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Resumo
Introdução
Uma porção significativa da população mundial tem sofrido nos últimos anos com o resultado
de desastres naturais e artificiais. A resposta humanitária aos diferentes desastres, tais como o
tsunami de 2004 no Oceano Índico, o terremoto de 2005 no Paquistão, aos vários furacões nos
Estados Unidos, e a propagação da AIDS na África não têm conseguido ser eficaz nem
eficiente. As razões são muitas, mas são em parte decorrentes da dimensão e do alcance de
tais desastres. Uma resposta eficaz e eficiente humanitária depende da capacidade da logística
para adquirir, transportar e receber o material no local de um esforço de ajuda humanitária.
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aplicabilidade, no país, em eventuais acidentes nucleares nas usinas de Angra I e II. Com
relação a desastres naturais, o país não costuma ter terremotos de grande magnitude,
maremotos, tufões ou tornados. Em 2004, ocorreu o primeiro registro de furacão sobre a costa
brasileira, o Catarina, que danificou 53 mil edificações e deixou 2,2 mil desabrigados
(Nogueira et al., 2008). Porém, o país costuma sofrer com secas, enchentes e deslizamentos.
Dos desastres naturais que ocorrem no Brasil, 58% são enchentes e 11% são deslizamentos
(Thenório, 2011).
Segundo dados divulgados pela ONU (ONU, 2011), na última década, o Brasil foi atingido,
em média, por seis desastres naturais por ano: seis secas atingiram dois milhões de pessoas;
37 enchentes deixaram 4,5 milhões de vítimas, sendo 1,2 mil fatais; cinco deslizamentos
mataram 162 pessoas; cinco tempestades atingiram 15,7 mil pessoas, sendo 26 fatais;
epidemias afetaram 606 brasileiros e mataram 203; um terremoto afetou 286 pessoas; e três
incidentes de temperaturas extremas mataram 39 pessoas. Ainda, o Relatório de Clima do
INPE mostra que eventos extremos de precipitação podem se tornar mais frequentes, gerando
enchentes e alagamentos mais severos no país (Nogueira et al., 2009). Estes constantes
desastres chamam a atenção para a necessidade de se estruturar procedimentos que tornem
mais eficientes as ações de atendimento à região atingida. Como principal foco deste processo
está à assistência à população diretamente atingida pelo desastre e, em paralelo, uma imediata
implantação de medidas para reduzir a extensão dos impactos no contexto geográfico.
A logística humanitária lida com uma série de desastres naturais, como terremotos, tsunamis,
furações, tornados, epidemias, secas, inundações, e também com desastres antropogênicos,
como atos terroristas, ataques químicos, crises de refugiados e acidentes nucleares (Kovacs e
Spens, 2007; 2009). A logística é um aspecto crítico para o sucesso de uma operação
humanitária, posto que 90% dos esforços de uma operação de mitigação a desastres se
destinam a atividades logísticas (Trunick, 2005).
Segundo Kuhn (1970) o conhecimento científico evolui de forma cumulativa, mas não
necessariamente linear. Como o próprio autor enfatiza (1970, p. 91):
“No desenvolvimento de qualquer ciência, admite-se habitualmente que o
primeiro paradigma explica com bastante sucesso a maior parte das
observações e experiências facilmente acessíveis aos praticantes daquela
ciência. Em consequência, um desenvolvimento posterior comumente requer a
construção de um equipamento elaborado, o desenvolvimento de um
vocabulário e técnicas, além de um refinamento de conceitos que se
assemelham cada vez menos com os protótipos habituais do senso comum”
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Neste contexto, emergem algumas questões: será que o paradigma da gestão da cadeia de
suprimentos convencional é adequado a gestão da logística humanitária? Como os estudos de
logística humanitária estão estruturados atualmente? Quais as oportunidades ainda não
exploradas?
A partir de um criterioso estudo bibliométrico, e com a adoção das técnicas de análise fatorial
e análise de redes sociais, este estudo analisa e descreve a evolução dos estudos de logística
humanitária, explorando o atual estado-da-arte, a configuração da rede de pesquisadores e as
oportunidades de pesquisa futura.
Até 2006, existia um conjunto limitado de pesquisa sobre Logística Humanitária (Beamom e
Kotleba, 2006). Eram poucos os artigos dedicados ao tema até 2005 (Kovacs e Spens, 2007).
Porém, desde então, a Logística Humanitária passou a ser debatida em diferentes plataformas,
sendo tema de sessões especiais em congressos renomados como o INFORMS, POMS, LRN
(Kovacs e Spens, 2009). Foram publicadas edições especiais sobre o tema em periódicos
como o POMS, International Journal of Physical Distribution & Logistics Management,
Transportation Research Part E e Journal of Production Economics. Em 2011, foi publicado
o primeiro periódico exclusivo sobre Logística Humanitária, o Journal of Humanitarian
Logistics and Supply Chain Management. Ainda, foram criados grupos de estudo sobre o
tema, como o do Instituto Fritz, o do INSEAD e o do MIT (Kovacs e Spens, 2009).
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Atualmente, existem cursos de mestrado e doutorado sobre o tema em diversas universidades
(Kovacs e Spens, 2011). Logo, observa-se que a disciplina tem evoluído como corpo teórico.
Contudo, o conceito de logística humanitária ainda é incipiente no Brasil. Há um grupo de
pesquisadores que estudam o tema na Universidade Federal de Santa Catarina, tendo
publicado artigos sobre o tema desde o desastre do furacão Catarina. Também são poucas as
experiências de prevenção e mitigação de desastres no país. Segundo a ONG Contas Abertas,
em 2010, a União investiu 14 vezes mais para sanar estragos causados pelas chuvas do que
em prevenção (Campanato, 2011). No entanto, observa-se o início do desenvolvimento de
estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano
Municipal de Redução de Riscos e o Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres.
Assim, é necessário apresentar alguns pontos que segundo Meirim (2006), destacam os
grandes desafios à logistica humanitária:
a) Materiais: O que é necessário? Para onde deve ser enviado? Conforme podemos perceber
em diversos desastres, o acúmulo de doações nas primeiras semanas pode gerar
desperdícios e avarias, alem de ocorrerem chegada de itens inadequados as necessidades
daquele momento.
b) Ausência de processos coordenados sejam em relação ao fluxo de informações, pessoas e
materiais.
c) Infra Estrutura que na maior parte dos casos encontra-se destruída, dificultando assim o
acesso, a chegada de recursos e a saída de pessoas.
d) Recursos Humanos: Excesso de pessoas (voluntários) sem treinamento adequado, heróis
que agem somente com a emoção, celebridades que desejam “5 minutos de fama”, pessoas
que vão para o local e não conhecem a magnitude do problema.
De maneira geral, a logística humanitária propõe o uso efetivo dos conceitos logísticos
adaptados às especificidades da cadeia de assistência humanitária. Esses conceitos podem ser
o grande diferencial no sentido de maximizar a eficiência e o tempo de resposta à situação de
emergência.
Pettit e Beresford (2005) e Tatham e Pettit (2010) apontam semelhanças entre a logística
humanitária e a logística militar: ambas têm demandas incertas, enfrentam dificuldades dadas
pela degradação da infraestrutura física do local e à ausência de certas funções do Estado,
atendem a indivíduos feridos e traumatizados, e estão sob observação constante da mídia. Por
outro lado, para Ertem et al. (2010) a logística empresarial está 15 anos a frente da logística
humanitária.
Segundo Nogueira et al. (2008), as condições enfrentadas pelas empresas são diferentes das
enfrentadas em um desastre, de modo que há características específicas da logística
humanitária que diferem da tradicional abordagem empresarial, como questões ligadas à vida
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humana, sistemas de informações pouco confiáveis, incompletos ou inexistentes e a demanda
é gerada por efeitos aleatórios. O Quadro 1 apresenta as principais diferenças entre a logística
empresarial e a logística humanitária:
Metodologia de Pesquisa
O principal interesse desta pesquisa é avaliar a abordagem dada à logística humanitária. Para
atingir o objetivo proposto pelo presente trabalho, conduziu-se um estudo bibliométrico
exploratório. Os autores decidiram não conduzir um meta-estudo uma vez que o objetivo de
pesquisa do presente estudo é explorar o que os pesquisadores tem estudado no âmbito da
logística humanitária e não nos resultados encontrados. Desta forma, um estudo bibliométrico
estruturado parece ser mais apropriado.
Esta pesquisa foi desenvolvida de forma iterativa e estruturada pelos autores, numa adaptação
aos passos adotados e sugeridos pela literatura (Miles e Huberman 1984, Terpend et al, 2008).
A revisão contou com cinco etapas, como apresentada na figura 1.
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Inicialmente, definiu-se o critério de seleção dos artigos para a base de dados. para tanto
optou-se por uma revisão da literatura baseada em um conjunto de artigos localizados através
dos portais eletrônicos EBSCO Search e Google Acadêmico, onde buscou-se as seguintes
palavras-chave: “humanitarian aid”, “humanitarian supply”, “humanitarian logistics”,
“humanitarian reliefs”, “logística humanitária”, “cadeia de fornecimento” +
“humanitária”.
Após selecionada a base preliminar de dados, três autores revisaram a base e selecionaram os
que eram apropriados ao contexto do estudo. A decisão pela inclusão foi sempre acordada
entre todos e este método proporcionou a validade da amostra e favoreceu a seleção de
estudos de alta qualidade. A amostra final contou com 59 artigos, conforme apresentado no
tabela 1.
A etapa seguinte do processo de revisão considerou a criação de uma planilha estruturada com
a descrição de cada estudo, metodologia de pesquisa adotada, pergunta e objetivos de
pesquisa, conclusões, palavras-chave e uma categorização sobre o escopo dos artigos, seguida
de uma apreciação sobre o artigo analisado. Esta etapa foi conduzida pelos 3 pesquisadores e
refinada posteriormente por um dos autores de forma a ter um relatório alinhado e estruturado.
A revisão desses artigos proporcionou uma discussão entre os autores de forma a buscar,
quando necessário, novos artigos para a inclusão a base de dados e/ou desenvolvimento do
presente estudo. Após concluída a construção dessa base de dados, esta foi analisada a partir
de duas técnicas estatísticas: análise de redes sociais e análise fatorial.
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Periódico Qtde de artigos
International Journal of Physical Distribution and Logistics Management 16
Journal of Humanitarian Logistics and Supply Chain Management 10
Disaster Prevention and Management 6
JOM 5
Management Research News 5
The International Journal of Production Economics 4
IJOPM 3
Supply Chain Management - An International Journal 3
International Journal of Public Sector Management 2
Food Policy 1
International Journal of Productivity and Performance Management 1
Journal of Manufacturing Technologies 1
Socio-Economic Planning Sciences 1
The International Journal of Logistics Management 1
Total 59
Tabela 1: Resultado da pesquisa – Periódicos
Fonte: Elaborado pelos autores
A análise fatorial exploratória é uma técnica de análise multivariada que visa definir a
estrutura inerente entre as variáveis de análise. Com esta técnica é possível identificar
conjunto de variáveis que são fortemente inter-relacionadas, conhecidas como fatores.
Segundo Hair Junior et al. (2009, p.143) “é uma poderosa ferramenta para melhor
compreender a estrutura dos dados, e também pode ser usada para simplificar análises de
um grande conjunto de variáveis substituindo-as por variáveis compostas.”
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Análise dos Dados
Nesta etapa os resultados da análise dos artigos serão apresentados. Observando a estrutura do
período de publicação das revistas acadêmicas, nota-se uma emergência dos estudos
relacionados ao tema principalmente nos últimos três anos, como apresentado no gráfico 1,
fato esse que será explorado pelo presente estudo.
Quanto à metodologia de estudo adotada nos artigos analisados, percebe-se grande destaque
aos estudos conceituais (39%) e estudos de caso (35,6%). Os estudos qualitativos são
tipicamente utilizados para explorar uma área não estudada previamente (Barrat, Choi e Li,
2011).
Em uma análise preliminar, isto parece contra intuitivo, uma vez que os estudos de logística,
gestão da cadeia de suprimentos e operações estão em discussão há algumas décadas na
academia. Entretanto, essa abordagem nos sugere a possibilidade da logística empresarial não
atender extensivamente as necessidades da logística humanitária.
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Empírico -
Modelagem Empírico - Empírico -
Ano Conceitual Estudo de
Matemática survey dados secund.
Caso
1994 1 0 0 0 0
2001 1 0 0 0 0
2003 2 0 0 0 0
2005 0 0 0 1 0
2006 2 1 0 0 0
2007 1 0 0 0 1
2008 0 0 1 0 2
2009 6 0 0 2 7
2010 4 2 0 1 5
2011 6 4 2 1 6
Total Geral 23 7 3 5 21
39,0% 11,9% 5,1% 8,5% 35,6%
Segundo Wasserman e Faust (1994), o grau de centralidade leva em conta o número de laços
que um autor possui com outros em uma mesma rede. Desta forma, como apresentado na
tabela 3, percebe-se que os autores mais centrais são Benita Beamon, Karen Spens, G.
Kovacs, Daniel Maxwell, Peter Tatham e Luk van Wassenhove. Entretanto o grau de
centralização da rede é baixo (0,89%).
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FREEMAN’S DEGREE CENTRALITY MEASURES Estatística Descritiva
Colunas1 Degree NrmDegree Share Degree NrmDegree Share
Beamon, B. 6.000 1.165 0.038 Mean 1.519 0.295 0.010
Spens, K. 6.000 1.165 0.038 Std Dev 1.101 0.214 0.007
Kovacs, G. 6.000 1.165 0.038 Sum 158.000 30.680 1000
Maxwell, D. 4.000 0.777 0.025 Variance 1.211 0.046 0.000
Tatham, P. 4.000 0.777 0.025 SSQ 366.000 13800 0.015
Wassenhove, L. 4.000 0.777 0.025 MCSSQ 125.962 4749 0.005
Charles, A 3.000 0.583 0.019 Euc Norm 19.131 3715 0.121
Régnier, P. 3.000 0.583 0.019 Minimum 0.000 0.000 0.000
McLachlin, R. 3.000 0.583 0.019 Maximum 6.000 1165 0.038
Jahre, M. 3.000 0.583 0.019 N of Obs 104.000 104000 104000
Overstreet, R.E. 3.000 0.583 0.019
Network Centralization = 0.89%
Blau Heterogeneity = 1.47%
Normalized = 0.51%
Tabela 3: Grau de centralidade dos autores
Fonte: Dados da pesquisa
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Quanto ao escopo de estudo dos artigos selecionados, a partir análise de conteúdo dos
trabalhos, os autores geraram 88 códigos. A base de dados codificada foi avaliada com a
técnica de analise fatorial exploratória, utilizando o método de extração de componentes
principais e o tipo de rotação Varimax e 15 fatores foram extraídos que respondem pela
variância de 95%. Reconhece-se que a quantidade de fatores ainda é grande em relação à
quantidade de artigos publicados neste período, entretanto, dado a diversidade de abordagens
em que os estudos de logística humanitária se encontram, uma maior redução de fatores
poderia comprometer a compreensão e o estado-da-arte dos estudos. Os temas principais e os
artigos relacionados são apresentados no quadro 2.
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Conclusões
Desastres ao longo das últimas décadas têm sido maiores e mais freqüentes, e é sabido que
ocorrerão em maior intensidade e proporção nos próximos 50 anos, tantos os causados
naturalmente, quanto os provocados pelos homens (Thomas e Kopzack, 2007). Lidar com o
contingente de necessidades nestes eventos torna-se crucial, pois uma decisão incorreta pode
levar inúmeras vidas a termo.
O campo de estudos de logística humanitária ainda é fragmentado, o que pode ser claramente
observado a partir da existência de vários grupos de autores. Este é um ponto crítico, pois
dificulta o compartilhamento de ideias e o desenvolvimento científico, o que seria facilitado
na existência de uma rede de colaboração mais coesa (Moody, 2004). Assim, como levantado
por Bulgacov e Verdu (2001), a falta de planejamento de pesquisa possivelmente gera a
fragmentação.
Foi possível identificar também que em nenhum dos trabalhos há citações ou participação de
pesquisadores brasileiros. Apesar da crescente internacionalização dos pesquisadores
brasileiros, a participação em grupos de pesquisa ainda não foi constatada pelos autores, pelo
menos no campo explorado pelo presente estudo. Poderia inferir-se que tal fato dá-se por
questões culturais e comportamentais e, não por questões tecnológicas ou de recursos como
elucidado por Bulgacov e Verdu (2001), entretanto, não há evidências claras das razões da
não participação brasileira.
Esse trabalho pode contribuir para o avanço dos estudos de logística humanitária, uma vez
que pode identificar uma série de lacunas ainda não exploradas pelos pesquisadores. Isto não
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é de nenhuma maneira uma lista exaustiva, mas um começo de um registro de potenciais
tópicos futuros de pesquisa, o qual é dinâmico por natureza, a saber:
Além das lacunas apresentadas, pretende-se ressaltar a questão da cultura local na logística
humanitária. Sob o aspecto da ajuda humanitária, um fator de extrema importância além da
própria logística é conhecer o próprio beneficiário. Lidando com as mais variadas culturas,
muitas vezes uma decisão óbvia para um ocidental pode refletir de maneira equivocada a um
oriental, por exemplo. Entre as diversas definições, cultura pode ser entendida como uma
conceituação de regras, normas de comportamento e inúmeras formas de relações de poder,
que funcionam como guias de conduta para as ações das pessoas pertencentes ao mesmo
grupo (Walsham, 2002).
Diversos estudos anteriores puderam demonstrar a relevância desse ponto. A cultura existente
nos locais de desastre pode influenciar significativamente no modo do resgate e sua
coordenação (Van Wassenhove, 2006; Petit e Beresdorf, 2009; Balcik et al, 2010; Dowty e
Wallace, 2010). Rodon et al (2011) desenvolveram um estudo sobre a influência da cultura
como fator crítico de sucesso nas questões humanitárias. Eles analisaram um caso de
epidemia de “cólera” na Somália em fevereiro de 1994. A organização de ajuda humanitária
“Médicos sem Fronteiras” esteve presente neste episódio epidêmico e por entender que por
questões sanitárias e para a preservação das vidas envolvidas, seria ideal que os corpos dos
mortos, fossem queimados, porém sem o atributo do ritual da cultura local. Isso ocasionou
uma revolta na comunidade, que preferiu estar presente, e que causou outras tantas mortes
pela mesma moléstia, devido à contaminação. A revolta causou também a retirada de toda a
comunidade do centro de ajuda ao combate à cólera.
Dessa forma, se a cultura local não for conhecida e respeitada, se não houver um guia local ou
algum membro que conheça a comunidade, está poderá ir contra a ajuda humanitária e colocar
toda a operação em risco, podendo causar até um segundo desastre.
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Apêndice A
Rede de relações de coautoria entre os pesquisadores de logística humanitária
Fonte: Elaborado pelos autores
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