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Maquiavel e os contratualistas

Edson Fasano

O presente texto tem por objetivo apresentar as principais contribuições de


Maquiavel e dos pensadores contratualistas para a elaboração das teorias que
procuraram justificar a importância e o sentido do denominado Estado
Moderno.

Niccolò di Bernardo Machiavelli (Maquiavel), nasceu em Florença em 1463


e faleceu em 1527. Viveu a transição do final da Idade Média e os princípios da
Idade Moderna, sendo um dos pioneiros do movimento renascentista. Em seu
contexto histórico, a Itália não existia enquanto um Estado Nacional Unificado,
mas estava fragmentada em diferentes reinos, com a presença de uma
estrutura agrária feudal. A principal preocupação de Maquiavel foi propor uma
ação política concreta, que pudesse contribuir para a formação de Estados
centralizados.

Para o estudo das contribuições à teoria política, elaborada por Maquiavel, é


necessário compreendê-la em seu contexto histórico, de forma a evitar um
julgamento moral equivocado, que muitas vezes é feito, a partir do olhar dos
valores construídos em outra temporalidade histórica. Dito de outra forma, o
estudo de uma teoria e do posicionamento teórico e político de determinado
filósofo, não deve desconsiderar os condicionamentos e as potencialidades do
contexto histórico do autor estudado.

A teoria construída por Maquiavel, cuja obra principal denomina-se como O


Príncipe, possibilita-nos, ainda hoje, fazer inferências sobre a teoria do Estado,
e as estratégias políticas que deverá ser realizadas pelos governantes.
Antonio Gramsci, em seu estudo realizado sobre Maquiavel, afirmou que: (...)
o caráter fundamental do Príncipe é o de não ser um tratado sistemático, mas
um livro vivo, no qual a ideologia política e a ciência política fundem-se na
forma dramática do mito. (GRAMSCI, 2007,p. 232).

Conforme constatado por Antonio Gramsci, a obra O príncipe, não se limita


a um receituário pragmático da ação política que deverá ser exercida por uma
liderança, mas um conjunto teórico – prático, sobre política e Estado.
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Maquiavel inova em sua análise política, quando ultrapassa o debate


idealista e moral, até então construído, nos momentos históricos anteriores.
Sejam na filosofia clássica grega, ou ainda na escolástica medieval, as análises
sobre o exercício político, fundamentaram-se em certo idealismo, em uma
reflexão do “vir a ser”, do desejável, independente do contexto histórico.
Maquiavel, por sua vez, afirma em O Príncipe, que o determinante da
estratégia política a ser adota pelo governante é a realidade a ser enfrentada.
Nesse sentido, as estratégias poderão ser variadas, sendo necessário em
momentos específicos o uso da força e em todos os momentos a persuasão.

Para o autor florentino, as sociedades vivem em permanente tensão.


Composta por grupos sociais antagônicos, entre eles, os que exercem o poder
político e o domínio social e os que são governados e oprimidos. Nesse
sentido, todo líder deve buscar certa “paz” social, sendo esse o papel do
Estado e do seu representante ( O Príncipe). Para que esse objetivo se efetive,
toda estratégia é valida. Para Maquiavel, o absolutismo era necessário para
que o Estado pudesse cumprir o seu papel naquele momento histórico.

Em comum acordo com o absolutismo, para Maquiavel, o Estado se


materializa por meio do seu “príncipe” e esse papel não pode ser exercido de
qualquer forma. Para que um príncipe exerça efetivamente a sua função é
necessário que possua virtù e fortuna. Concebe virtú como a capacidade de
leitura do contexto histórico, da realidade e de estabelecer estratégias políticas
necessárias e pertinentes para aquele contexto, por sua vez, fortuna é a
probabilidade da estratégia política escolhida ser vitoriosa.

A Virtù de Maquiavel trata-se de um signo valorativo utilizado


pelo autor para refletir a um conhecimento prático, técnico da
realidade efetiva das coisas. O sujeito possuidor da Virtù é o
que obtém êxito em obter e manter o poder. Os fundadores do
principado, sujeitos com tal característica, são homens
excelentes – dispostos a agir da forma mais corajosa possível
no sentido de se fundar um governo. Segundo Maquiavel, a
manutenção e a obtenção do poder torna-se variável, portanto,
conforme seja maior ou menor a Virtù de quem o conquistou.
Os homens de Virtù receberam da Fortuna não mais do que a
ocasião, que lhes deu a matéria para introduzirem a forma que
lhes aprouvesse, sendo que aqueles que por Virtù conquistam
o poder tendem mais facilmente a conservá-lo. Os mais
organizados teriam conseguido que suas constituições fossem
seguras se também considerassem as armas necessárias para
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mantê-la. Assim, há homens que enfrentam grandes


dificuldades, defrontando-se em seu caminho com perigos que
foram superados. Depois de vencerem esses perigos e
passarem a ser venerados, tendo aniquilado os que tinham
inveja de suas qualidades, tornam-se poderosos, seguros,
honrados e felizes, segundo Maquiavel. ( Souza, 2014, p.1)

A construção teórica dos denominados contratualistas, cujo pensamento


sucedeu as reflexões de Maquiavel, possuíram em comum a compreensão de
que o Estado é resultante de um contrato social. Destaca-se, três grandes
pensadores: Hobbes, Locke e Rousseau. O contrato social é resultante de um
acordo estabelecido entre a sociedade, cujo principal objetivo é o ordenamento
social e a construção de princípios comuns de sociabilidade.

O filósofo inglês Thomas Hobbes, nasceu em 1588 e morreu em 1679, viveu


o momento político de centralização do Estado inglês, bem como a Reforma
Anglicana. Seu pensamento possui uma base cristã, em que afirma existir uma
natureza ruim em todo ser humano e que precisa ser controlada pelo Estado,
para que não se viva a barbárie. Nesse sentido, defendeu a articulação entre o
Estado e a igreja, de forma que o representante de ambos, seja o monarca
absoluto. Sua principal obra denomina-se Leviatã.

O contrato social, para Hobbes, está na concessão dos súditos de um


determinado Estado, em ceder ao monarca absoluto o seu direito natural, de
forma que esse monarca possa ordenar a vida social.

Outra expressão importante do pensamento contratualista, foi o também


inglês John Locke. O referido filósofo viveu no século XVII, e em seu contexto
histórico pode experimentar as transformações do mercantilismo econômico e
o surgimento dos elementos necessários ao que no século seguinte se
conheceu como Revolução Industrial. Nesse sentido, é importante que se
observe, as suas contribuições teóricas, associadas ao que pode-se
denominar “evolução” do sistema capitalista. De certa forma, a teoria
construída por Locke, constitui-se em um arcabouço que buscou legitimar
ideologicamente o sistema liberal.

Locke distanciou-se da ideia de Hobbes sobre a existência de uma natureza


humana ruim, que deveria ser controlada pelo Estado. Para ele, o ser humano
não é a priori nem bom nem ruim, mas resultado das suas experiências sociais.
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Nesse sentido, negava que os homens viveriam a barbárie se não fosse a


presença do Estado (teoria de Hobbes), segundo ele, o Estado exerce um
poder consentido pelos governados, para que garantam os denominados
direitos naturais, tais como: direito a vida, a liberdade individual e a propriedade
privada.

O contexto histórico vivido pelo francês Jean Jacques Rousseau foi o do


estabelecimento do sistema capitalista, pós Revolução Industrial, tendo tido
uma contribuição importante para a teoria do Estado burguês.

Segundo o filósofo francês, o ser humano nasce bom, mas é corrompido


pela sociedade. Para evitar o deterioração humana, é necessário o
estabelecimento de um contrato social, cujo principal objetivo é preservar a
liberdade natural do ser humano, garantindo a segurança e o bem comum.

Defendeu um Estado politicamente representativo da vontade popular,


estabelecendo princípios da democracia burguesa. O pensamento de
Rousseau influenciou a Revolução Francesa.

REFERÊNCIAS:

GRAMSCI, ANTONIO. Cadernos do Cárcere, v. 03. 3 ed. Trad. Carlos Nelson


Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007

HOBBES, Thomas. Leviatã. Ou matéria, forma e poder de uma república


eclesiástica e civil. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2014

LOCKE, John. Os pensadores Locke. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1991.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo, Folha de São Paulo, 2010.


Coleção livros que mudaram o mundo. Vol. 02.

ROUSSEAU, Jean Jacques. Do contato social. Trad. Paulo Neves. Porto


Alegre:L&PM, 2007

SOUZA, Rubin Assis da Silveira. Virtù e fortuna em Maquiavel a partir da obra


O Príncipe. Artigo disponível no endereço eletrônico
https://jus.com.br/artigos/29050/virtu-e-fortuna-em-maquiavel-a-partir-da-obra-
o-principe, 2014. ( pesquisado em 21/08/2017)

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