítimos obtidos por meio de bandeiras de diversas cores.
dos signos, planando no domínio daidêiapura: de tal maneira que se discu-
Quando uma bandeira, entre muitas outras, ondula no mastro [ ],
ela tem duas existências: a primeira é ser um pedaço de pano vermelho ou
re[ ]
azul, a segunda é ser um signo ou um objeto, que se entende dotado de um
sentido para aqueles que o percebem. Observemos as três características 74 lGramática: regrøs)
eminentes dessa segunda existência:
lq Ela só ocorre em virtude do pensamento que se liga a ela. Entre as regras consideradas essenciais numa gramâtica sânscrita, seja
2q Tudo o que representa, para o espírito, o sinal marítimo de uma ban- esta regra fonética: "s sânscrito depois de k, r e de vogais, com a exceçáo do
deira vermelha ou azul procede, náo do que ele é, não do que se decidiu a la/dl se torna (resulta, se transforma em) ç." Não contestamos, aqui, a
associar a ele, mas exclusivamente destas duas coisas: 1) de sua diferença fórmula. Dizemos por exemplo: "o que é s em tal caso aparece como ç em tal
com relação aos outros signos que fìguram no mesmo momento, 2) de sua outro"; nós escolhemos a redaçáo que é a menos criticável e procuramos o
diferença com relação aos signos que poderiam ter sido içados em seu lugar e que se deve pensar de uma regra desse gênero em si mesma.
1a O que faz com que o gramático se julgue obrigado, de repente, a
em lugar dos signos que a acompanham. Fora esses dois elementos negati-
vos, ao se perguntar onde reside a existência positiva do signo, vê-se, ime-
formular uma regra que diga respeito à aparição de um certo elemento s,
quando não formula nenhuma para a grande maioria dos outros elementos
diatamente, que ele não possui nenhuma e que esses t ]
do mesmo sistema. Ele nem considerou, por exemplo, explicar ou reduzir a
Quando se chega à última análise, que é logo alcançada, vê-se que não é
uma regra a presença do p em pita ou a presença do y em açvas. Por que, a
possível compreender o que é a língua sem conhecer, em primeiro lugar, as
presença do s em çismas, vaksyami atrairia mais a sua atençáo, ou a nossa,
vicissitudes que ela atravessa de uma época à outra: mas, depois disso, nada
exigiria uma explicação, seria motivo de reflexão ou pediria, de repente,
é mais necessário, acreditamos, do que restabelecer uma separaçáo absolu-
uma regra?
ta entre o ser "língua", sempre momentâneo, e o fato contingente desse ser
"língua" ser ordinariamente destinado a se transmitir através do tempo. Na Não é preciso procurar a resposta muito longe. Uma possibilidade de
regra se deixou entrever e atraiu, por acaso, o espírito do gramático para e
realidade, tudo o que existe na língua provém, muitas vezes, dos acidentes ç
de sua TRANSMISSÃO, mas isso náo signifìca que se pode substitui¡ pelo
estudo dessa transmissão, o estudo da língua; nem, sobretudo, que não hâ,
a cada momento, como nós afirmamos, duas coisas de ordem inteiramente
distintas na língua, de um lado, e na transmissão, de outro.
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54 Sobre a Essência Duplø da Linguøgem Sobre a Essênciq Duplø da Linguøgem
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car sua presença, em que circunstâncias isso pode se produzir e, definitiva- w
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.c Características da espécie de fatos morfológicos .d o
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mente, de que se compõe o capítulo da "fonética" de uma língua que consis- ou da espécie de regras "fonëticas" que dá.
te apenas de regras desse gênero (uma vez libertas, naturalmente, da a ilusão de fatos fonéticos
hibridaçáo com o ponto de vista diacrônico, que tem, como primeiro efeito,
furtar à discussão qualquer objeto fìrme). É necessário ver o que eles são com relação ao dado verdadeiramente
A fortuita possíbilidade de regrø, freqüentemente fonético e com relação à etimologia.
2e muito evidenre, mas
que, por si só (e sem o exercício de crítica alguma, como acabamos de ver), e 2q o que são com relação ao dado do fato morfológico em geral.
determina o total deregras que se estabelece entre um som e outro, por sua
vez, de onde provém? Primeirø série de reflexões
Segunda regra
De onde se parte, o que se tem em vista, onde se chega exatamente
Em todos os casos em que um s deveriaftgurar, seja depois das consoan-
quando se tenta, com ou sem ra.zão, formular uma regra de fonética instantânea
tes fr. e r, seja depois de uma vogal ou ditongo que não seja a e õ, esse s é
permanecendo, fiel a este ponto de vista, legítimo ou não, já que
substituído por s; -as conseqüências datodavia,
mistura adlibitum de pontos de vista (que é o procedi-
mento habitual) só podem ser estudadas posteriormente?
Ex. O sufixo do futuro é -sya-ti:
pã-sya-ti, "ele protegerá"
1. De onde se parte e o que se tem em vista? Não se tem nada em vista.
mas ne -çya-ti, "ele conduzirá"
Parte-se, empiricamente e maquinalmente, da impressão de que a presença
Consideremos tap-sya-ti, "ele inflamará ou atormentarâ"
de tal elemento tem relação com certas circunstâncias e apresenta um cará-
Mas: vak-sya-ti, "ele dirâ"
ter de regularidade apreciável. Quando se decide, por exemplo, que cabe es-
(açvesu baniksu.)
tabelecer uma regra sobre o aparecimento, é simplesmente porque pareceu
que havia possibilidade, não se sabe como, de estabelecê-la; a melhor prova
cf. senosu cf. saritsu
disso é que não há interesse em estabelecer o aparecimento, que há, na
mesma língua, uma multidão de elementos da mesma ordem com que nin-
15 lRegras guém se importa, cuja presença, ao contrário da presença dos precedentes,
de fonética ínstantâneal
não se torna jamais objeto de uma regra, sem que haja, nem mesmo, uma
Quaestio tentativa de explicar por quê.
Compõe-se marut- com uma outra palavra. IHrâ, uma regra "fonética,, so-
bre em que se transformará o t. 2. Em que circunstâncias precisas a presença de um elemento (não sig-
Compõe-se dvtpin- com uma outra palavra. Há uma regra "morfolôgica,, nifìcativo em si mesmo e considerado, por essa mesma razáo, fonético) se
exigindo que se parta de dvtpi-, depois uma regra "fionética" que indique em torna objeto de uma regra?
que se transformará o i. Todas as regras de fonética instantânea têm, na realidade, por sempiter-
Há um limite? na substância, dizer que um elemento B (nas circunstâncias indicadas) é o
É verdade que a regra do ¿ de marut vale para qualquer f, mas dizer que substituto de um elemento cr.
dv pia + açv qu dâ dv t py øçv au, não vale para qualquer in, mas apenas par a o in
t

de uma certa classe de formas.

outro fato, que se mantém independente dessa concepção ou


dessa redação,
e que há com efeito, inevitavelmente
e de qualquer maneira, d,ois termos
presentes quando
uma "regra" de "fonética instantânea" é enunciada sob
uma formula qualquer (um
dos termos pode ser zero).
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a Essência Dupla da Linguagem
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3. Como toda regra de fonética instantânea se move entre dois termos Isso se houvesse apenas o fato de que jamais se encontra um s depois de
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6¿-B que se intercambiam, de onde se infere que um dos dois, por exemplo cr, h, r e vogal em exemplos, como muçnami e asmi, que nada têm em comum
tem, sobre o outro, uma posição de preeminência ou de prioridade? morfologicamente.
Por exemplo, supondo -se, jâ que é preciso, que cabe estabelecer uma É a mesma coisa para rl - n São casos como çurerla açvena, ou muçna-
regraparaaaparição do ç sânscrito (reconhecendo-se, por outro lado, o que
-
mi-/badhanami, ou nayami-/prar¡ayømi I ]
é evidente, que essa regra só signifìca, no fundo, que se estuda não aapari-
ção de ç, mas a troca de ç/s)
- por que, admitidas essas coisas, dizer que o
s sânscrito "se torna" ç em tais circunstâncias (e deixamos completamente
76 Características dø regrø de fonética instantânea"
de lado a grande questão da palavra "se torna"), em vez de dizer, inversa-
mente, que o ç sânscrito "se torna" s em tais outras? Começa aqui toda uma Característicøs da regra de fonética instantânea
série de observações de aplicação geral.
1. Ela supõe dols termos a-p.
Querendo realmente se ater a um estado de língua dado
não estamos mais sobre nenhum terreno definido
- e sem isso
pode-se dizer que o
(S) (Nenhuma regra desse gênero se aplica a um termo determinado
-
termo cr é substituído pelo termo B (ou transformado no termo p) tanto
fora de uma oposição com outros, por exemplo [ ])
2. Os termos a-B são simultâneos. (S)
quanto se pode dizer o inverso; não há a menor razão para atribuir à q, ou à
B a qualidade de termo normal com relação ao outro. "s depois de h, de r e de
3. 1 l
vogais, fora la/a], se torna ç" es então, numa tentativa de progresso, o
queésaquiéçlá. - MESMO com a mais ampla admissão de todas as fórmulas que náo se

(Nós náo insistimos aqui na fórmula e admitimos que se pode estabele- poderia aprovar na medida em que se avizinham do ponto de vista
etimológico, [ ]
cer a regra sem sair da época dada.)
(A regra de fonética instantânea é essencialmente incapaz, mesmo como
regraprâtica, de formular uma relação constante entre os fatos.)
Primeira ordem de considerações

[a)] O que leva, antes de mais nada, o gramático aquererformularuma -Há Adois
troca, como única expressão verdadeira de todo movimento na língua.
tipos de troco, qlue são completamente distintos, na vida língua
regra (dita regra fonética) relativamente à presença de um ç emtøksu, girisu, da
mas, em compensação, não hâ mudançø. Para que houvesse mudança, seria
çiçmøs, etc., quando ninguém sonha em formular uma regra sobre a presen-
ça de um p em pftA, de y em qvq, etc. É exclusivamente, como todos
Fm
preciso que houvesse uma matéria defìnida em si mesma num momento dado,
vêem, o fato de que s se encontra oposto ao s nas formas de um evidente o que não acontece jamais; só se pronuncia uma palavra pelo seu valor.
parentesco: t ] Na troca, a unidade é estabelecida por um valor ideal, em nome do qual
se considera equivalentes entre si objetos materiais que podem, ademais,
b) Admitindo-se que cabe estabelecer uma regra como o gramático ser absolutamente dessemelhantes e, além disso, constantemente renova-
hâ de fazer para I l
- dos, cada um em sua substância. Essa é exatamente a característica de todas
Entáo, em nenhum momento, a pretensa regra fonética estabelecida, as "mudanças" ou "movimentos" lingüísticos.
restringindo-se a um dado estado de língua, se distingue, no que quer que Náo há outro princípio de unidade além do princípio da unidade de valor
seja, de uma regra morfológica, o que ela é, unicamente e efetivamente. e, por conseguinte, nãohâ mudança que náo tenha a forma de uma troca.
vaksu jihvasu é uma regra totalmente semelhante, em sua essência, Agora, há diferentes gêneros de vøIores, dependendo da base que se toma.
-
em sua natureza, àquela segundo a qual há presentes em -ni e [ ]
Substituir luíses por napoleões é uma mudança.
c) Sua regta é, finalmente, a expressão de uma ahernância, fato essenci-
almente morfológico. , J-. regra de "fonética instantânea" é sempre teoricamente impossível
oe tormular de uma
Suprimida a alternância, não há mais nem regra, nem sugestáo para maneira satisfatória e racional, mas estará sempre, além
disso, prøtic qmente
estabelecer uma regra. sem nenhum a garantiade ,.regularidade,,.
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Sobre a Essência Dupla dø Linguøgem
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a Essência Dupla
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Sobre da Linguøgem 61
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acidentais que não devem, jamais, impedir que ele seja percebido em sua w
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unidade. 20b lNegøtividade e díferençø, 2l


5. ETIMOLOGICAMENTE (o que é passar a uma ordem de considera-
ções inteiramente separada da precedente e, não podendo intervi¡, nós a
manteremos inflexivelmente, que seja a título auxiliar, e sem modifìcar em

ma ordem, que possua essa suposta existência


- embora
somos desafiados a reconhecer que sem essa fìcção
talvez, eu admito,
o espírito seria literal_
mente incapaz de dominar uma tal quantidade de diferenças, em que não
há, em parte alguma, em momento algum, um ponto de referência
fositivo
e firme.
Hâ, nalíngua, um lado físico e um lado psíquico. Mas o erro irremissível,
que se traduzirâ de mil maneiras em cada parâgrafo de uma gramâtica, é Em outros domínios, se não me engano, pode-se falar dos diferentes
acreditar que o lado psíquico é aidéiaenquanto o lado físico é o som, aformø,
objetos considerados, se não como coisas existentes em si mesmas, ao me-
a palavrø.
nos como coisas que representam coisas ou entidades positivas quaisquer,
As coisas são um pouco mais complicadas do que isso.
para formular de outra maneira (a menos, talvez, que empurrem os fatos
Não é verdade, é profundamente errado imaginar que há oposição entre
até os limites da metafísica, ou da questão do conhecimento, de que preren-
o som e aidêia, que são, ao contrário, indissoluvelmente unidãs pelo nosso
demos fazer completa abstração); ora, parece que a ciência da linguagem é
espírito.
colocada à parte na medida em que os objetos que estão diante dela jamais
A oposição t l têm realidade em si ou àparte de outros objetos a considerar; que, absoluta-
Assim, há, de um lado,
mente, não têm qualquer substrato para a sua existênc ia fora de sua diferençø
ficação (entidadepsíquica) :r'ö;åTi- ou NAS diferenças de todo tipo que o espírito encontra meio de vincular À
co. Essa verdade de sentid ser absolu_ diferença fundamental (mas que sua diferença recíproca dâ a cadaum toda a
tamente preciso para quem quer estudar a ríngua: trata-se de saber quais
sua existência): mas sem que se saia, em ponto algum, do dado, fundamen-
são as coisas a serem dispostas no domínio fîsico e quais são as
coisas a talmente epara sempre negativo, da DIFERENÇA de dois termos, e não das
serem dispostas no domínio psíquico.
propriedades de um termo.
A cômoda distinção tradicional, e desastrosa, que anula, na realidade, Todas as vezes que, numa ramificação qualquer da lingüística, e recor-
no germe, todo estudo racional da língua, é supor que o lado psíquico é, rendo a um ponto de vista qualquer, um autor se dedica a uma dissertação
simplesmenre, a IDÉIA ou a significaçãã, enquanto que o rado fí;ic;
I l sobre um assunto de "fonética", de "morfologia", de sintaxe determinada
por exemplo, a existência de uma distinção gramatical de feminino em
-indo-europeu,
20a lNegatividade ou a presença de um ¿r cacuminal em sânscrito, isso signi-
e díferençø, 1l -
fìca que ele quis estudar um certo setor de fatos negativos e
desprovidos, em
(Muito importante:) Anegatividade dos termos, na linguagem, pode si mesmos, de sentido e de existên cia,
ser seu estudo será proveitoso na
considerada øntes de se fazer uma idéia do rugar da linguagã-; qu-to medida em que opuser os termos que tiver que -opor; não muito,
a essa e em um sentido
negatividade, pode-se admitir, provisoriamente, que a linguagem não comum: a saber, que o fato de que ele se ocupa só
existe fora existe, literalmente,
de nós e do espírito, já que insistimos apenas no fato a" ql" os na presença de fatos oponíveis. ora, admite-se
diferentes que se ocupar de uma certa
termos da linguagem, em vez de serem diferentes termos,
como as espécies substância química, ou de uma certa espécie
zoológica (a menos, eu não
químicas etc., não passam de diferenças determinadas entre os termos, penso em repeti¡, que se ponha
em questão, filosoficamente, todo o valor de
que
seriam vazios e indeterminados sem essas diferenças. nosso conhecimento) é se ocupar,
verdadeiramente, de um objeto que tem
uma existência em si, Iivre
de objetos da mesma ordem. Nós negamos, ao con-
trário, que nenhum fato
de líigua, depois t ] exisra, pã, ,r- instanre
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Sobre da Linguøgem Linguøgem
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Sobre a. Essência Dupla da 63
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sequer, por si mesmo, fora de sua oposição com outros, e que seja alguma Assim como, no jogo de xadrez, seria absurdo perguntar o que seria
coisa além de um modo mais ou menos feliz de representar um conjunto de uma dama, um peão, um bispo ou um cavalo, considãraãos fora
do jogo de
diferenças emjogo: de sorte que só essas diferenças existem e que, por isso xadrez, assim também não tem sentido, quando se considera verdadeira-
mesmo, todo objeto sobre o qual incide a ciência da linguagem é precipita- mente alínguø, buscar o que é cada elemento por si mesmo. Ele nada
do numa esfera de relatividade, saindo, completa e gravemente, do que se
é além
de uma peça que vale por oposição às outras, segundo certas convenções.
entende, em geral, por "relatividade" dos fatos. se não fosse pelo fato, em suma contingente, de que os materiais da
Por sua vez, as diferenças em que consiste toda a língua nada representa- língua se transformam e acarretam, só por sua mudança, uma metamorfose
riam, nem mesmo teriam sentido em tal questão, se não se quisesse dizer inevitável nas próprias condições do jogo, não seria necessário, e jamais
se
com isso: ou a diferença das formas (mas essa diferença nadaê), ou a dife- teria considerado, escrutinar a natuteza exata desses materiais: seria um
rença das formas percebida pelo espírito (o que é alguma coisa, mas pouca esforço positivamente inútil.
coisa, na língua) ou as diferenças que resultam do jogo complicado e do equi- Para compreender a transformação das diferentes peças graças ao
líbrio fìnal. tem-
po, é útil analisálas em si mesmas. Não é isso que queremos ressaltar mas,
Assim, não apenas nãohaverâtermos positivos, mas diferenças; mas, em antes, que em cad s, valoresRELATIVOS (na realida_
segundo lugaç essas diferenças resultam de uma combinaçáo da forma e do de, até mesmo c dos, antes de tudo, na possibilida_
sentido percebido. de de opor dois dois valores).
como rmfato delíngua exige separação entre os pontos de vista diacrônico
e sinóptico.

27 lldentificaçã.o; Valores relatiyos, ponto de vistøf


partimos, em um único ponto, de alguma coisa de concreto ou se jamais
Nós reconhecemos a identidade morfológica (que existe necessariamente houve alguma coisa além de nossos pontos de vista indefìnidamente
entre duas línguas determinadas); multiplicáveis.
[1] a identidade segundo a análise
morfológica: alka alka
[2] sentido de palka 22a lFonéticq e morfologial
empi_alha
Foneticøment¿, ou no domínio das figuras vocøis, há um limite exato e
e, enfìm, a identidade segundo a sucessão possível que cria a identidade no absoluto entre a alteração indefìnida de uma figura e o perfeito aniquila-
qrþa 1

mento dessa fìgura.


alka
tempo aukq
oRq
OR

seja, cada uma tem, a cada momento, um valor absolutamente


qualquer,
Em compensação, negaremos sempre que falar de alhatenha algum sen- impossível de se prever, que vem simplesmente, e de
minuto a minuto, do
tido, que haja alguma coisa que seja alÞa fora de uma dessas operações su-
bentendidas de identifìca ção. Elasupõe imediatamente a eleição à" tr- ponto
de vista: sem essa eleição, as identificações possíveis continuam múltþlas e
segue-se daí que a fórmula alka não representa literalmente nada.

1. Apenas arkø, nesse paradígma, é uma palavra sânscrita. (N.do E.)


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ção morfológica em eslavo primitivo; mas, em princípio, há apenas um sim-
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como coisas signifìcantes e presentes na consciência; por conseguinte, a w
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ples acaso nesse fato: poderia muito bem ocorrer, por acidentes semelhan-
ignorar sistematicamente todas as circunstâncias etimológicas e retrospec-
tes a mil outros que conhecemos, que zlat fosse realmente, por exemplo, o
tivas, que estão ausentes da consciência.
caso-cornplemento do plural, por oposição ao caso-sujeito, estando toda a decli-
Exemplo da diferença fonética entre modiftcaçã.0 e zero como termos su-
cessivos no tempo, por oposição à indiferença morfológica: numa época pré-
nação (ou toda a "sintaxe do nome") reduzida a duas distinçóes, como em
histórica, o genitivo plural eslavo da palavra zlato deve ter sido *zlatóm, de- francês antigo; ora, que sentido teria, nesse caso, falar do genitivo plural
pois, mais tarde, *zlatón, mais tarde e, historicamente, por transformação zlst, se é só no sentido puramente fonético que zlat vale *zlatú, *zlatón, etc.,
regular, zlatú empaleoeslavo; hoje em dia (por exemplo, em checo) zlat, por independentemente de sua existência como genitivo plural e até mesmo
desaparecimento constante de toda espécie de ù, em qualquer posição. como uma forma qualquer mas, simplesmente, em sua existência de fìgura
FONETICAMENTE, pode-se traçar uma fronteira, que será absoluta, vocal. Ora, na verdade é certo, desde que se continue a estabelecer categorias
entre os períodos (zlat)-õm, -õn, -ù, de um lado, onde temos sempre amodi- fora do tempo, que, mesmo como "genitivo plural", a posição morfológica
de zlat é consideravelmente diferente, em checo, do que o era em eslavo
ficação de um elemento dado - e a época zlãt, onde temos subitamente, no
lugar de nosso elemento, um zero. Mas é só fonetícamente que haverá sentido primitivo ou em indo-europeu: há, por exemplo, o fato de que nenhum
em estabelecer, aqui, um limite, no preciso instante em que, morfologicømente, masculino forma, do mesmo modo que zlat, seu genitivo plural (agora é um
esse acidente não tem a menor conseqüência: o nada também é táo válido e genitivo plural neutro), ao passo que nada havia de distintivo entre os gêne-
tão fâcil de usar quanto o chamado signo "do genitivo plural" que pôde se ros. Em segundo lugaç por exemplo, zlat oferece empregos exatamente iguais
apresentar agora mesmo e que se estabelece, em toda païte, tão acidental- aos do genitivo singular zlqta: é o caso de todos os neutros; mas, entre os
mente quanto a ausência de signo no instante presente. masculinos e femininos, o genitivo singular (quando apalavra designa um
Morfologicamente, esse acidente não tem nem mais nem menos impor- ser animado) não tem um emprego igual ao do genitivo plural; e é só através

tância do que teria uma transformação qualquer do signo; o nada, no ins- de toda uma série de fatos paralelos (que podem ser totalmente desconheci-

tante em que se produz, náo difere, literalmente em nada, do signo positivo: dos na véspera) que se determina uma idéia como a que está contida em
o genitivo plural zlst ê tão apto a exprimir seja o que for quanto se contasse zlat. O rótulo de genitivo nos vem do estado acidental dos signos latinos.
com um "expoente" particular, como contava, antes, sob a forma zlatú, O essencial está, todavia, em outro lugar, que não as observações prece-
Eis aí o que se é levado a observar para opor, em princípio, o que é a dentes: é preciso voltar sempre a isto, que morfologicamente não há nem
destruição de um elemento pela fonética e o que é a destruição desse ele- signos nem significações, mas diferenças de signos e diferençøs de significações, 7e

mento para a morfologia; ou seja, uma coisa totalmente indiferente, já que que só existem, absolutamente, uns através dos outros, sendo então
não é mais importante do que a modifìcação de um elemento, sendo que a inseparáveis, mas 2q que não se correspondem diretamente.
morfologia vive dessas modifìcaçóes.
Mas há, na realidade, nessa comparação que é destinada a melhor escla- 22b lPrincípio fundamentøl da semiologial
recer o princípio semiológico ou morfológico, uma inj(ria a esse princípio:
que não comporta um só instante, não deixaremos de aftrmar, a perspectiva Princípio fundamental da semiologia, ou dø "língua",
diacrônica aplicável aos fatos fonéticos. Nós fomos forçados, com efeito, consider ada r egulør mente como língua
para comparar um fato morfológico a um fato fonético, a supol antes, que e não como resuhado de estados precedentes
existem fatos morfológicos no tempo, por exemplo, que existe um "genitivo
Não há, na língua, nem signos nem signiJicações, mas DIFERENçAS de
plural", eslavo ou outro, transmissível através de mil anos sob uma certa signos e DIFERENÇAS de significação; as quais 1q só existem, absoluta-
identidade de genitivo plural, sem que se saiba se essa identidade reside em
mente, umas através das outras (nos dois sentidos) sendo, portanto,
uma certa categoria Lôgica, que se transmitiria misteriosamente fora dos inseparáveis e solidárias; mas 2q náo chegam jamais a se corresponder dire-
signos, ou numa certa série de signos, que sáo eternamente variáveis em tamente.
forma e em valor.
De onde se pode, imediatamente, concluir: que tudo, e nos dois domí-
Para o caso de zlat, em checo, genitivo plural de que nos ocupamos, é nios (não separáveis, aliás), é NEGATIVO na língua repousa sobre uma
relativamente exato comparar sua posição morfológica em checo à sua posi- -
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Sobre a Essência Duplø da Linguagem
Linguøgem
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Sobre a Essência Dupla da
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oposição complicada, mas unicamente sobre uma oposição, sem intervençáo
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um sotaque estrangeiro, enfìm, como uma coisa que ofende, de frente
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w w
w

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.d o .c e .d o .c
c u -tr a c k c u -tr a c k
necessária de nenhuma espécie de dado positivo.

O princípio da negatividade de signos e de significações (o que é absolu-


tamente a mesma coisa, desde que se aceite a solidariedade afirmada acima)
se verifìca a partir das mais elementares substruções da linguagem.
É indiferente saber se, numa língua, a vale duas vezes a duração de ã ou
três vezes, ou uma vez e meia, ou uma vez e um terço. O que é capital, é 23 lSentido próprio e sentido figuradol
saber que a não tem a mesma duração de á.
corolário. Não há diferença entre o sentido próprio e o sentido figura-
será igualmente de toda a importância saber que entre a e à se coloca -
do das palavras (ou: as palavras não
uma terceira quantidade, que vale menos do que ø e mais do que å; mas é têm mais sentido figurado do que sen-
uma falsa suposição pensar que é indispensável fixar quanto vale essa quan- tido próprio) porque seu sentido é eminentemente negativo.
Fala-se, por exemplo, (e nós escolhemos de propósito um exemplo relati-
tidade média
- absolutamente ou com relaçáo à a e à ð. Fundamentalmen-
te, a língua repousa sobre diferenças. Menospïezar esse fato, obstinar-se vamente t ]) de uma pessoa que era o sol da existência de outra, porque:
1q não se poderia dizer que ela era aluz, ou
atrás de quantidades positivas é, eu acredito, se condenar a continua¡, de
2q se existisse, em francês, um termo que signifìcasse claridøde d,o sol
uma ponta à outra do estudo lingüístico, ao largo do fato verdadeiro, e do
fato decisivo em todas as diversas ordens em que somos desafiados a consi- (como cløir de lune fluarl) ou um termo que signifìc asse dependência em que
está a terra com relação øo sol; ou, por outro lado, dois termos para sol, confor-
derar a língua. Nem é preciso dizer que não se trata de considerar inúteis as
pesquisas que contribuem para fixar exatamente nossos conhecimentos. me ele se levanta ou se põe, ou conforme seja comparado ou não a outros
chega sempre um momento em que o conhecimento do fato nítido é corpos celestes, é absolutamente duvidoso que se pudesse, ainda, empregar
indispensável, até mesmo onde ele era menos esperado; mas se um tal co- sol na locução suposramente figurada que foi empregada.

nhecimento é da maior utilidade para o lingüista, em certas circunstâncias seria empregado um outro termo, talvez muito mais expressivo, mas
que tentaremos precisar, nós continuamos a dizer que a língua só se alimen- resulta daí que não é a idéia positiva, aidêia, exrerior à língua, de sol, que
ta, em sua essência, de oposições, de um conjunto de valores perfeitamente faz a imagem: que é simplesmente a oposição com outros termos que são,
negativos, que só existem por seu contraste mútuo. eles mesmos, mais ou menos apropriados, como estrela, astro, claridade, uni-
dade, objetivo, ølegria, encorøjamento, | ]
E assim que um fenômeno, que parecia totalmente perdido em meio a
centenas de fenômenos que se pode distinguir, de início, na linguagem, aquele
que chamaremos de FLUTUAÇÁo fonética, merece, desde o começo, ser 24 lSígnos e negatívidadel
tirado da massa e colocado, ao mesmo tempo, como único em seu gênero, e
totalmente característico do princípio negativo que está no fundo do meca- Existe na língua:
nismo da língua. lq se for considerada em um momento dado: não apenas signos, mas tam-
Existem, provavelmente em toda língua, certos elementos ou certos gru- bém significações não separáveis dos signos, visto que ,rão mereceriam
pos que oferecem, náo se sabe por que, uma lqtitude de pronúncia, enquanto mals seu nome sem a significaçáo. "rt",
que a grande maioria é absolutamente inflexível na maneira de se pronun- Em compensação, o que não existe sao
ciar. Em francês, pode-se pronunciar, sob o som de r, duas ou três consoan- . a) as signifìcações, as idéias, as categorias gramaticais fora dos signos;
elas existem , talvez, exteriormen te ao domínio
tes completamente diferentes em articulação e, além disso, tão diferentes lingüßtico;é uma questão muito
duvidosa, a ser examinada, em todo caso, por
para o ouvido que não hânada que se note mais no falar de um indivíduo. outros que não o lingüista;
Entretanto, todos esses sons tão diferentes são aceitos o) figuras vocais que servem de signos não existem mais na língua
- por assimdesvio
dizer, ,_ lt
legalmente como valendo a mesma coisa: ora, o mais insignificante
rnstantânea. Elas fìsiologista, náo para o
-
que se fizesse na pronúncia de um s ou de um d seria, ao contrário, percebi-
lingüista e nemp ão há signifìc açáo fora
do signo ø, assim
do imediatamente ou como vício ridículo de pronúncia ou como signo de ficação.
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68 Sobre a Essêncía Dupla da Linguagem Sobre a Essência Dupla da Linguagem 69
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2e Se, ao contrário, a língua for considerada ao longo de um período:
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w termo, pois, e 2e, uma multidáo de idiomas exprimirão, através de termos w
w

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.d o .c .d o .c
c u -tr a c k c u -tr a c k
Entáo, não existe mais signo nem significação, mas apenas figuras vocais totalmente diferentes dos nossos, os lnesmos fatos em que fazemos intervir
É o domínio da fonética. a palavra luø, exprimindo, por exemplo, através de uma primeira palavra, a
lua em suas fases mensais, de uma segunda, a lua como astro diferente do
A figura vocal, em si mesma, nada significa.
1q sol, de uma terceira, a lua por oposição às estrelas, de uma quarta, a lua
2q A diferença ou identidade da figura vocal em si mesma não signifìca como tocha da noite, de uma quinta, o luar por oposição à própria lua, etc.
NADA. E cada uma dessas palavras só tem valor pela posição negativa que ela ocupa
3n A idéia em si mesma não significa nada.
com relação às outras: não é, em nenhum momento, uma idéia positiva,
4q A diferença ou a identidade da idéia em si mesma não significa NADA.
legítima ou falsa, do que ê alua, que dita a distribuição de noções pelos dez
5q A união do que tem uma significação para a língua é
ou doze termos que existem, mas é unicamente a própria presença desses
a) a diferença ou a identidade da idéia SEGUNDO OS SIGNOS termos que obriga aligar cada idéia ao primeiro ou ao segundo, ou aos dois
b) a diferença ou a identidade dos signos conforme a idéia; as duas coi- por oposição ao terceiro, e assim por diante, sem qualquer dado além da
sas estando, além disso, indissoluvelmente unidas.
escolha negativa a ser feita entre os termos, sem nenhuma concentração da
idéia diversa sobre o objeto uno. Assim, só há, nessapalavra, o que não esta-
A língua consiste, então, na correlação de duas séries de fatos va, antes, foradela; e essa palavra pode conter e encerrar, em germe, tudo o
lq consistindo, cada um, em oposições negativas ou em diferenças, e não que não está fora dela.
em termos que ofereçam uma negatividade em si mesmos.
2q existindo, cada um em sua própria negatividade, desde que, a cada
instante, uma DIFERENÇA da primeira ordem venha se incorporar a uma 26 lQuestão de sinonímia (continuação)l
diferença da segunda e reciprocamente.
Dito de outra maneira: se uma palavra não evoca aidêia de um objeto
Uma das conseqüências desse fato é que só se pode considerar uma
material, náo hâ absolutamente nada que possa precisar seu sentido, a não
unidade lingüística qualquer (na perspectiva por época) fazendo intervir,
ser por via negativa.
explicitamente ou implicitamente, pelo menos quatro termos:
Se essa palavra, ao contrário, se refere a um objeto material, poder-se-ia
lq o signo em questão;
dizer que a prôpria essência do objeto é de natureza a dar à palavra uma
2e um outro signo diferente;
significação positiva. Aqui, não cabe mais ao lingüista explicar que nós só
3q uma parte (que será sempre muito fmais] pequena do que se pensa)
conhecemos um objeto através da idéia que dele fazemos, e através das
do que está contido;
comparações, legítimas ou falsas, que estabelecemos: de fato, eu não conhe-
4e uma parte (igualmente muito pequena) t ]
ço nenhum objeto a cuja denominação não se acrescente uma ou muitas
idéias, ditas acessórias mas, no fundo, exatamente tão importantes quanto a
25 lSobre a negatiyídade dø sinonímiøl idéia principal
- seja o objeto em questão o SoI, a Água, o Ar, a Árvore, a
Mulher, a Luz, etc. De maneira que, na realidade, todas essas denominações
Assim, sol parece representar uma idéia perfeitamente positiva, precisa são igualmente negativas, significam apenas com relação às idéias inseridas
e determinada, assim como a palavra lua: entretanto, quando Diógenes diz a em outros termos (igualmente negativos), não têm, em nenhum momento,
Alexandre "Sai da frente do meu sol!", não há mais, em sol, nada de sol anão a pretensão de se aplicar a um objeto definido em si e só abordam, na reali-
ser a oposição com a idéia de sombra; e a própria idéia de sombra é apenas a dade, esse objeto, quando ele existe, obliquamente, através e em nome de tal
negação combinada da idéia de luz, de noite fechada, de penumbra, etc., acres- ou tal idéia particular, do que vai resultar (exprimindo a coisa grosseira-
centada à negação da coisa iluminada com relação ao espaço obscurecido, mente), porque nós tomamos momentaneamente, aqui, esse fato exterior
etc. Retomando a palavra luø, pode-se dizer a lua aparece, a lua cresce, a lua como base da palavra, 1q que será preciso, continuamente, modificar o ter-
decresce, a lua se renova, semearemos na lua nova., passarão muitas luas antes mo para o mesmo objeto, chamar, por exemplo, aluz de "claridade", "ltrat",
que tal coisa aconteÇà... e , insensivelmente, vemos que 1q tudo o que pomos "iluminação", etc.,2q que o nome do mesmo objeto servirá para muitos
em lua é absolutamente negativo, vindo apenas da ausência de um outro outros: a luz da história, as luzes de uma reunião de sábios. Neste último caso,
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Sobre ø Essência Dupla da Linguøgem

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Línguagem

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y Sobre a. Essência Duplø da 7l

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fica-se persuadido de que um novo senrido (dito
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figurødo) se interpôs: essa w
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convicção parte puramente da suposição tradicional de que apalavìapossui 27 Da essêncía. c u -tr a c k

uma significação absolura que se aplica a um objeto determinado; è .rru (Prólogo.) "Considerada enquanto que,,... ,,Enquanto
presunção que nós combatemos. Desde o primeiro momento, a palavra que,,... Mas, à for_
só ça de ver que cada elemento da linguagem e da r¿a ¿ outå coisa conforme
aborda o objeto materiar segundo uma idéia que é, ao mesmo
tempo, total-
mente insufìciente, se for considerada com relação a esse
objeto, e infinita-
mente ampla, se for considerada fora do objeto (era
é semprå muito extensa
e pouco abrangente para empregar
[ ])r idéia desde o .o-"ço negativa;
o que faz com que o sentido "próprio" não passe de uma
das múitiplas
manifestações do sentido gerar; esse sentido geral,
þor sua vez, é apenas (Proposição nq 5.) considerada de qualquer ponro
de visra, a ríngua não
uma delimitação qualquer que resurta da presença
de outros rermos no consiste de um conjunto de valores p ositivos e øbsolutos,mas de um
mesmo momento. conjunto
de valores negativos ou de valoresrerativos que só têm existênciapelo
Enfim, nem há necessidade de dizer que a diferença dos fato de
termos, que faz sua oposição.
o sistema de uma língua, não correspo.rd" parte alguma, mesmo na
língua mais perfeira, às relações veráadeiras"-enìre
åi."r, e que, por
conseguinte, não há' nenhuma razão para esperar que ", os termos se apli-
quem completamente, ou mesmo incompletã-"rrrË,
a objetos defìnidos,
materiais ou não.
Dir-se-á que eles devem correspondel em troca,
às primeiras impres- e vier a se logo lugar, ou sob o
sões que o espírito recebe; isso é verdade, mas
essas primeiras impressões
são tais que estabelecem relações as mais inesperadãs
o segundo is, é porque há opo-
entre coisas total_ ou quarto
mente separadas, assim como tendem, continuamente
e sobretudo, a divi-
sar coisas absolutamente unas; assim, em momento
algum, a impressão
que causa um objeto materiar tem o poder de criar
,r* úrri." categoria
lingüística; só há, então, termos negàtivos, sendo que em
o novo objeto- está incompretamente cada um deles
contido, ao mesmo tempo que é
desmembrado em vários termos.
Mas isso seria d
lamentar sua inexat
coisa seja chamada,
um edifício, (um monumento), um imóv
contrário seria um signo de nossa
t ]. Então, a existência de fatos mate-
riais é, assim como a existência de fatos de uma
outra ordem, indiferente à
língua. o tempo todo ela avança e se põe a serviço da formidável máquina
de suas categorias negativas, verdadeiåmente
desembaraçadas de todo fato
concreto e, por isso mesmo, imediatamente pronta
sa armazenar uma idéia
qualquer que venha se juntar às precedentes.

o sinonimista que se maravilha com todas as coisas que estáo contidas


em.uma palavra como espírito,
pensa que esses tesouros não poderiam ja-
mais est"r contidos aí se não fãsse
o iiuto da reflexão, da experiên cia, da
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a Essência Duplø da Linguagem Sobre ø Essênciø Dupla da Linguagem /J
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fìlosofìa profunda acumulada no fundo de uma língua pelas gerações que fìgurado de palavras (mesmo que seja impossível, no fundo, distinguir o w
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dela se serviram. Em que sentido ele pode ter razão até um certo ponto, isso emprego fìgurado do emprego direto).
eu não examino porque é, na realidade em todo caso, o fato secundário. O Assim, se a idéia positiva de suplício fosse a verdadeira base da idéia de
fato primeiro e fundamental é que, seja qual for o sisrema de signos que se suplício, seria totalmente impossível falar, por exemplo, "do suplício de usar
ponha em circulação, estabelecer-se-á, instantaneamente, uma sinonímia, luvas muito apertadas", que não tem a menor relaçáo com os horrores da
1â que o contrário é impossível e equivaleria a dizer que não se atribui valo- grelha e da roda. Dir-se-á: mas isso é próprio, justamente, da locuçáo figura-
res opostos a signos opostos. No momento em que lhe é atribuído um, é da. Muito bem. Tomemos, então, uma palavra que represente, no sentido
inevitável que uma oposiçáo de quaisquer idéias, vinda de surpresa, se aco- direto, um conjunto de fatos absolutamente semelhantes ao que suplícío re-
mode num signo, que existe por oposição a um outro, ou em dois ou três presenta.
signos por oposição a um ou dois outros, etc. Vemos, então, que não ê aidêia POSITIVA contida em suplício e martírio,
Nenhum signo é, portqnto, Iimitado no total de idéias positivas que ele é, no mas o fato NEGATIVO de sua oposição, que estabelece toda a série de seus
mesmo momento, chamado a concentrør em si mesmo; ele só é limitado negativa- empregos, permitindo qualquer emprego, contanto que não invada o domí-
mente, pela presença simultânea de outros signos; e é, portanto, inútil pro- nio vizinho. (Seria preciso, naturalmente, considerar, além disso, tormento,
curar qual é o total de signifìcações de uma palavra. turtura, aflþao, agonia, etc.)
Uma das múltiplas faces sob as quais se apresenta esse fato é a seguinte: Admite-se que entre o suplício de São Lourenço e o nosso suplício da
um missionário cristão acredita que deve inculcar, a um povo selvagem, a grelha a distância é tal que, em comparação, não há verdadeiramente dis-
idéia de alma
-; acontece que ele tem à sua disposição, no idioma indígena,
duas palavras, uma que exprime mais o sopro, por exemplo, e outra mais a
tãncia alguma entre o suplício de São Lourenço e seu martírio. Uma diferença
táo pequena no fato positivo não deveria ser de nenhuma conseqüênciapara
respiração;
- de imediato, se ele está totalmente familiarizado com o idioma al l
indígena e ainda que a idéia a introduzir seja algo totalmente desconhecido
para [ ], - a simples oposição das duas palavras, "sopro" e "respira- Então, mesmo que se trate de designações muito precisas como rei, bis-
ção", dita imperiosamente, por alguma razão secreta, sob qual das duas po, mulher, cão, a noçáo completa envolvida na palavra resulta apenas da co-
colocar a nova idéia de alma; a tal ponto que, caso ele escolha, inabilmente, existência de outros termos; o rei não é mais a mesma coisa que o rei se
o primeiro termo emvez do outro, pode resultar daí os mais sérios inconve- existe um irnperador, ou um papa, se existem repúblicas, se existem vassalos,
nientes para o sucesso do seu apostolado
- oÍa, essa razão secreta só pode
ser uma razão negativa, jâ que a idéia positiva de alma escaparia totalmente,
duques, etc.;
- o cão náo é mais a mesma coisa que o cão quando é oposto a
cavalo, representando, neste caso, um animal impudente e ignóbil, como no
de antemão, à inteligência e ao sentido do povo em questão. tempo dos gregos, ou se é oposto sobretudo à fera selvagem que ele ataca,
Da mesma maneira, quando um filósofo ou um psicólogo, depois de suas representando, neste caso, um modelo de intrepidez e fidelidade ao dever,
meditações, por exemplo, sobre o jogo de nossas faculdades, entra em cena como no tempo dos celtas. O conjunto de idéias reunidas sob cada um des-
com um sistema que faz tábula rasa de qualquer noção anterior, mesmo as- ses termos corresponderá sempre à soma das que são excluídas por outros
sim todas as suas idéias novas, por mais revolucionárias que sejam, podem se termos e não corresponde a mais nada; é o caso da palavra cão ou da palavra
classificar sob os termos da língua corrente, mas, em todo caso, nenhuma lobo, enquanto não surgir uma terceira palavra; a idéia de dinastø ou a de
pode se classifìcar indiferentemente sob as palavras existentes, mesmo que se- potentado estará contida na palavra rei ou na palavra príncipe, enquanto não
jam perfeitamente arbitrârias, como razãn ou intelecto, inteligência ou entendi- se proceda à criação de uma palavra diferente das primeiras, etc.
mento, julgamento, conhecimento, etc.; e que haja aí DE ANTEtvlÃO um determi-
nado termo que corresponda melhor do que os outros às novas distinções. (Corolário.) Náo há diferença entre o sentido próprio e o sentido
Ora, a razão dessa propriedade, mais umavez, só pode ser negativa, jâ que a
-
figurado das palavras porque o sentido das palavras é uma coisa essenci-
concepçáo que aí se introduz data de ontem e já que os terrtos em questão almente negativa. -
não estavam menos delimitados no dia anterior em seu valor respectivo.
Uma outra manifestação flagrante da ação totalmente negativa dos sig-
nos, sempre na ordem dos fatos de sinonímia, é expressa pelo emprego
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74 Sobre a Essência Dupla da Linguagem a Essência Dupla d"a Linguagem 75
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Redaçõ,o do princípio colocado acima SUBSTÂNCIA LINGÜÍSTICA.
- Nós rendemos perpetuamenre a
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verter, pelo pensamento, em substância, as ações diversas que a linguagem


(Proposição x.) considerada de qualquer ponto de vista que pretenda
necessita.
ter em conta sua essência, a língua consiste, não em um sistema de valores
Parece necessário, na própria teoria, abraçar essa concepção.
absolutos ou positivos, mas em um sistema de valores relativos e negativos,
Haverá quatro gêneros de "substância" lingüística, que correspondem
que não tem existência, anão ser como efeito de sua oposição.
às quatro formas de existência da língua.
(Proposição x.) Não existe, em língua alguma, nem em nenhuma famí-
Não há como admitir qualquer substância fundamental que receba atri-
lia de línguas, um fato que tenha a característica de ser um traço permanen-
butos depois.
te e orgânico dessa língua ou dessa família.

TERMO (cf. SER). Não há nenhum termo definível e válido fora de


um ponto de vista
-
preciso, como conseqüência da ausência total de seres
lingüísticos dados em si mesmos.
Não é mais permitido lazer uso de um termo tirado do ponto de vista A
que sua esfera de significação esteja totalmente determinada e unicamente quando se passa ao ponto de vista B.
determinada pela oposição em que ela erdade,
individualidade, etc., de tal maneira que, FONOLOGIA (ou estudo dafonação). Estudo que, receba o nome que
como
for, é absolutamente independente e
-
distinto, não apenas da fonética das
independêncía, etc., não existisse mais, o nderia
imediatamente nessa direção. diferentes línguas mas, em geral, da lingüística.
E esse mesmo fato, Ela constitui, todavia, uma ciência auxiliar muito importante para a lin-
oposição com as palavras
comparáveis, é também güística. E isso devido unicamente ao recorte fonético.
são dos empregos ,,figura_ -
dos"; nós negamos, na r A identidade fonológica, ou fonatória, ou vocal, [ ]
fìgurados, po.qrr. nói ne_
gamos que uma palavra tenha uma significação positiva. Toda espécie de
emprego que não caia no raio de açáo de u 29a lsistemq. de umø língual
parte integrante, mas é também parte consti
e essa palavra não tem, na realidade, outro s O sistema de uma língua não consiste, então:
dos não reclamados. nem na coexistência de certas formas A, B, C, D..., como supõem
-
inúmeras obras de lingüística,
nem na coexistência de certas idéias, como a, b, c, d..., no que, desde
28 indíce -
o primeiro momento, se é menos tentado a acreditar,
FORMA. Não jamais sinônimo de figura vocal; nem na coexistência de relações entre a forma e a idéia, tais que
a b-c ..., o que indica, todavia, um certo progresso com relação ao ponto de
é
-
Supõe, necessariamente, apresença de um sentido ou de um emprego;
- Pertence à caregoria de fatos INTERIORES.
ABC
- vista precedente, ao estabelecer a dualidade de cada termo.
Mas esse sistema consiste em uma diferençø confusa de idéias que se
SER. Nada é, pelo meno s nada é absolutamente (no domínio lingüístico) .
movem sobre a superfície de uma diferença t ] de formas, sem que ja-
Nenhum termo, supondo-o perfeitamente preciso, é aplicável fora de uma mais, talvez, uma diferença da primeira ordem corresponda a uma diferença
esfera determinada.
da segunda, nem que uma diferença da segunda corresponda a uma t ]
A forma elementar do julgamento: "isso é aquilo" abre a porta a mil
contestações porque é preciso dizer em nome do que se distingue e se deli-
mita "isso" ou "aquilo", sendo que nenhum objeto é naturalmente delimi- 29b lDiferença e entidadesl
tado ou dado, sendo que nenhum objeto é comevidência.
Há, infelizmente para a lingüística, três maneiras de se representar a
sai-se da dúvida geral colocando as quatro formas de existência da língua.
palavra:
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Sobre a Essência Dupla dø Línguagem Sobre a Essênciø Duplø dø Linguøgem 77
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A primeira é fazer da palavra um ser que existe totalmente fora de nós, 29c Situação reløtíva dos domíníos w
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c u -tr a c k c u -tr a c k

o que pode ser fìgurado pela palavra escondida no dicionário, ao menos para interior e exterior
a escrita; neste caso, o sentido da palavra se torna um atributo, mas uma
coisa distinta da palavra; e as duas coisas são dotadas artifìcialmente de Vista pelo lado exterior, é evidente que a língua é incompleta; mas o
uma existência, por isso mesmo independentes uma da outra e, ao mesmo grande erro é acreditar que há paridade e simetria, a esse respeito, entre o
tempo, independentes, cada uma, de nossa concepção; elas se tornam, uma lado exterior e interior.
e outra, objetivøs e parecem, além disso, constituir duas entidades. A língua, vista pelo lado interior [ ] é TOTALMENTE COMPLETA;
A segunda é supor que a própriapalavra está indubitavelmente fora de criada a disparidade irremediável [ ] os fatos exteriores e interiores, t ]
nós, mas que seu sentido está em nós; que há uma coisa material, física, que representar como se completando [ ] que o um forma uma coisa2
é a palavra, e uma coisa imaterial, espiritual, que é o seu sentido.
A terceira é compreender que a palavra, assim como seu sentido, não 29d Pørte sintéticø
existe fora da consciência que temos dela, ou que nos dispomos a adotar a
cada momento. Nós estamos muito longe, aqui, de querer fazer metafísica. Não há nenhum objeto particular que seja imediatamente dado na lin-
guagem, como sendo um fato de linguagem. Nós temos, inicialmente, a
Uma palavra só existe verdadeiramente, de qualquer ponto de vista que posição de que nenhum dos objetos aparentes pode servir de base legítima
se adote, pela sançáo que recebe, a cada momento, daqueles que a empre- à investigaçáo. Seria preciso, antes, demonstrar que o objeto sob essa forma
gam. É isso que faz comque ela difira de uma sucessão de sons, e que difira se torna um fato de linguagem, e a que título, mas só se pode estabelecer a
de uma outra palavra, mesmo composta da mesma sucessão de sons. que título começando-se por t ]
Como náohâunidade alguma (de qualquer ordem e de qualquer nature-
za que se imagine) que repouse sobre alguma coisa além das diferenças, na
29 e ldentídade etimológica
realidade a unidade é sempre imaginária, só a diferença existe. Entretanto,
somos forçados a proceder com a ajuda de unidades positivas, sob pena de Assim que a identidade morfológica termina e que se estabelece, por
ser, desde o início, incapazes de dominar a massa dos fatos. Mas é essencial exemplo, duas identidades, estabelece-se, em troca, entre os dois termos, a
lembrar que essas unidades sáo um expediente inevitável de nossa [ ], e identidade etimológica (que não é, de modo algum, um fato de linguagem,
nada mais: assim que se coloca uma unidade, isso equivale a dizer que é conveni- mas um fato de nossa reflexão gramatical). Nós acabamos de dizer "entre os
ente deixar de lado t ] para atribuir momentaneamente uma existência dois termos": mas a partir de que momento há dois termos? Não há dois
separacia a [ ] termos; há, em primeiro lugar, um único termo morfológico, que se conver-
Assim, a paralléIie unilateral do ablativo. te, em seguida, em dois termos morfológicos que representam, então, um
Assim, o lugar da palavra, a esfera em que ela adquire uma realidade, é único termo etimológico.
puramente o ESPÍRITO, que é também o único lugar em que ela teria seu
sentido: pode-se, depois disso, discutir para saber se a consciência que te- (Definição.) A identidade etimológica (noção puramente gramatical, que
mos dapalavra difere da consciência que temos de seu sentido; nós estamos não tem nenhum correlativo nos fatos, diferentementê das identidades pre-
tentados a acreditar que a questão é quase insolúvel, e perfeitamente seme- cedentes) é aquela pela qual impomos idealmente uma identidade morfo-
lhante à questão de saber se a consciência que temos de uma cor num qua- lógica do estado A, pertencente ao passado que se acha em um momento
dro difere da consciência que temos de seu yalor no conjunto do quadro: de língua B, pertencente ao passado
-
que, por um motivo qualquer, se viu
neste caso, talvez, a cor será denominada tom e a palavra uma expressão da quebrada ou apagada. -
idéia, um termo significativo, ou simplesmente, uma palawa, porque tudo
parece estar reunido na palavra palavra; mas não há dissociação positiva
entre a idéia da palavra e a idéia da idéia que estâ na palavra.

2. Lacunas devidas a um rasgo no manuscrito. (N. do E.)


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y 78 Sobre a Essência Dupla da Linguagem a Essência Dupla

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Sobre da Linguagem

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29f lSintaxe históricof 29h lobjeto centrøI dø lingüísticol c u -tr a c k

Imagina-se que as observações que seríamos inevitavelmente levados a I. um estado de línguø oferece ao esrudo do iingüisra um único objeto
fazer sobre "sintaxe histórica" seriam quase infinitas, mas concofrerão to- centtal: relação das formas e das idéias que nele se encarnam.
das para recusar formalmente a esta "ciência" uma base científica ve¡dadei- Por exemplo, será errado admitir que esse estado de língua oferece o
ra, que só poderia resultar de um método claramente formulado. onde está, segundo objeto central, as próprias idéias; ou então as formas; ou os sons de
pergunta-se, o método da "sintaxe histórica"? que se compóem as formas; (objeto necessariamente complexo, deixando de
onde está o pólo sobre o qual ela se orienta, sobre o qual ela havia lado seus outros atributos).
apenas pretendido se orientar? onde está a mais vaga tentativa, de sua par-
te, de tomar consciência de sua tarefa diante da mais formidável mistura de II. uma sucessão de estados q exqminar oferece à atenção do lingüista um
fatos, talvez de qualquer lugar e de qualquer domínio, para constatar e de- único objeto central, que está com o objeto precedente não numa relação de
sembaraçar? oposiçáo flagrante e abrupta, mas numa relação de radical disparidade, abo-
Em primeiro lugaç a sintaxe, nós o dissemos, não é, em momento al- lindo, logo de início, toda espécie de comparação, inaugurando uma ordem
gum, nada além da morfologia vista pelo avesso: de sorre que já hâ, na idéia de idéias que não tem nenhuma oportunidade de nascer diante de um deter-
de que a sintaxe constitui um domínio definido que se presta mais ou minado estado da língua.
menos que a morfologia a ser estudado através do -tempo, mas que se presta
a sê-lo fora dela um desses erros ou cqvernqs, que depois não têm mais Em parte alguma, no estado atual, pode-se pronunciar apalavralíngua,
remédio.
-
ou linguagem, sem que se tenha, antes, que verificar o equívoco possível
Em segundo lugar, a morfologia, da qual depende a sintaxe entre línguø e transmissão da línguø.
admitimos momentaneamente que esses domínios sejam separados - e, aqui,
não
-
é, ela mesma, suscetível de ser perseguida regularmente e cientificamente atra-
vés do tempo: de sorte que a sintaxe não é mais, ou é ainda 29i lN ov ação morfoló gical
t ]
A novação morfológica, fenômeno cuja natureza, capacidade e unidade
29 g lMudønça ønalógicøl temos que estabelecer a toda hora, compreende: 1q tudo o que se reúne sob
o termo "mudanças analógicas"; 2q qualquer deslocamento do valor dos
A "mudançaanalógica", que se compara àmudønçafonética como o se_ signos ligado à mudança fonética das figuras vocais.
gundo fator da transformação daIíngua no tempo, não lhe é comparável e
náo é uma mudança. se houvesse apenas esse fato, que na língua cada coisa deve ser conside-
E, na verdade, uma mudança paîa a língua considerada como uma só rada separadamente em sua época e através do tempo, sem ter sobre a outra, de
massa, ou para a relação geral do pensamento e da expressão, se nos é de- nenhum dos dois pontos de vista, a menor preeminência, a lingüística seria
monstrado que essa relação é o objeto central, cuja trama o lingüista procu- uma ciência relativamente simples, ainda que bem diferente, por essa única
ra seguir através do tempo. separação, do que dissemos.
o mal é que não há, como se imagina, uma coisa que possa ser considera-
A "mudança" analôgica, vista
de um certo observatório, é comparáv el à mu- da, ao mesmo tempo, "em sua época', e ',através do tempo,,; mas que a
dança fonética, quaseno mesmo sentido em que o movimento das constela- própria determinação das coisas a considerar, em cada época e através d.o tem-
çóes durante o ano é comparável aos movimentos da lua e dos planetas. Na po, depende de dados diferentes e exige uma argumentação sobre um dado.
mudançøfonéticqhá., verdadeiramente, uma coisa que existe e se transforma.
É preciso revelar nosso pensamento íntimo? É de se acatar que a visão
exata do que é a língua não leva a duvidar do futuro da lingüística. Há des-
proporção, para esta ciência, entre a soma de operaçóes necessárias para
entender racionalmente o objeto e a importância do objeto: assim como há
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Sobre a Essência Dupla da Línguagem
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desproporção entre a pesquisa científica do que se passa durante uma joga_
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daeot l

29j llntegr øção ou pó s-meditação _reJlexãol


o fenômeno de integração ou de pós-meditação-reflexão é o fenômeno
duplo que resume toda a vida ativa da linguagem e pelo qual
1a os signos existentes evocam MECANICAMENTE,
pelo simples fato
de sua presença e do estado sempre acidentar de suas DIFÈRENÇAS
a cada
momento da língua, um número igual não de conceitos, mas d,e
varores opos-
tos por nosso espírito (tanto gerais quanto particulares,
uns chamados, por
exemplo, de categorias gramaticais, outros tachados de fatos de sinonímia, il
etc.); essa oposição de valores, que é um fato puRAMENTE NEGATIVo,
se
transforma em fato positivo, porque cada signo, ao evocar uma
o conjunto dos outros signos comparáveis em uma época qualquer,
antítese com ITEM E AFORISMOS
come-
çando pelas categorias gerais e terminando pelas pa.tic,rla."s, se vê delimi-
tado, apesar de nós, em seu valor próprio. Assim, ,ru-" ríngua
composta por
um total de dois signos, bø e ra, a totaridade das percep!ões confusas
do
espírito vai NECESSARIAMENTE se classifi r , ,oi bo ou sob lø.
o espírito
encontrará, pelo simples fato de que existe uma diferen
çaba/Iae de que não
existe outra, uma característica distintiva que lhe permita, regularmente,
tudo classifìcar sob o primeiro ou sob um dos dois elementos (por
exemplo,
a distinção de sólido e denã.o sóIido); nesse momenro, a soma
do conheci-
mento positivo será representada pela característica comum que
tenha sido
atribuída às coisas bq e a característica comum que tenha sido atribuída
às
coisas la; a característica é positiva, mas ele só buscou a característica
nega_
tiva que permitiu decidir entre ba e ra; nãoprocurou reunir e coordenar,
mas
quis, unicamente, diferenciar. ora, ele só quis diferenciar porque
o fato
material da presença do signo diferente que tinha recebido o convidava
eo
conduzia imperiosamente a isso, fora de seu
t ]
A cada signo existente vem, então, sE INTEGRAR, se pós-elaborar,
um
valor determinado [ ì, que só é determinado pelo .o.r;rrrr,o de signos
presentes ou ausentes no mesmo momento; e, como o
número e o aspecto
recíproco e relativo desses signos mudam a cadamomento,
de uma maneira
infìnita, o resultado dessa atividad,e, para cada signo, e para o
conjunto,
muda também a cada momento, numa medida nãocalculável.
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Index Rerum
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cliação: 73, 97, I40,158, 163, 164' 173' w
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c u -tr a c k c u -tr a c k
classe: 54, 260
226, 227,231
coexistente: 41, 7 1, 2O2
coincidèr-rcia:36, 1Oi' 118' l88 cleclinaçáo: 47, 65,93,118, 119
is 42' 44' 45' 48's3'
-";;
,á1t*,12, 26,32,35-39 ' decomposição: 165, 168
oo-e+, 66-7t,73' 76-80,8s, e4'
;;'is clelin'ritação: 70, 109, I'L7,197
õ; õ;. õ8. I 03-06. I oe, I I 7' I I e' t25' t27 ' denon.rinação: 69, 131, I33, I43' 144, I53'201
lio- r l-¡¡, t42'44' t4B, lsB, 163' 165 dental: 37,49
rcái, t)ot+' 178-82' 184-85' 187-e0' lel'
depósito: I31,232
1éz''zo+, 208, 2ro' 2rt, 2t'2-14' 216'
22o'
derivado:173
)zt, zzz, 224-27, 22s, 232' 233, 237' 241' descontinuidade: 747 ,25O, 278' 279,280
ìit' ist -se, 261, 264-65, 267, 26e' 27 r -
so, descontínuo: 215,216
75,279-80,282' 285'89 desie,nar, Idesignaçãol: 30, 65, 73' 87,95'
124'
lcoletividade]: 58, 115,
I32' 248-50' 258 r"79, 180, l8l, 184, l88' t89, 194, 197, 198
colisível: 99 202,218, 224, )25,275
-
.oÃ"Uin.cao, 22' 41,47.58' 62' 88' 93' ì05' desinência: 158, 160, 165, 169
INDEX RERUM rz5,izs,rcs,177 '182' 187, 198, 206'2r4' deslocamento: 7 9, I48, 17 7, I8o' 266, 27 3' 27
4'
2r7,241,258 284,288
22, 52, 64' 69 7 l'73'79'96'
4l' 17I,216' 251
-
colnpn.^cão' determinaçáo: 39,79,
abertura: 203, 205-07, 208, 2O9, 217 apossema*: 94-97 i'oo, ioz 104, 133, l5o-sl, ls5' I6B' l7s' determinante: 36, 190
17 6;, ú 8,, 186-87, r )3, 2r3,
219, 228' 259' diacosmia: 101
ablaut*: 201 [aquisição]:103,104
abri¡ movimento de: 123, 217,218 arbitrário(a): 72,92, 736, 144, 153, 174,213, 266,274 diacrolia: 284
absoluto(a): 27, 28, 34, 35, 37, 43, 44, 52, 63, 220, 224,282, 287,288 compartimento: 182' 222, 283 dialeto'': 37, 95,131, I35, 145'49' I82' 228'
64, 69, 70, 7r, 74, 88, 92, 704, 127, 138, ârea: 145, 148, 27O, 27 I, 277 compósita: 2I8,281 264,266,268,270-7 4
composto(a),31,76'80,96, I18' 119' i65'
169'
143, 144, 147, 154, 155, 158, 179, 180, 181, articulação: 29, 66, I23, 202, 2O3, 205, 206,
185, 186, 188, 189, r97, 200, 201., 2ro, 225, 208,209,223,28r 185,258
226, 227 , 228,252,253, 268, 282, 289 aspecto: 4I, 170, I79,186,21O,284 fconceito]: 80, 88' 237
abstração: 94, 115, 158, 159, 165,166,170, assocìação: 21,46,52,85, 95, 103, I77,14O, ion.r"to(ä), 27, 29, 33, 35, 63, 70, 265' 282
167'
176,220,278,281 163, 17 5, 194, 226, 258, 283 , 287 confusáo, 25,93, 118, i19, 136, 156' 162'
acento: 148, 176, I85,2O4 ato: 86, 1\5, 132, 139,165,212,222 173, 189,200,230
acidente: 39, 51, 52, 64, 65, 137, 177, I7B, IB5, arributo: 7 5, 7 6, 79, 772, 2zI conjugações: 92
189, 197 , 264, 269 audível: 2I8,2I9 conjunção: 91' 187 279,280,281' 286
l6 diferenciaçáo: 136, 142, 147, I49' 27 I
acustema*:213 conìunto: 1

acústico*: 23, 26, 27, 28, 29, 33, 100, 101, 123, base: 27, 32, 34-36, 40, 44, 47, 57, 69, 73, 77, .ons.i"n.ia, 21, 22. 37' 38, 44' 47' 64' 76' 95' diferencial: 61
124, 125, 157, 170, 177 ,204-07, 208, 2rl 78, 95, 102, 129, 140, 167, 772, 777,t80, 97, l3g,141, 155, 157-59,161, 166' i88' discursivo: 86, 87, 95, 105
194, 195, 20I, 204, 212-15, 2I8, 249, 261, 265,282 disculso: 87, 91, Ì05, 106, 22O, 23O' 237
13, 216-18, 280, 28t, 284
268,276,282, 285, 287 consoante (consonant): 211 disposição: 102
adição:209 i28, I47, 748' I99
consoante (consonne)' 54, 66, I38' I94' 203' disiintivo, 65, 80,
fadivinhação]: 1 I7
ãirtinto, 44, 45, 52, 57, 1 45, 21 o' 21 1, 218' 224'
adjetivo:91, 105, 106, 164 cadeia" (chaîne): 29, 99, 102, 126, 14O, 205-07 , 205, 206, 209 , 2r0 ' 2Bl
211, 214, 229, 253, 272, 279-81 constituiçáo: I54,22 249,284
afasia*: 754,22I,222 distribuiçáo: 69,208
agrupamento:157 caminho fácil: 100 construção: 17 5, I89, 248
campanário*: 275,277 contido(a): 30, 38' 52, 58, 65, 68' 71' 73'
132' ditongo*: 54' 202' 208
alfabeto*: 138, 205, 211, 280 3s, 36, 4s -57, 60, 1 I 8' i 54' 1 63'
campo(c/rarrp): 26,48, l04,l2g, 142, 146, 157, 139,140,203,26 fdiveisidadel'
'- tll, 17 8, 2ro,
alteraçáo: 63, 198, 199, 267, 284-85, 288
144' 149-50' 230, 252, 253' 259, 265' 266'
alternância: 28, 32, 37, 49, 56, 59, 60, I 58, 206,
222 continuidade: IO4, L32, I33, I37 '
característica: 22,25,29, 52,55, 57, 58, 59, 151, 155, 1g9, 252, 260' 268, 270, 278-80'
267,268
223,230
74, 80,86,93,94,99,109, 116, |.8, 128, 284,288
amorfa:220
132, 133, 138, 140, 142, 144, I47, 748, 152, contrário(a) : 29, 7 O, 72,94, 101' 109' 136' 169'
anacronia: 160, 23O, 231
154, 157, 17 5, 179, 182, i86, 199, 200, 204, 210,225,226,26r,275
análise: 28, 31,52,62,100, 104, 126,131,139,
209, 274, 224-26, 248, 258, 264-65, 273, contra-soma: 103
140, 152,157, 158, 159-63, 165-69, 185, i93,
277,278,279 contrato: 92' 177, 179'248
195, 199, 200, 2r4, 279, 220, 263, 265, 280
categoria: 38, 43, 49, 51, 53, 59, 64, 65, 67, 70, contravalor: 287
analítico: 257,282
74, 80, 106, r23, r58, 166, 776, 779, 189, 226' 248
convenção: 63, g 4, l'7 4, \7 5, 17 8' 223'
analogia: 98, 139-42, 145, 154, 159, 179, 181,
190,203,22r,223,231 [dualismo]: 24, I44
I89,227,253,266 coordenaçáo:227
cerebral: 46, 203, 22I coordenam, línguas que: 283
anatomia: 96, 100, 7O7,702,220 -
efeito: 21, 26, 48, 54,74, r23, 138, 142' 147 '
fcérebro]: I37, 754, 163, 182, 222 co-respectivo: 226 14g, 154, 177, 204, 206-08, 212, 2r3,
ante 279'
-:264 fciência] : 23, 43, 67, 62, 7 5, 7 B, 7 9, 98, 701, 104, 7I5, 137' lB4' 204
anti -: 48, 103, 186, i87 fcorreiaçáo]: 27, 28, 68, 94, 280,28r,284,285
116, 126-32, 135, 137, 144, 752, 154, r57,
antigo(a): 25, 97, lI9, 136, 142, 151, 156, 157, corte: 99, 169 efetivo(a): 58, 198, 2I8,219
175-77, 180, 184, 786-87, 793-95,200, 203,
158, 161, 163, 185, 201, 211, 259, 264 co-status'. 797
2ro, 221-24, 226, 232, 259, 260, 279, 285_88
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
F- w F- w
PD

PD
er

er
!

!
W

W
O

O
292 Index Rerum Index Rerum 293
N

N
y

y
bu

bu
to

to
k

k
lic

lic
C

C
w

w
m

m
w eixo: 181, 277, 286, 287, 289 fechado*: 203,27I,272 w
w

w
instituição: 179, 181, 182, 183-84, 188, 190,286
o

o
.d o
c u -tr a c k
.c glamáticat': 21,24, 40, 44, 46, 53,60, 102, I Ì6, .d o
c u -tr a c k
.c
elipse":49,91,92 fechamcnto*: I23, 2O5, 208, 2I1, 217, 2gI t3Ì, 140, 150-52, 158, 161, 168-69, 176, Iinstlumento]: 128, 151, 154, 184, 188, 212,
elo*: 203, 204, 206, 208, 281 fechar, rnovimento dc* (fer ntcrr te) : 723, 2I7 178, t83, 184, 190, 219. 22 ì, 225, 250, 219, 247
encadeamento: I92,205 fenôrrerro: 27, 24, 34, 35, 46, 48,59, 60, 66, 265-66 [integração]: 80
entidade: 23, 26, 27, 33-35, 36, 49, 60, 61, 7 5, 79, 80, 86, 92,96,98,115, 116, 177, 125, intercLrrsot': I15, 253, 27 5, 277
[gramática conparada]*: 131, 150, 151
76, 118, 143, 182, 198, I 99, 219, 224,241, t2B, 129, 138-42,145, t47-50, 158, 160, grupo: 29-30, 35,37, 66, 67, 102, 119, 139, interiol: 24, 3I, 42, 7 4, 77, 105, I27, I35, f37,
282 162, 166, Ì68, 192, 195, 196, Ì98, 199, 201, 148, 170, r74,205, 206, 208, 2r1-r9, 250, 17 4, 1 79, 192, 248, 258, 270, 272, 27 4
entom'ege+:63 202, 206, 2r9, 22r-22, 229, 23r, 232, 241, irrter lro (a) : 21, 98, I7 9, 1 82, I 84, 248, 249, 259,
266
cquilíbrio: 2I3,2I4 242, 247, 249-50, 253, 264, 265-66, 270, 265,283,286
gutur al: 29
esfela: 37, 44, 62,74,76,703, 156, 167, 181, 277 -7 8 i¡'cdutível: 24, 26, 27, 35, 39-40, 44, 46, 88,
r8s, Ì87, Ì89-90,204, 232,242 figura: 21, 24,28,3f , T,37-38, 41,42,43-44, 2r4,2BO-81
cspaço: 68, 125, f32, 145, 147, 149, 174, 207,
halmonia: 188
47 -48, 63, 65, 67-68, 7 4, 95, 99, 170-72, t 79, hiato : 136,218 isolam, línguas que: 283
229, 25r, 265, 267 -69, 27 5, 277 , 280, 281
183, l 89-90, Ì96, 200, 201, 272-13, 218, 251, lristória: 14,30,41,45, 69, 103, 126, 130-33,
espírito: 26,35, 39, 43-44, 52-53,58, 60-62, jur-rtnra:
269 734, r37, 140-41, 146, Ì50-51, 176, 179, 21 6
r40,
70-7 1, 7 6, 80, 88, 98, 101-02, 105, 124,
filologia*: 116, 134, 752-53, 259 justaposição: 100,209
141, 142-44, Ì50, 152, t54, 158, 162, 17r, 182, 184, 186, 197, 233, 259-62, 264, 268,
177-80, 183, t85, 187-89, 191, 193, 196, ffilosofia]: 72,93 279, 286
fisiologia*: 23,33,96, 102, 128, 177,2t0,220, honrogêneo: 24,281 þénônrc*: 13,85
198, 203, 2II, 213, 279, 225, 258, 261, 279,
258
282,289 homoglossa*: 278
fixação:25 homorgania*: 217 lado: 25, 26, 29, 34, 38-40, 60, 77, 85, 94, 95,
esscncial: 53, 63,65,76, I32, 133, 153, I59,
fixidez:95,133,228 124-25, r39, r47, 163, 177, 179-80, r89,
17 8, 196, 200, 207, 212, 2I3, 214, 248, 266,
fonação": 7 5, 701, 21O, 2I4, 216, 258 idêra: 2r, 22, 23-24, 27 , 30, 31, 32-33, 34, 35, 198, 21 1, 214, 216, 25r, 258, 287
279
fonatóri o* : 7 5, I24, 126, I 5 4, 21 1, 212-1 4. 38-42, 43-44, 45, 47, 48,49-53, 58-s9, 60, laríngco': 208, 281
estático(a): Ì96, 199, 227,285 21 6 -
18,281 65, 67-73, 75, 76, 78, 79, 92, 97-98, 100, latcnte: 26
estrutura: 27, I02, 259-60
fonema*: 28,115,117, 1 18, I23, 125-26, 154, 103, 105, r27,129,130-31, 133,134, r37, latitude: 37, 66
etnismo: 266
203, 205 , 209 , 2Ir , 274-75, 217 , 219 Ì39, 140, 157, r59, 162, 165, 166, r70, 17 4, lei-': 88, 92,93,95,109, 128, 130, 131, 133,
executar: 21,1, 217
fonética(o)*: 24, 26, 31, 32, 35-36, 40-4J., 43, r42, r49, 153, r7 4, 180, 181, 188, r96, 201-
ffi, U3,
existir: 37, 43, 50, 58, 63, 105, 127,
44,46,48-49,5Ì, 53-58, 59, 61,
r79, 182, Ì84-86, 187-89, 191-93, 197 -201,
02, 20 5, 213, 21 4, 222-24, 229, 230 -3 r, 248,
204,223,224 63_65, 66, 203, 209, 2r3-r4, 216, 218, 224-26, 227,
68,75,78-79, 86,92,93-94, 100, 102, 125, 230, 23r-32, 237, 241, 248-49, 252, 258, 249, 258
explicar: 53, 55,725, 153, 194,2O4,207,214,
25r,253,262,264,269 133, Ì39, 14r,145,150, 153, Ì55_58, 160, 264, 268,274, 278-79 letra(lettre):30, 115-16, 124, 1,38, 175, 179,
163, 164, 167, 169-70, 178, 195-96, 199, identidade: 21, 23, 24, 25, 28, 32-35, 45, 62, 1Br, 207, 2r1, 2r3, 230, 232, 241
explosão*: 123, 125, 204, 205-07, 214-15, 217
expoente: 64 202, 205-06, 209-10, 276, 223, 227, 228_ 64, 68,75,77, 168, 170-72,2rO,282 lexicologia*: 13, 44
3t, 250, 257 -58, 270, 284 ligação: 59, I72,173,179, Ì82, 189, 2I3,223,
expressáo:22, 23, 32, 39, 42, 44, 45, 49, 56, 5i, f ider.rtificaçãol: 62 aa1
76,78,96, 106, 145, 150, 15t, 158, 166, fônico(a)'': 95, 96, 100, 101,22O,247 ideográfica: 99
173, 185, 1 88, 1 94, 200, 202, 215, 222, 23I, fonismo*: 94,7O2,223 idioma: 69, 72, 115-16, 1\8, 129, 13 1, 133-35, lirnitação: 70, 117, f97,248
232,282 fonografar": I37 137, r38, r42, 143, r45, 147, I 50, r 51, 155,
lí:rgua^: 15. 21 , 23-25, 27-30, 32. 34-35, 37-
fonologia*: 75, IO2, 123, 153, 177, 204, 207, 17 1, 224, 228, 229 , 232, 250-52, 259, 260,
47, 5L-54, 55-57, 59, 60, 61-62,63, 65-68,
fexterior]: 24, 53, 67, 69, 77, 95, 134, 137, 177,
178, 180, 183, 184, 188, 198 209, 210, 212-15, 2I7 , 218 70-72, 7 4-7 5, 77-80, 85-88, 91-96, 98, 101-
265,267,273,279
exterlro: 2I, I9B, 249, 259 , 262, 283 força: 118, I39, 162, 17O, 178, I82,202,206, idiossincrônico(a): 93, 195, Ì96 02, 103-05, 109, 115-19, 126-47,148-55,
213, 232, 248, 253, 269, 27 6, 277 _7 8, 286 imagenr: 67, 1O2, 133, 137, 162, 187, I8B, 248, r57-70, 172, 174, 176-79, 182-86, 188-92,
faculdade: 72, 98, Il 5, I I 6, 128, 139, 182, 270, forma: 2 1, 22, 28. 30-33, 36-42, 45, 46-49, 54, 284 r94, 195, 197, 198-01, 208,2ro-l),,214,
222 56, 59-60, 62, 63-65,74,75, 77, 79, 87-88, imediato(a): 23, 38, 41,, 44, 49, 74, 91, 117, 220, 221, 222, 224, 226, 227-30, 231-33,
fala: 33, 58,71,99,105, 115, 116,128,729, 91-95, 96, 97, 101, 103, 106, 715, 125, 128, r95,226,241 237, 24r, 247 -53, 258-63, 264-70, 272-73,
137, r39, 205, 209, 210, 2I8, 226, 232, 258, 135, 136, 138-42, 145, 746, 155_58, 159_ ir.nplosão*: 123, 203, 205-08, 214-15, 2I7 27 5, 277, 27 B, 27 9, 282-85, 287 -88
280,281,287,288 69,17r, Ì81, 184, 186, 1BB, 191-95, 199- inrpressão acústica: 207 , 208, 2I1 , 212 linguagem': 1 1-13, l4-16, 21, 23-26. 29, 31,
famílta: 7 4, 100, 1 19, 129, 149, I5I, 228, 259- 200, 204-05, 208, 2I2, 21.4-17, 2t9, 220, imutável: 264,274 35, 41, 44, 46-48, 5 1, 60-62, 66, 7 l, 7 5, 77,
62,266,273-74,279 221, 223, 228, 230-33, 237, 257-61, 265_ inar-ralisável: 281 79, 80, 87, 9r, 92, 95, 99, 1 15, 116, 126-32,
farc: 22, 23, 31, 32, 33-39, 41, 44-52, 59-63, 73, 27 6, 284 inaudível: 218 r33, r34, 136, r39-4r, 154-57, 158, 1.62,
64-74,76-78,79, 80, 85, 87, 93, 95, 101, formacão: 38, 139-41, 159-61, Ì64, 165, 166, 166, 168, 170, 17 r, 173, 17 6, 177, 178, r79-
[inconsciente]:139
103, 105, 106, 109, 175, 7r7, 125, 126, 128- 169 , 226, 268, 27 0 incotpôrea: 247 89, 194, 196, 197-98, 200,20r,203,210,
33, 134, 139, 140, I4I, 142, 747_48, r*_ forte(fort): 134, I4I, I44, 214, 266, 268, 27 5, indecomponível: 282 2t9-22, 225, 226, 229, 232, 25t, 257-60,
54, 156, 157, 160, 167, 762,163, 166_68, 277 282,287,288
[indiferença]: 37, 64, 224, 247
170, I7I, 172-74, 777, 180, 182_86, 187_88, fortuita: 54, 150, 185 lingüística*: 21-28, 34-35, 38, 41, 43-44, 45,
findução] : 117, 259, 263
189-92, 195-9 6, 199 -2A7, 203_06, 207 _08, frase: 44,86,92,95, 101, 105-06, 135, 47, 48, 57, 58, 61, 63, 66, 67-68, 70, 74-75,
188, inércia:136
211-1 4, 21 6, 220, 221 -25, 230-32, 241, 248, 206,213 79, 86-87, 9r, 93, 94, 98, 100-02, 103-04,
informes: 146
250, 253, 258, 259, 267-62, 265_67 , 268_69, 109, 115, 1L7,126,127,130-32, r35, r37,
função: 24, 30, 47, 99, 101, 102, 129, 154, 18I, inibiçáo: 123
27 I, 27 4, 27 6-7 8, 27 9, 284_85, 287 _88
I84,204,219 inovaçáo: 87, I40, 155, I 8 1, 209, 253, 270, 27 1, r39,141, r45, r47-48, ).52-54, 163, 165,
fator: 3 8, 78, 127 , 132, 135, )39, I42, I45, 173, 6-79, 1 80-84, I 86, i 87,
276,278 17 0, 17 1, 172-7 5, 17
179, 182, 193, Ì98, 247, 257, 266, 27 5, 277, generalização: 26,35,128, 129, \7O,176, 186, [instantâneo]: 2+,28, 4I, 46,48, 54, 55, 57, Ì90-95, 195-98, 200, 202, 204, 209 -10, 213,
278,284-285,287 187, t95,260 2r4, 219, 220-22, 223, 224, 226, 227,
59,67
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
F- w F- w
PD

PD
er

er
!

!
W

W
O

O
294
N

N
y
Index Rerum

y
bu
Index Rerum 295

bu
to

to
k

k
lic

lic
C

C
w

w
m

m
w w
w

w
o

o
.d o
c u -tr a c k
.c 229,232,233, 237 ,243, 247 , 250, 252,257 - neologisno*: 159, 163, 166 .d o
c u -tr a c k
.c
paladigma: 62, 93-94 proteifolme": 266
63, 264, 265, 269, 27 1 -7 4, 27 7, 27 B-7 9, 282, neutro:47, 65
parassema*: 94,96-97 proveniência: 248
285-88 nome: 24, 29, 30, 43, 47, 49, 57, 65, 67, 69, 71,
parassoma": 103 psicologia*: 98, 127 , 1 28, 1 95, 221-24,249,2BB
linha: 36, 53, 10Ì, 126, \56, 167, 177, 184, 196, 74, 75,93,95, t00, 104, I 19, r20, 124-26,
))) )qq )6n )61 131, 139, 143, 144, 153, 162, 189, 190, 196,
par allélie: 58-59 , 7 6 fpsicológico(a)l: 22, 47,93, 95, 96, 117, 139,
parentesco: 56, 96, 97, 228, 252, 253, 266, 289 r40, r45, 163, 182,22r-22,229, 233,258
fliteratura]* 116, 152, 260 r97, 1.98, 201 -O2, 210, 227, 223, 226, 229,
livre: 88, 94, 172, 174, 188,27I, 276,288 231, 232, 249, 263, 264, 282
partícula: 2O2, 229 , 23O fpsíquico(a)]: 24, 60, 21I, 288
peça:63, 100, 101, 102
fnomenclatura] : 798, 282 pedaço: 38, 99-100, 132, 224, 281 quantidade: 26, 27, 42, 43, 66, 127, 177, 228,
maLcar: 123, 124, 166, 196,202 nominativo: 164, 165, 23I
massa falante: 287,288 pensanlerlto: 38, 43-46, 52, 71, 75, 78, 79, 87, 247
normafivo:232
material: 22, 32, 38, 57, 69-71, 80, 95, 96, 103, 9t,92,1 15, 118, 171,, 175,184, 185, 219,
novação: 79
1.63, 170, 173, 174,185,229 222, 223, 225, 226, 237, 269 raça: 127, 134, 154, 185,260, 263
nulidade:85, 98, 191
nrateriais: 30, 36, 7 6, 88, 95, 97, Ì03, 106, 1 I 7, periodo: 44, 64, 68, 123, 136, 137 , 139, 143, radical: 79, LO4, 142,160, 184,252
r24, 175, 182, 184,185,279,282 147, 150, 158, 162, 169, 17 6, 201, 202, 259, raiz* : 46, 158, 160, 162, 165-166, 169, 188, 223
objetivo: 24, 44,76,117-l l8
mecanema*: 213 268-69, 279 realidade: 31, 34, 39, 42, 45, 47, 52, 55, 59-61,
obleto: 22-23, 25-27, 29, 33, 34, 38, 45, 48, 52,
mecânico(a): 29,97, 1.00, 123, 124, 125, 139, permutação: 230 63, 64, 69, 72, 74. 76, 87-88, 93, 116-17,
54,55, 57, 59, 61, 62, 69-71,74,77,78-79,
145, 197, 204, 213-14, 276-19 perspectiva: 46, 48, 64, 68, 147, 162, 181 lt 9-20, 125, 131, 132, 135, 138, \43, 146,
95, 100, 102, 103, 127-28, 731-132, 133, plano: 162, 783,227
mecanismo: 43, 46, 47, 66, IO2, 2O8, 210, 283 147, 152, 160-61, 168, 173, 176, 180, 193,
142, 152-53, 168, 172-76,179,780, 182,
membro: 58, 100, 119, 161 plexo.:188,215 200,201,207 , 21,8,24r, 277 , 280, 288,289
183, 185-87, 189, 190, 192-95, 197_200, plural: 46, 64-65, 159-60, 164, 165, 1.78,248,
merisma: 102 Íeceptiva:227
214, 2r9, 221 , 224-25, 241, 249, 265, 282,
metacrõnico:224 264 recolher:99, 101
286
[metáfora]: 201 pluriforme*: 99 recomposição: 1 65
onímica: 95
modificação: 40, 63-64, 86, 117, 138, 14t, 1.57, polissílabos*: 229 reconstrução:118,261
foperação]: 26, 27, 29, 32, 35, 45, 62, 79, 94, por.rto(s) de vista: 22-23, 24-27 , 29 , 35, 38, 42, reflexão: 25,35, 53, 55,71,77,80, 94, 139,
162, 167 , 221, 229, 257, 267 -70, 286
105, r17, 123, 1 29, 139, 140, 144, 745, ).63,
momento: 36, 38, 41, 44, 46, 48, 52, 53, 56-58, 54, 55, 57, 6r-63, 71, 74-76, 86,95, 104, r4),, 17 6, 188, 219, 220, 24r, 25r, 278
170-72, 17 6, 223, 227, 237, 247-42
59, 61, 63, 66-67,69-72,76-78, 80, 85_88, 123, 128-29, 131, 133, 137, 140, 152, 153, relação: 24, 25, 28-29, 31, 32, 34, 35, 38, 39-
operture":277
9I, 96, 97, 101, 126, I37, 140, r41, 145, oposição: 24, 27-28, 31, 34, 37, 39, 46, 47, 5i,
154, 170-74, 177, 186, 188, 199, 201,210, 41, 42, 44,47, 48, 55,56,57, 58, 59,66, 67,
147, 167, 174, 175, 778-79, 181_82, t84, 217, 221-22, 224, 226, 249, 260, 261, 27 0, 68-71,73, 75, 78, 79, 101, 136, 140, 145,
57, 58, 60, 62-69, 71-74, 79, 80, 99, 143,
186-87, 189-90, 196, r99, 202, 211, 214_ 277 147, 148, 154, 157, 159, 162, 163, 166, 167,
145, 149, 178, 193, 197, 199, 202, 207, 210,
18, 225, 237, 248-50, 252, 266_68, 27 3, 27 6, ponto fraco: 154 173-7 5, 177, 180-82, 184, 185-86, 187, 188,
214,2l-6,225, 230,264, 276, 278
281, 285-87 posiçáo: 23, 64, 65, 69, 77, 123, 146, 154, 178- 189, i94, 19s, 196, 198,200,202,213,2ts,
lorall:222
monossilábico: 229
ordem(ordre): 22, 24-27, 28-29, 31, 33-34, 36,
79 , ),86, r93, 2r8 221, 223, 224, 237, 247, 248, 258, 262, 266-
morfologia-: 25, 3I-32, 35, 41, 44, 52, 67, 63, positivo(a): 36, 47, 57, 52, 59, 6I, 62, 64, 66- 67, 270, 272, 274, 280, 282, 284-85, 287,
42, 46, 48, 50, 52, 55,56, 60, 61, 66, 68, 70,
64, 78, 97, 1 19, 155-58, 160_64, 167_70 67, 68, 69, 7r-74, 76, 80, Bs, 158, 163, 166, 289
72,7 5,76,79, I00,117 , I79,126,139,142,
notus*:79I-93 1 68, 169, 1.7 1., 172, r77, 188, r90, 225, 230, relativo(os) (a): 27, 28, 35, 42, 43, 48, 51, 62,
144, 152, 157, 1,67, 171-73, 777, 187, 189,
movimerrro: 41, 57,78,88, 101, I23, 136-38, 241 63, 7r, 74, 77, 80, 730, r39, r54, 158, 166,
192, 196, 202, 204, 270, 212_14, 218, 223,
141, 163, 165, 212-13, 216-19, 228, 230, [pós-meditação]: 80 19s, 2r8, 219, 227-28, 266, 269,282
241, 251, 252, 268-69, 27 4, 281 227, 229, 242, 250, 253, 258, 27 0, 282, 285,
predicado:91, 106 ressonância: 281
mudança: 40, 47, 57, 63, 78-79, 97, 138, 139, prefìxo: 1 19, 166, 221, 229, 230 retrospectivo (a) (as) : 48, 64, I4I, 160-62, 167 ,
141,145, i48, 158, 762-65, 174,178,181, organismo: 41, 99, I02, 735, 143, 154, I7O, 219,
pré-histórica: 64, 126, 27 4 r68,188,191
182, 184, 190, 222, 227 -29, 230, 231, 247 , 261,264 preposiçáo*: 229,23O
251, 257, 268, 269-7 I, 27 4, 285, 286 órgão: 101, 1O2, 154, 177,2O8,211,220,228, primário: 72,2).7,28O seção: 58, 86, 92, 99, 214, 230, 251, 282
multiespacìal: 100 248 princípio: 2I, 24, 27, 28, 34, 45, 49, 57, 65, 66, secundário: 59,72,28O
mutabilidade: 137 origem da linguagem: 46, 60, 85, 136, 139, 140, 74, 87, 91, 96, 99, 100, 101, 109, 116, I24, semâ": 85, 94-97,99-103, I04, 7O5,220
mutação: 185 746, 149, 155, 160, 166, 188, 194, 196,213, 128-29, 132-33, I 36-38, r40, 143, 1,44, 147, semântica*: 40, 97 , 195, 219
232, 249, 261 150, 155, 156, 158, 162-63,164,166, 168, semiologia': 43, 44,70,88, 95, 100, 1L7, 186,
não- (não):33,35, 100, 188,210, 228,284 ortografia: 1 19 172, 17 6, 17 8, 18I, 188, I 89, 192, 196, 206, rgs, r97, 223-24, 226, 248, 249, 287
não efetivo: 218 208, 217 , 220, 252, 257 , 259, 267, 266-69, semismo*: 99
não ir-rtenupção: 133 palatal*: 28,29,30 272, 274, 276,281, 288 sentido: 21, 26, 30-32, 35, 36, 37, 38, 40, 4I,
nasal*: 42 palavra: 22,26-27,30,32,37-38, 40, 42, 44, procedimenro: 26,34,55,115, 130, 140, 158, 46-49, s1-53, 61, 62, 65, 67, 69,70, 73-7 4,
[natureza]: 23, 24, 26,48, 56, 58, 63, 76, 79, 46-49, 51,53, 54, 56, 57, 60, 62, 64, 65, 67 , 160, 162, 165, 176, 184-85, 199, 218,23r 76, 78, 85, 86, 92-95,96, 97, 99-102, I09,
91, 100, 102, 106, 776, II7, 123, I24, I3o, 68-69, 70, 7r-76, 79, 85, 87, 91-93, 94_97, processo: 260, 266 r19, 125, 129, 131, r32, 135, 136, 1,39-40,
138, 154, 158, 172, 777-78, 181, 184, 186_ 99-102, 104-05, 118-19, 731.-32, 134, 135_ produto: 26, 150, I59, 170, I7 4, 18o, I 86, 187, 143,748, Lsz, 165-66, 172,173, 174,779,
87, 189, 194, 797,202,206,213,215,217 , 36, 138, 1.42, 144, 746, 150, 156_59, 161_ 269,275 I85, 187, 192, 193, 195-99, 207, 202, 205,
221, 227-28, 231, 241, 247, 249_50, 277, 62, 163, 165-66, 168-71 ,778, ).79,181_83, proétnicas+: 1 18 207, 211 -r2, 2r4, 21.6, 220, 224, 227, 23 1,
288 188, 190, 196, 197, 200, 202, 203, 206, 215, projeção: 25,162 233, 247 , 251, 259, 262-63, 265, 27 I, 27 6,
[negatividade]: 60-61, 66, 67-68 2t6, 220-21, 223, 225-26, 228, 229, 231., pronúncia: 49, 66, IO5, 154, I77 , 226, 250 279,288
negativo(a): 27,31,36,38-39, 42, 47, 52,6I, 232, 237, 241-42, 247, 249, 258, 259, proposiçáo: 91, 158
27 4, fsentido figurado]: 67, 70, 73-7 4
65-7 4, 80, 85, 116, 125, 185, 188, 197, 230 )aa prospectivo(a) : 12, 188 fsentido próprio]: 67, 70, 73
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
F- w F- w
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Index Rerunt
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296
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.d o . c .d o .c
c u -tr ack c u -tr a c k

166-67' 168' 169' 180' tema: 158, 160-62, 166


+5' sl-s2' Q-65' 70'
sentinrento:48, 159-62'
""li ro t.r33'q)40,c9.I l'l0l, l02,105' 123 132- A
t";';",;l ptrblicaçhcr pela Eclitora Culmix des-
1q1. 203, 226 tes Escrifos rie Lirrgr'iística Galal, se nãc'r
."oü",t.io de sons': 87 ' 173' 24l ',"ri'r0.1'si, i¡ã, r+o +r , t42-4s,
',.',,' t47,
'.,ì\"ì t;, 6r" 65 68, 73 87, e3' I ì 8' r2e' r+7'
i,'ô ìis, iss, t7o, t7t' t73-74' 180 ]li' acrescelìta natla ao rítulo dc "funcla-
--"izõ,
iá0, zr7, 225, 263, 271' 273' 2BB, - ì*;. iól ìoz ts¿ le6, le8-ec' 201r 291' clor rla lingüística moclema" ¿'rtribuíclo a
,innili.nc-, ))-24' 2E' 3O-31' 36'42' 44' 47.' )oi' ,ro,2t3' )2t,224' z2s' 23s' )50 5À
Ferclin¿rnc1 ele Saussure, sen'irá para re-
"'- 67-68' 6e-70' 7 t ' 72'
zai íi )l+ ts, 276, 277,280' 281'
àö-ïi, is. 60, 6s-b6 284-88
ìl gn s7-88, q'+, c)6' 99-loo' ì03 105' .lcscohrir ulìr (l()s Irourcns lìlrìis rììistcrio-
'ìizbllìó, tenporalidade: 99
ros ì6e, 170' lc)3 lee' 203-05' têr-rue: 260 sos clo sécr-rlo passaclo, qtre não excluía
200' ?o2;22:9
237,282
284
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37 ' 38 39 -l l-' 44
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,170,185' 284'285 ;;';1 õ e7 s4-s5, e6, e8, tol, l05-06' era por tudc> o clì,le torna insolúr'el um
55, 7 6' r59 ' 173' 17 6 iób, i1ó, ì i+,, t¿s, t32,137' I40' r43'
l\ r78' 182' ¡rroblema. Com a ptrblicação clestes Eso'i-
-39,41-53' 58' 63-66' i"l: ià, iso 151, 1s3, 166' 172'
), 85, 86, 87-88' 91-92' iai,'iåi-s8, 1e1, 1e3-e6' 1e8' 1ee 201' ttrs, ¡ [ig1¡¡. tie Saussr¡rc, qrre não gos-
98,100, 101-05, )'r'l ' \24' 1æ' 111 )itl'oï, zot', zto, 214,2\e' 220' ??4^72' tava r'le aparecer-, surge enì plena h-rz
94-96,
i57, 15e-60, \7s' r77 7e.' 7^83- 28s' 288'
t;o,"iil', 1\o, *, z+i, 258, 264, 282' 284' corììo r.ulìa pessoa preocupada corn a
'rôd, isa, 1'e5, rsl-es' z,'o' 21r' 21e^'
ä0, 289
\llz,- il2 , zzi, 226, 227 ' 248'50 '
2s8 280 '
' tesoLrro:71,87, 105 ontologia, com os mistérios cla palavra
228' 267' 264'
282,284,287,288 i'p",'iît, its,'t:4, .*s' T'4' hunlana, benr ltrnge .los tlaços caricatu-
signologia*: 222,226 271,274 g 4' 97' I32' 137' rais - rrnla espúcie tlc positivista cien-
.íã'boló, 93, 179-80' 1Bg ,.u,-trfot"'t"Cao' 63, 64' 7 B' 92'
simultaneidade: 36, 100 40, 14¡" v4,206,210,228 tista - colll que ¿rs .1écadas L.rece.lentes
sinaì:38, 52, 100 ¡rretentliam fixar para a pclsteric{ade a sLra
sincronia:284 wnlattt":231 avelltura espirittLal.
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sinonìmo: 30, 74, I0l' 226' \l+,12áie ' izt, :+a' )'47 ' r48' !12 )2:
sintaema.: 29, 58 äi tlé,1a:s'173,180' 184' Iee' 2o9'2^0.7:
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it-,'zt'i,'ztg,223' 224' 227
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l 33' 154' t74' 211,'
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