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Resenha crítica do livro

«A Imagem pode matar?»


de Marie-José Mondzain

Comunicação Empresarial - Licenciatura 3º ano

Antropologia Cultural

Pedro Miguel de Almeida Neto-7591


Sobre Marie-José Mondzain:

Professora da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), directora


de pesquisas no CNRS, membro do Conselho Científico do Collège International de
Philosophie e directora do grupo de pesquisas “Observatório das Imagens
Contemporâneas”. Colabora regularmente com realizadores de cinema e directores de
teatro, artistas de circo e do campo da fotografia. Dedica-se à análise da imagem e das
produções visíveis como problema específico da filosofia em suas vertentes
especulativas e políticas. A partir de una pesquisa histórica e filológica no período
bizantino até a crise do iconoclasmo, estuda a problemática do visível e o estatuto da
imagem até a época contemporânea, incluindo as novas tecnologias da imagem. A fim
de identificar efeitos de continuidade e ruptura na administração das visibilidades,
examina as diversas etapas a partir da Idade Média e a Renascença até os inícios do
século XXI.

Este livro tem como questão crucial o poder e a violência da imagem.

Nos dois capítulos que integram a obra, a autora fala precisamente no poder e na
violência da imagem. No primeiro capítulo, “ A violenta história das imagens”, a autora
pretende compreender o significado de imagem e perceber as relações que estas mantêm
com a violência. Para Mondzain é impossível “interrogar-nos sobre a violência da
imagem e a imagem da violência antes de qualquer reflexão sobre o que é uma
imagem?” (Mondzain, 2009, p.15)

Já no segundo capítulo, “Encarar, Incorporar, Personificar no Ecrã”, Mondzain


diz que a violência é muitas vezes associada às imagens e dá o seguinte exemplo, apesar
dos filmes por vezes reflectirem a sociedade ou mesmo até a vida nacional através de
um herói representativo, estes “ reduzem os indivíduos ao estado de derivados de um
todo mais real do que os indivíduos que o compõem.” (Mondzain, 2009, p.62), que nos
remete mais uma vez também para a imagem. Neste capítulo,a autora procura analisar a
imagem na sua relação com o visível ou seja no ecrã.

Segundo Mondzain, as imagens são como objectos que podemos analisar, ao


contrário da violência que não é definida como um objecto, mas sim implica a
existência de sujeitos e é considerada como uma força que é utilizada de forma negativa
e é reconhecida através dos seus efeitos negativos que lesam a vida e a liberdade de
cada um. As imagens, são portanto, uma realidade sensível, oferecida simultaneamente
ao olhar e ao conhecimento.

Mondzain tem por objecto e ponto de partida a "discussão das imagens", com
uma visão distopica, centrada na luta entre iconoclastas e defensores dos ícones, os
iconófilos, e que obrigou estes últimos a elaborar o primeiro grande pensamento da
imagem, o qual estaria na base do imaginário contemporâneo, quer dizer, na base tanto
da produção de imagens quanto da relação com as imagens

A partir de então, a imagem tomou o papel preponderante nas nossas vidas: “…


cremos, aprendemos, informamos, transmitimos pela imagem…o medo dos simulacros
substituiu-se ao culto das imitações.” (Mondzain , 2009, p.6)

A cultura ocidental continuou a impor-se às restantes até aos nossos dias, só que
no presente impõe-se de forma mais massificada e implacável, nesta nova sociedade
global, que os novos meios de comunicação, ou mais concretamente de difusão,
permitem. Os novos meios de difusão audiovisuais, ou mass media são instrumentos
ainda mais eficazes de controlo e manipulação das sociedades, que apesar de
proclamarem um mundo mais tolerante com respeito às diferenças e à identidade
cultural, acabam por impor valores, formas de vida e de cultura, sempre com a certeza e
a prepotência, tal como no passado, de que os valores que transmitem são melhores do
que os restantes. Estes conceitos são hoje transmitidos com a vantagem do imediatismo
dos audiovisuais que atingem todos em larga escala, tornando real e verdadeiro apenas
aquilo que existe dentro desta realidade virtual, mais determinante e consequente do que
qualquer outra no mundo actual.

A imagem pode gerar violência exemplo disto são os filmes nazis que exaltavam
a perfeição Ariana e se alimentavam da fusão de todos no ódio do outro. Portanto, a
imagem pode gerar violência pois esta pode agir sobre o sujeito na parte do visível.
Agora e apesar de poder gerar violência, é posta em causa esta contradição, que tudo o
que acontece (violência) não é feito pelas imagens, mas sim pelos sujeitos que o
proporcionam. Apesar de tudo isto é a imagem que “ faz fazer”.

Mas segundo a autora a imagem não é intrinsecamente violenta, isto é, não pode,
por si só matar.

Isto remete-nos para a responsabilidade moral e ética da imagem, como


detentora de poder sobre os actos humanos. Será que culpa e responsabilidade podem
ser atribuídas às coisas? À partida parece pouco provável, visto que culpa e
responsabilidade são apenas atribuíveis a um sujeito capaz de agir ou de concretizar um
acto. Uma imagem é uma coisa, uma coisa não pode agir. Pode no entanto fazer agir ou
influenciar, “fazer fazer”, como é referido no texto. O que faz com que entidades
produtoras e difusoras tenham uma responsabilidade acrescida. Sendo a imagem uma
forma de comunicação é neste sentido também um “prolongamento dos gestos e das
palavras”, logo é lhes permitido, não só representar coisas, como também ideias,
conceitos e simulacros. Assim, é inegável a sua capacidade de influenciar e promover a
dialéctica da transformação das ideias. Visto isto, podemos concluir que as imagens
podem ser perniciosas ou perversas, quando o desfecho que produzem está dependente
do sujeito e das condições em que este as percepciona. Mas, o que motiva em primeiro
plano, a produção das visibilidades é, antes de mais, um desejo, ou uma necessidade,
inerente à própria condição humana de comunicar, de transmitir algo aos demais.

Contudo, esta necessidade, não controla os efeitos da sua influência. Ou seja, é


primeiramente uma necessidade de “fazer ver” e não de “fazer fazer”.

Segundo o filósofo Aristóteles, as imagens de violência deveriam ter um efeito


contrário, ou seja, retrair a violência. Será que ele tinha razão? Mas aquilo que
actualmente podemos observar, leva-nos a crer que a força ou poder da imagem é tal,
que nos leva a agir violentamente. A autora refere duas razões que o confirmam, a
primeira é que os actos de violência gratuita não param de aumentar na nossa sociedade
que transmite e difunde diariamente conteúdos violentos. Porém, afirma também, que
esta constatação não se baseia em dados confirmados. A segunda é que a produção
visual se tornou num mercado muito lucrativo, onde as questões económicas se
sobrepõem inúmeras vezes às questões éticas e morais. E a violência tornou-se num
bem de consumo, com muito interesse económico. Apesar disto a autora conclui, que
não é um dado adquirido na sociedade, a evidência da relação causa-efeito da imagem
da violência e os actos de violência. Sendo este tipo de questões remetidas muitas vezes
para soluções morais ou financeiras pela via jurídica.
A imagem pode matar?

O visível só por si não dá ordens. Mas, será necessário, manter um


distanciamento suficiente, deste mundo das visibilidades em que vivemos, de modo a
que o nosso discernimento, e a nossa visão crítica não se perca, porque de outra forma
poderemos ser “engolidos” pela própria imagem. Quando nos tornamos unos com o
simulacro, ou a imagem distorcida de nós próprios (por falha da simbolização, ou da
representação), à uma identificação do infigurável no visível, esta identificação é mortal
e o distanciamento libertador.

A imagem é indissociável da manipulação sonora, exemplo disto, foi no 11 de


Setembro de 2001, a “suspensão do som durante a retransmissão imediata da
derrocada das torres significava, simultaneamente, que o espectáculo nos deixava sem
voz e que o corpo político era ainda incapaz de produzir um discurso.” (Mondzain,
2009, p.70)

Posso concluir, que a imagem é então inocente. Porque ela não pode, em si
mesma, cometer qualquer acto, salvo se considerarmos que o seu poder sobre o juízo e a
liberdade do indivíduo que a percepciona, é tal que pode comprometer o seu próprio
discernimento. Mas se pelo contrário, concluir-mos que a imagem não é recebida
passivamente, fica mais uma vez ilibada de qualquer responsabilidade, uma vez que o
sujeito é livre de agir segundo a sua própria vontade. “Supondo que a imagem induz
passividade, como pode ela levar a cometer um acto? Se pelo contrário, coloco a
hipótese de que não a recebo passivamente, a imagem deixa de estar a origem dos
meus actos, mas sim eu mesma, enquanto sujeito livre da minha acção”. (Mondzain,
2009, pp. 19-20). A autora, argumenta que não se pode sair desta contradição, se não se
estudar metodicamente a imagem, e nos debruçarmos, não sobre “o que é que a imagem
faz”, mas sim do que “ela leva a fazer”. Como diz o ditado, “ uma imagem vale mais
que mil palavras.”

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