Вы находитесь на странице: 1из 22

GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A

CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A


REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A CONSTRUÇÃO DE


CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
(STRATEGIC MANAGEMENT IN PUBLIC SECURITY: THE CONSTRUCTION OF SCENARIOS FOR
PROSPECTIVE PERFORMANCE OF MEGA EVENTS)

#1 - Dmitryev Cyreneu Da Silva


Bacharel em Administração - UFRN
E-mail: sirdmitryev@hotmail.com

# 2 - Lucas Ambrósio Bezerra De Oliveira


Mestre em Engenharia de Produção - UFRN
Professora da Universidade Federal do Semi-Árido - UFERSA
E-mail:lucasambro@gmail.com

#3 – Jamil Ramsi Farkat Diógenes


Mestrando em Engenharia de Produção– UFRN
Pesquisador do Núcleo Aplicado à Gestão e Inovação – DEP/CT/UFRN
E-mail:farkatt@gmail.com

#4 – Fernanda Cristina Barbosa Pereira Queiroz


Doutora em Engenharia de Produção - UFSC
Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
E-mail: fernandacbpereira@gmail.com

#5 – Marciano Furukava
Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais - UFRN
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
E-mail:furuka2010@yahoo.com.br

#6 - Jamerson Viegas Queiroz


Doutor em Engenharia de Produção - UFSC
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
E-mail: viegasqueiroz@gmail.com

RESUMO
O propósito deste artigo é apresentar os resultados de uma pesquisa que abordou o método Global
Business Network, como meio para elaboração de cenários prospectivos na área de segurança
pública, com enfoque na promoção de Megaeventos como a Copa do Mundo de 2014. O trabalho
consiste em um estudo de caso na área de segurança pública do Rio Grande do Norte (RN), sendo
que os dados primários foram levantados a partir da aplicação da técnica de grupo focal, com os dois
gestores da área de segurança pública do RN que tratam de Megaeventos. Foram projetados quatro
cenários, partindo-se de um cenário em que ocorrem investimentos na segurança pública, até o
cenário em que há baixo investimento. Pode-se dizer que o Rio Grande do Norte não está preparado
para realizar um Megaevento hoje, no entanto caminha para uma melhora considerável em sua
capacidade de gestão em Megaeventos.

Palavras-chaves:Cenários Prospectivos; Gestão Estratégica; Matriz SWOT; Segurança Pública;


Megaeventos.
__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 181
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________
ABSTRACT
The objective of this paper is to present the results of a survey that addressed the method GBN -
Global Business Network, as a means for building future scenarios in the area of public security, with
a focus on preparation for events such as the FIFA world Cup 2014. The study, conducted in Rio
Grande do Norte, designed four scenarios, ranging from a scenario in which investments in public
safety occur until the scenario where there is low investment and increased violence. You could say
that the work presented actions that may contribute to the planning of public safety for the conduct of
events.

Keywords: Prospective Scenarios; Strategic Management; SWOT Matrix; Public Safety; Mega
events.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 182
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO
Hodiernamente, na sociedade existem desafios que se apresentam como
imprescindíveis ao sucesso da gestão pública. Estes desafios representam os
vetores estratégicos que todo governante deve perseguir (saúde, educação,
moradia, segurança e lazer), pois estes são pilares que sustentam uma nação,
portanto deveres do estado e direito do cidadão (BRASIL, 2013).
Segurança pública é uma das áreas de que a constituição brasileira trata
como responsabilidade do Estado, tendo como objetivo maior o fomento de políticas
públicas capazes de prevenir e combater a criminalidade; salvaguardar a
manutenção da ordem pública, e oferecer suporte para que os cidadãos possam
viver e conviver livre dos riscos a que estão expostos nos dias atuais (BRASIL,
1988).
Entretanto o cumprimento dessa responsabilidade vem sendo deixada a
desejar pelo governo. Segundo dados do FBSP (2012) publicados no Anuário
Brasileiro de Segurança Pública, em 2011 a união reduziu em 21,26% o volume de
investimentos no setor em relação a 2010. Em face a isto o estudo da ONU
(Organização das Nações Unidas), divulgado em 2011, coloca o Brasil na 26ª
posição entre os países com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes,
evidenciando a insegurança vivenciada nas cidades brasileiras (UOL, 2012).
Nesse contexto, a segurança pública é uma das situações que tem
preocupado a sociedade, fazendo-a questionar, em tempos de Megaeventos como
Copa do Mundo, quanto é capacidade governamental em prover segurança aos
usuários.
Considerando a relevância e importância da Segurança Pública, somada às
demandas emergentes face a Copa do Mundo de 2014, que terá como uma das
cidades sede Natal, a capital do Rio Grande do Norte, este estudo consiste em um
análise da gestão estratégica na área da segurança pública no estado, utilizando a
metodologia de construção de cenários prospectivos. Busca-se portanto, responder
o seguinte problema de pesquisa: quais estratégias de segurança pública devem ser
utilizadas quando se realiza um megaevento no Rio Grande do Norte? Logo,
objetiva-se, com este trabalho, a proposição de estratégias que possam contribuir
para a melhoria da gestão estratégica para a Segurança Pública no RN.
__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 183
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

Para tanto, o presente trabalho contemplará um estudo de caso na área de


segurança pública do RN com uma abordagem mais específica quanto a realizações
desses megaeventos, através da construção de cenários prospectivos utilizando o
método GBN – Global Business Network (Schwartz, 2003), com a finalidade de
construir futuros prováveis que ajudarão o Governo a aprimorar as políticas públicas
de segurança.
O estudo é importante uma vez que lança luz nos debates de segurança
pública e os megaeventos esportivos que serão realizados nos estados brasileiros.
Além de ser importante para a gestão estratégica da área, uma vez que o estudo foi
realizado com as duas organizações responsáveis por tal área: a Secretaria de
Estado da Segurança Pública e da Defesa Social – SESED e a Secretaria
Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos – SESGE.
O artigo está dividido em cinco seções, em que a primeira seção trata da
introdução, a segunda seção versa sobre a revisão literária, onde são apresentados
os conceitos importantes para esta pesquisa, a terceira seção apresenta os
procedimentos metodológicos utilizados, a quarta seção traz os resultados do
estudo, a quinta seção apresenta a conclusão e, em seguida, são relacionadas as
referências utilizadas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Gestão e Planejamento Estratégico

Mintzberg e Quinn (2001, p.20), definem estratégia como: “padrão ou plano


que integra as principais metas, políticas e sequencias de ações de uma
organização em um todo coerente”. Para os autores, uma estratégia bem formulada
“auxilia a ordenar e alocar recursos de uma organização para uma postura singular
viável”.
Quanto a Gestão Estratégica, Ansoff e Edward (1993, p.553) conceitua como
“um processo de gestão do relacionamento de uma empresa com seu ambiente.”
Esta, envolve o planejamento estratégico, planejamento de potencialidades, ou seja,
identifica os pontos fortes do presente que podem se transformar nos pontos fracos
do futuro e vice-versa; faz parte também da gestão estratégica, a administração da

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 184
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

implantação das estratégias, ou seja, gerir as resistências durante a implantação das


estratégias decorrentes do planejamento estratégico e ainda a administração das
questões estratégicas, ou seja, dar respostas estratégicas, por meio da
administração de eventos futuros.
Drucker (1977) aponta que o planejamento estratégico é um processo
contínuo, sistemático, organizado e capaz de prever o futuro, de maneira a tomar
decisões que minimizem riscos. Dessa forma o planejamento estratégico tem como
objetivo fornecer aos gestores e suas equipes uma ferramenta que os municie de
informações para a tomada de decisão, ajudando-os a atuar de forma proativa,
antecipando-se às mudanças que ocorrem no mercado em que atuam.
Maximiano (2007), afirma que planejar é tomar decisões sobre o futuro.
Sendo o processo de planejamento uma ferramenta para administrar as relações
com o futuro. O planejamento está relacionado aos níveis hierárquicos, ou seja, os
níveis de decisão de uma organização, podendo ser: estratégico, tático ou
operacional.
O planejamento estratégico está relacionado com os objetivos de longo prazo
e estratégias para alcançá-lo que afeta a empresa de uma forma geral.

2.2. Análise SWOT

Segundo Silva (2011) a análise SWOT é uma das ferramenta de confecção


do planejamento estratégico de uma organização. O termo SWOT é uma sigla
advinda do inglês, que significa: Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses),
Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). Esta análise foi desenvolvida
durante as décadas de 1950 e 1960 por Kenneth Andrews e Roland Christensen,
professores da Harvard Business School.

Esta ferramenta tem como objetivo focalizar a combinação das forças e


fraquezas da organização com as oportunidades e ameaças do mercado. Esta
análise se divide em: Forças (pontos fortes) e Fraquezas (pontos fracos) referem-se
ao ambiente interno da organização, passível de ser controlado. Por outro lado,
Ameaças e Oportunidades tratam dos aspectos externo e "incontroláveis" para a
organização. Analisando o ambiente interno e externo, leva-se em conta os pontos

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 185
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

fortes e pontos fracos e as ameaças e oportunidades, para basear para a


formulação da Matriz SWOT (DAYCHOUW, 2010).

2.3 Cenários Prospectivos

Godet (1993), define cenário como sendo “o conjunto formado pela descrição
coerente de uma situação futura e pelo encaminhamento dos acontecimentos que
permitem passar da situação de origem à situação futura”.
Já Schwartz (2003), afirma que, cenário é uma ferramenta para ajudar a
adotar uma visão de longo prazo num mundo de grande incerteza. Cenário é uma
ferramenta para ordenar as percepções de uma pessoa sobre ambientes futuros
alternativos nos quais as consequências de sua decisão vão acontecer. Ou ainda,
um conjunto de formas organizadas para sonharmos eficazmente sobre nosso
futuro. De forma resumida, o autor define cenário como sendo “histórias do futuro”,
histórias capazes de nos ajudar a reconhecer as mudanças de nosso ambiente e
nos adaptar a elas.
Segundo Porter (1989) os cenários objetivam reduzir as chances de que ações
adotadas para se lidar com um elemento de incerteza em uma indústria piorem
involuntariamente a posição de uma empresa em relação a outras incertezas.
Para Marcial e Grumbach (2005), um cenário completo é composto por seis
componentes principais: um título, uma filosofia, variáveis, atores, cenas e
trajetórias.
O título é possuidor de uma carga tremenda, pois age como sua referência de
um cenário específico, ele deve dar a ideia da lógica dos cenários, além de ser vivos
e de fácil memorização. A filosofia sintetiza o movimento ou a direção fundamental
do sistema considerado. As variáveis representam aspectos ou elementos
relevantes do sistema ou contexto considerado, tendo em vista o objetivo do cenário.
Os atores desempenham um papel importante no sistema, influenciando o
comportamento das variáveis, com o objetivo de viabilizar seus projetos. A cena
descreve como estão organizados ou vinculados entre si os atores e as variáveis
naquele instante. E por último a trajetória é o percurso ou caminho seguido pelo
sistema no horizonte de tempo considerado (SCHWARTZ, 2003).
De acordo com Stollenwerk (1998) cenários classificam como globais,
focalizados ou de projetos. Os cenários globais são desenvolvidos com o objetivo de

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 186
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

definir estratégias globais. Enfocam, em seu conteúdo, questões políticas,


macroeconômicas, sociais e tecnológicas tanto nacionais quanto mundiais. Já os
focalizados servem para definir estratégias regionais ou setoriais. E os cenários de
projeto são desenvolvidos para tomada de decisão referente a investimentos que
envolvam grande incerteza ou que exijam longo prazo de maturação.
Marcial e Grumbach (2005), quanto à tipologia, confirma que os cenários
podem ser classificados como exploratório e Normativo. Os cenários normativos são
aqueles que configuram futuros desejados, e os cenários exploratórios caracterizam-
se por futuros possíveis ou prováveis do sistema considerado ou de seu contexto,
mediante a simulação e o desenvolvimento de certas condições iniciais.

A lógica da construção de cenários é estabelecer primeiro o futuro desejado


para, depois, traçar as trajetórias para alcançá-lo. A função dos cenários não é
acertar os eventos futuros, mas considerar as forças que podem direcionar o futuro
por determinados caminhos, auxiliando os gestores a compreender a dinâmica do
ambiente de negócios, reconhecer novas possibilidades, avaliar opções estratégicas
e decisões de longo prazo (SHELL INTERNATIONAL, 2001).

2.3.1 Metodologia Global Business Network (GBN)

A Global Business Network (GBN) é uma organização norte-americana,


fundada em 1988 por Peter Schwartz, fortemente orientada a construção de
cenários. Sua metodologia para desenvolvimento de cenários prospectivos baseia-
se em oito etapas. A metodologia leva em consideração os “modelos mentais” dos
dirigentes, que corresponde a visão de mundo adquirida, contidas de preocupações
e incertezas (MORITZ et al, 2008). Marcial e Grumbach (2005) definem como
questão principal o que motivou a construção dos cenários alternativos. Essas
questões podem ser levantadas através de entrevistas, análises e discussões que
ocorrem durante o desenvolvimento do estudo de cenários.

As etapas em questão são apontadas e descritas na tabela 1, a seguir.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 187
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________
Tabela 1: Fases e descrição das etapas que compõe o método descrito por Schwartz

Etapa Descrição
1 - Identificação da questão Identificar a questão principal, ou seja, definir a questão
principal principal do estudo, com objetivo de dar um foco específico e
aprofundado.
2 - Identificação das principais Identificação das principais forças do ambiente, também
forças do ambiente local chamadas de fatores-chave. Esses fatores são as principais
(fatores-chave) forças que existem no ambiente próximo que estejam
relacionadas com o ramo de negócio e com a questão principal.
3 - Identificação das forças Identificação das forças motrizes, que estão ligadas ao macro
motrizes (macro ambiente) ambiente que podem influenciar os fatores-chaves identificados
anteriormente. Essas forças são os elementos que movem o
enredo de um cenário.

4 - Ranking (classificação) por Elaborado para separar os elementos predeterminados das


importância e incerteza incertezas críticas. Esses elementos são aqueles que não
dependem de qualquer cadeia de evento, ou seja, sua
ocorrência parece certa, não importando o cenário. Sendo
assim, os elementos predeterminados devem ser isolados,
porque não são determinantes para a construção de cenários.
5 - Seleção das lógicas dos Esta seleção parte da análise do comportamento das variáveis
cenários classificadas como incertezas críticas, que devem ser
posicionadas nos eixos ao longo dos quais os cenários serão
descritos.
6 - Descrição dos cenários Consiste em detalhar cada cenário. Os cenários devem ser
descritos em forma narrativa, explicando-se detalhadamente
como acontece a evolução durante o período de tempo
preestabelecido.
7 - Analise das implicações e Verifica em cada cenário, as implicações de cada decisão, as
opções vulnerabilidades da organização e as oportunidades existentes.
É preciso imaginar qual a situação da organização em cada um
dos mundos descritos pelos cenários e identificar as decisões a
tomar no caso de um determinado enredo ocorrer.
8 - Seleção dos principais Objetiva possibilitar um monitoramento contínuo das variáveis
indicadores e sinalizadores que poderão causar impacto na instituição e de nos seus
possíveis comportamentos

Fonte: Marcial e Grumbach, 2005.

2.4 Segurança Pública

A segurança pública é ação de responsabilidade permanente dos órgãos


estatais bem como toda comunidade, com proposta de preservar os direitos a
cidadania através da prevenção e controle de manifestações criminais e violentas
(BRASIL, 1988; MJ, 2013; SENASP, 2013).

Percebe-se, no conceito apresentado que um dos objetivos da segurança


pública é prevenir e controlar manifestações da criminalidade e da violência. Assim,
tal proposta requer entendimento das causas do crime e da violência.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 188
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

De acordo com Skolnick (1998), historicamente, numerosos fatores


influenciaram a taxa de criminalidade, mesmo assim, relutamos em apontar uma só
justificativa para crescimentos ou declínios. Os pensadores liberais frequentemente
apontam para “causas nas raízes” do crime: pobreza, desigualdade, desemprego e
segregação racial; enquanto os conservadores ressaltam a “pobreza moral”, ou seja,
a maternidade na adolescência, uso de drogas, moral frouxa, instabilidade familiar.
Afirma ainda que existam poucos crimes de rua em vizinhanças abastadas, com
estabilidade educacional e familiar. E que o crime é um jogo que se concentra mais
entre os jovens, sobretudo do sexo masculino.

Enquanto os criminalistas e os juristas discutem a respeito das causas para o


crescimento da criminalidade, existe uma coisa a respeito da qual todos eles
concordam, é que a “impunidade” caracteriza o sistema de justiça penal da América
Latina. Sendo esta também uma das principais causas para o aumento da
criminalidade (SALAS, 1998).

Para prevenir e controlar manifestações da criminalidade e de violência,


governos precisam fomentar políticas públicas voltadas a segurança, que trabalhem
em base da prevenção ao crime, como é feito no Brasil através do plano de
Integração e Acompanhamento dos Programas Sociais de Prevenção da Violência
(PIAPS). A missão do PIAPS é de “promover a interação local e, portanto, o mútuo
fortalecimento dos programas sociais implementados pelos governos federal,
estadual e municipal, que, direta ou indiretamente, pudessem contribuir para a
redução dos fatores, potencialmente, criminógenos.” (SOARES, 2007, p.84).

Além de ações preventivas, é preciso utilizar de estratégias coercitivas que


incluam uma polícia presente permanente nas comunidades. A prática do
policiamento comunitário tem sido implantando em todo o mundo, essa estratégia
tem como foco principal a cooperação entre as organizações policiais e a sociedade
civil. Podendo ser educativa como: mediação de conflitos, ajuda solidária, educação
de base, rodas de conversa sobre problemas sociais e sobre medidas de segurança.
Como também pode ser técnica: criação de postos de policiamento, rondas a pé,
vigilância sobre as ações e os criminosos (NEV, 2009).

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 189
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho buscou desenvolver um estudo na área da segurança pública


do RN, através da construção de cenários prospectivos utilizando o método GBN –
Global Business Network e a matriz SWOT. Portanto, trata-se de uma pesquisa,
exploratória explicativa. (SEVERINO, 2007)

Classifica-se também, segundo Vergara (2000, p.49), como estudo de caso


por ser “circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma
pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade
ou mesmo um país”.

O universo desta pesquisa compreendeu os gestores da área de Segurança


Pública, Defesa Civil e para Grandes Eventos do Estado do Rio Grande do Norte, a
saber: Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social – SESED e a
Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos – SESGE. Devido à
pouca disponibilidade desses gestores, optou-se por uma amostra não probabilística
por tipicidade que segundo Vergara (2000, p. 51), “seleciona elementos que o
pesquisador considere representativos da população-alvo.” Dessa forma a amostra
representante da população alvo, compreende (02) dois gestores da área de
segurança pública do Rio Grande do Norte.

Os dados primários foram levantados a partir da aplicação da técnica de


grupo focal, com os (02) dois gestores da área de segurança pública do Rio Grande
do Norte que tratam de Megaeventos. Utilizando como questionário semiestruturado,
as questões básicas propostas pelo Método de Schwartz, as quais consistem da
identificação das principais forças do ambiente local (fatores-chave) e a identificação
das forças motrizes (macroambiente). A coleta dos dados foi realizada em de
novembro de 2012 no Centro Administrativo Estadual. Os dados secundários como
tabelas e quadros foram obtidos através de análises dos dados estatísticos
fornecidos pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social –
SESED e através de trabalhos acadêmicos referentes a temática de estudo de
cenários prospectivos.

A primeira etapa, para desenvolver os cenários, foi o desenvolvimento da


matriz swot da área da Segurança Pública do Rio Grande do Norte estabelecendo

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 190
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

aquilo que é de responsabilidade da empresa, e o que é uma antecipação do futuro,


ou seja, o que se pode traçar a respeito de possibilidades positivas ou negativas do
macro ambiente econômico. A montagem dessa Matriz SWOT da área de
Segurança Pública no RN, foi realizada com base nos níveis de impactos de um
ponto fraco sobre uma ameaça ou oportunidade e o impacto de um ponto forte sobre
uma ameaça ou oportunidade. Para tal, atribuiu-se em uma escala de impactos de 0
a 5 em que para um impacto forte atribuiu-se 5 e quando não havia nenhum
impacto, 0

Posteriormente, foi utilizada a técnica de brainstorming com os gestores de


segurança pública.

4. RESULTADOS

A matriz SWOT, informada na Figura 1, possibilitou vislumbrar os fatores de


maior relevância para a escolha de estratégias adequadas para a área de
Segurança Pública, a partir de uma avaliação crítica dos ambientes externo e interno
da organização. Após a elaboração da Matriz SWOT, obteve-se uma matriz com
quatro células, indicando a existência de problemas que podem ameaçar a
sobrevivência, o crescimento, a manutenção e o desenvolvimento da área da
segurança pública.

Depois de analisar interna e externamente a área de segurança pública do


RN através da Matriz Swot e de identificar as variáveis que mais causam impacto, é
dada a hora de construir os cenários prospectivos para o objetivo proposto.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 191
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________
Figura 1: Matriz SWOT da área de Segurança Pública no RN

Fonte: Autores, 2011.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 192
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

Neste trabalho, a primeira etapa foi a definição da questão principal através


das análises das entrevistas com os gestores da Segurança Pública do RN e de
alguns índices de criminalidade no Rio Grande do Norte a partir do mapa da
violência: Quais os cenários prospectivos da área de Segurança Pública do Rio
Grande do Norte quanto à realização de Megaeventos e como a Secretaria de
Segurança Pública poderá explorar favoravelmente essa situação?
A segunda etapa consistiu na identificação das principais forças do ambiente
localbuscando identificar os principais fatores chave que submetem negativa ou
positivamente a questão principal. Os principais fatores que poderão influenciar essa
área, como: Número reduzido de pessoal efetivo; Aumento do tráfico e consumo de
drogas ilícitas no RN; Policiamento comunitário; Crescimento populacional; Salário
Insuficiente dos Policiais Civis e Militares; Aumento da percepção de insegurança
pela sociedade; Baixo uso de tecnologias da Informação e de imagens pelas polícias
do RN; Imagem Negativa das polícias.
Na etapa seguinte, identificação das forças motrizes, listam-se as forças
motrizes do ambiente macro que influenciam diretamente os fatores-chave
identificados anteriormente, é necessário fazer inter-relações entre os fatores-chave
e as forças motrizes. As principais forças que poderão influenciar essa área são:
Orçamento direcionado para a Segurança Pública; Força de vontade dos agentes de
Segurança; Ineficiência do sistema político e judiciário; Polícia Cidadã -melhora da
interação polícia/sociedade; Índice de criminalidade/violência; Uso de armas de fogo
pela população; Baixa qualidade dos serviços básicos de: educação e saúde;
Implementação de novas tecnologias.
Na quarta etapa, buscou-se o desenvolvimento do ranking por importância e
incerteza. Nesta etapa classificam-se as forças motrizes de acordo com seu o grau
de importância e incerteza em relação ao ambiente futuro. Segundo Schwartz (2003)
sugere deve-se selecionar duas variáveis, classificadas como mais incertas e mais
importantes para facilitar a identificação da lógica dos cenários. O Ranking das
Incertezas Críticas obtido é apresentado no Figura 4. Este ranking foi obtido,
atribuído 1 (um) à variável com o menor grau de incerteza e 5 para a que possuir o
maior grau de incerteza (escala de 1 a 5). Procedimento similar foi adotado para
classificar as variáveis quanto ao grau de importância.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 193
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________
Tabela 2: Classificação segundo o grau de incerteza x importância

Variável
Incerteza Importância
Forças Motrizes
X1 – Orçamento direcionado para Segurança Pública 5 4
X2 – Índice de criminalidade/violência 5 5
X3 – Força de vontade dos agentes de Segurança. 4 4
X4 – Policia Cidadã – melhora da integração polícia/sociedade 4 4
X5 – Ineficiência do sistema político e judiciário 3 4
X6 – Uso de armas de fogo pela população 3 3
X7 – Baixa qualidade dos serviços básicos de educação e saúde. 2 4
X8 – Implementação de novas tecnologias 1 5

Fonte: Autores, 2012.

Segundo Schwartz (2003), a montagem de um gráfico de incerteza x


importância serve para auxiliar na identificação das variáveis mais relevantes e que
devem ser utilizadas na composição da lógica dos cenários, como mostra o Gráfico
1.
Gráfico 1: Incerteza x Importância

Fonte: Autores, 2012.

As variáveis X 2 que corresponde ao Índice de criminalidade/violência


crescente e X 1 aorçamento direcionado para a Segurança Pública, foram
classificadas como as mais incertas e as mais importantes, formando assim os eixos
ortogonais da matriz que facilita a identificação da lógica dos cenários.
Em face ao ranking de importância e incertezas, identificam-se as variáveis
classificadas como mais incertas e mais importantes, compreendendo a seleção das

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 194
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

lógicas dos cenários. As variáveis mais incertas e mais importantes são: X 2 : Índice
de criminalidade/violência; X 1 : Orçamento direcionado para a Segurança Pública.
Estas variáveis são apresentadas a seguir de acordo com os limites de suas
escalas: (1) Estagnação - Índice de criminalidade/violência - Crescimento; (2) Baixo -
Orçamento direcionado para a Segurança Pública - Alto. Essas variáveis, colocadas
em dois eixos, vão caracterizar a lógica dos cenários a serem construídos, conforme
etapa 5 (figura 2).

Figura 2: Eixos da lógica dos cenários

Fonte: Autores, 2012.

Depois de definir a lógica dos cenários e identificar os fatores-chave e


as forças motrizes, elaboradas nas etapas anteriores. Parte-se para a parte
principal, a etapa seis, que consiste no detalhamento dos cenários, onde é possível
vislumbrar quais os possíveis estados da Segurança Pública do RN em relação à
realização de Megaeventos. Este foi colocado na ordem de possibilidade segundo
utilização do brainstorming com os gestores da segurança pública já citados e ainda
analisando a matriz SWOT.
Cenário 1 – “ORDEM”: Os gestores acreditam que, apesar da constatação do
crescimento da violência em todas as regiões do Rio Grande do Norte, o

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 195
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

aumento significativo do orçamento para a segurança pública resultaria num


aumento de agentes, melhoria nos equipamentos e melhora da estrutura geral da
segurança pública fazendo com que os agentes de segurança pública estivessem
preparados para agir como fosse necessário assegurando assim o bom andamento
do evento, porém podendo haver algum infortúnio resultante do aumento da
criminalidade.
Cenário 2 – “SÍTIO”: Como o nome sugere, o estado de sítio seria o pior
cenário apresentado no estudo que reflete o aumento da criminalidade e da
violência, associado ao baixo investimento do Estado na segurança pública. Este
cenário aponta para a falência do sistema de planejamento governamental, podendo
levar o Estado a sérias crises de gestão com o consequente aumento do risco não
só à realização de Megaeventos como também à qualidade de vida de seus
habitantes. As estratégias a serem propostas apontam para a percepção da urgente
do aumento do orçamento de forma a repor o tempo perdido e ações de urgência
para o aumento da repressão da criminalidade com práticas como para o aumento
do sistema de Inteligência e repressão ao tráfico de drogas e ainda o policiamento
ostensivo nas áreas em que a mancha criminal mais crítica.
Cenário 3 – “SUCESSO”: O aumento da verba para segurança pública aliada
estagnação do crescimento da criminalidade no Rio Grande do Norte, constituem
uma situação ideal que sejam realizados os Megaeventos e ainda trazer os legados
sociais que esses Megaeventos trazem como no caso analisado a melhoria
substancial na segurança pública. É importante a formulação de políticas públicas de
Segurança, para dar a continuidade nos trabalhos posteriores e ainda para que esse
maior aporte de verbas e de projetos de melhoria da qualidade vida dos habitantes
possam reduzir a sensação de medo e de insegurança das pessoas. Os gestores
pensam que adotando as medidas corretas tanto no campo operacional quanto no
campo político o RN poderá conseguido reduzir de forma significativa os indicadores
de criminalidade e realizar com sucesso qualquer Megaevento que por ventura
venha surgir.
Cenário 4 - “ATENÇÃO”: Estagnando tanto o crescimento da criminalidade e
da violência no Rio Grande do Norte associado com a falta de investimento do poder
público, esse cenário apresenta um quadro preocupante para os gestores. A
estagnação do crescimento da criminalidade e da violência, em função da
__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 196
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

constatada falta de investimento do Estado em segurança pública, poderá voltar a


expandir tornando-se um relevante problema governamental. Se não houver uma
política de incremento no orçamento voltado à segurança pública o curso natural de
aumento da criminalidade devido aos diversos fatores sociais podem fazer com que
medidas mais drásticas tenham que ser tomadas para que um Megaevento seja
realizado
Passada a fase de construção dos cenários, recorre-se à questão principal
para verificar, conforme etapa sete, as implicações de cada cenário com base nas
decisões, as vulnerabilidades e as oportunidades existentes. A avaliação procura
identificar a solução mais adequada a ser tomada em cada cenário e também se as
estratégias necessitam ser revisadas. Marcial e Grumback (2005) dizem que é
preciso imaginar qual a situação da organização em cada um dos mundos descritos
pelos cenários e identificar as decisões a tomar no caso de um determinado enredo
ocorrer.
Cenário 1 - “ORDEM”: No ambiente proposto há um crescimento tanto do
orçamento para a segurança pública quanto da criminalidade e violência no RN.
Neste cenário as decisões a serem tomadas têm impacto mediano, visto que esse
cenário tem uma expectativa importante de ocorrer sendo ainda o de maior
probabilidade, visto as prospecções analisadas. Neste cenário a Secretaria de
Segurança Pública deve adotar as estratégias de: formulação de políticas para o
melhor aproveitamento do capital investido, melhoria da capacidade de inteligência
das polícias através do aumento de investimentos na área, aumentar a utilização de
tecnologias da Informação e de imagens pelas polícias Civis e Militares possíveis
com a implementação dos Centros de Comando de Controle; aumentar
consideravelmente o efetivo de todos os agentes de segurança pública e intensificar
o policiamento comunitário realizando as práticas de polícia-cidadã, melhorando a
interação da polícia com a sociedade; e utilizar-se dos protocolos para unificar as
ações em caso do efetivo aumento da criminalidade resulte em alguma ação
criminosa grave.
Cenário 2 - “SÍTIO”:Neste cenário de o aumento da criminalidade e violência
aliado à falta de investimentos por parte do Estado, é o cenário mais catastrófico
para a Secretaria de Segurança Pública do RN, podendo se observar que as
decisões a serem implementadas têm um peso maior, pois apesar de não ser a mais
__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 197
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

extensa a probabilidade de concretização das previsões é a que incorre em maiores


prejuízos. As estratégias devem ser adotadas em caráter urgente principalmente no
aumento do orçamento para que haja uma batalha efetiva contra o aumento da
criminalidade.
Cenário 3 - “SUCESSO”:O cenário de estagnação da criminalidade e violência
e ainda aumento do orçamento destinado à segurança pública, constata-se que o
conjunto de decisões a serem implementadas nessa suposição tem um impacto
baixo, já que esse cenário tem uma expectativa menor de ocorrer, apesar de ser a
situação ideal para a realização de Megaeventos. No cenário supracitado a
Secretaria de Segurança Pública do RN deve formular políticas para o melhor
aproveitamento do capital investido, ainda desenvolver projetos de prevenção contra
violência/criminalidade e monitorar os índices de criminalidade, atuando de forma
preventiva.
Cenário 4 - “ATENÇÃO”: Em um ambiente de falência dos dois fatores, a
estagnação da violência e o baixo orçamento destinado à segurança pública. As
decisões a serem tomadas de caráter remoto, já que essa alternativa é a mais difícil
de ocorrer em todos os cenários. Para este cenário as estratégias a serem adotadas
deverão ser direcionadas para a manutenção do efetivo e soluções alternativas
como o empenho em campanhas de conscientização da sociedade para que
consiga manter estagnada a violência. Além disso, oferecer treinamentos e
capacitação de forma barata para os agentes de segurança pública.
A última etapa do processo de construção de cenários prospectivos (seleção
dos principais indicadores e sinalizadores) tem como objetivo definir os indicadores,
com base nos cenários já construídos, que possibilitem o monitoramento contínuo
das variáveis que causam impacto na área da Segurança Pública do Rio Grande do
Norte. Sendo os indicadores propostos: Número de apreensões de drogas;
Crescimento do número de mandados cumpridos; Crescimento do número de
prisões de criminosos em flagrante delito; Crescimento do número de condenações
de criminosos; Redução dos índices de criminalidade em geral; Efetivo dos agentes
de segurança pública pelo número de habitantes do estado; Investimentos em
equipamentos; Investimentos em melhora dos sistemas de informação e inteligência;
Redução da sensação de insegurança pela sociedade.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 198
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Propor estratégias vencedoras que possam contribuir para a melhoria da


gestão estratégica para a segurança pública no RN foi o objetivo geral do trabalho, e
para respondê-lo procurou-se identificar as correlações e os impactos das variáveis
ambientais externas da matriz SWOT (representadas pelas ameaças e
oportunidades) sobre as variáveis internas (apresentadas na matriz SWOT pelas
forças e fraquezas). Conhecendo essas variáveis, foram elaborados cenários
prospectivos que projetam o futuro da segurança pública no contexto da gestão
estratégica para a realização de Megaeventos no estado do Rio Grande do Norte.
A análise SWOT apontou problemas que podem ameaçar os fatores das
ações estratégicas (a sobrevivência, a manutenção, o crescimento e o
desenvolvimento) a serem adotadas para que se consiga realizar um Megaevento
com o melhor dos cenários prospectivos construídos (Cenário 3 – SUCESSO).
Com os resultados oriundos das pesquisas e entrevistas, pode-se concluir
que em face da segurança pública o Rio Grande do Norte não está preparado para
realizar um Megaevento hoje, no entanto caminha para uma melhora considerável
em sua capacidade de gestão em Megaeventos e uma conscientização do poder
público da importância do investimento na segurança pública que fazem com que os
cenários sejam mais favoráveis e aprazíveis à sociedade e que estudos estratégicos
sejam realizados por parte do poder público para que permitam melhorar o
conhecimento sobre a área, representa um novo desafio para um estado com tanto
potencial para a realização de Megaeventos como o RN sendo assim ao mesmo
tempo uma contribuição relevante para a consolidação da gestão pública no estado.
Problemas relacionados à falta de investimento, área de inteligência e de
polícia técnica fraca, que é um das melhores armas para lidar com o
desenvolvimento tecnológico utilizado pela criminalidade, associado ao baixo efetivo
e pouca valorização dos agentes de segurança pública relacionada à ausência de
uma política de recursos humanos que contemplem não somente a questão salarial,
mas também uma completa política de valorização e desenvolvimento dos recursos
humanos, além do baixo uso de equipamentos operacionais atualizados são fatores
que poderão dificultar a realização do melhor cenário prospectivo, chamado no
estudo elaborado de Cenário 3 – SUCESSO.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 199
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________

Hodiernamente a utilização de cenários prospectivos é para todos os


pesquisadores um fator imprescindível, contribuindo de forma decisiva para melhorar
o conhecimento das questões relacionadas com o futuro e permitem antecipação e a
melhoria do processo estratégico por parte dos gestores.
Partindo desse pressuposto este trabalho representa uma contribuição às
práticas estratégicas gerenciais no âmbito público em busca da vantagem
competitiva da gestão pública de segurança pública. Ao que cabe a aplicação de
modelos teóricos o presente trabalho pode contribuir para a implantação desses
modelos teóricos no âmbito da administração pública no estado do Rio Grande do
Norte.
Face às conclusões e a partir dos resultados obtidos, busca-se apresentar
algumas recomendações para a execução de estratégias vencedoras que
contribuam para a consecução dos cenários prospectivos elaborados. 1 - Aplicar os
resultados obtidos pela análise SWOT como fomento para a efetuação das ações
estratégicas necessárias para alcançar os objetivos propostos; 2 - Executar ações
estratégicas a fim de superar as fraquezas identificadas pela análise SWOT; 3 -
Empregar a potencialidade das forças internas como instrumento de neutralização
das ameaças e aproveitamento das oportunidades identificadas na análise SWOT;
4- Melhorar o processo de aprendizagem da análise do ambiente, por parte dos
gestores, buscando utilizar ferramentas de prospecção para melhorar o
monitoramento e gestão das ameaças e oportunidades originadas da incerteza
ambiental crescente; 5 - O desenvolvimento de outros estudos que contemplem a
metodologia de prospecção e as perspectivas de transformação que podem ser
reveladas com o emprego desta metodologia no âmbito da segurança pública; 6 -
Implantar ferramentas de decisão estratégica, a partir da modelagem de cenários
prospectivos, apoiadas pela Tecnologia da Informação, utilizando-se de métodos
estatísticos para formulação de planos de ação e 7 - Habilitar os gestores nas
competências de construção de cenários prospectivos.

REFERÊNCIAS
ALLEN, Johnny (et al.). Organização e Gestão de Eventos. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

ANSOFF, H. Igor; EDWARD, J. McDonnell. Implantando a administração estratégica. 2. ed. São


Paulo: Atlas, 1993.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 200
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________
BRASIL. Cidadania: Direitos do cidadão. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/sobre/cidadania/direitos-do-cidadao>. 2013. Acesso em 25.04.2013

BRASIL. Constituição Federal de 1988: defesa do Estado e das Instituições democráticas.


Brasília, Senado Federal, 1988.

DAYCHOUW, Merhi. 40 Ferramentas e Técnicas de Gerenciamento. 3. ed. Rio de Janeiro:


Brasport, 2010.

DELOITTE. Brasil, bola da vez: Negócios e investimentos a caminhos dos Megaeventos


esportivos. 2010. Disponível em: <http://www.deloitte.com/brazil>. Acesso em 25.04.2013

DRUCKER, Peter. Sociedade pós capitalista. 6. ed. São Paulo: Pioneira, 1997.

FBSP, Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública - 2012.
Disponível em <http://www2.forumseguranca.org.br/node/32131>. Acesso em 25.04.2013.

GETZ, D. Event Management and Event Tourism, Cogizant Communication Corporation. Nova
Iorque, 1997

GODET, Michel. Manual de prospectiva estratégica: da antecipação à ação. Lisboa: Dom Quixote,
1993.L.

HALL, C. M. Hallmark tourism events: Impacts Management and Planning.London, Belhaven,


1992.

MARCIAL, Elaine Coutinho; GRUMBACH, Raul José dos Santos. Cenários prospectivos: como
construir um futuro melhor. 3 ed. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

MAXIMIANO, C. Amaru. Introdução à administração. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MINTZBERG, Henry; QUINN, James Brian. O processo da estratégia. 3. ed. Porto Alegre: Bookman,
2001.

MJ. Ministério da Justiça. Órgãos de Segurança. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br>. Acesso


em: 22. abr. 2013.

MORITZ, Gilberto de Oliveira; NUNER, Rogério; PEREIRA, Maurício Fernandes. Os métodos de


prospecção de cenários e sua aplicação nas organizações: um estudo de Caso no período
1998-2008. Revista de Administração FACES Journal, Vol. 7, No 2 - abril/junho, 2008.

NEV. Manual de Policiamento Comunitário: Polícia e Comunidade na Construção da


Segurança. Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP). 2009.
Disponível em <http://www.nevusp.org/downloads/down247.pdf>. Acesso em 25.04.2013.

PORTER, Michael E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústria e da


concorrência. 26. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

SALAS, Luis P. Justiça Penal na América Latina: reformas e desafios. Série debates da Fundação
Konrad Adenauer. Segurança pública como tarefa do estado e da sociedade. Nº 18. 1998.

SCHWARTZ, P. A arte da visão de longo prazo: planejando o futuro em um mundo de


incertezas. Tradução de Luiz Fernando M. Esteves. 2. Ed. São Paulo: Nova Cultural, 2003.

SENAPS. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Conceitos básicos. Disponível em:


<http://portal.mj.gov.br>. Acesso em: 22. abr. 2013.
__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 201
GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
__________________________________________________________________________________
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo:
Cortez, 2007.

SHELL INTERNATIONAL. People and Connections – Global Scenarios to 2020 – Public Summary.
Global Business Environment, Shell International Limited. London, 2001.

SILVA, E. A. Construção de cenários prospectivos para a gestão estratégica em segurança


pública no Rio Grande do Norte: Um estudo de caso utilizando o Método GBN – Global
Business Network. Monografia apresentada para o curso de Administração da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, 2011.

SKOLNICK, Jerome. A experiência dos Estados Unidos em matéria de Justiça Penal. Série
debates da Fundação Konrad Adenauer. Segurança pública como tarefa do estado e da sociedade.
Nº 18. 1998.

SOARES, Luiz Eduardo. A Política Nacional de Segurança Pública: histórico, dilemas e


perspectivas. Estud. av., São Paulo, v. 21, n. 61, Dec. 2007.

STOLLENWERK, Maria F.L. Cenários como técnica de planejamento. Apostila do Curso de


Especialização em Inteligência Competitiva. UFRJ/ECO, MCT/INT e CNPq/IBICT, Brasília, 1998.

UOL. Notícias do Cotidiano: Estados elevam gastos com segurança pública, enquanto União
reduz investimentos em 21%. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2012/11/06/brasil-eleva-gastos-com-seguranca-publica-para-r-51-bi-mas-uniao-reduz-
investimento-em-21.htm>. 06 de nov. 2012. Acesso em 25.04.2013

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração.São Paulo:


Atlas, 2000.

__________________________________________________________________________________
Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 2, jul./dez. 2013: 181 - 202 202

Вам также может понравиться