Вы находитесь на странице: 1из 18

Recebido em 29/09/2017; Aceito em 18/11/2017; Publicado na web em 14/03/2018

Análise numérica do escoamento e


dos coeficientes aerodinâmicos em
aerofólios sem e com a utilização de
flaps plain
45
William Denner Pires Fonseca1;
Lourival Matos de Sousa Filho2;
Genilson Vieira Martins3;
1 Mestrando em Engenharia Mecânica; Faculdade de Engenharia Mecânica; Universidade Estadual de Campinas; Departamento de
Energia; E-mail: fonsecawdp@gmail.com;

2 Professor do Curso de Engenharia Mecânica; Laboratório de Modelagem e Simulação Numérica; Universidade Estadual do Maranhão;
E-mail: filholouri@gmail.com;

3 Professor do Curso de Física; Departamento de Ensino; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão -Campus
Grajaú; E-mail: gvmartins@gmail.com;

RESUMO
Este trabalho apresenta o estudo numérico do escoamento e das características aerodinâ-
micas em aerofólios simétrico e assimétrico sem e com flap. Um modelo bidimensional,
permanente e viscoso é adotado no problema. As equações da conservação de massa (Con-
tinuidade) e da conservação de movimento (Navier-Stokes) são diferenciadas pelo méto-
do dos volumes finitos através do software CFD (Computational Fluid Dynamics) ANSYS/
Fluent™. Inicialmente o código numérico é validado com a comparação dos resultados
obtidos numa simulação para um aerofólio da série NACA 4 dígitos sem flap com os re-
sultados apresentados na literatura. Em seguida buscou-se averiguar como se comporta
os campos de pressão e velocidade, as linhas de corrente, os coeficientes de sustentação e
arrasto para os aerofólios simétrico (NACA 0012) e assimétrico (EPLLER 423) sem e com
flap. Por fim é verificado qual aerofólio é mais eficiente aerodinamicamente.

Palavras-chave: Aerofólio. Flap. Simulação numérica.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Numerical analysis of the flow and
aerodynamic coefficients in aerofolios
without and with using flaps plain
ABSTRACT
46
This article presents the numerical study of the flow and the aerodynamic characteristics in symmetrical
and asymmetrical airfoils without and with flap. A two-dimensional, permanent, and viscous model is
adopted in the problem. The mass conservation (continuity) and conservation of momentum (Navier-S-
tokes) equations are differentiated through the finite volume method using the CFD software (Compu-
tational Fluid Dynamics) ANSYS/Fluent™. Initially, the numerical code is optimized, and validated by
comparing the results obtained in a simulation for a 4 digit NACA flapless series with the results presen-
ted in the literature. Next, we try to find out how the pressure field and velocity, the current streamlines,
the drag and lift coefficients for the symmetrical airfoils (NACA 0012) and asymmetric airfoils (EPL-
LER 423), without and with flap. Finally it is verified which airfoil is more aerodynamically efficient.

Keywords: Airfoils. Flap. Numerical simulation.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


1 INTRODUÇÃO decolagem e pouso podem fazer as condi-
ções do projeto se tornarem inadequadas
Com o aumento continuo nos preços dos
para descrever situações reais de voo.
combustíveis fósseis, a cada dia que passa,
estudos voltados para a aerodinâmica são Prontamente, para atender estas diferentes
convenientemente encontrados. Pesquisas condições, as aeronaves normalmente ado-
de modelos para o cálculo de escoamentos tam sistemas como os flaps, no qual estes
ao redor de superfícies aerodinâmicas vem são definidos de acordo com Brederode 47
crescendo exponencialmente nos últimos (2014) como dispositivos mecânicos que
anos, isto pode ser creditado à aplicação mudam temporariamente a geometria do
desses sistemas em muitos campos da en- aerofólio, afim de produzir mudanças no
genharia como, por exemplo, veículos ter- escoamento.
restres, veículos marítimos, turbomáquinas É notório que devido à crescente impor-
e aeronaves (FONSECA; WOLF, 2017). tância tecnológica dos aerofólios para en-
Bertin e cummings (2009) definem aerodinâ- genharia, foram desenvolvidas gradativa-
mica como sendo a ciência que estuda o mo- mente diversas ferramentas para a análise
vimento de fluidos gasosos, relativos às suas do comportamento aerodinâmico destes
propriedades e características, e às forças que sistemas, dentre os quais podemos citar
exercem sobre corpos sólidos neles imersos. como principais os ensaios em túneis de
vento e as simulações computacionais,
Ribeiro (2002) comenta que uma das prin-
mais conhecidas como CFD (Computational
cipais aplicações da aerodinâmica está rela-
Fluid Dynamics).
cionado ao ramo aeronáutico, mais precisa-
mente com o projeto global de aerofólios, Os testes em túneis de vento podem apre-
esses são definidos segundo Anderson sentar maior confiabilidade nos resultados
(2007) como sendo objetos de perfis aero- em relação aos métodos numéricos, entre-
dinâmicos com seção constante e bidimen- tanto, ainda são procedimentos demorados,
sional. No entanto, para Abbott (1932) um com custos bastante elevados e também
aerofólio é apenas uma simplificação do possuem uma série de erros e incertezas as-
comportamento de uma asa teórica com sociados aos experimentos que devem ser
razão de aspecto infinita, dessa forma, é estudados com cautela (VARGAS, 2006).
possível supor que o escoamento possa ser Já os métodos numéricos permitem aná-
descrito em um plano. lises mais rápidas e com custos inferiores
O projeto de um aerofólio basicamente sobretudo devido a capacidade de proces-
procura atender uma situação em que a samento dos computadores digitais, o que
aeronave está em voo predominante, geral- torna os métodos computacionais de CFD
mente nivelado, em velocidades e altitudes uma importante ferramenta na aerodinâ-
de cruzeiro. Contudo, circunstâncias como mica moderna.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Neste contexto, o presente trabalho visa
analisar numericamente o escoamento e as
características aerodinâmicas em dois aero-
fólios, sendo um simétrico e outro assimé-
trico, sem e com a utilização de flap, para
diferentes ângulos de ataque.
Fonte: Fox, Mcdonald e Pritchard (2013, p. 421).
48
Com base na ilustração, percebe-se que o
2 FUNDAMENTAÇÃO
escoamento de corrente livre, caracteriza-
TEÓRICA do pela velocidade V∞, divide-se no ponto
de estagnação e contorna o corpo. O flui-
2.1 Escoamento externo
do em contato com a superfície adquire
Segundo Munson, Young e Okiishi (2004)
à velocidade do corpo como resultado da
escoamentos externos são escoamentos so- condição de não escorregamento. Cama-
bre corpos imersos em um fluido sem fron- das limite são formadas nas superfícies su-
teiras, tais corpos são caracterizados por perior e inferior do corpo. O escoamento
uma camada limite de crescimento livre en- da camada limite é inicialmente laminar,
a transição para o escoamento turbulento
volvida pelo escoamento, que geram peque-
ocorre a alguma distância do ponto de es-
nos gradientes de velocidade e temperatura.
tagnação, distância esta que depende das
Çengel e Cimbala (2007) comentam que a condições de corrente livre, da rugosidade

principal diferença entre os escoamentos in- da superfície e do gradiente de pressão. A


camada limite turbulenta que se desenvol-
ternos e externos se dar em virtude de que
ve após a transição, cresce de forma mais
para os escoamentos confinados (interno),
acentuada que a camada laminar. Um leve
todo o campo de escoamento é denominado deslocamento das linhas de corrente é cau-
por efeitos viscosos, já no escoamento sobre sado pelo crescimento das camadas limites
corpos (externo), os efeitos viscosos estão li- sobre as superfícies. Em uma região em que

mitados a algumas partes do campo de esco- o gradiente de pressão é adverso (∂P/∂x>0),


assim chamado porque ele se opõe ao mo-
amento como as esteiras e camadas limite.
vimento do fluido, resultando numa dimi-
Para uma descrição mais clara, a figura (1) nuição da velocidade, uma separação do
ilustra os diversos fenômenos que ocorrem escoamento pode ocorrer. O fluido que es-
tava nas camadas limites sobre a superfície
nos escoamentos externos.
do corpo forma a esteira viscosa atrás dos
Figura 1: Ilustração do desenvolvimento das pontos de separação (FOX; MCDONALD;
camadas limite de velocidade e temperatura: PRITCHARD, 2013).

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Com isso, percebe-se que as características Munson, Young e Okiishi (2004) afirmam
dos escoamentos sobre corpos dependem que na ausência de todos os efeitos viscosos
fortemente de vários parâmetros, nos quais μ = 0), o número de Reynolds é infinito e
é de se destacar os adimensionais. Dentre que na ausência de todos os efeitos de inér-
estes, o número de Mach é um dos mais im- cia (r = 0), o número de Reynolds é nulo.
portantes, pois caracteriza o escoamento em Roskam e Edward (1997) comentam que,
relação a sua compressibilidade, tal parâme- se número de Reynolds for inferior a 107 49
tro é expresso segundo Brunetti (2008) por: o escoamento é caracterizado por regiões
de fluido bem organizadas, de forma que o
fluxo pode ser chamado laminar. Todavia,
se o número de Reynolds estiver acima de
Onde, V [m/s] representa a velocidade de
107, o movimento do fluido se torna caó-
corrente livre do fluido e C [m/s] a velo-
tico, isto é, este é caracterizado por flutua-
cidade do som. Se considerar-se um meio
ções aleatórias e rápidas de regiões de rede-
isentrópico (s = constante), a velocidade do
moinho de fluido, chamadas de turbilhões,
som é definida pela equação (2).
para essa condição o escoamento é dito tur-
bulento. A figura (2) ilustra a transição do
regime de escoamento.

Figura 2: Transição de regime de escoamento:


Sendo que, P [N/m] é a pressão, r [Kg/m³] a
densidade do fluido e s a entropia. Para Ma
< 0,3 temos escoamentos incompressíveis,
se 0,3 < Ma > 1 o escoamento é dito com-
pressível, com Ma = 1 o escoamento é sôni-
co e para Ma > 1 escoamento é hipersônico.

Outro importante parâmetro nas análises


Fonte: Munson, Young e Okiishi (2004, p. 491).
de escoamentos externos é o número de
Reynolds, onde este representa a razão en- Como dito, quanto maior for o número de Rey-
nolds, menor é a região onde os efeitos visco-
tre os efeitos de inércia e os efeitos viscosos.
sos são importantes e vice-versa. Esta diferença
Çengel e Cimbala (2007) afirmam que este
de comportamento do escoamento, aliada aos
parâmetro define o regime de escoamento
fenômenos de transição laminar-turbulenta,
de um fluido em laminar ou turbulento,
gera padrões de escoamento bastante diferen-
sendo expresso matematicamente por:
ciados para uma mesma geometria.

Silva (2005) comenta em seu trabalho que na


classe de escoamentos sobre corpos, as regi-
ões onde os efeitos viscosos são importantes

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


são designadas por esteira e camada limite, gar geométrico dos pontos onde a velocidade
ilustradas esquematicamente na figura (3). u paralela ao corpo atinge 99% da velocidade
externa U, ou seja, a velocidade é nula, até
Figura 3: Transição de regime de escoamento:
uma distância perpendicular à superfície.

As equações que regem os fenômenos da


camada limite na forma integral são co-
50 nhecidas como equações de Von Kármán e
equação da energia, estas são expressas se-
gundo Moram (1984) por:

Fonte: Fox, Mcdonald e Pritchard (2013, p. 458).

Batchelor (1967) define a esteira como sen-


do uma região formada a jusante do cor-
po, resultado da própria perturbação que o
corpo apresenta ao escoamento. A camada
limite é acentuada como sendo uma região
Onde: ξ, η é o sistema de coordenadas local,
formada nas adjacências do corpo pelo efei-
sendo ξ tangente e η normal à superfície, Ve
to de aderência da camada de fluido que
a velocidade na fronteira da camada limite,
está em contato com a superfície, conheci-
δ a espessura de momentum, θ a espessura
da como condição de não escorregamento.
de energia, H o fator de forma da espessura
Para melhor compreender o fenômeno da de deslocamento definido como H=δ/θ, cf
camada limite, imaginemos uma partícula o coeficiente de atrito e cd o coeficiente de
fluida em contato direto com a parede de dissipação, sendo que estes coeficientes são
um sólido submetido a um escoamento ex- expressos respectivamente pelas equações
terno, devido às forças viscosas, esta partícu- (6) e (7).
la que se encontra infinitamente próxima da
superfície, terá velocidade nula nas regiões
próximas à superfície, mas não em contato,
terão velocidades menores que a velocidade
de escoamento, devido à ação das forças vis-
cosas. Essa região onde há variação de velo-
cidade devido a efeitos viscosos é conhecida
como camada limite e sua espessura é com-
preendida desde o contato com a superfície.

De maneira formal, Reis (2015) define a es- Onde τ é a tensão de cisalhamento e τw é a


pessura da camada limite δ como sendo o lu- tensão de cisalhamento na parede, ou seja,

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


quando η = 0: Reis (2015) comenta que as equações aci-
ma apresentadas podem ser aplicadas em
qualquer corpo imerso num escoamento.
Contudo, é bastante difícil de utiliza-las,
Logo temos que, tais tensões existentes no devido a normalmente não conhecermos
campo de escoamento são devido à ação de as distribuições de pressão. Vários esfor-
efeitos viscosos para as tensões cisalhantes, ços tem sido feitos para determinar estas, 51
e devido à pressão local, para as tensões mas, devido as complexidades envolvidas,
normais. Estas tensões dão origem a uma elas estão disponíveis apenas para algumas
força resultante de modelo F, onde esta é
situações bem simples. Uma solução alter-
decomposta em duas componentes, sen-
nativa muito utilizada para contornar esta
do que, a componente normal desta força
dificuldade é definir coeficientes adimen-
é conhecida como sustentação (eq. 9) e a
sionais de sustentação e arrasto, no qual
componente na direção do escoamento é
chamada de arrasto (eq. 10). Tal configura- estes são expressos respectivamente pelas
ção é ilustrada na figura (4). equações (11) e (12).

Figura 4: Distribuição das tensões normal e


de cisalhamento:

Fonte: Çengel e Cimbala (2007, p. 493).


2.2 Métodos numéricos

Devido à complexidade das equações que


regem os escoamentos aerodinâmicos, nos
quais é necessário a obtenção destas de forma
integral para que se possa ter informações de-

Para as equações acima, θ representa o ân- talhadas sobre todo o campo do escoamento,
gulo que a componente normal exterior ao foram desenvolvidos gradativamente no de-
elemento diferencial de área faz com a dire- correr do anos diversos métodos numéricos
ção positiva do escoamento. capazes de resolves tais problemas.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Dentre os principais métodos de solução Para tanto, o domínio de solução é dividido
utilizados em aerodinâmica computacio- num número finito de volumes de contro-
nal, destacam-se: le, e a equação da conservação é aplicada a

• Método dos Painéis e Vortex-Lattice cada um desses volumes. No centroide de


cada volume de controle, localiza-se um nó
• Método dos Volumes Finitos
computacional, no qual são calculados os
• Método dos Elementos Finitos valores das variáveis, sendo que, os valores
52
das variáveis nas superfícies dos volumes de
2.2.1 Método dos painéis e Método de
Vortex-Lattice controle são obtidos por interpolação em

Tanto o Método dos Painéis quanto o Mé- função dos valores nodais. Como resultado,

todo de Vortex-Lattice, que são apresenta- obtém-se uma equação algébrica para cada

dos com detalhes em Hess e Smith (1966) volume, na qual aparecem os valores das va-

e Miranda, Elliott e Baker (1979) respecti- riáveis no nó em causa e nos nós vizinhos.

vamente, solucionam o escoamento não Suas principais vantagens são a robustez e


viscoso através da solução da equação de o fornecimento de resultados detalhados de
Laplace, distribuindo singularidades (esco- todo o campo do escoamento, sendo possível
amentos elementares) ao longo do corpo sua utilização e qualquer tipo de escoamento.
que atendem a condição de impermeabi- 2.2.3 Método dos elementos finitos
lidade (o escoamento não pode atravessar
O Método dos Elementos Finitos (MEF) é
uma superfície sólida não porosa) e a Con-
similar ao Método dos Volumes Finitos, o
dição de Kutta.
que diferencia-os é o fato de que no MEF
A diferença básica entre ambos os métodos as equações de conservação não são discre-
é o tipo de singularidade utilizada em cada tizadas nos centroides dos volumes, e sim,
formulação. Às suas formulações clássicas nos pontos da malha computacional, além
podem ainda ser incluídos diversos mode- do mais estas são multiplicadas por uma
los como camada limite, correções devido à função peso antes de serem integradas so-
compressibilidade e cálculo da esteira. Tais bre todo o domínio.
características fazem com que esses méto-
Uma vantagem importante do MEF é a ca-
dos sejam bastante utilizados em aerodinâ-
pacidade para lidar com geometrias arbitrá-
mica computacional (VARGAS, 2006).
rias. Existe uma literatura extensiva dedi-
2.2.2 Método dos volumes finitos cada à construção de malhas de MEF, tais
Segundo Gonçalves (2007), o Método dos malhas são facilmente refinadas em regiões
Volumes Finitos (MVF) consiste em integrar de interesse, pois cada elemento pode ser
as equações diferenciais de conservação. simplesmente dividido em vários.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


3 METODOLOGIA Figura 5: Esquema do problema de escoa-
mento externo:
3.1 Metodologia matemática
Para a solução de qualquer problema real de
engenharia é necessário modelar os fenô-
menos físicos presentes através da adoção
de hipóteses simplificadoras e de equações
53
matemáticas que expressem corretamente
a física envolvida. As hipóteses devem ser
tais que possibilitem a formulação de um Fonte: Autor.
problema matemático que seja bem posto e Para o desenvolvimento do modelo mate-
que possua soluções coerentes. mático são admitidas as seguintes hipóteses:
Baseado nisso, o presente capitulo abordará • Escoamento bidimensional;
o modelamento matemático do problema
• Escoamento Incompressível;
de escoamento externo sobre aerofólios,
• Regime laminar e permanente;
onde será apresentado as equações de con-
servação de massa (equação da continuida- • Fluido viscoso;
de), quantidade de movimento linear (Na- • Fluido Newtoniano;
vier-Stokes) e hipóteses simplificadoras. As
• Não há efeitos de superfície livre.
equações acima mencionadas são apresen-
tadas na forma Lagrangeana, e sua obten- 3.1.2 Equações governantes
ção é feita aplicando as leis fundamentais Segundo White (2011) as equações que re-
da mecânica dos fluidos em um volume de gem o movimento de um escoamento in-
controle diferencial. compressível de um fluido Newtoniano e
com propriedades constantes, são as equa-
3.1.1 Formulação matemática ções da conservação de massa (continui-
Considere um aerofólio imerso em uma re- dade) e da quantidade de movimento (Na-
gião infinita totalmente preenchida por um vier-Stokes). Estas são apresentadas na sua
fluido que inicia seu escoamento uniforme forma integral como:
impulsivamente, isto é, o fluido assume ve-
locidade constante em todo o domínio ins-
tantaneamente. O escoamento incide sobre
o aerofólio fazendo um ângulo com relação
à corda do aerofólio, chamado ângulo de
ataque. A figura (5) mostra um desenho es-
quemático da situação descrita.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Aplicando o teorema de Gauss do lado direito da equação da continuidade, temos:

Combinando as duas integrais de volume em uma:

54

Desta forma tem-se que, para que a integral seja nula, qualquer volume de controle ar-
bitrário deve ser nulo em todos os pontos dentro do volume de controle, caracterizando
assim a equação diferencial da continuidade, sendo esta expressa por:

Da mesma maneira se obtém as equações de Navier-Stokes na sua forma diferencial. En-


tretanto, deve-se ter um tratamento especial no que se refere as forças externas. Estas são
apresentadas da seguinte forma:

Considerando as hipóteses simplificadoras já mencionadas, as equações apresentadas an-


teriormente são reduzidas a:

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Onde, r [kg/m³], µ [Pa/s], u [m/s] e p [N/m] numérica e o termo do lado esquerdo é de-
representam a densidade, a viscosidade di- nominado como convectivo.
nâmica, a velocidade e a pressão estática, As equações discretizadas da variável de-
respectivamente. pendente são obtidas integrando a equação
governante sobre cada um dos volumes de
3.2 Metodologia numérica
controle do domínio. Portanto a equação
A tarefa de um método numérico é resolver
Eq. (25) dá origem a uma nova equação para 55
uma ou mais equações diferenciais, substi-
cada vértice da malha, ou seja, tendo como
tuindo as derivadas existentes na equação por
ponto de partida a equação (25) e integran-
expressões algébricas que envolvem a função
do-a no em um volume de controle, temos:
incógnita. Com o método numérico adota-
do, ou seja, o volume finitos, serão feitas as
simulações do problema já mencionado.

Como apresentado em Patankar (1980), Ma- Como resultado desta integração, temos a
equação geral de discretização, onde esta é
liska (2004) e Vesteeg e Malalasekera (2007)
expressa segundo Patankar (1980) por:
o procedimento para se obter as equações
discretizadas no método dos volumes finitos
consiste em integrar, no volume de controle
Sendo que, P é o ponto central da malha
finito, a equação diferencial na forma con-
computacional e os sub-índices N, S, E e W
servativa. Gonçalves (2007) comenta que o
indicam a localização dos pontos discretos,
processo de discretização torna-se mais con-
como ilustrado na figura (6).
veniente se todas as equações governantes
possuírem uma forma comum, isto é, a for- Figura 6: Ilustração da malha computacional:
ma da equação geral de transporte.

Desta forma, as equações (21), (22) e (23)


podem ser escritas para um campo escalar
Φ como uma equação geral de transporte na
forma tensorial ou na forma divergente, es-
tas são expressas pelas equações (24) e (25).

Fonte: Gonçalves (2007).

A Equação (27) na sua forma linear deve ser


solucionada para todo o domínio computa-
cional, assim deseja-se resolver um sistema
Onde, os termos do lado direito são deno- de equações discretizadas. Este sistema de
minados respectivamente por difusivos e acordo com Maliska (2004) pode ser expres-
fonte, no qual Γ é o coeficiente de difusão so na sua forma matricial pela equação (28).

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Figura 7: Comparação dos resultados nu-
mérico e experimental:
Onde, [A] é a matriz dos coeficientes e [Φ]
é a matriz das incógnitas. Os métodos para
solucionar tais problemas numéricos são ba-
seados em diretos e iterativos. Para este artigo

56
optou-se pelo método iterativo, devido a ra-
pidez que ocorre o processo de convergência.

No que se refere ao acoplamento pressão-ve-


locidade presente nas equações governantes,
os métodos de solução de tais problemas são
divididos em acoplados e segregados. Para
a solução deste problema optou-se por um
Fonte: Autor.
método de natureza segregada, mais preci-
samente o SIMPLE (Semi Implicit Linked As simulações foram realizadas para os per-
fis aerodinâmicos NACA 0012 e EPLLER
Equations), onde este consiste em criar uma
423 e o flap foi alojado a 20% do bordo de
equação para a pressão, que permita que o
fuga com uma deflexão de 40°. Adotou-se
processo iterativo avance, até o momento
ainda o método UPWIND de 2ª ordem para
em que todas as equações de conservação
o tratamento dos termos advectivos, um
envolvidas sejam satisfeitas.
fator de convergência de 10-3 para as va-
3.3 Modelagem e simulação riáveis pressão, velocidade e continuidade
As equações apresentadas no modelamen- e fatores de relaxação de 0,3 e 0,7 para a
to numérico foram resolvidas através do pressão e momentum respectivamente. As
software comercial CFD ANSYS/FluentTM. condições de contorno utilizadas foram:
Inicialmente foi realizada uma análise com- • • Velocidade prescrita de 10 m/s na
parativa da solução do problema, adotando- entrada do domínio computacional;
-se uma malha não estruturada com 89551
• • Pressão atmosférica na saída;
nós, com os dados experimentais apresenta-
dos por Abbott (1932). Tal comparação foi • • Condição de parede no aerofólio

realizada visando garantir resultados numé- para satisfazer a condição de não des-
lizamento.
ricos confiáveis e a figura (7) apresenta tais
resultados. Verifica-se que há uma boa con-
cordância no que diz respeito aos resultados 4 RESULTADOS E DISCURSÃO
numéricos apresentados com os dados ex- Com base na metodologia apresentada ante-
perimentais, logo pode-se afirmar que os da- riormente, nesta parte do trabalho serão apre-
dos expostos neste trabalho são confiáveis. sentados e discutidos os resultados obtidos.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


A figura (8) mostra os campos de pressão do aerofólio simétrico NACA 0012 sem flap para
diferentes ângulos de ataque.

Figura 8: Campos de pressão do aerofólio NACA 0012 sem flap:

57

Fonte: Autor.

Pode se observar na figura (9) que para o ângulo de 0° a sustentação produzida por esse
aerofólio é zero, como esperado devido a simetria do campo de pressão. À medida que se
aumenta o ângulo de ataque, constata-se que o gradiente de pressão se torna favorável
(∂P/∂x<0) na parte superior do perfil e adverso (∂P/∂x>0) na parte inferior, essa diferença
de pressão causa a sustentação e uma curva linear é gerada até aproximadamente 15°.

Figura 9: Coeficiente de sustentação dos perfis sem flap:

Fonte: Autor.

Pode também ser observado que quando o aerofólio se encontra a 15° (ver figura (10)),
os vórtices estão por toda parte superior do perfil. Esses vórtices fazem com que as linhas
de corrente divirjam, de modo que a velocidade diminui e como consequência a pressão
aumenta, logo a camada limite se desprende do escoamento e o aerofólio entra em estol.
Para o perfil assimétrico EPLLER 423 nota-se que mesmo com o ângulo de ataque zero é
gerado sustentação, isto é decorrência do seu camber (curvatura), o CLmáx para este aero-
fólio é de 2,1 e o estol ocorre a 12°.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Figura 10: Linhas de corrente do aerofólio Figura 12: Campos de pressão do aerofólio
NACA 0012. α = 15°: EPLLER 423 com flap:

58

Fonte: Autor.

No que diz respeito ao arrasto desses perfis


(ver figura (11)), verifica-se que até 14° os
valores são aproximados, no entanto acima
desse ângulo o aerofólio NACA 0012 cresce
de forma mais acentuada que o EPLLER 423.

Figura 11: Coeficiente de arrasto dos perfis


sem flap:

Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Entretanto, o estol ocorre a ângulos inferio-
Para os aerofólios com flap, verificou-se
que mesmo a baixos ângulos de ataque a res aos aqueles próprios para perfis sem flap

diferença de pressão entre as superfícies su- como pode ser observado na figura (13). Tal
perior e inferior é muito grande (ver figura fenômeno é fundamentado pela presença
(12)), provocando altos valores nos coefi- excessiva de vórtices em aerofólios com
cientes de sustentação. Isto é decorrência flap a baixos ângulos, como observado no
da mudança na geometria do perfil. campo de velocidade da figura (14).

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Figura 13: Coeficientes de sustentação dos
perfis com flap:

59

Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Quanto ao arrasto, percebe-se que o aero-
Figura 14: Campo de velocidade do aerofó-
fólio simétrico possui valores menores para
lio EPPLER 423 com flap:
pequenos ângulos de ataque. Todavia, para
ângulos acima de 10° este possui coeficien-
tes maiores que aqueles apresentados pelo
perfil assimétrico.

Figura 15: Coeficientes de arrasto dos per-


fis com flap:

Fonte: Autor.

Após realizadas todas as simulações, obser-


vou-se a partir da figura (16) que o aerofó-
lio assimétrico EPLLER 423 sem flap é o que
possui maior eficiência aerodinâmica para
todos os ângulos de ataque. Isto acontece
porque este perfil tem melhores relações
CL/CD para todos os ângulos simulados.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


Figura 16: Eficiência aerodinâmica dos aerofólios:

60

Fonte: Autor.

5 CONCLUSÃO
Neste trabalho, foi estudado, numericamente, o escoamento e as características aerodi-
nâmicas em aerofólios sem e com a utilização de flaps, onde foi fixado um número de
Reynolds e variado o ângulo de ataque, com intuito de verificar qual aerofólio e sua dis-
ponibilidade (sem ou com flap) seria mais eficiente aerodinamicamente.

A partir dos resultados apresentados no capítulo anterior, chega-se a algumas conclusões:

As simulações mostraram que quando analisado somente os aerofólios sem flap, o assimé-
trico possui coeficientes de sustentação superiores e coeficientes de arrasto aproximados
aos aqueles apresentados pelo perfil simétrico.

Quando avaliado os perfis com flap, verificou-se que o assimétrico da mesma forma que
quando analisado os sem flap possui melhores relações CL/CD aos do aerofólio simétrico.
No entanto, foi constatado também que o estol para os perfis com flap ocorre a ângulos
inferiores aos dos sem flaps.

Por fim observou-se que o perfil EPPLER 423 sem flap é o que possui maior eficiência, pois
este aerofólio é o que possui melhores relações CL/CD. Entretanto, este perfil entra em
estol a ângulos menores que o aerofólio simétrico estudado.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


REFERÊNCIAS
ABBOTT, I.H. The Drag of Two Streamline Bodies as Affected by Protuberances and Appen-
dages. NACA Report 451, 1932.

ANDERSON JR, John. D. Fundamentals of aerodynamics. 5. ed. Nova York: Mcgrauw-


-Hill, 2007. 1131 p.

BATCHELOR, G. K. An Introduction to Fluid Dynamics. Cambridge: University Press, 61


1967. 624 p.

BERTIN, John J.; CUMMINGS, Russel M. Aerodynamics for Engineers. 5. ed. Nova York:
Prentice Hall, 2009. 757 p.

BREDERODE, Vasco de. Aerodinâmica incompressível: Fundamentos. Lisboa: IST Press,


2014. 735 p.

BRUNETTI, Franco. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2008.

ÇENGEL, Yunus A; CIMBALA, John M. Mecânica dos fluidos: Fundamentos e Aplicações.


São Paulo: McGrauw-Hill, 2007. 816 p.

FONSECA, William Denner Pires; WOLF, William Roberto. Estudo aerodinâmico de asas
finitas por modelos numéricos de linha de sustentação. In: XXIV Congresso Nacional
de Estudantes de Engenharia Mecânica, Rio Grande, R S, 2017.

FOX, Robert W; MCDONALD, Alan T; PRITCHARD, Philip J. Introdução à mecânica dos


fluidos. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014. 871 p.

GONÇALVES, Nelson Daniel Ferreira. Método dos volumes finitos em malhas não es-
truturadas. 2007. 71 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Matemática) – Universidade
do Porto, Cidade do Porto, 2007.

HESS, J. L; SMITH, A. M. Calculation of Potencial Flow About Arbitrary Bodies. New


York: Pergamon Press: Progress in Aeronautical Science, 1966. 138 p.

MALISKA, Clovis R. Transferência de Calor e Mecânica dos Fluidos Computacional. 2.


ed. São Paulo: LTC, 2004. 453 p.

MIRANDA, L. R; ELLIOTT R. D; BAKER, W. M. A Generalized Vortex Lattice Method for


Subsonic and Supersonic Flow Applications. NASA CR 2865, 1977.

MORAN, J. An introduction to Theoretical and Computational Aerodynamics. John


Wiley and sons, 1984.

MUNSON, Bruce R; YOUNG, Donald F; OKIISHI, Theodore H. Fundamentos da mecâni-


ca dos fluidos. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2004. 571 p.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017


PATANKAR, S.V. Numerical Heat Transfer and Fluid Flow. Hemisphere Publishing Co, 1980.

REIS, Max William Frasão. Análise computacional dos coeficientes de arrasto e sus-
tentação para diferentes perfis aerodinâmicos. 2015. 65 f. Monografia (Graduação em
Engenharia Mecânica) - Universidade Estadual do Maranhão, São Luís, 2015.

RIBEIRO, Diogo Eduardo. Simulação numérica de aerofólios de alta sustentação. In: IX


Congresso Nacional dos Estudantes de Engenharia Mecânica Itajubá, MG, 2002.
62
ROSKAM, Jan; EDWARD Lam. Airplane, a Aerodynamics and Performace. Ottawa:
Roskan Aviation and Engineering Corporation, 1997.

SILVA, Daniel Fonseca de Carvalho. Simulação numérica do escoamento ao redor de


aerofólios via método de vórtices associado ao método dos painéis. 2005. 175 f. Dis-
sertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2005.

VARGAS, Luís Augusto Tavares. Desenvolvimento e implementação de um procedi-


mento numérico para cálculo de conjuntos asa-empenagens de geometria complexa
em regime de vôo subsônico, assimétrico e não linear. 2006. 109 f. Dissertação (Mestra-
do em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 2006.

VERSTEEG, H.K; MALALASEKERA, W. An Introduction to Computational Fluid Dy-


namics: The Finite Volume Method. 2 ed. New York: Longman Scientific & Technical,
2007. 517 p.

WHITE, Frank. M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. 880 p.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 1, 2017

Вам также может понравиться