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METAMORFOSE – KAFKA

O DESCONCERTO DO MUNDO MODERNO DIANTE DO AVANÇO DO CAPITALISMO “O homem


só vale enquanto pode gerar renda e movimentar o mercado.

Quando narra a trajetória do caixeiro-viajante Gregor Samsa - que ao acordar vê o próprio corpo
metamorfoseado em um bicho com “dorso duro e inúmeras patas” – ( que na verdade não se sabe
que inseto específico se trata, pode ser barata , besouro) io escritor consegue, através da metáfora
da condição de Samsa comparar com a condição humana e os dramas da sociedade moderna.

O drama vivido pelo personagem principal Samsa pode ser comparado à vida de um trabalhador
comum que exerce atividades burocráticas.

Kafka descreve de forma repetitiva as experiências do personagem como inseto e ao relatar a


cena do inseto que se esperneia tentando voltar à posição natural, ele mostra as tentativas de se
rebelar contra as imposições da sociedade.

O caixeiro-viajante só consegue romper com o automatismo(fazer sempre a mesma coisa todos os


dias, como um robô sem vida) , a dominação de patrão e empregado e a alienação das atividades
diárias e da rotina, na condição de inseto.Essa é a grande ironia de Kafka, ou seja , só na condição
de inseto ele pode se contrapor a essa vida terrível que se resume em trabalhar para consumir sem
nenhum propósito e desse modo leva o leitor a um questionamento.

Diante da ideia de um homem virar inseto , o autor mistura a sátira(comédia que denuncia a
realidade) com a tragédia ao longo da narrativa.

Vale ressaltar o trecho inicial

"Uma manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama
transformado num gigantesco inseto".

“sonhos inquietantes” o fizeram despertar daquele tipo de vida ...e como um inseto ele
transgride a ordem de fazer sempre o mesmo todos os dias.

A obra foi escrita em 1912, dois anos antes do início da Primeira Guerra Mundial. O clima de agonia
e pessimismo , mas apesar disso a obra permanece atual porque explora temas característicos da
sociedade contemporânea, como a crise existencial, a desesperança do ser, pessimismo, a
ausência de resposta, a solidão, impotência e a fuga

A maneira como a história se desenrola proporciona uma imersão de quem a lê. O atraso para o
trabalho leva o chefe de Samsa a ir até a casa do funcionário. A demora obriga a família e o chefe a
abrir a porta do quarto, quando se deparam com uma barata gigante.

Um outro aspecto a ser considerado é que apesar de em nenhum momento da obra o autor fazer
referência ao nome do inseto ao qual Samsa foi transformado, o leitor subentende que se trata de
uma barata. A descrição pormenorizada garante condições para essa interpretação. O fato de não
haver uma menção explícita à barata também reforça as sutilezas usadas pelo autor para abordar o
assunto.

Após a leitura de A Metamorfose, o leitor pode ficar com uma incômoda sensação ao refletir sobre as
contradições que envolvem as relações humanas. Quando a família descobre a transformação
vivenciada por Samsa, ele passa a ser desprezível e deve ser eliminado. Mesmo quando a irmã mais
nova começa a se aproximar dele com o objetivo de alimentá-lo, não esconde as esperanças de que
voltasse à forma humana.

O problema e desconforto gerado pelo protagonista para a família se resolvem quando a barata morre.
A partir de uma abordagem sociológica, a sensação de alívio da família com a morte de Samsa faz
questionar sobre como os interesses pautam a convivência. Como o peso carregado pelo pai, a mãe e
a irmã mais nova, que dependiam do dinheiro de Samsa para o próprio sustento, só acaba com o fim
do inseto, cria-se a impressão de que ele só era bem quisto quando garantia um retorno prático,
quando não estava impossibilitado de trabalhar e repassava a própria remuneração a eles.

Na medida em que não pode mais produzir renda, não serve para mais nada. Não é uma mera alusão
à sociedade capitalista. Trata-se de uma forma – cruel, mas talvez verdadeira – de retratar a frieza e
falta de escrúpulos do ser humano diante de situações de conflito. Quando a família passa a trabalhar
e não depender mais dele, os problemas se resolvem. E ela faz questão de se livrar dele, como mostra
esse trecho da obra:

“... quando nesse momento alguma coisa, atirada de leve, voou bem ao seu lado e rolou diante dele.
Era uma maça; a segunda passou voando logo em seguida por cima dele. Gregor ficou paralisado de
susto; continuar correndo era inútil, pois o pai tinha decidido bombardeá-lo. Da fruteira em cima do
bufê, ele havia enchido os bolsos de maçãs e, por enquanto, sem mirar direito, as atirava uma a uma.
As pequenas maçãs vermelhas rolavam como que eletrizadas pelo chão e batiam umas nas outras.
Uma maçã atirada sem força raspou as costas de Gregor, mas escorregou sem causar danos. Uma
que logo se seguiu, pelo contrário, literalmente penetrou nas costas dele. Gregor quis continuar se
arrastando, como se a dor, surpreendente e inacreditável, pudesse passar com a mudança de lugar;
mas ele se sentia como se estivesse pregado no chão e esticou o corpo numa total confusão de todos
os sentidos...”

Candido é autor da teoria que defende a literatura como elemento social não só porque aborda temas
da realidade social, mas porque é capaz de transformá-la. A Metamorfose explora a solidão, os
sentimentos de exclusão e as crises do homem contemporâneo. Por abordar com profundidade
aspectos sociais, é uma referência da literatura universal.

O mundo imaginário e surreal que marca as obras do autor faz surgir o termo kafkiano, característico
de todo esse universo desconhecido e único. Em A Metamorfose, o fantástico norteia a história, mas
uma leitura atenta pode revelar que a abordagem registrada na obra pode não ser tão imaginária
como se pode pensar, em um primeiro momento. A impotência de Samsa perante ações que antes lhe
eram rotineiras como sair da cama ou caminhar, faz uma alusão às fraquezas humanas diante de
pressões sociais. Denuncia como a sociedade restringe o valor do ser humano ao que produz e às
aparências.

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