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Índice

MÓDULO 1 .............................................................................................................. 3
2. O Modelo Romano ....................................................................................... 3
ROMA IMPERIAL ....................................................................................................... 3

Módulo 5 .................................................................................................................. 7
2.A Sociedade Industrial e Burguesa ....................................................... 7
Revolução das Colónias Inglesas na América do Norte ............................................ 7
Revolução Francesa .................................................................................................. 7

4.Liberalismo em Portugal .......................................................................... 11


Módulo 6 ................................................................................................................ 15
2.A sociedade Industrial e burguesa ..................................................... 15
Revolução Industrial ............................................................................................... 15

Módulo 7 ................................................................................................................ 19
1.Transformações das primeiras décadas do século XX ............. 19
Sociedade das Nações ............................................................................................ 20
A difícil recuperação da Europa e a dependência dos EUA .................................... 20
Revolução Russa ..................................................................................................... 21
A regressão do demoliberalismo ............................................................................ 23
Mutações nos comportamentos e na cultura ........................................................ 23
As vanguardas: ruturas com os cânones das artes e da literatura ........................ 25
Tendências culturais em Portugal no 1º pós-guerra .............................................. 25

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2.Agudizar das tensões políticas e sociais nos anos 30 27
A Grande Depressão e o seu impacto social .......................................................... 27
Fascismo e Nazismo ................................................................................................ 28
Estalinismo .............................................................................................................. 29
A resistência das democracias liberais ................................................................... 30
A dimensão social e política da cultura .................................................................. 31
Portugal no 1º pós guerra: dificuldade económicas e instabilidade politica ......... 33
Da ditadura militar ao Estado Novo ....................................................................... 34
Estado Novo ............................................................................................................ 34

3.A degradação do ambiente internacional ...................................... 37


Compreender a Irradiação do fascismo no mundo ................................................ 37
A inoperância da SDN ............................................................................................. 37
2ª Guerra Mundial .................................................................................................. 38

Módulo 8 ................................................................................................................ 39
1.Nascimento e afirmação de um novo quadro geopolítico .... 39
A Reconstrução do pós-guerra ............................................................................... 39
Organização das Nações Unidas ............................................................................. 40
Descolinização do pós-guerra e o terceiro mundo ................................................ 41
A Guerra Fria........................................................................................................... 42
A política económica e social das democracias ocidentais .................................... 43
Prosperidade Económica ........................................................................................ 44
Bloqueios Económicos ............................................................................................ 44
O rápido crescimento do Japão e o afastamento da China ................................... 45
A ascensão da CEE .................................................................................................. 46
O termo da prosperidade económica: origens e efeitos........................................ 46

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MÓDULO 1
2. O Modelo Romano
Roma foi fundada em 753 a.c e beneficiava de uma localização geográfica privilegiada
constituindo um local de passagem das rotas comerciais do Mediterrâneo.

A República, proclamada em 510 a.c, instituiu um governo de representação popular


formado por delegados (reunidos em assembleias) eleitos pelo povo. A admnistração
da cidade e restante território era assegurada pelo Senado que exercia o poder
legislativo, pelos magistrados (com autoridade administrativa, judicial e política) e pelo
exército. Apenas os cidadãos ricos (patrícios) é que constituíam um lugar no Senado.
Na base da pirâmide social encontravam-se os escravos, sem quaisquer direitos.

ROMA IMPERIAL
Roma lançou-se numa política de expansão que conduziu ao domínio da Ásia Menor,
da Grécia, do Egipto, Península Ibérica, etc., constituindo um dos maiores impérios. A
adoção do regime imperial pôs fim a quase um século de instabilidade político-social.
Augusto, primeiro imperador, impôs um regime monárquico e autocrático, baseado na
força do exercito e na ideia de um único Estado, governado por um só homem.

O governo de Augusto corresponde à época de ouro da civilização romana –século de


Augusto:

 No plano militar: restabeleceu a ordem, conquistou novas províncias e


pacificou outras (pax romana);

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 No plano político: reforçou o aparelho administrativo, reforçou os poderes
imperiais e reduziu os poderes do Senado;
 No plano social: promoveu a paz e a coesão social;
 No plano cultural: atraiu sábios e artistas (mecenato) e promoveu inúmeras
obras públicas;
 No plano religioso: restabeleceu a religião tradicional ligando-a ao culto do
imperador.

O culto imperial foi associado ao culto da deusa Roma que representava a cidade e o
povo romano. As necessidades colocadas na eficaz administração do seu vasto Império
conduziram os Romanos ao desenvolvimento do direito, inicialmente não existiam leis
escritas e o procedimento jurídico baseava-se nos costumes. Foram então criadas a Lei
das XII Tábuas (as leis foram passadas a escrito). Pela ação dos magistrados, Senado e
imperados, novas leis foram surgindo, estas eram reunidas em compilações. Esta
imensa obra diretiva foi um importante fator de pacificação e união dos povos do
império.

No tempo de Augusto a sociedade romana estava organizada consoante a riqueza do


homem. A Cidadania passou a ser concedida a todos os cidadãos do império, pelo
imperador Caracala (que antes era só para os de Roma), este estatuto trazia vários
direitos (matrimónio, possuir terras, votar, etc.) e deveres (servir no exército e pagar
impostos). Ficava assim estabelecida a igualdade entre os povos conquistados e o povo
conquistador.

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Os romanos apresentavam desde sempre um estilo pragmático (prático, realista, útil),
enquanto que para os Gregos as coisas tinham de ser belas. Este pragmatismo fez do
povo romano um povo aberto, capaz de aproveitar a cultura dos povos que
submeteram. Eram bastante influenciados pelos gregos (cultura helenística),
reconhecendo a sua originalidade.

As cidades do império nasceram a partir de acampamentos militares, apresentando


uma malha ortogonal da qual sobressaíam as vias principais que se cruzavam
perpendicularmente (cardo e decúmano), no centro encontrava-se o fórum
(constituídos por centros políticos, religiosos e económicos das cidades romanas. Era
onde se reunia o Senado, o tribunal e os templos mais importantes) era constituído
por bibliotecas, mercados públicos, termas, anfiteatros, etc. As casas de habitação
apresentavam duas tipologias: a domus (casa particular onde moravam os mais ricos) e
a insula (prédio de aluguer). Por todo o império, as cidades romanas partilhavam um
padrão urbanístico comum.

A arquitetura romana era pragmática e funcional, era influenciada pelos modelos


helenísticos, no entanto, ao contrário dos gregos que procuravam a perfeição, estes
procuravam a solidez, a utilidade, a realidade (rejeitando a perfeição), mas também a
grandeza, a força e o poder.

Na escultura, o retrato aparece sob a forma de busto, apresentando grande realismo


(como na arquitetura) apresentando até os “defeitos”. Procuravam assim evidenciar a
honra e a glória. No entanto, Augusto era retratado com mais perfeição, para
apresentar um lado divino, de modo a ser admirado e respeitado. Com a decadência
do império a escultura apresentava-se mais simplificada.

Com Augusto no poder, o império romano viveu uma época de grande brilho cultural.
O imperador e o Mecenas reuniram os melhores artistas para enaltecerem Roma e o
seu imperador, em troca de apoio imperial. As vitórias dos romanos, associadas à

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construção do seu império, constituíram um forte incentivo ao desenvolvimento da
história. Marcada por um forte pragmatismo, procurou justificar o domínio de Roma e
pôr em evidência a sua ação civilizadora. O império romano compreendeu que o
ensino constituía um poderoso meio de unificação cultural do império.

A presença romana na Península Ibérica foi dificultada pelos Lusitanos, só Augusto é


que a tornou pacificada (consequência da pax romana a todo o império). A Hispânia
encontrava-se completamente dominada por Roma, tinha a mesma língua oficial
(latim), os mesmos padrões e as mesmas leis (direito romano). Urbanismo em
Portugal:

 Cidades romanas (Conímbriga);


 Arquitetura Religiosa (templos de Évora);
 Arquitetura Pública (termas e anfiteatros);
 Arquitetura Privada (insulae ou domus);
 Obras de Engenharia (estradas e pontes);
 Escultura;
 Mosaicos.

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Módulo 5
2.A Sociedade Industrial e Burguesa
O período de 1715-1815 foi marcado por profundas transformações económicas,
sociais, políticas e culturais, responsáveis pelo Antigo Regime e o avento da Idade
Contemporânea. Estas transformações são resultantes das revoluções agrícolas e
industrial, sendo acompanhadas por um grande desenvolvimento científico-técnico.
Este desenvolvimento facilitou a ascensão social e política da burguesia, que
desenvolveu um modo de vida requintado e confortável.

O pensamento iluminista, dominante neste século, considerava que a ciência e todo o


conhecimento racional eram os principais motores do progresso. Só pela educação era
possível reformar a sociedade. Este pensamento (indo contra as injustiças sociais,
como o absolutismo tirânico e a intolerância religiosa) defendia um mundo baseado no
progresso técnico e científico, na moralização dos costumes, no liberalismo político e
na educação do povo e levou ao fim o Antigo Regime e à implantação dos regimes
liberais –Revolução Parlamentar em Inglaterra (1688); Revolução Americana (1776);
Revolução Francesa (1789); revoluções liberais na Europa e América (séc.XIX).

Revolução das Colónias Inglesas na América do Norte


Desde a vitória da Inglaterra na Guerra dos 7 anos (1756-1763) as 13 colónias da
América do Norte foram sujeitas, pelo rei Jorge III e pelo Parlamento Britânico (onde
nem sequer estavam representadas) as medidas que lhes impediam a liberdade de
comércio e as sobrecarregavam com impostos e taxas alfandegárias. O estado de
tensão foi-se agravando, um clima de revolta e insurreição armada dos colonos contra
o que consideravam ser um atentado aos seus direitos. No dia 4 de julho de 1776 (2º
Congresso de Filadélfia), estas 13 colónias, aprovaram a Declaração de Independência
que consagrava os ideais iluministas da liberdade, da igualdade e da felicidade, da
soberania do povo e do contrato social. Até 1783, viveu-se uma guerra pela
Independência, entre os revoltosos e a ajuda militar francesa e o exercito britânico,
levando à independência dos EUA. Na Constituição de 1787 consagrou a prática do
principio iluminista da divisão de poderes e da constituição de uma república federal
(República dos Estados Unidos da América).

Revolução Francesa
Nos reinados dos sucessores de Luís XIV (Luís XV e Luís XVI), a França viu a sua situação
política e económica a deteriorar-se após o seu envolvimento nas sucessivas guerras,
que agravavam as finanças e obrigavam o lançamento de novos impostos, o que
gerava um clima de insatisfação. Este clima levou à tomada da Bastilha (prisão estatal,
símbolo do poder absolutista) no dia 14 de julho de 1789, este episódio marca o início
da Revolução Francesa, revolução que levaria à abolição dos privilégios feudais e à

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Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (onde consagravam os valores
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”).

Depois de um período de grande agitação política e social, chegou ao poder Napoleão


Bonaparte que iniciou uma política expansionista militar por toda a Europa. Em 1815,
Napoleão foi definitivamente derrotado por uma coligação (Inglaterra, Áustria, Rússia
e Prússia).

O rei Luís XVI encarrega o ministro Turgot de remediar a crise, este propõe estender os
impostos aos grupos privilegiados (clero e nobreza) que se opõem levando à demissão
so ministro. Os próximos ministros voltam a insistir nesta solução, mas sem sucesso.
Aumentam assim as tensões sociais e intensifica-se a reação aristocrática através da
Assembleia dos Notáveis. A nobreza procura recuperar o seu estatuto e direitos
perdidos durante o absolutismo, responsabilizando o rei e o governo pela crise. O rei
convoca então os Estados Gerais a 5 de maio de 1789, nisto o povo exige “cada cabeça
um voto”, impondo assim um voto por cada estado. Em junho desse ano, o terceiro
estado representado por burgueses decide que pode deliberar sozinho e constitui-se
como Assembleia Nacional Constituinte, tendo a maioria do clero e nobreza aderido a
esta, Luís XVI acaba por aceitá-la.

A fonte de poder legítimo passa a ser da Nação soberana, através desta Assembleia
(nova autoridade política da qual o rei dependia –fim da monarquia absoluta). Em 14
de julho de 1789 dá-se então a tomada da Bastilha, que marca uma nova etapa na
revolução, mostrando a revolta do povo pariense contra o preço do pão e a favor da
nova assembleia. Sob a representação de burgueses, o terceiro estado, mais tarde irá
se constituir como uma milícia armada (Guarda Nacional). No início de Agosto, França
é varrida por uma revolução camponesa: pressionados pela fome, más colheitas,
lutaram pela emancipação completa da terra e pela libertação individual das
imposições feudais. Este movimento, conhecido por Grande Medo, levou os nobres a
aceitar a supressão dos direitos e privilégios feudais.

 A Assembleia Nacional Constituinte instituiu uma nova organização


administrativa mais descentralizada servida por órgãos eleitos e funcionários
pagos pelo Estado, encarregues de aplicar leis, superintender o ensino, na
salubridade, nas obras públicas, no policiamento, na cobrança de impostos e no
exercício da justiça.
 Foi estabelecida uma nova fiscalidade (impostos diretos sobre receitas e
rendimentos, aplicados a todos os grupos sociais).
 Na organização económica eliminaram-se as alfândegas internas e os
monopólios, uniformando-se o sistema de pesos e medidas.
 Na agricultura, assegurou-se a liberdade de cultivo e de emparcelamento e
mantiveram-se os baldios.

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 Na indústria aboliram-se as corporações e declarou-se a liberdade da empresa
–liberdade económica.
 Aos cidadãos passivos a lei reconhecia os direitos naturais e civis: liberdade,
igualdade, segurança, resistência à opressão, propriedade, liberdade de
expressão, de crença, de reunião e de deslocação.
 As mulheres continuavam afastadas da cidadania.
 À Assembleia Legislativa competia o poder legislativos (a Constituição
reconhecida ao rei o direito de veto que permitia suspender as leis durante 2
anos).
 O rei detinha o poder executivo (assuntos como declaração de guerra e a
assinatura de paz estavam dependentes da concordância da Assembleia
Legislativa) –monarquia constitucional.
 O poder judicial era exercido por juízes eleitos e independentes (foi criado um
Tribunal Superior para julgar os delitos de ministros, deputados e
governadores).

Em 1791 o rei tenta fugir de Paris e solicita auxílio do imperador da Áustria, devido ao
medo que sentia pelas recoltas camponesas. Perante a ameaça de uma invasão de
tropas estrangeiras com o objetivo de impor o poder absoluto de Luís XVI, a
Assembleia Legislativa decretou a “pátria em perigo” e milícias de todo o país vieram
socorrer Paris para salvar a revolução. A 10 de agosto do ano seguinte, uma multidão
assenta o palácio das Tulherias e a Assembleia suspendeu o rei das suas funções
executivas inviabilizando o funcionamento da monarquia constitucional. A 22 de
setembro, após uma vitória dos federados, a Convenção (novo nome da Assembleia
Legislativa) proclama a República.

A Convenção assume o governo do país. Os seus deputados (repúblicos e burgueses),


dividiam-se em três grupos: os Girondinos –mais moderados; os Montanheses –mais
radicais; os Planície –no meio dos dois. Desde a supressão do rei e da proclamação da
República, o rumo da revolução foi determinado pela ação dos Sans-Culottes
(rendimentos modestos, que reivindicava a igualdade política e económica e a
democracia direta). Por supressão destes, a fação dos Girondinos foi afastada da
Convenção, sendo aprovada uma nova Constituição. Com o agravamento político-
social, no plano inteiro, mais a pressão exercida por uma coligação de países europeus
adeptos do absolutismo, a fação Montanhesa suspendeu a Constituição e decretou um
governo revolucionário, fortemente centralizado, ditatorial e repressivo.

Principais medidas do governo da Convenção:

 Interesse do Estado republicano acima dos interesses privados, sacrificando


liberdades individuais devido à igualdade social, da independência da Nação e
da salvação da República;

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 Impor a mobilização geral, incorporando no exercito os homens solteiros dos
18 aos 25 anos;
 Eliminar a livre concorrência, fixando salários e preços (lei do máximo);
 Nacionalizar os bens emigrados;
 Tornar a instrução gratuita e obrigatória;
 Aprovar legislação sobre assistência médica, abonos de família, pensões e
velhice (Decretos de Ventoso);
 Abolir a escravatura nas colónias (fevereiro de 1794).
 Promover uma política de descristianização;
 Medidas judiciárias que conduziam à violência.

Este período do governo da Convenção (1792-1794) ficou conhecido por um período


de terror, tendo por base a aliança entre os montanheses e os sans-culottes,
correspondeu à fase mais radical da revolução francesa.

Em 1795 deu-se a aprovação de um nova Constituição (Constituição do Ano III) dando


inicio a uma nova fase da Revolução Francesa, o Diretório, com o objetivo de
estabelecer a ordem, subordinada aos interesses da burguesia:

 Institui-se a igualdade perante a lei, de defesa da propriedade e da liberdade


económica;
 Restabelece-se o sufrágio censitário indireto;
 Dividem o poder legislativo em dois;
 O poder executivo é entregue ao Diretório.

No entanto, o golpe do 18 do Brumário, por Napoleão Bonaparte, pôs fim ao Diretório.


E o poder executivo foi entregue ao Consulado (Bonaparte), concentrando o poder nas
suas mãos, procurou estabilizar a revolução e as conquistas burguesas, conseguir a
recuperação financeira, etc.

Apara defenderem a sua revolução, os franceses envolveram-se em guerras contra os


estados absolutistas da Europa (apoiadas pela Inglaterra). E em finais de 1811, a
França dominava a Europa, apresentando-se como libertadora da opressão absolutista.
DE 1812 e 1815, Napoleão abdicou devida às derrotas e o Congresso de Viena
procurou restaurar a monarquia, impedindo ambições revolucionárias e redesenhar o
mapa político da Europa de acordo com as pretensões imperialistas dos estados
absolutistas vencedores.

Entre 1820 e 1824, eclodiram várias revoluções liberais no sul da Europa. Nos casos de
Espanha e Portugal estiveram na origem da libertação das colónias americanas. Entre
1829 e 1839, ocorreu uma 2ª vaga de revoluções atingindo a França, Espanha e
Portugal (guerras civis entre liberais e absolutistas). Em 1848, sob o efeito de uma

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depressão agrícola e industrial, a Europa passa por várias revoluções liberais e
nacionalistas em França e noutros países. No entanto, fracassaram.

4.Liberalismo em Portugal
No início do século XIX, Portugal era um país dominado pelo absolutismo e pelo Antigo
Regime. Nos principais centros urbanos, fazia-se sentir a vontade de mudança pela
burguesia, influenciados pelos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Em 1806,
Napoleão Bonaparte decretou contra a Inglaterra o bloqueio continental (nenhuma
nação europeia deveria comerciar com a Inglaterra). Portugal fiel à Inglaterra, não se
mostrou disposto a cumprir esse bloqueio, o que levou a três invasões francesas que
tiveram como consequências:

 O embarque da família real para o Brasil;


 A devastação e destruição do país;
 O domínio político e económico exercido, a partir daí, pela Inglaterra.

Portugal viveu entre a colónia brasileira e os Ingleses, D.João VI estava no Brasil


(elevado a reino em 1815) e Marechal Beresford (comandante chefe das tropas
portuguesas) exercia poderes políticos que se sobrepunham aos da Regência,
mantendo o país sujeito a uma violenta ação repressiva. Este período ficou
caracterizado por um agravamento da situação económica e financeira, crise na
agricultura e comércio, efeitos nefastos na abertura dos portos brasileiros ao comércio
internacional e da assinatura do Tratado de Comércio com a Inglaterra.

Instalou-se um clima de agitação revolucionário com a constituição do Sinédrio do


Porto, e a situação radicalizou-se com a revolução liberal ocorrida em Espanha e com o
embarque de Beresford para o Brasil.

A revolução liberal portuguesa teve então lugar no Porto, dia 24 de agosto de 1820,
com o apoio de militares, comerciantes, magistrados, etc. Destacaram-se como
dirigentes os militares António da Silveira, Sepúlveda e Cabreira, os burgueses José
Ferreira Borges e Manuel Fernandes Tomás a quem coube a redação do Manifesto aos
Portugueses onde eram apresentados os objetivos do movimento. O governo do país
foi entregue à Junta Provisional do Supremo Governo do Reino que teve por principal
tarefa a organização de eleição para as Cortes Gerais Extraordinárias Constituintes.

A Constituição promulgada por D.João VI baseou-se nas constituições francesas:

 Reconhece os direitos e deveres do indivíduo, garantindo a liberdade,


segurança, a propriedade e a igualdade perante a lei;
 Afirma a soberania da Nação;
 Concede o direito de voto aos homens, maiores de 25 anos, que soubessem ler
e escrever;

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 Aceita a independência dos poderes legislativo, executivo e judicial;
 Não reconhece privilégios à nobreza ou ao clero;
 Submete o poder executivo as Cortes Legislativas.

Embora as Cortes Gerais Extraordinárias Constituintes tivessem como principal missão


a elaboração de uma Constituição e a instauração de um governo parlamentar a partir
de várias medidas:

 Extinção da Inquisição e da censura prévia;


 Instituição da liberdade de imprensa e da liberdade de ensino;
 Fundação do 1º banco português;
 Transformação dos bens da Coroa em bens nacionais;
 Suspensão dos noviciados nas ordens regulares e o encerramento de
numerosos mosteiros e conventos;
 Supressão do pagamento da dízima à Igreja;
 Eliminação das justiças privadas bom como dos privilégios judiciais quando a
assuntos criminais e civis;
 Reforma dos forais, libertando os camponeses dos vínculos de cariz senhorial;
 Supressão dos direitos banais e tributos pessoais (monopólio de fornos e
lagares, relego, aposentaria, coudelarias, pastagens e jeiras).

No domínio da situação socioeconómica a legislação revelou-se precária, pois protegia


os interesses dos proprietários rurais, mantendo os monopólios e afastando a
concorrência. Brasil era considerado a sede da monarquia portuguesa e apresentava-
se como uma prospera colónia. Na sequência da revolução liberal de 1820, as Cortes
Constituintes adotaram uma política antibrasileira que levou à próxima proclamação
da independência do Brasil em 1822. A sua independência foi um rude golpe para
Portugal, pondo em causa os seus interesses comerciais, industriais e comprometendo
a recuperação financeira do país.

A revolução liberal enfrentou um clima desfavorável pois as grandes potências


procuravam conter as ideias de liberdade e igualdade dos povos. A nobreza e o clero
mais conservadores, descontentes com o radicalismo da Constituição de 1822 e
prejudicados pela abolição de poderes, fizeram uma contrarrevolução absolutista, com
o apoio da rainha D. Carlota Joaquina e do seu filho mais novo D. Miguel. A primeira
reação surgiu em 1823 com a Vila-Francada que se saldou por uma remodelação
governamental a favor dos liberais mais moderados e a promessa de alteração da
Constituição. Em abril de 1824, D. Miguel tenta de novo, sem êxito, prendendo os
membros do governo e procurando que o rei abdicasse e confiasse a regência a D.
Carlota Joaquina. Com a morte de D. João VI agravaram-se as tensões políticas
resultantes das tentativas de resolução do problema da sucessão ao trono. D. Pedro
considerado o legítimo herdeiro abdica dos seus direitos à coroa para a sua filha D.

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Maria da Glória, que se deveria casar com o seu tio D. Miguel que assumiria a regência
depois de jurar cumprir a Carta Constitucional. Esta carta outorgada pelos governante
e não aprovada pelo representantes do povo, consagra a recuperação do poder real e
dos privilégios da nobreza:

 Cortes compostas por 2 câmaras- Câmara dos deputados eleita por sufrágio
indireto; Câmara dos Pares integrando a alta nobreza, o alto clero e membros
da família real;
 O rei detinha o poder moderador- Nomear os pares; Convocar as cortes;
Dissolver a Câmara dos Deputados; Nomear e demitir o governo; Suspender os
magistrados; Vetar a título definitivo as resoluções das Cortes; Conceder
amnistias e perdões.

D. Miguel fez-se proclamar rei absoluto, por umas Cortes convocadas à maneira
tradicional. Sob as suas ordens, perseguiram os apoiantes ao liberalismo e eles viram-
se forçados a fugir para França e Inglaterra. Estes apoiantes foram ajudados por D.
Pedro, que assumiu a Regência liberal. Viveu-se assim uma guerra civil (o cerco do
Porto), esta prolongou-se por mais 2 anos, saindo derrotadas as tropas de D. Miguel,
este assinou a Convenção de Évora Monte e partiu para o exílio, instalando-se
definitivamente o liberalismo constitucional em Portugal.

Desde que assumiu a regência, D. Pedro IV procedeu a importantes reformas


económicas e sociais, administrativas, judiciais e fiscais, dentro da Carta Constitucional
de 1826. Principais reformas:

 Abolição dos morgadios, forais e dízimos e extinção dos bens da Coroa;


 Libertação do comércio e eliminação das situações de privilégio na organização
das atividades económicas;
 Nova organização administrativa;
 Reformas judiciais;
 Reforma das finanças públicas;
 No plano religioso foram tomadas medidas tendentes à eliminação do clero
regular;
 Nacionalização dos bens constituídos pelas propriedades da Coroa.

A revolução de setembro, conduzida pela burguesia, reagiu contra a miséria em que o


país se encontrava na sequência da guerra civil. A rainha D. Maria II acabou por
entregar o poder aos revoltosos, apoiada pela Guarda Nacional e pelo exercito, que
propunham o regresso da Constituição de 1822 em vez da Carta Constitucional (1926).
Este novo governo mostrou-se mais democrático, valorizando a soberania da Nação.
Elaborou-se então uma nova Constituição (1938) que funcionou como um
compromisso entre a monarquia da Carta de 1826 e o radicalismo democrático da
Constituição de 1822. O rei perdeu o poder moderador e a Câmara dos Pares

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transformou-se na Câmara dos Senadores, eleitos por cidadãos. No plano económico
favoreceu-se o desenvolvimento da pequena e média burguesias que procuravam
libertar-se da tutela da Inglaterra. Promoveu-se o arranque da industrialização e a
exploração colonial em África. Para promover a instrução, deu-se uma reforma no
ensino. A política económica setembrista não atingiu o êxito pretendido, pois os
pequenos agricultores não foram protegidos e os grandes foram penalizados com
impostos.

Posto isto, um golpe de estado pacífico, liderado por António Bernardo da Costa Cabral
pôs fim à Constituição de 1838. A nova governação, conhecida por cabralismo, seguiu
os princípios da Carta Constitucional de 1826 e fez regressar ao poder a grande
burguesia. Tendo por principais objetivos:

 Instauração da ordem pública;


 Desenvolvimento económico;
 Fomento industrial, obras públicas;
 Reforma administrativa e fiscal;
 Entre outras.

Estas inovações aliadas ao autoritarismo provocaram inúmeros motins, principalmente


camponeses, mergulhando o país numa guerra civil (1846-1847).

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Módulo 6
2.A sociedade Industrial e burguesa
Entre os finais do século XVIII e o século XIX o mundo ocidental viveu uma onda
avassaladora de revoluções –liberais, industriais, agrícolas, demográficas, dos
transportes, etc.- que atingiu também as “Américas”. Todas estas revoluções
institucionalizaram uma série de mudanças que levaram ao fim do Antigo Regime e à
implantação da Época Contemporânea.

As transformações provocadas pela industrialização fizeram várias alterações no ritmo


de vida, na produção, nas estruturas sociais e nas condições de vida das classes,
fazendo nascer um movimento operário e sindicalismo, levando a várias revoluções
sociais.

Na 1ª metade do séc. XIX foi um tempo de instabilidade e agitação. A 2ª metade foi o


triunfo das democracias liberais e de uma sociedade dominada pela burguesia. As
condições de vida em que vivia o proletariado operário suscitou o aparecimento das
primeiras doutrinas socialistas. As cidades foi o centro do progresso cientifico-técnico,
cultural e económico, com as suas grandes avenidas, parques, teatros, operas, cafés,
tornaram-se assim, centro de lazer e diversão, atraindo intelectuais e artistas.

Estes progressos revolucionaram o conhecimento, melhorando a qualidade e


esperança de vida e dando origem a inúmeras invenções (eletricidade, telemóvel,
automóvel, fotografia, cinema, etc). O fator que mais se revolucionou foi o comboio e
os caminhos-de-ferro para serem utilizados como transporte de passageiros e
mercadorias. A primeira linha férrea inaugurada foi em 1830 em Inglaterra,
constituindo-se como um dos principais agentes de modernização e intercâmbio
económico e cultural em toda a Europa.

Revolução Industrial
A partir dos meados do século XIX:

 Progresso técnico e a concorrência entre empresas desenvolveram novos


mecanismos industriais;
 Papel fundamental dos institutos e universidades que formavam técnicos
especializados com a preparação científica;
 Ligação entre a ciência e a técnica (engenheiros, investimentos na investigação,
dinâmica de progressos cumulativos, novos setores, energia e transportes);
 Importância da indústria química (corantes, inseticidas, fertilizantes e
medicamentos);
 Importância da siderurgia como fornecedora de máquinas, locomotivas,
pontes, transformação do ferro em aço;

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 Novas formas de energia: petróleo e eletricidade.

Os transportes foram um elemento essencial à industrialização: permitiam


movimentar, de forma rápida e barata, matéria-prima, produtos e mão-de-obra. O
comboio foi o meio de transporte com mais impacto económico. O desenvolvimento
dos caminhos de ferro obrigaram à construção de paragens (gares). Nas grandes
cidades, as gares passaram a ser assinaladas por edifícios modernos. As gares
promoviam o desenvolvimento urbano (abertura de novas e largas vias de circulação
que afluíam de e para a gare) e aceleravam o crescimento populacional e o
desenvolvimento económico. Eram pontos de confluência, atraindo a população para
cafés, etc. E locais de cruzamento de notícias, ideias, cultura, tornando-se as “novas
portas” das cidades e os símbolos do progresso e da modernidade deste século.

Embora com uma revolução mais lenta, os navios a vapor (1860) impuseram-se na
navegação intercontinental, dando origem a grandes empresas capitalistas. A estes
progressos juntaram-se grandes obras de engenharia e a invenção do motor de
explosão (20 anos depois) veio revolucionar a invenção dos automóveis, dando origem
a uma nova industria. A aviação registou grande desenvolvimento desde o inicio do
século com a invenção do avião com motor a gasolina e hélice.

A partir da 2ª metade, a Europa e os EUA assintem à constituição de grandes empresas


industriais, associadas à alta finança, que dominam a vida económica, as decisões
políticas (capitalismo industrial) e o trabalho. A concentração das novas empresas, tem
grande capacidade para inovar, resistir às crises e à falência.

Desenvolveram-se dois tipos de concentrações:

 Vertical- integração numa mesma empresa de todas as fases de produção


(matéria-prima à comercialização do produto);
 Horizontal/cartel- associação de empresas com o objetivo de evitar a
concorrência, acordando as quantidades a produzir, os preços e as datas de
colocação.

Esta combinação de ambas as duas formas de concentração levou à constituição de


multinacionais.

Os bancos desempenharam um papel fundamental no novo modelo de crescimento


económico, assegurando a movimentação de dinheiro envolvido na modernização das
industrias e no comercio internacional. O sistema bancário registou um forte
crescimento e ao mesmo tempo uma diminuição do número de instituições
resultantes de um processo de concentração. Para além de operações comerciais e de
crédito, os bancos participavam diretamente no desenvolvimento industrial, pondo
capitais nas empresas (setor siderúrgico e transportes), tornando-se mais acionista.

16
O aumento da concorrência colocou na ordem do dia a preocupação com o aumento
da produção, em quantidade e qualidade, a otimização dos recursos e a redução dos
custos. Foi neste contexto que surgiu o taylorismo, assentava na divisão máxima do
trabalho, dividido em pequenas tarefas elementares e encadeadas. Com a
estandardização uniformizam-se os artigos de forma a produzir em série e a produção
em massa, sendo o trabalho de produção dividido numa série de pequenas tarefas
estandardizadas. Este novo processo foi inicialmente introduzido com grande êxito na
industria automóvel. Estes métodos, no entanto, provocaram a contestação de vários
trabalhadores e das suas organizações (sindicatos), criticavam esta racionalização do
trabalho excessiva que tirava toda a dignidade, transformando o operário num
escravo.

A partir da Inglaterra a industria expandiu-se rapidamente para toda a Europa, os EUA,


a Ásia e o Japão também se tornaram grandes potências industriais. A Inglaterra foi o
berço da revolução industrial, pois possuía uma industria fortemente mecanizada,
abastecendo o mundo de têxteis, artefactos e bens de equipamento. A circulação
interna era assegurada por uma densa rede de caminhos de ferro e transportes
marítimos. Ocupada o 1º lugar no comércio internacional, possuindo a maior frota. A
constante acumulação de capitais explica a supremacia financeira dos britânicos,
fazendo da libra a moeda-padrão usada nas trocas comerciais. No final do século XIX, a
supremacia inglesa é posta em caus pelo seu envelhecimento e desatualizado
industrial e pela concorrência de outras grandes potências industriais.

A partir de 1840, a Alemanha inicia o processo de industrialização, privilegiado pelo


carvão, aço e caminhos de ferro. Posteriormente, arranco os setores da química,
construção naval, eletricidade, sendo um forte concorrente da Grã-Bretanha.

A seguir à Inglaterra, a França vive um processo de industrialização contínuo mas


lento. Só a partir do século XX se regista um maior dinamismo. Nos EUA a
industrialização aproveita os seus recursos naturais, no setor têxtil, siderúrgico,
automóvel, sendo os principais responsáveis pelo seu grande crescimento económico
elevando os EUA a 1ª potência industrial do mundo. O Japão pondo fim ao isolamento,
inicia um processo de modernização (passando de um país agrícola para uma nação
industrial e competitiva), promovendo a entrada de capitais e técnicos para
financiamento de novas indústrias.

De 1850 a 1870, a tendência livre-cambista dominou a Europa. É um sistema que


liberaliza as trocas internacionais, reduzindo ao mínimo a interferência do Estado no
comércio (abolição/redução dos direitos alfandegários, fixação de contingentes de
importação ou exportação e proibições de entrada/saída de produtos).

De acordo com teóricos (Adam Smith e David Ricardo) a liberdade comercial


asseguraria o desenvolvimento e a riqueza de todas as regiões do mundo, na medida

17
em que, face à concorrência, cada um se veria compelida a produzir o que fosse mais
compatível com as suas condições naturais.

O livre-cambismo parecia favorável à criação de riqueza, até que as previsões de


crescimento não foram iguais para todas as nações, os países mais atrasados
deparavam-se com crescentes dificuldades na industria, não conseguindo competir
com as grandes potências. Por sua vez, as grandes potências enfrentavam crises
cíclicas, resultantes do excesso de investimento e de pouca procura (superprodução).
No período de crescimento, quando a procura se sobrepõe à oferta, os preços sobem.
Para retornar isto, ampliam-se as indústrias, recorre-se ao crédito, especula-se na
bolsa. Em consequência, por falta de previsão financeira o excesso de investimento
inverte-se:

 Os stocks acumulam-se nos armazéns (superprodução), fazendo as empresas


suspender o fabrico e proceder à redução dos salários e despedimentos;
 Os preços baixam para dar saída aos stocks (destruindo até stocks para que os
preços não desçam mais);
 Suspendem-se os pagamentos aos bancos, os créditos e os investimentos
financeiros (isto leva ao crash bolsista e à falência de empresas e bancos);
 O desemprego aumenta, o que faz diminuir o consumo e a produção desce
mais.

Estas crises propagam-se com rapidez e entre 1850 (1ª crise) e 1929 (maior crise),
registaram-se períodos de depressão económica generalizada, em que alastrou a
miséria social e a agitação política. No fim do século XIX, o protecionismo conquistou,
percebendo-se da necessidade da intervenção do Estado na vida económica.

18
Módulo 7
1.Transformações das primeiras décadas do século XX
A Europa dominava politicamente grande parte dos outros continentes
(colonialismo/imperialismo), economicamente pois assegurava metade da produção
industrial e exportava manufaturas para toda a parte e culturalmente impondo os seus
modelos culturais, assumindo uma “missão civilizadora”. Esta hegemonia da Europa
resultava do desenvolvimento da revolução industrial que criou novas necessidades.
Para satisfazer estas necessidades, os países industrializados rivalizavam entre si, na
tentativa de dominarem cada vez mais territórios (Conferência de Berlim 1885).
Aumentaram as disputas pela posse de territórios:

 O Reino Unido e a França rivalizavam pela posso de territórios ultramarinos;


 A França pretendia recuperar a Alsácia e a Lorena (posse da Alemanha);
 A Rússia e o Império Austro-húngaro disputavam a Península Balcânica.

Agravava-se o clima de tensão e intensifica-se a corrida aos armamentos (paz armada).


Formam-se então várias alianças:

 Tríplice Aliança (1882)- Alemanha, Império Austro-húngaro e Itália;


 Tríplice Entente (1907)- França, Reino Unido e Rússia.
 A conferência de Paz contou apenas com a presença dos representantes do
países vencedores (França, Inglaterra e EUA). Imposições tratado de Versalhes
à Alemanha (que considerou uma humilhação):
 Considerada responsável pela guerra, a Alemanha viu-se amputada de 1/7 do
seu território e de 1/10 da sua população;
 Perda das suas colónias;
 Restituição da Alsácia e da Lorena à França;
 Entrega da exploração das minas de carvão do Sarre à França;
 Pagar pesadas indeminizações de guerra aos vencedores;
 Redução drástica das suas forças militares e armamento.

Com o fim da 1ª guerra mundial, surge um novo mapa político na Europa:

 Desmembramento dos impérios autocráticos (russo, alemão, austro-húngaro);


 Constituição de novos estados (Finlândia, Polónia, Áustria, Hungria);
 Estados que ampliam as suas fronteiras;
 Estados que perdem territórios.

19
Sociedade das Nações
A proposta do presidente dos EUA, Wilson, concretizou-se em 1919. A SDN integrava
os seguintes organismos: Assembleia Geral; Conselho; Secretariado; Tribunal
Internacional de Justiça; Banco Internacional; Organização Internacional do Trabalho;
Comissão Permanente dos Mandatos. Com os seguintes objetivos:

 Promover a cooperação internacional; promover o desarmamento; promover a


resolução dos conflitos pela via diplomática;
 Estabelecer as sanções previstas para os infratores;
 Assegurar a defesa de qualquer país membro alvo de agressão.

Fragilidades da SDN:

 Os povos vencidos nunca aceitaram os tratados de paz em cuja elaboração não


tinham participado;
 Nenhum dos países vencidos foi convidado para integrar a SDN (a Alemanha
seria admitida em 1926);
 Nem todos os países vencedores ficaram satisfeitos com o estabelecido nos
tratados de paz;
 Redefinição de fronteiras não respeitou a questão das minorias nacionais
resultando numa multiplicidade de povos espalhados por vários países;
 Discordância em torno das “reparações de guerra” (indeminizações)- a França
insistia nos pagamentos por parte da Alemanha, no entanto os EUA não
concordavam que a reconstrução dos vencedores fosse feita à custa dos
vencidos.

Desta forma, o Congresso americano nunca ratificou o Tratado de Versalhes e


os EUA nunca integraram a SDN.

Sem o apoio dos EUA e sem os mecanismos que lhe permitissem responder às
repetidas violações dos princípios, a SDN viu-se impedida de cumprir as suas funções,
sendo dissolvida em 1939.

A difícil recuperação da Europa e a dependência dos EUA


Causas do declínio da Europa:

 Perdas humanas/diminuição da população ativa;


 Ruína material e debilidade do setor produtivo;
 Passa a ficar dependente dos fornecimentos americanos, acumulando dívidas;

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 Recorre a vários empréstimos agravando o desiquilíbrio da balança comercial;
 O racionamento de bens provocou especulação, inflação e empobrecimento;
 Face às dívidas recorreram à emissão massiva de notas, provocando uma
desvalorização monetária;
 A partir de 1920 a inflação tornou-se galopante, principalmente nos países v
encidos.

Ascensão dos EUA:

 Fornecedor dos países em guerra e dos mercados mundiais;


 Possuídores de metade do ouro mundial;
 Processos de racionalização do trabalho (taylorismo) e a concentração
capitalista de empresas permitiu-os superar a crise.

Recuperação Europeia:

 Em 1922, procurando alcançar a estabilidade monetária, os países europeus


decidem que as suas moedas deviam voltar à convertibilidade por intermédio
do Gold Exchange Standard;
 Foi com os créditos americanos que a Europa recuperou economicamente
(devido aos empréstimos);
 Entre 1925 e 29 os EUA viveram uma época de prosperidade e na Europa os
“loucos anos 20” (tempos de produção em massa para um consumo em
massa).

Revolução Russa
No início do século XX, a Rússia vivia um período de regime capitalista. Vivia-se ainda
uma monarquia absolutista, com o czar Nicolau II. Era um país muito atraso,
relativamente aos outros, em termos económicos e industriais (era um país
maioritariamente agrário e rural). E com a guerra entre o Japão e a Rússia em 1904,
tudo veio a piorar. Para além disto, existia uma grande desigualdade económica: 85%
da população eram camponeses, que trabalhavam como escravos (muitas horas e
baixos salários) e ainda pagavam impostos, enquanto que, a nobreza vivia rodeada de
luxo, não pagavam imposto e possuíam grandes propriedades e privilégios. Isto levou a
um grande descontentamento por parte da população e a uma manifestação em
direção ao palácio de Inverno, onde se encontrava o Czar. No entanto, o czar ordenou
que as suas tropas disparassem sobre os manifestantes (ou sovietes- conselho de
operários, camponeses e soldados), este episódio foi chamado de “Domingo
Sangrento” e aconteceu em 1905.

Consequentemente, levou ainda a mais manifestações, greves e revoluções, obrigando


assim, a que o Czar fizesse algumas conceções: a criação de um parlamento (Duma) e a

21
autorização da existência de partidos. Aparece assim, o Partido Social Democrata, com
ideais socialistas, que se dividia em dois grandes grupos: Mencheviques (que seguiam
ideias liberalistas) e os Bolcheviques (liderados por Lenine, que seguiam o Marxismo).
Com isto, Nicolau II (ao perder poder) acaba com a Duma, expulsa Lenine da Rússia e
autoriza a entrada desta na 1º Guerra Mundial.

Isto iria levar à queda do Czarismo, em 1917, com a revolução de fevereiro, com os
mencheviques e a sua guarda branca. Criando assim, um governo provisório com
Kerensky no poder. Todavia, não conseguiram satisfazer a população, pois não tiraram
a Rússia da guerra (por questões de alianças) e não fizeram a reforma agrária (que era
essencial para o povo). Entretanto, o Lenine volta à Rússia e apresenta as “Teses de
Abril” (todo o poder nos sovietes) e os Bolcheviques apresentam também um lema de
“paz, pão e terra” (que remetia para paz- sair da guerra; pão- acabar com a fome;
terra- reforma agrária). Isto levou à revolução de outubro, onde Trotsky e a guarda
vermelha derrubam o governo provisório de Kerensky. Lenine, que estava à frente do
governo bolchevista, tomou várias medidas, tais como: implementar a propriedade
privada; implementar o estado socialista; sair da guerra; assinar o tratado Bret-Litovski
com a Alemanha; implementou os decretos de paz (apelava aos países em guerra para
iniciarem negociações), das nacionalidades (estatuto de igualdade e o direito de
autodeterminação), controlo operário (controlo das pequenas empresas e a sua gestão
pelos próprios operários) e o sobre a terra (entregava as propriedades aos sovietes);
criou também um congresso de sovietes (em que eles tinham “todo o poder”); e o
conselho dos comissários do povo.

Com tanto privilégios para os sovietes, nada sobrou para a nobreza ou burguesia e
assim, se instaurou uma guerra civil entre os Bolcheviques e Mencheviques, que
tinham como objetivo instaurar o antigo regime e evitar a expansão do bolchevismo,
contavam com o apoio de países como a França, Inglaterra, EUA e a Japão, para contra
atacarem tudo isto, Lenine aplicou o comunismo de guerra (que é uma forma de
comunismo só que mais violenta). Acabando por ganhar os bolcheviques, não impediu
o país de ficar devastado economicamente e de matar milhões de pessoas. Para dar a
volta a esta situação, Lenine aplicou a ditadura de proletariado (etapa transitória no
processo da construção da sociedade socialista), onde retirou todo o capital à
burguesia e entregou-o ao estado. Acabando por aplicar o Comunismo (etapa final do
proletariado, que abolia todas as classes sociais e apoiava uma sociedade em
abundância). Todas estas ideias, foram seguidas pelo Marxismo-Leninismo (teoria que
defende o papel do proletariado, rural e urbano, na conquista do poder ao
desmantelar o regime burguês, sempre pela via revolucionária, recorrendo à força se
necessário). Aplicou também a NEP (nova politica económica), promoveu a cultura,
nacionalizou a economia, fez o trabalho obrigatório dos 16 aos 50, transformou o
partido bolchevique no partido comunista e acabou com a democracia do sovietes.

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Como exemplo da revolução bolchevique, deu-se ao longo da Europa inúmeras
revoluções e greves (radicalizações sociais e políticas). A partir da URSS, Lenine queria
implementar o comunismo por todo o mundo, para isso fundou-se o Komintern, que
coordenava os partidos comunistas operários a nível mundial, para que o marxismo-
leninismo triunfasse. No entanto, vários países iam contra esta vaga revolucionária e
contra o comunismo e como tal, criaram-se soluções autoritárias de direita, como o
fascismo ou o nazismo, para combater o comunismo. Esta emergência dos
autoritarismos confirmou a regressão do demoliberalismo.

A regressão do demoliberalismo
As profundas dificuldades económicas vividas no pós-guerra originaram greves e
movimento revolucionários, alimentados pelo exemplo da revolução bolchevique na
Rússia, contribuindo para uma radicalização social e política. Em 1919 é fundada a III
internacional (Komitern) que em nome do internacionalismo proletário propunha-se
coordenar as lutas de todos os partidos operários, com o objetivo de conduzir a vitória
do marxismo-leninismo. No 2º congresso do komitern, os partidos socialistas e sociais-
democratas foram obrigados a defenderem o modelo da URSS, aqueles que o fizeram
passaram a designar-se comunistas enquanto que os outros (socialistas e sociais-
democráticos) como reformistas. Viveram-se processos de radicalização política em
vários países da Europa com movimentos revolucionários, greves e manifestações,
fazendo crescer o medo do bolchevismo/comunismo. Estes setores atribuíam às
democracias liberais e ao parlamentarismo a instabilidade política e social, acabando
por as soluções autoritárias e conservadoras ganhar mais adeptos:

 1922- Implantação do fascismo em Itália;


 1923- Ditadura militar do general Rivera em Espanha;
 1923- Primeira tentativa de golpe de Hitler contra a república de Weimar;
 Anos 20- Instalação de outros regimes autoritários pelo mundo.

A democracia liberal, regime triunfante no pós-guerra, foi derrotado por estes regimes,
no fim dos anos 20.

Mutações nos comportamentos e na cultura


No século XX, no mundo industrializado, assistiu-se a uma urbanização maciça,
responsável por transformações profundas na civilização:

 Massificação resultante da adoção de modelos de vida estandardizados;


 Nova cultura do ócio e da distração proporcionada a uma crescente classe
média que beneficia de uma melhoria do seu nível de vida;

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 Uma mais livre convivência entre os sexos;
 Alargamento dos horizontes e espaços de lazer resultante do carro e comboio;
 Generalização do gosto pela prática desportiva.

A confiança na superioridade da civilização dava aos europeus um sensação otimista


por viverem numa época que apoiava valores sólidos e grandes realizações
tecnológicas, caminhando no sentido do progresso e prosperidade. A partir de 1914,
com a 1ª Guerra Mundial, ficaram postas em causa instituições, valores morais e
espirituais. A Guerra tinha causado milhões de mortos e condições de destruição e
miséria, gerando um sentimento de pessimismo, mergulhando numa crise de
consciência, tudo era posto em causa.

Na década de 20, foram dados importantes passos na emancipação da mulher. Os


movimentos feministas reivindicaram o direito das mulheres casadas a ter bens, à
tutela dos filhos, acesso à educação e a um trabalho valorizado. As mulheres
revelavam-se capazes de substituir o “sexo forte” em praticamente tudo, alcançando
uma justa valorização social e o direito à intervenção política.

O pensamento científico rejeitou o paradigma positivista, que assentava na confiança


absoluta no poder da razão (racionalismo), capaz de alcançar um conhecimento
objetivo. Valorizam-se outras dimensões do conhecimento chamando a atenção para
realidades que fogem à física e à matemática –Institucionismo de Henri Bergson. O
físico Max Planck explicou através da teoria quântica que não exigem regras imutáveis,
sendo impossível obter um conhecimento exato ou determinar o que está a acontecer
com rigor. Albert Einstein, com a sua teoria da relatividade negou o absoluto do
espaço e do tempo. Todas estas teorias abalaram a comunidade científica, obrigando-a
a admitir a impossibilidade de um conhecimento absoluto, estando este dependente
de muitos fatores. Afirma-se então, uma nova conceção filosófica –o relativismo– que
aceita a subjetividade do conhecimento.

Os estudos do médico Freud revelaram a existência de uma zona escura na mente


humana que o indivíduo não controla nem tem consciência –o inconsciente– chegou
também à conclusão que o ser humano é comandado por impulsos inconscientes.
Formulou então os princípios da psicanálise segundo o psiquismo humano estrutura-se
em três níveis distintos: consciente, subconsciente, inconsciente. A psicanálise engloba
um método de tratamento das neuroses que consiste em fazer emergir o
recalcamento (trauma) que lhes deu origem e racionalizá-la. Esta terapia baseia-se na
“livre associação” sob orientação médica, que faz com que o paciente deixe fluir as
ideias que lhe vêm à mente.

24
As vanguardas: ruturas com os cânones das artes e da literatura
Vão surgir movimentos inovadores no campo artístico, literário e cultural que vão criar
novas estéticas. Este movimento cultural, chamado de modernismo, reivindicada a
liberdade de criação estética. Paris era o principal centro artístico da Europa, onde se
encontravam os artistas mais ousados que deram origem a novas correntes artísticas
revolucionárias –fauvismo, expressionismo, futurismo, dadaísmo, abstracionismo,
cubismo e surrealismo– estas vanguardas trouxeram várias mudanças:

 Libertação da figura do sujeito ao modelo, distorcendo formas e usando cores


fortes;
 Destruição do espaço pictórico, ignorando as leis da perspetiva;
 Adoção de novos objetos temáticos de índole abstrata;
 Alargamento do universo da pintura, introduzindo aspetos de movimento e
tempo;
 Introdução de um conjunto vasto de novos materiais artísticos.

Na literatura, registou-se uma verdadeira revolução que pôs em causa os valores e as


tradições literárias. As obras literárias procuravam libertar-se da realidade concreta,
voltando-se para a psicologia. Muitos autores rejeitaram as regras da moral, familia e
da sociedade, defendendo a liberdade total do ser humano. São introduzidas na
literatura novas formas de expressão. Destacando-se autores como: Marcel Proust,
André Gide, Hugo Ball e James Joyce.

Tendências culturais em Portugal no 1º pós-guerra


Enquanto na Europa rompiam as novas vanguardas artísticas, em Portugal, a corrente
naturalista era a preferível, prevalecia a arte académica, representando a vida popular,
nostálgica, etc. As artes e as letras eram mais empenhadas na identidade nacional do
que na inovação, revelando um apego saudosista. Com a implantação da república, em
1910, um grupos de artistas que tinham estudado em Paris entram em contacto com
as vanguardas e começam a agitar o panorama cultural e artístico nacional. Surge
assim, em Portugal o modernismo que apostava nos enquadramentos boémios e
urbanos e na utilização de novos conceitos estéticos, provocando por vezes
escândalos. Distinguiram-se duas gerações modernistas:

 Primeiro modernismo:
 De 1911 a 1920 ficou ligado a um conjunto de exposições regulares.
Afirmou-se pela via do humor, da caricatura e da ilustração. Praticava
uma estilização formal dos motivos, esbatia-se a perspetivas e usavam-
se cores claras e contrastantes.
 Com a 1ª Guerra Mundial, muitos artistas deram um grande impulso a
esta fase do modernismo português (Amadeo de Souza-Cardoso, José

25
Pacheco e o casal Sonia e Robert Delaunay). Deste polo resultou dois
polos, um em Lisboa liderado por Almada Negreiros, Santa-Rita,
Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro (revista Orpheu); o outro no
norte, com o casal Delaunay, Eduardo Viera e Amadeo.
 A publicação da revista Orpheu, em 1915 revelou uma faceta polémica
–o futurismo:
o Contestavam a velha ordem literária;
o Propunham um corte radical com o passado;
o Denunciavam o saudosismo mórbido dos portugueses;
o Incitavam a “raça latina” ao orgulho, à ação e à glória.
 O escritor Júlio Dantas, em resposta a este movimento, lançou-lhes
bastante críticas, através de um manifesto. Os modernistas associaram-
no a uma cultura retrógrada.
 A agitação futurista culminou, em 1917, por Almada Negreiros e com a
saída do único número da revista “Portugal Futurista”.
 Com as mortes prematuras de vários artistas deu-se o fim do primeiro
modernismo.

 Segundo modernismo:
 Embora fragilizado, o movimento modernista continuou incorporando
uma nova geração (José Régio, João Simões, Adolfo Monteiro, Carlos
Botelho, Júlio Reis Pereira, Vieira da Silva e Almada Negreiros e Eduardo
Viana.
 A dinamização literária e artística fez-se através de revistas como “A
Contemporânea” e a “Presença”. Apesar de rejeitados, os modernistas
divulgaram os seus trabalhos.
 Em 1933, António Ferro assumiu a direção do SNP e convenceu Salazar
que as áreas artísticas funcionavam como mais valia para a Nação.
Convidou então, artistas a colaborarem para uma nova imagem do
regime. Desta forma oficializava-se o modernismo ao mesmo tempo
que se controlava o regime.
 A escultura ficou marcada pela hegemonia do gosto naturalista (António
Teixeira Lopes), expressando-se na geometrização e simplificação das
formas.
 Na arquitetura os primeiros sinais de modernismo foi no uso do betão
armado, no predomínio da linha reta sobre a curva, na decoração de
paredes e na utilização de vidro.

26
2.Agudizar das tensões políticas e sociais nos anos 30
A Grande Depressão e o seu impacto social
Os Estados Unidos da América sempre foram grandes exportados de agropecuária e de
indústria e com o fim da 1ª Guerra Mundial, em 1918, a Europa encontrou-se
totalmente destruída e os EUA prontos para ajudar, seja a exportar produtos, como a
emprestar dinheiro, a ser investidores (pois tinham a maior economia mundial). A
Europa com a ajuda dos EUA conseguiu erguer-se, deixando assim, de importar tantos
produtos vindos dos EUA, levou a que a demanda pelos produtos americanos baixasse,
no entanto, os americanos não baixaram a sua produção, embora houvesse menos
procura. Deu-se uma crise de super produção (pouca procura, muita produção), o
governo americano não intervinha devido aos ideais liberalistas, pois a nível
económico o liberalismo defendiam que na economia o estado não podia intervir.

Desta forma, alguns dos principais motivos que levaram à crise de 1929 foram a super
produção, o liberalismo, a recuperação económica da Europa e a especulação da bolsa
de valores. Durantes os anos prósperos americanos, as pessoas podiam pedir
empréstimos muito facilmente para investir na bolsa, ao comprarem ações de certas
empresas, recebiam a quantia do valor dessa ação, acabando por lucrar. No entanto,
com a crise, no dia 24 de outubro, deu-se o crash da bolsa, onde 12 milhões de ações
foram postas à venda (pois as empresas estavam a falir e as pessoas tinham medo de
perder o seu dinheiro), no entanto havia pouca procura, acabando por desvalorizar o
preço das ações e quebrando a bolsa. Isto gerou muito medo à população, que tentou
retirar o seu dinheiro dos bancos, mas sem sucesso, pois estes também tinham
apostado em ações e ido à falência. Levou a uma grande depressão, gerando
desemprego (cerca de ¼ da população estava desempregada) e fome (as pessoas
tinham que se dirigir à cruz vermelha para pedir auxilio).

Após isto, conseguia-se ver uma grande diferença do que era antes os Estados Unidos,
um estilo de vida próspero, saudável e feliz “The American Dream” e no que se tinha
tornado, num país rodeado de caos, miséria e pobreza. Esta crise veio a afetar o resto
do mundo, pois vários países eram dependentes dos bancos americanos e do dólar,
por ser uma moeda de referência. O liberalismo começou assim, a ser questionado
(Crise do Liberalismo), pois as pessoas começaram a perder a fé no capitalismo e a
acreditar nos regimes de extrema direita (como o fascismo e o nazismo).

Em 1932, Roosevelt foi eleito presidente e finalmente algo iria mudar, inspirado na
teoria de John Keynes (Keynesianismo), onde era necessário a intervenção do estado
na economia americana, aplicou um novo pacto económico que iria tirar os EUA da
crise, o New Deal. Dividido em duas fases, passava por: lutar contra o desemprego e a
miséria, tomando medidas financeiras rigorosas; controlo de instituições financeiras e
de investimentos na bolsa, sujeitas a inspeções; tirou várias dividas aos agricultores e

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pagou-lhes para que não produzissem mais; construi várias obras públicas; protegeu a
industria; criou um salário mínimo; regulamentou o horário de trabalho.

Embora todas estas medidas, os EUA só conseguiram sair a 100% da crise com o fim da
2ª Guerra Mundial com a exportação de produtos industriais, armamentos e
medicamentos.

Fascismo e Nazismo
O nazismo e o fascismo foram dois regimes de extrema direita que apareceram como
uma “consequência” à crise de 1929, pois com a pouca fé no liberalismo e com o medo
pelas extremas esquerdas e pelas suas revoltas socialistas (comunismo), as pessoas
começaram-se a apoiar aos regimes totalitários de direita. Totalitarismo remete para o
poder que se concentra todo numa só pessoa ou partido único, ficando o Estado
apenas com o poder social e individual. Com a crise, a fome e o desemprego, estes
regimes políticos apoiavam-se na mudança destes fatores e foi assim que conseguiram
chamar à atenção da população.

Para conseguirem chamar mais a atenção da população e tentarem que mais pessoas
aderissem a estes partidos políticos, utilizavam duas “armas” muito potentes: a
violência (onde espancavam e torturavam todos os que faziam parte de outros
partidos democratas ou socialistas), milícias armadas que promoviam paradas para
demonstrarem a sua força; propaganda, onde através da imagem, discursos e
manifestações prometiam ordem e segurança, fim do desemprego e melhoria de vida
(atraindo assim todas as classes).

Estes regimes têm como principais características: oposição ao


socialismo/comunismo/parlamentarismo/liberalismo; desprezava os direitos humanos;
defendia o corporativismo (que une patrões e empregados em corporações que
procuram conciliar os seus interesses); defendia também o ultranacionalismo
(exaltação das glorias e desenvolvimento do racismo e preconceito); enaltecimento da
autoridade do chefe (culto do chefe- considerado o salvador da nação a quem é devida
obediência); existência de um partido único (onde são escolhidos diferentes dirigentes
políticos -elites); culto das forças e violência (treino militar, paradas e desfiles, ações
intimidadores), criação da política politica OVRA -na Itália- e Gestapo -na Alemanha;
violência racista por parte do nazismo (obsessão pelo apuramento da raça ariana,
prática do eugenismo -alemães “degenerados”-, perseguições antissemitismo –
hostilidade aos judeus- que levou ao genocídio –holocausto.

O fascismo apareceu em Itália, em 1922, por Mussolini através do reforço da


intervenção económica, do enquadramento das atividades em corporações e da
implementação de grandes batalhas de produção (batalha da ira –estabilização da
moeda-, batalha do trigo –aumentar a produção de cereais- e batalha da bonificação –
recuperação de terras). Conseguiram controlar o comércio (aumento dos direitos

28
alfandegários, controlo das exportações e importações) e o setor industrial,
conquistaram a Etiópia (permitindo assim o acesso a fontes e recursos). Os ideais
fascistas incutiam a partir dos 4 anos de idade obrigações para aderirem a este regime
e aos 18 anos aderiam à Juventude Fascista, isto mantinham-se até à idade adulta com
a adesão a diversas organizações como: o Partido Único, as Corporações e a
Dopolavoro. Posto isto, o Estado fascista excedeu-se a vários níveis tanto político,
económicos, social e cultural.

Na Alemanha, apareceu o nazismo, que se mostrou como sendo uma política de


grandes trabalhos, Hitler focou-se em grandes obras (como autoestradas, pontes,
linhas do comboio, etc). Reforçou a autarcia (regime que depende economicamente
apenas de si próprio) e do dirigismo económico. Desenvolveu a industria e o programa
de armamento. Acentuou o racismo pelas outras raças, judeus, ciganos ou deficientes.
Hitler e os nazis defendiam o eugenismo (ideia da raça pura, a raça ariana), acabando
por eliminar os povos que consideravam imperfeitos e inferiores, perseguindo-os e
matando-os. A primeira vaga de perseguições antissemitas (hostilidade para com os
judeus) não foi tão bruto, no entanto, o segundo movimento antijudaico, chegando até
ao genocídio (conhecido como holocausto) foi o episódio mais marcante, pois
mataram milhões de judeus em campos de concentração. Posto isto, Hitler acreditava
que a Alemanha precisava de se expandir para melhorar a raça ariana (com o objetivo
de expandir o nazismo), criando assim, o espaço vital, que irá levar ao inicio da 2ª
Guerra Mundial.

Estalinismo
Após a morte de Lenine, Estaline subiu ao cargo de presidente da URSS (ficando
Trotsky para trás), em 1928. Empenhou-se na construção de uma sociedade socialista
e de uma Rússia numa potência mundial e conseguiu-o através de uma data de
medidas, como a coletivização dos campos, da planificação económica e do
totalitarismo repressivo do estado.

A coletivização dos campos baseava-se num movimento contra os kulaks (pequenos


proprietários rurais, que tinham saído beneficiados com a NEP após a revolução russa
–economia capitalista), a quem foram confiscados terrenos e gado. Estaline ao
exportar essas terras, vai criar quintas ou cooperativas (chamadas de kolkhozes) e
entregar a aldeamentos, onde parte da produção vai ser para servir para pagar o
imposto ao estado e a outra parte vai ser repartida pelos camponeses de acordo com o
que cada um produziu. Outro tipo de quintas que era também criado, os sovkhoze,
também retirado aos kulaks, passava imediatamente para o estado, onde os
camponeses trabalhavam lá e recebiam um salário. Houve muito descontentamento e
resistência a este movimento por parte dos camponeses, no entanto os resultados
acabaram por ser satisfatórios.

29
Entretanto, na parte da planificação económica, Estaline decidiu avançar com a
produção industrial e para tal, desenvolveu planos quinquenais que visou o
incrementou da industria. O primeiro plano quinquenal (1928-1932) focou-se na
industria pesada, promoveu o investimento maciço e apostou na formação de
especialistas e engenheiro, apesar de ter contribuído imenso para a produtividade
industrial, pouco melhorou na vida quotidiana das pessoas. Posto isto, o segundo
plano quinquenal (1933-1937) apoiou-se mais na produção de bens de consumo
(vestuário e calçado), os seus resultados foram honrosos). O último plano quinquenal
(1938-1941) interrompido pela 2ª Guerra Mundial, voltou a pressionar-se na industria
pesada e química. Mas já nesta altura, a URSS conseguiu se tornar na 3ª potência
mundial, atrás dos EUA e da Alemanha.

O Estado Estalinista tornou-se omnipotente e totalitário, os cidadãos viram-se privados


das suas liberdades fundamentais. Desde jovens, obrigados a inscreverem-se nos
Pioneiros e depois nas Juventudes Comunistas, aos trabalhadores obrigados a fazerem
parte do Partido Comunista (único partido com poder político com direitos). A própria
cultura exaltou assim o culto ao chefe (Estaline era chamado “pai dos povos”). O
Estado totalitário baseado numa ditadura do Partido Comunista, vivia-se numa
repressão brutal, apoiada pela NKYD (policia politica russa). Este período foi e então
caracterizado por uma forte repressão e controlo do exercito, censura e culto ao chefe,
purga e processo político, ficando esta ditadura conhecida com um dos regimes mais
duros.

A resistência das democracias liberais


No caso americano, graças ao intervencionismo (John Keynes), conseguiram superar a
crise e recuperar a credibilidade politica. No caso da França, a conjuntura recessiva,
quase pôs em causa o regime parlamentar deles. Embora a grande depressão
americana não tivesse atingido os franceses como atingiu os alemães ou os italianos,
acabou por afetar de modo a que tivesse aumentado bastante o número de
desempregados. Com isto, começaram a aparecer criticas de esquerda que pediam
soluções inspiradas em Keynes e New Deal e contestações de direita.

As Ligas Nacionalistas defendiam o fascismo (eram constituídas por ex-combatentes,


oficiais do exercito, grandes capitalistas, etc), uma das manifestações das ligas em
Paris, a 6 de fevereiro de 1934, degenerou um motim e provocou a demissão do
governo radical. Para combater esta frente de extrema-direita, apareceu de uma
coligação de esquerda de partidos comunistas, socialistas e radicais, a Frente Popular
(a formação da Frente Popular entre várias forças de esquerda foi inspirada e
defendida pelo Komintern), cujo o lema era “pelo pão, pela paz e pela liberdade”, este
movimento acabou por vencer as eleições frente à Liga Nacionalistas, em maio de
1936. Posto isto, deteu-se o avanço do fascismo em França. Os governos desta Frente

30
(onde os comunista se mantiveram ausentes) tiveram como sua principal figura o
socialista Blum e forneceram um grande impulso à legislação sociável, a partir de um
movimento grevista, este movimento foi levado a cabo por trabalhadores e afetou a
industria automóvel e aeronáutica, levando a um sentimento de libertação social. O
governo acabou por intervir através dos “Acordos de Matignon” (7 de junho), onde se
determinou os contratos coletivos de trabalho entre empregados e assalariados, a
liberdade sindical, aumentos salariais, novas horas de trabalho e o direito de 15 dias de
férias. Também aplicaram a escolaridade obrigatória até aos 14 anos, desenvolveram o
desporto e o cinema, regularização a produção e nacionalizaram as fábricas. Com estas
medidas a Frente Popular apoiava a classe trabalhadora e apoiava a crise. No entanto,
terminara em 1938, com o fracasso da politica económica de Blum levada pela
oposição dos grandes empresários.

Também em 1936, apareceu em Espanha a Frente Popular (apoiada por socialistas,


anarquistas, comunistas e sindicatos operários), que não hesitou em enfrentar as
forças conservadoras para separar a Igreja e o Estado, o direito à greve e à ocupação
de terras, assim como o aumento do salário, mas principalmente para impedir que as
forças de extrema-direita fossem implantadas (franquismo). Em julho do mesmo ano,
Espanha entra numa guerra civil entre a Frente Popular e a Frente Nacional
(monárquicos, conservadores e franquistas) liderada por Francisco Franco e com a
ajuda de Hitler, para verem qual chegava ao poder. Esta guerra durou 3 anos e quem
acabou por ganhar foi a Frente Nacional, acabando por se instaurar o fascismo
também na Espanha.

A dimensão social e política da cultura


A cultura das massas trata-se de uma cultura destinada à maioria da população,
apresentada sob a forma de bens acessíveis e de consumo imediato. Difundida pelos
media é típica da sociedade do século XX e contribui para a uniformização dos gostos.
Desenvolve-se em alternativa à cultura das elites, resultantes de um processo de
elaboração mais intelectual e destinado a uma minoria. A cultura de massas surge
como uma cultura de lazer, tendo como função proporcionar uma fuga aos stresses,
tem um carácter marcadamente popular, apostando na criação de bens culturais
produzidos em série:

 Estandardizados, em formatos pré-estabelecidos;


 Efémeros;
 Democráticos;
 Superficiais;
 Visam homogeneizar um tipo de pessoa, através de valores e modelos
comportamentais.

31
Apesar destas características não deixou de produzir obras de referência, sendo hoje
património cultural. A imprensa, o rádio e o cinema foram os meios de comunicação
mais importantes:

 Imprensa:
 Vocabulário simples e atrativo, frases curtas em jornais, com grandes
títulos, ilustrados com fotografia e revistas. Também o livro se tornou
bastante popular.
 Rádio:
 Mais popular de todos, acessível, importante meio de difusão pois
transmitia notícias, músicas, novelas, debates, etc. Esta abrangência do
rádio transformou-a num veículo privilegiado de propaganda.
 Cinema:
 Aparece em França e rapidamente se universaliza, adquirindo uma
dimensão mais próxima da realidade, desenvolvendo vários géneros. De
todos, foi o que mais contribuiu para a difusão de modelos
socioculturais e estandardização de comportamentos.

 Entretenimentos coletivos:
 Sob o impulso dos media, o desporto tornou-se um fenómeno de
massas. Para além da emoção do espetáculo, os ídolos desportivos
proporcionavam o sonho da ascensão social.

As dificuldades do pós-guerra, a depressão dos anos 30, a revolução russa, fizeram


crescer o sentimento da literatura e arte. A crise trouxe a realidade material da
condição humana. A literatura assumiu uma feição combativa e socialmente
empenhada . Os autores neorrealistas descrevem as condições de vida dos
trabalhadores, destacando-se vários artistas na Europa e EUA.

Reagindo ao radicalismo das vanguardas, surgem correntes artísticas que intervêm a


nível social. Este novo realismo manifesta-se em toda a Europa, em especial na
Alemanha. Nos EUA mostravam uma linguagem mais realista dos mais diversos
aspetos da grande depressão americana. Na arquitetura sob o signo da eficiência e do
baixo custo surge o funcionalismo, que tem como principais características:

 A simplificação dos volumes exteriores com linhas retas;


 Substituição dos telhados por coberturas planas;
 Ausência de elementos decorativos nas paredes;
 Grandes janelas horizontais contínuas;
 Nova conceção de espaços dimensionados à escala do Homem.

32
Esta arquitetura desenvolveu-se em vários polos, tendo-se destacado em França. A
arquitetura funcionalista foi bastante contestada por excessiva rigidez e
despersonalização. Surgiu então uma um novo estilo, o funcionalismo orgânico. As
suas preocupações estenderam-se até ao urbanismo.

A dimensão social e politica intensificou-se nos estados totalitários onde a cultura é


colocada no poder:

 Criação artística e literária muito politizada;


 Os media são considerados meio de propaganda;
 Na URSS, com o realismo socialista, a cultura enaltecia as conquistas do
proletariado;
 Na Alemanha nazi, combatia-se o modernismo.

Portugal no 1º pós guerra: dificuldade económicas e instabilidade politica


A 1ª República Portuguesa (1910-1926) não conseguiu superar as expectativas. O
parlamento contribuiu para um crónica instabilidade política. Interferindo em todos os
aspetos governamentais. A 1ª República trouxe também o laicismo (separação da
igreja e do estado), que acabou por gerar o anticlericalismo.

Em 1916, Portugal entra para a 1ª Guerra Mundial, o que veio acentuar os


desequilíbrios económicos e sociais como: a falta de bens de consumo, o aumento da
dívida pública, a queda da produção industrial e uma inflação galopante.

O processo inflacionista permaneceu para além da guerra (aumentando os custos de


vida, afetando principalmente os da classe baixa, as classes médias sentiram-se traídas
economicamente e os operários ficaram bastante descontentes, criando confrontos
violentos, greves e ataques). Esta época ficou caracterizada como os anos 20.

Viveu-se um período de grande instabilidade governativa resultante das dissidências


republicanas e do elevado peso dos poderes do Congresso (parlamentarismo) que
provocava a queda sucessiva de governos e presidentes (em 16 anos houve 8
presidentes e 45 governos). O laicismo e o anticlericalismo republicano provocaram a
hostilidade da igreja e do país conservador e católico.

Existia uma grande instabilidade política e consigo trouxe a instauração da ditadura


militar pelo general Pimenta de Castro. Acompanhado pelo major Sidónio Pais, que
destituiu o presidente da república e fez-se eleger presidente (1918). Apoiava-se
então, nas forças mais conservadoras da sociedade, acabando por ser assassinado.

No ano seguinte, deu-se uma guerra civil, entre o norte do país e a zona de Lisboa, pois
havia uma grande instabilidade governativa e bastantes atos de violência (como a
“Noite Sangrenta” onde assassinaram vários chefes do governo).

33
Isto, levou à falência da 1ª República. As forças da oposição (igreja, grandes
proprietários capitalistas e classe média) uniram-se para levá-la à falência. Posto isto,
Portugal tornou-se um alvo fácil para as soluções autoritárias, acabando por, a 28 de
maio de 1926, sofrer um golpe militar.

Da ditadura militar ao Estado Novo


A 28 de maio de 1926 um golpe militar pôs fim à 1ª República Portuguesa. Instaurou-se
assim, uma ditadura militar (até 1933), que fracassou devido à falta de estabilidade
que Portugal necessitava. Os desentendimentos entre chefes do governos levaram a
um agravamento do défice orçamental.

Em 1928, António de Oliveira Salazar foi nomeado para pasta das finanças,
apresentando pela 1ª vez, em 15 anos, saldo positivo no orçamento. Este sucesso fez
com que fosse nomeado para chefe do governo. Instaurou uma nova ordem politica:
criou estruturas institucionais, lançou as bases necessárias para a criação de um único
partido- União Nacional, fez um ato colonial, onde se consagrava a missão civilizadora
e publicou o Estatuto do Trabalho Nacional e extindiu os sindicatos livres e partidos
políticos. Com estas medidas, aprovou-se a constituição que consagrava a ditadura
civil, através do plebiscito, o Estado Novo.

Estado Novo
O Estado Novo era um estado autoritário (os poderes concentravam no Presidente do
Conselho), conservador e tradicionalista (pois o seu ideário assentava em valores
inquestionáveis como Deus, Pátria, família, autoridade, obediência, paz social, respeito
pelas hierarquias e austeridade), nacionalista, que repudia a democracia e o
parlamentarismo, impondo condicionamentos às liberdades individuais submetendo-
as aos “superiores interesses da nação”. Era considerado um “estado forte” e um dos
princípios era “tudo pela nação, nada contra a nação”. Era uma ditadura apoiada por
grandes proprietários, alta burguesia, monárquicos, militares e pela igreja, baseou-se
nas formas e estruturas político-institucionais dos modelos fascistas.

Também era muito defensor da ruralidade (porque temia a sociedade urbana e


industrial) e da religião católica. Ao ter um modelo da família católica, rural,
tradicional, conservadora, etc., reduziu-se a mulher para um papel passivo. Era
neocolonialista, pois valorizava a ação evangelizadora, a integração racial e o reforço
da ideia do império. Defendia o culto do chefe, que fez Salazar o salvador da Pátria e
guia da Nação. O corporativismo era um modelo de organização económica, social e
política que negava a luta de classes, que concebia à Nação grupos que
desempenhavam as suas funções para o bem comum, estes grupos eram chamados de
“corporações” (que incluíam instituições de assistência e caridade, universidades e
associações científicas e económicas), o corporativismo permitiu o controlo do estado
sobre todas as atividades.

34
Foi através de um conjunto de instituições e processos que asseguraram a adesão da
população ao regime, tais como: o Secretariado da Propaganda Nacional, a União
Nacional, a Legião Portuguesa (organização miliciana), a Mocidade Portuguesa
(designava-se a incutir nos jovens os valores nacionalistas), a Obra das Mães para a
Educação Nacional (destinada à formação de mães e mulheres), a Fundação Nacional
para a Alegria no Trabalho (controlava os tempos livres dos trabalhadores), etc. Como
outros regimes ditatoriais, também o Estado Novo rodeou-se de um aparelho
repressivo, começando pela censura prévia (imprensa, teatro, cinema, musica, etc.) a
quem cabia a proibição de certos conteúdos. A polícia Política (inicialmente PVDE, após
1945 PIDE) que prendia, torturava, matava opositores ao regime e por fim, prisões e
campos de concentração para presos políticos.

Salazar adotou um modelo económico fortemente intervencionista e autárcico


(visando a autossuficiência através de uma via protecionista) que era orientado e
dinamizado pelo Estado, subordinando os interesses da Nação. Esta política financeira
tinha como prioridade a estabilidade financeira através da diminuição das despesas e
aumento das receitas, com uma mais rigorosa administração dos dinheiros públicos e
com a criação de novos impostos (imposto complementar sobre o rendimento,
imposto profissional sobre os rendimentos do trabalho, imposto de salvação pública,
sobre os funcionário públicos, taxa de salvação nacional sobre o consumo- açúcar,
gasolina e óleos) e o aumento das tarifas alfandegárias sobre as importações (redução
da dependência externa no quadro da autarcia). A neutralidade adotada pós 2ª Guerra
Mundial favoreceu a manutenção do equilíbrio financeiro, através da poupança nas
despesas do armamento e do aumento das receitas com as exportações (aumento
significativo das nossas reservas de ouro). Esta estabilização financeira foi alcançado à
custa de uma política de grande austeridade e sacrifício, com uma elevada carga fiscal
e de supressão de liberdades, ficando conhecida como o “milagre”. Na década de 30, o
Estado defendia a ruralidade em oposição à civilização industrial que era encarada
como portadora dos piores males. Esta preferência traduziu-se por uma política de
apoio aos interesses dos agrários e pela adoção de um conjunto de medidas
promotoras da “lavoura nacional” como a construção de barragens (para melhorar a
irrigação dos solos), a adoção de políticas de fixação de população no interior do país,
política de florestação, fomento de culturas de produtos agrícolas (como a vinha,
arroz, azeitona, batata, cortiça e frutas) e pela campanha do trigo (1929-1937),
inspirada na “Batalha do Trigo” Italiana, que resultou num aumento da produção do
cereal. Este aumento assegurou a autossuficiência do país, favorecendo a produção de
adubos e de maquinaria, que deu emprego a milhares de portugueses.

Adotou também a política das obras públicas, que recebeu um forte impulso com a lei
da Reconstituição Económica (1930) e procurava combater o desemprego e dotar o
país das infraestruturas necessárias para o desenvolvimento económico. O ministro
das obras públicas, Duarte Pacheco, desempenhou o papel de relevo nesta política

35
através da construção de caminhos-de-ferro, de estradas (favorecendo uma maior
acessibilidade aos mercados externos), edificação de pontes, redes telegráficas e
telefónicas, obras de alargamento nos portos, aeroportos, construção de barragens,
hospitais, escolas, universidades, tribunais, prisões, monumentos, etc. No entanto, a
indústria não constituía uma prioridade ao estado, o pouco crescimento que tinha
estava associado ao âmbito rural. A política de condicionamento industrial traduzia-se
por o Estado definir as prioridades iniciais da industria, determinando que qualquer
industria necessitava de prévia autorização do Estado, este condicionamento visava
sobretudo industrias de exportação de produtos. Esta política refletia no dirigismo
económico onde o Estado Novo pretendia assegurar o controlo da indústria e regular a
atividade produtiva e concorrência, evitando a sobreprodução, queda de preços,
desemprego ou agitação social. Este condicionamento acabou por criar obstáculos à
modernização, nos setores que mobilizavam maiores capitais expandiu os monopólios,
limitando a concorrência.

Também implantou uma política laboral, onde através do Estatuto do Trabalho


Nacional (1933) estabeleceu o modelo corporativo, segundo o qual nas várias
profissões da indústria, do comércio e dos serviços, os trabalhadores deveriam reunir-
se em sindicatos nacionais e os patrões em grémios. Estes organismos negociam os
contratos de trabalho, estabeleciam normas e quotas de produção, fariam preços e
salários, etc. Considerados uma política autoritária do Estado Novo, os sindicatos
nacionais enfrentaram algumas resistências por parte dos trabalhadores.

Outra política implementada foi a colonial, na qual um “ato colonial” publicado em


1930 afirmava a missão civilizadora dos portugueses nos territórios ultramarinos. O
estado reforçou a tutela sobre as colónias, fiscalizando os governadores coloniais e
estabelecendo um regime económico segundo o qual caberia às colónias fornecer
matérias-primas, estas populações sentiam-se inferiores.

Por fim, através da censura e de um projeto cultural (política do espírito), o Estado


Novo submeteu ao regime toda a produção cultural, fazendo os escritores e artistas de
propaganda (este projeto foi implementado por António Ferro através do Secretariado
da Propaganda Nacional). Esta política promovia uma cultura que incultasse no povo o
amor à pátria, o culto dos heróis, as virtudes familiares, ou seja, os princípios
ideológicos do Estado Novo. Para António Ferro esta adoção traduzia-se numa cultura
modernista, proporcionando realizações culturais de enorme qualidade, tendo o
Estado como principal entidade empregadora.

36
3.A degradação do ambiente internacional
Compreender a Irradiação do fascismo no mundo
Na década de 30, as ditaduras espalharam-se por toda a Europa, devido à grande
depressão e descrença por parte das democracias parlamentar em resolver os
problemas. O nazismo levou a instituição de regimes conservadores e autoritários em
Portugal, Grécia, Turquia, etc. Em 1938-39, a Áustria e a Checoslováquia foram
anexadas pela Alemanha. Em Espanha, após uma guerra civil de 3 anos, o general
Franco com o apoio Italiano e Alemão, instalou o franquismo. Também na América
Latina e no Extremo Oriente se instalaram regimes autoritários, influenciados pelos
modelos fascistas europeus, como o Brasil e Japão.

A irradiação do fascismo no mundo beneficiou da concertação entre governos


totalitários e do estabelecimento do Eixo Roma-Berlim e mais tarde o Pacto de Aço
(entre Hitler e Mussolini), Pacto Anti-Komintern (Alemanha e Japão) à qual mais tarde
se juntou a Itália (Eixo Berlim-Tóquio-Roma).

A atitude adotada pela SDN e dos regimes democráticos, como França e Inglaterra, fez
com que o fascismo se expandisse ao longo dos anos 30. O japão invade a Manchúria
(1931) e abandona a SDN (1933), a Itália conquista a Etiópia (1935-36), que fazendo
parte da SDN teve que pagar pequenas sanções económicas. A Alemanha (com a ideia
do espaço vital) abandona a SDN em 1933 e consegue o território do Sarre, através de
um plebiscito, indo contra o tratado de Versalhes. Em 1936, Hitler remilitariza a
Renânia. Todas estas conquistas tinham o objetivo de criar uma Grande Alemanha. Em
1938, a França e a Inglaterra (através dos acordos de Munique) aprovaram à expansão
da Alemanha como forma de travar o comunismo. Desta forma, os italianos
pretendiam estender-se até ao Mediterrânio Ocidental e os alemães testar os novos
materiais bélicos, preparando-se para os futuros conflitos.

A inoperância da SDN
A inoperância da SDN e a condescência da França e Inglaterra, como apoiantes do
movimento fascista e que ia contra o tratado de Versalhes, refere-se ao facto de, no
caso da SDN nunca ter contado com o apoio da EUA (pois este não intervinha na
política europeia), a URSS só entrou para a SDN após a saída do Japão e da Alemanha,
todas estas ausências impediram uma SDN firme. A França e Inglaterra iam cedido
para o Hitler, pois receavam uma guerra.

Esta política pacifista teve lugar nos Acordos de Munique, em 1936, quando o general
Francisco Franco criou um movimento militar (nacionalistas, grandes proprietários,
monárquicos, etc.) contra o comunismo da Frente Popular, apoiado pela Itália e
Alemanha (estes com a intenção de se expandirem pelo mediterrânio e testar os seus

37
materiais bélicos, respetivamente, preparando-se para o futuro conflito). Os
republicanos contavam com o apoio da URSS, fazendo com que a guerra civil em
Espanha fosse uma luta entre comunismo e fascismo. Tanto a França como a Inglaterra
não interviram (principio da SDN), facilitando a vitória dos nacionalistas.

Posto isto, a Alemanha negociava um pacto pacífico com a URSS para que, em caso de
guerra, existisse partilha dos territórios. Desta forma, Hitler via-se cada vez mais perto
da expansão do seu “espaço vital”. A França e a Inglaterra acabam por intervir,
proclamando guerra à Alemanha, apoiados pela Polónia, Grécia, Roménia, Bélgica e
Países Baixos.

2ª Guerra Mundial
As causas da segunda guerra mundial foram principalmente o falhanço da SDN e a
expansão do fascismo/nazismo, foi um conflito verdadeiramente mundial e total,
atingindo todos os continentes e matando milhões de pessoas. A Alemanha queria-se
vingar dos países que tinham saído vencedores na 1ª Guerra Mundial ao expandir o
seu “Espaço Vital” e sair da SDN. Forma assim, uma aliança com Itália e Japão (Eixo
Berlim-Roma-Tóquio) e faz um acordo com a Rússia, na qual em caso de guerra,
dividiam a Polónia. De 1 de setembro de 1939 a 1942, as forças do eixo nazi-fascista
dominavam o mundo (França, URSS, Polónia, etc.) cometendo atrocidades. A França e
a Inglaterra declaram então guerra em 1939, quando Hitler invade a Polónia.

Entretanto, o Japão, em 1941, destruiu uma frota americana em Pearl Harbor e em


1942, a contraofensiva aliada defende-se, os norte americanos recuperam o controlo
do pacifico, após a batalha de Midway, os britânicos derrotam a Alemanha na África do
Norte, os soviéticos põem fim ao cerco Estalinegrado, em 1943. A derrota da
Alemanha deu-se devido ao desembarque na Normandia e ao avanço dos soviéticos
para libertarem a Europa. O Japão também se rendeu devido a duas bombas atómicas.

Posto isto, a Europa encontrava-se totalmente destruída e vão emergir duas grandes
potências vencedoras: os EUA e a URSS, separados por diversas divergências, vão dar
origem a um mundo bipolar.

38
Módulo 8
1.Nascimento e afirmação de um novo quadro geopolítico
A Reconstrução do pós-guerra
Após a 2ª Guerra Mundial dá-se a criação da ONU (1945) e divide-se a Alemanha pela
Inglaterra, França, EUA e URSS e a cidade de Berlim em dois (muro de Berlim): o lado
capitalista (EUA e Europa Ocidental) e o lado comunista (URSS e Europa Oriental),
criando uma cortina de ferro.

Em fevereiro de 1945, Roosevelt, Estaline e Churchill reuniram-se em Ialta, para


estabelecerem as regras que deviam sustentar a nova ordem internacional do pós-
guerra:

 Definiu-se a fronteira entre a Polónia e a URSS;


 Dividiu-se a Alemanha em 4 partes dirigidas pelos vencedores;
 Decidiu-se a conferência preparatória da ONU;
 Estipulou-se o supervisionamento na constituição de países do leste;
 Estabeleceu-se a quantia que a Alemanha deveria pagar.

Meses mais tarde reuniram-se em Potsdam, com o fim de conciliar o alicerces da paz,
mantendo-se as medidas antes aplicadas:

 Perda da soberania da Alemanha e a sua divisão em 4 partes;


 Administração conjunta da cidade de Berlim;
 Tipos de indemnizações a pagar pela Alemanha;
 Julgamento criminal dos nazis por um tribunal internacional;
 Divisão, ocupação e desnazificação da Áustria.

A 2ª Guerra Mundial deu um novo protagonismo à União Soviética, dentro da Europa


o papel desta era determinante, tendo vantagem sobre o Leste Europeu. Embora os
acordos de Ialta previssem o respeito pela vontade dos povos, tornava-se impossível
contraria a hegemonia soviética. Entre 1946-1948 todos os países libertados passaram
para o lado do socialismo. Este processo de sovietização, foi contestado pelos
ocidentais. Churchill denuncia então uma área de influência impenetrável, conhecida
como “cortina de ferro”, alertando a comunidade internacional para as desavenças
entre os antigos aliados. Isto vai desencadear um medir de forças, entre comunistas e
capitalistas.

Em julho de 1944, um grupo de economistas reuniu-se em Bretton Woods (EUA) para


prever e estruturar a situação económica e financeira do período de paz. Os EUA
preparavam-se para liderar uma nova ordem económica, baseada na cooperação

39
internacional. Criou-se assim, um novo sistema monetário internacional, assentando o
dólar como moeda-chave. Criaram-se também dois importantes organismos:

 Fundo Monetário Internacional:


 Ao qual recorriam os bancos centrais dos países com dificuldades em
manter a paridade fixa da moeda ou equilibrar a sua balança;
 Banco Mundial:
 Destinado a financiar projetos de carácter económico a longo prazo.

Em 1947, na Conferência Internacional de Genebra assinou-se um Acordo Geral de


Tarifas e Comércio (GATT), em que se reduziam os direitos alfandegários e outras
restrições comerciais. Esta ideia de um espaço alargado levou à criação da BENELUX
(Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo), que viria a ser a Comunidade Económica
Europeia (CEE).

Organização das Nações Unidas


A ideia de uma organização internacional que preservasse a paz resultou do fracasso
da SDN. Roosevelt cria então um organismo com o nome ONU. Nasceu oficialmente na
conferência de S.Francisco, em Nova Iorque, em abril de 1945. Com os seguintes
objetivos:

 Promover a paz e reprimir atos de agressão;


 Desenvolver amizades entre os países, baseada na igualdade e
autodeterminação;
 Desenvolver a cooperação internacional no âmbito económico, social e
cultural;
 Promover a defesa dos direitos humanos;
 Funcionar como centro harmonizado.

Aprovada em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos passou a integrar-se


na ONU. Órgãos de funcionamento:

 Assembleia-Geral:
 Formada pelos estados-membros, cada um com direito a um voto
 Conselho de Segurança:
 Composto por 15 elementos (5 permanentes –URSS, Reino Unido,
China, EUA e França– e 10 rotativos –eleitos pela assembleia-geral);
 Órgão responsável pela manutenção da paz e segurança, emite
“recomendações”, decreta sanções económicas e intervém com as suas
forças militares;

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 As decisões são a uma maioria de 9 votos, no entanto, se um estado
membro se opuser a decisão é nula.
 Secretariado-Geral:
 À frente deste está o secretário-geral, eleito pela assembleia. Cabe-lhe
tomar parte das reuniões do conselho de segurança, coordenar o
funcionamento burocrático da organização.
 Conselho Económico e Social:
 Objetivo de promover a cooperação a nível económico, social e cultural
entre as nações;
 Tribunal Internacional de Justiça:
 Resolve os conflitos entre Estados;
 Conselho de Tutela:
 Criado para administrar os territórios que estavam sob a alçada da SDN;

Descolonização do pós-guerra e o terceiro mundo


As metrópoles não conseguiram controlar as suas colonias, pois uma vaga de
revoluções independentistas passou pelo continente asiático e africano. Esta vaga
contou com o apoio das duas superpotências: URSS (com o objetivo de expandir os
seus ideais) e EUA (com interesses económicos), mais a ONU.

Na 1ª vaga de descolonização o continente asiático sofreu várias alterações:

 No médio oriente- Síria, Líbano, Jordânia e Palestina;


 Na Índia Inglesa;
 Ceilão e Birmânia- passaram a integrar a CommonWealth;
 República da Indonésia;
 Na Indochina- Vietname, Laos e Camboja.

Em 1955, um conjunto de países asiáticos convocaram uma conferência para definir as


linhas gerais de atuação dos países recém-formados: a Conferência de Bandung
(Indonésia)

Na 2ª vaga de descolonizações foi a vez do continente africano:

 Líbia, Tunísia e Argélia;


 Em 1960 nasceram 18 novos países- 17 africanos mais o Chipre, devido ao
direito da auto determinação de territórios pela ONU.

Nas três décadas que seguiram a guerra, nasceram 70 novos países nestes dois
continentes. A maioria destes novos países constituem o Terceiro Mundo (regiões mais
podres e mais populosas do mundo). O Terceiro Mundo apesar da sua autonomia
política, continua na dependência económica dos países ricos (muitas antigas

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metrópoles), estes exploram os recursos e em troca os países do Terceiro Mundo
recebem produtos manufaturados. Sendo um negócio injusto, o Terceiro Mundo
denuncia este verdadeiro neocolonialismo e reivindica a criação de uma “nova ordem
económica”.

A conferência de Bandung influenciou o Movimento dos Não alinhados (Conferência


de Belgrado, em 61 por Nehru, Nasser, Nkrumah, Sukarno e Tito), que se empenhou
no estabelecimento de uma via política alternativa à bipolarização mundial.

A Guerra Fria
A Guerra Fria foi caracterizada como uma guerra improvável e uma paz impossível,
pois foi uma guerra cheia de conflitos indiretos, onde no entanto ambas as duas
potências não se entendiam.

Criou-se, em 1947, o Kominform, tornando-se um importante organismo de controlo


por parte da URSS. Os EUA assumem a liderança da oposição aos avanços do
socialismo. O presidente Truman expõe a sua visão de um mundo dividido em dois
sistemas: um baseado na liberdade e outra na opressão, aos americanos competia
liderar o mundo livre e auxiliá-lo na contenção do comunismo. É neste contexto que,
George Marshall anuncia um plano de ajuda económico à Europa (inspirado na
doutrina de Truman) –Plano Marshall– e também na Conferência de Bretton Woods
que se instaurou uma nova cooperação económica (FMI e Banco Mundial), a URSS
considerou esta ajuda como uma “manobra” imperialista” e impede os “seus” países
de a aceitarem. O mundo divide-se então em dois: um imperialista e antidemocrático
(EUA) e outro democrático e fraternal (URSS). Através do Plano Molotov (baseado na
doutrina de Idanov), em 1949, Moscovo responde ao Plano Marshall e que era
suportado pela COMECON (destinado a promover o desenvolvimento integrado dos
países comunistas).

A Alemanha foi dividida em dois, os americanos criaram uma república federal


constituída pelos territórios das três potências ocidentais (República Federal Alemã-
RFA) e os soviéticos a República Democrática Alemã –RDA. Em Berlim, Estaline
bloqueia todos os acessos terrestres às outras potências. Este bloqueio foi o primeiro
medir de forças entre as duas potências. Nisto, as pessoas que se encontravam no lado
comunista de Berlim (RFA) tentavam desesperadamente, passar para o lado capitalista
(RDA).

Após o lançamento das duas bombas americanas sobre o Japão, a URSS começa a
investir também nessa vertente, no entanto, ambos os países sabiam que se iniciassem
uma guerra de bombas atómicas ninguém sobreviveria. Começou então, uma corrida
de armamento nuclear e convencional, para ver qual seria mais desenvolvido. A URSS
levou o 1º satélite e a 1ª cadela ao espaço, enquanto que os EUA levaram o 1º homem

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à lua e criaram a NASA. Por fim, ambos criaram pactos militares entre os países
aliados, no lado capitalista a NATO e no lado comunista o Pacto Varsóvia.

Outro conflito indireto foi a guerra entre a Coreia do Norte (apoiados pela URSS) e a
Coreia do Sul (apoiados pelos EUA). Ambas as potências apoiaram bastante a
descolonização pois, eram novos países que podiam-se juntar tanto ao comunismo
como ao capitalismo. A influência soviética em Cuba confirma-se quando, em 1962,
são vistos mísseis russos a médio alcance, capazes de atingir os EUA, a exigência do
presidente Kennedy põe em causa uma guerra nuclear. A 2ª vaga de descolonização foi
bastante apoiada pelas duas superpotências, nomeadamente em África.

Após isto, deu-se um período de coexistência pacífica com a morte de Estaline, a


melhoria da Europa e o desmembramento da URSS. Acabando pela guerra fria
terminar com a separação da URSS.

A política económica e social das democracias ocidentais


O conceito de democracia assegurava o bem-estar dos cidadãos e a justiça social.
Embora diferentes, socialistas e democratas-cristãos, saíram da guerra prestigiados.
Ambos lutaram contra os regimes autoritários e eram vistos como uma boa alternativa
aos partidos liberais. Os partidos de orientação idêntica conjugam a defesa do
pluralismo democrático e os princípios da livre-concorrência económica com o
intervencionismo do Estado, cujo objetivo é regular a economia e promover o bem-
estar dos cidadãos.

A democracia-cristã tem a sua origem na doutrina social da Igreja, propondo uma


orientação humanista de liberdade, justiça e solidariedade. Estes sociais-democratas e
democracias-cristãs promoveram reformas económicas, lançaram um programa de
nacionalização e de intervenção do Estado. Estas medidas deram origens ao Estado-
Providência que marcou as democracias ocidentais. Beverige defendia o
empenhamento dos Estados, confiando num sistema social alargado que iria pôr fim
aos “cinco grandes males sociais” (carência, doença, miséria, ignorância e curiosidade).

A adoção das medidas tomadas em Inglaterra serviu de exemplo aos países europeus:

 A estruturação do Estado-Providência da Europa foca-se na responsabilidade


do estado (habitação, ensino e assistência médica);
 Estas medidas visão a redução da miséria e do mal-estar e assegura uma
estabilidade económica;

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Prosperidade Económica
O crescimento económico do pós-guerra deu-se devido a planos de desenvolvimento
que permitiram estabelecer prioridades, rentabilizar a ajuda Marshall e definir
diretrizes. Os acordos de Bretton Woods e a criação da CEE tiveram um papel também
importante.

O capitalismo emergiu, a produção mundial triplicou e as economias cresceram. As


taxas de crescimento eram altas em certos países, estes anos 30 de prosperidade,
ficaram conhecidos como os “trinta gloriosos”. Esta expansão económica deveu-se à:

 Aceleração dos progressos tecnológicos;


 À utilização do petróleo em vez de carvão;
 Ao aumento da concentração industrial;
 Ao número de multinacionais;
 À modernização da agricultura;
 Aumento da população ativa (mão de obra feminina e baby-boom anos 40/60;
 Crescimento do setor terciário.

A sociedade de consumo transformou os países capitalistas, onde o cidadão era


estimulado a gastar mais do que o necessário. Multiplicam-se os espaços comerciais,
dá-se uma publicidade bem organizada e o consumismo instala-se, tornando-se o
emblema das economias capitalistas. O comunismo foi responsável pela URSS,
inspirado no modelo soviético, o reforço deste foi favorável à expansão do
comunismo.

Entre 1947 a 1948, o partido comunista era o único partido na Europa, defendendo
que a gestão do estado pertence às classes trabalhadoras. Na China Mao Tsé-Tung
instaurou uma república popular, apesar de se ter afastado da URSS, a China seguiu o
modelo político e económico do socialismo russo.

Bloqueios Económicos
Passando a industrialização, as economias planificadas começam a mostrar as suas
debilidades, a planificação excessiva afeta as empresas, que não têm autonomia para a
seleção de produções, equipamentos, fixação dos preços e salários. Uma gestão
burocrática tenta cumprir as quantidades previstas no plano. Na agricultura, a falta de
investimento, organização e camponeses afeta a produtividade.

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Partindo do exemplo da URSS, agora liderada por Kruchtchev, foram criadas reformas
em quase todos os países da Europa socialista:

 Foi reforçado o investimento nas indústrias de consumo, habitação e


agricultura;
 Duração de trabalho reduziu para 42h;
 Idade da reforma desceu;
 Nas empresas, a autonomia dos gestores aumentou para incentivar a
produtividade.

No entanto, estas medidas ficaram muito aquém das expectativas, sendo incapazes de
relançar as economias do bloco socialista.

O rápido crescimento do Japão e o afastamento da China


O “milagre japonês” beneficiou de uma conjuntura favorável, os EUA disponibilizaram
ajudas financeiras e técnicas que permitiram uma rápida reconstrução económica
(Plano Dodge), aprovaram a constituição de 1945 e incentivaram o controlo da
natalidade e o acesso ao ensino. O japão passou a ser visto como um precioso aliado
do bloco ocidental do Oriente. A mentalidade japonesa foi, um grande fator de grande
crescimento. Os trabalhadores chegavam a doar os seus pequenos aumentos salariais
para promover a renovação tecnológico.

O Japão pretendia ser a 1ª sociedade de consumo na Ásia, triplicando a sua produção


industrial. Neste período, a indústria pesada e dos bens de consumo tinham maior
dinamismo. Tanto as importações, como as exportações duplicaram. No 2º surto de
crescimento a produção industrial duplicou e criaram-se 2,3 milhões de novos
trabalhos.

O comunismo chinês foi marcado pelo papel dos camponeses, atribuindo a liderança
revolucionária a estes (Maoísmo). O objetivo deste era uma revolução total por parte
das massas, recorrendo a campanhas. Em 1958, surge o “grande salto em frente”:
pretendia o fomento da agricultura e a integração dos camponeses em comunas
populares lideradas pelo Partido Comunista Chinês. A sua prioridade passou para os
campos, onde se deviam desenvolver as produções agrícolas e industriais. No entanto,
esta reforma fracassou. Mas estabeleceu os fundamentos doutrinados de um
socialismo nacionalista. Através da revolução cultural (tinha por base o “livro
vermelho” que detinha frase de Mao e era venerado como defensor da verdade
absoluta. Deu origem a uma agitação social que levou à humilhação e ao assassinato
de muitos opositores), em 1964, o maoísmo foi estimulado. Os reforços de Mao foram
coroados quando a China entra para a ONU, 1917.

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A ascensão da CEE
A Europa reconheceu a sua herança cultural comum e a necessidade de se unir para
voltar à prosperidade económica e influência política.

A declaração Shumam pretendia a cooperação entre a França e a Alemanha no


domínio da produção de carvão e aço. Desta iniciativa resultou a CECA (Comunidade
Europeia do Carvão e do Aço –Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e
Luxemburgo). Em 1957 pelo Tratado de Roma surge a CEE, constituída pelos seis países
referidos. A CEE detinha diversos objetivos:

 Estabelecer um mercado comum;


 Aproximação dos políticos económicos;
 Expansão económica e equilibrada;
 Livre prestação de serviços;
 Estabelecimento de uma política comum na área da agricultura, transportes e
produção energética –cria-se a EURATON.

A excessiva quantidade de moeda posta em circulação pelos EUA levou o presidente


Nixon a suspender a convertibilidade do dólar em ouro, o que desregulou o sistema
monetário internacional. Para alguns analistas, foi esta instabilidade monetária a
responsável pelo enfraquecimento económico dos anos 70.

A crise dos anos 70 introduziu um novo ciclo económico que intercala períodos de
crescimento e estagnação. O crescimento económico, embora lento, manteve-se,
alguns setores industriais reconverteram-se, enquanto outros tiveram um forte
impulso. No aspeto social esta crise não atingiu a dimensão estratégica da grande
depressão. As estruturas do Estado-Providência cumpriram o seu papel, amparado o
desemprego e evitando situações de miséria extrema.

O termo da prosperidade económica: origens e efeitos


Os “trinta gloriosos” cessaram brutamente em 1973, a taxa de crescimento do PIB nos
países industrializados começa a decrescer chegando a ser nula de 75 a 82. Esta crise
afetou sobretudo os setores siderúrgico, a construção naval e automóvel e o têxtil.
Muitas empresas fecharam e o desemprego subiu, a inflação disparou, ultrapassando
os 10% a partir de 74 (estagflação). Esta interrupção de crescimento económico deveu-
se sobretudo a:

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 Crise energética:
 Utilização do petróleo como arma política pelos países do Médio
Oriente (OPEP) aumentando o seu preço e reduzindo a produção
(“choques petrolíferos” –em menos de uma década o preço multiplicou
12x)
 Instabilidade monetária:
 Excessiva quantidade de moeda posta em circulação pelos EUA levou a
que suspendesse a convertibilidade do dólar em ouro, que desregulou o
sistema monetário internacional.

Esta crise introduziu um novo ciclo económico marcado pela alternância entre
períodos de crescimento e estagnação e por um desemprego elevado. Embora grave,
não atingiu as proporções da crise dos anos 30. Embora a um ritmo mais lento, o
crescimento económico manteve-se com a reconversão de alguns setores industriais e
o desenvolvimento de outros (tecnologias). Registou-se um aumento no setor
terciários e o comercio internacional nunca decaiu. As estruturas do Estado-
Providência cumpriram o seu papel amparando o desemprego e evitando situações de
miséria extrema generalizada.

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