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Projeção é um termo introduzido na área da psicologia por Freud, para nomear, primei-
ramente, um mecanismo de defesa, que consiste em atribuir aos outros ou ao mundo externo
impulsos e afetos que pertencem ao próprio sujeito. No momento em que é possível pro-
jetar (para o exterior) conteúdos inconscientes, o indivíduo pode, através dessa estratégia
ignorar o que é indesejável, protegendo-se de um possível sofrimento ou ansiedade (Freud
1986a, 1986b).
Em 1913, com o texto Totem e Tabu, Freud (1994) passa a considerar a projeção como
um mecanismo normal, determinando, em parte, o modo corno cada um percebe o mundo
externo. Dessa forma, o autor destaca que tal mecanismo também ocorrerá onde não há con-
flito, salientando que as lembranças passadas de um indivíduo têm papel decisivo em suas
percepções de estímulos atuais. A projeção também pode ser entendida corno urna forma de
funcionamento mental, proporcionando ao sujeito a estruturação de seu mundo externo, a
partir do interno. A "principal suposição de Freud é que as lembranças conscientes ou incons-
cientes influenciam na percepção de estímulos contemporâneos" (Werlang, 2002, p. 410 ..
Fica claro, então, que a projeção desempenha importante papel na maneira com que cada
um estrutura e percebe o mundo externo.
Valendo-se das ideias psicanalíticas e protestando contra as principais correntes da psi-
cologia acadêmica da época, que tinham sua atenção voltada, principalmente, para a resposta
dos sujeitos frente a determinados estímulos, desvalorizando os componentes internos que
podiam estar envolvidos naquele processo, surgiu a psicologia projetiva, nome dado a um
ramo da psicologia e que se refere a um conjunto de pressupostos, hipóteses e proposições,
expresso em métodos projetivos usados por psicólogos clínicos, para o estudo e o diagnóstico
da personalidade humana (Abt, 1984). Diferentemente das correntes teóricas vigentes naquele
período, a psicologia projetiva baseia-se no estudo funcional dos indivíduos, investigando
a estrutura intrínseca e as propriedades internas dos sistemas, o que faz com que avaliações
dessa ordem sempre sejam expressas em termos dinâmicos. Para Anzieu (1981), o principa:.
objetivo da psicologia projetiva é "colocar em evidência o conjunto dos fatores internos, de
- registro puramente psicológico, intervenientes nas condutas humanas" (p. 263). Quando a
psicologia projetiva insiste em urna análise dinâmica e funcional da personalidade, entende-se
que ela não se ocupa de segmentos isolados da conduta, mas de técnicas mais complexas. São
as funções e os processos psicológicos que compõem a personalidade total de um sujeito que
interessam à psicologia projetiva.
Alguns fatores podem ser listados corno grandes inspiradores da psicologia projeti~a
sublinhando cada vez mais o seu caráter dinâmico e holista. O primeiro fator é o desenvoln-
rnento da teoria psicanalítica, com a insistência de que os comportamentos são impulsionados
e determinados por motivações inconscientes, apontando, consequentemente, para a exis-
tência de urna estrutura e de urna dinâmica de personalidades subjacentes, para o emprego
de mecanismos de defesa e, finalmente, para a utilidade da interpretação do significado sim-
bólico das elaborações e produções dos sujeitos. O segundo fator é o desenvolvimento das
escolas totalistas, que têm a Gestalt como seu principal ícone, célebre por sua compreensão
~-----~==---- ------~-----
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lê== --- ----:- ____ = = =
-----
- ~ -~ h umano como uma totalidade, que sempre terá prioridade e representará mais do que
_ artes que o compõem. O terceiro fator é o surgimento da psicologia do indivíduo, cujo
· r representante é Alfred Adler, que pregava a ideia da personalidade como uma uni-
-e indissolúvel e única. Por fim, outro fundamento que merece menção é a personologia
- _.furray, segundo a qual os indivíduos têm necessidades, que fazem pressão/força para
satisfeitas. Sob grande influência desses fatores, a psicologia projetiva sustenta firme-
-:=:.:-e que a causalidade psicológica sempre será singular, ou seja, os indivíduos não podem
-s:udados como representantes de classes de indivíduos ou de características, e sim como
.=:-os únicos.
::::....TJ.tretanto, a crescente necessidade de criação de classes para análise formal e validação
- -::CTJ.icas projetivas, exigiu a maior consolidação de uma teoria da psicologia projetiva,
==- .L.J.TJ.d o e explicitando conceitos claros para condutas e para a personalidade, passíveis
rificação (Bernstein, 1951; Abt, 1984; Abt & Bellak, 1984). É evidente que essa verifi-
- deve, por um lado, ser empreendida com métodos e condições viáveis para esse tipo
·ca - as projetivas. Por outro, é de grande importância que os dados gerados por esta
""::ªação possam ser admitidos no conjunto geral de conceitos e proposições na área da
~o!!ia, mostrando sua utilidade no estudo e na avaliação da personalidade.
conceito de projeção e a psicologia projetiva foram, então, aqueles que sustentaram
_.,..,~-'--'·_.__._ ento dos métodos projetivos, expressão utilizada pela primeira vez por L. K. Frank,
_ 39, para se referir a três técnicas - Teste de Associação de Palavras de Jung, Rorschach e
=.::e Apercepção Temática (TAT) - , que, segundo ele, "formavam o modelo de uma inves-
- ....::. dinâmica e global da personalidade" (Werlang & Cunha, 1993, p. 123), ideia central
-- instrumentos. Tipicamente, caracterizavam-se por uma situação-estímulo, sem qual-
- -=!lllificado estabelecido pelo examinador ou aplicador do instrumento, sobre a qual o
- - pode imprimir um sentido particular, singular e próprio (Montagna, 1989; Bunchaft
oncellos, 2006).
~ Lã Rapaport (1971), a hipótese que sustenta a existência das técnicas projetivas indica
- : r trás de toda atividade humana está a individualidade do sujeito que a empreendeu.
~ a interpretação de qualquer conduta pode servir como base para a compreensão de
_--:- s de sua personalidade, bem como de aspectos adaptativos e não adaptativos. Além
3._ :deia de que cada indivíduo vive em um mundo único, que lhe é próprio (o mundo
da um o percebe), faz com que a observação de suas condutas em uma atividade con-
como a aplicação de testes projetivos) sirva para a dedução de traços de personalidade
- ~ãmica de seu funcionamento.
- - emelhanças existentes entre as diversas técnicas projetivas residem no fato de que
-o "reveladoras de material dinâmico, normal ou patológico, através da projeção"
--cr & Cunha, 1993, p. 123). Elas possibilitam a avaliação de áreas sadias e patológicas
n alidade, "retratando o mundo interno do indivíduo e revelando seu equilíbrio
-ecursos para lidar com seus conflitos" (p. 124). Nesse tipo de instrumento psicoló-
jeito atribui as próprias qualidades e necessidades a estímulos externos, sem que
=.::c-nsciência disso. Entretanto, cabe lembrar que não somente na projeção é que se fun-
::am as técnicas projetivas, uma vez que aquele fenômeno integra outros processos
~· cosem seu dinamismo, tais como a identificação e a introjeção, que participam da
_--ação do mundo interno do sujeito e o auxiliam, igualmente, a modelar sua impressão
-=--:-i=~- o do meio externo.
- :::.siderando que as técnicas projetivas visam a favorecer intensamente o aparecimento
_.....::: ·o interno do testando, justifica-se o uso de estímulos com elementos suficientes,
õ E - o:.ios ?i!OJ E TIVO S PARA A V ALI .AÇÃO PSI C O L ÓG I CA
apenas, para eliciar uma resposta possível de ser avaliada. Cabe destacar que a percepção é
uma função exercida por fatores externos, do campo da estimulação, e por fatores internos,
conforme a ordem e a intensidade das necessidades do indivíduo, e que os estímulos serão
percebidos conforme o que estiver mais evidente, lembrando que "os estímulos não agem
isoladamente; organizam-se num campo de forças que, sendo estruturado, fará predomi-
narem os fatores externos; sendo pouco estruturado, predominarão os fatores internos"
(Silva, 1989, p. 2).
Por esse motivo, os estímulos utilizados em técnicas projetivas são, de maneira geral,
pouco estruturados, propiciando o aparecimento de elementos do funcionamento interno
do indivíduo, impedindo que este se apoie e se refugie em informações ou dados convencio-
nais e que podem ser controlados. Laplanche e Pontalis (1997) salientam, ainda, que não se
trata apenas da correspondência entre a estrutura da personalidade do indivíduo avaliado e
sua resposta aos estímulos apresentados. É importante lembrar que, mais do que projetar o
que é, o sujeito projeta o que recusa ser.
Em oposição à tradição psicométrica, que valorizava os procedimentos quantitativos,
estatísticos e normativos, as técnicas baseadas na projeção enfatizam os aspectos qualita-
tivos e psicológicos do sujeito avaliado, identificando tendências espontâneas, motivadas por
necessidades implícitas (Villemor-Amaral & Pasqualini-Casado, 2006). É como se se criasse
uma terceira realidade, no momento em que "há uma interação dinâmica entre os objetos
do mundo externo e o mundo interno da pessoa ... a esta percepção dinamicamente signi-
ficativa da realidade Bellak propõe o termo apercepção" (Silva, 1989, p. 1).
Considerando essa definição, fica clara a ideia de que a apreensão dos dados do mundo
externo sempre será plasmada por componentes subjetivos. As necessidades e desejos do
indivíduo direcionam sua atenção para as possibilidades de gratificação, produzindo uma per-
cepção seletiva do ambiente, podendo, até, haver um "falseamento" da realidade, em que o
indivíduo cria fantasticamente a possibilidade de satisfazer suas vontades. Por exemplo: se
estiver com fome, uma pessoa pode confundir a placa de uma farmácia com a de um restau-
rante. Dessa forma, Silva (1989) salien ta que é possível pensar que na capacidade de percepção
de um sujeito existe um continuum, que vai desde a percepção totalmente objetiva da reali-
dade até a distorção aperceptiva extrema, que implica na perda de contato com a realidade e
pode estar presente em alguns quadros psicopatológicos.
Apercepção é o "processo pelo qual uma experiência é assimilada e transformada pe~
resíduo da experiência passada, ou seja, é a interpretação subjetiva da percepção, que é apenê.S
a interpretação objetiva de um estímulo" (Werlang, 2002, p. 410). Sendo assim, duas pess
podem ter a mesma percepção sobre determinado evento ou situação, mas nunca a mes~
interpretação ou apercepção. De acordo com seus conteúdos internos, cada pessoa, fren-==- -
uma percepção, fará uma "deformação" aperceptiva do que percebeu. Há que se acrescer:.
que "cada percepção é modificada por todas as demais, e se integra a elas" (Bellak, 190-::c ~
32), como demonstra o princípio gestáltico de que o todo é mais do que a soma das pa:~e
Juntamente com os elementos m encionados a respeito da interpretação e compr~
do fenômeno da projeção no contexto das técnicas projetivas, Werlang e Cunha :.s:--=
fazem referência à importância do con ceito de regressão a serviço do ego, que possib·
interrupção temporária da ação do juízo crítico, com o relaxamento da censura, lib;::_
material que envolve indícios sobre conflitos, fantasias, desejos e emoções" (p . 125 ..-
.
;
da regressão a serviço do ego o sujeito faz um movimento regressivo ao longo de ,,rr
nuum do pensamento, que vai do processo secundário (princípio da realidade) ac ~J~C-
p rimário (princípio do prazer), através do afrouxamento de controles. Nas tarefas é.;;: e::--=-.
c N TO S SO BRE O S TAT U S CIE N TÍFI C O D A S TÉ C NI CA S P ROJ ET I VAS 19
Por fim, destaca-se que, na tarefa de interpretação de testes projetivos, cabe ao psicólogo
,.._esvendar as motivações inconscientes que se deflagram no momento em que as respostas são
elaboradas. O mundo interno do indivíduo traduz-se através do desvendamento das forças
_ sicológicas envolvidas nas respostas dadas ao teste. Ainda assim, é importante lembrar que
não podemos tomar esta interpretação como sendo a expressão de fato do comportamento
u.O sujeito, mas sim de suas necessidades e fantasias" (Montagna, 1989, p. 9) .
Por outro lado, Freitas (2002) com pleta essa ideia, salientando que, na interpretação desse
::ipo de teste, leva-se em consideração que as vivências infantis têm papel decisivo nas con-
dutas e comportamentos adultos. Além disso, há um profundo interesse pela verbalização
do sujeito, que, acredita-se, revela suas motivações inconscientes. No momento em que uma
pessoa é colocada frente a determinada situação, a forma como vai experimentá-la é de acordo
com sua perspectiva pessoal, e é nisso que se traduz a estrutura de personalidade de cada indi-
·dduo. Quando conta histórias, compõe imagens ou constrói formas, a pessoa utiliza-se de
registros de vivências e imagens passadas para atualizar sua experiência, colocando em ação
as formas com que lida com as situações da vida, bem como demonstrando seus recursos e
habilidade para o enfrentamento e a resolução de problemas. Esse fenômeno sinaliza não
apenas para como funciona o psiquismo da pessoa, mas, também, para os elementos que o
compõem. Logo, as respostas dadas n o teste descortinam a dinâmica afetiva do sujeito ava-
liado, assim como suas habilidades cognitivas (Güntert, 2000).
Finalmente, concorda-se com Aronow, Reznikoff e Moreland (1995), que chamam a
aten ção para a distinção entre as aproximações nomotéticas (abordagem estatística) e idio-
gráficas (abordagem clínica) na avaliação da personalidade e de dados aperceptivos, que
dizem respeito a um indivíduo. Vale destacar que ambas são importantes e complemen-
tam-se, não podendo ser desconsideradas (Villemor-Amaral & Pasqualini-Casado, 2006). Na
abordagem nomotética, o interesse centra-se na avaliação dos dados de um grupo, a partir
de grupos normativos (para avaliar características de uma população) ou de grupos-critério
(para avaliar características de grupos especiais, tais como os portadores de algum transtorno
20 ATUAL I ZAÇÕES EM MÉTODOS PRO J ET I VOS PARA AVALIAÇÃO PSICOLÓG I CA
Seguindo o percurso histórico do conceito de projeção, fica clara a sua relação com a
teoria psicanalítica, o que, num primeiro olhar, parece também se aplicar às técnicas proje-
tivas. Certamente a gênese desses instrumentos reside na psicanálise e em suas formulações
sobre a personalidade. No entanto, atualmente, alguns autores têm usado outras abordagens
teóricas para a interpretação de técnicas de cunho projetivo, sem desconsiderar a afiliação
do conceito de projeção com a teoria psicanalítica, as quais têm demonstrado sua utilidade.
Como exemplo, pode ser citado o uso do TAT numa ahordage_m_gestáltica ou simplesmente
11través da técnica da_análi~e de..cunteúdo,_trahall:!ill:!90 s_om o ~ ç> sujeito relatª-ê!! cada
lâmina (Telles, 2000), numa abordagem transacional (Bunchaft & Vasconcelos, 2006) e huma-
~ exisJ:~ncial TAzevedo,2002). . ·--- -
Telles (2000) argumenta que o referencial psicanalítico oferece uma das possíveis inter-
pretações dos dados de um teste projetivo, mas não a única, e declara, ainda, que aquele que
se desvincular da exclusividade psicanalítica na interpretação dos dados será beneficiado e,
por consequência, beneficiará o sujeito avaliado. A autora concorda que historicamente a
designação de projetivo vincula o pesquisador ao referencial teórico da psicanálise. Entre-
tanto, não há nada que obrigue que essas técnicas sejam interpretadas por uma teoria única·
ou seja, o fato de se basearem no fenômeno da projeção não atrela, automaticamente, esses
instrumentos a uma leitura psicanalítica.
Outro ponto que pode ser tomado para sustentar a legitimidade da transferência das
técnicas projetivas para outras abordagens teóricas é a ideia de apercepção, que indica o OI·
cesso pelo qual a experiência nova é assimilada e transformada pelo traço da experiê
E N TOS SOBRE O STATUS CI ENT ÍFICO DAS TÉCNICAS PROJETIVAS 21
mas demarcam um uso profícuo das histórias - sejam as "prontas", como os contos de faàas
sejam as inventadas por cada um - em um contexto sistémico de interpretação.
Apesar de o teste de Ro~chach ter surgido na década-de 1920, foj_~g!!_nda Guerra Mun-
dial que testemunhou o aumento no uso dos testes projetivos, usados com a finalidade de
avaliar soldados.q{ie v~ltavam do front com severos problemas emoci(mai_s-:- Pâssadas algumas
décadas, esses instrumentos começaram a ser alvo de críticas (Lilienfeld, 1999). Controvér-
sias no campo da avaliação da personalidade e de outros elementos não são uma novidade e,
nesse contexto, certamente, o status científico das técnicas projetivas é algo sempre discutido
e, ainda, um dilema. Dados sobre a validade e a fidedignidade desse tipo de instrumento psi-
cológico são alvos de críticas há várias décadas (Lilienfeld, 1999; Lilienfeld, Wood, & Garb,
2000; Garb, Wood, Lilienfeld, & Nezworski, 2002).
A popularidade no uso clí~.!5~9 dªs técnicas _projetivas continua muito expressiva, apesar
de nem sempre apresentarem resultados psicométricos positiv:ps, o que demarca uma discre-
pância entre a pesquisa e a prática (Aiiastasi & Urbina, 2000). Nessa mesma direção, estão
Camara, Natan e Puente, que em um estudo realizado nos Estados Unidos, citado por Seitz
(2001), demonstraram que o Desenho da Figura Humana (DFH), o Rorschach, o Teste de Aper-
cepção Temática (TAT) e o House-Tree-Person (HTP) são alguns dos testes mais utilizados por
psicólogos clínicos. No Brasil, Hutz e Bandeira (1993), Pereira, Primi e Cobêro (2003), Godoy
e Noronha (2005) e Noronha, Primi e Alchieri (2005), demonstraram em pesquisas nos mais
variados contextos que, apesar de certo descrédito existente em relação aos resultados pro-
duzidos por testes projetivos, muitos psicólogos os utilizam em suas práticas, com o objetivo
de subsidiar suas avaliações. Testes como Rorschach, Zulliger, TAT, Pfister, DFH e Teste das
Fábulas figuram na lista dos m ais populares entre os profissionais da área. Esse dado revela
que é equivocada a ideia de que tal tipo de instrumento estaria fadado à extinção. Lowens-
tein (1987) relata que, embora estejam sendo utilizadas menos do que no passado, essas
técnicas estão longe da morte, e ainda há razões para usá-las e estudá-las. O autor cita, ainda,
-
~ Rorschach e TAT têm se mostrado de grande u!;i_li<;!,ª Q~J}O estudo de pacientes suicidas e
-
f~gressivos, além de fornecerem mais informações do que testes psicométricos, quando apli-
cados em pessoas que tiveram vivências traumáticas.
É certo que as concepções que guiam a interpretação e o uso de técnicas projetivas devem
ser explicitadas e estudadas, buscando cada vez mais solidez e confiança em seus resultados,
bem como nos pilares que sustentam a psicologia projetiva, uma vez que não é possível que
se trabalhe com conceitos que são "J.p.ais esotéricos do que públicos" (Abt, 1984, p. 50). Entre-
tanto, Villemor-Amaral e Pasqualini-Casado (2006) afirmam que o critério de cientificidade
não pode se fundamentar apenas nos parâmetros da psicometria, desprezando-se o raciocínio
clínico e o estudo dos aspectos idiográficos, em destaque em determinados instrumentos.
Dessa forma, não se pode esquecer que exigir dos testes projetivos os mesmos requisitos
exigidos dos testes psicométricos, quanto à sua validade e fidedignidade, é estabelecer algo
impossível de se satisfazer. Parece que os testes projetivos têm evidenciado a necessidade de se
abandonar a dicotomia entre dados quantitativos e qualitativos, pois ambos são importantes
para o estudo da personalidade humana, e é preciso que existam técnicas adequadas para o
manejo de ambos. Certamente esse já era um desafio quando do surgimento da psicologia
TAM ENTOS SOBRE O STATUS CIENTÍFICO DAS TÉCNICAS PROJETIVAS 23
:;irojetiva e, hoje, permanece como o estandarte dos testes projetivos, na discussão a respeito
::e sua utilidade e confiabilidade.
:.á,el que sejam capazes de prever a maneira com que suas respostas serão pontuadas e
-;:_~1.etadas. Anastasi e Urbina (2000) mencionam, ainda, uma pesquisa de Bornstein, Ros-
-.. :. 2ill e Stepanian, que sugere que a relação entre a validade aparente de um teste e sua
-=ctbilidade à simulação é inversamente proporcional. É certo que os testes projetivos não
-iiJ.imunes à simulação, mas o baixo controle que o sujeito tem sobre suas repostas restringe
-, ~'-1.essirnmente o uso dessa estratégia. O fato de o respondente logo se sentir absorvido pela
- :ambém diminui a possibilidade de que faça uso de disfarces e restrições, comuns na
·cação interpessoal. Cabe destacar que, mesmo com a possibilidade de fraude dimi-
o psicólogo deve ficar atento às inconsistências encontradas, comparando fontes de
de informações sobre o sujeito, buscando sempre a intervalidação dos resultados.
_ . . esmo destacando os pontos fortes e positivos dos testes projetivos, parece impor-
men cionar que eles não têm a intenção de substituir os procedimentos quantitativos
.risticos, característicos de testes psicométricos, e sim de somar esforços nos processos
·ação. O estudo das características pessoais dos indivíduos, através de técnicas proje-
- -on duz a investigações da expressão de traços e aspectos que passam despercebidos por
'os e procedimentos quantitativos. Assim, essas características podem ser importantes
....:::lentas que integram o arsenal de profissionais interessados e preocupados em conhecer
~ótigar profundamente os indivíduos (Shneidman, 1965).
~ preciso persistir no estudo de procedimentos metodológicos que demonstrem e
.=;3.:entem evidências de validade a técnicas projetivas, uma vez que o rigor psicométrico
-~ ::ga confiabilidade aos instrumentos, quesito não apenas importante, mas necessário. Por
:_::e lado, entretanto, não se pode esquecer da validade de um enfoque clínico, aplicado
iêrpretação dos resultados, em correlação com outros dados coletados sobre o sujeite
s ..:..u ;,ado. Essa proposta se destaca quando se pensa na complexidade da natureza humana e
_;ão há dúvidas de que as técnicas projetivas oferecem àqueles que as utilizam elem2Ii:-
e ;-cantes sobre a dinâmica da personalidade dos indivíduos, sobre sua percepÇ
-o externo, sinalizando para características de seu mundo interno, e que as inform3..Ç
os processos psíquicos, fornecidas por testes projetivos, têm suficiente impor::ir:
.=. "iue se justifiquem os estudos com tais instrumentos. Entretanto, também nã
,-:,:das de que esse tipo de instrumento carece de mais estudos de validade e fidedignioz,:o =
_-~ceran do que sua utilidade, do ponto de vista clínico, não é suficiente para justf ~-
~---=ego (Macfarlane & Tuddenham, 1966).
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