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Pr Paschoal
Confesso que fiquei profundamente triste com as palavras e o vídeo apresentado
na PIB de Curitiba pelo Pr. Paschoal Piragine. Triste pelo fato de não saber julgar
direito se é desinformação política e ou maldade ideológica.
Fiquei triste em ver que política, que até então era coisa do Diabo, tornou-se coisa
de
Deus e da igreja que "se preocupa" com os valores do evangelho. Até
então estes líderes mantinham-se "longe" dos temas políticos, longe dos
temas políticos que lhes incomodam e denunciam sua omissão diante dos
assassinatos de negros, pobres, homossexuais, menores abandonados,
trabalhadores rurais sem terra (Eldorado dos carajás), etc. Que
preocupação.
Fiquei triste de ver que só agora o Pr. Paschoal Piragine e outros estão vendo
iniquidade institucional. Não viram nenhuma iniquidade nas inúmeras mortes da
ditadura militar no Brasil,
nunca viram iniquidade nos governos de Sarney, Collor, Itamar e
principalmente de FHC. Em que Brasil estes estavam vivendo? Respondo, no
Brasil dos ricos e que não conhecem as dores do nosso povo de perto.
Fico triste por ver que o nome de Deus continua sendo usado para manipular e
assustar as pessoas. Engraçado:
quando declaro meu apoio a partidos de luta histórica de esquerda,
quando declaro meu apoio a luta dos trablhadores sem terra (MST, CPT,
MLST, etc), quando vou as ruas lutar por justiça, denunciar mortes,
cobrar políticas públicas que beneficiem o povo, não sou tratado como
homem de Deus, falando em nome de Deus e preocupado com os valores do
evangelho que defendem a vida. Quando usam o púlpito para declarar
posição contra partidos e posições de caráter moral e sexual, estão
falando em nome de Deus.
Fico triste de continuar vendo a partir destes pastores e líderes religiosos que
a única coisa que pode mover a mão de Deus contra uma nação é a forma como
este povo trata suas questões sexuais. Fome, falta de moradia, latifundio,
acúmulo de riqueza, miséria, idolatria ao poder e ao dinheiro,
desigualdade social, injustiçaqs de todo tipo, etc. não incomodam o
coração de Deus.
Quero declarar a quem interessar possa: Não creio neste evangelho piegas nem
neste Deus manipulável que se preocupa mais com a sexualidade da sua criação
do que com a dignidade
com que sua criação está vivendo.
Sei que quem sabe usar bem as palavras e manipular as imagens serão
aplaudidos.
Sei que posso ser execrado pelas lideranças que como bem afirmou o Pr.
Paschoal
(30 anos sem se manifestar...), vivem num Brasil de outras preocupações que
não são as
minhas pessoais nem o que move meu coração ministerial. Talvez por não
concordar com estes posicionamentos não seja mais crente, cristão e
tampouco pastor. Se a forma de ser respeitado como tal é assinando em
baixo com as palavras do dileto pastor, prefiro abrir
deste respeito.
Desculpe me alongar, não gosto de usar este espaço para dialogar. Respeito o
direito do Pr. Pachoal manifestar sua opinião, indago apenas uma coisa: O
contraditório será apresentado
por quem na PIB de Curitiba?
Porque coloco isto para tod@s que irão ler este desabafo ?
Pelo simples fato de declarar durante toda minha vida apoio ao movimentos
sociais que lutam em defesa da justiça neste país e sempre ser tratado como
aloprado pela direita conservadora da minha denominação.
Aloprados são os que denunciaram anos a fio as
estruturas de poder, estas que andaram de braços dados com a ditadura e
outros
meios carregados de iniquidade? Estes que defendem a
família e a moralidade são homens de Deus cheio do temor e assim se
manifestam com toda autoridade. Chega de hiprocia.
Abraços,
Pr. Wellington Santos
Igreja Batista do Pinheiro
Maceió-Alagoas