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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

MONOGRAFIA

RAPHAEL RAMOS DE ALMEIDA

ISLAMIC BANKING: UMA ANÁLISE DO MERCADO FINANCEIRO


ISLÂMICO DE 2004-2014

NOVA IGUAÇU
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

RAPHAEL RAMOS DE ALMEIDA

ISLAMIC BANKING: UMA ANÁLISE DO MERCADO FINANCEIRO


ISLÂMICO DE 2004-2014

Monografia submetida a avaliação como pré-


requisito parcial para obtenção de Grau de
Bacharel em Ciências Econômicas.

Sob a Orientação do Professor

Mário Motta de Almeida Maximo

Nova Iguaçu, RJ
2017
RAPHAEL RAMOS DE ALMEIDA

ISLAMIC BANKING: UMA ANÁLISE DO MERCADO FINANCEIRO


ISLÂMICO DE 2004-2014

Monografia submetida a avaliação como pré-requisito parcial para obtenção do Grau de


Bacharel em Ciências Econômicas do Curso de Ciências Econômicas do Instituto
Multidisciplinar (Campus Nova Iguaçu) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

______________________________________

Prof. Dr. Mário Motta de Almeida Maximo (Orientador)

______________________________________

Prof. Dra. Elena Soihet

______________________________________

Prof. Dra. Clarice Menezes Vieira

Fevereiro, 2017
Dedico este trabalho a minha mãe, razão por
eu ter chego até aqui. Mãe, só tenho a
agradecer, por ter investido em mim, e sempre
ter apoiado em minhas decisões, e se
esforçado ao máximo por mim.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pois sem Ele não chegaria até aqui.


Agradeço a minha mãe por ter me dado apoio, para concluir esta etapa na minha
vida. Que desde quando eu nasci, se desdobrou para me dar a melhor educação, me
mostrando a importância de estudo.
Agradeço a minha noiva, Raphaela, pelo apoio, pela compreensão, pelas palavras
de ânimo, e preocupação para que eu executasse este trabalho.
Agradeço a meu pai, pelo apoio, pelas palavras de incentivo, e por compartilhar
vivencias que me fizeram olhar de uma outra forma este trabalho.
Aos meus avós: Ramos, Tereza e Dione por sempre terem me ajudado, e por tudo
que fizeram por mim até que eu chegasse até aqui.
Agradeço a todos os professores que fizeram parte de minha trajetória acadêmica,
ensinando-me mais que disciplinas, lições para a vida.
Agradeço aos colegas da graduação: Vitória Cabral, Kelly Soares, João Paulo
Constantino, Marcus Antônio e Paula Fernandes, que permaneceram comigo do início ao
fim da graduação, sem a companhia destes a graduação não teria sido tão divertida.
Agradeço imensamente a meu orientador, Mário Máximo, pelo excelente trabalho
que realizou junto a mim, com paciência, atenção, presteza e cuidado, me dando suporte
e me fazendo acreditar neste trabalho nos momentos de insegurança.
Agradeço aos membros da Banca Examinadora por se disporem a avaliar meu
trabalho e contribuírem com o mesmo.
E agradeço, por fim, a todas as pessoas que de alguma forma influenciaram
positivamente minha trajetória na graduação.
RESUMO
Muito se fala sobre o espaço islâmico, entretanto no que cerne a finanças, ou mercado
financeiro, tal assunto é pouco tratado em virtude de ser muito recente. Nesse contexto,
há um senso comum que a principal caraterística deste mercado, é não haver juros,
entretanto pouco se fala sobre os mecanismos de funcionamento. A partir disto o
objetivo deste trabalho é fazer uma descrição sobre o funcionamento do mercado
financeiro islâmico, e apresentar suas tensões. A partir disto a monografia faz um
levantamento empírico de três Países Islâmicos: Egito, Malásia e Qatar, e os comparar
com três países ocidentais: Austrália, Canadá e Estados Unidos do período de 2004 a
2014. A Hipótese do trabalho é que o Islamic Banking não se diferencia do mercado
financeiro tradicional. Por fim, apresentar a influência da globalização sobre o mercado
e as contradições sobre objetivo da banca islâmica, e a convergência à dualidade legal.
Pretende-se, assim, contribuir para os debates mais amplos acerca da influência da
cultura, e o mercado financeiro e de alguns aspectos do funcionamento da economia
política internacional.

ABSTRACT
There is much talk about Islamic space, however, as far as finance or financial markets
are concerned, this subject is hardly treated because it is very recent. In this context, there
is a common sense that the main characteristic of this market, is that there is no interest,
but little is said about the mechanisms of operation. From this the purpose of this work is
to give a description about the functioning of the Islamic financial market, and to present
its tensions. From this the monograph makes an empirical survey of three Islamic
Countries: Egypt, Malaysia and Qatar, and compare them with three Western countries:
Australia, Canada and United States from the period 2004 to 2014. The Hypothesis of the
work is that the Islamic Banking does not differ from the traditional financial market.
Finally, to present the influence of globalization on the market and the contradictions
about the objective of Islamic banking, and the convergence to legal duality. It is intended
to contribute to broader debates about the influence of culture, the financial market and
some aspects of the functioning of the international political economy.
LISTA DE GRAFICOS

GRÁFICO 1: ESTIMATIVA EM PERCENTUAL DA POPULAÇÃO ISLÂMICA (%)

................................................................................................................................ 25

GRÁFICO 2: TOMADORES DE EMPRÉSTIMOS A CADA 1.000 ADULTOS..... 28

GRÁFICO 3: TAXA DE JUROS DE EMPRÈSTIMOS (%) .................................... 29


LISTA DE TABELAS

TABELA 1: ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO ISLÂMICA TOTAL ..................... 25

TABELA 2: UNIDADES BANCÁRIAS COMERCIAIS A CADA 100.000 ADULTOS

................................................................................................................................ 26

TABELA 3: CAIXAS ELETRÔNICOS A CADA 100.000 HABITANTES............. 27

TABELA 4: TAXA DE SPREAD (TAXA DE EMPRÉSTIMOS MENOS A TAXA DE

DEPÒSITO, %) ...................................................................................................... 30

TABELA 5: CARTEIRA DE CRÉDITO INADIMPLENTE (%) ............................. 31

TABELA 6: TAXA DE JUROS DE DEPÓSITO (%) .............................................. 32


LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: MECANISMO PLS ............................................................................ 16


LISTA DE ABREVITURAS E SIGLAS

ATM Automatic Teller Machine (Caixa Eletrônico)


BBC British Broadcasting Corporation
Citi Citibank ou Citigroup
EUA Estados Unidos da América
HSBC Banco HSBC
OIC Organisation of Islamic Cooperation
ONU Organização das Nações Unidas
OPEC Organização dos Países Exportadores de Petróleo
PIB Produto Interno Bruto
PLS Profit and Loss Sharing
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12
CAPÍTULO 1: O MERCADO FINANCEIRO ISLÂMICO ................................... 14
1.1 APRESENTAÇÃO DO ISLAMIC BANKING ............................................... 14
1.2 MECANISMOS E FUNCIONAMENTO DO ISLAMIC BANKING .............. 16
1.3 TENSÕES DO ISLAMIC BANKING COM OS VALORES ISLÂMICOS
TRADICIONAIS .................................................................................................... 19
CAPITULO 2: ANÁLISE DE DADOS DO ISLAMIC BANKING NO PERÍODO
DE 2004-2014 ............................................................................................................ 23
2.1 RECORTE DOS DADOS ............................................................................. 23
2.2 O ACESSO DA POPULAÇÃO ISLÂMICA AOS SERVIÇOS
FINANCEIROS ...................................................................................................... 24
2.3 DADOS DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO FINANCEIRO
ISLÂMICO ............................................................................................................. 26
CAPITULO 3: A GLOBALIZAÇÃO, INFLUENCIAS INTERNACIONAIS E
OBJETIVO DO ISLAMIC BANKING ..................................................................... 34
3.1 GLOBALIZAÇÃO E MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL ....... 34
3.2 OBJETIVOS, TENSÕES E A DUALIDADE LEGAL DO ISLAMIC
BANKING .............................................................................................................. 37
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 44
INTRODUÇÃO
O mercado financeiro já foi exaustivamente estudado: seus mecanismos de
funcionamento, riscos, especulação 1, entre vários outros temas que o envolvem. Tal
mercado é orientado atualmente pela globalização dos mercados financeiros, e por um
grande fluxo de capitais. Entretanto, existem os Países Islâmicos que por seu afastamento
ao movimento da globalização, por causa da sua religião e cultura, acabaram por criar um
mercado financeiro com funcionamento diferenciado.

A cultura e religião Islâmica de forma geral é regulada pela Sharia2, que proíbe a
cobrança de juros, premissa para o funcionamento do mercado financeiro convencional.
Ou seja, para os mulçumanos não deve haver remuneração do dinheiro apenas pela
passagem tempo. Porém, com a descoberta do petróleo, no pós-guerra, cresce o uso de
mecanismos financeiros nos países muçulmanos. Surge, assim, um sistema financeiro
islâmico cada vez mais complexo, e consequentemente, a questão de como relacioná-lo
com a Sharia e os preceitos religiosos islâmicos.

Nesse contexto, o objetivo central desta monografia é de realizar um estudo de


como é o funcionamento do Islamic Banking, suas tensões entre o funcionamento e os
preceitos islâmicos. A monografia irá realizar uma análise de três Países islâmicos3
(Egito, Malásia e Qatar4) comparado com países ocidentais (Austrália, Canadá e Estados
Unidos5) no período de 2004-2014. Por fim, analisar o fenômeno da globalização como
influencia neste mercado, bem como, os objetivos deste, e a convergência à dualidade
legal dos países islâmicos.

A monografia trabalha com a hipótese de que o Islamic Banking possui objetivos


bem similares ao mercado convencional. A comparação do grupo de países muçulmanos
com os países ocidentais visa apontar essas similaridades entre seus respectivos mercados
financeiros.

1
O Termo especulação nesta passagem, e durante a dissertação, trata-se fenômeno puramente monetário,
no sentido de uma arbitragem entre posições contratuais, sem reflexo na esfera produtiva.
2
Interpretação legal e jurídica da fé islâmica.
3
Destaca-se que os países islâmicos em estudo, possuem sistemas econômicos diferentes dos ocidentais,
não somente ao que cerne mercado financeiro.
4 Foi analisado que a economia do Qatar, é muito pequena e em virtude disto, pode haver influência nos
dados.
5
Foi analisado que a economia Norte-Americana é muito peculiar, dado seu poder monetário, e sua
influencia no mercado financeiro internacional, o que dificulta a interpretação e análise de dados.

12
Deve-se destacar algumas limitações do objetivo, visto, a ausência de alguns
dados e informações, e da necessidade de realizar uma análise de dados mais abrangente,
visto o tamanho da região islâmica e do mercado financeiro, para melhor compreensão e
interpretação.

Para atingir o objetivo a monografia foi dividida em três capítulos. No capítulo 1,


é feito um panorama de como o povo islâmico entende o uso do dinheiro, o mecanismo
mais usual nas operações de crédito islâmicas, bem como os tipos de produtos disponíveis
no Islamic Banking. Após, explicita-se as principais tensões da banca islâmica,
apresentado a hipótese deste mercado está sendo gradativamente implantado e aceito pelo
povo mulçumano, por “imposição” do capitalismo, dado o interesse internacional neste
mercado. Buscando entender também como modelos de indivíduos, islâmico e ocidental,
podem ser comparados com relação as suas motivações e valores6.

No capítulo 2, foi realizado uma ampla análise de dados que cernem ao mercado
financeiro como: taxa de juros, spread, número de tomadores de crédito, número de
usuários de caixas eletrônicos, quantidade de unidades bancárias, entre outros.
Comparado em todos os casos, com três países capitalista (Austrália, Canadá e Estados
Unidos), na tentativa de buscar analisar o comportamento dos dados.

No capítulo 3, é realizado uma análise do fenômeno da globalização como


influenciador do Islamic Banking, bem como a percepção do povo islâmico mediante a
globalização. Além disso é feito uma análise dos objetivos da banca islâmica comparando
com a similaridade do mercado financeiro convencional. E por fim como o movimento
da globalização, e da banca islâmica, entre outros, estão causando convergência à
dualidade legal.

6
O indivíduo islâmico e o indivíduo ocidental (capitalista), são representações sociais e filosóficas com
intuito de representar a tendência de comportamento desses dois indivíduos.

13
CAPÍTULO 1: O MERCADO FINANCEIRO ISLÂMICO

1.1 APRESENTAÇÃO DO ISLAMIC BANKING

O objetivo deste capitulo é mostrar, brevemente, o funcionamento do mercado


financeiro islâmico, suas particularidades, e suas limitações.

O Islamic Banking, Banca Islâmica, ou ainda Free Banking, trata de um mercado


financeiro, regido por conceitos completamente diferentes dos comumente habituados e
observados na sociedade ocidental e capitalista. Porque, para a sociedade capitalista, o
dinheiro, a riqueza ou a moeda é uma commodity, por isso a ideia de uma remuneração
fixa ou variável, denominada “juro”, que se obtêm de um capital emprestado ou
especulado. E neste principal aspecto que a Banca Islâmica atua, retirando o conceito de
commodity e aplicando o conceito de que “O dinheiro existe para o desenvolvimento do
mundo” que segundo (MARTINS, 2004, p. 9). Tal conceito contrasta com a banca
convencional na qual o dinheiro gera dinheiro sem levar em consideração se o mesmo
está sendo utilizado em uma função produtiva, e o que importa é o valor do dinheiro no
tempo.

Segundo Chachi (2005), o contexto histórico em que surge o Islamic Banking foi
anterior ao período em que as transações de financiamento (Madabara/Musharaka) foram
realmente efetivadas e disponibilizadas, mas sim no período monárquico Egípcio em que
havia o recolhimento de taxas e impostos, e eram realizados depósitos compulsórios
juntamente com os reis e cobradores do Egito. Desta forma alguns historiadores fazem
alusão disto, como a real origem do mercado financeiro. Tal período mencionado ocorre
simultaneamente ao período de Medieval7 europeu que foi marcado segundo Warde
(2000) por uma estagnação política, social e econômica do Oriente Médio.

Após este período de estagnação no Oriente Médio, o mercado financeiro


propriamente dito, origina-se, segundo Martins (2004), a partir da descoberta de petróleo
no Golfo Persico, e as reais necessidades financeiras da indústria do petróleo, que
deveriam estar de acordo com as crenças religiosas da sociedade islâmica. Entretanto

7
Período histórico demarcado pelo do declínio do Império Romano, e a deterioração econômica e cultural
da Europa.

14
segundo Warde (2000), seu marco inicial está na década de 70 no primeiro
aggiornamento8 causado pela crise do petróleo e a nova ordem política mundial.

É importante ressaltar que os acontecimentos que marcam o período do


aggiornamento, segundo Martins (2000), foi a nacionalização da empresa de petróleo
anglo-iraniana em 1951, a nacionalização do canal de Suez em 1956, e a criação da OPEC
(Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em 1959. Tal histórico indica um
grau maior de independência do Oriente Médio e termino do período de estagnação e
surgimento do mercado financeiro.

Dentre os anos marcados historicamente tem-se o ano de 1963 com o surgimento


do primeiro banco islâmico no Egito, mas é só em 1970 que a banca islâmica começa a
operar com a legalização do funcionamento do Bahrain Islamic Banking e em 1975 com
o surgimento do Banco Islâmico de Desenvolvimento em Jeddah, na Arábia Saudita.

No que se refere as crenças islâmicas, tais são estabelecidas no Alcorão e outros


escritos como Sunnas, Qiyas, Ijma, Ijtihad, que segundo Martins (2000) alguns
historiadores relatam que foram idealizados por Maomé através da observação e
administração da fortuna de sua esposa. Que a partir disto contribuem para formação da
Sharia, que é a interpretação jurídica, social e política, com efeito legal de todos os
ensinamentos e conceitos relevantes da crença islâmica, na qual regula a forma de vida
religiosa e secular.

No que tange ao mercado financeiro, a Sharia regulamenta alguns princípios


dados como fundamentais para existência deste segundo Martins (2000), estes são: riba,
gharar, shurut e sabab. O riba se refere a não receber nem cobrar juros sobre um certo
capital, ou ainda haver vantagem pré acordada com o ofertante do crédito, a não ser, num
desejo pessoal do tomador do crédito remunera-lo de forma espontânea e livre, após a
quitação. Já o gharar trata-se de um dos objetos de estudo econômico, o equilíbrio entre
a oferta e demanda, ou ainda a especulação e os riscos envolvidos numa negociação, que
segundo os princípios da Sharia não podem haver, seja especulação ou risco envolvendo
o preço do crédito, denominado “juro”. O shurut, está relacionado a condições especiais
financeiras, como caução e alienação, a fim de proporcionar maior segurança para uma

8
Significado: Atualização, traduzido do Italiano, que segundo WARDE (2000) seu contexto teórico
significa a representação do período de político e econômico da crise do petróleo e o surgimento do pan-
islamismo (Marca do Nacionalismo, Secularização e Socialismo associado a um novo Estado Independente
Islâmico)

15
das partes da negociação financeira. O sabab se refere ao objeto contratual, que não pode
ser considerado ilegal, como transações ilícitas que possam envolver, violência, drogas,
falsificação ou até mesmo financiamento ao terrorismo.

A partir disto, tendo as primícias de que a existência de um mercado financeiro


islâmico está condicionada a não cobrança de juro, a não especulação e a obrigatoriedade
de um objeto de contrato bem definido e legal. Questiona-se: quais são os mecanismos e
como se dá o seu funcionamento? Se o Islamic Banking segue seus princípios? Ou ainda,
a banca islâmica trata de ser o mercado financeiro tradicional “camuflado” pelo
capitalismo e sua capacidade de reinventar?

1.2 MECANISMOS E FUNCIONAMENTO DO ISLAMIC BANKING

As operações e objetivos islâmicos são definidos em objetivos corânicos,


conhecidos com a interest free banking, ou seja, bancos sem juros, remetendo-se a
questionar se é possível ou não haver interesse zero. Primeiramente, a filosofia de riscos
divididos, é a base para que haja negociações financeiras, sem a necessidade de
remunerações pré-fixadas, na qual opera-se como uma sociedade formada por portador
de capital e o interessado neste, por exemplo numa operação de empréstimo divide o risco
com o tomador, efetivando a receita das instituições financeiras ou até prejuízo
denominando PLS9.

QUADRO 1: MECANISMO PLS

A empresa / indivíduo solicita o crédito, atrelando a compra de


um bem

O Banco realiza a operação de compra do bem (Operação


Comercial)

O Banco cede a mercadoria a Empresa / Indivíduo que irá


utilizar o bem no processo produtivo ou consumo

A empresa / indivíduo emprega no processo produtivo e


obtém lucros e prejuizos

PLS - Lucros ou Prejuizos são divididos

Fonte: Elaboração Própria

9
PLS – profit and loss sharing –lucros e prejuízos divididos;

16
Ou seja, uma operação financeira é fruto de uma relação econômica e comercial,
diferentemente do sistema financeiro convencional, na qual as relações comerciais são
irrelevantes, e isso será mostrado por meio da explicação dos tipos de operações de
crédito:

1) Madabara/Musharaka – Trata-se estruturas de crédito na qual o credor cede parte


de um capital para investidor (dado a intenção de promover o desenvolvimento),
e como elucidado anteriormente não há combinação de remuneração (juro), e sim
uma partilha dos lucros após operação (PLS)10. Como por exemplo, um investidor
deseja fazer compra de uma commodity e necessita de um financiamento, se este
financiamento for integral por parte de uma instituição financeira se trata de
Madabara, caso o investidor integralizar parte do capital, trata-se de Musharaka,
e como elucidado anteriormente as operações financeiras, tangem o comercial e
econômico, pois dado a necessidade do financiamento (motivo econômico), o
processo de compra ocorrem como se as commodity fossem de propriedade do
banco, e somente após a quitação do financiamento, esta torna-se propriedade do
investidor.
2) Ijara – São contratos de leasing, assim como no mercado financeiro convencional,
no qual a instituição financeira arrenda, imóveis, maquinas e equipamentos
mediante a um aluguel fixo previamente combinado. Distinguindo somente dos
contratos Ijara Wa-Igtina, no qual pode ser realizado a compra do bem em
questão ao final do contrato, pelo cliente.
3) Qard Hassan – São contratos no qual não há PLS e nem juros, suas causas são por
razões humanitárias e benemerentes.

Tais operações descritas, se dá principalmente ao que no mercado convencional


chama-se segmento do atacado, promovido pelo apoio as grandes empresas, negócios e
empreendimento, a fim de contribuir para formação de bruta de capital. Todavia, não há
somente grandes operações, mas o segmento varejo no que se refere a indivíduos há um
avanço no que tange a serviços e produtos financeiros ao povo islâmico.

E em segundo plano, as instituições financeiras realizam suas operações buscando


o desenvolvimento social por meio das práticas empresarias, como forma de ato de

10
Madabara/Musharaka genuínos não devem conter relação alguma com taxa de juros somente partilha
de lucro, por parte do investimento.

17
caridade, seguindo o princípio corânico do zakat, que também é chamado imposto da
purificação, e tratado pela sociedade islâmica como um imposto rigoroso.

Por haver algumas características semelhantes ao mercado convencional a


diferenciação dos mercados financeiros não é satisfatória:

[...] the defining difference is that while ‘conventional’ finance usually


seeks profitmaximization within a given regulatory framework, Islamic
finance is also guided by other, religiously-inspired goals. (WARDE,
2000, p. 20)
Pois vai além de PLS, e esse fundamento se torna mais um ideal do que a
realidade, segundo Warde (2000). O Sistema financeiro islâmico não é formando somente
por crédito, mas se estabelece em outros produtos como fundos de investimento, contas
de depósito, e seguros (takaful) que vão ser descritos abaixo:
A) Contas de depósito e investimento (fundos de investimento) – São amplamente
difundidas pelo mercado islâmico como forma de obter capital para financiamento
(Madabara/Musharaka). Sendo as contas de depósito, uma forma de facilitar a
reserva de valores, e as de investimento, poder obter rendimentos no qual há
divisão dos rendimentos e perdas como nas operações segundo PLS.
B) Takaful – São contratos realizados pelas sociedades securitárias de bens, no qual
não a relação de especulação e risco, como nos contratos de seguro realizado pelas
companhias securitárias do mercado convencional, que é proibido pelo princípio
do gharar, e sim formação de sociedades, na qual os membros contribuem de
forma proporcional ao seu bem, e a partilha dos lucros ocorre em caso de perdas
(sinistros) ocorridos por um membro deste grupo.

Ainda no contexto de mercado financeiro, no que cerne o tema de finanças


públicas, assim como os princípios da Sharia vão contra o juro, valorização do dinheiro
no tempo, os preceitos religiosos vão contra ao conceito de inflação, a desvalorização do
dinheiro no tempo. Ou seja, o dinheiro não deve ser remunerado ou desvalorizado no
tempo, mas é aceito quando empenhado no processo produtivo (comércio e serviços).

Entretanto quando se fala que o conceito da inflação não é aceito, observa-se uma
ruptura da tradição cultural e social, pois atualmente este é tolerado, e se apresenta
incipiente para este povo.

18
1.3 TENSÕES DO ISLAMIC BANKING COM OS VALORES ISLÂMICOS
TRADICIONAIS

A necessidade de se falar sobre como se dá o desenvolvimento do mercado


financeiro islâmico, em suma é por este mercado ser considerado um mercado emergente,
e cresce cerca de 24 a 26 por cento ao ano. E, tudo isto porque:

The modern ‘market system’ revolutionized political, economic, social


and human relations[...] The ‘modern’ society was characterized by a
different ethos, and different institutions and belief systems. The
‘science’ of political economy, later ‘economics’, based on the
interaction of self-interested individuals in a world of scarcity[...]
(WARDE, 2000, p. 25)
Percebe-se ainda uma grande participação do mercado internacional (Norte
Americano e Europeu) no sistema financeiro islâmico, segundo Fernandes (2010), com a
presença de multinacionais como: Swiss Re, a Allianz, o Citi (Citigroup), o Deutsche
Bank, o Morgan Stanley, o HSBC e o Lloyds TSB Bank, que se “renderam” a este mercado
como uma diversificação e fonte de novos lucros.

Tal dinamismo e diversidade de produtos da banca islâmica contrasta segundo


Fernandes (2010) com a estagnação do capitalismo e dos mercados ocidentais, e é um dos
motivos de interesse do capitalismo ocidental no Islamic Banking, porque tal segmento
desenvolve-se também a um alto preço e altos lucros.

Segundo El-Gamal (2010) tal desenvolvimento sai dos princípios éticos e tornam-
se produtos financeiros atrativos aos olhos dos religiosos islâmicos praticantes, uma vez
que o indivíduo aceita paulatinamente a ideia de que tal prática está de acordo com sua
religião, e aceita pagar uma alta remuneração por crédito, em outras palavras, acaba por
existir um juro, que por não se ser considerado como tal, paga-se um valor bem alto por
este, sem haver uma regulamentação.

Tal conjuntura financeira é assim sem regulamentação, pois o Estado não é laico
ou eclesiástico, mas em todos os países em estudo11 têm sua legislação com regime dual,
tendo uma legislação secular e outra religiosa, contudo o Egito possui caráter dual
somente após a Primavera Árabe12 que ocorreu em 2011, e após novas eleições. Tal

11
Como visto na introdução (p.: 12) os países selecionados são: Egito, Malásia e Qatar
12
É o nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe que
eclodiu em 2011. A origem dos protestos é o agravamento da situação dos países, provocado pela crise
econômica e pela falta de democracia.

19
caráter nos infere a verificar segundo Warde (2000) uma ambiguidade, pois os valores
religiosos têm se tornado gradualmente secundárias frentes as políticas econômicas e
financeiras. E a ocorrência disto segundo Warde (2000) trata-se de uma ruptura dos
valores culturais e religiosos frente as necessidades econômicas e políticas, provocados
por uma pressão dos interesses geral - capitalistas e do povo - e das necessidades de se
alcançar o bem-estar econômico e as exigências de uma economia global, que se
articulam e geram preocupações por teóricos teológicos e antropólogos.

Outro aspecto relevante, é diversidade de interpretações, que formam diferentes


escolas de pensamento, e até mesmo variações nas perspectivas de determinados temas
financeiros. E logo, há literaturas sobre finanças islâmicas em diversas perspectivas,
destacando-se as sob olhares teológicos, juristas e financeiros, na qual dentre os três
citados, a mais relevante é a literatura formulada pelos juristas.

Os Juristas baseiam as finanças islâmicas modernas, às doutrinas medievais


islâmicas, interpretadas, modificadas e implementadas a realidade contemporânea pelas
autoridades islâmicas legais. É importante ressaltar que cada Instituição Financeira possui
um comitê da Sharia que cria e viabiliza cada produto, sendo que o cliente que julga estar
de acordo com a crença islâmica independente dele estar validado pela Sharia, ou seja, é
como se existisse uma legislação magna, mas cada Instituição Financeira criasse seu
portfólio que pode estar descumprindo tal legislação.

Logo, a “financeirização” do mundo islâmico, pode-se inferir que é uma das


influências do liberalismo econômico, na qual Hungtington (1996, p. 70, p. 72) sintetiza
seu pensamento na passagem: “O Alcorão e a Sharia constituem a lei básica para as
sociedades Islâmicas”, para explicar a criação do segmento financeiro atípico, em virtude
da proibição da usura. Entretanto, tal explicação para a criação deste mercado, segundo
Warde (2000) é feita sobre uma simplificação do pensamento que não resistem a uma
análise científica, histórica e social rigorosa. Pois, trataremos a hipótese do mercado
financeiro islâmico para existir não basta respeitar somente valores legais da Sharia ou
do Alcorão, mas respeitar toda uma moral e cultura por trás deste, que vem sendo
paulatinamente quebrada em virtude de uma possível “imposição” do capitalismo.

As discussões sobre viabilidade do mercado financeiro, não terminam nisto, mas


no que se refere também a ideia de “juros zero” e ser “sem fins lucrativos”, pois tais
características não são sinônimas neste mercado, pois também trataremos a hipótese de

20
que as instituições financeiras islâmicas não estão sob objetivo diferente das
convencionais, mas com interesses de lucro sob “disfarces”.

Há, alguns autores, que definem o Islamic Banking como uma falácia porque se
trata de uma readaptação da usura.

The so-called ‘Islamic bank’ is a usurious institution contrary to Islam.


The ‘Islamic bank’ is an absurd attempt to resolve, as was done in the
case of Christianity, the unswerving opposition of Islam to usury for
fourteen centuries. Since its origin, the ‘Islamic bank’ has been
patronized and promoted by usurers.

In contrast to the modernist confusion, the position of the Sharia of


Islam is clear and does not admit any controversy. From this it is clear
that the Muslim must not only abandon usury but that he is also obliged
to fight against usury. (VADILLO apud. WARDE, 2000, p. 20)
Tentar de alguma forma mostrar o quanto islâmico é o Islamic Banking trata-se
também de um análise pré-conceitual. Pois da mesma forma que se tem literaturas que
abordam a banca islâmica como de alto preços e contrária a usura, há aqueles que
defendem concretamente que se trata de aprimoramento dos valores culturais, e de um
sistema financeiro “legal” regido pelas leis islâmicas religiosas e sociais.

Apesar de verificar diversas interpretações acerca das tensões do funcionamento


do Islamic Banking compreende-se como hipótese que há um imperativo do sistema
capitalista que vem sendo gradativamente aceito pela sociedade islâmica, obtendo
resultados que não condiz com o entendimento de free banking.

Até agora foi discutido o assunto sobre finanças islâmicas partindo do pressuposto
de fator agregado, instituição, aglomeração e mercado. Mas tal assunto pressupõe a
existência de indivíduos, e estes possuidores de sentimentos, ações, que formam tais
mercados, que podemos inferir, que possuem caraterísticas opostas.

A construção do Homo Economicus13 por David Hume e posteriormente elucidada


por Adam Smith, na celebre frase: “não é da benevolência do açougueiro, do fabricante
de cerveja ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas da consideração que eles têm
pelo seu próprio interesse”(SMITH, 1996, p. 74), é a forma de definir orientações com
que o mercado financeiro convencional se estabelece, porém este é completamente

13
O Homo Economicus, é uma construção de um modelo de indivíduo, que tem suas caraterísticas sociais
e filosóficas oriundas do sistema ocidental econômico, de livre comercio, no qual a motivação básica para
a ação é o autointeresse.

21
contrário ao indivíduo islâmico 14, que segundo (Kuran apud.Warde, 1986) as regras para
torna-se membro da sociedade islâmica é ser justo, socialmente responsável e altruísta -
pelo menos como declaração dos valores perseguidos pela sociedade islâmica.

Ainda, segundo Warde (2000) a principal diferença entre o indivíduo islâmico e o


Homo Economicus é a presença no sentimento altruísta no primeiro. Todavia, tal
sentimento estava presente na sociedade pré-capitalista, por ser doutrinada pela ética
Cristã, no qual a afirmação: “vícios privados virtudes públicas”, mesmo que houvessem
interesses e desejos, na vaidade cristã prevaleciam valores próximos aos que são
atribuídos ao homem islâmico.

Além disso, a construção do indivíduo islâmico é determinada por uma harmonia


social-religiosa, em outras palavras segundo Warde (2000) o economicamente e
socialmente correto não é o islamicamente correto e vice-versa. Para os Islâmicos a
economia ocidental moderna é fundada sobre a ótica do auto interesse que potencializa a
ganancia e amoralidade.

Pode-se oferecer uma síntese das características comparadas, segundo a


interpretação islâmica:

Under capitalism, human beings are selfish; under the Islamic economic
system, human beings are selfish as well as altruistic;

Under capitalism, materialism is the supreme value; under the Islamic


economic system, materialism should be controlled;

Capitalism favours absolute private ownership; the Islamic economic


system favours private ownership within a moral framework. (KHAN
apud. WARDE, 2000, p. 46)

Neste capitulo tratamos dos principais conceitos do Islamic Banking e seu


funcionamento, explicando os princípios corânicos que proibiam a banca islâmica. O
capitulo abordou o funcionamento da PLS que determina como os bancos islâmicos
atuam, em suas operações de crédito e bancárias funcionam. Nós apresentamos as tensões
islâmicas quanto ao funcionamento do mercado financeiro, e fizemos uma leitura
comparada dos agentes financeiros, do mercado convencional e o denominado islâmico.

14
O Indivíduo Islâmico, é uma construção de um modelo de indivíduo social e filosófico, elucidada por
Warde (2000) como Homo Islamicus, que segundo seu modelo, servem como orientação para as pessoas
que vivem na região do Oriente médio e são praticantes da religião islâmica, de modo não fundamentalista.

22
CAPITULO 2: ANÁLISE DE DADOS DO ISLAMIC BANKING NO PERÍODO
DE 2004-2014

2.1 RECORTE DOS DADOS

O enfoque desta pesquisa se recortará em três países pela grande diversidade do


mercado financeiro islâmico, e a escolha destes foi realizado pela maior quantidade de
dados em uma série temporal (2004-2014), afim de que fizesse uma análise temporal sem
ausência de dados, sendo estes Egito, Malásia e Qatar.

Além disso para se fazer uma análise internacional, e realizar uma


comparabilidade com dados de países de estruturas financeiras capitalistas e de grande
volume de transações financeiras, escolheu-se: Estados Unidos, Austrália e Canadá que
possuem caraterísticas de serem países que falam a língua inglesa e que foram
colonizados e se formaram como estados independentes a partir de um mesmo povo, e
que são pioneiros no sistema financeiro, seja pelas lembranças dos fortes bancos ingleses
ou pela austeridade do mercado de Wall Street Norte-Estadunidense.

Outro aspecto é que ambos os países islâmicos são pertencentes a OIC


(Organisation of Islamic Cooperation) que é a segunda maior organização política depois
da ONU, com intuito de criar a voz coletiva da sociedade islâmica, promovendo o diálogo
e a promoção de interesses com outras nações no mundo, apesar dos três países terem
ingressado em períodos diferentes.

No que se refere a regulamentação do sistema financeiro islâmico, atualmente


pode-se dizer que ambos os três países possuem tanto pela visão secular como pela visão
eclesiástica, é como se em ambos os países a duas legislações, interferindo não só no que
se refere a finanças, mas em todas as instituições que são reguladas pela Sharia. Criando
uma dupla legislação, uma que respeita e outra que não respeita os princípios islâmicos,

Apesar que é importante ressaltar que cada instituição islâmica possui um Comitê
da Sharia, e o que delimita a utilização do banco por um islâmico é o próprio, analisando
se a operação ou sua utilização do mercado financeiro está de acordo com os princípios
religiosos gerando uma diversidade no mercado financeiro islâmico, no qual a escolha e
oferta são determinadas pelo usuário, sua cultura e seus valores.

23
2.2 O ACESSO DA POPULAÇÃO ISLÂMICA AOS SERVIÇOS FINANCEIROS

O nível de crescimento do Islamic Banking nos países do oriente médio e outros


países em que atuam também com a banca islâmica, vem crescendo segundo Qorchi
(2005) chegando a 15%. Tal mercado, está em vista pelos investidores e por grandes
grupos financeiros por este ter passado pela crise financeira de 2008 praticamente
incólume.

Primeiramente, para analisarmos o acesso da população islâmica ao Islamic


Banking, se faz necessário analisar a população islâmica estimada de 1990 e 2010 e uma
previsão em 2030 nos países de objeto de estudo, como segue abaixo:

TABELA 1: ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO ISLÂMICA TOTAL

Países / Ano 1990 2010 2030


Egito 53.884.000 80.024.000 105.065.000
Malásia 8.870.000 17.139.000 22.752.000
Qatar 423.000 1.168.000 1.511.000
Fonte: Elaboração Própria, a partir dos dados extraídos do Pew Research Center’s Forum

Conforme tabela acima, o que se observa em números totais é um crescimento de


cerca de 55% da população que professa a fé islâmica entre 1990 e 2010. E a previsão, é
que ainda haja crescimento da população islâmica.

Além disso, é preciso observar o percentual da população islâmica dos países em


análise, pois é claro que os países em estudo não possuem somente pessoas que professam
a fé do Islâmica, conforme abaixo:

GRÁFICO 1: ESTIMATIVA EM PERCENTUAL DA POPULAÇÃO ISLÂMICA


(%)

100 93,2 94,7 94,7


90,6
77,5 77,5
80
61,4 64,5
60 49

40

20

0
1990 2010 2030
Egito Malásia Qatar

Fonte: Elaboração Própria, a partir dos dados extraídos do Pew Research Center’s Forum

24
Por meio de análise dos percentuais, sugere-se um aumento da população islâmica
no Egito e Malásia em relação as outras religiões, e uma redução da população islâmica
relativa no Qatar, que também não representa uma redução real, mas sim em relação a
outras religiões. Tal aumento da população islâmica vem crescendo em todo mundo, e
reconhecido como o processo de Islamisation, ou seja, de aumento da conversão de
pessoas ao islamismo.

Entretanto, analisar o nível de acesso de uma forma global, ou seja, das empresas
e dos indivíduos, é inviável em virtude da ausência de dados. Mas a fim de compreender
o acesso dos indivíduos aos serviços financeiros, a análise considerará o a população total,
seja ela islâmica ou adepta a outra religião. Desta forma, a análise será: da penetração dos
bancos e financeiras nos países escolhidos como objeto de análise.

TABELA 2: UNIDADES BANCÁRIAS COMERCIAIS A CADA 100.000


ADULTOS

Países / Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Egito 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5
Malásia 14 13 12 11 11 11 11 11 11 11 11
Qatar 24 22 20 19 19 19 18 13 13 12 14
EUA 33 33 34 35 35 36 35 35 35 34 32
Austrália 31 31 31 32 32 31 31 30 31 30 29
Canadá .. .. 25 25 25 24 24 24 24 24 24

Fonte: Elaboração Própria, a partir dos dados extraídos do World Bank DATA

A partir dos dados acima analisa-se uma constância nos países ocidentais apesar
de leves variações, entretanto uma redução de 42% no número de unidades financeiras
no Qatar e uma redução de 21% no número de unidades financeiras na Malásia. Ou seja,
uma leve retraída do setor financeiro no Qatar e na Malásia, no qual pode-se inferir que
se deve ao fato da redução das unidades financeiras e bancárias cenário internacional pela
tendência tecnológica da utilização do banco. Além disso, a partir dos dados da Economia
do Qatar, observa-se uma média de crescimento do PIB de cerca de 13,4% no período em
análise e deflações de até 4,9%, segundo World Bank Data.

Da mesma forma que as unidades bancárias a cada 100.000 adultos representam


o acesso da população aos serviços financeiros, a quantidade de caixas eletrônicos ou,
ATM nos países em análise demonstram o quanto de acesso essa população possui acesso.

25
TABELA 3: CAIXAS ELETRÔNICOS A CADA 100.000 HABITANTES

Países / Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Egito 3 3 5 6 7 8 9 10 11 11 13
Malásia 27 27 28 38 41 51 53 53 53 54 52
Qatar 56 58 56 54 47 49 53 52 60 62 61
EUA 165 169 166 173 167 173 .. .. .. .. ..
Austrália 134 143 148 153 149 154 161 166 166 161 161
Canadá 185 198 206 212 218 216 218 208 203 221 222
Fonte: Elaboração Própria, a partir dos dados extraídos do World Bank DATA

Conforme descrito, a tendência de redução do número de unidades bancárias e


financeiras devido ao avanço da tecnologia, é possível sugerir a partir da tabela acima
também, pelo aumento do número de ATM. Outro aspecto latente é o aumento explosivo
do número de ATM para a população Egípcia e Malaia, que indicam maior utilização pela
população e o crescimento do setor financeiro nestes países. Não esquecendo também do
Qatar, que apesar de ter tido um crescimento menos expressivo, também cresceu cerca de
8% neste período. Já nos países de cultura ocidental, observa-se o crescimento também,
entretanto ausência de dados para os Estados Unidos no período de 2010 a 2014.

Logo, por meio do número das unidades bancárias e dos caixas eletrônicos, infere-
se um maior acesso da população do Egito, Malásia e Qatar ao mercado financeiro de
forma geral, assim como nos países ocidentais. Demonstrando um crescimento que apesar
de não ser proporcional entre eles, devido a realidade diferente de cada país. Não obstante,
é necessário deixar claro o fato do Egito ter um crescimento expressivo ao acesso do
mercado financeiro, talvez, em virtude de instauração da legislação de regime dual em
seu Estado, após a Revolução da Primavera Árabe.

2.3 DADOS DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO FINANCEIRO


ISLÂMICO

Conforme citado no capítulo I, os mecanismos de crédito que antes da criação


deste mercado e a fundação do primeiro banco islâmico, eram proibidos pela Sharia. E
aos poucos foram evoluindo e passaram a ser amplamente utilizados pela população e
empresas islâmicas.

26
No que cerne a tomar crédito, se fará a exposição de dados tanto de tomadores
islâmicos ao mercado financeiro convencional e do Islamic banking instalado em seus
respectivos países.

GRÁFICO 2: TOMADORES DE EMPRÉSTIMOS A CADA 1.000 ADULTOS

450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
EGY 40 39 54 71 73 81 81 82 111 105
MYS 205 281 326 340 368 375 375 379 388 394 392
QAT 371 365 355 357 340 311 247 220 227 237 237

Fonte: Elaboração Própria, a partir dos dados extraídos do World Bank DATA

A partir dos dados e do gráfico de colunas, observa-se um crescimento do número


de tomadores de crédito do Egito de cerca de 162,5% e da Malásia de cerca 91,22%.
Entretanto, um decrescimento de cerca de 36,12% de tomadores de crédito da Qatar,
pode-se inferir a ocorrência disto devido ao aumento do PIB per capita15, ao crescimento
econômico16 e a elevação da taxa real de juros em 54,4% do ano de 2008 para o ano de
200917. Entretanto tal interpretação sugerida, faz-se sob uma relação teórica complexa, e
reitera-se como uma inferência, pois a relação entre PIB per capita e crédito pode ocorrer
na direção inversa da analisada.

Portanto, o número de tomadores de crédito observa-se que tem um aumento


expressivo com exceção do Qatar, e não se pode fazer comparação com os países
ocidentais de objeto de análise, visto que há ausência de dados no World Bank Data.

15
O aumento do PIB per capita no período de (2004-2014) foi de cerca de 123,16% (2004: U$$ 43.347 /
2014: U$$ 96.732)
16
Conforme explicitado na página 26, o crescimento do PIB foi de 13,4% no período de 2004-2014
17
A informação de elevação da taxa real de juros (%) foram extraídos da base de dados do World Bank
Data, sendo estes: 2008: -13,1 / 2009: 41,3; Ou seja: ∆TX J REAL = 41,3 – (-13,1) = 54,4

27
Outra forma de analisar como se obteve crescimento nos tomadores de crédito, é
por meio da análise das taxas de juros de empréstimos de curto e médio prazo do setor
privado.

28
GRÁFICO 3: TAXA DE JUROS DE EMPRÈSTIMOS (%)

EGY MYS QAT USA AUS CAN

16,0
13,4

13,1
14,0

12,6

12,5

12,3

12,3
12,0
12,0

11,7
11,0
12,0

11,0
9,4
10,0
9,1

8,9
8,9

8,2
8,1
8,0

7,7
7,4

7,3
7,3
8,0
7,2

7,0
7,0

7,0
6,8
6,7

6,5

6,4
6,2

6,2
6,1

6,1
6,0

6,0
6,0

6,0
5,8

5,5

5,4
6,0

5,1
5,1

5,1

5,0

5,0
4,9

4,8
4,7

4,6

4,6
4,4
4,3
4,0

4,0

3,3

3,3

3,3

3,3

3,3

3,3
3,0

3,0

3,0

3,0
2,6
2,4
2,0

0,0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Fonte: Elaboração Própria, a partir dos dados extraídos do World Bank DATA

29
Por meio da observação da taxa de juros dos empréstimos dos países de objeto de
análise, percebe-se que em todos os países uma redução da taxa de juros do ano de 2008
para o ano de 2009, com exceção do Qatar. Tal ocorrido, pode-se inferir, se não é
influência do mercado financeiro islâmico e convencional frente a crise de 2008, a fim de
não reduzir a demanda por crédito.

Outro aspecto relevante são os números de tomadores de empréstimos está


relativamente associado a taxa de juros, ou ao “preço” do crédito. Que mesmo não
havendo “juros” neste mercado e sendo reconhecida pela PLS, em grande parte das
literaturas as análises deste é demonstrado por juros ao invés de profits.

Além disso, outro assunto de extrema preocupação no mercado financeiro


ocidental é a taxa de spread, que representa a taxa de média de juros ou profits dos
empréstimos, menos a taxa de remuneração sobre os depósitos ou poupança dos agentes
econômicos.

TABELA 4: TAXA DE SPREAD (TAXA DE EMPRÉSTIMOS MENOS A TAXA


DE DEPÒSITO, %)

Países / Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Egito 5,7 5,9 6,6 6,4 5,7 5,5 4,8 4,3 4,4 4,6 4,8
Malásia 3,0 3,0 3,3 3,2 3,0 3,0 2,5 2,0 1,8 1,6 1,5
Qatar 3,8 3,5 2,9 3,0 3,9 2,8 4,4 3,7 3,7 3,7 3,6
EUA - - - - - - - - - - -
Austrália 5,0 5,2 5,4 3,7 4,2 2,9 3,1 3,4 3,1 2,9 3,0
Canadá 3,2 3,6 4,0 4,0 3,2 2,3 2,4 2,5 2,5 2,5 2,5
Fonte: Elaboração Própria, a partir dos dados extraídos do World Bank DATA

Percebe-se com os dados acima uma redução de 15,79% do spread no Egito, e de


50% na Malásia no período de 2004 a 2014. Já no Qatar apesar de oscilações positivas e
negativas, que demonstram a situação econômica pela qual o país possui, e foi
anteriormente relatada, teve uma redução de 5,26%.

No mercado financeiro dos países ocidentais com exceção dos EUA18, observa-se
uma redução de forma geral do spread, mas nos anos de 2008 e 2009, verifica-se sob o
efeito da crise de 2008 uma instabilidade positiva e negativa respectivamente a fim de
proporcionar equilíbrio no mercado financeiro.

18
Ausência de dados no World Bank Data.

30
Desta forma analisa-se que a margem de lucro dos bancos derivado dos
empréstimos foi gradativamente comprimida. Contudo, mesmo com redução da margem
de lucro dos empréstimos, há um consenso na pesquisa realizada, de que o lucro dos
bancos islâmicos tem aumentado consideravelmente.

Logo, pode-se inferir mediante aos dados analisados de dado o aumento do


volume de crédito sendo disponibilizado, os bancos reduziram sua margem de juros, a
provavelmente a fim de aumentar o consumo de crédito, e assegurar um crescimento visto
que se trata de um mercado emergente.

Foi tratado no Capítulo I, que o Islamic banking cresce sob ótica, na qual a
sociedade aceita gradativamente a instalação de mercado financeiro que funciona de
forma diferenciada, porém com altos preços. Todavia, altos preços, volume, e maior
quantidade de tomadores de empréstimos não são sinônimos de qualidade de crédito.

TABELA 5: CARTEIRA DE CRÉDITO INADIMPLENTE (%)19

Países / Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Egito 23,6 26,5 18,2 19,3 14,8 13,4 13,6 10,9 9,8 9,3 8,9
Malásia 11,7 9,4 8,5 6,5 4,8 3,6 3,4 2,7 2,0 1,8 1,6
Qatar - - - - 1,2 1,7 2,0 1,7 1,7 1,9 1,7
EUA 0,8 0,7 0,8 1,4 3,0 5,0 4,4 3,8 3,3 2,5 1,9
Austrália 0,2 0,6 0,6 0,6 1,3 2,0 2,1 2,0 1,8 1,5 1,1
Canadá 0,7 0,5 0,4 0,4 0,8 1,3 1,2 0,8 0,7 0,6 0,5
Fonte: Elaboração Própria, a partir dos dados extraídos do World Bank DATA

A qualidade do crédito, tem sido a preocupação de grandes mercados financeiros,


e acordos internacionais como convenção de Basiléia, pois através disto pode-se evitar
crises financeiras globais como dos EUA em 2008. A partir disto, verifica-se uma redução
considerável da inadimplência da Malásia, de cerca de 86,2%, e de 62,2% do Egito. E,
analisando o Qatar no período de 2008 a 2014, observa-se oscilações que mostram o
aumento da inadimplência, talvez por uma maior interligação com o mercado externo 20
visto que, nos países ocidentais houve um aumento considerável da inadimplência entre
2008 e 2009.

19
Carteira de crédito considerada antes a provisão de perdas de empréstimos.
20
O Qatar é um dos maiores produtores de Petróleo e Gás no cenário internacional, tal conjuntura
econômica, foi demonstrada e verifica-se um alto desenvolvimento deste país, seja no crescimento do PIB
e PIB per capita.

31
Além do crédito, a remuneração dos depósitos é uma variável de extrema
importância para esta análise, visto que dado o aumento ou redução da remuneração dos
depósitos, este pode esclarecer uma maior procura pelo povo islâmico em utilizar ou até
mesmo uma pressão externa para redução da remuneração do crédito, logo reduz-se a taxa
de depósitos.

TABELA 6: TAXA DE JUROS DE DEPÓSITO (%)

Países / Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Egito 7,7 7,2 6,0 6,1 6,6 6,5 6,2 6,7 7,6 7,7 6,9
Malásia 3,0 3,0 3,1 3,2 3,1 2,1 2,5 2,9 3,0 3,0 3,0
Qatar 3,2 3,2 4,2 4,4 3,0 4,2 2,9 1,7 1,7 1,4 1,4
EUA - - - - - - - - - - -
Austrália 3,9 3,9 4,1 4,5 4,7 3,1 4,2 4,3 3,9 3,3 2,9
Canadá 0,8 0,8 1,8 2,1 1,5 0,1 0,2 0,5 0,5 0,6 0,6
Fonte: Elaboração Própria, a partir dos dados extraídos do World Bank DATA

Observa-se nas taxas de depósito do Egito e Malásia oscilações que não


representam aumento ou redução expressivas. Entretanto no Qatar as taxas de depósito
foram reduzidas em 56,25% de forma não linear, mas que exprimem a situação econômica
de país, que era de alto nível de renda. Pode-se inferir ainda que o alto nível de renda do
Qatar gerou em uma alta poupança agregada, e devido a isso houve uma pressão para
redução das taxas de depósito.

Nos países ocidentais observa-se uma elevação das taxas de depósito em 2008.
Porém nos outros anos, houveram oscilações que não representam aumento ou redução
significativo das taxas de remuneração dos depósitos.

A partir dos questionamentos e hipóteses levantadas sobre o funcionamento do


Islamic Banking, buscou-se expor diversos dados no que se refere ao agregado do
mercado financeiro, seja esta a banca islâmica ou não. A fim de entender o
comportamento dos agentes neste mercado frente aos valores culturais da sociedade.

Logo, observou-se que há um aumento no acesso da população islâmica ao


mercado financeiro, bem como, uma maior quantidade de tomadores de empréstimo, na
qual pode-se inferir, que é devido a redução da taxa de juros. A partir disto sugere-se que
houve a redução gradativa da margem de lucro derivada do crédito nos países usados
como objeto de análise, e uma melhora significativa no aspecto qualitativo do Islamic

32
Banking no caso do Egito e Malásia. Além disso pode-se perceber um funcionamento
atípico do mercado financeiro no Qatar, causado pela situação econômica do país.

E já nos países ocidentais, observou-se nos dados um comportamento com poucas


oscilações, exceto nos anos de 2008 e 2009 que foram motivadas pela crise financeira dos
EUA.

Desta forma, no próximo capitulo retornaremos as hipóteses levantadas no


capitulo I, sendo estas: primeira, de que o Islamic Banking apesar de ter um
funcionamento muito diferenciado, seu objetivo é muito similar ao mercado financeiro
convencional; segunda, que a atuação do Islamic Banking se dá por uma quebra gradativa
da cultura e religião islâmica; a fim de fazer uma leitura comparada aos dados explicados
no capítulo II, e esclarecer como está a banca islâmica e suas tensões.

33
CAPITULO 3: A GLOBALIZAÇÃO, INFLUENCIAS INTERNACIONAIS E
OBJETIVO DO ISLAMIC BANKING

3.1 GLOBALIZAÇÃO E MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL

No que cerne globalização, tem se o entendimento que se trata de um fenômeno


de interação políticas e econômicas, entre os países do mundo inteiro. E, que se pode
inferir como um dos fenômenos que faz parte da consolidação e da implantação do
Islamic Banking.

Logo, a globalização vai transpassar diversas instituições políticas e econômicas,


mas vamos nos ater as de ordem financeira e econômica, e que influenciam diretamente
o Islamic Banking. Observa-se segundo Canuto e Laplane (1995), um aumento
considerável do número de transações financeiras, seja este no câmbio, pregões nas bolsas
de valores, títulos de investimentos, derivativos, mercado futuro, swaps, entre vários
outros.

Logo, assim como: a globalização causou um aumento considerável do número


de transações, do volume de capital, e de uma gama de serviços e produtos financeiros.
Sugere-se que o Islamic Banking se trata de uma diferenciação causada pela globalização
e pelo capitalismo.

E em virtude disto, percebe-se que o povo islâmico rejeita o mercado financeiro,


por desrespeitar os princípios islâmicos do riba, gharar, shurut e sabab. No qual pode-se
sugerir existir uma pressão externa ao território islâmico - causada pela globalização e o
capitalismo - que gradativamente altera a percepção desta população. Ou seja, está
havendo um crash da cultura islâmica, por modificações profundas nas estruturas
econômicas e financeiras.

Tal pressão, é dada como agressiva e é rejeitada pelo povo mulçumano, que busca
uma integração a fim de manter sua cultura, conforme citação:

[...] o Islã rejeita a agressiva força da globalização econômica e cultural


e procura adentrar ao sistema econômico internacional de forma
integrativa, mantendo suas características religiosas e singularidades de
sua cultura, ou seja, aceita e adapta aquilo que não é contrário as normas
islâmicas. (COSTA, 2016, p. 236)
E, segundo Mottahedeh (2004), o processo de globalização no território islâmico,
permite a adaptação: cultural, social e religiosa dos desejos do povo islâmico ao que no

34
mundo globalizado é permitido. Ou seja, em parte aquilo o que é proibido pelos preceitos
religiosos e culturais é observado como desejo. Contudo, este processo está sendo
alterado pois no passado iniciou-se de forma sistêmica e individual e atualmente tem se
apresentado de forma anti sistêmica e militante.

Relembrando, o que foi tratado no capítulo 1: o indivíduo islâmico, tende a ter


comportamento altruísta21. E a partir do contato com a globalização, percebemos uma
gradativa mudança da mentalidade do indivíduo islâmico. Fazendo com que, os
indivíduos islâmicos, busquem a satisfação de seus desejos, usando o sistema financeiro.

No que cerne a percepção dos mulçumanos, sobre o comportamento está sendo


afetado pela globalização econômica. Pode-se ver em pesquisa realizada pelo Philippine
Institute for Development Studies nas Filipinas em 200522, foi observado numa amostra
de 150 mulçumanos, 91,3% concordam que seus comportamentos estão sendo alterados
pela globalização econômica, contra 8,7% que discordam ou se abstiveram de uma
opinião no momento de pesquisa (PANDA, 2005, p. 41).

Ainda segundo Muzzafar23 (2016), sua opinião sobre: a percepção do povo


islâmico ao efeito da globalização, é de que eles são conscientes e consideram prejudiciais
os efeitos principalmente aos jovens. Neste processo eles também são conscientes que o
processo de globalização é dominado pelos Estados Unidos. Além disso, outro fato
relevante, é que após a exclusão do Islã do sistema global, o povo islâmico tem reagido a
isso, aceitando em parte aquilo que é pregado no mundo ocidental. Pois de acordo com
sua interpretação de Muzzafar (2016), há indivíduos que mesmo mediante a globalização
devem reafirmar a fé, afirmando a cultura religiosa islâmica como ecumênica e universal.

Conforme visto no capítulo 2, a povo que professa o Islã cresceu em 55% de 1990
a 2010 nos países usados como objeto de estudo (Egito, Malásia e Qatar), e há expectativa
que cresça ainda mais até 2030 conforme pesquisa. Assim como aumentou os adeptos ao
Islã, aumentou o acesso do povo islâmico aos serviços financeiros. Pois, existe cerca de
31,7% de mais pessoas que acessam os caixas eletrônicos no período de 2004-2014, e no
que cerne a crédito, os indivíduos contraem mais empréstimos nesta região. Relembrando

21
Tal comportamento é oriundo da religião, e transpassa as áreas sociais e culturais, tornando-se um
hábito e uma obrigação dos mulçumanos.
22
Destaque-se que as Filipinas, não pertencem ao grupo dos países estudados, mas por ser um país
mulçumano, pode ser considerado um país representativo, do movimento que estamos estudando. Não
foram encontrados dados para os países selecionados (Malásia, Egito e Qatar)
23
Presidente Internacional do movimento Just World, e professor da Universidade da Malásia.

35
os dados o Egito e Malásia possuem um aumento do número de tomadores de
empréstimos de cerca de 162,5% e 91,22% respectivamente, e o Qatar apresentou uma
retração do número dos tomadores de crédito, conforme observado no capítulo 2.

Com o movimento social e silencioso do Islamisation24 nota-se que a cultura


islâmica não era para estar sofrendo uma “imposição” do capitalismo, porque quanto mais
pessoas se convertem ao islamismo, maior é a quantidade de indivíduos que defenderiam
a permanência cultural.

Além disso, segundo Cesari apud. Mottahedeh (2004), existem um grande número
de mulçumanos espalhados na Europa Ociental e em grandes metrópoles como New York,
Londres, Berlim, Paris. E esses vivem em grande parte sobre a moral sociais que regem
essas metrópoles, que são influenciadas em primazia pela globalização. Logo, infere-se
que está havendo um início de separação entre a etnia, cultura, religião do considerado
“mundo islâmico”.

Outro ponto que deve ser analisado é que no cristianismo, segundo Fernandes
(2010) a atitude cristã de recusar o sistema financeiro e econômico é normalmente vista
como coisa do passado, e sinônimo de uma mentalidade medieval, completamente
incompatível com a sociedade que atua sob a economia moderna. Já no caso do Islã, o
julgamento sobre isso altera-se segundo estudiosos, levando a compreendê-lo de uma
forma mais simpática e como autenticidade cultural, a adaptação ou conversão de um
sistema sobremaneira capitalista ao Islã.

Como elucidado anteriormente, a tentativa do Islamic Banking é a mesma


utilizada no cristianismo, relativizar o conceito de proibição, e utilizar o conceito de
necessidade, desejo e interesse. A partir disto recorda-se do princípio religioso islâmico
da darura que atua como balizador de decisões dos indivíduos, pois dada uma
necessidade imperiosa o indivíduo se inclina a realização desta necessidade.

Outros questionamentos que podem-se apontar: é até onde vai a real necessidade
do indivíduo islâmico? E o que o indivíduo islâmico avalia como real necessidade? Pois
conforme falado, trata-se de um mercado emergente que encontrou abertura mediante a
globalização e que antes não existia.

24
Aumento daqueles que professam a fé islâmica no mundo todo.

36
O que Fernandes (2010) deixa claro é que o capitalismo está sendo capaz de
relativizar e propor um multiculturalismo. E o “mundo islâmico” ao invés de se criar um
confronto ideológico, seu funcionamento e suas instituições são moldados de forma
pragmática e calculista contra aquilo que os preceitos islâmicos recusam como: valores
liberais, auto interesse, democracia e egoísmo.

No que tange democracia pode-se inferir também que o processo de decisão e de


escolha está na mão dos usuários do Islamic Banking, dado que cada um julga se este está
de acordo com sua crença e utiliza-o ou não, se tornando um tomador de empréstimo, ou
depositário com interesse de algum tipo de retorno.

Contudo, o que se observa segundo Fernandes (2010) é um retrocesso cultural,


causado por uma adaptação do que era proibido, e com o surgimento dos desejos (darura)
e interesses tornou-se lícito. Ou ainda, uma gradativa ruptura visto que o povo islâmico
de desprende da realidade passada de não conhecer um mercado financeiro e
gradativamente cria o seu baseado em numa nova ideologia.

3.2 OBJETIVOS, TENSÕES E A DUALIDADE LEGAL DO ISLAMIC BANKING

Como vimos no capítulo 1 e 2 que o objetivo do sistema financeiro do Islamic


Banking é similar ao convencional, e o que tem de diferente são os mecanismos de
funcionamento.

Logo, observou-se primeiramente que as estruturas de crédito realmente buscam


uma diferenciação conforme: “o que é feito em realidade é uma adaptação aos produtos
para tornar ‘islâmicas as operações’ [...]” (COSTA, 2016, p. 237), pois partem da
ideologia de divisão de lucros e prejuízos (PLS). Ou seja, quando uma instituição cede o
crédito, sob a ótica da operação comercial a instituição financeira se responsabiliza em
todos os riscos, até a real cessão da commodity, ou maquina a empresa interessada. E após
a exploração da atividade econômica licita, obtendo-se lucro este é dividido com a banca
islâmica, e obtendo-se prejuízo este será dividido também.

Desta forma, concentrando-se nos prejuízos, o banco pode ter prejuízos realmente
aumentados em relação ao um banco tradicional, visto que o prejuízo no sistema
tradicional pode ser o repagamento do crédito, entretanto na banca islâmica é o
repagamento e os prejuízos inerentes a operação comercial derivada deste.

37
Além da divisão dos prejuízos, outro risco envolvido é a assimetria de informação
contida no mecanismo da PLS. Segundo os autores Chong e Liu (2005), a assimetria de
informação vem da Instituição Financeira não deter informações verdadeiras sobre os
lucros oriundos da operação. Este problema, de forma sintética, é causado por uma
deslealdade e mudança de mentalidade do indivíduo islâmico, em não dividir as receitas
após a coparticipação da banca islâmica.

Contudo, mesmo com que haja prejuízos, observou-se por meio dos spreads que
o Islamic Banking está lucrando tão quanto o mercado financeiro tradicional, e
aumentando seu capital de forma gradativa e considerável.

Conforme visto no capítulo 2, os spreads dos países que atuam com Islamic
Banking, são bem similares ao dos países ocidentais, como por exemplo: no caso da
Malásia e Egito tiveram oscilações parecidas com o dos países ocidentais no período de
2004 a 201425. Além disso segundo Foster (2016), a taxa de juro sobre os depósitos do
sistema islâmico chega a ser competitiva com o mercado convencional.

Assim também, como as taxas de juros dos empréstimos, tiveram comportamento


bem similar ao sistema financeiro ocidental, que reduziram suas taxas para não inibir a
oferta de crédito frente a crise de 2008. E, comparando a médias de redução da taxa de
juros dos dois grupos dos países objeto de estudo tem-se o grupo dos países ocidentais e
os países islâmicos com cerca de 28% e 22% respectivamente. Ou seja, apesar de taxas
com pequenas variações, observa-se o mesmo comportamento.

Logo, viu-se que o povo islâmico vive sob uma ideologia que proíbe a cobrança
de juros e especulação, entretanto sugere-se que este lucra de forma bem similar ao
mercado tradicional por meio de análise dos spreads. Também pode-se propor que os
comportamentos das oscilações das taxas de juros acompanham as especulações do
mercado exterior.

Retomando as considerações acerca do princípio da riba, observou-se que a


proibição dos juros, vem dos pressupostos da remuneração oriunda de uma transação, não
ter retorno justo. Para isto, este mercado cria o mecanismo da PLS, que por meio de sua

25
Conforme dados na Tabela 4, pág. 17:
Países Ocidentais (Austrália e Canadá) em 2004 e 2014 respectivamente: 8,2% ; 5,5%
Países Islâmicos (Egito e Malásia) em 2004 e 2014 respectivamente: 8,7% ; 6,3%
∆ Spread Países Islâmicos (2004-2014): -27,59%
∆ Spread Países Ocidentais (2004-2014): -32,93%

38
análise simplificada busca igualar, ou proporcionar a divisão considerada justa dos lucros
inerentes de uma operação financeira.

Ou seja, se este princípio da riba está sendo respeitado ou não, a resposta não é
uma análise simples em virtude dos altos lucros ou spread, mas sim do ponto de vista do
indivíduo mulçumano demandante por crédito. E a partir disto, sugere-se uma análise
exaustiva, no qual desfecho predomina o ponto de vista do observador.

No mercado financeiro convencional, o leasing é remunerado por meio de aluguel.


Da mesma forma, a operação Ijara, é remunerada, desta forma, podemos caracterizar
ambos como uma hipoteca. Logo, segundo Foster (2016), não há diferença propriamente
dita, mas somente de nomenclatura.

Retomando a hipótese que sugerimos no primeiro capítulo: o mercado financeiro,


atua sob disfarces quando este é tratado como sistema financeiro sem fins lucrativos.
Porque tal definição de ser “sem fins lucrativos” não se resume a operações a “juros zero”,
pois, conforme visto não há juros, mas há o mecanismo de PLS. Logo, pode-se inferir que
a definição: “sem fins lucrativos” não é a mais adequada, visto que a banca islâmica lucra
por meio do mecanismo do PLS.

Ademais, a banca islâmica atua de forma correta para os usuários islâmicos do


sistema, já para alguns islâmicos mais fundamentalistas, não. E, para alguns autores e
críticos em virtude da similaridade de objetivos conquistados pelo Islamic Banking em
relação ao mercado financeiro convencional, este atua contrários aos princípios religiosos
e culturais, mesmo com o funcionamento e operações tão diferenciadas.

Ainda tratando sobre as tensões do Islamic Banking, segundo Foster (2016), ele
explicita em entrevista à BBC Londres, o quanto Islâmico é o Islamic Banking, e segundo
seu relato 85% dos títulos denominados Sukuk26, não são islâmicos. Além disso, em sua
análise, Foster (2016) trata o Islamic Banking como similar ao mercado convencional, se
não considerado o mesmo, pois há uma gama de produtos iguais ao do mercado
convencional.

Foster (2016) em sua dissertação trata que existem alguns problemas jamais
mensurados como: produtos reprovados pelo comitê da Sharia de algumas instituições

26
Títulos, Papéis lastreados a contratos aceitos pela Sharia.

39
financeiras islâmicas, que por meio de propina, para auditores, passam a ser aprovados
para a comercialização.

Durante a dissertação foi relatado a existência de uma dualidade legal existente na


maioria dos países do oriente médio, proporcionada pela interpretação da Sharia, e pela
laicidade do Estado. Entretanto, o que se observa segundo Costa (2016), é que o sistema
religioso islâmico em virtude de sua complexidade e amplitude, influencia e regula a
forma de vida social, política e econômica, não permitindo um Estado dual.

Ou seja, além do sistema religioso islâmico ser “completo” segundo a análise de


Costa (2016), este deve ser estabelecido por meio de instituições legais, conforme citação:
“[...] o Islã é um tipo de religião que cobre todos os aspectos da vida e precisa então achar
uma forma de ser praticada isso através da lei. [...]” (COSTA, 2016, p. 231).

Desta forma, o que se observou e ainda se observa em outras nações do Oriente


Médio, é um gradativo levante social, 27 que proporcionaram mudança legais, visto que
no Egito tinha um sistema legislativo unicamente religioso, e atualmente um dual.

Todavia, quando há uma convergência para uma dualidade legal, nos países
islâmicos, o que está sendo proposto é uma neutralidade ou laicidade, que gradativamente
ganha força. Ou seja, o Estado na tentativa de assegurar e proporcionar o pluralismo
religioso, e o multiculturalismo, originados das relações internacionais, tenta manter-se
neutro28 e garantir a existência da dualidade legal para a população.

Por mais que seja proposto um novo estilo de mercado financeiro, “Banco é
Banco” segundo (FOSTER, 2016, p. 4), há interesses e lucros, seja pela nomenclatura de
aluguel29 ou lucros divididos (PLS), ou até mesmo juros. Em síntese, Foster (2016)
elucida que indústria do Islamic Banking, busca envolver o público, com produtos
diferenciados, visto que só tem 40 anos de idade e está competindo com um mercado
financeiro convencional de mais de 800 anos.

27
Por exemplo: como ocorrido na Primavera Árabe em 2011, que foram diversas manifestações que
ocorreram sob plano de fundo das redes sociais, que são mecanismos e instituições modernas de
comunicação dos países ocidentais, que adentraram nas vidas dos mulçumanos.
28
A tentativa de neutralidade e esquivar-se de conflitos, se dá por meio da obediência do princípio religioso
islâmico.
29
Remuneração do crédito, pela operação Ijara, conhecido como leasing no mercado financeiro
convencional.

40
Desta forma percebe-se que a globalização adentrou a sociedade islâmica, criando
um novo mercado, denominado Islamic Banking. Este se organiza segundo aos princípios
culturais e religiosos deste povo, mas o que se percebe é que a cultura islâmica foi
gradativamente influenciada pelo ocidente. Com isso o Islamic Banking passa a convergir
para um funcionamento próximo aos bancos convencionais, e constitui-se sob uma
dualidade legal para os Estados desta região.

41
CONCLUSÃO

O objetivo desta monografia foi realizar um estudo, ainda que breve, sobre o
funcionamento de mercado financeiro islâmico, e suas tensões. Tomando como análise,
dados dos países ocidentais: Austrália, Canadá e Estados Unidos, comparados com países
islâmicos: Egito, Malásia e Qatar, no período de 2004 a 2014, afim de interpretar dados
financeiros e o comportamento de variáveis como: taxa de juros, spread, quantidade de
tomadores de empréstimos, quantidade de unidades bancárias, entre outros.

Para isto, tratamos de explicar no capítulo 1, como o povo islâmico vê o dinheiro,


assim como, resumir a história de como surgiu a religião islâmica, e a banca islâmica.
Explicando a PLS (Profit and Loss Sharing), que é principal mecanismo de
funcionamento do Islamic Banking, e as principais e mais usuais operações de crédito.
Apresentamos as principais tensões que envolvem o Islamic Banking, e os indivíduos que
usam o mercado, fazendo uma análise comparativa do por meio de construção social e
filosófica do indivíduo ocidental (capitalista) e o indivíduo islâmico.

No capítulo 2, foram apresentados dados a fim de observar o comportamento das


variáveis financeiras, e compara-las posteriormente, as tensões deste mercado.
Finalmente no capítulo 3 foi tratado, o papel da globalização sobre o Islamic Banking, e
analisado os dados e os reais objetivos da banca islâmica, destacando as contradições
encontradas e verificadas por autores, que tratam sobre o tema. Além disso, apurou-se
que a hipótese proposta, é condizente com os dados analisados. Logo, o fenômeno da
globalização, as expansões do mercado financeiro, como outras instituições sociais,
propõem relativamente à dualidade legal nos Países Islâmicos.

Não era objetivo desta monografia chegar a conclusões definitivas sobre o


mercado financeiro islâmico ou dos assuntos que tratam do islamismo, mas tratar de um
assunto pouco explorado na academia brasileira. Além disso, buscar entender o papel
influenciador do mercado financeiro sobre a cultura-religião ou vice-versa.

A partir deste trabalho, pode-se sugerir que o mercado financeiro islâmico


funciona de forma semelhante ao mercado financeiro convencional, com objetivos
relatados por diversos autores como similares. Portanto, o capitalismo por uma
“imposição” gradativamente desrespeita os princípios religiosos e culturais e acabam por
transformar uma realidade existente.

42
De qualquer forma, entende-se que esta monografia pode servir tanto como ponto
de partida para futuras pesquisas relacionadas ao tema, quanto como uma resenha que
aponta para um tema pouco abordado, e de grande relevância, para entender a influência
do capitalismo, globalização sobre uma religião e cultura, e os movimentos políticos
internacionais que o compõe.

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