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Aula 00

Filosofia p/ ENEM 2016


Professores: Rafael D. Ferreira, Sergio Henrique
Ciências Humanas e
suas tecnologias
Filosofia 00

Professor: Sérgio Henrique.

00. O NASCIMENTO DA FILOSOFIA E O PENSAMENTO GREGO.

SUMÁRIO
Apresentação do curso e a filosofia no ENEM. pág. 03
Programação. pág.07

Cronograma de filosofia. pág. 10

1.Introdução: O que é filosofia. pág.11


2.Do mito ao logos. pág.16
- 2.1 O surgimento do mundo para os gregos pág.16
antigos.
3.Razão e verdade. pág.22
4.Grécia: O berço da civilização e da filosofia pág.22
ocidental.
5.Contextualização histórica e pré-condições pág.26
de surgimento da filosofia grega.

6- Os pré-socráticos. pág.32
- 6.1 Escola Jônica (Os milésimos – de mileto- pág.34
Tales, Anaximenes e Anaximandro.
- 6.2 Pitágoras. pág. 36
- 6.3 Demócrito. pág.37
- 6.4 Heráclito e Parmênides. pág.37
7.Os sofistas. pág.40
8. Sócrates X Sofistas. pág.43
9. Exercícios resolvidos. pág.44
10. Exercícios propostos (com gabarito e pág.60
comentários).
11. Considerações finais. pág.112

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Caixas explicativas ou caixas conceituais: Você irá encontrá-las


ao longo do texto, para desenvolver conceitos e dar dicas
importantes. Nesta aula veremos:

Hegel x Conford. pág. 20


Filosofia: ruptura ou
continuidade do mito.
Os jogos olímpicos. pág. 24

Cosmogonia x cosmologia. pág. 33

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APRESENTAÇÃO DO CURSO E A FILOSOFIA NO ENEM.


A Filosofia tem ganhado cada vez mais destaque no ENEM.
Desde 2009, quando o exame sofreu algumas reformulações, a
disciplina de filosofia é de uma presença marcante, que chega até a
20% de presença nas 45 questões que você fará de Ciências
Humanas e suas tecnologias. Nos anos 2010 e 2012, a incidência
de questões de filosofia foi alta, com boa parte da prova exigindo
conceitos em exercícios mais específicos e também interdisciplinares,
que representam a maior parte delas. A maioria das questões de
filosofia possui um caráter interdisciplinar, até porque é a matriz de
todo o pensamento das humanidades, e temas que são indagados
filosoficamente podem também ser classificados como de outras áreas
das ciências humanas.
Os principais temas tratados pela filosofia são os clássicos
gregos como Platão, Aristóteles e os modernos como Nicolau
Maquiavel e Tomas Hobbes e pensadores iluministas com Rousseau
e Montesquieu. Outra abordagem filosófica frequente é sobre questões
éticas e polêmicas atuais.
Gráfico I: Temas Gerais.

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A maior parte do que é cobrado, podemos classificar como


filosofia temática, que são questões que abordam temas atuais mas
recorrem aos clássicos da filosofia, então é cobrado sobre política na
visão de gregos e modernos, por exemplo, ou a forma como a
liberdade, a ética e o amor já foram interpretados. É tema frequente
os princípios políticos democráticos – na visão grega e iluminista- bem
como todos os princípios atuantes na organização da sociedade, como
democracia e cidadania.

Gráfico II: Filosofia antiga. Grécia, o berço da civilização


ocidental.

O pensamento filosófico grego é sempre presente na prova. Não


poderia ser diferente dada sua importância matricial (é a matriz do
pensamento ocidental). Os pré-socráticos e a tríade Sócrates, Platão e
Aristóteles, estão no topo da importância para a filosofia antiga.

Gráfico III: Filosofia medieval. O Pensamento filosófico


teológico da Igreja.

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A incidência de filosofia medieval é baixa, pois a maior parte do


que cai do período pertence à ceara da História, mas compreendendo
os fundamentos do pensamento medieval você terá uma base
interdisciplinar excelente.

Gráfico IV: Filosofia Moderna. Racionalismo, cientificismo e


fundamentos filosóficos e políticos do Estado Moderno.

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Considerando que são temas ligados a pensadores muito


importantes, muitas questões de filosofia moderna podem também ser
classificadas como interdisciplinares, dessa forma, com base em nosso
banco de questões os filósofos modernos são os mais abordados, pois
estão no contexto histórico da criação do Estado nacional Moderno
absolutista (assunto tratado em mais detalhes no curso de
sociologia, aqui nas aulas de filosofia nos restringiremos a falar
sobre Nicolau Maquiavel e Tomas Hobbes) e a sua dissolução com
os princípios democráticos, constitucionais e de cidadania dos
iluministas.

Gráfico V: Filosofia Temática.

Os principais temas discutidos em filosofia são: a democracia,


cidadania e questões éticas. Filosofia política é a mais abordada em
todos os grandes autores.
Filosofia e Sociologia tornaram-se obrigatórias no currículo
básico do Ensino Médio desde 2009. Então o número de exercícios
disponíveis na prova do ENEM, são relativamente poucos em razão de
sua novidade. Para que possamos abordar com uma profundidade

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maior de detalhes recorreremos também a exercícios de outras bancas


vestibulares que cobram filosofia, como a UFU (universidade federal de
Uberlândia), UEL (universidade estadual de londrina) entre outras.

PROGRAMAÇÃO.

Nossa meta será concluir 10 aulas em apenas 3 módulos.

Em média podemos estudar e fazer todas as atividades


recomendadas em torno de 10 dias úteis, com 1 hora de estudos por
dia, o que nos permite concluir cada aula em média de duas a três
semanas. O programa de filosofia é sintético, então é possível estudar
com tranquilidade. É importante destacarmos que a resolução de
atividades e anotações devem ser prioridades. Você deve consultar os
textos da aula em caso de dúvidas e não vacilar, lembrando que deve-
se ler atentamente toda a teoria, sem se preocupar em decorá-la. Ao
longo da semana dedicada àquela aula leia e releia e pratique os
exercícios. A cada passo dado você perceberá como é simples aprender
as ciências humanas. Você deve ler tudo com atenção, analisar e
raciocinar. Quanto maior o número de relações que ao longo do curso
conseguir fazer entre os diversos assuntos que estudará, melhor.
Refiro-me a todas as disciplinas (não se esqueça da
interdisciplinaridade, falamos dela na introdução, está lembrado?)
Esqueça aquela velha decoreba. Nas disciplinas de ciências humanas e
suas tecnologias, muitas vezes adquirimos preconceitos devido a uma
compreensão errada sobre elas, como afirmar que para aprendê-las é

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suficiente decorá-las ... Nada mais enganoso. Essa falsa percepção dos
conteúdos pode ter se formado por diversas razões, entre elas alguns
professores que por ventura passaram por nós que pensavam assim:
“tem que decorar”. Seria imprudente da minha parte afirmar que não
é necessário memorizar o conteúdo, mas não como um decorador, que
executa suas capacidades de reproduzir sem compreender, tal qual um
papagaio! A memorização vem do acúmulo, da dedicação e seriedade
nas leituras e exercícios, não é o objetivo do estudo em si, mas
resultado dele. Seu aprendizado e compreensão vão ser bem maiores
dessa maneira.
Vamos iniciar o programa com o a aula 00 cujo tema é: O que é
filosofia, contexto histórico grego, do mito ao logos e os pré-
socráticos. No nosso curso dividimos todos os principais fundamentos
e conceitos em 10 aulas. Para que possamos analisar um pouco das
principais questões da filosofia e seus conceitos vamos procurar
compreender como ela surgiu e como o pensamento filosófico
manifestou-se no decorrer do tempo desde os gregos. É possível
traçarmos uma linha espaço-temporal para a evolução da filosofia, dos
gregos até hoje. Então nosso curso será construído a partir de uma
perspectiva histórico-filosófica, ou seja, estudaremos o pensamento no
decorrer do tempo histórico e também em suas principais indagações
que são discutidas em todos os tempos como o amor, o belo e a ética.
Todo o curso foi escrito – e ainda está sendo, pois nossas aulas
são atualizadíssimas - observando as abordagens cobradas pelo ENEM.
Seguimos o edital de forma rigorosa, bem com os levantamentos
estatísticos que você pode conferir no Raio X do ENEM do Estratégia
Concursos. Daí você perceberá que em alguns assuntos vamos dar
detalhes e conceitos mais aprofundados e um maior número de aulas,

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pois são sempre presentes, enquanto outros assuntos, apesar de suas


relevâncias para suas respectivas áreas acadêmicas e para o
conhecimento humano, não são cobradas com frequência no exame ou
quase nunca aparecem, e quando isso ocorre, é normalmente em razão
de alguma atualidade que repercutiu bastante aquele ano. Agora veja
como dividi sua programação de estudos e organizei suas aulas de
filosofia.

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CRONOGRAMA DE FILOSOFIA.

Data Aula Tema


26/01 Aula Módulo I: O que é filosofia, contexto
00 histórico grego, do mito ao logos e os pré-
socráticos.
23/02 Aula 1 Módulo I: Sócrates, Platão e Aristóteles:
Os fundamentos do pensamento racional.
16/03 Aula 2 Módulo I: - Santo Agostinho, São Tomás
de Aquino, Escolástica e Patrística.
06/04 Aula 3 Módulo II: Humanismo e Renascimento
cultural.
27/04 Aula 4 Módulo II: Fundamentos do Estado
Moderno: Maquiavel e Hobbes.
06/04 Aula 5 Módulo II:O Iluminismo.
27/04 Aula 6 Módulo III: Política.
18/05 Aula 7 Módulo III: A ética e a estética.
15/06 Aula 8 Módulo III: O conhecimento.
20/07 Aula 9 Módulo III: A cultura, a experiência e as
artes.

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1. INTRODUÇÃO: O QUE É FILOSOFIA?

A Filosofia está mais ligada a busca, do que a aceitação dos


conhecimentos dados no mundo. Ela pode justificá-los de alguma
forma, ou derrubá-los com o poder de um ciclone. A filosofia
etimologicamente (o estudo das palavras) é um termo grego que vem
união de philos – amor, e sophia – sabedoria. Daí o filósofo seria aquele
que ao pé da letra possui “amor à sabedoria”, ou “amizade pelo saber”.
O primeiro a usar tal termo, de acordo com os registros conhecidos, foi
o filósofo e matemático Pitágoras (esse mesmo, que você estudou no
ensino fundamental em matemática: a soma dos quadrados dos
catetos é igual à soma do quadrado da hipotenusa), não por se
considerar um shofos (sábio), mas simplesmente por ser alguém que
ama e busca a sabedoria. Porém qualquer leitor exigente não se
contentará com uma definição simples para tentar descrever algo tão
complexo – se é possível. A filosofia pressupõe uma constante
disponibilidade às indagações, na busca de um conhecimento humano
mais profundo, mas para tanto segue um rigoroso método e baseia-se
fundamentalmente em conceitos. Para Platão e Aristóteles a principal

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virtude do filósofo é admirar-se com o óbvio e questionar as verdades


dadas.

A academia de Atenas, de Rafael Sânzio, um pintor


renascentista. Observe ao centro o destaque para Platão, que
aponta para cima, em referência ao mundo das ideias, e ao seu
lado seu discípulo Aristóteles, apontando para a terra uma
referência a sua ideia de concretude da existência. Cada um dos
homens representa um sábio da antiguidade grega como o

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cínico Demóstenes, o matemático Pitágoras, Epicuro e


Sócrates.

Os filósofos franceses Deleuze e Guatarri nos dão uma


interessante visão sobre a filosofia, usando a arte como exemplo:

“Os homens não deixam de fabricar um guarda sol que os abriga,


por baixo do qual traçam um firmamento e escrevem suas convenções,
suas opiniões, mas o poeta, o artista abre uma fenda no guarda-sol,
rasga até o firmamento, para fazer passar um pouco do caos livre e
tempestuoso e enquadrar, numa luz brusca, uma visão que aparece
através da fenda. (...) Então sugue a massa dos imitadores, que
remendam o guarda-sol, com uma peça que parece vagamente com a
visão. (...) Será preciso sempre outros artistas para fazer outras
fendas, operar as necessárias destruições, talvez cada vez maiores, e
restituir assim, a seus predecessores, a incomunicável novidade que
não mais se podia ver”

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Picasso. Mademoiselles d’Avingnon

Salvador Dalí. Galatea das esferas Modigliani. La belle romaine.

A filósofa Maria Helena Pires, professora da E.C.A – USP (Escola


de comunicação e artes) nos traz uma interessante reflexão sobre
estes artistas aqui apresentados (Picasso, Dalí e Modigliani):

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“Eles romperam com as convenções da arte acadêmica, que


buscava a reprodução fiel da realidade: “abriram uma fenda no guarda-
sol”, o que introduz o “caos” no nosso olhar cotidiano, acostumado a
um certo modo de ver. O artista subverte nossa acomodada
sensibilidade e nos convida a apreciar o novo. Até quando? Até o
momento de abrir novamente outras fendas e reintroduzir o caos.”

Para o filósofo italiano Antônio Gramsci “Não se pode pensar em


nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense,
precisamente, porque o pensar é próprio do homem como tal”.

O filosofo alemão Imannuel Kant disse que “não é possível


aprender qualquer filosofia (...) só é possível aprender a filosofar”.

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2. DO MITO AO LOGOS (RAZÃO).


O Pensamento mitológico surgiu de uma tentativa de explicar o
mundo à sua volta. A complexidade da natureza e da sociedade fizeram
os primeiros sábios a tentar explicar questões importantes como: Por
que envelhecemos? Como surgiu a Physis – natureza? Qual a origem
dos homens? O mito como tentativa de explicação tem origem
intuitiva. Vem da necessidade humana de explicações e do desejo
de afugentar a insegurança diante do desconhecido. A explicação
mitológica, não se baseia na razão, mas antes de tudo, sustenta-se
pela fé na ideia da existência de forças superiores, sobrenaturais que
estabelecem modelos exemplares de conduta aos humanos.
A tentativa de explicação do surgimento do universo através de
explicações míticas chamamos cosmogonia.

2.1 O SURGIMENTO DO MUNDO PARA OS GREGOS ANTIGOS.

Júpiter ou Jove (Zeus), embora chamado pai dos deuses e dos


homens, tivera um começo. Seu pai foi Saturno (Cronos) e sua mãe
Réia. Saturno e Réia pertenciam à raça dos Titãs, filhos da Terra e do
Céu, que surgiram do Caos (...). Havia outra cosmogonia, ou versão
sobre a criação, de acordo com a qual a Terra, o Êrebo e o Amor foram
os primeiros seres. O Amor (Eros) nasceu do ovo da Noite, que flutuava
no Caos. Com suas setas e sua tocha, atingia e animava todas as
coisas, espalhando a vida e a alegria.
Ofíon e Eurínome governaram o Olimpo, até serem destronados
por Saturno e Réia. (...) As representações de Saturno (Cronos) não

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são muito consistentes; de um lado, dizem que seu reino constituiu a


idade de ouro da inocência e da pureza, e, por outro lado, ele é
qualificado como um monstro, que devorava os próprios filhos.
Júpiter, contudo, escapou a esse destino e, quando cresceu, desposou
Métis (Prudência) e esta ministrou um medicamento a Saturno, que o
fez vomitar seus filhos. Júpiter, juntamente com seus irmãos e irmãs,
rebelou-se, então, contra Saturno e seus irmãos, os Titãs, venceu-os
e aprisionou alguns deles no Tártaro, impondo outras penalidades aos
demais. Atlas foi condenado a sustentar o céu em seus ombros.
Depois do destronamento de Saturno, Júpiter dividiu os domínios
paternos com seus irmãos Netuno (Poseidon) e Plutão (Ades). Júpiter
ficou com o céu, Netuno, com o oceano, e Plutão com o reino dos
mortos. A Terra e o Olimpo eram propriedades comuns. Júpiter tornou-
se rei dos deuses e dos homens. Sua arma era o raio e ele usava um
escudo chamado Égide, feito por Vulcano. Sua ave favorita era a águia,
que carregava os raios.

BULFINCH,Thomas. A era de ouro da mitologia.

Acima temos a Cosmogonia grega da criação. Saturno (Cronos,


o tempo) nasceu imediatamente após o caos, que para o grego era
uma mistura disforme de todos os elementos existentes. Cronos
destronou seu pai e o castrou, separando-o de Gaia, que tomou como
esposa. Uma interessante metáfora para explicar que no início, no
caos, tudo era unido e com o surgimento do tempo (Cronos) o céu se
separou da terra. Com medo de ser destronado comia os filhos. Réia
(Gaia, a terra) salvou Júpiter oferecendo uma pedra a Cronos, que não
percebeu e comeu. Como podemos ver na narrativa de Bulfinch no

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quadro acima, Jupiter retorna, destrona o pai e divide com os irmãos


(que foram vomitados) o reino do céu e da terra, do oceano e do
inferno, o mundo dos mortos. É interessante salientarmos que para o
grego o inferno é o lugar dos mortos, não dos maus. Lá existiam
lugares diferentes para os virtuosos e bons (campos elísios) e maus.
Perceba que a estória de Cronos é uma metáfora para explicar a
finitude humana: O tempo devora os próprios filhos. Todos envelhecem
e morrem.

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Cronos devorando os filhos. A obra da esquerda é do


espanhol romântico Francisco Goya (1823), e na obra da direita
é do renascentista Peter Paul Rubens (1639). Em alguns
momentos da história das ideias e da cultura humana, foram
influenciados pelas ideias filosóficas e concepções estéticas
gregas. Dois momentos principais destacam-se: os três séculos
do Renascimento (XIV, XV e XVI), que chamamos também de
Classicismo (um retorno à cultura clássica greco-romana) e no
século XIX o Neoclassicismo. Observe os traços
antropocêntricos e realistas do artista renascentista.

As principais narrativas mitológicas gregas são as Obras de


Homero (A Ilíada e a Odisseia) e Hesíodo (Os trabalhos e os dias).
Ambos seriam Aedos (poetas) que narravam em eventos públicos e na
ágora poemas épicos, contanto os feitos heroicos dos primeiros gregos.
Por exemplo a Ilíada narra a guerra de Tróia (ílion para os gregos)
enquanto a Odisseia narra o retorno para a sua terra natal do herói
Ulisses (Odisseu). Nestas narrativas os deuses gregos estão presentes
todo o tempo e encontramos o pensamento mitológico que pretende
explicar o mundo (cosmogonia).

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HEGEL X CONFORD.
FILOSOFIA: RUPTURA OU CONTINUIDADE DO MITO
Há um debate na filosofia sobre a relação entre o mito e a
filosofia. Alguns filósofos compreendem que o surgimento da filosofia
significou uma ruptura com o pensamento mítico, enquanto outros
entendem uma continuidade entre o mito e a filosofia.
O filosofo alemão F. Hegel compreende que a filosofia surgiu na
Grécia porque a sociedade patriarcal desaparece e surgem cidades
livres organizadas por lei, pois para ele não é possível separarmos o
surgimento da filosofia da criação da democracia, da política e da lei.
Na linha hegeliana temos o historiador britânico John Burnet, que
afirmava que a mitologia não fazia questão de esconder suas
contradições e alegorias desprovidas de lógica, pois não percebiam a
importância da lógica e de uma necessidade de argumentar suas
posições. A filosofia ao se preocupar com o logos (lógica) e as noções
de causa e efeito, rompe com o pensamento mítico.
Para o estudioso grego inglês Conford, a filosofia é uma
continuação das tentativas de explicação sobre a natureza e o ser
humano dadas pelos mitos. O que a filosofia fez foi retirar o elemento
fantástico do mito – em termos de linguagem- e colocou em seu lugar
conceitos seculares (que não pertence a vertentes religiosas). Para o
alemão Werner Jaeger a filosofia nasce do mito, pois “o começo da
filosofia científica não coincide com o princípio do pensamento racional

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nem com o fim do pensamento mítico”. Para ele no próprio mito há


uma semente de razão. Nos textos de Homero, as epopeias Ilíada e
Odisseia, os deuses são antropomórficos, tem forma humana, não são
misteriosos e distantes e são na verdade a imagem e semelhança do
homem grego. Tornar os deuses humanos é o primeiro sinal de que o
grego quer transformar a divindade em algo familiar, próximo ao seu
próprio mundo para que possam compreendê-la.

Hegel e Burnet Conford e Werner Jaeger


Ruptura entre mito e logos. O logos é a continuidade do mito.
São baseados em princípios Com o desenvolvimento da
diferentes e o logos surgiu com o sociedade as explicações
desenvolvimento da sociedade. tornaram-se mais complexas e
baseadas na lógica, mas os mitos,
assim como a lógica procuram
explicar o mudo.

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3. RAZÃO E VERDADE.
São as ideias que sempre nortearam a filosofia desde o filósofo
grego Sócrates. Elas nos trazem o apreço pelo pensar melhor, através
do uso da razão e através dos constantes questionamentos, buscando
chegar à verdade. O uso da razão humana de modo a desnudar o véu
da ignorância e derrubar ideias e comportamentos se for o caso, para
a busca da essência por trás das aparências. A própria ideia de verdade
provocava debates acalorados na antiguidade. Os filósofos sofistas
como Parmênides relativizavam-na e defendiam que diferentes pontos
de vista trariam também diferentes verdades, pensamento totalmente
oposto ao de Sócrates que acreditava que através da razão e da
indagação poderíamos destilar o conhecimento até chegar na essência
que seria a verdade. Acreditava numa verdade e moral superior e
absoluta.

4. GRÉCIA: O BERÇO DA CIVILIZAÇÃO E DA FILOSOFIA


OCIDENTAL.
O Homem sempre existiu como ser pensante, mas o pensamento
organizado em busca da verdade das coisas e pelo amor ao
conhecimento na busca de viver e pensar melhor, surgiu na Grécia
Antiga. É o berço da filosofia, pois lá surgiram os primeiros pensadores
que consideramos filósofos, e do fruto destes pensamentos surgiu um
modelo de organização de sociedade e visão sobre o mundo. A
sociedade ocidental deve suas principais formas de organização
política, social, princípios matemáticos e técnicos, além de uma
visão em que a razão tem destaque, aos pensadores do mundo

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grego. Sempre que nos referimos a eles, é recorrente à nossa mente


o trio de grandes filósofos: Sócrates, Platão e Aristóteles, além de
matemáticos como Pitágoras, Thales e Ptolomeu. Não podemos
esquecer de destacar Arquimedes (lembra-se na física do princípio de
Arquimedes? Eureca!!!). No atual mundo ocidental devemos aos
gregos à noção inicial de democracia e participação popular na polis
- a cidadania, uma visão de mundo racional e antropocêntrica
(tendo o homem como princípio fundamental das análises), uma
concepção estética baseada nos padrões gregos de simetria e
equilíbrio, o teatro e também os jogos olímpicos.

As imagens mostram cenas de jogos representadas em vasos


gregos, as chamadas Ânforas. Quais esportes você consegue
identificar?1

1
Luta greco romana e maratona.

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OS JOGOS OLÍMPICOS.

Os Jogos Olímpicos foram uma série de competições esportivas


entre representantes de cidades-estados da Grécia Antiga e eram
dedicados a Zeus. Os registros históricos indicam que eles começaram
em 776 a.C, em Olímpia. Durante a celebração dos jogos, uma trégua
olímpica era estabelecida para que os atletas pudessem viajar de suas
Pólis para os jogos em segurança. Os vencedores eram coroados com
tiaras de oliveiras e tratados como verdadeiros heróis, além disso, seus
feitos eram narrados para a posteridade. Os jogos tornaram-se um
instrumento político utilizado pelas cidades-estados mais poderosas
para afirmar o domínio sobre seus rivais. Alianças políticas eram
anunciadas nos jogos, e em tempos de guerra, os sacerdotes faziam
oferendas aos deuses pedindo a vitória. Os confrontos cessavam no
campo de batalha e a disputa era direcionada aos jogos, em que os
melhores homens disputavam, e muitas vezes os resultados eram
considerados uma vitória militar, pois eram substitutos das batalhas.
Uma forma encontrada para transferir os esforços de guerra para a
disputa individual, e também era um mecanismo de poupar vidas e
recursos. Os jogos foram usados para difundir a cultura helenística em
todo o Mediterrâneo. As Olimpíadas também contavam com
celebrações religiosas e apresentações artísticas. A estátua de Zeus
em Olímpia foi considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Lá os Aedos (poetas que recitavam epopeias) tinham grande

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destaque. Talvez o mais conhecido deles seja Homero, a quem é


atribuída as obras Ilíada (narrativa da guerra de Tróia) e a Odisseia
(o retorno dos heróis Ulisses à sua terra natal Ítaca, que durou 10
anos). Os jogos antigos tinham menos eventos que os atuais, e apenas
homens gregos nascidos livres podiam participar. Para garantir o
cumprimento desta regra, os jogos eram disputados com os jogadores
nus.

O símbolo das olimpíadas modernas foi criado em 1913 por um


francês –Pierre de Coubertin, na Europa prestes a entrar em guerra
(a primeira guerra mundial eclodiu em 1914), e os discursos
militaristas, nacionalistas e de ódio foram contrariados numa
simbologia de união entre os povos e os jogos como um discurso de
paz.

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5. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E PRÉ-CONDIÇÕES DE


SURGIMENTO DA FILOSOFIA.

A civilização grega antiga se desenvolveu


em um ambiente natural complicado de sobreviver. Povos indo-
europeus (que habitavam territórios no limite da Europa e Ásia) como
os Jônios, Eólios e Dórios passaram a povoar a região da península
balcânica através de séculos de invasões e povoamentos. Alguns
pacíficos outros extremamente violentos que provocaram a dispersão
populacional dos gregos que colonizaram vários territórios conhecidos
como a grande Grécia, ou Magna Grécia, com povoamentos que iam
da península Itálica à atual Turquia. Os territórios montanhosos, de
solos rasos e pedregosos, onde se concentravam os principais
povoamentos, forçaram os gregos a navegação e ao comércio
marítimo, enquanto a agricultura sempre teve um caráter
complementar e de subsistência. Em razão do clima e solo, a
agricultura prosperou pouco e há maior possibilidade de cultivo de
plantas resistentes como as oliveiras e as parreiras (uvas), típicas do
clima mediterrâneo (Os gregos eram grandes produtores de azeite de
oliva e vinho). As dificuldades na agricultura não eram as únicas. Era
também muito difícil a comunicação entre cada um dos vários núcleos
de povoamento, que denominamos Polis ou cidades Estado. As mais
importantes e conhecidas eram Atenas, Esparta, Tebas e Olímpia, mas
como nosso objetivo aqui é buscar a origem da filosofia, nos

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concentraremos nos elementos primordiais de Atenas, a cidade da


filosofia, da arte e da democracia.
As cidades Estado
eram totalmente
independentes
umas das outras
seja
politicamente,
militarmente ou
economicamente.
Até em termos
religiosos eram
autônomas pois
cada uma cultuava um deus principal. Estas cidades eram bem
diferentes das atuais e eram muito mais interconectadas com a zona
rural. A elite grega era uma aristocracia agrária, composta por
poderosos proprietários rurais escravistas, que desprezavam o
trabalho manual. Destaque: para os gregos antigos o trabalho
retirava a dignidade humana reduzindo o homem à condição de animal.
Entre os gregos era comum a noção de que o ócio é fundamental e
necessário para a execução das faculdades intelectuais e dignidade
humana. O escravo e o trabalhador braçal eram profundamente
desprezados e alvo de preconceitos. Havia uma grande valorização da
ideia, da reflexão, da política e da arte, mas um profundo desprezo e
aversão aos trabalhos manuais. O espaço urbano grego ficava na
acrópole (ou cidade alta) em que estavam os principais prédios
públicos e templos religiosos como o templo à Atenas, Artêmis ou o
Oráculo de Delfos. Ficava na cidade o mercado municipal e a ágora,

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a praça Ruinas do anfiteatro e da ágora, na acrópole de Atenas


pública.
A elite ociosa (vivia no ócio) de Atenas passava um longo tempo
na Ágora e no Mercado público em discussões políticas e filosóficas,
questões caras aos homens atenienses da época. A política tinha um
caráter central naquilo que os gregos consideravam importante, ao
ponto de que o cidadão que não participava ou não demonstrava
interesse pela vida política da polis era muito mal vistos e sofriam
preconceitos. Inclusive no tempo de Péricles, um grande estadista
ateniense, haviam várias leis que forçavam a participação nas
assembleias foram criadas. Veja como a importância da participação
política foi cobrada no exame:

(Enem 2014) TEXTO l

“Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como


alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um
inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas
por nós mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à
ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de
chegar a hora da ação.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987
(adaptado).

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TEXTO II

Um cidadão integral pode ser definido por nada mais nada menos
que pelo direito de administrar justiça e exercer funções
públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de
exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas
duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de
certos intervalos de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.

Comparando os textos l e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.)


quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a cidadania era definida
pelo(a)
a) prestígio social.
b) acúmulo de riqueza.
c) participação política.
d) local de nascimento.
e) grupo de parentesco.

A cidadania em Atenas era somente daqueles nascidos


livres, filhos de pai e mãe ateniense e que cumpriram serviço
militar. Mas a execução da cidadania, ou seja do direito de
participação nas decisões e administração da Pólis era
considerada muito importante. Assim a cidadania ateniense era
definida também pela participação política do cidadão,
essencial para esta condição. Alternativa (C) na mosca.
Podemos eliminar as outras alternativas pois as condições para
a cidadania já foram dadas acima, e não se vinculavam a

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riqueza, prestígio, local de nascimento ou parentesco. Quem


não era nascido na cidade era meteco (estrangeiro) e não podia
exercer a cidadania. A participação política proporcionava
prestígio mas não era condição, assim como podemos afirmar
que os aristocratas podiam dedicar-se integralmente à política
e a filosofia e assim executando plenamente sua cidadania.

Vamos agora tentar sintetizar as condições que permitiram o


desenvolvimento da filosofia. O período homérico, em que o mito ainda
era a principal forma de explicação do surgimento e funcionamento do
universo (cosmogonia) será também o período da consolidação da
Pólis, do desenvolvimento da agricultura e dos calendários.

 As viagens marítimas tiveram grande importância. Ao descobrir


novos territórios ocorre um desencantamento, uma
desmistificação do mundo, na medida que ao descobrir que os
novos locais não eram habitados por deuses ou monstros, como
diziam os mitos. Novas explicações sobre as origens serão
necessárias.
 Invenção do calendário. Uma demonstração de grande
capacidade de abstração matemática e do poder de controlar e
contabilizar a passagem do tempo com base nas estações do
ano.
 Desenvolvimento das cidades (Pólis) e da vida urbana.
 Surgimento da escrita alfabética.

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 A invenção da política que introduz novos aspectos na sociedade


como a ideia de lei escrita, espaço público e de discussão pública.

As transformações profundas pelas quais a sociedade, economia,


política e cultura passavam exigiam explicações e propostas racionais
aos problemas cotidianos.
Gostaria que você percebesse o seguinte: para dominarmos o
tempo da natureza através de calendários, bem como construir
embarcações e palácios, é necessário o domínio do cálculo e profunda
observação e determinação de padrões. O desenvolvimento da moeda
e a noção de valor. Por que o ouro valeria mais que uma cabra, da qual
tiramos leite, nos alimentamos de sua carne? Como estabelecer quanto
ouro vale quantas cabras ou quantos metros de tecidos, ou ânforas? É
necessário muito cálculo e capacidade de abstração.

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6. OS PRÉ-SOCRÁTICOS.
Os pré-socráticos são um grupo bem grande de filósofos, cada
qual com uma linha de pensamento, que estão na transição entre o
pensamento mítico e o racional. Suas indagações buscavam o princípio
de todas as coisas. Na busca do princípio essencial do ser e da natureza
indagavam racionalmente, mas ainda possuíam inconsistências e
influências do pensamento mítico. A ruptura mais radical veio com
Sócrates, que sugere novas perspectivas para ver o mundo, baseadas
no constante questionamento e na razão. Sócrates rompe com o
pensamento de muitos sábios anteriores a ele, ao introduzir o
pensamento racional mais rígido, questionando o conhecimento
existente e colocando o à prova tudo. Ele demonstrou a fragilidade do
pensamento filosófico e religioso de até então, e é considerado um
marco do princípio da filosofia, considerado um dos fundadores do
pensamento racional. Sócrates viveu na Pólis Atenas em 469 a 399
a.C.
Os pré-socráticos em busca da essência das coisas procuravam
três princípios fundamentais:
 Arché: O princípio fundamental, fundador de todas as
coisas e do ser.
 Logos: A razão.
 Physis: A natureza compreendida através do logos e
surgida da arqué. A unidade fundamental de todas as
coisas.

Cada um dos sábios gregos desse período procurava entender os


princípios fundadores da existência e todo o cosmos, pensamento que

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chamamos cosmologia, uma busca de uma compreensão racional da


natureza e da existência.

Não confunda cosmogonia com cosmologia.

COSMOGONIA X COSMOLOGIA.

Cosmogonia é a tentativa de explicação da natureza e da


existência através do mito. Estão presentes nas epopeias de Homero
(Ilíada e Odisseia) e Virgílio (O trabalho e os dias).

Cosmologia é a busca da explicação da natureza e da existência


através do logos, ou seja, do pensamento racional. Está nos escritos
dos pré-socráticos, que procuravam a origem e a natureza dos cosmos
através do Logos.

OBS: Para não confundir – cosmologia que vem de logos


(lembrar de lógica, razão).

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6.1 ESCOLA JÔNICA (OS MILÉSIOS – DE MILETO- TALES,


ANAXÍMENES E ANAXIMANDRO).
Mileto é uma cidade da Magna Grécia localizada onde chamamos
de Ásia menor, correspondente ao atual território da Turquia.

Tales é considerado o primeiro filósofo. Vivia na Turquia, numa


região que naquela época realizava comércio marítimo com os povos
egípcios e mantinha frequente contato com eles. Daí vem a famosa
observação de Heródoto que “o Egito é uma dádiva do rio Nilo” e Tales
também associa o desenvolvimento da civilização egípcia às águas do
rio. Talvez esta seja a maior influência ao seu pensamento que acredita
que a água é o princípio de todas as coisas e que tudo é cheio de
deuses interiores. Alguns estudiosos acreditam que o pensamento dele
possa ser influenciado pela crença religiosa em Poseidon, deus das
águas, bastante cultuado em sua região. Tudo contém água e o

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funcionamento de tudo na Phisis é explicado por ela (a água é a Arché):


A agricultura, as doenças que eram tidas como “inundações da alma”,
na morte a água se esvai e o corpo seca. No nascimento o bebê nasce
numa bolsa inundada de água ... A água muda sua aparência, mas não
sua essência. Pode mudar de estado físico, mas continua sendo água.
Foi um grande matemático e é atribuído a ele o “teorema de
tales”, que calcula a proporção entre triângulos semelhantes. Teria
calculado a altura de uma das pirâmides com base na comparação de
suas sombras.

Anaxímenes (585–528 a.C.) disse que o ar é o elemento


originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas
provêm de sua descendência (o ar é a Arché). Quando o ar se dilata,
transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As
nuvens formam-se a partir do ar por condensação e, ainda mais
condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais
condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo
possível, transforma-se em pedras.

Anaximandro (611-547 a.C.), discípulo de Tales, acreditava


que a essência era o movimento e a transformação constante. É um
precursor das ideias de Lavoisier (que dizia que na natureza nada se
perde, tudo se transforma, ... no século XVII), pois dizia que na
natureza tudo está em constante transformação e nela nada se perde
(2400 anos antes). É importante lembrarmos que o pensamento de
Anaximandro, é intuitivo, ao passo que Lavoisier é um cientista
moderno, sustentado em cálculos e método, e provando a ideia com a
repetição de fenômenos).

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6.2 PITÁGORAS (571-596 a.C.).


Para ele o número é a essência de tudo. Podemos
quantificar tudo e os números possuem natureza própria. O
Homem inventou a matemática, mas não o número, que
para ele possui existência anterior e independente dos
homens. Pitágoras foi educado pelos maiores pensadores de
sua época e realizou diversas viagens pelas sociedades
orientais do período, no território da “crescente fértil”. No
Egito morou muitos anos e chegou a ser sacerdote. Era um místico e
compreendia a matemática como uma linguagem divina, que explicava
o universo. Tocava Lira e determinou a ligação da música com a
matemática. O número é a essência e harmonia do universo.
Acredita-se que no seu período no Egito que pronunciou seu famoso
teorema. Dominava aritmética, geometria, música e poesia. Os
pitagóricos sugeriam que a terra era redonda e que existiam outros
planetas com órbitas circulares, mas muito de suas descobertas não
são claras pois na época sua escola era imbuída de um forte
misticismo. Para os pitagóricos a Physis era composta de 4 elementos:
terra, fogo, água e ar. Os números seriam o elo de ligação entre eles.
Além de seu famoso teorema realizou vários estudos sobre
números figurados (que podem ser representados como figuras
através de pontos equidistantes)

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1+2+3+4= 10
Observe a figura. Em qualquer direção que se faça a soma o
resultado é 10 e a sequência é a mesma. Os pitagóricos consideravam
o triangulo a figura matemática perfeita.

6.3 DEMÓCRITO.
Foi muito influente devido ao seu pensamento atomista que
aprendeu de seu mestre Leucipo. Defendia uma explicação muito
prática, material e mecânica do mundo. Acreditava que a matéria, em
qualquer forma, era constituída de átomos rígidos, muito pequenos e
indivisíveis. Teriam tamanhos e formas variadas agrupando-se em
combinações casuais e por processos mecânicos. Seu conceito é o do
átomo ideia (já que nunca observou um) que seria indivisível,
invisível e inteligível. Seu pensamento foi muito influente e só foi
substituído com a ciência moderna e o surgimento de outros modelos
atômicos. Para Demócrito o átomo pode se modificar e que o vazio
existe (o espaço em que os átomos se movimentam). O vazio seria
preenchido pelos átomos.

6.4 HERÁCLITO E PARMÊNIDES


No pensamento dos primeiros filósofos gregos já surge o primeiro
grande debate filosófico entre dois grandes filósofos: Heráclito e
Parmênides. Heráclito pertence à tradição filosófica Jônica (a linha de

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pensamento de Tales, Anaxímenes e Anaximandro) enquanto


Parmênides era da tradição filosófica pitagórica.
Heráclito é conhecido como o filósofo do devir. Chama atenção
para que tudo na natureza está em constante mutação, portanto,
movimento. Pensa no sol que nasce e se põe, o homem que surge
como criança e transforma-se em idoso. Tudo muda, tudo flui.
“Quando uma vela está acesa, temos a impressão de que a
chama é estável e idêntica a si mesma e que o que muda é a
quantidade de cera da vela, que vai sendo consumida ela chama. Na
verdade, porém, a chama é um processo de transformação: Nela, a
cera da ela se torna fogo e nela o fogo se torna fumaça. Assim, não só
a vela se transforma, como também a própria chama que a consome,
pois é consumida pela fumaça”
CHAUI,Marilena. Introdução à filosofia

Heráclito além do pensamento do eterno devir, o mobilismo,


introduz uma ideia de que tudo que existe é composto por pares de
opostos, como dia/noite, vida/morte, guerra/paz, quente/frio,
belo/bizarro. Mas os opostos não revelam uma desarmonia do
universo, ao contrário sua harmonia vem justamente da oposição dos
pares, que se complementam num constante movimento. O fluxo é a
única coisa que permanece, então o todo (pares opostos) forma o um
(unidade). Assim a afirmação “tudo é um” quer dizer que a unidade
primordial é múltipla e contraditória.
Parmênides discordava das ideias de Heráclito, que afirmava que
o ser (arché) é a própria mudança, pois afirmava que o ser nunca
muda. Para Parmênides nossos sentidos (tato, olfato, visão) permitem
visualizar as mudanças que ocorrem na phisis, mas essas mudanças

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perceptíveis são superficiais e o ser não muda essencialmente. Pense


na água por exemplo, que como gelo ou líquida, continua
essencialmente a mesma coisa. Apesar das mudanças aparentes a
essência não muda. Segundo estudiosos foi o primeiro a usar a lógica
de uma maneira mais consciente e decisiva, e por meio dela chegou a
sua compreensão do mundo, pois o logos pode levar a compreensão
da arché. Ele afirma em seus escritos que o “ser é”. Então, o ser não
pode não ser. Uma decorrência lógica. Para Parmênides “O não ser
não é”. “O ser não pode ser não ser”, então não existem ao mesmo
tempo. “O ser é pensável o não ser é impensável”.

Heráclito (o obscuro) Parmênides

Mobilismo: (a essência é o Monismo: (a existência é uma


movimento e há a constante realidade, a essência única é o
oposição entre o todo). ser).

A realidade natural se explica pelo Distinção entre realidade e


movimento. Princípio do fluxo aparência. (Para ele o
eterno. movimento é apenas aparente, é
o são ser).

Tudo é um: multiplicidade na Podemos encontrar a essência


unidade. imutável através do raciocínio.

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Conflitos entre opostos (que A realidade da essência é única,


são complementares, portanto há imóvel, eterna, imutável, sem
uma unidade. Para Hegel, ele é o princípio ou fim, contínua e
pai da dialética). indivisível. A esfera é a
perfeição.

Valoriza a experiência sensível, Valoriza a percepção da essência


através dos sentidos, mas admite superior e perfeita (influência
que pode nos enganar (influencia Platão: mundo das ideias).
Platão: mundo sensível).

“Não podemos nos banhar no “o ser é”.


mesmo rio duas vezes, porque o
rio não é mais o mesmo”.

Impossibilidade de acesso Acredita que é possível chegar à


permanente ao real: relativista. verdade através do logos
(razão).

7. OS SOFISTAS.
Eram sábios já do período socrático. Conviveram e debateram
com ele. Opunham-se ao conhecimento dos filósofos pré-socráticos,
por considera-los cheios de erros e por considerarem que buscavam
conhecimentos inúteis à Pólis. Eram homens cultos e que dominavam
vários saberes filosóficos da época, mas que sua busca era uma
utilidade prática do pensamento para a administração da cidade.
Conhecimentos práticos que pudessem ser usados, como a capacidade

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de argumentar (retórica) e discursar (oratória). Assim possuíam um


caráter mais político que qualquer outro. Eram professores itinerantes,
que vendiam seus conhecimentos para os filhos dos aristocratas.
Protágoras, o mais famoso deles, era um mestre cujas aulas e
orientações gerais eram disputadíssimas. Cobravam pelos seus
ensinamentos, o que levou Sócrates a compará-los a prostitutas, pois
a verdade não poderia ser comercializada. (Detalhe importante:
Sócrates não cobrava por suas aulas). Ensinavam principalmente
conhecimentos que julgavam úteis à vida pessoal e administração de
seus próprios negócios e casas, e principalmente para instruírem os
jovens a participarem politicamente da Pólis.
Eram grandes mestres da argumentação e da retórica. A palavra
vem do grego rhethorike, que significa a arte de falar bem, de
comunicar se com clareza e transmitir ideias com convicção. A retórica
está muito ligada aos sofistas, que por dominarem lógica, oratória e
estarem sempre presentes nos círculos políticos e judiciais de Atenas.
Muitas vezes cobravam pelas suas defesas diante do tribunal,
devido sua grande persuasão (capacidade de convencimento). Muitos
os consideram precursores dos advogados. Aristóteles sistematizou o
estudo da retórica, e a concebia como um dos elementos chave da
filosofia, junto com a lógica e a dialética (veremos um pouco mais
deste assunto na aula 2, em que estudaremos a tríade dos
maiores e mais influentes pensadores gregos, Sócrates, Platão
e Aristóteles). A Retórica também era uma das bases do tripé das
“artes liberais”: Retórica, Lógica e Gramática, as disciplinas ensinadas
nas universidades medievais. As três formavam o conjunto chamado
“trivium”. Os sofistas ensinavam estas técnicas de argumentação e ao
ensinar suas técnicas de persuasão defendiam que todo

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conhecimento pode ser derrubado pela argumentação. Todo


argumento pode ser contraposto por outro argumento, diante disso
buscavam formas efetivas de derrubar argumentos diante de plateias,
mas daí o melhor argumento é o mais persuasivo (convincente),
e não necessariamente o verdadeiro. Presavam mais o
desenvolvimento crítico e a capacidade de comunicação que a busca
da verdade. Dessa forma acabaram por causar muitos confrontos
intelectuais e polêmicas.
Muitos filósofos os consideravam desrespeitosos pelo seu
desprezo pelo verdadeiro conhecimento. A verdade pura e simples,
sem amenizá-la ou exagerá-la para agradar um determinado grupo ou
vencer um debate. Górgias, um dos primeiros sofistas, foi um dos
sábios que introduziram e desenvolveram esta prática em Atenas, dizia
que “um bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa de
qualquer coisa”. Eram chamados também de céticos por acreditarem
que a própria noção de verdade era errada, pois a consideravam
relativa, não existiria uma verdade absoluta.
Protágoras dizia que “O Homem é a medida de todas as coisas”,
num sentido de que não havia uma moral superior e que os pontos de
vista de cada um determinavam as medidas individuais sobre o mundo.
Antropocêntrico e individualista.

Seriam os atuais apresentadores televisivos, líderes religiosos


mal intencionados e políticos populistas os sofistas contemporâneos?

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8. SÓCRATES X SOFISTAS.
Muito bem amigo estudante. Vimos até agora os fundamentos
essenciais do surgimento da filosofia e o contexto grego em que ela
surgiu. Encerraremos a teoria dessa aula com uma pequena
“pincelada” numa das polêmicas que ocorreram no período da
consolidação do pensamento racional: Sócrates, o pai do racionalismo
frequentemente debatia com os sofistas e os combatia com força. Entre
tantas outras, duas diferenças se destacam entre Sócrates e os
sofistas: Ele não cobrava por seus ensinamentos (e tinha horror disso)
e acreditava numa verdade e moral superior.
Na busca da verdade Sócrates considerava seu trabalho filosófico
como um “parto de ideias” e se comparava a sua mãe, que era parteira.
Para tentar chegar na verdade seu método era a Ironia e a Maiêutica.
A Ironia e a crítica a si mesmo, procurava desarmar seus discípulos do
orgulho, que considerava um obstáculo ao pensamento, e através de
perguntas, uma sequência delas, desconstruía o conhecimento aceito
até então. Vou encerrar nossa teoria dessa aula por aqui. Estudaremos
mais sobre Sócrates e seus incríveis pensamentos e diálogos que foram
registrados por Platão.
Um grande abraço amigo estudante. Estude seus exercícios
resolvidos para observar como a filosofia é cobrada ENEM e também
faça seus exercícios propostos com dedicação e atenção, e sempre que
tiver uma dúvida, volte ao texto. Não se esqueça que o pensamento
antecede a ação, então motive-se e foco no sucesso. Te encontro na
próxima aula.

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9. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. (Enem 2015) A filosofia grega parece começar com uma ideia


absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as
coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim,
e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia
algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem
imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela embora
apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
Crisálida: Casulo, fase inicial.

NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo:


Nova Cultural. 1999

O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia


entre os gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos
sensíveis em verdades racionais.
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das
coisas.

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c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das


coisas existentes.
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as
coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que
existe no real.

[C]

Nietzsche refere-se aos filósofos pré-socráticos que


procuravam a origem e a essência de todas as coisas, o que
chamamos cosmologia. A causa primeira de todas as coisas é a
Arché, que para Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo
grego, é a água. O pensamento do milésio é valorizado por três
razões:
- Enuncia uma explicação para a origem das coisas. (Explica a
physis).
- Tenta explicar a natureza sem a mitologia, buscando o logos.
- São os primeiros passos do pensamento filosófico em que está
contido o raciocínio tudo é um, buscando uma origem e unidade
para a existência
Sem dúvida nenhuma podemos assinalar a alternativa (C).
É a típica questão, bastante frequente no ENEM, em que a
leitura atenta do texto pode te levar a resposta. Quanto o
exercício pedir a resposta de acordo com o texto atenha-se a
ele. Não se pode afirmar que a filosofia veio da vontade de
transformar, aí eliminamos a alternativa (A). O pensamento
filosófico, racional, surgiu justamente como oposição à

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mitologia e às metáforas, então eliminamos a (B). Ela não


surgiu para diferenciar as coisas, mas para tentar explicá-las,
então eliminamos a (D). A filosofia não nasceu da prática
(empirismo), daí eliminamos a (E). Exercício bem fácil,
concorda?

2. (Enem 2015) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os


seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante.
Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no
certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às
regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de
invenções humanas. O surgimento da filosofia foi a busca racional para
problemas do cotidiano e

RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.

O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República,


de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado
de
a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana.
b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.
c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.
d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.
e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes
humanas.

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[D]

O sofista Trasímaco defendia a ideia de que não haveria


uma concepção ideal de justiça nos homens. Para ele, a justiça
não seria, portanto, algo universal, mas resultado de regras
aprendidas socialmente pelos homens. Defendia que a verdade
era a conveniência dos mais fortes e daqueles que detém o
poder. Socrátes busca a verdade e acredita numa moral
superior e universal, visão totalmente oposta à do sofista. A
leitura atenta do texto nos levaria diretamente a alternativa
(D). Lembra-se da questão anterior? Destacamos que quando a
questão refere-se ao texto atenha-se sempre a ele. Sua leitura
elimina todas as outras alternativas. Mas vamos ver
detalhadamente.
A letra (A) está errada pois o texto não fala sobre natureza
biológica humana.
A letra (B) está errada pois no texto Trasímaco fala de
verdades relativas. Era um sofista e assim sendo, relativista.
A letra (C) está errada pois não faz referência aqui a
divindades.
A letra (E) está errada pois não afirma que a justiça vem
dos sentimentos.

3. (Enem 2014)

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No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o


alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma
instância na qual o homem descobre a
a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.
b) realidade inteligível por meio do método dialético.
c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.

[B]
Esta imagem é um detalhe da obra do renascentista Rafael
Sânzio, “A Escola de Atenas”, que no centro traz Platão e
Aristóteles. O barbudo que aponta para o alto é Platão, uma
referência direta a sua teoria do mundo das ideias, enquanto o
que aponta para baixo é Aristóteles, numa referência à
concretude do mundo. Para Platão, a verdade é alcançada pelo

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pensamento dialético (veremos este assunto na nossa próxima


aula). Como podemos eliminar as outras alternativas?
Na (A) a afirmação é absurda, revelar a verdade sem uso
do juízo (no sentido de razão).
A (C) expressa um pensamento cristão e os filósofos
gregos são anteriores ao cristianismo. É bom lembrar que não
eram ateus, mas politeístas.
A (D) está errada porque Platão prega que existe um
mundo ideal em que está a essência das coisas, e não que a
essência reside no intelecto dos deuses.
E por fim eliminamos a (E) se não confundirmos mundo
sensível (o real, natural) com sensibilidade.

4. (Enem 2014) Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros,


naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários,
mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não
satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente
desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de
dano.
EPICURO DE SAMOS. “Doutrinas principais”. In: SANSON, V. F. Textos
de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.

No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim


a) alcançar o prazer moderado e a felicidade.
b) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.

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e) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.

[A]

A filosofia de Epicuro tem como um de seus princípios a


moderação dos desejos e dos prazeres, tal como afirma a
alternativa. O homem deve buscar a eponia (ausência de dor
física) e a ataraxia (a imperturbabilidade da alma). Viveu e
pregou uma vida de ascetismo (renegava uma série de prazeres
em busca da moderação. Interessante destacar que a cultura
social dos gregos era afeita a exageros), moral elevada e
cercado de amigos em sua escola, denominada de “O Jardim”.
Não prega a valorização dos deveres e obediência, então
podemos eliminar a alternativa (B).
Teve uma vida acompanhada pelo sofrimento da dor,
devido a problemas de saúde, mas não pregava a resignação
diante dos sofrimentos da vida (uma ideia tipicamente cristã),
então eliminamos a letra (C).
Esta alternativa pode ter trazido alguma dúvida para
quem estudou com mais profundidade o epicurismo. Ele prega
a busca do prazer moderado mas também que não devemos
sucumbir diante da dor. A alternativa (D) está errada pois ele
era um grande crítico da religião e que os deuses viviam em
harmonia e não atormentariam os Homens.
Eliminamos a (E) devido a proposição absurda de afirma
ser impossível atingir o saber, sendo essa a busca dos filósofos.

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5. (Enem 2012) TEXTO I

Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o


que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua
descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo
que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar
por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A
água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando
condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.

BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006


(adaptado).

TEXTO II

Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de


todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas
de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as
especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se
origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios,
ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão
de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha”.

GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo:


Vozes, 1991 (adaptado).

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para


explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As

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teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo


medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
a) eram baseadas nas ciências da natureza.
b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
d) postulavam um princípio originário para o mundo.
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.

[D]

Anaxímenes de Mileto (585–528 a.C.) é um filósofo pré-


socrático preocupado com a cosmologia, isto é, preocupado
com a ordenação das coisas que compões o mundo. Desse
modo, a sua filosofia posiciona princípios dos quais ele pensa
poder derivar de maneira coerente e coesa o sentido da
existência de tudo que há na natureza. Já São Basílio Magno
(329–379 d.C.) é um teólogo preocupado com a propagação da
verdade revelada pela Bíblia, o livro que já oferece toda a
ordenação das coisas que compõem o mundo. Desse modo,
Deus não é exatamente um princípio do qual se origina o
mundo, mas sim o próprio criador desse mundo, o seu dono e
conhecedor de todas as suas regras cosmológicas. Tanto o
cosmologista pré-socrático, quanto o filósofo cristão medieval
postulam sobre a origem do mundo.

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A alternativa (A) está errada pois o pensamento grego


apesar de tentar entender a Physis, não é uma ciência natural
e o pensamento do teólogo medieval não é científico.
A alternativa (B) está errada pois Basílio é um
filósofo/teólogo medieval
A alternativa (C) está errada pois os pré-socráticos
buscam a explicação da existência pelo logos (razão) e não pelo
mito.
A alternativa (E) está errada, pois Basílio afirma isso, mas
não o pré-socrático.

6. (Enem PPL 2012)


Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas.

BUARQUE, C.; BOAL, A. “Mulheres de Atenas”. In: Meus caros


amigos,1976. Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em 4
dez. 2011 (fragmento)

Os versos da composição remetem à condição das mulheres na Grécia


antiga, caracterizada, naquela época, em razão de
a) sua função pedagógica, exercida junto às crianças atenienses.
b) sua importância na consolidação da democracia, pelo casamento.
c) seu rebaixamento de status social frente aos homens.

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d) seu afastamento das funções domésticas em períodos de guerra.


e) sua igualdade política em relação aos homens.

C]

As “mulheres que vivem para os seus maridos” são


mulheres que têm seu status social definido a partir da
subserviência (submissão) aos homens. Na sociedade
ateniense clássica, as mulheres não possuíam os direitos de
cidadania, tendo sua importância vinculada aos afazeres
domésticos e reprodutivos da sociedade. Por não possuírem a
cidadania não exerciam a democracia ateniense e portanto
abaixo dos homens na hierarquia social (lembre-se que para ser
cidadão era necessário ser livre, ateniense nato – filho de pai e
mãe ateniense- maior de 21 anos e cumpriu serviço militar).
Sem dúvida nenhuma marcaremos a alternativa (C). O que há
de errado com as outras?
A letra (A) é absurda, pois é uma composição
contemporânea.
A (B) está errada pois o casamento não era condição para
a prática da cidadania e democracia, inclusive a mulher não
pode nem um nem outro.
A (D) Em épocas de guerra as mulheres não se afastavam
das funções domésticas. Excluímos rapidamente.
A (E) está absolutamente errada pois sabemos da
condição de submissão e inferioridade da mulher aos olhos dos

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gregos antigos. Este exercício foi bem fácil. Uma análise atenta
da letra da música permitia chegar a resposta rapidamente, até
porque só uma alternativa estava vinculada ao texto e aos
conhecimentos sobre a mulher na Grécia, enquanto as outras
eram absurdas.

7. (Enem 2015) O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária


preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder.
A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação
e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo
político.
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro:
Bertrand, 1992 (adaptado).

Na configuração política da democracia grega, em especial a ateniense,


a ágora tinha por função
a) agregar os cidadãos em torno de reis que governavam em prol da
cidade.
b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do Estado expostas
por seus magistrados.
c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar
sobre as questões da comunidade.
d) reunir os exercícios para decidir em assembleias fechadas os rumos
a serem tomados em caso de guerra.
e) congregar a comunidade para eleger representantes com direito a
pronunciar-se em assembleias.

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[C]

A ágora era a praça pública onde os cidadãos atenienses


discutiam os rumos da cidade. Os homens dedicavam-se a
política e a filosofia e a praça era o lugar em que tudo ocorria,
inclusive todas as assembleias eram marcadas lá. Por que
podemos eliminar as outras alternativas:
A (A) é absurda pois Atenas era uma Pólis democrática,
não uma monarquia.
A (B) A ágora era o espaço discussões e assembleias, e os
homens livres participavam das decisões da Pólis.
A (D) As assembleias eram abertas a todos os cidadãos.
Na ágora ocorriam todas reuniões não só as para decidir
situações de guerras. A cidade de Atenas era dividida em tribos
e em cada uma delas eram escolhidos os representantes.
A (E) Todos os cidadãos podiam pronunciar-se nas
assembleias. Conhecer um pouco da democracia grega,
cidadania e a função da ágora permitiam responder esta
questão sem demais dificuldades.

8. (Enem 2014) TEXTO l


Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como
alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um

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inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por


nós mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à ação,
e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a
hora da ação.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987
(adaptado).

TEXTO II

Um cidadão integral pode ser definido por nada mais nada menos que
pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas; algumas
destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal
modo que não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela
mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos
de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.

Comparando os textos l e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.)


quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a cidadania era definida
pelo(a)
a) prestígio social.
b) acúmulo de riqueza.
c) participação política.
d) local de nascimento.
e) grupo de parentesco.

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[C]

Os trechos “olhamos o homem alheio às atividades


públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios
interesses, mas como um inútil” (primeiro texto) e “um cidadão
integral pode ser definido por nada mais nada menos que pelo
direito de administrar justiça e exercer funções públicas”
(segundo texto) são demonstrativos das opiniões dos autores,
que julgam a cidadania pela participação política das pessoas.
Cidadãos eram homens, maiores de 21 anos, que cumpriram
serviço militar. Estavam excluídos: mulheres, escravos,
estrangeiros e jovens menores de 21. Questão bem tranquila se
tivermos em mente que prestigio social, riqueza e parentesco
não eram condições para a cidadania e participação política, se
bem que podemos afirmar que os mais ricos podiam dedicar-se
integralmente à política e a execução de sua cidadania. O local
de nascimento poderia trazer uma confusão, já que
estrangeiros não podem ser cidadãos, mas se um ateniense
nasce em outra cidade porque seus pais atenienses estão
viajando, ele continua ateniense.

9. (Enem PPL 2012) No contexto da polis grega, as leis comuns


nasciam de uma convenção entre cidadãos, definida pelo confronto de
suas opiniões em um verdadeiro espaço público, a ágora, confronto

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esse que concedia a essas convenções a qualidade de instituições


públicas.
MAGDALENO, F. S. A territorialidade da representação política:
vínculos territoriais de compromisso dos deputados fluminenses. São
Paulo: Annablume, 2010.

No texto, está relatado um exemplo de exercício da cidadania


associado ao seguinte modelo de prática democrática:
a) Direta.
b) Sindical.
c) Socialista.
d) Corporativista.
e) Representativa.

[A]

Apesar do conceito de cidadania ateniense ser excludente


(pois não incluíam escravos, mulheres, estrangeiros e menores
de 21 anos), a democracia em Atenas era exercida de maneira
direta, com todos os cidadãos participando das decisões
políticas, como retratado no texto. Era direta pois todos
cidadãos podiam participar da assembleia e votar ao final da
discussão. Indireta é a democracia atual, que você como
cidadão não vota na assembleia, mas participa dela
indiretamente, através do vereador, deputado ou senador que
você votou para ele escolher por você. As outras alternativas

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são absurdas, principalmente diante do texto.

10.EXERCÍCIOS PROPOSTOS. (COMENTADOS)

1. (Unioeste 2011) “O mito é uma narrativa. É um discurso, uma fala.


É uma forma de as sociedades espelharem suas
contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações.
Pode ser visto como uma possibilidade de se refletir sobre a existência,
o cosmos, as situações de ‘estar no mundo’ ou as relações sociais”.

Everado Rocha.

Mediante essa definição geral de mito é correto afirmar que


a) as sociedades com conhecimentos científico, tecnológico e filosófico
complexamente constituídos não possuem mitos, pois eliminaram as
duvidas e os paradoxos.
b) Platão, um dos filósofos mais estudados e influentes do pensamento
ocidental, não recorria aos mitos em seus diálogos, apesar de ter
sido o primeiro a utilizar o termo mitologia.
c) alguns mitos oferecem modelos de vida e podem servir como
referências para a vida de muitas pessoas mesmo no século XXI.
d) as sociedades antigas, ocidentais e orientais, foram fundadas sobre
o mesmo mito primitivo, variando, apenas, os nomes de seus
personagens.
e) todas as afirmações acima estão corretas.

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[C]

O mito corresponde a uma forma de conhecimento não


sistemático presente em todas as sociedades humanas. Ainda
que a sociedade ocidental tenha passado por um período de
racionalização e de rejeição do mito, este ainda perdura, sendo
muitas vezes guia das ações humanas. Vale ressaltar que desde
os estudos do estruturalismo, o mito vem sendo tomado com
mais seriedade enquanto elemento de organização do
pensamento e da própria constituição da sociedade.

2. (Uff 2010) Como uma onda

Nada do que foi será


De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas


Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é

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Igual ao que a gente


Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir


Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Lulu Santos e Nelson Motta

A letra dessa canção de Lulu Santos lembra ideias do filósofo grego


Heráclito, que viveu no século VI a.C. e que usava uma linguagem
poética para exprimir seu pensamento. Ele é o autor de uma frase
famosa: “Não se entra duas vezes no mesmo rio”.

Dentre as sentenças de Heráclito a seguir citadas, marque aquela em


que o sentido da canção de Lulu Santos mais se aproxima
a) Morte é tudo que vemos despertos, e tudo que vemos dormindo é
sono.
b) O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra.
c) Ao se entrar num mesmo rio, as águas que fluem são outras.
d) Muita instrução não ensina a ter inteligência.
e) O povo deve lutar pela lei como defende as muralhas da sua cidade.

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[C]

A alternativa C é a única que exprime o sentido da canção


de Lulu Santos porque a ideia que perpassa tanto a citação de
Heráclito quanto a letra da canção é a de que as coisas estão
em constante fluxo, nada permanece sempre igual, embora na
aparência certas coisas na vida como as águas do rio ou do mar
pareçam ser fixas, imóveis. Avançando um pouco mais na frase
de Heráclito, concluímos que ao se entrar num mesmo rio duas
vezes ou mais não só as águas que fluem são outras como quem
entra neste rio já não é o mesmo. Para Heráclito o mundo é
movimento, uma luta entre opostos, escondida por uma
harmonia aparente.

3. (Ifsp 2011) Comparando-se mito e filosofia, é correto afirmar o


seguinte:
a) A autoridade do mito depende da confiança inspirada pelo narrador,
ao passo que a autoridade da filosofia repousa na razão humana,
sendo independente da pessoa do filósofo.
b) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da explicação de
realidades passadas a partir da interação entre forças naturais
personalizadas, criando um discurso que se aproxima do da história
e se opõe ao da ciência.

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c) Enquanto a função do mito é fornecer uma explicação parcial da


realidade, limitando-se ao universo da cultura grega, a filosofia tem
um caráter universal, buscando respostas para as inquietações de
todos os homens.
d) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas verdades absolutas e são,
em essência, faces distintas do mesmo processo de conhecimento
que culminou com o desenvolvimento do pensamento científico.
e) A filosofia é a negação do mito, pois não aceita contradições ou
fabulações, admitindo apenas explicações que possam ser
comprovadas pela observação direta ou pela experiência.

[A]

O mito é a narrativa sobre a origem dos fenômenos,


plantas, animais, astros e, sobretudo, sobre a origem do mundo
e do próprio povo e se baseia na autoridade de quem narra, seja
porque o narrador presenciou o ocorrido seja porque recebeu
esse discurso de quem testemunhou diretamente. A filosofia
tenta propor uma explicação racional para os mesmos
fenômenos e, portanto, sua autoridade não está em quem narra
e sim na lógica de sua argumentação. Enquanto o mito explica
coisas que aconteceram num passado longínquo, a filosofia se
preocupa com a totalidade do tempo, isto é, propõe uma
explicação de como as coisas são tanto faz se no passado, no
presente ou no futuro. O mito explica a origem das coisas por
meio de lutas, rivalidades, alianças e relações de parentesco. A

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filosofia, em contraste, explica os mesmos fenômenos


acionando combinações ou separações de quatro elementos:
água, fogo, terra e ar. Por fim, há nos mitos contradições ou
aspectos incompreensíveis, mas que são mascarados pela
autoridade de quem narra. Já a filosofia não admite
obscuridade e se funda na lógica e na razão, que está presente
em todos, independentemente de quem fala. Dessa maneira,
somente a alternativa A está correta.

4. (Ueg 2008) Tales foi o iniciador da reflexão sobre a physis, pois foi
o primeiro filósofo a afirmar a existência de um princípio originário e
único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse
princípio de tudo é a água. Tudo se origina a partir dela. Essa proposta
é importantíssima [...] podendo com boa dose de razão ser qualificada
como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar de
começo da formação do universo.

REALE, Giovanni. História da filosofia. São Paulo: Loyola, 1990.

A passagem do mito à filosofia iniciou-se com os pré-socráticos. O


primeiro deles foi Tales de Mileto, que iniciou o estudo da cosmologia.
A cosmologia é definida como:
a) A investigação racional do agir humano
b) A investigação acerca da origem e da ordem do mundo
c) O estudo do belo na arte

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d) O estudo do estado civil e natural e seu ordenamento jurídico

[B]

A filosofia pré-socrática é também chamada de


cosmológica. De forma breve, cosmologia significa o estudo do
cosmos, do mundo. A única alternativa que está de acordo com
essa visão é a [B].

5. (Uema 2011) A Filosofia nasceu na Jônia no final do século VII a.C.


O conteúdo que norteia a preocupação dos filósofos jônicos é de
natureza:
a) Mitológica.
b) Antropológica.
c) Religiosa.
d) Cosmológica.
e) Política.

[D]

A filosofia da escola jônica é também chamada de filosofia


cosmológica. Isso porque é tradicionalmente conhecida por

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pensar a origem da natureza e das coisas. Sendo assim,


somente a alternativa [D] é correta.

6. (Ueap 2011) ...que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda
da Persuasão (porque acompanha a Verdade); o outro diz que não é e
que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma vereda em que
nada se pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é,
porque tal não é fatível./ nem poderia expressá-lo.

(Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo, 2005.)

O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo?


a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o mundo sensível e o
inteligível.
b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre pensamento e
realidade.
c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio de todas as
coisas.
d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas as
coisas e a unidade entre ser e pensar, ser e conhecimento.
e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida de todas as
coisas, que o ser é e o não ser não é.

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[D]

Não é intuitivo para o estudante fazer a relação do texto


do enunciado com a alternativa correta. Ele deverá possuir
conhecimentos suficientes para poder responder de maneira
acertada à questão. No texto do enunciado é apresentada a
necessidade de uma vereda para um conhecimento daquilo que
existe (aletheia), a partir da diferenciação entre o ser e o não-
ser. A questão sobre “o que é” corresponde a uma oposição ao
pensamento de Heráclito, para quem todas as coisas estão em
mutação. Com isso, Parmênides está defendendo a ideia da
imutabilidade de todas as coisas.

7. (Ueg 2010) A Grécia foi o berço da filosofia, destacando-se pela


presença dos filósofos que pensaram o mundo em que viveram
utilizando a ferramenta da razão. O período da história grega e o
filósofo que afirmou que “só sei que nada sei” foram respectivamente
o

a) período pós-clássico e Sócrates.


b) período helenístico e Platão.
c) período clássico e Sócrates.
d) período clássico e Platão.

[C]

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Somente a alternativa C é correta. A frase é de Sócrates,


um pensador do período clássico grego. A afirmação “só sei que
nada sei” relaciona-se com a aporia do método socrático, que é
o momento no qual o interlocutor se dá conta de sua ignorância.
Para Sócrates, este autoconhecimento era essencial para a
construção do conhecimento.

8. (Ueg 2011) No século V a.C., Atenas vivia o auge de sua


democracia. Nesse mesmo período, os teatros estavam lotados, afinal,
as tragédias chamavam cada vez mais a atenção. Outro aspecto
importante da civilização grega da época eram os discursos proferidos
na ágora. Para obter a aprovação da maioria, esses pronunciamentos
deveriam conter argumentos sólidos e persuasivos. Nesse caso, alguns
cidadãos procuravam aperfeiçoar sua habilidade de discursar. Isso
favoreceu o surgimento de um grupo de filósofos que dominavam a
arte da oratória. Esses filósofos vinham de diferentes cidades e
ensinavam sua arte em troca de pagamento. Eles foram duramente
criticados por Sócrates e são conhecidos como
a) maniqueistas.
b) hedonistas.
c) epicuristas.
d) sofistas.

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[D]

É um tanto complicado chamar os sofistas de filósofos,


afinal eles eram conhecidos como sofistas, e não como
filósofos, e existe um motivo para tal diferenciação.
Basicamente, a diferença está na relação com o conhecimento
que cada um dos tipos mantém. O sofista possui um
relacionamento técnico com o conhecimento, isto é, o sofista
domina a opinião (dóxa) e faz uso técnico deste tipo de
conhecimento para estabelecer posições relativas, com força
argumentativa menor ou maior. O filósofo possui um
relacionamento amoroso com o conhecimento, isto é, o filósofo
deseja conhecer e, por conseguinte, busca, através de uma
investigação rigorosa, desvelar a verdade (alétheia) por trás
das opiniões particulares que cada homem possui sobre as
coisas do mundo. Portanto, por serem tipos bastante distintos
é mais interessante que não sejam confundidos e sejam
expostos na sua diferença para que enriqueçam a história da
antiguidade grega.

9. (Unioeste 2010) Pode-se afirmar que a Filosofia é filha da cidade-


estado grega (pólis). A pólis grega surgiu entre os séculos VIII e VII
a.C., e os primeiros filósofos surgiram por volta do século VI a.C. nas

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colônias gregas. O texto abaixo indica algumas das características da


pólis que propiciaram o surgimento da Filosofia:

“A pólis se faz pela autonomia da palavra, não mais a palavra mágica


dos mitos, palavra dada pelos deuses e, portanto, comum a todos, mas
a palavra humana do conflito, da discussão, da argumentação. A
expressão da individualidade por meio do debate engendra a política,
libertando o homem dos exclusivos desígnios divinos, para ele próprio
tecer o seu destino na praça pública. O saber deixa de ser sagrado e
passa a ser objeto de discussão; a instauração dessa ordem humana
dá origem ao cidadão da pólis, figura inexistente no mundo coletivista
da comunidade tribal.”

(M. L. A. Aranha; M. H. P. Martins)

Considerando o texto acima, é incorreto afirmar que


a) para a Filosofia, os critérios de argumentação e de explicação são
os princípios e regras da razão que devem ser aplicados nas
discussões públicas por meio da linguagem.
b) a verdade não deve ser imposta como um decreto divino, mas
discutida, criticada e demonstrada pelos cidadãos.
c) o surgimento da Filosofia na Grécia ocorreu de forma inesperada,
isolada e excepcional, sem relação com seu momento histórico: foi o
chamado “milagre grego”.
d) a liberdade e a autonomia política do cidadão estão estreitamente
ligadas à sua autonomia de pensamento.
e) o mito e o sagrado, na explicação do homem e do mundo,
contrapõem-se aos argumentos e demonstrações filosóficos.

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[C]

A relação da Filosofia grega com o mito e a Pólis está bem


explicada em todas as alternativas, com exceção da [C]. O
surgimento da filosofia se dá mediante uma série de
transformações sociopolíticas, econômicas e culturais na Grécia
e, por isso, não pode ser considerado como excepcional ou
milagroso.

10. (Ufma 2009) O homem sempre buscou explicações sobre os


aspectos essenciais da realidade que o cerca e sobre sua própria
existência. Na Grécia antiga, antes da filosofia surgir, essas explicações
eram dadas pela mitologia e tinham, portanto, um forte caráter
religioso. Historicamente, considera-se que a filosofia tem inicio com
Tales de Mileto, em razão de ele ter afirmado que “a água é a origem
e a matriz de todas as coisas”. Nesse sentido, pode-se dizer que a frase
de Tales tem caráter filosófico pelas seguintes razões:
a) Porque destaca a importância da água para a vida; porque faz
referência aos deuses como causa da realidade e, porque nela,
embora apenas subentendido, esta contido o pensamento: “tudo é
matéria”.

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b) Porque enuncia algo sobre a origem das coisas; porque o faz sem
imagem e fabulação e porque nela, embora apenas subentendido,
está contido o pensamento: “tudo é um”.
c) Porque narra uma lenda; porque narra essa lenda através de
imagens e fabulação e porque nela, embora apenas subentendido,
está contido o pensamento: “tudo é movimento”.
d) Porque enuncia uma verdade revelada por Deus; porque o faz
através da imaginação e, porque nela, embora apenas subentendido,
esta contido o pensamento: “o homem e a medida de todas as
coisas”.
e) Porque enuncia algo sobre a origem das coisas; porque o faz
recorrendo a deuses e a imaginação e, porque nela, embora apenas
subentendido, está contido o pensamento: “conhece-te a ti mesmo”.

[B]

O nascimento da filosofia corresponde à passagem de uma


explicação mitológica para uma explicação racional e
sistemática sobre a origem das coisas e sobre as questões da
natureza. Na afirmação de Tales se observa como o princípio de
todas as coisas é o mesmo, a água. Sendo assim, tal frase
também pode ser interpretada como “Tudo é um”.

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11. (Unimontes 2010) O primeiro filósofo de que temos notícias é


Tales, da colônia grega de Mileto, na Ásia Menor. Tales foi um homem
que viajou muito. Entre outras coisas, dizem que, certa vez, no Egito,
ele calculou a altura de uma pirâmide medindo a sombra da mesma no
exato momento em que sua própria sombra tinha a mesma medida de
sua altura. Dizem ainda que, em 585 a.C., ele previu um eclipse solar.

(GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras,


1995).

Aos primeiros filósofos que se debruçaram sobre os problemas do


cosmo, podemos chamá-los, além de pré-socráticos, de
a) naturalistas ou fisicistas.
b) existencialistas.
c) empiristas.
d) espiritualistas.

[A]

Preocupados com a origem, ordem e transformação da


natureza, os primeiros filósofos podem ser considerados como
naturalistas ou fisicistas, dados os problemas filosóficos sobre
os quais se debruçavam. Todas as outras alternativas referem-
se a correntes filosóficas que surgiram somente a partir do
período moderno.

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12. (Unioeste 2011) "Advento da Polis, nascimento da filosofia: entre


as duas ordens de fenômenos os vínculos são
demasiado estreitos para que o pensamento racional não apareça, em
suas origens, solidário das estruturas sociais e mentais próprias da
cidade grega. Assim recolocada na história, a filosofia despoja-se desse
caráter de revelação absoluta que às vezes lhe foi atribuído, saudando,
na jovem ciência dos jônios, a razão intemporal que veio encarnar-se
no Tempo. A escola de Mileto não viu nascer a Razão; ela construiu
uma razão, uma primeira forma de racionalidade".

Jean Pierre
Vernant.

Sobre a Filosofia seguem as seguintes afirmações:

I. Ela foi revelada pela deusa Razão a Tales de Mileto quando este
afirmou que o princípio de tudo é a água.
II. Ela foi inventada pelos gregos e decorre do advento da Polis, a
cidade organizada por leis e instituições que, por meio delas,
eliminou todo tipo de disputa.
III. Ela rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na
explicação dos fenômenos; problematiza, discute e põe em questão
até mesmo as teorias racionais elaboradas com rigor filosófico.
IV. Surgiu no século VI a.C. nas colônias gregas da Magna Grécia e da
Jônia, apenas no século seguinte deslocou-se para Atenas.

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V. Ocupa-se com os princípios, as causas e condições do conhecimento


que pretenda ser racional e verdadeiro; põe em questão e
problematiza valores morais, políticos, religiosos, artísticos e
culturais.

Das afirmações feitas acima


a) I, III e V são corretas.
b) I e II são incorretas.
c) II, IV e V são corretas.
d) todas são corretas.
e) todas são incorretas.

[B]

Somente as afirmações I e II são incorretas sobre o


surgimento da filosofia. A filosofia se inicia mediante a rejeição
racional das explicações míticas e religiosas a respeito do
mundo. Nesse sentido, não se pode dizer que a razão seja
deusa, mas somente um instrumento de interpretação da
realidade. Na Grécia, essa forma de conhecimento surge devido
a uma série de transformações na sociedade, em um período
em que as disputas políticas se tornaram mais constantes com
o advento da democracia.

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13. (Ueap 2011) A filosofia surge na Grécia por volta do século VI a.C.
Mudanças sociais, políticas e econômicas favoreceram o seu
surgimento. Dentre estas mudanças, pode-se mencionar:
a) A estruturação do mundo rural, desenvolvimento do sistema
escravagista e o estabelecimento de uma aristocracia proprietária de
terras.
b) A expansão da economia local fundada no desenvolvimento do
artesanato, o fortalecimento dos “demos” e da organização familiar
patriarcal.
c) As disputas entre Atenas e Esparta, o desenvolvimento de Mecenas
e do comércio jônico.
d) O uso da escrita alfabética, as viagens marítimas e a evolução do
comércio e do artesanato.
e) O predomínio do pensamento mítico.

[D]

O nascimento da filosofia é contemporâneo a


transformações na estrutura social grega. As principais estão
expressas na alternativa [D].

14. (Ueg 2011) A influência de Sócrates na filosofia grega foi tão


marcante que dividiu a sua história em períodos: período pré-socrático,
período socrático e período pós-socrático. O período pré-socrático é

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visto como uma época de formação da filosofia grega, na qual


predominavam os problemas cosmológicos. Ele se desenvolveu em
cidades da Jônia e da Magna Grécia. Grandes escolas filosóficas surgem
nesse período e muitos pensadores se destacam. Entre eles, um jônico,
que ficou conhecido como pai da filosofia. Seu nome é:
a) Tales de Mileto
b) Leucipo de Abdera
c) Sócrates de Atenas
d) Parmênides de Eléia

[A]

Refere-se ao Tales de Mileto a famosa história sobre o


filósofo que caminhando e olhando para o céu, tropeça em uma
pedra e cai em um poço. Apesar de essa história ter se mantido
na tradição, as outras histórias sobre Tales de Mileto revelam
alguém preocupado não apenas com eventos celestiais, mas
também com os terrenos. Esse filósofo também foi um político
empenhado (buscando a união das cidades jônicas contra os
persas), engenheiro habilidoso (construindo diques para
desviar o curso do rio e facilitar a navegação e a irrigação),
astrônomo perspicaz (prevendo eclipses e mapeando os céus
em favor dos navegantes) e matemático talentoso
(reconhecendo relações importantes de proporção entre
triângulos). Porém, tudo isso podemos apenas presumir
através dos relatos que contam sua vida. De Tales não restaram

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escritos, e nem se sabe se ele realmente escreveu qualquer


texto. Todavia, deixando a falta de informação para lá, Tales é
consagrado por alguém importante como o fundador da
filosofia cosmológica:

“É Aristóteles que consagra Tales como fundador da filosofia


cosmológica, tendo sido o primeiro a tratar de modo
sistemático e racional o problema da origem, transformação e
conservação do mundo. Para Tales, a phýsis é a água, ou
melhor, a qualidade da água, o úmido”.

CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos


a Aristóteles, volume 1. São Paulo: Companhia das Letras,
2002.

15. (Ueg 2008) Para a mitologia grega [...] “Zeus ocupa o trono do
universo. Agora o mundo está ordenado. Alguns deuses disputaram
entre si, alguns triunfaram. Tudo que havia de ruim no céu etéreo foi
expulso, ou para a prisão do tártaro ou para a terra, entre os mortais.
E os homens, o que aconteceu com eles? Quem são eles?”

VERNANT, Jean Pierre. O universo, os deuses, os homens. São Paulo:


Companhia das Letras, 2000

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A ordem, em todas as suas acepções, é o grande objeto do espanto


filosófico. Causam maravilhamento a ordem das leis naturais que a
ciência descobre, a ordem manifesta nas proporções e harmonias da
obra de arte e a ordem das ações justas na vida moral e política da
sociedade. Antes da filosofia, os mitos já expressavam esse
maravilhamento, porém com diferenças importantes. Sobre esse
assunto, é correto afirmar que o mito:
a) Enuncia de modo argumentativo a escala de valores de uma
sociedade pré-crítica.
b) Estabelece parâmetros de abordagem dos fenômenos naturais sobre
bases estritamente lógicas, como o princípio de não contradição.
c) Busca explicações suficientes sobre o lugar do homem no mundo,
apelando ao sagrado.
d) Possui uma grande densidade teológico-moral, dando a cada
membro do grupo autonomia para decidir e atuar sem limites
objetivos.

[C]

Somente a alternativa [C] é correta a respeito do mito.


Ainda que seja bastante diferente do conhecimento filosófico, o
mito corresponde a uma forma de conhecimento ordenador e
que explica o lugar do homem no mundo por meio de relações
entre o sagrado e o profano.

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16. (Uel 2015) Leia os textos a seguir.

Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo seio,
de todos sede irresvalável sempre.
HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. 3.ed. Trad. de Jaa Torrano.
São Paulo: Iluminuras, 1995. p.91.

Segundo a mitologia ioruba, no início dos tempos havia dois mundos:


Orum, espaço sagrado dos orixás, e Aiyê, que seria dos homens, feito
apenas de caos e água. Por ordem de Olorum, o deus supremo, o orixá
Oduduá veio à Terra trazendo uma cabaça com ingredientes especiais,
entre eles a terra escura que jogaria sobre o oceano para garantir
morada e sustento aos homens.
“A Criação do Mundo”. SuperInteressante. jul. 2008. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/religiao/criacaomundo-447670.shtm>.
Acesso em: 1 abr. 2014.

No começo do tempo, tudo era caos, e este caos tinha a forma de um


ovo de galinha. Dentro do ovo estavam Yin e Yang, as duas forças
opostas que compõem o universo. Yin e Yang são escuridão e luz,
feminino e masculino, frio e calor, seco e molhado.
PHILIP, N. O Livro Ilustrado dos Mitos: contos e lendas do mundo.
Ilustrado por Nilesh Mistry. Trad. de Felipe Lindoso. São Paulo: Marco
Zero, 1996. p.22.

Com base nos textos e nos conhecimentos sobre a passagem do mito


para o logos na filosofia, considere as afirmativas a seguir.

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I. As diversas narrativas míticas da origem do mundo, dos seres e das


coisas são genealogias que concebem o nascimento ordenado dos
seres; são discursos que buscam o princípio que causa e ordena tudo
que existe.
II. Os mitos representam um relato de algo fabuloso que afirmam ter
ocorrido em um passado remoto e impreciso, em geral grandes feitos
apresentados como fundamento e começo da história de dada
comunidade.
III. Para Platão, a narrativa mitológica foi considerada, em certa
medida, um modo de expressar determinadas verdades que fogem
ao raciocínio, sendo, com frequência, algo mais do que uma opinião
provável ao exprimir o vir-a-ser.
IV. Quando tomado como um relato alegórico, o mito é reduzido a um
conto fictício desprovido de qualquer correspondência com algum
tipo de acontecimento, em que inexiste relação entre o real e o
narrado.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

[D]

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Os mitos representam um ponto fundamental para o


surgimento da filosofia, ou passagem para o logos. Estes
possuem as seguintes características: são trabalhados por meio
do discurso, são acríticos, são tidos como verdadeiros devido à
autoridade de que os narra, por serem estes os responsáveis
pela ligação do mundo natural com o mundo sobrenatural,
misturam elementos naturais e sobrenaturais; tratam os
elementos do mundo natural e do mundo sobrenatural como
possuidores das qualidades e vícios encontrados nos humanos;
os mitos narram o surgimento do mundo por meio de
genealogias e lutas de contrários; e narram acontecimentos de
um passado remoto, imemorial.
Platão utiliza o recurso do mito em diversos de seus escritos
como forma de revesti-los com a transmissão da verdade. Em
seu livro “A República”, Platão utiliza o recurso do mito como
uma alegoria, não representando aquilo que aconteceu, mas
como um recurso que mistura o fictício (o mundo da caverna)
com o real o Mundo das Ideias que podemos contemplar por
meio do pensamento. Seu objetivo é criar explicações que
sejam compreensíveis a seus interlocutores. Desta forma, o
item [IV] não corresponde à teoria descrita. A alternativa [E] é
a única que se enquadra nas teorias explicitadas.

17. (Ufu 2004) “Do arco o nome é vida e a obra é morte.”

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HERÁCLITO. Sobre a natureza. Trad. de José Cavalcante de Souza. São


Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 56. Coleção “Os Pensadores”.

Este fragmento ilustra bem o pensamento de Heráclito, que acreditou


ser o mundo o eterno fluir, comparado a um rio no qual “entramos e
não entramos”.

Assinale a alternativa que explica o fragmento mencionado acima.


a) Todas as coisas estão em oposição umas com as outras, o que
explica o caráter mutável da realidade. A unidade do mundo, sua
razão universal resulta da tensão entre as coisas, daí o emprego
frequente, por parte de Heráclito, da palavra guerra para indicar o
conflito como fundamento do eterno fluxo.
b) A harmonia que anima o mundo é aberta aos sentidos, sendo
possível ser conhecida na multiplicidade daquilo que é manifesto,
uma vez que a realidade nada mais é que o eterno fluxo da
multiplicidade do Logos heraclitídeo.
c) A unidade dos contrários, a vida e a morte, é imóvel, podendo ser
melhor representada para o entendimento humano por intermédio
da imagem do fogo, que permanece sempre o mesmo, imutável e
continuamente inerte, e não se oculta aos olhos humanos.
d) O arco, instrumento de guerra, indica que a ideia de eterno fluxo,
das transformações que compõem o fluxo universal, é o fundamento
da teoria do caos, pois o fogo se expande sem medida, tornado a
realidade sem nenhuma harmonia ou ordem.

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[A]

A alternativa [A] é a que melhor define a harmonia dos


contrários e o eterno devir que caracterizam a filosofia de
Heráclito. Segundo ele, o mundo está em constante guerra dos
contrários, o que acaba por significar um sistema filosófico que
se opõe ao de Parmênides.

18. (Ufu 2010) A relação entre mito e filosofia é objeto de polêmica


entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, a filosofia nasceu da
ruptura com o pensamento mítico (teoria do “milagre grego”); para
outros, houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de
alguma forma os mitos continuaram presentes – seja como forma, seja
como conteúdo – no pensamento filosófico.

A partir destas informações, assinale a alternativa que NÃO contenha


um exemplo de pensamento mítico no pensamento filosófico.
a) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a divindade do
nascimento ou do amor) entre todos os deuses, a Eros...”
b) Platão propõe algumas teses como a teoria da reminiscência e a
transmigração das almas.
c) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do Hades”.
d) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teorético, o prático e o
poético.

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[D]

Aristóteles retoma a problemática do conhecimento e se


preocupa em definir ciência como conhecimento verdadeiro,
pelas causas, capaz de superar os enganos do mito e da opinião,
por isto, rejeita, por exemplo, o mundo das ideias de Platão.

19. (Ufu 1999) Parmênides de Eléia, filósofo pré-socrático, sustentava


que

I. o ser é.
II. o não ser não é.
III. o ser e o não ser existem ao mesmo tempo.
IV. o ser é pensável e o não ser é impensável.

Assinale
a) se apenas I, III e IV estiverem corretas.
b) se apenas I, II e III estiverem corretas.
c) se apenas II, III e IV estiverem corretas.
d) se apenas I, II e IV estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

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[D]

Parmênides de Eléia escreveu um famoso poema no qual


expõe suas ideias. Nos fragmentos restantes encontramos a
poesia do filósofo-poeta sobre o Escolhido, que, com a
permissão da Justiça, é conduzido à Musa pelas Filhas do Sol
para lhe ser revelada a Verdade e toda a Verdade. Segue um
fragmento desse poema, que apenas supostamente é chamado
de Sobre a natureza:

“Eu te direi, e tu, recebe a palavra que ouviste,


Os únicos caminhos de inquérito que são a pensar:
O primeiro, que é; e, portanto, que não é não ser,
De Persuasão, é caminho, pois à verdade acompanha.
O outro, que não é; e, portanto, que é preciso não-ser.
Eu te digo que este último é atalho de todo não crível,
Pois nem conhecerias o que não é, nem o dirias...”.

(Tradução de José Cavalcante de Souza, “Parmênides de Eléia”.


In: Os pré-socráticos, coleção Os Pensadores)

20. (Ufu 1999) Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, compreendia


que

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I. o ser é vir a ser.


II. o vir a ser é a luta entre os contrários.
III. a luta entre os contrários é o princípio de todas as coisas.
IV. da luta entre os contrários origina-se o não ser.

Assinale
a) se apenas I, II e III estiverem corretas.
b) se apenas I, III e IV estiverem corretas.
c) se apenas II, III e IV estiverem corretas.
d) se apenas I, II e IV estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

[A]

Heráclito de Éfeso é, juntamente com Parmênides de Eléia,


o grande filósofo pré-socrático. Os fragmentos que restaram
dos seus escritos expõem questões e respostas, interrogações
e impasses que influenciaram toda a filosofia. O seu estilo
alegórico de expor seus pensamentos lhe garantiu as alcunhas
de “o fazedor de enigmas”, de “o obscuro”. Seu pensamento
envolvia a ideia do mundo como devir eterno em que os
contrários estão em guerra estabelecendo a unidade do
múltiplo.

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21. (Uel 2005) Sobre a passagem do mito à filosofia, na Grécia Antiga,


considere as afirmativas a seguir.

I. Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus componentes, já


contêm características essenciais da compreensão de mundo grega
que, posteriormente, se revelaram importantes para o surgimento da
filosofia.
II. O naturalismo, que se manifesta nas origens da filosofia, já se
evidencia na própria religiosidade grega, na medida em que nem
homens nem deuses são compreendidos como perfeitos.
III. A humanização dos deuses na religião grega, que os entende
movidos por sentimentos similares aos dos homens, contribuiu para
o processo de racionalização da cultura grega, auxiliando o
desenvolvimento do pensamento filosófico e científico.
IV. O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento filosófico,
devido à assimilação que os gregos fizeram da sabedoria dos povos
orientais, sabedoria esta desvinculada de, qualquer base religiosa.

Estão corretas apenas as afirmativas:


a) I e II.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV.

[D]

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Somente a afirmativa IV é falsa. A filosofia nascente na


Grécia incorporou muito da cosmogonia mitológica, tanto em
relação à forma de interpretar o mundo, quanto na própria
construção dos problemas filosóficos. Desta forma, não houve
uma superação completa dos mitos, mas a constituição de um
novo campo de conhecimento: a filosofia.

22. (Ufu 2002) “Só resta o mito de uma via, a do ser; e sobre esta
existem indícios de que sendo não gerado é também imperecível, pois
é todo inteiro, inabalável e sem fim; nem jamais era nem será, pois é
agora todo junto, uno, contínuo (…)”

Sobre a Natureza, 8, 2-5

A partir deste trecho do poema de Parmênides, é possível afirmar que


a) a continuidade, a geração e o imobilismo estão presentes na via do
ser.
b) o ser, por não poder não ser, não é gerado nem deixa de ser, não
tendo princípio nem fim.
c) a via do ser é aquela percebida pelos nossos sentidos.
d) o ser, para o autor, de certo modo não é, pois nunca foi no passado
nem será no futuro.

[B]

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O texto do enunciado deixa claro que, segundo


Parmênides, o ser não é gerado, é imperecível, uno, infinito e
contínuo. A única alternativa que está de acordo com essas
características é a [B], única correta.

23. (Ufu 2004) Parmênides (c. 515-440 a.C.) deixou seus


pensamentos registrados no poema Sobre a natureza, do qual
restaram apenas fragmentos cultivados pelos filósofos do mundo
antigo, uma das passagens célebres preservadas é a seguinte:

“Necessário é o dizer e pensar que (o) ente é; pois é ser, e nada não
é; isto eu te mando considerar. Pois primeiro desta via de inquérito eu
te afasto, mas depois daquela outra, em que mortais que nada sabem
erram, duplas cabeças, pois o imediato em seus peitos dirige errante
pensamento; (...)”

PARMÊNIDES. Sobre a natureza. Trad. de José Cavalcante de Souza.


São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 88. Coleção “Os Pensadores”.

Analise as assertivas abaixo.

I. A opinião humana busca o que é (ser) naquilo que não é (ser).


II. O mundo dos sentidos é (ser), portanto, o único digno de ser
conhecido.
III. Não se pode dizer .não-ser é., porque .não-ser. é impensável.

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IV. Dizer .não-ser é não não-ser., é o mesmo que afirmar .não-ser não
é..

Assinale a alternativa que contém as assertivas corretas.


a) I e III
b) II e III
c) II e IV
d) I e IV

[A]

Somente as afirmativas I e III estão de acordo com os


escritos de Parmênides. Para ele, somente o ser é, enquanto
que o não-ser não é. O erro dos humanos é justamente o de
pensar que o não ser é. É justamente opondo-se a esses mortais
que Parmênides está escrevendo.

24. (Ufu 1999) Heráclito de Éfeso (500 a.C.) concebia a realidade do


mundo como mobilidade, impulsionada pela luta dos contrários. Sobre
sua filosofia, é correto afirmar que

I. a imagem do fogo, com chamas vivas e eternas, representa o Logos


que governa o movimento perpétuo dos seres.
II. a luta dos contrários é aparência que afeta apenas a sensibilidade
humana.
III. a mobilidade dos seres resulta no simples aparecer de novos seres.

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IV. a harmonia do cosmo é resultado da tensão eterna da luta dos


contrários.

Assinale
a) se as afirmações II e III são corretas.
b) se as afirmações I e IV são corretas.
c) se apenas a afirmação IV é correta.
d) se apenas a afirmação I é correta.

[B]

Há uma suposição sobre a dificuldade do estilo de


Heráclito ser resultado de catástrofes da história política da
Jônia. Dario, por volta de 546 a.C., invadiu e dominou a região
da cidade de Heráclito, Éfeso, e a Jônia, menos Éfeso, para se
contrapor reuniu uma confederação e lutou, porém foi
derrotada e duramente castigada. Heráclito, então, afastou-se
da vida urbana e, talvez, daí provenha seu pensamento
melancólico e pessimista:

“Heráclito foi alcunhado de “o fazedor de enigmas” e “o


obscuro”. Essas alcunhas provavelmente vieram de sua
concepção oracular do pensamento e da linguagem como fonte
de sinais que “não manifestam nem ocultam”, mas se oferecem
como algo a ser decifrado e interpretado”.

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CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos


a Aristóteles, vol. I. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p.
81.

Alguns fragmentos expõem o caráter enigmático de seu


pensamento e as suas teses mais conhecidas, a saber: 1) o
mundo como eterno devir; 2) a luta dos contrários e a unidade
na multiplicidade; e 3) o fogo como elemento primordial, como
princípio organizador da natureza.

1. “Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio: suas águas


não são nunca as mesmas e nós não somos nunca os
mesmos”.
2. “A guerra é o pai e o rei de todas as coisas”. “É necessário
saber que a guerra é a comunidade; a justiça é discórdia; e
tudo acontece conforme a discórdia e a necessidade”. “Tudo
é um”.
3. “Este mundo, o mesmo e comum para todos, nenhum dos
deuses e nenhum homem o fez; mas era, é e será um fogo
sempre vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a
medida”.

25. (Uel 2006) Os poemas de Homero serviram de alimento espiritual


aos gregos, contribuindo de forma essencial para aquilo que mais tarde
se desenvolveria como filosofia. Em seus poemas, a harmonia, a

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proporção, o limite e a medida, assim como a presença de


questionamentos acerca das causas, dos princípios e do porquê das
coisas se faziam presentes, revelando depois uma constante na
elaboração dos princípios metafísicos da filosofia grega.

(Adaptado de: REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. v. I. Trad.


Henrique C. Lima Vaz e MarceloPerine. São Paulo: Loyola, 1994. p. 19.)

Com base no texto e nos conhecimentos acerca das características que


marcaram o nascimento da filosofia na Grécia, considere as afirmativas
a seguir.

I. A política, enquanto forma de disputa oratória, contribuiu para


formar um grupo de iguais, os cidadãos, que buscavam a verdade pela
força da argumentação.
II. O palácio real, que centralizava os poderes militar e religioso, foi
substituído pela Ágora, espaço público onde os problemas da polis
eram debatidos.
III. A palavra, utilizada na prática religiosa e nos ditos do rei, perdeu
a função ritualista de fórmula justa, passando a ser veículo do debate
e da discussão.
IV. A expressão filosófica é tributária do caráter pragmático dos
gregos, que substituíram a contemplação desinteressada dos mitos
pela técnica utilitária do pensar racional.

Estão corretas apenas as afirmativas:


a) I e III.
b) II e IV.

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c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

[D]

O nascimento da filosofia acompanha uma série de


transformações na cultura e na sociedade grega. Entre elas
estão o nascimento da política e do debate político na Ágora,
bem como a utilização da linguagem como forma de expressar
e construir argumentos racionais. Todas as afirmativas estão
de acordo com esse contexto, com exceção da afirmativa IV.
Não se pode dizer que o pensamento racional seja uma técnica
utilitária. Pelo contrário, ele é também uma forma de
contemplação, como afirma Aristóteles.

26. (Unicamp 2013) A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que


viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação
“sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi
uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens.
Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à
0conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua
própria ignorância.

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O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois


a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por
querer adquirir conhecimentos.
b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do
passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os
ensinamentos dos filósofos gregos.
c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber
que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos.
d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos
problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas.

[A]

Primeiramente, o ponto de partida da filosofia socrática


não é a afirmação “sei que nada sei”, mas sim a palavra do
oráculo de Delfos (dedicado a Apolo) que afirmou para Sócrates
ser ele o homem mais sábio de todos. Sócrates não duvidou da
palavra do Deus e partiu em busca da compreensão das
palavras divinas. Interrogando outras pessoas, Sócrates
percebeu que apesar de ele não possuir conhecimento sobre as
coisas, possuía conhecimento sobre sua própria ignorância,
algo que todos os outros homens não possuíam. A ignorância
sobre o que significava a palavra divina o fez ir atrás do
conhecimento sobre si mesmo.

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27. (Ufu 2012) Leia o trecho abaixo, que se encontra na Apologia de


Sócrates de Platão e traz algumas das concepções filosóficas
defendidas pelo seu mestre.

Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que se supor sábio


quem não o é, porque é supor que sabe o que não sabe. Ninguém sabe
o que é a morte, nem se, porventura, será para o homem o maior dos
bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males.
A ignorância mais condenável não é essa de supor saber o que não se
sabe?

Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O que é a


Filosofia Antiga? São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61.

Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, assinale a


alternativa INCORRETA.
a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua missão, qual
seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade, para além da mera
aparência do saber.
b) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se, fazendo-o tomar
consciência das contradições que traz consigo.
c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros que nada
se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo custo, ainda que
defendendo uma opinião não devidamente examinada.

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d) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, colocado diante da


própria ignorância, admite que nada sabe. Admitir o não-saber,
quando não se sabe, define o sábio, segundo a concepção socrática.

[C]

O lema da filosofia socrática é: conheça-te a ti mesmo; e


como o próprio Sócrates diz na sua Apologia: “a vida sem
inspeção não vale a pena ser vivida pelo homem”. Seguindo
esse lema e essas palavras, podemos dizer que o pensamento
de Sócrates se desenvolve como uma investigação metódica
cuja única finalidade é esclarecer através deste exame
minucioso a ignorância daquele que diz saber sem, todavia,
saber realmente. O segredo dessa investigação metódica (a
dialética) de Sócrates está no conceito de ironia que garante
para cada interlocutor um discurso particular a respeito das
suas suposições sobre seu próprio conhecimento. Por esse
discurso, o filósofo esclarece seu interlocutor sobre sua
ignorância e o faz assumir, ou pelo menos considerar a
possibilidade de uma postura distinta da inicial, mais elevada,
mais sábia e, portanto, capaz de se reconhecer a si mesmo.

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28. (Unimontes 2011) Lembremos a figura de Sócrates. Dizem que


era um homem feio, mas, quando falava, exercia estranho fascínio.
Podemos atribuir a Sócrates duas maneiras de se chegar ao
conhecimento. Essas duas maneiras são denominadas de
a) doxa e ironia.
b) ironia e maiêutica.
c) maiêutica e doxa.
d) maiêutica e episteme.

[B]

O método socrático em busca da verdade constituía-se de


duas fases. Em um primeiro momento (ironia), Sócrates
questionava seu interlocutor a fim de fazê-lo cair em
contradição e fazê-lo perceber a limitação de seus pré-
conceitos. No segundo momento (maiêutica), Sócrates
procurava induzir o interlocutor ao conhecimento mediante o
parto de novos conceitos, que seriam estes sim verdadeiros.

29. (Ufu 2013) O diálogo socrático de Platão é obra baseada em um


sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar os seus ensinamentos
sob a forma de perguntas e respostas. Sócrates considerava o diálogo
como a forma por excelência do exercício filosófico e o único caminho
para chegarmos a alguma verdade legítima.

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De acordo com a doutrina socrática,


a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão
antropocêntrica da filosofia.
b) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação filosófica.
c) o exame antropológico deriva da impossibilidade do
autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística.
d) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas humanos é
sanada pelo homem, medida de todas as coisas.

[A]

É um tanto complicado dizer que Sócrates ministrava


aulas com a finalidade de transmissão dos seus conhecimentos,
pois como é sabido o filósofo se gabava de ser um parteiro de
ideias (cf. Teeteto). Isso nos leva necessariamente à
consideração de que o conhecimento era do interlocutor e o seu
trabalho consistia em fazer isto ser concebido.
Esta afirmação: “a busca pela essência do bem, está
vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia”, necessita
de referência precisa, pois há uma mistura de termos antigos e
modernos que cria um anacronismo inaceitável. Todavia, até
onde conseguimos percebemos, a intenção da alternativa é
ressaltar que os pré-socráticos mantinham pesquisas
preocupadas com o conhecimento da natureza, enquanto
Sócrates possuía como grande tema o conhecimento de si. Essa
noção é parcialmente verdadeira, pois nem os pré-socráticos

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eram simplesmente preocupados com o “mundo objetivo”, nem


Sócrates era simplesmente preocupado com o “mundo
subjetivo”. A natureza, o cosmos, possui enorme importância
para a filosofia desenvolvida por Platão; podemos observar isso
na leitura da República (Livro VI, por exemplo).

30. (Unioeste 2010) O Oráculo de Delfos teria declarado que Sócrates


(470-399 a.C.) era o mais sábio dos homens. Essa profecia marcou
decisivamente a concepção socrática de Filosofia, pois sua verdade não
era óbvia: “Logo ele, sem qualquer especialização, ele que estava
ciente de sua ignorância? Logo ele, numa cidade [Atenas] repleta de
artistas, oradores, políticos, artesãos? Sócrates parece ter meditado
bastante tempo, buscando o significado das palavras da pitonisa. Afinal
concluiu que sua sabedoria só poderia ser aquela de saber que nada
sabia, essa consciência da ignorância sobre as coisas que era sinal e
começo da autoconsciência.” (J. A. M. Pessanha)

Sobre a filosofia de Sócrates, é incorreto afirmar que


a) a filosofia de Sócrates consiste em buscar a verdade, aceitando as
opiniões contraditórias dos homens; quanto mais importante era a
posição social de um homem, mais verdadeira era sua opinião.
b) a sabedoria de Sócrates está em saber que nada sabe, enquanto os
homens em geral estão impregnados de preconceitos e noções
incorretas, e não se dão conta disso.

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c) o reconhecimento da própria ignorância é o primeiro passo para a


sabedoria, pois, assim, podemos nos livrar dos preconceitos e abrir
caminho para a verdade.
d) após muito questionar os valores e as certezas vigentes, Sócrates
foi acusado de não respeitar os deuses oficiais (impiedade) e
corromper a juventude; foi julgado e condenado à morte por ingestão
de cicuta.
e) o caminho socrático para a sabedoria deve ser trilhado pelo próprio
indivíduo, que deve por ele mesmo reconhecer seus preconceitos e
opiniões, rejeitá-los e, através da razão, atingir a verdade imutável.

[A]

A alternativa [A] contraria todas as outras. A verdade em


nada se relaciona com a importância de determinados homens.
Para os homens se tornarem sábios, devem trilhar o caminho
da filosofia, perceber a contradição de suas ideias e passar a
buscar a verdade.

31. (Unimontes 2010) Via de regra, os sofistas eram homens que


tinham feito longas viagens e, por isso mesmo, tinham conhecido
diferentes sistemas de governo. Usos, costumes e leis das cidades-
estados podiam variar enormemente. Sob esse pano de fundo, os

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sofistas iniciaram em Atenas uma discussão sobre o que seria natural


e o que seria criado pela sociedade.

(GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras,


1995).

Sobre os sofistas, é incorreto afirmar que


a) eles tiveram papel fundamental nas transformações culturais de
Atenas.
b) eles se dedicaram à questão do homem e de seu lugar na sociedade.
c) eles eram mercenários e só visavam ao lucro na arte de ensinar.
d) eles foram os primeiros a compreender que o “homem é medida de
todas as coisas”.

[C]

Os sofistas foram muito mal vistos devido aos escritos de


Platão. Entretanto, ainda que lucrassem com sua atividade de
ensino, esses filósofos desenvolveram importantes teorias.
Hoje sua importância é reconhecida principalmente em relação
ao relativismo cultural e às contribuições ao espírito
democrático.

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32. (Ufu 1998) Sócrates é tradicionalmente considerado como um


marco divisório da filosofia grega. Os filósofos que o antecederam são
chamados pré-socráticos. Seu método, que parte do pressuposto “só
sei que nada sei”, é a maiêutica que tem como objetivo:

I. “dar luz a ideias novas, buscando o conceito”.


II. partir da ironia, reconhecendo a ignorância até chegar ao
conhecimento.
III. encontrar as contradições das ideias para chegar ao conhecimento.
IV. “trazer as ideias do céu à terra”.

Assinale
a) se apenas I e II estiverem corretas.
b) se apenas I e III estiverem corretas.
c) se apenas II, III e IV estiverem corretas.
d) se apenas III e IV estiverem corretas.
e) se apenas I e IV estiverem corretas.

[A]

A ironia é uma dissimulação, isto é, Sócrates sabe de algo,


porém ele sabe disto apenas porque um oráculo lhe falou. Essa
sabedoria faz com que o filósofo finja que não sabe assumindo
o máximo possível que seu interlocutor possui realmente um
conhecimento para lhe informar. Então, Sócrates sabe que seu
interlocutor não sabe porque o oráculo falou que Sócrates é o

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homem mais sábio e Sócrates sabe que não sabe. Se o mais


sábio não sabe, outro qualquer também não saberá, porém é
necessário fingir que não se sabe para saber realmente se
aquilo pronunciado pelo oráculo é verdadeiro. Portanto, a ironia
é uma necessidade perante o conhecimento divino do oráculo,
uma postura através da qual se torna possível interrogar outros
homens que se dizem sábios e avaliar até que ponto eles
realmente sabem do que dizem saber. Assim, nós chegamos ao
conhecimento das contradições presentes nas opiniões desses
supostos sábios e superando tais contradições chegamos às
ideias. Nesse relacionamento com as opiniões da cidade,
Sócrates foi o filósofo que trouxe a filosofia do céu à terra, isto
é, Sócrates deixou de preocupar-se com problemas
cosmológicos e passou a se preocupar com problemas políticos.

33. (Ufu 2009) Marque a alternativa que expressa corretamente o


pensamento de Sócrates.
a) Sócrates estabelece uma ligação muito estreita entre o
conhecimento da virtude e a ação humana, a ponto de sustentar que
aquele que conhece o que é o correto não pode agir erroneamente,
visto que o erro de conduta é fruto da ignorância sobre a verdade.
b) O fim último do método dialético socrático era a refutação do seu
interlocutor. Assim sendo, é legítimo afirmar que o reconhecimento
da própria ignorância equivale à constatação de que a verdade é
relativa a cada indivíduo.

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c) Sócrates é considerado um divisor de águas na Filosofia graças a


sua teoria ética sobre a imobilidade do Ser. Por isso, sua missão
sempre foi a investigação de um fundamento absoluto da moral.
d) Sócrates fazia uso de um método refutativo de investigação, o que
significa que seu principal intento era levar o interlocutor à
contradição, independentemente se o último estivesse ou não com a
razão.

[A]

O objetivo do pensamento socrático é conduzir o


interlocutor à verdade, e não somente refutá-lo ou fazê-lo
chegar à consciência da própria ignorância. A ideia de
imobilidade do Ser é de Parmênides, e não de Sócrates. Sendo
assim, somente a alternativa [A] é correta.

34. (Ufu 1999) O método argumentativo de Sócrates (469-399 a.C.)


consistia em dois momentos distintos: a ironia e a maiêutica. Sobre a
ironia socrática, pode-se afirmar que

I. tornava o interlocutor um mestre na argumentação sofística.


II. levava o interlocutor à consciência de que seu saber era baseado
em reflexões, cujo conteúdo era repleto de conceitos vagos e
imprecisos.
III. tinha um caráter purificador, à medida que levava o interlocutor a
confessar suas próprias contradições e ignorâncias.

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IV. tinha um sentido depreciativo e sarcástico da posição do


interlocutor.

Assinale
a) se apenas a afirmação III é correta.
b) se as afirmações I e IV são corretas.
c) se apenas a afirmação IV é correta.
d) se as afirmações II e III são corretas.

[D]

Ironia significa, em grego, dissimulação. A ironia não é


algo bom naturalmente, pois ela pode servir à enganação.
Portanto, se formos irônicos devemos ser de tal maneira que
não sejamos enganosos, porém elucidantes. A dissimulação
deve esclarecer que o outro com quem se dialoga mantém uma
posição, se dogmática, então errônea. Logo, se “sei que nada
sei”, ou seja, se sei que não sou sábio, então quando vejo
alguém tomar uma posição de sábio, sabendo que não sou,
assumo o acerto daquela posição até que ela se demonstre
apenas um fingimento. Em outras palavras, a ironia socrática é
uma adequação ao discurso do interlocutor para que se
investigue a partir de seus próprios pressupostos até que ponto
ele está correto. A ironia serve para esclarecer ao interlocutor
que ele deve conhecer a si mesmo.

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35. (Ufu 2001) “Muitos não percebem tais coisas, todos os que as
encontram, nem quando ensinados conhecem, mas a si próprios lhes
parece que as conhecem e percebem.” (DK 22 B 17)
“Más testemunhas para os homens são os olhos e ouvidos, se almas
bárbaras eles têm” (DK 22 B 107)

A partir destes dois textos de Heráclito, pode-se afirmar que, para ele,
a) as sensações, como as águas de um rio, são infalíveis e nos
proporcionam nelas mesmas a apreensão do real.
b) o conhecimento é obtido unicamente a partir da percepção sensível.
c) as sensações por si só não são garantias de conhecimento.
d) o conhecimento é proporcionado pelo ensino obtido pela atividade
da alma, qualquer que esta seja.

[C]

A alternativa [C] é a correta, por ser a única que não


contradiz o segundo texto. Heráclito rejeita a ideia de que as
sensações são uma fonte confiável de conhecimento. Para ele,
a verdade provém do Logos, do pensamento, e não das
sensações.

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36. (Ufu 2003) “Só é possível pensar e dizer que o ente é, pois o ser
é, mas o nada não é; sobre isso, eu te peço, reflita, pois esta via de
inquérito é a primeira de que te afasto; depois afasta-te daquela outra,
aquela em que erram os mortais desprovidos de saber e com dupla
cabeça, pois, no peito, a hesitação dirige um pensamento errante: eles
se deixam levar surdos e cegos, perplexos, multidão inepta, para quem
ser e não ser é considerado o mesmo e não o mesmo, para quem todo
o caminho volta sobre si mesmo”.

Parmênides, Sobre a Natureza, 6, 1-9.

Sobre este trecho do poema de Parmênides, é correto afirmar que

I. só se pode pensar e dizer que o ser é.


II. para os mortais o ser é considerado diferente do não ser.
III. é possível dizer o não ser, embora não se possa pensá-lo.
IV. duas vias de inquérito devem ser afastadas: a do não ser e a dos
mortais.

Assinale a alternativa que contém todas as afirmações corretas.


a) II e III
b) II e IV
c) I e III
d) I e IV

[D]

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Parmênides faz uma oposição entre aquilo que é e aquilo


que não é. Segundo ele, somente o que é pode ser pensado e
ser dito. Em contraposição, o que não é não pode ser pensado
justamente por não existir. Vale ressaltar que, no texto,
Parmênides critica os mortais por não conseguirem diferenciar
ser do não ser. Sendo assim, somente as afirmativas I e IV são
verdadeiras.

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11. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Muito bem querido estudante. Se chegou até aqui é um bom


sinal: o de que tentou praticar todos os exercícios. Não se esqueça da
importância de ler a teoria completa e sempre consultá-la. Não esqueça
dos seus objetivos e dedique-se com toda a força para alcançá-los.
Você sabe que com uma boa nota no ENEM poderá escolher uma ótima
universidade e também seu curso dos sonhos. Lembre-se sempre de
suas motivações: ter um bom emprego, estudar numa instituição de
prestigio e várias coisas mais, pois elas vão te dar a energia que você
precisa para encarar o desafio de estudar muito e fazer uma excelente
nota no ENEM. Sonhe alto, pois “quem sente o impulso de voar, nunca
mais se contentará em rastejar”. Te encontro na aula 2 com os filósofos
Sócrates, Platão e Aristóteles, os epicuristas e a filosofia medieval.
Bons estudos, um grande abraço e foco no sucesso.

Até logo...

Prof. Sérgio Henrique Lima Reis.

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