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#5 – Marciano Furukava
Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais - UFRN
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
E-mail:furuka2010@yahoo.com.br
RESUMO
O propósito deste artigo é apresentar os resultados de uma pesquisa que abordou o método Global
Business Network, como meio para elaboração de cenários prospectivos na área de segurança
pública, com enfoque na promoção de Megaeventos como a Copa do Mundo de 2014. O trabalho
consiste em um estudo de caso na área de segurança pública do Rio Grande do Norte (RN), sendo
que os dados primários foram levantados a partir da aplicação da técnica de grupo focal, com os dois
gestores da área de segurança pública do RN que tratam de Megaeventos. Foram projetados quatro
cenários, partindo-se de um cenário em que ocorrem investimentos na segurança pública, até o
cenário em que há baixo investimento. Pode-se dizer que o Rio Grande do Norte não está preparado
para realizar um Megaevento hoje, no entanto caminha para uma melhora considerável em sua
capacidade de gestão em Megaeventos.
Keywords: Prospective Scenarios; Strategic Management; SWOT Matrix; Public Safety; Mega
events.
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GESTÃO ESTRATÉGICA NA SEGURANÇA PÚBLICA: A
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PARA A
REALIZAÇÃO DE MEGAEVENTOS
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1. INTRODUÇÃO
Hodiernamente, na sociedade existem desafios que se apresentam como
imprescindíveis ao sucesso da gestão pública. Estes desafios representam os
vetores estratégicos que todo governante deve perseguir (saúde, educação,
moradia, segurança e lazer), pois estes são pilares que sustentam uma nação,
portanto deveres do estado e direito do cidadão (BRASIL, 2013).
Segurança pública é uma das áreas de que a constituição brasileira trata
como responsabilidade do Estado, tendo como objetivo maior o fomento de políticas
públicas capazes de prevenir e combater a criminalidade; salvaguardar a
manutenção da ordem pública, e oferecer suporte para que os cidadãos possam
viver e conviver livre dos riscos a que estão expostos nos dias atuais (BRASIL,
1988).
Entretanto o cumprimento dessa responsabilidade vem sendo deixada a
desejar pelo governo. Segundo dados do FBSP (2012) publicados no Anuário
Brasileiro de Segurança Pública, em 2011 a união reduziu em 21,26% o volume de
investimentos no setor em relação a 2010. Em face a isto o estudo da ONU
(Organização das Nações Unidas), divulgado em 2011, coloca o Brasil na 26ª
posição entre os países com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes,
evidenciando a insegurança vivenciada nas cidades brasileiras (UOL, 2012).
Nesse contexto, a segurança pública é uma das situações que tem
preocupado a sociedade, fazendo-a questionar, em tempos de Megaeventos como
Copa do Mundo, quanto é capacidade governamental em prover segurança aos
usuários.
Considerando a relevância e importância da Segurança Pública, somada às
demandas emergentes face a Copa do Mundo de 2014, que terá como uma das
cidades sede Natal, a capital do Rio Grande do Norte, este estudo consiste em um
análise da gestão estratégica na área da segurança pública no estado, utilizando a
metodologia de construção de cenários prospectivos. Busca-se portanto, responder
o seguinte problema de pesquisa: quais estratégias de segurança pública devem ser
utilizadas quando se realiza um megaevento no Rio Grande do Norte? Logo,
objetiva-se, com este trabalho, a proposição de estratégias que possam contribuir
para a melhoria da gestão estratégica para a Segurança Pública no RN.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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Godet (1993), define cenário como sendo “o conjunto formado pela descrição
coerente de uma situação futura e pelo encaminhamento dos acontecimentos que
permitem passar da situação de origem à situação futura”.
Já Schwartz (2003), afirma que, cenário é uma ferramenta para ajudar a
adotar uma visão de longo prazo num mundo de grande incerteza. Cenário é uma
ferramenta para ordenar as percepções de uma pessoa sobre ambientes futuros
alternativos nos quais as consequências de sua decisão vão acontecer. Ou ainda,
um conjunto de formas organizadas para sonharmos eficazmente sobre nosso
futuro. De forma resumida, o autor define cenário como sendo “histórias do futuro”,
histórias capazes de nos ajudar a reconhecer as mudanças de nosso ambiente e
nos adaptar a elas.
Segundo Porter (1989) os cenários objetivam reduzir as chances de que ações
adotadas para se lidar com um elemento de incerteza em uma indústria piorem
involuntariamente a posição de uma empresa em relação a outras incertezas.
Para Marcial e Grumbach (2005), um cenário completo é composto por seis
componentes principais: um título, uma filosofia, variáveis, atores, cenas e
trajetórias.
O título é possuidor de uma carga tremenda, pois age como sua referência de
um cenário específico, ele deve dar a ideia da lógica dos cenários, além de ser vivos
e de fácil memorização. A filosofia sintetiza o movimento ou a direção fundamental
do sistema considerado. As variáveis representam aspectos ou elementos
relevantes do sistema ou contexto considerado, tendo em vista o objetivo do cenário.
Os atores desempenham um papel importante no sistema, influenciando o
comportamento das variáveis, com o objetivo de viabilizar seus projetos. A cena
descreve como estão organizados ou vinculados entre si os atores e as variáveis
naquele instante. E por último a trajetória é o percurso ou caminho seguido pelo
sistema no horizonte de tempo considerado (SCHWARTZ, 2003).
De acordo com Stollenwerk (1998) cenários classificam como globais,
focalizados ou de projetos. Os cenários globais são desenvolvidos com o objetivo de
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Tabela 1: Fases e descrição das etapas que compõe o método descrito por Schwartz
Etapa Descrição
1 - Identificação da questão Identificar a questão principal, ou seja, definir a questão
principal principal do estudo, com objetivo de dar um foco específico e
aprofundado.
2 - Identificação das principais Identificação das principais forças do ambiente, também
forças do ambiente local chamadas de fatores-chave. Esses fatores são as principais
(fatores-chave) forças que existem no ambiente próximo que estejam
relacionadas com o ramo de negócio e com a questão principal.
3 - Identificação das forças Identificação das forças motrizes, que estão ligadas ao macro
motrizes (macro ambiente) ambiente que podem influenciar os fatores-chaves identificados
anteriormente. Essas forças são os elementos que movem o
enredo de um cenário.
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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
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4. RESULTADOS
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Figura 1: Matriz SWOT da área de Segurança Pública no RN
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Tabela 2: Classificação segundo o grau de incerteza x importância
Variável
Incerteza Importância
Forças Motrizes
X1 – Orçamento direcionado para Segurança Pública 5 4
X2 – Índice de criminalidade/violência 5 5
X3 – Força de vontade dos agentes de Segurança. 4 4
X4 – Policia Cidadã – melhora da integração polícia/sociedade 4 4
X5 – Ineficiência do sistema político e judiciário 3 4
X6 – Uso de armas de fogo pela população 3 3
X7 – Baixa qualidade dos serviços básicos de educação e saúde. 2 4
X8 – Implementação de novas tecnologias 1 5
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lógicas dos cenários. As variáveis mais incertas e mais importantes são: X 2 : Índice
de criminalidade/violência; X 1 : Orçamento direcionado para a Segurança Pública.
Estas variáveis são apresentadas a seguir de acordo com os limites de suas
escalas: (1) Estagnação - Índice de criminalidade/violência - Crescimento; (2) Baixo -
Orçamento direcionado para a Segurança Pública - Alto. Essas variáveis, colocadas
em dois eixos, vão caracterizar a lógica dos cenários a serem construídos, conforme
etapa 5 (figura 2).
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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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REFERÊNCIAS
ALLEN, Johnny (et al.). Organização e Gestão de Eventos. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
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