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HAMILTON GUILHERME BUENO DE SOUZA

ANÁLISE DAS CORRENTES TRANSITÓRIAS DE INRUSH EM REDES DE


DISTRIBUIÇÃO

Dissertação apresentada à Escola


Politécnica da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia

São Paulo
2007
HAMILTON GUILHERME BUENO DE SOUZA

ANÁLISE DAS CORRENTES TRANSITÓRIAS DE INRUSH EM REDES DE


DISTRIBUIÇÃO

Dissertação apresentada à Escola


Politécnica da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia

Área de concentração:
Engenharia Elétrica

Orientador:
Prof. Dr. Carlos César Barioni de Oliveira

Co-orientador:
Prof. Dr. Alden Uehara Antunes

São Paulo
2007

1
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob
responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.

São Paulo, 29 de junho de 2007.

Assinatura do autor ____________________________

Assinatura do orientador _______________________

FICHA CATALOGRÁFICA

Souza, Hamilton Guilherme Bueno de


Análise das correntes transitórias de inrush em redes de dis-
tribuição / H.G.B. de Souza. -- São Paulo, 2007.
107 p.

Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade


de São Paulo. Departamento de Engenharia de Energia e Auto-
mação Elétricas.

1.Redes de distribuição de energia elétrica 2.Eletrodinâmica


I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento
de Engenharia de Energia e Automação Elétricas II.t.

2
À José Paulo e Hilda (em memória) ,

Meus queridos pais, pelo amor e incentivo em


todos os momentos e conquistas da minha vida.

À Vivian,

Um anjo em minha vida, que sempre me ensina a


sonhar e acreditar, dando-me alegria permanente
de viver.

3
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Carlos César Barioni de Oliveira, meu mestre e orientador, pelo incentivo e dedicação
no desenvolvimento desta dissertação e ao longo de todo o curso.

Ao Prof. Dr. Alden Uehara Antunes, meu grande orientador, pela enorme paciência e dedicação,
em todos os meses de convívio no desenvolvimento deste trabalho.

Ao Eng Nilson Baroni, Gerente do setor Distribuição Técnica da Regional ABC da AES-
Eletropaulo, pelo incentivo em sempre buscar o autodesenvolvimento e me dar sempre
oportunidades de aprendizagem, além de seu exemplo profissional.

Ao Eng° Aparecido Domingues, Coordenador da área de Desempenho do Sistema Elétrico da


Regional ABC da AES-Eletropaulo, pela paciência e nas disponibilizações de horários sempre
quando eu precisei para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos colegas da Eletropaulo – com quem convivo e aprendo todos os dias, em especial, aos
queridos amigos Cláudio Takahiro Nakamura Mineta e Antônio Monteiro, os meus grandes
amigos os quais sempre me ajudam nas horas de desafios profissionais.

À Stela, minha querida e amável filha que desde quando passou a existir, sempre me deu sentido e
alegria permanente em viver.

Aos meus irmãos que sempre me incentivaram em estudar e encarar desafios que me engrandece.
Em especial á Priscila, a qual me incentivou nas horas mais difíceis durante este trabalho.

À Peracilda Mascarenhas, atual esposa de meu pai, pelo incentivo e contribuição de minha vida,
especialmente a formação intelectual, onde foi fundamental em adquirir mais esta conquista.

À Deus por tudo e todos em minha vida, sem exceção.

4
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

RESUMO

ABSTRACT

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14

CAPÍTULO 2 – CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ...................................................... 19


2.1. Introdução ............................................................................................................................ 19
2.2. Sistema Coordenado ............................................................................................................ 23
2.3. Sistema Seletivo .................................................................................................................... 25

CAPÍTULO 3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 27


3.1. Considerações Gerais ............................................................................................................ 27
3.2. Metodologias para avaliação da Corrente de Inrush ......................................................... 27
3.3. Técnicas para Minimização da Corrente de Inrush em Chaveamentos ........................... 35
3.4. Metodologias para Distinguir e Detectar Correntes de Inrush ......................................... 38
3.5. Problemas causados pelas Correntes de Inrush ................................................................. 43
3.6. Cargas frias em Redes de Distribuição ................................................................................ 46
3.7. Conclusão ................................................................................................................................ 49

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DAS CORRENTES DE INRUSH EM CARGA QUENTE


.......................................................................................................................................................... 51

4.1. Considerações Gerais ............................................................................................................ 51


4.2. Metodologia Adotada ............................................................................................................. 52
4.3. Determinação das correntes de inrush em Carga quente .................................................. 55
4.3.1. Apresentação dos Resultados das Correntes de Inrush em Cargas Quentes ...................... 57
4.3.1.1. Subestação Anchieta (ANC)....................................................................................................... 57

5
4.3.1.2. Subestação Taboão da Serra (TSE)......................................................................................... 58
4.3.1.3. Subestação Embu (EMB)......................................................................................................... 59
4.3.1.4. Subestação Mandaqui (MAD).................................................................................................. 60
4.3.1.5. Subestação Monções (MOC)..................................................................................................... 61
4.3.1.6. Subestação Piraporinha (PIP).................................................................................................. 61
4.3.1.7. Subestação Parelheiros (PRE).................................................................................................. 62
4.3.1.8. Subestação Rio Grande (RGR)................................................................................................. 63
4.3.1.9. Subestação Lubeca (LUB)......................................................................................................... 63
4.3.1.10. Subestação Itaquera (ITR)...................................................................................................... 64
4.3.1.11. Subestação Jordanésia (JOR)................................................................................................. 64
4.3.1.12. Subestação Comandante Taylor (CTA)................................................................................... 65
4.3.1.13. Subestação Diadema (DIA)..................................................................................................... 66
4.3.1.14. Subestação Campestre (CPE)................................................................................................. 66
4.3.1.15. Subestação Carrão (CRA)....................................................................................................... 67
4.3.1.16. Subestação Butantã (BUT)...................................................................................................... 67
4.3.1.1.7. Subestação Clementino(CLE)................................................................................................ 68
4.3.1.18. Subestação Buenos Aires (BAI)............................................................................................... 69
4.3.1.19. Subestação Bartira (BAR)....................................................................................................... 69
4.3.1.20. Subestação Barra Funda (BFU)............................................................................................. 71

4.3.2 Análise dos Resultados ..................................................................................................... 72


4.3.2.1. Fator Multiplicativo k ajustado para o instante 16,6 ms (1 ciclo) .......................................... 73
4.3.2.2. Fator Multip. k ajustado para o instante 16,6ms através de Intervalos de Confiança
.................................................................................................................................................. 75
4.3.2.3. Fator Multiplicativo (K16.66 ms) ajustado em Função da Potência Instalada....................... 77
4.3.2.4. Fator Multiplicativo k Ajustado para o Instante 100 ms (6 ciclos)...........................................77
4.3.2.5. Fator Multip. k Ajustado para o Instante 100 ms Através de Intervalos de Confiança
.................................................................................................................................................. 79
4.3.2.6. Fator Multiplicativo (K100 ms) ajustado em Função da Potência Instalada.......................... 80

CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DAS CORRENTES DE INRUSH EM CARGA FRIA


......................................................................................................................................................... 82
5.1. Considerações Gerais ............................................................................................................ 82
5.2. Determinação das correntes de inrush em Carga fria ....................................................... 82
5.2.1. Apresentação dos Resultados das Correntes de Inrush em Cargas Frias ........................... 84
5.2.1.1. Subestação Bartira (BAR)....................................................................................................... 84
5.2.1.2. Subestação Barra Funda (BFU)............................................................................................. 85
5.2.1.3. Subestação Campestre (CPE)................................................................................................. 85
5.2.1.4. Subestação Carrão (CRA)...................................................................................................... 86
5.2.1.5. Subestação Diadema (DIA).................................................................................................... 86

6
5.2.1.6. Subestação Embu (EMB)........................................................................................................ 87
5.2.1.7. Subestação Itaquera (ITR)..................................................................................................... 87
5.2.1.8. Subestação Jordanésia (JOR)................................................................................................ 87
5.2.1.9. Subestação Lubeca (LUB)..................................................................................................... 88
5.2.1.10. Subestação Monções (MOC).............................................................................................. 88
5.21..11. Subestação Piraporinha (PIP)............................................................................................ 89
5.2.1.12. Subestação Parelheiros (PRE)........................................................................................... 89
5.2.1.13. Subestação Rio Grande (RGR)........................................................................................... 90
5.2.1.14. Subestação Taboão da Serra (TSE).................................................................................... 90

5.2.2. Análise dos Resultados ................................................................................................... 91


5.2.2.1. Fator Multip. k Ajustado para o Instante 16,6 ms (1 ciclo)................................................. 92
5.2.2.2. Fator Multip. k ajustado para o Inst. 16,6ms através de Intervalos de Confiança ............ 93
5.2.2.3. Fator Multip. (k 16.6ms) ajustado em Função da Potência Instalada .............................. 93
5.2.2.4. Fator Multip. k Ajustado para o Instante 100 ms (6 ciclos)............................................... 94
5.2.2.5. Fator Multip. k ajustado para o inst. 100ms através de Interv.de Confiança ................... 96
5.2.2.6. Fator Multip. (k 100 ms) ajustado em Função da Potência Instalada .............................. 97

CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DAS CORRENTES DE INRUSH COM AS POTÊNCIAS


CURTO-CIRCUITO ................................................................................................................. 100

CAPÍTULO 7 - CONCLUSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS ............................................... 105


7.1 Propostas para Novas Pesquisas ...................................................................................... 106

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 108

7
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Produção de corrente de inrush em um transformador .............................................. 16

Figura 1.2 - Corrente de inrush referente a uma fase .................................................................... 16

Figura 2.1 - Fechamento de um banco de capacitor em uma fase ................................................. 21

Figura 2.2 - Ajustes da proteção em função da corrente de inrush ................................................ 22

Figura 2.3: Diagramar unifilar de um alimentador com a filosofia do sistema coordenado .......... 23

Figura 2.4: Coordenograma típico do sistema coordenado ............................................................ 24

Figura 2.5: Diagrama unifilar de um alimentador com a filosofia do sistema seletivo................... 25

Figura 2.6: Coordenograma típico do sistema seletivo ................................................................... 26

Figura 3.1 - Corrente de inrush referente a uma fase ...................................................................... 30

Figura 3.2 - Decomposição da corr. de inrush trif. utilizando a Transf. de Wavelet ...................... 30

Figura 3.3 - Característica da corrente de inrush após amostragem do sinal obtida por meio da
aplicação da Transformada de Wavelet ........................................................................ 31

Figura 3.4 - Sinal transitório característico da corrente de inrush .................................................. 34

Figura 3.5 - Conteúdo harmônico da corrente de inrush obtido por meio de processo matricial e
iterativo ......................................................................................................................... 34

Figura 3.6 - Representação da evolução do processo iterativo no domínio do tempo .................... 34

Figura 3.7 - Efeito do fator de espaço na corr. de pico e na corr. de 2ª harm. do primeiro ciclo
..................................................................................................................................... 39

Figura 3.8: Identificação da corrente de inrush a partir do relé de seqüência zero através do
algorítmo........................................................................................................................ 42

Figura 4.1: Amostra de uma oscilografia de uma corrente de inrush de um alimentador primário
........................................................................................................................................ 52

Figura 4.2 - Área de uma curva sendo calcula pelo Método dos Trapézios ................................... 53

Figura 4.3 - Estimativa do fator multiplicativo k referente ao instante 16,66 ms ........................... 73

Figura 4.4: Histograma da distribuição dos valores do fator multiplicativo k-16,6ms (carga quente)
em função de freqüências ocorridas .............................................................................. 74

Figura 4.5: Curvas sobrepostas de Distribuição Normal e Distribuição não normal ...................... 75

8
Figura 4.6: Curva e parâmetros da Distribuição Normal aproximada aplicada às amostras de
corrente de carga quente em 16,6 ms ............................................................................ 77

Figura 4.7 - Análise do fator multiplicativo k referente ao instante 100 ms (6 ciclos) .................. 79

Figura 4.8: Histograma da distribuição dos valores do fator multiplicativo k-16,6ms (carga quente)
em função de freqüências ocorridas .............................................................................. 80

Figura 5.1 - Estimativa do fator multiplicativo k referente ao instante 16,66 ms ........................... 92

Figura 5.2: Histograma da distribuição dos valores do fator multiplicativo k-16,6ms (carga fria) em
função de freqüências ocorridas .................................................................................... 93

Figura 5.3 - Análise do fator multiplicativo k referente ao instante 100 ms (6 ciclos) .................. 96

Figura 5.4: Histograma da distribuição dos valores do fator multiplicativo k-100ms (carga fria) em
função de freqüências ocorridas .................................................................................... 97

Figura 6.1 - Relação das potências de curto-circuito (Qcc 3F) das Subestações .......................... 101

9
LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 - Resultados obtidos da SE Anchieta ............................................................................ 57

Tabela 4.2 - Resultados obtidos da SE Taboão da Serra ................................................................ 59

Tabela 4.3 - Resultados obtidos da SE Embu ................................................................................. 59

Tabela 4.4 - Resultados obtidos da SE Mandaqui .......................................................................... 60

Tabela 4.5 - Resultados obtidos da SE Monções ............................................................................ 61

Tabela 4.6 - Resultados obtidos da SE Piraporinha ........................................................................ 61

Tabela 4.7 - Resultados obtidos da SE Parelheiros ......................................................................... 62

Tabela 4.8 - Resultados obtidos da SE Rio Grande ........................................................................ 63

Tabela 4.9 - Resultados obtidos da SE Lubeca ............................................................................... 63

Tabela 4.10 - Resultados obtidos da SE Itaquera ........................................................................... 64

Tabela 4.11 - Resultados obtidos da SE Jordanésia ........................................................................ 65

Tabela 4.12 - Resultados obtidos da SE Comandante Taylor ......................................................... 65

Tabela 4.13 - Resultados obtidos da SE Diadema .......................................................................... 66

Tabela 4.14 - Resultados obtidos da SE Campestre ....................................................................... 66

Tabela 4.15 - Resultados obtidos da SE Carrão .............................................................................. 67

Tabela 4.16 - Resultados obtidos da SE Butantã ............................................................................ 68

Tabela 4.17 - Resultados obtidos da SE Clementino ...................................................................... 68

Tabela 4.18 - Resultados obtidos da SE Buenos Aires ................................................................... 69

Tabela 4.19 - Resultados obtidos da SE Bartira ............................................................................. 69

Tabela 4.20 - Resultados obtidos da SE Barra Funda ..................................................................... 71

Tabela 4.21 - Fator multiplicativo k (16,66 ms) em função das faixas de corrente nominal do
conjunto de transformadores atendidos pelos alimentadores .......................................................... 76

Tabela 4.22 - Fator multiplicativo k (100 ms) em função das faixas de corrente nominal do
conjunto de transformadores atendidos pelos alimentadores .......................................................... 79

Tabela 4.23 - Valores sugeridos para os fatores multiplicativos da corrente nominal visando à
determinação das correntes de inrush em carga quente .................................................................. 80

10
Tabela 5.1 - Resultados obtidos da SE Bartira ............................................................................... 83

Tabela 5.2 - Resultados obtidos da SE Barra Funda ....................................................................... 84

Tabela 5.3 - Resultados obtidos da SE Campestre ......................................................................... 84

Tabela 5.4 - Resultados obtidos da SE Carrão ................................................................................ 85

Tabela 5.5 - Resultados obtidos da SE Diadema ............................................................................ 85

Tabela 5.6 - Resultados obtidos da SE Embu ................................................................................. 86

Tabela 5.7 - Resultados obtidos da SE Itaquera ............................................................................. 86

Tabela 5.8 - Resultados obtidos da SE Jordanésia .......................................................................... 86

Tabela 5.9 - Resultados obtidos da SE Lubeca ............................................................................... 87

Tabela 5.10 - Resultados obtidos da SE Monções .......................................................................... 87

Tabela 5.11 - Resultados obtidos da SE Piraporinha ...................................................................... 88

Tabela 5.12 - Resultados obtidos da SE Parelheiros ....................................................................... 88

Tabela 5.13 - Resultados obtidos da SE Rio Grande ...................................................................... 89

Tabela 5.14 - Resultados obtidos da SE Taboão da Serra .............................................................. 89

Tabela 5.15 - Fator multiplicativo k (16,66 ms) em função das faixas de corrente nominal do
conjunto de transformadores atendidos pelos alimentadores .......................................................... 93

Tabela 5.16 - Fator multiplicativo k (100 ms) em função das faixas de corrente nominal do
conjunto de transformadores atendidos pelos alimentadores .......................................................... 95

Tabela 5.17 - Valores sugeridos para os fatores multiplicativos da corrente nominal visando à
determinação das correntes de inrush em carga fria ....................................................................... 96

Tabela 6.1 - Relação das subestações com os intervalos de confiança médio do fator k no instante
16,66 ms para as correntes de inrush em carga quente ................................................................... 98

Tabela 6.2 - Relação das subestações com os intervalos de confiança médio do fator k no instante
100 ms para as correntes de inrush em carga quente ...................................................................... 99

Tabela 6.3 - Relação das subestações com os intervalos de confiança médio do fator k no instante
16,66 ms para as correntes de inrush em carga fria ...................................................................... 100

Tabela 6.4 - Relação das subestações com os intervalos de confiança médio do fator k no instante
100 ms para as correntes de inrush em carga fria ......................................................................... 100

11
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar as correntes de inrush que surgem nos momentos
de energização dos alimentadores de sistemas de distribuição. Desta forma, são relevantes em
projetos cotidianos de concessionárias de energia elétrica como por exemplo, nos cálculos de
ajustes dos dispositivos de proteção.

Foram estudadas 291 (duzentas e noventa e uma) amostras extraídas de oscilografias de medidores
alocados nas saídas de alimentadores de distribuição, os quais armazenaram informações de tais
correntes nos momentos em que houveram religamentos bem sucedidos (carga quente), bem como
em energizações após longos períodos de interrupção (carga fria). Todos os alimentadores
analisados pertencem a AES-ELETROPAULO.

Os valores (em magnitude) das correntes de inrush foram analisados nos primeiros instantes (16,66
ms e 100 ms) logo após o momento da energização dos alimentadores, sendo os valores estudados
como variáveis probabilísticas.

As análises desta dissertação fundamentaram-se na comparação dos dados oriundos de medição


com os resultados de cálculo segundo o modelo tradicional (aplicação de fatores multiplicativos),
na qual se observa uma clara majoração que tende a sobredimensionar os resultados das correntes.
Desta forma este trabalho sugere a adoção de valores (ou faixa de valores) mais adequados e que
tendem a garantir uma aproximação mais consistente com as medições.

Comparando os valores (magnitude) dos fatores multiplicativos para as correntes de inrush entre
carga quente e carga fria, verifica-se que as correntes de inrush em carga fria tendem a ser maiores
do que em carga quente. Bem como em ambas as cargas, observa-se a relação direta de
proporcionalidade do fator multiplicativo com a potência instalada dos alimentadores em termos
dos transformadores de distribuição.

12
ABSTRACT

The purpose of this dissertation is to analyze the inrush currents generated upon the energization of
distribution system feeders. These said currents are relevant for typical designs in electric power
concessionaries, for example upon calculating the ideal settings for protection devices.

It was analyzed (or studies) 291 (two hundred and ninety one) oscilography samples extracted
from measuring devices oscilographs were analyzed. These devices were placed in the beggining
of distribution feeders, and stored information on such currents both in successful reclosing (hot
load) events and re-energization after long periods of outage (cold load) events. All feeders
analyzed belong to the AES-Eletropaulo.

The inrush current values (in magnitude) were analyzed right after (more specifically 16.66 ms and
100 ms) the feeder energization. For this reason, its corresponding values were studied as a
probabilistic variables.

This analysis was based on the comparison between measured data and traditional model
(application of factor coefficients) calculation results, in this way, observed it that the traditional
model yields over-dimensioned results which lead to oversizement of the results currents. It has
thus suggested revised, more suitable values (or bands of values) which are bound to ensure a more
consistent approximation to the real measurements.

Upon comparing the final value (in magnitude) results on the analysis of the factor coeficients for
inrush currents for hot load and cold load, it is observed that the cold load inrush currents tend to
be higher than those for hot load. Furthermore, it was observed the direct relation of
proporcionality of the factor coeficients to the ratings capacity transformer power installed along
the feeder lines.

13
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

O principal objetivo deste trabalho é apresentar uma metodologia de estudo para a determinação
dos valores máximos (em magnitude) das Correntes de Inrush dos alimentadores de distribuição
em média tensão. Salienta-se também que este método é discutido e comparado com os métodos
tradicionais os quais são utilizados pelas concessionárias de distribuição de energia, os quais se
baseiam em fatores multiplicativos das correntes nominais dos alimentadores. Este trabalho
fundamentou-se em análises de campo, pois em sua totalidade, utilizou-se informações extraídas
de ocorrências reais do sistema elétrico da AES-Eletropaulo.

De forma geral, a corrente de inrush de um alimentador pode ser considerada como a somatória de
todas as correntes transitórias geradas em cada transformador atendido [1]. Para cada
transformador, a corrente de magnetização correspondente constitui-se num fenômeno transitório
para acomodação do campo magnético do núcleo, da condição estável “antes”, para a condição
estável “depois”. Surgem altas correntes de magnetização no momento da energização, com
intensidades diferentes nas três fases.

Devem ser contemplados para o fenômeno do “inrush”, os seguintes aspectos:

- O aparecimento da componente de corrente contínua (cc) devido aos chaveamentos das fases;

- A existência de fluxo remanescente no núcleo do transformador.

Se a fase for fechada quando teoricamente a corrente está ‘passando’ por zero, não há transitório
para esta fase, sendo que a forma de onda da corrente de magnetização segue seu curso normal. Se,
entretanto, o fechamento da fase estiver fora deste instante, ocorrerá deslocamento da corrente no
eixo vertical para acomodar a situação. Isto é, aparece uma componente de corrente contínua, e
o deslocamento do eixo da corrente pode levar à saturação do núcleo.

Adicionalmente, se um transformador pudesse ser energizado no instante em que o valor da onda


de tensão correspondesse ao fluxo magnético real do núcleo nesse instante, a energização seria

14
uma suave continuação da operação anterior, sem que ocorresse um transiente magnético. Mas na
prática, o instante do chaveamento não está sob controle e assim um transiente magnético é
praticamente inevitável.

Quando um transformador é desenergizado, a corrente de magnetização segue o laço de histerese


até o zero, e a densidade de fluxo segue para um valor residual Br (conforme a figura 1.1). A
figura 1.1 [2 ]mostra a forma de onda da corrente de magnetização I1 e da densidade de fluxo B1
definitivamente interrompida no instante marcado pela primeira linha vertical traçada, na qual a
corrente passou pelo zero, com o fluxo em um valor residual Br. Se o transformador não fosse
desenergizado, as ondas de corrente e de densidade de fluxo teriam seguido as curvas tracejadas,
mas com o transformador sendo desenergizado, elas seguem as linhas sólidas horizontais I2 e B2, a
corrente em zero e a densidade de fluxo em +Br.

Para ilustrar o fenômeno do ‘inrush’ sob condições que o levarão ao transiente máximo,
assumiremos que o circuito é restabelecido no instante indicado pela segunda linha tracejada
vertical quando a densidade de fluxo estaria normalmente em seu máximo valor negativo (-Bmax).
Desde que o fluxo magnético não pode ser criado ou destruído instantaneamente, a onda de fluxo
ao invés de partir com seu valor normal (-Bmax no caso presente) e crescer seguindo a curva
tracejada, parte do final de B2, com valor residual +Br e traça a curva B3.

A curva B3 é uma curva senoidal deslocada ao invés da característica de saturação do circuito,


porque com uma tensão senoidal aplicada, a força contra-eletromotriz e, portanto, a onda de fluxo
de fluxo tem de ser senoidais. A saturação modifica não o fluxo, mas apenas a corrente de
magnetização necessária para produzi o fluxo.

A onda de corrente, correspondente à onda de densidade de fluxo B3, é mostrada como I3. O valor
teórico máximo da curva B3 é Br + 2Bmax, e se o transformador for desenhado para uma
densidade de fluxo econômico Bmax, a crista de B3 produzirá super saturação no circuito
magnético e produzirá uma crista muito grande na corrente de magnetização. Deve-se lembrar que
a onda de densidade de fluxo controla a corrente e não a corrente controla a densidade de fluxo.

15
I3

B3

I3
Circuito religado B3

neste instante
V

B2

I2

Figura 1.1: Produção de corrente de inrush em um transformador

A figura 1.2 ilustra melhor visualização da forma de onda resultante da corrente de inrush
conforme descrita nos parágrafos anteriores:

Figura 1.2: Corrente de inrush referente a uma fase

16
O pico é atingido em ½ (meio) ciclo após a energização, sendo que a corrente é normalizada em
até 6 (seis) ciclos [1].

Este item na maioria das vezes é muito considerado na tomada de decisões nos estudos e análises
para dimensionamentos e ajustes dos dispositivos de proteção que integram os alimentadores
primários. Isto porque sempre que as concessionárias investem em manutenção e instalação de
dispositivos de proteção no sistema elétrico, é exigido que tais equipamentos operem corretamente
de modo a minimizar ao máximo possível, desligamentos indesejáveis ou não necessários aos
consumidores.

Pode-se considerar em relação aos equipamentos de proteção (relés, religadores automáticos,


seccionalizadores e fusíveis) que o grande desafio além de se determinarem marcas, modelos,
funções, locais de instalação, e outros requisitos, é também parametrizá-los de tal forma a otimizar
ao máximo possível a identificação de defeitos nos sistemas e diferenciá-los de pequenos
distúrbios transitórios como por exemplo, as correntes de inrush, para assim tomar-se a decisão em
desligar e isolar os trechos ou redes em defeitos [3].

Ao longo dos anos, observa-se que esses equipamentos evoluíram bastante em relação às funções
de proteção, confiabilidade, automação, compatibilidade de suas dimensões, e outros itens
referentes aos equipamentos em si, porém, nos sistemas elétricos protegidos por estes, no tocante
às magnitudes das correntes de inrush, poucos tópicos foram descobertos ou evoluídos durante os
últimos anos, sendo que os fabricantes concentraram suas pesquisas na composição dessas
correntes, como por exemplo, ordem de harmônicas. Desta forma visando diferenciar as correntes
de defeitos das correntes de inrush.

Por conseqüência disto, determinadas funções de proteção (função instantânea de fase e de neutro
– 50/50N; função temporizada de fase e neutro 51/51N) ainda são ajustadas de acordo com o
método tradicional de estimativa das correntes de inrush, o qual resulta na majoração dos ajustes
dessas referidas funções de proteção.

A metodologia básica deste trabalho consiste na extração do maior número possível de amostras de
medições deste fenômeno nos disjuntores dos alimentadores primários, e para cada evento, essas

17
grandezas são analisadas como variáveis aleatórias, determinando-se seus respectivos valores
máximos (em magnitude) e, dentro de um grau de confiabilidade (aceitável de dispersão e desvio
padrão) obtendo-se assim fatores multiplicativos ajustados. Desta forma, pode-se estimar os
valores que as correntes de inrush realmente alcançam, de acordo com o perfil da carga instalada
do alimentador [4].

Todas as redes bem como as ocorrências analisadas neste trabalho foram extraídas da
concessionária de energia elétrica AES Eletropaulo, onde em cada um dos alimentadores
analisados, respectivamente há um medidor da marca Power Meansurement modelo 3720, dos
quais foram utilizadas informações pertinentes às medições, cargas e oscilografias.

18
CAPÍTULO 2

CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

2.1 Introdução

Neste capítulo são abordados os principais problemas e dificuldades que as correntes de Inrush
impõem aos sistemas distribuidores de energia. Isto se deve ao grau de incertezas que existem em
alguns parâmetros tais como, valores freqüentemente alcançados (em magnitude), tempo de
duração, comportamentos e impactos nos dispositivos de proteção.

Analisando o histórico dos últimos anos, percebe-se uma grande evolução dos equipamentos de
proteção, ou seja, há 20 (vinte) anos atrás, percebia-se a chegada dos relés eletrônicos ou estáticos,
os quais estavam comprometidos à substituir os eletromecânicos. Porém, em um curto prazo de
tempo, notou-se que estes relés ofereciam poucas vantagens em relação aos eletromecânicos, uma
vez que em ambos, os recursos para ajustes e funções de proteção eram iguais, sendo que os
eletrônicos apresentavam menor vida útil e riscos de interferências eletromagnéticas, pois os seus
respectivos locais de instalação situavam-se dentro das subestações (alto nível de campo
eletromagnético oriundo dos transformadores de potência).

Já nos últimos 15 (quinze) anos, com a chegada dos relés de tecnologia digital ou microprocessada,
os quais oferecem maiores recursos no que diz respeito às funções de proteção, ajustes e
oscilografias, estes apresentam também maior ‘vida útil’ e pouca vulnerabilidade às interferências
eletromagnéticas. Desta forma, no tocante à proteção para alimentadores primários, resultou na
substituição gradativa para estes tipos de relés, uma vez que nos relés eletromecânicos, eram
apenas permitidos ajustes em parâmetros básicos como por exemplo, correntes mínimas de disparo
(Tap) e alavancas de tempo (curvas de atuação).

Porém, percebe-se que as metodologias de cálculos permaneceram as mesmas, onde consideram


altos valores (em magnitude) para as correntes de inrush. Nos próximos parágrafos são

19
apresentadas algumas considerações referentes à este tópico, bem como seus impactos nos
alimentadores de distribuição de energia elétrica.

Conforme citado no capítulo anterior, atualmente ainda há uma grande dúvida referente aos
valores alcançados (em magnitude) pelas correntes de inrush. Pode-se afirmar que são encontradas
grandes dificuldades ao se tentar estimá-las para um único transformador, desta forma, ao se
estimar essas mesmas correntes na saída de um alimentador de distribuição, as dificuldades se
potencializam, devido a presença de diversos transformadores e, em até certos casos, bancos de
capacitores os quais também geram este fenômeno.

A estimativa do valor da corrente de inrush para um alimentador primário de distribuição, em


qualquer situação depende de muitas variáveis. À seguir estão descritas algumas dessas incógnitas
[5]:

a) Tempo do instante do chaveamento na senoide da tensão da fonte;


b) Extensão e bitola dos condutores que alimentam o(s) transformador(es);
c) Potência de curto circuito nos respectivos pontos de inserção dos transformadores;
d) Tamanho de cada transformador;
e) Tipo individual de cada transformador (líquido, seco, 80C, etc);
f) Magnetismo residual no instante do desligamento
g) Interação simpática entre os transformadores [6]
h) Presença de bancos de capacitores.

Conclui-se então que não há uma equação simples ou padrão que possa ser usada para prever as
correntes de inrush em termos genéricos, e com isso, devido a grande incerteza gerada, a maioria
das concessionárias no país, utilizam fatores multiplicativos elevados em relação a corrente
nominal da potência instalada nos alimentadores.

Os bancos de capacitores que geralmente se alocam ao longo dos alimentadores e em cabines


primárias (consumidores industriais) também são equipamentos os quais nos momentos de
chaveamentos, provocam transitórios e por conseqüência correntes de inrush. O circuito
simplificado de um alimentador (circuito RLC) da figura 2.1 [1], ilustra este fenômeno:

20
R
R
R
e1

Lengenda:
e1 = Tensão na fonte Va
R – Resistência da linha
L – Indutância da linha
C – Capacitor
I – Corrente de inrush
Va – Tensão resultante antes da chave
Vc- Tensão no capacitor
I

Figura 2.1: Fechamento de um banco de capacitor em uma fase

Durante os chaveamentos ou energizações de bancos de capacitores, as correntes de inrush (I)


geradas por bancos de capacitores tem tempo de duração menor do que as geradas pelos
transformadores, porém os transitórios oriundos da tensão nestes instantes (Vc) da figura 2.1 são
de altas freqüências (na faixa de 200 a 1000 Hz) [1]. As sobretensões causadas por estes
transitórios não preocupa muito as concessionárias uma vez que a magnitude desses os surtos de
tensão se situam, geralmente, abaixo do nível de coordenação da isolação da rede elétrica.

Determinadas faixas de freqüências desses transitórios, permitem que estes últimos ‘passem’
através dos transformadores abaixadores para as cargas dos consumidores, onde desta forma,
surgem sobretensões no lado do secundário destes transformadores podendo causar problemas ou
danos nas instalações elétricas ajusantes à estes equipamentos.

Em um alimentador, existe ainda a possibilidade da energização de um banco de capacitores com


um outro banco já em operação, o qual é conhecido como chaveamento “back to back” [1].
Correntes de alta intensidade podem estar associados a esse chaveamento devido à corrente de
inrush.

21
Tendo em vista as diversas variáveis e conseqüentemente incertezas para a determinação teórica
das correntes de inrush ilustradas até o momento, os resultados dos cálculos resultam em correntes
com valores altos, onde em alguns casos chegam em dezenas de milhares de Ampéres. Desta
forma, influenciam as filosofias adotadas para seletividade dos equipamentos de proteção, pois
nestes últimos, resultam na elevação ou ajuste do nível da corrente mínima de disparo (taps) com o
intuito de não atuar para as correntes de inrush.

Nos relés de proteção de sobrecorrentes dos alimentadores, as funções mais influenciadas são as
instantâneas de fase e de neutro (50 / 50N), as quais podem prejudicar no desempenho dos
indicadores técnicos do sistema elétrico, pois quando se aumenta o valor de disparo da função
instantânea, em alguns casos o relé apresenta coordenação apropriada com os elos fusíveis para
defeitos transitórios, onde assim, o mesmo não é sensibilizado pelos defeitos (dependendo do nível
de curto-circuito) [7].

Na figura 2.2 é ilustrado um coordenograma dos dispositivos de proteção de um alimentador, onde


se observa o ‘recuo’ da unidade instantânea devido ao alto valor previsto da corrente de inrush:

CURVA
TEMPORIZADA

CURVA DO ELO
FUSÍVEL

C
O
I
R
N
R
S
.
T
D
A
E
N
T
I
*FS - FATOR DE N
Â
SEGURANÇA N
R
E
U
S O
H

*FS

Figura 2.2: Ajustes da proteção em função da corrente de inrush

22
Desta forma, dependendo dos valores dos elos fusíveis e do nível de curto-circuito, deixa-se de ter
um sistema coordenado [8] (resulta em um sistema de proteção no qual o relé da saída do
alimentador opera de modo a proteger o elo fusível contra defeitos transitórios), e passa-se a ter um
sistema seletivo [8] (resulta em um sistema de proteção no qual o relé da saída do alimentador
permite que os elos fusíveis atuem primeiro independentemente se os defeitos são transitórios ou
permanentes). Para os religadores automáticos essa teoria também é válida em alguns casos. Nos
parágrafos seguintes, estão descritos as filosofias dos sistemas seletivos e coordenados de proteção
citados neste parágrafo.

2.2 Sistema Coordenado

Conforme a referência [8], para os defeitos ocorridos após os elos fusíveis, dependendo do valor
ajustado no dispositivo instantâneo do relé de sobrecorrente na subestação, este último pode ser
sensibilizado, provocando o desligamento do circuito visando preservar a integridade do elo
fusível. Podemos adotar a filosofia de coordenação em alimentadores cujo sua carga é
predominantemente residencial, onde as interrupções de curta duração não causam desconforto aos
consumidores.

Basicamente o funcionamento do sistema coordenado [3] é ilustrado na figura 2.3, onde se pode
observar a coordenação dos relés da subestação com os equipamentos situados em pontos dentro
da zona de proteção na qual o disjuntor é proteção de retaguarda [3].

Figura 2.3: Diagramar unifilar de um alimentador com a filosofia do sistema coordenado

Desta forma, ocorrendo defeitos na zona BC, a unidade instantânea (50 ou 50N) fase ou neutro do
relé na subestação operará desligando o disjuntor antes de fundir o elo fusível. Em seguida, o
23
disjuntor religará acionado pelo relé de religamento e será bloqueada a unidade instantânea do relé
de sobrecorrente.

Caso o defeito tenha se extinguido, o fornecimento de energia estará restabelecido, entretanto, caso
o defeito persistir, o relé de sobrecorrente irá operar através da unidade temporizada (51 ou 51N),
fase ou neutro, que possui tempos de operação superiores aos tempos de fusão dos elos, realizando
seletividade com o trecho BC, desta forma, o elo fusível irá interromper e isolar o trecho onde está
localizado o defeito antes de um novo desligamento total do alimentador ocasionado pelo
disjuntor. O coordenograma deste sistema é ilustrado na figura 2.4:

Curva temporizada do relé

Curva de interrupção do elo


fusível

Curva de fusão do elo fusível

Figura 2.4: Coordenograma típico do sistema coordenado

Neste sistema, o ajuste dos elementos instantâneos de fase e de neutro nos relés de sobrecorrente
são fixados em valores baixos, suficientes para suportar a corrente de magnetização do alimentador
na ocasião de um religamento em carga fria.

Na maioria dos casos em que se instalam religadores ao longo dos alimentadores, os trechos além
estes equipamentos, adotam-se esta filosofia (sistema coordenado). Nesses casos, a curva rápida do
religador fará o papel do elemento instantâneo do relé, atuando antes do elo fusível durante o
número de vezes que a curva rápida for ajustada. Quando o religador atingir a operação de curva
lenta, a sua curva será concorrente com a curva do elo fusível, que irá interromper e isolar o trecho
onde está localizado o defeito antes da atuação do religador, evitando o novo desligamento do
trecho supervisionado por este equipamento.
24
2.3 Sistema Seletivo

Neste sistema, para qualquer defeito após um elo fusível, os elementos instantâneos não terão
sensibilidade suficiente para detectar a falta e os elementos temporizados estarão seletivos com os
elos fusíveis do circuito, que atuarão antes dos elementos temporizados [8]. Os elementos
instantâneos terão sensibilidade somente para detectarem defeitos no tronco do alimentador, ou
seja, suas respectivas zonas principais de proteção [3].

Conforme ilustrado na figura 2.5, a unidade temporizada cobre a zona para a qual o disjuntor é
proteção de retaguarda (até o ponto C) e a unidade instantânea cobre somente a zona na qual o
disjuntor é proteção primária (até o ponto B).

Figura 2.5: Diagrama unifilar de um alimentador com a filosofia do sistema seletivo

Para defeitos no trecho BC, o elo fusível deverá fundir antes de operar o relé da subestação. A
figura 2.6 ilustra o coordenograma deste sistema, onde se observa que o ajuste do elemento
temporizado do relé da subestação é ‘recuado’, ou seja, apresenta valores altos de parametrização:

25
Curva temporizada do relé

Figura 2.6: Coordenograma típico do sistema seletivo

Obs.: 1 – Curva mínima de fusão do elo fusível;

2 – Curva máxima de interrupção do elo fusível.

A filosofia de circuitos seletivos tem um bom desempenho onde as cargas atendidas são
predominantemente industriais ou comerciais, nas quais as interrupções de qualquer natureza
causam transtornos aos consumidores.

Tendo em vista as filosofias de proteção até aqui apresentadas, não há dúvida de que objetivo deste
trabalho torna-se de fundamental importância para a otimização dos ajustes dos equipamentos de
proteção em redes de distribuição.

26
CAPÍTULO 3

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Considerações Gerais

No segmento de distribuição de energia elétrica, no que diz respeito às correntes de inrush,


observam-se na literatura especializada, vários trabalhos experimentais, os quais descrevem
metodologias e análises para se estimar ou estudar seu comportamento. Nesta revisão bibliográfica
são comentados alguns artigos os quais descrevem as principais metodologias para se estimar
avaliações e comportamentos no tocante às correntes de inrush em alimentadores de distribuição,
transformadores e outros equipamentos os quais produzem este fenômeno, bem como mostrar o
seu respectivo estado da arte.

3.2 Metodologias para avaliação da Corrente de Inrush

Conforme citado anteriormente, diversos artigos buscaram descrever métodos para se estimar o
comportamento e até mesmo cálculos para a determinação das correntes transitórias de inrush. Nos
próximos itens estão descritos os principais trabalhos que se enquadram neste contexto, embora
nenhum deles demonstre com detalhes ou precisão os reais valores alcançados (em magnitude) por
essas correntes, no que diz respeito às energizações de alimentadores primários de distribuição de
energia elétrica.

O fenômeno da corrente de inrush presente em energizações (religamentos) de transformadores,


têm sido um problema nos projetos e desenvolvimentos de relés de proteção usados em sistemas de
transmissão e distribuição de energia. O valor na condição estável (momento após valor de pico)
da corrente de magnetização de um transformador pode ser somente 1% a 2% do valor da corrente
previamente esperada, mas em alguns eventos chega a 10 a 20 vezes da corrente nominal do
equipamento nos primeiros instantes logo após o chaveamento [9]. Este efeito transitório pode
27
persistir por muitos segundos antes da condição de estabilidade, e desta forma, ocasionar
operações indevidas nos relés com funções de proteção diferencial.

Algumas investigações nesta área foram feitas por diversos pesquisadores utilizando métodos
analíticos e derivados, com destaque para um trabalho realizado em 1944 por Blume [10], o qual
estudou o referido problema com o objetivo de minimizar o valor do primeiro pico das correntes
de magnetização de inrush.

Em 1951 [11], Specht desenvolveu expressões matemáticas para determinar o formato da corrente
de inrush, sendo revistas posteriormente por Yacamini e Abu-Nasser, respectivamente, em 1981 e
1986 nas referências [12 e 13]. Atualmente, tais expressões são bastante úteis para pré-determinar
especificações de quaisquer dispositivos de proteção, e também podem ser usadas para cálculos
estimativos dos níveis das correntes de inrush, tendo em vista diminuir a sensibilidade de relés
com função de proteção diferencial.

Em 1969, na referência [14] Spect afirmou que a condição de regime ‘estável’ da corrente de
inrush de um transformador é aproximadamente 5% (cinco por cento) da corrente nominal de sua
carga, e que seu transitório inicial (pico) pode alcançar até 10 (dez) vezes o valor desta corrente
com um tempo de duração de até 0,5 segundo.

Com referência a estas informações, em 1986 Yacamini e Abu-Nasser [15] afirmaram que a tensão
transitória que é induzida (valor de pico) por essas correntes de magnetização, no lado do
secundário de um transformador, pode apresentar um tempo de duração longo o suficiente para
danificar componentes de circuitos eletrônicos, especialmente dispositivos semicondutores. Neste
trabalho também foi constatado que o valor de pico desta tensão pode alcançar até 70% (setenta
por cento) do valor nominal, em transformadores que alimentam circuitos conversores de corrente
contínua.

Visando avaliar o comportamento da corrente de inrush, um método importantíssimo é a


Transformada de Wavelet (WT), que foi apresentada [16] em 1985 por Morlet. A utilização desta
técnica não busca determinar, propriamente, o valor da corrente de inrush, mas consiste na

28
amostragem do sinal corresponde a cada corrente de fase dos alimentadores procurando
caracterizá-los segundo a designação de representações de tempo-escala (número de ciclos).

A amostragem na WT é calcada na utilização de uma janela de escala inteiramente modulada que é


deslocada ao longo do sinal e, para cada posição, é determinado o espectro correspondente. O
processo é repetido diversas vezes com uma janela ligeiramente maior ou menor em cada ciclo. Ao
final, resulta-se em uma coleção de representações tempo-escala do sinal.

Analisa-se um caso genérico de WT expressada segundo a expressão (3.1):

−b
C ( a, b) = f (a) ψ ( 2 −b − n − a )
2
(3.1)
b a

Onde:
ψ(t): Função Wavelet mãe, de característica finita e de decaimento rápido
a: Fator de escala
b: Fator de translação
C: Coeficiente da Transformada de Wavelet

Uma grande variedade de famílias de ‘Wavelets’ tem sido proposta na literatura especializada,
sendo a escolha da função mãe determinante na análise do perfil tempo freqüência correspondente.

Em 2004, Sedighi e Haghifan realizaram um trabalho [17] no qual propôs um método para
detecção da corrente de inrush em transformadores de distribuição baseado na Transformada de
Wavelet. Desta forma, pode-se discriminar as correntes de inrush de outros transientes oriundos de
chaveamentos como, por exemplo, chaveamento de cargas, capacitores e defeitos do tipo fase-
terra. Para tais simulações, foi utilizado o programa (EMTP – em português: Programa de
Transiente Eletro-magnético) para analise dos referidos fenômenos em um alimentador classe
20kV.

A figura 3.1 ilustra uma amostra de uma corrente de inrush numa fase extraída das simulações.

29
Corrente (A) Corrente de inrush em uma fase

Figura 3.1: Corrente de inrush referente a uma fase

Em relação a este sinal, a figura 3.2 mostra a decomposição correspondente utilizando-se a


Transformada de Wavelet, onde se observa a utilização de 6 coeficientes por ciclo na
decomposição do sinal (D1 à D6). A forma de onda denominada a6 é a soma desses coeficientes, e
S é a amostra original do sinal corrente.

Fase
Figura 3.2: Decomposição da corrente de inrush trifásica utilizando a Transformada de
Wavelet

A figura 3.3 ilustra a soma dos coeficientes obtidos através de um algoritmo para relés de proteção
desenvolvido neste trabalho, utilizando a aplicação da Transformada de Wavelet em função do
número de ciclos (nela se observa a característica de redução exponencial após três ciclos). Este
processo foi repetido para todos os outros transientes onde se verificaram significantes diferenças
em relação às correntes de inrush.

30
Soma dos coeficientes

Ciclo

Figura 3.3: Característica da corrente de inrush após amostragem do sinal obtida por meio
da aplicação da Transformada de Wavelet

Em 1987, J. Takehara [18] propôs um método teórico o qual analisa a corrente de inrush
especificamente em transformadores trifásicos, através da modificação dos métodos de elementos
finitos. Dessa maneira, a corrente de inrush é calculada de forma direta eletromagneticamente
segundo a expressão 3.2, a qual foi obtida por resoluções das equações de Maxwell ao invés das
equações de circuitos elétricos:

c1
∂ ∂I
V= A.ds + L0 + ( R0 + Rc ) I (3.2)
∂t c 2 ∂t

Onde:
V: Tensão de fornecimento do sistema elétrico
Lo e Ro: Indutância e Resistência do sistema elétrico
Rc: Resistência do enrolamento
c1 e c2: Contorno (m) ao longo do enrolamento
ds: Unidade do vetor tangente ao contorno c.
A: Vetor do potencial magnético
I: Corrente magnetizante

31
Portanto, neste método a corrente de inrush é estimada experimentalmente pelo uso de um sistema
de medição do magnetismo residual, onde para ser obtido, deve ser conhecida a curva de histerese
do núcleo do transformador.

Em 1999, Robert E. Furh publicou um estudo [5] com o objetivo de determinar critérios de ajustes
em equipamentos de proteção em sistemas elétricos, os quais protegem transformadores à seco ou
que trabalham em baixas temperaturas para reduzir operações indevidas dos relés devido as
correntes de inrush evitando assim danos a equipamentos em um determinado sistema e que isole
somente o circuito o qual apresenta defeito. Neste artigo, verificou-se que uma vez que esses tipos
de transformadores geram correntes de inrush maiores do que outros tipos de padrão de
construção, ocasionam problemas de coordenação dos elementos instantâneos dos equipamentos
de proteção. Em relação aos critérios de ajustes dos equipamentos de proteção os quais protegem
estes tipos de transformadores, o artigo recomenda que:

1. Sempre ajustar o elemento instantâneo do disjuntor do lado primário para o máximo,


visando a relação dos transformadores de correntes (TC);
2. Na proteção temporizada do secundário ajustar em 125 % da corrente nominal, e
utilizar a proteção temporizada do primário ajustada o quanto mais alto possível
contanto que não exceda 250 % da corrente nominal;
3. Ao utilizar disjuntores transistorizados, dar preferências para os que oferecem largos e
múltiplos ajustes tanto para as funções de proteção temporizadas como para as
instantâneas.

As correntes de inrush têm atenuação lenta e podem ser examinadas por representação de fasores
no domínio da freqüência de harmônica como um fenômeno ‘quase – estacionário’. Se baseando
nisto, em 1989 Nikola Rajakovic e Adam Semleyem [19], utilizaram a análise neste domínio,
incluindo componentes CC para se obter uma seqüência de imagens da condição de regime
‘estável’, na qual se constituiu em uma forma completa da corrente de inrush. Este trabalho
mostrou como o fluxo remanescente do núcleo de um transformador no instante de chaveamento
(energização) estabelece uma linha inicial inclinada, a qual determina a magnitude da corrente de
inrush.

32
Os resultados deste trabalho evidenciaram que a prática de cálculo da corrente de inrush em
transformadores trifásicos de qualquer tipo, construção e conexão é possível computacionalmente.
Porém, nem sempre é necessário devido aos resultados dos cálculos para transformadores
monofásicos serem conservativos e freqüentemente adotados.

Em 1994, Yacamini e Bronzeado [20] descreveram um método o qual através da análise do


domínio do tempo combinam as equações elétricas e magnéticas internas de um transformador e as
resolvem não como separadas, mas sim como um sistema simples. Desta forma foi calculada a
corrente de inrush para um transformador monofásico de 5 kVA e um trifásico de 180 MVA.
Desde então, para determinados fabricantes de transformadores, este método foi bastante útil para
projetos de construção destes equipamentos, tendo em vista os diversos comportamentos dos
fluxos magnéticos e suas saturações internas dos transformadores, os quais foram apresentadas
durante os resultados deste trabalho.

Em 2001, J. Jesus Rico, Enrique Acha e Manuel Madrigal, publicaram um método matricial [21]
de cálculo da corrente de inrush sugerindo o tratamento deste parâmetro (de natureza temporária)
como integrante de uma seqüência de transitórios, nos quais se busca uma modelagem por meio do
conteúdo das harmônicas.

O transitório é equacionado por meio de um processo iterativo onde se utilizam séries ortogonais
(podem-se utilizar as séries de Hartley; polinômios de Laguerre; polinômios de Chebyshev; Série
de Fourie; Série de Walsh, entre outros). Estas séries convertem equações diferenciais (não
lineares) em equações algébricas e a implementação computacional correspondente propicia um
desempenho conveniente.

A aplicação deste método evidencia que à medida que se intera (o modelo proposto) o transitório
associado a corrente de inrush é alterado (amortecido) até que um balanço harmônico é obtido (o
que representa a “convergência do método”).

A figura 3.4 ilustra idéia básica desta concepção onde um fenômeno transitório de duração 2l, e
um conteúdo harmônico h têm um período Tss = 2l / h que corresponde à freqüência fundamental
em regime permanente.

33
Figura 3.4: Sinal transitório característico da corrente de inrush

A figura 3.5 ilustra a concepção do método, onde as equações diferenciais que regem o transitório
da corrente de inrush são aproximadas e resolvidas no domínio da freqüência utilizando operação
matricial. Devido a natureza não linear do problema, um processo iterativo é requerido na
resolução. A figura 3.6 mostra a representação do processo iterativo no domínio do tempo.

Figura 3.5: Conteúdo harmônico da corrente de inrush obtido por meio de processo
matricial e iterativo

Figura 3.6: Representação da evolução do processo iterativo no domínio do tempo

34
A complexidade deste método e a correspondente dificuldade de aplicação relacionam-se a
necessidade de estabelecimento à priori da equação não linear que caracteriza a corrente de inrush
(dada como função do fluxo magnético no núcleo do transformador de distribuição).

3.3 Técnicas para Minimização da Corrente de Inrush em Chaveamentos

Muitos pesquisadores e companhias desenvolveram trabalhos com o objetivo de minimizar os altos


valores das correntes de inrush, devido aos chaveamentos de manobras ou energização em diversos
pontos dos sistemas elétricos de potência. Neste tópico estão descritas as principais metodologias
que buscam o objetivo citado anteriormente.

Em 1983, Digneffe desenvolveu uma técnica [22] visando a diminuição da corrente de inrush,
onde é proposto o controle elétrico dos chaveamentos de um transformador buscando o ponto
ótimo da forma de onda da tensão de suprimento. Neste trabalho, foi descoberto que o
chaveamento (fechamento) no instante de 90° (noventa Graus) da forma de onda da tensão em
relação a corrente de inrush, reduz esta última, entretanto, o montante dessa redução pode não ser o
bastante, dependendo da densidade de fluxo remanescente do núcleo do transformador. Além
disso, essa aproximação é impraticável se existirem transformadores que apresentam parâmetros
complexos de chaveamentos devido as suas construções e diminuição da vida útil.

Com o intuito de investigar as características da corrente de inrush em transformadores


monofásicos, em 1988 Paul C. Y. Ling e Amitiva Basak desenvolveram um trabalho [23] que
abordou um sistema de medição e controle, o qual é capaz de apresentar várias combinações de
chaveamentos nos momentos de energizações, desta forma visando a diminuição das correntes
transitórias de inrush.

Em 1993, Lin, Cheng, Huang e Yeh [24] através de uma técnica de simulação de energização de
transformadores, trabalharam com medições de suas respectivas correntes de inrush, visando à
obtenção de soluções precisas para o sistema elétrico em diversas condições de operações com
variados tipos de cargas (cargas resistivas, indutivas, capacitivas e em vazio). Conseqüentemente,
35
utilizaram essa referida técnica para a análise de harmônicos (oriundos das correntes de inrush),
onde os resultados estabeleceram metodologias para as suas respectivas minimizações, visando à
qualidade do fornecimento de energia.

Procurando diminuir a corrente de inrush em linhas de distribuição, em 2002 Syed Jamil Asghar,
concluiu uma pesquisa [25] a qual abordou três métodos para alcançar este objetivo. No primeiro
método que é caracterizado por chaveamento controlado por tempo, Asghar afirmou que a
variação da magnitude da corrente resultante depende do modo das conexões dos transformadores
(estrela-estrela, estrela-delta, delta-delta e delta-estrela), e que o tempo total da operação do
chaveamento deve estar entre um terço e um quarto de ciclo de duração. Para isso, uma chave
estática (banco de tiristores) deve substituir o disjuntor objetivando controlar em um tempo preciso
e rápido o chaveamento.

O segundo método é alocar bancos de capacitores no lado secundário dos transformadores ou


tornar a carga altamente capacitiva, desta forma, no transformador o fluxo resultante da bobina
secundária neutraliza o fluxo da bobina primária, onde conseqüentemente o nível de saturação do
núcleo não é alcançado.

No terceiro método, Asghar propõe tornar a linha de distribuição como um filtro passa-baixa,
alocando bancos de capacitores em uma determinada forma que elimine os harmônicos que
compõem as correntes de inrush, resultando na supressão destas.

Atualmente foi proposto por W. Xu, Y. Cui e S.G. Abdusalam em 2005 [26 e 27], um esquema
baseado na instalação de em resistor no neutro do transformador, com o objetivo de minimizar as
correntes de inrush. Este resistor (com dimensões otimizadas) funciona junto com uma seqüência
de energização por fase em um transformador. O projeto de suas dimensões foi desenvolvido se
referindo na análise da condição “estável” das correntes de inrush, onde foi concluído que quando
o seu valor for aproximadamente 8,5% da reatância de magnetização não saturada, pode levar a
redução de 80% a 90% das correntes de inrush. Entretanto, esse método não analisou o
dimensionamento deste resistor em relação à perspectiva em chaveamentos do transformador em
defeitos transitórios.

36
Com referência à esta metodologia, neste mesmo ano Sami G. Abdulsalam publicou um artigo
[28] o qual apresentou melhorias nesta técnica, apresentando uma metodologia analítica para
análise de transformadores durante a seqüência de energização por fase, levando em conta a
impedância do sistema, o valor de um resistor alocado no neutro (Rn) de um transformador, bem
como o seu fluxo residual. Esta metodologia foi baseada na análise de transitórios em circuitos não
lineares e também em modelos de transformador não linear usando dois circuitos lineares
resultando em um conjunto de equações analíticas para a forma de onda da corrente de inrush.

Desta forma, foi desenvolvida a expressão 3.3 para a corrente de inrush máxima do chaveamento
da primeira fase, a qual é em função do valor do resistor de neutro. Abaixo segue a respectiva
simplificação:

( )
− t peak − t s / τ 2
I peak ( Rn ) = A2 .e + B2 (3.3)

Onde:
I peak: Pico da corrente de inrush
Rn: Valor do resistor de neutro
A2: Variável em função da intensidade do campo conforme referência [28]
B2: Intensidade do campo magnético conforme referência [28]
t peak: Instante do pico da corrente de inrush
ts: Tempo de saturação do núcleo
2: Variável em função das indutâncias e resistências internas do transformador
conforme referência [28]

Os resultados de simulações experimentais deste trabalho revelaram que a magnitude máxima


desta corrente é sempre mais alta do que as correntes dos chaveamentos da segunda e terceira fase.
Neste trabalho também foi observado que a condição de chaveamento da segunda fase pode ser
analisada considerando circuitos não lineares separados para cada fase energizada, levando em
conta a estrutura do núcleo e a ligação dos enrolamentos em delta (se houver).

37
3.4 Metodologias para Distinguir e Detectar Correntes de Inrush

Existem atualmente, equipamentos de proteção que se prestam de modo eficiente à identificação


da corrente de inrush, permitindo no caso de uma ocorrência, distingui-la da correspondente
corrente de defeito.

Foi observado que a maioria dos pesquisadores buscam estudar o comportamento e a composição
das correntes de inrush para cada vez mais otimizar algoritmos em relés com o intuito de
minimizar interrupções indevidas destes, ou seja, deduzir se há presença de defeito ou não, uma
vez que esses dois tipos de correntes podem ser similares em valores nominais ou em determinadas
composições de harmônicos.

Devido à natureza assimétrica das correntes de inrush, diversos harmônicos surgem e são
dominantes no espectro harmônico, em particular a segunda harmônica. Por causa desta
característica distinta, qualquer defeito interno em um transformador pode ser detectado em termos
da freqüência fundamental e das componentes de segunda harmônica, respectivamente. Tendo em
vista essa idéia, Sykes e Morrison em 1972 [29], e posteriormente Schweitzer em 1977 [30]
desenvolveram técnicas de filtros digitais em conjunto com microprocessadores para minimizar
operações indevidas nos relés de proteção diferenciais de transformadores, durante as correntes de
inrush. Porém, o projeto deste tipo de relé ainda depende de determinadas características e
comportamentos das correntes de inrush, e o mais importante de todos, de sua composição em
relação à segunda harmônica.

Um artigo publicado por P. C. Y. Ling e A Basak em 1988 [31], mostrou um trabalho o qual
analisou a performance do conteúdo de segunda harmônica da corrente de inrush em um
transformador monofásico e um trifásico, utilizando um método computacional no qual
desenvolveu um novo algoritmo de detecção dos valores integrados de tempo real da corrente de
inrush de magnetização no espaço de tempo de um ciclo, através do conteúdo de segunda
harmônica presente ou não nessas correntes, onde desta forma, distingue as correntes de inrush das
correntes de defeitos.

38
Basicamente, o modelo desenvolvido nesse trabalho foi usado para prever padrões de correntes de
magnetização de inrush para qualquer combinação entre parâmetros de chaveamentos e conexões
dos transformadores de distribuição de energia. Tal esquema pode ser adaptado para substituir o
circuito de filtro de segunda harmônica usado nos relés diferenciais convencionais com restrição
de segunda harmônica.

Neste trabalho, através de ensaios laboratoriais, concluiu-se que na energização de um


transformador, dependendo da conexão dos enrolamentos, o surgimento do conteúdo de segunda
harmônica da corrente de inrush não necessariamente ocorre no primeiro ciclo de tempo e sim logo
após nos demais. Desta forma, dependendo da programação do algoritmo do relé, no primeiro ciclo
da energização é provável que o mesmo atue indevidamente, pois não há tempo o suficiente para o
surgimento da referida harmônica, desta forma, a corrente de inrush pode ser reconhecida como
corrente de defeito no transformador.

Um outro tópico abordado nesse trabalho foi o “Fator de Espaço” do circuito magnético (WSF –
Winding Space Factor), o qual é definido como a faixa da área seccional do núcleo de aço que não
é magnética em um transformador. A Figura 3.7 mostra o resultado laboratorial sobre a relação
deste ‘fator’ no pico da corrente de inrush e da corrente de segunda harmônica no primeiro ciclo.

Corr. de pico da 2ª harmônica (A)


Corrente de pico (A)

Corrente de
pico

Corrente de pico da 2ª
harmonica

Fator de espaço (Ae/Ac) - %

Figura 3.7 - Efeito do fator de espaço nas correntes de pico e de 2ª harmônica do 1º ciclo

39
Desta forma, concluiu-se que quanto maior for o Fator de Espaço do núcleo (WSF), menor será a
resultante do pico total da corrente de inrush e, conseqüentemente, o conteúdo de segunda
harmônica, respectivamente, em uma energização de um transformador. A tendência mostra uma
redução linear na magnitude da corrente de inrush com o aumento desse espaçamento. Este tópico
relaciona a evidência de que isso se intensifica quanto menor for a classe de tensão de um
transformador, pois esses apresentam moderada isolação, onde o referido fator (WSF) tende a ser
menor.

Em 2004, Omar Youssef, publicou um trabalho [32], o qual apresentou uma nova aproximação
para classificação de defeitos em tempo real em sistemas de transmissão de energia e a
identificação de correntes de inrush em transformadores de potencia utilizando uma aproximação
de multi-critérios baseado na lógica Fuzzy [33 e 34], com um pré-processador de estágio baseado
na transformada de Wavelet [35, 36 e 37]. Três entradas em função de três sinais de correntes são
instaladas para detectar defeitos tipo fase-terra, fase-fase e dupla fase-terra bem como correntes de
inrush, sendo que a técnica é baseada na utilização de componentes de baixas freqüências geradas
durante as condições de defeitos no sistema elétrico e em correntes de inrush.

Conforme a referência [38], em 2005 Petit e Bastard apresentaram um artigo o qual trata de um
relé de seqüência zero que permite ajustar a proteção de modo que, uma vez identificada a corrente
de inrush, atue apenas no caso de ocorrência de um defeito permanente. Portanto, a análise
contempla as seguintes correntes elétricas:

- Corrente de defeito ;
- Corrente de inrush com defeito;
- Corrente de inrush sem defeito.

O relé de seqüência zero possui mecanismos de ajustes que permitem a atuação nas duas primeiras
situações.

Basicamente, a operação deste relé é baseada no fato de que nos religamentos de um


transformador, sempre há a corrente de inrush com componentes característicos similares a de
seqüência zero, porém, com valores de freqüências distintas. Estas componentes podem surgir com

40
um determinado atraso após o instante do religamento, e consiste no período de tempo decorrido
até a saturação do núcleo do transformador.

Para contemplar este aspecto, um algoritmo de restrição é utilizado considerando-se uma corrente
de seqüência positiva de 100 Hz, e se fundamenta na avaliação do atraso correspondente da
corrente induzida que é característica de ocorrências temporárias.

O algoritmo utiliza 3 (três) dados de entrada:

- Valor de referência para identificação da corrente de seqüência zero na freqüência de 50


Hz;
- Valor de referência para identificação da corrente de seqüência positiva na freqüência de
100 Hz;
- Valor de referência para o atraso entre a ocorrência dos dois valores de identificação das
correntes (nas freqüências de 100 Hz e 50 Hz).

Basicamente, o esquema lógico implementado consiste nos seguintes aspectos:

- No instante em que a corrente de seqüência zero (50 Hz) atinge o valor de referência pré-
determinado para identificação, um comparador gera um pulso com 20 ms de janela;
- Ocorre o mesmo em relação a corrente de seqüência positiva (100 Hz);
- Os pulsos gerados são enviados à entrada de uma porta lógica XOR que impõe na saída um
pulso com largura igual ao correspondente atraso dos sinais;
- Caso este atraso seja inferior ao valor de referência pré-determinado, uma última função
lógica encarrega-se de gerar um pulso que abrirá o disjuntor, ou seja, obtém-se a
identificação da corrente de inrush com o defeito, do contrário, tem-se uma corrente de
inrush sem o defeito, portanto, nenhum pulso é gerado e o disjuntor permanecerá fechado.

A figura 3.8, extraída da referência [38], ilustra a análise de um caso em que há corrente de inrush
num defeito temporário (portanto, deve ser sanada com a atuação do relé de religamento).

41
Figura 3.8: Identificação da corrente de inrush a partir do relé de seqüência zero através do
algorítmo

Nesta figura podem ser observados os seguintes termos:

- a e b representam, respectivamente, a corrente induzida (freqüência de 50 Hz) e a corrente


de seqüência positiva (freqüência de 100 Hz);

- c representa o pulso gerado da duração (largura) correspondente ao atraso da corrente


induzida de seqüência zero;

- d representa o valor de referência para comparação do atraso decorrido entre a corrente de


seqüência positiva e a corrente induzida de seqüência zero;

- e representa a identificação do intervalo de tempo em que o pulso gerado de atraso é maior


que o valor de referência para comparação do atraso das correntes de seqüência positiva e
zero, o que é característico do exemplo contemplado (obviamente, para o caso de defeito
permanente, o pulso relativo ao atraso da corrente induzida de seqüência zero seria menor
que o valor de referência para comparação dos atrasos);

42
- f representa o sinal gerado de controle de religamento do disjuntor. Nota-se que este sinal é
nulo indicando que não deve haver abertura do disjuntor.

3.5 Problemas causados pelas Correntes de Inrush

Neste tópico são abordados alguns trabalhos referentes aos principais problemas e conseqüências,
os quais são causados pelas correntes de inrush no sistema elétrico em geral.

Em âmbito nacional, em 1995 foi publicado por H. Bronzeado um artigo [6] que investigou um
fenômeno chamado interação simpática entre transformadores, o qual acontece quando um
transformador é energizado ou conectado em um sistema, onde naturalmente é gerada corrente de
inrush a qual pode saturar os outros transformadores já conectados. Esta saturação é estabilizada
pela queda de tensão assimétrica ao longo da resistência da linha, gerando compensação de
correntes de magnetização de alta magnitude desses transformadores já conectados onde, desta
forma, há interações entre essas correntes e a corrente de inrush do transformador que está
entrando, resultando nesta última, a alteração em sua magnitude e duração (longo decaimento),
diferente do que geralmente esperado. A corrente de inrush prolongada pode gerar sobretensões
harmônicas temporárias de longa duração, causando sérios problemas na operação do sistema
elétrico como, por exemplo, atuações indevidas nos relés de proteção diferencial dos
transformadores.

A duração e o impacto da interação simpática dependerá dos níveis de saturação alcançados pelos
transformadores e do nível de dissipação de energia do sistema. Portanto, este fenômeno deve ser
levado em conta principalmente quando são estudados os transitórios do sistema elétrico e sua
coordenação de isolamento. É evidente que esta interação pode se tornar mais significativa quando
o uso de transformadores modernos com material magnético de amorfo flexível ou bobinas
supercondutoras serem intensificados.

43
Em 2001, foi publicado por Mohamed [39] um artigo o qual descreve as realizições de simulações
das correntes de inrush em transformadores conectados em paralelo em uma subestação. As
análises foram baseadas em expressões analíticas, tendo transformadores com curvas de
magnetização não lineares e soluções numéricas das principais equações resultantes. Os resultados
para chaveamentos em um transformador simples mostraram que a corrente de inrush é mais
crítica se o chaveamento ocorrer quando a tensão de suprimento estiver no ponto zero da senoide
(condição mais crítica do que se estiver no valor máximo).

No caso de chaveamento de um segundo transformador “T2” quando algum outro “T1” já estiver
energizado (em vazio) pela barra, os resultados mostraram que este último não afeta
consideravelmente o pico da corrente de inrush do segundo transformador. Ambos os
transformadores necessitam de um tempo próximo de 2 ciclos para alcançar a forma simétrica da
corrente de inrush. Se o transformador T1 tiver uma carga resistiva, no chaveamento do
transformador T2 o pico da magnitude da corrente de inrush deste último será 50% menor, do que
T1 estiver em vazio, sendo que em apenas uma metade de ciclo, a componente DC praticamente
desaparece.

No chaveamento simultâneo dos dois transformadores, a composição “CC” das respectivas


correntes de inrush tem as polaridades opostas e suas curvas de histerese idênticas. Se aumentar a
impedância da fonte, resultará na redução da tensão nos terminais dos transformadores, e
conseqüentemente, tende a reduzir o valor de pico e componentes de harmônicas dos dois
transformadores. No caso da presença de capacitores na barra de suprimento, há uma tendência do
aumento do valor de pico da corrente de inrush, bem como o aumento de suas componentes
harmônicas.

Um artigo publicado em 1990 por Hamel, St-Jean e Paquette do Instituto de pesquisas da Hidro-
Quebec no Canadá [40], analisou as principais causas nas operações indevidas de fusíveis em
transformadores MT/BT em redes aéreas de distribuição, mediante pulsos de correntes induzidas
por descargas atmosféricas. O objetivo foi propor métodos para reduzir essas operações
observando a escolha de fusíveis e pára-raios instalados nos arranjos que compõem os
transformadores nos postes.

44
Neste trabalho foi observado que com a incidência de descargas atmosféricas do tipo nuvem-terra,
freqüentemente ocorrem surtos de tensões induzidas nas linhas de distribuição aéreas, e por
conseqüência, correntes induzidas. Essas correntes que são normalmente de longo tempo e de
baixas amplitudes (menor que 1kA), ao encontrar um conjunto de transformadores MT/BT se
desviam em direção ao pára-raios (o qual protege o transformador e se aloca geralmente em
paralelo a chave fusível) e produz uma tensão residual (i x R) durante o seu tempo total do pulso.

A tensão residual surgida durante o fenômeno descrito acima não deixa de ser uma sobretensão no
transformador na qual satura o seu núcleo e que interage com o fluxo magnético já existente no
equipamento e dependendo do seu valor, opõe-se à este provocando uma corrente de inrush, que na
maioria das vezes é alta (similar a um valor de curto-circuito). Essa corrente de inrush surgida
oferece uma grande probabilidade de queima do elo fusível protetor do transformador, dependendo
do tempo de duração (aproximadamente 10 ms) e da curva de fusão do fusível. A queima do elo
fusível por esse motivo é considerada indevida, pois geralmente não há presença de nenhum tipo
de defeito, uma vez que a corrente de inrush é transitória.

Foram realizados testes laboratoriais simulando o fenômeno em questão, onde foram injetadas
correntes de surto induzidas em diversas combinações de ligações entre transformadores, pára-
raios e fusíveis, no qual se concluiu que os pára-raios com base em Óxido de Zinco (Zno)
produzem tensões residuais mais altas do que os de Carboneto de Silício (Sic) para pulsos de
correntes induzidas abaixo de 1000 A onde, conseqüentemente, concluiu-se que no uso de pára-
raios a Zno, há maior probabilidade de queima do elo fusível na situação em questão.

As sugestões finais deste trabalho para reduzir queimas indevidas de elos fusíveis nas instalações
em análises são:
a) Escolher pára-raios com a menor faixa de tensão de operação possível, mas que não
comprometa a tensão de operação e a confiabilidade do sistema;
b) Para fusíveis de baixa corrente, escolher de preferência os que possuem curvas ou
tempo de fusão retardados, ou escolher um fusível com o valor ligeiramente
superior aos cálculos padronizados.

45
3.6 Cargas frias em Redes de Distribuição

As correntes de inrush em carga fria são aquelas que surgem nos religamentos quando um
determinado alimentador, bem como sua respectiva carga, esteve desligado por conta de eventos
como reparo, manutenção preventiva, entre outros (período de pelo menos algumas horas), e não
por conta de religamentos vinculados a atuação do sistema de proteção em ocorrências na rede (o
que caracteriza o registro de correntes de inrush em carga quente).

A literatura revela que as correntes de carga fria tornaram-se notáveis há aproximadamente


sessenta anos atrás, em 1940, mas não causou grandes preocupações devido a poucas cargas que
geravam este tipo de condição no sistema. Os trabalhos publicados por Ramsur em 1952 [41] e
posteriormente por Smithley em 1959 [42] foram os mais notáveis naquela época.

Devido ao aumento de cargas com motores, especialmente os residenciais na década de setenta, os


pesquisadores voltaram suas atenções a este tópico, sendo que o trabalho com contribuições mais
significativas foi publicado em 1979 por McDonald [43], o qual estudou a previsão do aumento da
demanda de carga relacionada com interrupções de energia elétrica. Desta forma, após muitos
esforços foram feitos na remodelagem da demanda de carga com elementos das redes distribuição.

A corrente de carga fria é um problema referente a energização de redes de distribuição, sobretudo


com carga predominantemente residencial, devido ao fato de que as altas correntes de inrush que
surgem são principalmente atribuídas à partida de motores. Os motores industriais são geralmente
equipados com dispositivos de partida que diminuem essas correntes ou que desligam os mesmos
na ocorrência de baixa tensão por alguns milisegundos ou, no máximo em alguns segundos logo
após a interrupção do fornecimento. Ao contrário, os pequenos motores residenciais ou de
aplicações similares não são equipados com esses dispositivos automáticos, e por esta razão, os
estudos deste gênero são focados em cargas residenciais.

Seguindo este raciocínio, vários métodos foram desenvolvidos para estimar a corrente de carga
fria, sendo que um dos mais notáveis foi publicado em 1989 por Hatziargyriou e Papadopoulos
[44], no qual é analisada a resposta de partidas de motores em linhas de distribuição extensas. Este
método consiste na agregação de cargas em cada ponto baseada na porcentagem da composição

46
típica do perfil de uma determinada carga, e um rápido método de fluxo de potência,
particularmente ajustado para redes de distribuição radiais.

Tendo em vista a melhoria deste método, em 1991 estes mesmos autores realizaram um trabalho
[45] o qual foi desenvolvido um programa computacional que pode ser usado para analisar
qualquer tipo de alimentador de distribuição (residencial, industrial, comercial ou rural), desde
que, seja conhecida a composição e a configuração de sua carga. O algoritmo deste programa é
baseado em um método que considera como carga fria apenas os motores residenciais, pois cargas
como lâmpadas, devido as suas filosofias de partidas, bem como cargas resistivas, não apresentam
correntes de inrush com valores consideráveis.

Desta forma, o modelo é baseado na equação diferencial na expressão 3.4 (derivada de interações
entre equações eletromagnéticas e algébricas de circuitos equivalentes transitórios):

(
Ts = T0 + T1 .ws k ) (3.4)

Onde:
Ts: Torque do motor aproximado p/ o algoritmo
T 0: Torque de partida
s: Velocidade rotacional mecânica
k: Constante dependente do tipo de carga conforme referência [44]
T1: Torque real do motor

O programa foi testado em um alimentador classe 20kV com 65 km de extensão e com cargas
residenciais, rurais e comerciais combinadas, onde se concluiu que o valor médio alcançado pela
corrente de carga fria é aproximadamente 22 % da corrente em plena carga, com uma duração
próxima de 2,5 segundos. O programa não leva em conta a queda de tensão gerada pela corrente de
inrush ao longo do alimentador.

Em 1982 [46], Lang, Anderson e Fannin publicaram um trabalho no qual com base na magnitude e
na duração, a corrente de carga fria foi caracterizada em quatro fases: inrush, partida de motores,
aceleração de motores e correntes de fases “duradouras”. A primeira fase (inrush) é devido ao
fluxo de corrente no filamento de lâmpadas frias e da magnetização dos transformadores de
47
distribuição, e tem duração de alguns ciclos. A segunda fase (partida de motores), a corrente pode
alcançar até 6 vezes o seu valor nominal, com a duração aproximada de 1 segundo. Na terceira fase
(aceleração do motor) a corrente atinge o valor nominal do motor com uma duração próxima de 15
segundos. Na última e quarta fase que é devido à perda da diversidade entre as cargas controladas
termostaticamente, é contínua até que a diversidade normal entre as cargas é restabelecida.

Os autores afirmaram que o valor e a duração da corrente depende de vários fatores como
condições climáticas do tempo, a filosofia do uso das cargas pelos consumidores e a duração da
interrupção de energia, sendo que, a corrente de carga nesta fase pode variar de 2 a 5 vezes da
corrente de plena carga daquele horário.

Em 1985, Wilde [47] desenvolveu um trabalho pioneiro o qual analisou as características de


transformadores e seus equipamentos de proteção, bem como os dos alimentadores de distribuição
em relação à carga fria. Foram diagnosticados os efeitos da temperatura ambiente e a penetração
do calor no espaço elétrico os quais resultam na perda da vida útil da isolação dos transformadores
de distribuição durante a restauração do fornecimento de energia e o efeito do calor imediato
nestes equipamentos. A relação entre a capacidade instalada versus as saturações críticas do
espaço aquecido, para vários casos foram também estabelecidas.

Em 1990, Aubin e Bergeron [48] conduziram uma investigação para o carregamento dos
transformadores de distribuição pelo desenvolvimento de um volumoso trabalho experimental
sobre baixas temperaturas de ambiente. Eles generalizaram os resultados dos testes para estimar a
condição térmica de um transformador sob corrente de carga fria, e geraram gráficos para avaliar a
temperatura máxima de calor-imediato (hot-spot) e a perda da vida útil em relação ao
carregamento inicial e duração da interrupção de energia.

Em 1995, Nehrirrethal [49] desenvolveu um modelo computacional para diagnosticar a magnitude


da corrente de um alimentador com a carga em aquecimento. O modelo fisicamente se baseou no
uso dos principais valores dos parâmetros de modelos residenciais.

Em 1996, Leou [50] produziu um modelo de regressão com dados extensivos coletados da
Companhia Tai Power durante as interrupções de energia. Os modelos foram propostos a partir de

48
uma estimativa do carregamento do alimentador e também podem ser usados para modelagem em
subestação. A importância desse modelo é que foi desenvolvido com dados reais de campo. O
modelo final para transformadores de distribuição, bem como de alimentadores, baseado em
medições reais de cargas, foi realizado por Lefebvre e Desbiens em 2002 [51]. O modelo foi
comparado com o modelo generalizado para corrente de carga fria em alimentadores o qual foi
desenvolvido em 1990 por Aubin, Bergeron e Morin [48].

Recentemente, visando pesquisar o estado da arte sobre os estudos e soluções para correntes de
carga fria, os autores Kumar, I. Gupta e H. Gupta, em 2005 [52] publicaram um artigo o qual
demonstra toda a teoria e experiências realizadas no mundo em relação a esta questão.

3.7 Conclusão

De acordo com os artigos descritos nessa revisão bibliográfica, no que diz respeito a corrente de
inrush pode-se observar que, a maioria dos autores e pesquisadores trabalham em direção a
melhoria de equipamentos como transformadores, desempenho dos sistemas de proteção e
algoritmos de relés digitais, com o objetivo de diminuir o número de interrupções em instalações
ou sistemas elétricos, uma vez que essas correntes podem ser similares em valores nominais e
composição de harmônicos em comparação com algumas correntes de curto-circuito em
determinadas situações.

Desta forma não encontramos em nenhum trabalho ou artigo experimentos com informações reais
retirados dos sistemas elétricos para se estimar valores (em magnitude) das correntes de inrush em
alimentadores de distribuição de energia, bem como seus comportamentos de acordo com tipos de
cargas, equipamentos ou perfis de alimentadores. Mesmo os artigos que estimam valores para as
correntes de inrush em equipamentos como, por exemplo, transformadores, nas análises, apenas
estudam e testam em um único equipamento, e não para um banco de transformadores ou outros
equipamentos que possam produzir este fenômeno.

49
Nas concessionárias de energia como a Eletropaulo e CPFL, encontramos algumas metodologias
de cálculos ou estimação das correntes de inrush, porém não há históricos de experimentos de
campo para validação dessas técnicas.

50
CAPÍTULO 4

ANÁLISE DAS CORRENTES DE INRUSH EM CARGA QUENTE

4.1 Considerações Gerais

O principal objetivo deste capítulo consiste em fazer uma análise do modo tradicional de
estimativa da corrente de inrush atualmente praticado na maioria das concessionárias de
distribuição de energia elétrica no Brasil (neste estudo, trabalhou-se com informações referentes ao
sistema elétrico distribuidor da AES ELETROPAULO). Neste capítulo será analisada a
determinação das correntes de inrush em carga quente, ou seja, correntes oriundas das ocorrências
onde o religamento foi bem sucedido com um tempo de interrupção relativamente curto (período
menor que 1 minuto).

Esta análise foi baseada na utilização de fatores multiplicativos aplicados à corrente nominal do
conjunto de transformadores atendidos pelo alimentador de média tensão, os quais ainda hoje são
largamente utilizados nas concessionárias, pela rapidez e simplicidade de aplicação, embora na
prática, haja alguns casos que demonstram que a estimativa da corrente de inrush obtida pode ser
imprecisa por este método.

Conforme citado anteriormente, existem os fatores multiplicativos para o máximo valor da


corrente de inrush que se trata de uma corrente de natureza transitória, mas o instante de referência
para cálculo é em 16,66 ms. Tal instante foi adotado pela conveniência de abordagem em um ciclo
embora, mais precisamente, o instante de referência normalmente adotado é de 10 ms onde o
referido fator multiplicativo têm o valor próximo a 22 (vinte e dois), de acordo com o atual método
tradicional em uso nas concessionárias.

Outro instante de referência adotado será o de 100 ms (6 ciclos), o qual pelo método tradicional
têm o fator multiplicativo igual a 12 (doze).

51
4.2 Metodologia Adotada

A estimativa dos fatores multiplicativos foi feita a partir da análise das correntes de inrush
extraídas das medições em comparação com as correspondentes correntes de inrush obtidas através
de cálculo elétrico teórico de acordo com o método tradicional.

Os medidores utilizados foram os da marca Power Measurement modelo 3720 [53], os quais
atualmente estão instalados em 28 (vinte e oito) subestações da AES ELETROPAULO, e o
período de medição contemplado foi entre Janeiro de 2004 e maio de 2005. As medições foram
efetuadas na saída (disjuntor) dos alimentadores de distribuição em suas respectivas subestações.

Este medidor disponibiliza valores instantâneos de corrente e tensão nas fases e no neutro dos
alimentadores num passo de amostragem de aproximadamente 1 ms, bem como seus respectivos
registros de oscilografias. A figura 4.1 representa um exemplo típico de uma amostra de
oscilografia de uma corrente de inrush analisada neste trabalho. Essa amostra foi extraída de um
medidor alocado na saída de um alimentador primário, conforme descrito no parágrafo anterior.

Figura 4.1: Amostra de uma oscilografia de uma corrente de inrush de um alimentador


primário

Obs.: V1 – Oscilografia da tensão na fase ‘1’;


I2 - Oscilografia da corrente de inrush na fase ‘1’;

Tendo em vista que ao longo desta pesquisa trabalhou-se com valores RMS (valores eficazes das
correntes), os dados das medições que originalmente são extraídos em valores instantâneos, foram
tratados e convertidos para valores eficazes nos instantes de 1 e 6 ciclos, através do Método dos
Trapézios [54].
52
Este método consiste na divisão da área sobre a curva em uma série de trapézios, os quais
efetuando-se agregação, obtém-se a integral correspondente. Para exemplificar, considera-se a
figura 4.2:

Figura 4.2: Área de uma curva sendo calculada pelo Método dos Trapézios

Desta forma, unem-se as extremidades das ordenadas por segmentos de retas, obtendo assim,
trapézios. Cada um destes tem uma área expressa pelo produto da semi-soma das bases pela altura,
de acordo com as expressões 4.1 à 4.3:

½.(y0 + y1) ∆x = área do primeiro trapézio (4.1)


½.( y1 + y2) ∆x = área do segundo trapézio (4.2)
½.( yn-1 + yn) ∆x = área do n-egésimo trapézio (4.3)

Somando-se, obtém-se a equação geral do Método dos Trapézios, a qual enfim determina o valor
total da área à ser calculada, conforme expressão 4.4:

Área = (½.y0 + y1 + y2 + ... + yn-1 + ½ yn) ∆x (4.4)

Quanto maior o número de intervalo de medição (no caso deste trabalho a cada 1 ms), mais
próxima é a soma das áreas dos trapézios correspondentes a área sob a curva

Assim, considerando-se o exemplo anterior, calcularam-se as áreas correspondentes às formas de


ondas das correntes de inrush detectadas a partir dos registros de medição, somando-se as
respectivas áreas de trapézios, obtendo-se os resultados por ciclo, ou seja, do primeiro e do sexto
ciclo de cada amostra.
53
Para se obter os valores eficazes ou RMS exatos das correntes de inrush, foi utilizado a expressão
4.5 extraída da referência [55], para cada ciclo desejado (no caso deste trabalho foi calculado para
o primeiro e sexto ciclo, respectivamente nos instantes 16,6 e 100 ms):

t2
1
Irms = Ii 2 .dt (4.5)
T t1

Onde:
Irms: Corrente eficaz ou RMS
T e dt: Período de tempo o qual deseja-se obter o valor da corrente
Ii: Corrente (área) obtida através do Método dos Trapézios [54]
t1: Tempo inical
t2: Tempo final

Na parte teórica do cálculo da corrente de inrush foi utilizado o Programa Interprote, desenvolvido
pelo ENERQ-USP (Centro de Estudos em Regulação e Qualidade de Energia da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo) estando, atualmente, a manutenção e desenvolvimento deste
Programa a cargo da Daimon Engenharia e Sistemas (consultoria em estudos e desenvolvimento de
sistemas direcionados à análise de redes de distribuição de energia elétrica). Este programa permite
diversos estudos referentes aos ajustes dos sistemas e dispositivos de proteção da rede primária de
distribuição. Abaixo estão descritos alguns dos recursos disponibilizados neste programa:

- Cálculo da corrente de inrush (através do método tradicional);


- Banco de dados para cadastro de dispositivos de proteção como fusíveis, relés, religadores
automáticos, entre outros;
- Simulação de fluxo de potência, permitindo identificar o carregamento de cada trecho do
alimentador em termos da corrente elétrica passante e demandas ativa, reativa e aparente,
além do nível de tensão nas barras dos circuitos;
- Simulação de curto circuito permitindo identificar em cada barra da rede de média tensão,
os valores das correntes de defeitos para os curto-circuitos monofásicos (fase-terra),
bifásicos com ou sem impedância de defeito, e trifásicos;
- Simulação do ajuste da proteção e verificação dos coordenogramas resultantes;

54
- Recursos de visualização topológica dos circuitos, incluindo trechos, barras e
equipamentos.

Desta forma, este programa adota o método tradicional no cálculo da corrente de inrush, onde são
contemplados dois instantes de referência, bem como seus respectivos fatores multiplicativos:

- Instante 16,67 ms (1 ciclo): Fator multiplicativo igual a 22 (vinte e duas) vezes o valor da
corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo alimentador de média
tensão;

- Instante 100 ms (6 ciclos): Fator multiplicativo igual a 12 (doze) vezes o valor da corrente
nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo alimentador de média tensão.

4.3 Determinação das Correntes de Inrush em Carga Quente

Para a obtenção dos resultados deste tópico foram estudados 104 (cento e quatro) alimentadores de
distribuição e uma amostra de 241 (duzentas e quarenta e uma) medições das oscilografias das
correntes de inrush de cargas quentes.

Nesta análise não foram consideradas as correntes de inrush oriundas de religamentos de defeitos
permanentes registrados pelo medidor Power 3720, pois nas medições desses tipos de ocorrências,
há uma grande probabilidade de existir corrente de defeito somada com corrente de inrush, assim
comprometendo o resultado do objetivo do estudo.

Neste contexto, visando compatibilizar os dados comparados com respeito à topologia e


carregamento dos alimentadores considerados, inicialmente fez-se uma verificação no banco de
dados de ocorrência da AES ELETROPAULO com o intuito de se certificar que não houveram
trechos isolados ou queima de fusíveis nas ocorrências analisadas.

55
A metodologia adotada consistiu nos seguintes passos:

a) Escolha dos 104 alimentadores com registro de medição a partir do medidor Power 3720,
que seguiu um critério de levantamento do maior número de ocorrências capturadas
considerando-se os circuitos das subestações que contém este medidor;

b) Identificação nos arquivos de saída do medidor Power 3720 dos eventos que tiveram
religamento bem sucedido;

c) Cálculo das correntes de Inrush através do Programa Interprote;

d) Através dos resultados de corrente de inrush obtidos por meio do Programa Interprote,
foram determinadas as respectivas correntes nominais do conjunto de transformadores
atendidos pelo alimentador em questão;

e) Através da obtenção da corrente nominal e da corrente de inrush observada no medidor


Power 3720, estimaram-se os fatores multiplicativos ajustados como variáveis
probabilísticas que conduzem o cálculo da corrente de inrush aos valores (em magnitude)
efetivamente medidos.

56
4.3.1 Apresentação dos Resultados das Correntes de Inrush em Cargas
Quentes

Neste item são apresentados os resultados obtidos através da análise descrita no item anterior.

4.3.1.1 Subestação Anchieta (ANC)

Foram estudados 8 (oito) alimentadores da Subestação Anchieta conforme mostra a tabela 4.1, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 4.1: Resultados obtidos para a SE Anchieta

I inrush (A) – I inrush (A) -


Power 3720 Interprote
K16.66 K100
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom ms ms
ANC-104 27/05/04 1437 382 17038 9613 801,1 1,79 0,48
ANC-104 24/11/04 1415 355 17038 9613 801,1 1,77 0,44
ANC-104 09/12/04 251 168 17038 9613 801,1 0,31 0,21
ANC-104 21/02/05 1608 467 17038 9613 801,1 2,01 0,58
ANC-106 21/01/04 1160 503 3731 2106 175,5 6,61 2,87
ANC-107 28/09/04 1087 456 15888 8962 746,8 1,46 0,61
ANC-107 25/01/05 1016 401 15888 8962 746,8 1,36 0,54
ANC-107 25/01/05 1339 409 15888 8962 746,8 1,79 0,55
ANC-107 04/02/05 351 192 15888 8962 746,8 0,47 0,26
ANC-107 11/02/05 1152 372 15888 8962 746,8 1,54 0,50
ANC-108 19/07/04 799 402 6919 3910 325,8 2,45 1,23
ANC-108 01/09/04 871 403 6919 3910 325,8 2,67 1,24
ANC-108 04/02/05 304 212 6919 3910 325,8 0,93 0,65
ANC-109 03/02/04 852 378 3323 1875 156,3 5,45 2,42
ANC-109 04/02/05 229 183 3323 1875 156,3 1,47 1,17
ANC-111 19/07/04 380 237 9501 5365 447,1 0,85 0,53
ANC-113 29/12/04 211 78 11958 6742 561,8 0,38 0,14
ANC-113 04/01/05 1161 211 11958 6742 561,8 2,07 0,38
ANC-113 04/02/05 202 77 11958 6742 561,8 0,36 0,14
ANC-114 25/09/04 327 94 6146 3478 289,8 1,13 0,32
ANC-114 29/12/04 259 75 6146 3478 289,8 0,89 0,26
57
Observação: Em relação à tabela 4.1, a nomenclatura das colunas indica os seguintes parâmetros:

− Circuito: Código de identificação do alimentador de média tensão analisado;


− Data: Informação do dia, mês e ano da ocorrência;
− I inrush (Power 3720): Identifica as correntes de inrush em ampéres registradas pelo
medidor Power 3720 na data respectiva. As correntes medidas referem-se aos instantes
16,66 (1 ciclo) e 100 ms (6 ciclos);
− I (Cálculo Elétrico): Identifica as correntes de inrush em ampéres calculadas a partir de
cálculo elétrico de redes (conforme mencionado, utilizou-se o Software Interprote). As
correntes calculadas referem-se aos instantes 16,66 (1 ciclo) e 100 ms (6 ciclos);
− Inom.: Representa a corrente nominal em ampéres do conjunto de transformadores
atendidos pelo alimentador de média tensão em análise;
− K10 ms: Representa o fator multiplicativo ajustado que deve ser aplicado à corrente nominal
para se obter um valor calculado referente ao instante 16,66 ms (1 ciclo) igual ao
correspondente valor medido;
− K100 ms: Representa o fator multiplicativo ajustado que deve ser aplicado à corrente nominal
para se obter um valor calculado referente ao instante 100 ms (6 ciclos) igual ao
correspondente valor medido.

4.3.1.2 Subestação Taboão da Serra (TSE)

Foram analisados 2 (dois) alimentadores da Subestação Taboão da Serra conforme mostra a tabela
4.2, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):

58
Tabela 4.2: Resultados obtidos para a SE Taboão da Serra

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
TSE-102 31/05/04 1420 719 44000 21120 1760,0 0,8 0,41
TSE-102 10/07/04 1892 838 44000 21120 1760,0 1,1 0,48
TSE-102 18/09/04 2064 806 44000 21120 1760,0 1,2 0,46
TSE-102 16/10/04 1847 578 44000 21120 1760,0 1,0 0,33
TSE-102 16/10/04 1847 578 44000 21120 1760,0 1,0 0,33
TSE-102 11/11/04 2409 920 44000 21120 1760,0 1,4 0,52
TSE-102 28/11/04 1518 769 44000 21120 1760,0 0,9 0,44
TSE-102 05/12/04 1503 783 44000 21120 1760,0 0,9 0,44
TSE-102 03/01/05 2210 750 44000 21120 1760,0 1,3 0,43
TSE-104 05/01/04 1562 612 9000 4320 360,0 4,3 1,70
TSE-104 17/01/04 1396 606 9000 4320 360,0 3,9 1,68
TSE-104 16/07/04 796 507 9000 4320 360,0 2,2 1,41

4.3.1.3 Subestação Embu (EMB)

Foram analisados 5 (cinco) alimentadores da Subestação Embu conforme mostra a tabela 4.3, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 4.3: Resultados obtidos para a SE Embu

I inrush (A) – I inrush (A) -


Power 3720 Interprote
I 100
Circuito Data I 16.66 ms ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
EMB-106 18/11/04 781 493 44367 21104 1758,7 0,44 0,28
EMB-108 27/07/04 1135 611 11539 5618 468,2 2,42 1,31
EMB-108 27/07/04 1271 529 11539 5618 468,2 2,71 1,13
EMB-108 04/09/04 1556 636 11539 5618 468,2 3,32 1,36
EMB-108 08/10/04 1507 725 11539 5618 468,2 3,22 1,55
EMB-108 11/10/04 1161 518 11539 5618 468,2 2,48 1,11
EMB-108 26/12/04 1518 622 11539 5618 468,2 3,24 1,33
EMB-112 10/07/04 1585 720 18791 9148 762,3 2,08 0,94

59
Tabela 4.3: Resultados obtidos para a SE Embu

I inrush (A) – I inrush (A) -


Power 3720 Interprote
I 100
Circuito Data I 16.66 ms ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
EMB-112 11/07/04 977 695 18791 9148 762,3 1,28 0,91
EMB-112 18/08/04 1652 848 18791 9148 762,3 2,17 1,11
EMB-112 31/08/04 1330 789 18791 9148 762,3 1,74 1,03
EMB-112 18/11/04 1645 954 18791 9148 762,3 2,16 1,25
EMB-112 25/11/04 890 734 18791 9148 762,3 1,17 0,96
EMB-114 12/09/04 1586 570 17526 8337 694,8 2,28 0,82
EMB-114 10/11/04 1361 722 17526 8337 694,8 1,96 1,04
EMB-115 18/09/04 1179 810 16347 7959 663,3 1,78 1,22

4.3.1.4 Subestação Mandaqui (MAD)

Foi analisado 1 (um) alimentador da Subestação Mandaqui conforme mostra a tabela 4.4, a qual
apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 4.4: Resultados obtidos para a SE Mandaqui

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
I 100
Circuito Data I 16.66 ms ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
MAD-103 28/08/04 692 537 7086 3371 280,9 2,46 1,91
MAD-103 14/01/05 1515 546 7086 3371 280,9 5,39 1,94

60
4.3.1.5 Subestação Monções (MOC)

Foram analisados 7 (sete) alimentadores da Subestação Monções conforme mostra a tabela 4.5, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):
Tabela 4.5: Resultados obtidos para a SE Monções

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
MOC-102 10/05/04 1132 476 26026 14693 1224,4 0,92 0,39
MOC-105 26/11/04 2038 833 14918 8456 704,7 2,89 1,18
MOC-108 12/09/04 1975 683 21831 12326 1027,2 1,92 0,66
MOC-109 27/09/04 1770 824 19091 10809 900,8 1,97 0,91
MOC-109 27/09/04 2272 813 19091 10809 900,8 2,52 0,90
MOC-109 25/02/05 2056 854 19091 10809 900,8 2,28 0,95
MOC-109 08/04/05 1859 794 19091 10809 900,8 2,06 0,88
MOC-110 15/05/04 1569 517 9018 5094 424,5 3,70 1,22
MOC-110 01/01/05 1424 392 9018 5094 424,5 3,35 0,92
MOC-111 08/07/04 1583 569 5695 3361 280,1 5,65 2,03
MOC-114 09/08/04 1309 475 3492 1977 164,8 7,95 2,88

4.3.1.6 Subestação Piraporinha (PIP)

Foram analisados 2 (dois) alimentadores da Subestação Piraporinha conforme mostra a tabela 4.6,
a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):
Tabela 4.6: Resultados obtidos para a SE Piraporinha

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
PIP-103 04/07/04 731 402 13462 7607 633,9 1,15 0,63
PIP-103 31/08/04 1436 541 13462 7607 633,9 2,27 0,85
PIP-104 18/05/04 1104 301 22321 12596 1049,7 1,05 0,29

61
4.3.1.7 Subestação Parelheiros (PRE)

Foram analisados 4 (quatro) alimentadores da Subestação Parelheiros conforme mostra a tabela


4.7, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):
Tabela 4.7: Resultados obtidos para a SE Parelheiros
I inrush (A) – I inrush (A) –
Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
PRE-102 01/11/04 1046 353 11101 6292 524,3 1,99 0,67
PRE-104 25/08/04 1023 525 11893 6730 560,8 1,82 0,94
PRE-105 08/08/04 951 649 9446 5348 445,7 2,13 1,46
PRE-105 25/08/04 893 598 9446 5348 445,7 2,00 1,34
PRE-107 19/04/04 520 161 10284 5811 484,3 1,07 0,33
PRE-107 17/05/04 780 159 10284 5811 484,3 1,61 0,33
PRE-107 04/06/04 1029 196 10284 5811 484,3 2,12 0,40
PRE-107 18/06/04 909 171 10284 5811 484,3 1,88 0,35
PRE-107 08/07/04 934 164 10284 5811 484,3 1,93 0,34
PRE-107 25/08/04 612 139 10284 5811 484,3 1,26 0,29
PRE-107 24/09/04 650 173 10284 5811 484,3 1,34 0,36
PRE-107 17/10/04 824 169 10284 5811 484,3 1,70 0,35
PRE-107 25/10/04 712 201 10284 5811 484,3 1,47 0,42
PRE-107 19/11/04 793 225 10284 5811 484,3 1,64 0,46
PRE-107 06/12/04 749 198 10284 5811 484,3 1,55 0,41

62
4.3.1.8 Subestação Rio Grande (RGR)

Foi analisado 1 (um) alimentador da Subestação Rio Grande conforme a tabela 4.8, a qual
apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 4.8: Resultados obtidos para a SE Rio Grande

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
RGR-105 05/02/04 1452 432 13274 7510 625,8 2,32 0,69
RGR-105 18/09/04 1228 405 13274 7510 625,8 1,96 0,65

4.3.1.9 Subestação Lubeca (LUB)

Foram analisados 5 (cinco) alimentadores da Subestação Lubeca conforme mostra a tabela 4.9, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 4.9: Resultados obtidos para a SE Lubeca

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom. K16.66 ms K100 ms
LUB-106 07/01/2004 597 336 6171 3490 290,8 2,05 1,16
LUB-106 04/04/2004 839 338 6171 3490 290,8 2,88 1,16
LUB-110 18/01/2004 1126 691 25362 14336 1194,7 0,94 0,58
LUB-110 21/09/2004 1021 475 25362 14336 1194,7 0,85 0,4
LUB-110 17/11/2004 2238 654 25362 14336 1194,7 1,87 0,55
LUB-111 11/03/2004 1171 711 12535 7102 591,8 1,98 1,2
LUB-111 25/04/2004 1002 604 12535 7102 591,8 1,69 1,02
LUB-111 13/10/2004 1227 674 12535 7102 591,8 2,07 1,14
LUB-111 07/11/2004 1014 639 12535 7102 591,8 1,71 1,08
LUB-113 08/01/2004 1037 653 12645 7135 594,6 1,74 1,1
LUB-113 10/01/2004 803 608 12645 7135 594,6 1,35 1,02

63
Tabela 4.9: Resultados obtidos para a SE Lubeca
I inrush (A) – I inrush (A) –
Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
LUB-113 06/04/2004 977 612 12645 7135 594,6 1,64 1,03
LUB-115 18/03/2004 859 728 19782 11197 933,1 0,92 0,78
LUB-115 240/4/2004 821 628 19782 11197 933,1 0,88 0,67
LUB-115 31/05/2004 898 745 19782 11197 933,1 0,96 0,8
LUB-115 12/09/2004 827 594 19782 11197 933,1 0,89 0,64
LUB-115 18/11/2004 899 687 19782 11197 933,1 0,96 0,74

4.3.1.10 Subestação Itaquera (ITR)

Foram analisados 3 (três) alimentadores da Subestação Itaquera conforme mostra a tabela 4.10, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 4.10: Resultados obtidos para a SE Itaquera

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
ITR-103 12/09/04 1709 412 10776 6087 507,3 3,37 0,81
ITR-113 01/01/04 829 293 10763 6093 507,8 1,63 0,58
ITR-114 30/03/04 1137 388 5153 2916 243,0 4,68 1,60

4.3.1.11 Subestação Jordanésia (JOR)

Foram analisados 5 (cinco) alimentadores da Subestação Jordanésia conforme mostra a tabela


4.11, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):

64
Tabela 4.11: Resultados obtidos para a SE Jordanésia
I inrush (A) – I inrush (A) –
Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
JOR-102 09/12/03 1289 567 21574 12165 1013,8 1,27 0,56
JOR-102 06/04/04 1465 562 21574 12165 1013,8 1,45 0,55
JOR-102 25/04/04 905 375 21574 12165 1013,8 0,89 0,37
JOR-103 26/10/03 790 247 8419 4758 396,5 1,99 0,62
JOR-103 06/11/04 880 248 8419 4758 396,5 2,22 0,63
JOR-104 20/08/03 860 296 16236 9203 766,9 1,12 0,39
JOR-105 26/10/03 826 333 14102 7979 664,9 1,24 0,50
JOR-106 26/10/03 348 126 21839 12343 1028,6 0,34 0,12

4.3.1.12 Subestação Comandante Taylor (CTA)

Foram analisados 6 (alimentadores) alimentadores da Subestação Comandante Taylor conforme


mostra a tabela 4.12, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico
através do método tradicional (Programa Interprote):
Tabela 4.12: Resultados obtidos para a SE Comandante Taylor
I inrush (A) – I inrush (A) –
Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
CTA-102 15/11/04 1494 442 10358 5855 487,9 3,06 0,91
CTA-107 29/01/04 1265 591 10523 5859 488,3 2,59 1,21
CTA-108 02/02/04 1135 642 16021 9051 754,3 1,50 0,85
CTA-108 04/08/04 1319 623 16021 9051 754,3 1,75 0,83
CTA-108 24/12/04 1490 889 16021 9051 754,3 1,98 1,18
CTA-108 24/12/04 1490 889 16021 9051 754,3 1,98 1,18
CTA-108 29/12/04 1201 699 16021 9051 754,3 1,59 0,93
CTA-110 04/02/04 1635 453 20552 11613 967,8 1,69 0,47
CTA-110 13/06/04 1131 355 20552 11613 967,8 1,17 0,37
CTA-110 13/06/04 1175 384 20552 11613 967,8 1,21 0,40
CTA-113 15/05/04 1040 376 16452 9316 776,3 1,34 0,48
CTA-113 19/07/04 1429 434 16452 9316 776,3 1,84 0,56
CTA-113 28/08/04 1108 386 16452 9316 776,3 1,43 0,50
CTA-114 21/08/04 1082 365 24282 13725 1143,8 0,95 0,32
65
4.3.1.13 Subestação Diadema (DIA)

Foram analisados 4 (quatro) alimentadores da Subestação Diadema conforme mostra a tabela


4.13, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):
Tabela 4.13: Resultados obtidos para a SE Diadema

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
DIA-105 09/09/04 1058 604 23518 13317 1109,8 0,95 0,54
DIA-106 11/01/04 650 294 32108 18080 1506,7 0,43 0,20
DIA-113 31/07/04 1119 372 13306 7511 625,9 1,79 0,59
DIA-114 13/01/04 1198 539 27314 15451 1287,6 0,93 0,42
DIA-114 26/01/04 786 452 27314 15451 1287,6 0,61 0,35
DIA-114 10/02/04 1147 700 27314 15451 1287,6 0,89 0,54

4.3.1.14 Subestação Campestre (CPE)

Foram analisados 6 (seis) alimentadores da Subestação Campestre conforme mostra a tabela 4.14,
a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):
Tabela 4.14: Resultados obtidos para a SE Campestre

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
CPE-105 19/04/04 229 114 5906 3327 277,3 0,83 0,41
CPE-107 19/04/04 189 97 10225 5764 480,3 0,39 0,20
CPE-109 28/08/04 1848 552 13250 7503 625,3 2,96 0,88
CPE-111 19/04/04 529 341 8104 4600 383,3 1,38 0,89
CPE-111 25/09/04 848 406 8104 4600 383,3 2,21 1,06
CPE-113 13/07/04 1024 562 10003 5660 471,7 2,17 1,19
CPE-113 20/09/04 465 275 10003 5660 471,7 0,99 0,58
CPE-115 19/04/04 519 296 8220 4652 387,7 1,34 0,76
CPE-115 20/09/04 698 402 8220 4652 387,7 1,80 1,04

66
4.3.1.15 Subestação Carrão (CRA)

Foram analisados 11 (onze) alimentadores da Subestação Carrão conforme mostra a tabela 4.15, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 4.15: Resultados obtidos para a SE Carrão

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
CRA-102 19/01/04 1558 540 6942 3920 326,7 4,77 1,65
CRA-102 30/01/04 1106 432 6942 3920 326,7 3,39 1,32
CRA-102 29/06/04 859 380 6942 3920 326,7 2,63 1,16
CRA-103 09/02/04 1187 534 14234 8048 670,7 1,77 0,80
CRA-103 12/09/04 1279 418 14234 8048 670,7 1,91 0,62
CRA-103 13/09/04 1085 504 14234 8048 670,7 1,62 0,75
CRA-103 21/09/04 1081 524 14234 8048 670,7 1,61 0,78
CRA-104 02/02/04 1186 454 10065 5695 474,6 2,50 0,96
CRA-105 30/01/04 1056 399 12805 7238 603,2 1,75 0,66
CRA-107 15/05/04 467 259 15387 8692 724,3 0,64 0,36
CRA-108 04/02/04 873 390 16164 9121 760,1 1,15 0,51
CRA-108 15/05/04 569 381 16164 9121 760,1 0,75 0,50
CRA-110 05/08/04 1313 445 5960 3364 280,3 4,68 1,59
CRA-110 14/11/04 1137 434 5960 3364 280,3 4,06 1,55
CRA-111 30/10/04 1755 483 9176 5175 431,3 4,07 1,12
CRA-112 15/05/04 500 310 8239 4631 385,9 1,30 0,80
CRA-114 21/02/04 1403 375 14275 8070 672,5 2,09 0,56
CRA-115 08/07/04 1903 610 12833 7252 604,3 3,15 1,01

4.3.1.16 Subestação Butantã (BUT)

Foram analisados 5 (cinco) alimentadores da Subestação Butantã conforme mostra a tabela 4.16, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

67
Tabela 4.16: Resultados obtidos para a SE Butantã

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
BUT-102 17/08/04 1449 475 15926 8997 749,8 1,93 0,63
BUT-103 19/07/04 1458 429 18028 10157 846,4 1,72 0,51
BUT-103 10/09/04 1669 589 18028 10157 846,4 1,97 0,70
BUT-106 25/01/04 1454 499 23058 13043 1086,9 1,34 0,46
BUT-108 30/01/04 1466 670 19813 11198 933,2 1,57 0,72
BUT-112 19/02/04 1275 679 19278 10901 908,4 1,40 0,75

4.3.1.17 Subestação Clementino (CLE)

Foram analisados 5 (cinco) alimentadores da Subestação Clementino conforme mostra a tabela


4.17, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):

Tabela 4.17: Resultados obtidos para a SE Clementino

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
CLE-102 23/01/04 1177 412 10825 6109 509,1 2,31 0,81
CLE-102 09/01/05 1494 412 10825 6109 509,1 2,93 0,81
CLE-103 07/12/04 102 42 4545 2572 214,3 0,48 0,20
CLE-105 04/10/04 1744 499 19795 11156 929,7 1,88 0,54
CLE-105 07/12/04 971 366 19795 11156 929,7 1,04 0,39
CLE-105 27/02/05 1246 370 19795 11156 929,7 1,34 0,40
CLE-112 22/05/04 921 433 16363 9254 771,2 1,19 0,56
CLE-114 12/09/04 1099 477 18803 10631 885,9 1,24 0,54

68
4.3.1.18 Subestação Buenos Aires (BAI)

Foram analisados 5 (cinco) alimentadores da Subestação Buenos Aires conforme mostra a tabela
4.18, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):

Tabela 4.18: Resultados obtidos para a SE Buenos Aires

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
BAI-104 24/07/04 1028 518 15375 8679 723,3 1,42 0,72
BAI-107 08/07/04 1031 558 13259 7486 623,8 1,65 0,89
BAI-107 09/07/04 1597 546 13259 7486 623,8 2,56 0,88
BAI-108 28/08/04 1206 511 15000 8472 706,0 1,71 0,72
BAI-110 25/07/04 1329 486 11051 6258 521,5 2,55 0,93
BAI-112 22/05/04 524 189 2534 1430 119,2 4,40 1,59

4.3.1.19 Subestação Bartira (BAR)

Foram analisados 11 (onze) alimentadores da Subestação Bartira conforme mostra a tabela 4.19, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 4.19: Resultados obtidos para a SE Bartira

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
BAR-102 18/01/2004 1391 668 9401 5306 442,2 3,15 1,51
BAR-102 13/11/2004 1243 566 9401 5306 442,2 2,81 1,28
BAR-103 21/01/2004 1337 641 16694 9446 787,2 1,7 0,81
BAR-103 09/02/2005 1033 474 16694 9446 787,2 1,31 0,6
BAR-104 25/02/2005 1537 637 7359 4165 347,1 4,43 1,84
BAR-105 12/09/2004 512 222 3610 2037 169,8 3,02 1,31
BAR-105 08/12/2004 952 334 3610 2037 169,8 5,61 1,97

69
Tabela 4.19: Resultados obtidos para a SE Bartira

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
BAR-107 6/2/2004 1132 402 5703 3231 269,3 4,2 1,49
BAR-107 3/12/2004 1534 466 5703 3231 269,3 5,7 1,73
BAR-107 6/3/2005 822 451 5703 3231 269,3 3,05 1,68
BAR-108 21/1/2004 817 414 5646 3189 265,8 3,07 1,56
BAR-108 5/4/2004 844 407 5646 3189 265,8 3,18 1,53
BAR-108 10/6/2004 714 375 5646 3189 265,8 2,69 1,41
BAR-108 10/10/2004 658 389 5646 3189 265,8 2,48 1,46
BAR-108 21/11/2004 1049 408 5646 3189 265,8 3,95 1,54
BAR-108 8/12/2004 1612 558 5646 3189 265,8 6,07 2,1
BAR-109 12/1/2004 1407 650 7680 4349 362,4 3,88 1,79
BAR-109 30/1/2004 845 531 7680 4349 362,4 2,33 1,47
BAR-109 29/5/2004 1195 552 7680 4349 362,4 3,3 1,52
BAR-109 30/10/2004 1499 613 7680 4349 362,4 4,14 1,69
BAR-109 22/2/2005 1533 654 7680 4349 362,4 4,23 1,8
BAR-110 26/4/2004 1188 599 7383 4161 346,8 3,43 1,73
BAR-110 20/6/2004 1188 599 7383 4161 346,8 3,43 1,73
BAR-110 7/7/2004 1156 470 7383 4161 346,8 3,33 1,36
BAR-110 16/7/2004 1177 539 7383 4161 346,8 3,39 1,55
BAR-110 29/9/2004 1085 603 7383 4161 346,8 3,13 1,74
BAR-111 30/1/2004 1187 443 6502 3672 306 3,88 1,45
BAR-111 30/1/2004 1124 608 6502 3672 306 3,67 1,99
BAR-111 30/5/2004 1259 513 6502 3672 306 4,11 1,68
BAR-111 14/11/2004 1272 560 6502 3672 306 4,16 1,83
BAR-111 15/11/2004 827 399 6502 3672 306 2,7 1,3
BAR-111 16/11/2004 1267 507 6502 3672 306 4,14 1,66
BAR-112 8/7/2004 1005 587 10766 6087 507,3 1,98 1,16
BAR-112 8/7/2004 955 492 10766 6087 507,3 1,88 0,97
BAR-112 25/8/2004 798 679 10766 6087 507,3 1,57 1,34
BAR-113 9/1/2004 1348 809 9723 5482 456,8 2,95 1,77
BAR-113 7/7/2004 1080 380 9723 5482 456,8 2,36 0,83
BAR-114 29/1/2004 1549 735 11957 6750 562,5 2,75 1,31
BAR-114 25/8/2004 1152 590 11957 6750 562,5 2,05 1,05
BAR-114 4/11/2004 1427 483 11957 6750 562,5 2,54 0,86
BAR-114 15/11/2004 1273 414 11957 6750 562,5 2,26 0,74
BAR-115 13/1/2004 1396 881 10559 5981 498,4 2,8 1,77
BAR-115 23/1/2004 1092 623 10559 5981 498,4 2,19 1,25

70
Tabela 4.19: Resultados obtidos para a SE Bartira

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
BAR-115 25/1/2004 1545 683 10559 5981 498,4 3,1 1,37
BAR-115 25/1/2004 770 607 10559 5981 498,4 1,54 1,22
BAR-115 15/4/2004 1357 544 10559 5981 498,4 2,72 1,09
BAR-115 10/7/2004 996 556 10559 5981 498,4 2 1,12
BAR-115 19/7/2004 1204 507 10559 5981 498,4 2,42 1,02
BAR-115 18/9/2004 1336 599 10559 5981 498,4 2,68 1,2
BAR-115 7/3/2005 1241 670 10559 5981 498,4 2,49 1,34

4.3.1.20 Subestação Barra Funda (BFU)

Foram analisados 8 (oito) alimentadores da Subestação Barra Funda conforme mostra a tabela
4.20, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):

Tabela 4.20: Resultados obtidos para a SE Barra Funda

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
BFU-102 14/01/04 1057 306 8817 4984 415,3 2,54 0,74
BFU-105 07/04/04 1629 569 20857 11825 985,4 1,65 0,58
BFU-105 02/09/04 1240 576 20857 11825 985,4 1,26 0,58
BFU-105 02/09/04 1563 560 20857 11825 985,4 1,59 0,57
BFU-108 29/05/04 937 476 13918 7858 654,8 1,43 0,73
BFU-109 07/08/04 827 463 9619 5443 453,6 1,82 1,02
BFU-111 29/07/04 1156 389 7421 4203 350,3 3,30 1,11
BFU-112 07/01/04 1455 472 7772 4388 365,7 3,98 1,29
BFU-112 10/12/04 1388 530 7772 4388 365,7 3,80 1,45
BFU-113 16/11/04 1053 509 7650 4326 360,5 2,92 1,41
BFU-114 07/01/04 1240 399 8099 4580 381,7 3,25 1,05
BFU-114 07/08/04 654 329 8099 4580 381,7 1,71 0,86

71
4.3.2 Análise dos Resultados

Conforme já citado, o modelo de cálculo elétrico implementado no Programa Interprote e utilizado


nas análises descritas anteriormente para avaliação da corrente de inrush consiste na utilização de
fatores multiplicativos pré-estabelecidos (ou seja, valores fixos não configuráveis) em 22 e 12,
respectivamente aos instantes de 10 e 100 ms (6 ciclos), aplicados à corrente nominal referente ao
conjunto de transformadores atendidos pelo circuito em estudo. Este procedimento de cálculo está
em conformidade com a sistemática utilizada por diversas concessionárias de distribuição de
energia elétrica brasileiras no que tange à estimativa da corrente de inrush em situações de
religamento.

Pode-se afirmar que a corrente de inrush calculada pelo Software Interprote é muito maior que a
registrada pelo medidor Power 3720, pois em todos os 241 (duzentos e quarenta e um) casos de
eventos analisados e expostos nas tabelas 4.1 a 4.20, comparando-se os valores de corrente de
inrush medido e os calculados pelo Interprote, claramente se observa que os fatores multiplicativos
utilizados majoram significativamente os resultados obtidos pelo programa.

De acordo com o Capítulo 2 (dois), a magnitude deste parâmetro depende de fatores como o
instante de religamento, potência de curto de circuito no ponto de ocorrência, fluxo residual,
potência nominal dos transformadores, entre outros. No instante de religamento, se a tensão
correspondente for nula, o fluxo residual será máximo e o pico do fluxo transitório no núcleo será
mais que o dobro da condição de fluxo normal, desta forma gerando uma corrente de inrush
assimétrica e de alta magnitude [5].

Os resultados ou valores calculados indicam que os valores normalmente utilizados (por exemplo,
o valor k = 22 pré configurado no Software Interprote) para o fator k no instante 16,66 ms (1 ciclo)
da corrente de inrush representam uma condição bastante conservadora, onde os valores tendem a
reproduzir a pior condição possível de religamento em todos os transformadores de distribuição,
inclusive os transformadores de consumidores de média tensão atendidos pelo circuito em estudo.
Observa-se também que os resultados calculados desta forma não podem ser considerados
referências adequadas para o ajuste de proteção, pois em alguns valores obtidos (por exemplo, para

72
os alimentadores TSE-102, EMB-106), o valor da corrente de inrush é da ordem de dezenas de
milhares de ampéres, certamente não há potência de curto-circuito para se alcançar esta condição.

Sendo assim, procurou-se estimar através da determinação da corrente nominal do conjunto de


transformadores atendidos pelos alimentadores, qual seria o fator k calculado (nos instantes de
análise, ou seja, 16,66 ms e 100 ms após o início da corrente de inrush) que aproximaria a corrente
calculada aos valores realmente medidos. Os valores obtidos podem ser observados nas tabelas
4.21 à 4.23 nas páginas 76 e 79 à seguir.

4.3.2.1 Fator Multiplicativo k ajustado para o instante 16,66 ms (1° ciclo)

A figura 4.3 ilustra, para o fator multiplicativo k calculado referente ao instante de 16,66 ms, os
valores obtidos para os 241 (duzentos e quarenta e um) eventos de correntes de inrush em carga
quente, além do valor médio obtido.

Análise do Fator Multiplicativo (K-16,66 s)

9,00
8,00
7,00
6,00
Eventos

5,00 Kmédio
4,00 K16.66 ms
3,00
2,00
1,00
0,00
0 50 100 150 200 250
k-16,66 ms

Figura 4.3: Estimativa do fator multiplicativo k referente ao instante 16,66 ms

Analisando este gráfico obtém-se o valor da média aritmética do fator k com o valor de 2,19.

73
Nesta dissertação, uma vez que no tocante ao fenômeno da corrente de inrush, onde este apresenta
valores aleatórios em um determinado alimentador e sendo que em cada evento o seu valor pode
variar, conforme visto no capítulo 2, por diversos fatores, optou-se por analisar o fator
multiplicativo k nos seus instantes notáveis (1º e 6º ciclo) como uma variável de natureza
probabilística.

Desta forma, a figura 4.4 ilustra um histograma o qual mostra a distribuição dos valores do fator
multiplicativo k no instante 16,6ms obtidos através das medições em função do número da
freqüência em que os mesmos ocorreram.

Distribuição dos valores do fator k-16,6ms

14,00

12,00
Número de frequência

10,00

8,00
Frequencia
6,00

4,00

2,00

0,00
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0
Fator k-16,6ms

Figura 4.4: Histograma da distribuição dos valores do fator multiplicativo k-16,6ms (carga
quente) em função de freqüências ocorridas

De acordo com a figura 4.4 observa-se que a distribuição aparentemente não é normal, porém de
qualquer forma para garantir a consistência dos cálculos deste trabalho, de acordo com a referência
[56], para uma distribuição não normal, com a amostra suficientemente grande, resultará, do
teorema do limite central, que, no caso de população infinita a distribuição amostral da média
aritmética será aproximadamente normal, pois o seu valor resultará de uma soma de um número
grande de variáveis aleatórias independentes. A figura 4.5 ilustra as curvas distribuição normal e
distribuição não normal conforme a teoria discutida neste parágrafo.

74
Curva de Distribuição normal

Curva de Distribuição não


normal

Figura 4.5: Curvas sobrepostas de Distribuição Normal e Distribuição não normal

Obs: X – Eixo da distribuição de valores de alguma amostra


- Média aritmética dos valores de alguma amostra

Desta forma, considerando que as amostras do fator k podem ser caracterizadas como uma
distribuição normal, de acordo com a Função Densidade de Probabilidade [57], qualquer que for o
número da amostra, a sua média sempre ficará próxima a uma determinada margem de valor.

4.3.2.2 Fator Multiplicativo k ajustado para o instante 16,66 ms através de Níveis de


Confiança

Para obtenção dos valores dos fatores multiplicativos k conforme as propriedades da Distribuição
Normal, será analisado através de Níveis de Confiança para Valores Críticos Inteiros [58], no qual
de acordo com as expressões 4.5 à 4.7 extraídas da referida teoria têm-se:

±1 68,27 % de confiança (expressão 4.5)


±2 95,45 % de confiança (expressão 4.6)
±3 99,73 % de confiança (expressão 4.7)

Onde:
: Média da amostra
: Desvio padrão da amostra
75
No caso deste trabalho, os valores dos fatores multiplicativos k serão calculados adotando-se
95,45% de nível de confiança, ou seja, o valor será a média aritmética mais duas vezes o desvio
padrão da amostra [58]. Na figura 4.6 está ilustrada a Distribuição Normal com o referido nível de
confiança:

-2 = -2 2= +2 x

Figura 4.6: Curva e parâmetros da Distribuição Normal aproximada aplicada às amostras de


corrente de carga quente em 16,6 ms

Considerando-se a teoria apresentada nos parágrafos anteriores às informações do fator


multiplicativo k, somando-se todos os valores obtidos pelos 241 eventos referentes ao instante
16,66 ms, extraídas das tabelas 4.1 á 4.20 e figura 4.2, obtém-se as informações à seguir:

: 2,19 (média aritmética do fator K16.66 ms , obtida no item 4.3.2.1)


: 1,23 (desvio padrão do fator K16.66 ms)
n: 241 (número de eventos analisados em carga quente)

Desta forma, substituindo esses valores nas variáveis da expressão 4.6:

±2 2,19 ± 2 . 1,23

Tendo em vista que neste trabalho os resultados obtidos serão posteriormente sugeridos como
novos parâmetros para cálculos das correntes de inrush, para fins práticos de utilização, será
considerado sempre o intervalo positivo, ou seja:

2,19 + 2,46 = 4,65

76
Portanto, o resultado probabilístico alcançado entre os 241 eventos foi 4,65, sendo que o valor
máximo alcançado entre os 241 eventos foi 7,95.

4.3.2.3 Fator Multiplicativo (K16. 66ms) Ajustado em Função da Potência Instalada

A potência instalada do conjunto de transformadores atendidos pelo alimentador, e sua respectiva


corrente nominal é um fator que certamente deve influenciar a magnitude da corrente de inrush.
Com base neste aspecto, a partir dos resultados expostos nas tabelas 4.1 a 4.20, na tabela 4.21 são
esboçados os valores probabilísticos, através do mesmo processo apresentado no item 4.3.2.2,
onde o fator k é ajustado para o instante 16,66 ms (1º ciclo) da corrente de inrush em carga quente,
referentes a algumas faixas pré-definidas de corrente nominal do conjunto de transformadores
atendidos.

Tabela 4.21: Fator multiplicativo k (16,66 ms) em função das faixas de corrente nominal do
conjunto de transformadores atendidos pelos alimentadores
Faixa de corrente nominal Valores sugeridos para o
(A) fator multiplicativo k no
instante 16,66 ms
0 - 500 5,63
500 - 1000 2,88
> 1000 1,76

Observa-se que, à luz dos resultados obtidos, que o fator k decresce à medida que se aumenta a
corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo alimentador.

4.3.2.4 Fator Multiplicativo k Ajustado para o Instante 100 ms (6 ciclos)

Analogamente ao item 4.3.2.1, para o fator multiplicativo k ajustado para o instante 100 ms (6º
ciclo), têm-se, na figura 4.7, a distribuição de pontos obtidos para os 241 eventos analisados (e
indicação do valor médio resultante) para a corrente de inrush em carga quente:

77
Análise do Fator Multiplicativo (k-100ms)

3,50
3,00
2,50
k-100ms

2,00 Kmédio
1,50 K100 ms
1,00
0,50
0,00
0 50 100 150 200 250
Eventos

Figura 4.7: Análise do fator multiplicativo k referente ao instante 100 ms (6 ciclos)

Analisando este gráfico obtém-se o valor da média aritmética do fator k como sendo uma variável
aritmética com o valor de 0,94, porém, analogamente ao procedimento para obtenção do fator k em
16,66 ms, o mesmo é analisado como uma variável probabilística, ou seja, caracterizada como
Distribuição Normal [56] e sujeito a uma média e desvio padrão característicos conforme visto no
item 4.3.2.2.

Desta forma, a figura 4.8 ilustra um histograma o qual mostra a distribuição dos valores do fator
multiplicativo k no instante 100ms, obtidos através das medições em função da freqüência em que
os mesmos ocorreram.

78
Distribuição do Fator k-100ms

24,00
22,00
20,00
Número de Frequência

18,00
16,00
14,00
12,00 Frequencia
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Fator k-100ms

Figura 4.8: Histograma da distribuição dos valores do fator multiplicativo k-16,6ms (carga
quente) em função de freqüências ocorridas

De acordo com a figura 4.8 observa-se que as amostras para o instante 100 ms, a distribuição
aparentemente não é normal, porém igualmente observado na análise para o instante 16,6 ms, para
garantia dos cálculos, de acordo com a referência [56], mesmo para uma distribuição não normal
com a amostra suficientemente grande, resultará, do teorema do limite central, que, no caso de
população infinita a distribuição amostral da média aritmética será aproximadamente normal, pois
o seu valor resultará de uma soma de um número grande de variáveis aleatórias independentes.

4.3.2.5 Fator Multiplicativo k Ajustado para o Instante 100 ms Através de Intervalos de


Confiança

Similarmente ao item 4.3.2.2, a média do fator multiplicativo k no instante 100 ms deve ser obtida
de acordo com um nível de confiança utilizando a expressão 4.6 e, somando-se todos os valores
obtidos pelos 241 eventos referentes ao instante 100 ms, extraídas das tabelas 4.1 á 4.20 e figura
4.7, obtém-se as informações abaixo:

: 0,94 (média aritmética do fator K100 ms obtida no item 4.3.2.2)


: 0,51 (desvio padrão do fator K100 ms)
n: 241 (número de eventos analisados)
79
Desta forma, substituindo esses valores na expressão 4.6 com 95,45% de confiança, obtém-se o
seguinte resultado:
±2 0,94 ± 2 . 0,51

Tendo em vista que os resultados obtidos serão posteriormente sugeridos como novos parâmetros
para cálculos das correntes de inrush, para fins práticos de utilização, será considerado sempre o
intervalo positivo, ou seja:
0,94 ± 1,02 = 1,96

Portanto, o resultado probabilístico alcançado entre os 241 eventos foi 1,96, sendo que o valor
máximo alcançado entre os 241 eventos foi 2,88.

4.3.2.6 Fator Multiplicativo (K100 ms) ajustado em Função da Potência Instalada

A partir dos resultados expostos nas tabelas 4.1 á 4.20, na tabela 4.22 são esboçados os valores
probabilísticos em intervalos de confiança, através do mesmo processo apresentado no item
4.3.2.2, do fator k ajustado para o instante 100 ms (6 ciclos) da corrente de inrush, referentes a
algumas faixas pré-definidas de corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos.

Tabela 4.22: Fator multiplicativo k (100 ms) em função das faixas de corrente nominal do
conjunto de transformadores atendidos pelos alimentadores
Faixa de corrente nominal (A) Valores sugeridos para o fator
multiplicativo k no instante 100 ms
0 - 500 2,33
500 - 1000 1,28
> 1000 0,67

De acordo com os resultados alcançados ou obtidos, pode-se concluir que os fatores


multiplicativos normalmente considerados pelos modelos tradicionais de cálculos elétricos,
majoram ou sobredimensionam os valores e cálculos da corrente de inrush, onde em alguns casos

80
se obtêm os resultados na ordem de uma dezena de quilo-ampéres, sendo que muitas vezes não há
potência de curto-circuito o suficiente para se alcançar esses valores.

Obteve-se uma variação bem relevante ou significativa do fator k ajustado, em relação aos
instantes de 16,66 ms (na faixa em torno de 0,31 à 7,95, além de um valor médio aritmético
próximo a 2,19) e 100 ms (na faixa em torno de 0,12 à 2,88 , além de um valor médio aritmético
próximo a 0,94), o qual demonstrou uma certa dependência da potência instalada total e da
corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo alimentador, uma vez que o fator
k ajustado é decrescente com estes parâmetros.

Sugere-se em função da corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo


alimentador, os seguintes valores de referência para o fator multiplicativo k:

Tabela 4.23: Valores sugeridos para os fatores multiplicativos da corrente nominal visando à
determinação das correntes de inrush em carga quente
Faixa de corrente nominal Valores sugeridos para o Valores sugeridos para o
(A) fator multiplicativo k no fator multiplicativo k no
instante 16,66 ms instante 100 ms
0 – 500 6 2,5
500 – 1000 3 1,5
> 1000 2 1

81
CAPÍTULO 5
ANÁLISE DAS CORRENTES DE INRUSH EM CARGA FRIA

5.1 Considerações Gerais

Similarmente ao Capítulo 4, o principal objetivo deste capítulo consiste em fazer uma análise do
modo tradicional de estimativa da corrente de inrush, porém em carga fria. A metodologia e as
comparações com o método tradicional de tais correntes são os mesmos adotados nas análises do
Capítulo 4, onde foram baseadas na utilização de fatores multiplicativos aplicados à corrente
nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo alimentador de média tensão. Trabalhou-
se com informações referentes ao sistema elétrico distribuidor da AES ELETROPAULO

5.2 Determinação das correntes de inrush em Carga fria

Neste tópico serão analisadas as correntes de inrush em carga fria, a qual a sua definição foi
descrita no item 3.6.

Para a obtenção dos resultados deste tópico foram estudados 38 (trinta e oito) alimentadores de
distribuição totalizando uma amostra de 50 (cinqüenta) medições de correntes de inrush em cargas
frias onde, similarmente à análise em carga quente, não foram consideradas as correntes de inrush
oriundas de religamentos de defeitos permanentes registrados pelo medidor Power 3720, pois nas
medições desses tipos de ocorrências, há uma grande probabilidade de existir corrente de defeito
somada com corrente de inrush, assim comprometendo o objetivo do estudo.

Para compatibilizar os dados comparados com respeito à topologia e carregamento dos


alimentadores considerados, o procedimento também foi similar ao de carga quente (item 4.3), ou
seja, inicialmente verificou-se o banco de dados de ocorrência da AES ELETROPAULO com o

82
intuito de se certificar que não houveram trechos isolados ou queima de fusíveis nas ocorrências
analisadas.

A metodologia adotada consistiu nos seguintes passos:

a) Escolha dos 38 alimentadores com registro de medição a partir do medidor Power 3720,
que seguiu um critério de levantamento do maior número de ocorrências capturadas
considerando-se os circuitos das subestações que contém este medidor;

b) Identificação nos arquivos de saída do medidor Power 3720 dos eventos que tiveram longo
tempo de interrupção no fornecimento de energia, com o religamento bem sucedido e que
compreendessem toda a carga do alimentador;

c) Cálculo das correntes de Inrush através do Software Interprote;

d) Através dos resultados de corrente de inrush obtidos por meio do Software Interprote,
foram determinadas as respectivas correntes nominais do conjunto de transformadores
atendidos pelo alimentador em questão;

e) Através da obtenção da corrente nominal e da corrente de inrush observada no medidor


Power 3720, estimaram-se os fatores multiplicativos ajustados como variáveis
probabilísticas que conduzem o cálculo da corrente de inrush aos valores efetivamente
medidos.

83
5.2.1 Apresentação dos Resultados das Correntes de Inrush em Cargas Frias

Neste item são apresentados os resultados obtidos através do procedimento descrito no item
anterior.

5.2.1.1 Subestação Bartira (BAR)

Foram estudados 10 (dez) alimentadores da Subestação Bartira conforme mostra a tabela 5.1, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):
Tabela 5.1: Resultados obtidos para a SE Bartira

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
BAR-102 04/02/05 619 537 9401 5306 442,2 1,4 1,2
BAR-103 20/08/04 847 593 16694 9446 787,2 1,1 0,8
BAR-104 04/02/05 831 473 7359 4165 347,1 2,4 1,4
BAR-105 20/08/04 625 305 3610 2037 169,8 3,7 1,8
BAR-107 05/11/04 950 586 5703 3231 269,3 3,5 2,2
BAR-109 13/04/04 1305 855 7680 4349 362,4 3,6 2,4
BAR-109 20/08/04 635 607 7680 4349 362,4 1,8 1,7
BAR-110 20/06/04 1274 552 7383 4161 346,8 3,7 1,6
BAR-110 04/02/05 776 446 7383 4161 346,8 2,2 1,3
BAR-113 20/08/04 1092 595 9723 5482 456,8 2,4 1,3
BAR-113 10/02/05 983 577 9723 5482 456,8 2,2 1,3
BAR-114 10/02/05 1696 883 11957 6750 562,5 3,0 1,6
BAR-115 20/08/04 967 697 10559 5981 498,4 1,9 1,4

84
5.1.1.2 Subestação Barra Funda (BFU)

Foram estudados 3 (três) alimentadores da Subestação Barra Funda conforme mostra a tabela 5.2,
a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):

Tabela 5.2: Resultados obtidos para a SE Barra Funda

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
BFU-102 22/05/04 1147 359 8817 4984 415,3 2,8 0,9
BFU-106 16/09/04 992 455 17616 9947 828,9 1,2 0,5
BFU-106 07/11/04 1500 732 17616 9947 828,9 1,8 0,9
BFU-109 31/05/04 1318 596 9619 5443 453,6 2,9 1,3
BFU-109 08/06/04 1084 399 9619 5443 453,6 2,4 0,9

5.1.1.3 Subestação Campestre (CPE)

Foram estudados 4 (quatro) alimentadores da Subestação Campestre conforme mostra a tabela 5.3,
a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):

Tabela 5.3: Resultados obtidos para a SE Campestre

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
CPE-102 09/09/04 351 189 3027 1709 142,4 2,5 1,3
CPE-108 27/03/04 915 425 11179 6310 525,8 1,7 0,8
CPE-108 09/09/04 801 417 11179 6310 525,8 1,5 0,8
CPE-111 28/08/04 1028 586 8104 4600 383,3 2,7 1,5
CPE-114 09/09/04 871 414 7553 4269 355,8 2,4 1,2

85
5.1.1.4 Subestação Carrão (CRA)

Foram estudados 2 (dois) alimentadores da Subestação Carrão conforme mostra a tabela 5.4, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 5.4: Resultados obtidos para a SE Carrão

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
CRA-108 17/08/04 1474 791 16164 9121 760,1 1,9 1,0
CRA-111 01/08/04 996 487 9176 5175 431,3 2,3 1,1

5.1.1.5 Subestação Diadema (DIA)

Foram estudados 3 (três) alimentadores da Subestação Diadema conforme mostra a tabela 5.5, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 5.5: Resultados obtidos para a SE Diadema

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
DIA-102 15/02/04 1237 633 8482 4805 400,4 3,1 1,6
DIA-111 17/02/04 956 316 19138 10798 899,8 1,1 0,4
DIA-114 28/07/04 1056 535 27314 15451 1287,6 0,8 0,4

86
5.1.1.6 Subestação Embu (EMB)

Foi estudado 1 (um) alimentador da Subestação Embu conforme mostra a tabela 5.6, a qual
apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 5.6: Resultados obtidos da SE Embu

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
EMB-108 17/08/04 1536 981 11539 5618 468,2 3,3 2,1

5.1.1.7 Subestação Itaquera (ITR)

Foi estudado 1 (um) alimentador da Subestação Itaquera conforme mostra a tabela 5.7, a qual
apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico:

Tabela 5.7: Resultados obtidos para a SE Itaquera

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
ITR-102 18/09/04 914 589 11573 6537 544,8 1,7 1,1

5.1.1.8 Subestação Jordanésia (JOR)

Foram estudados 2 (dois) alimentadores da Subestação Jordanésia conforme a tabela 5.8, a qual
apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

87
Tabela 5.8: Resultados obtidos da SE Jordanésia

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
JOR-102 17/10/04 1483 744 21574 12165 1013,8 1,5 0,7
JOR-106 16/09/03 1061 289 21839 12343 1028,6 1,0 0,3
JOR-106 27/12/03 754 273 21839 12343 1028,6 0,7 0,3

5.1.1.9 Subestação Lubeca (LUB)

Foram estudados 2 (dois) alimentadores da Subestação Lubeca conforme mostra a tabela 5.9, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):
Tabela 5.9: Resultados obtidos para a SE Lubeca

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
LUB-106 23/09/04 1708 726 6171 3490 290,8 5,9 2,5
LUB-108 25/07/04 1223 700 11205 6347 528,9 2,3 1,3

5.1.1.10 Subestação Monções (MOC)

Foram estudados 2 (dois) alimentadores da Subestação Monções conforme mostra a tabela 5.10, a
qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):
Tabela 5.10: Resultados obtidos para a SE Monções

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
MOC-108 18/08/04 956 550 21831 12326 1027,2 0,9 0,5
MOC-114 06/05/04 985 736 3503 1977 164,8 6,0 4,5

88
5.1.1.11 Subestação Piraporinha (PIP)

Foi estudado 1 (um) alimentador da Subestação Piraporinha conforme mostra a tabela 5.11, a qual
apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):
Tabela 5.11: Resultados obtidos para a SE Piraporinha

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
PIP-104 08/07/04 1054 680 22321 12596 1049,7 1,0 0,6

5.1.1.12 Subestação Parelheiros (PRE)

Foram estudados 4 (quatro) alimentadores da Subestação Parelheiros conforme mostra a tabela


5.12, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):
Tabela 5.12: Resultados obtidos para a SE Parelheiros

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
PRE-102 25/01/05 775 573 11101 6292 524,3 1,5 1,1
PRE-104 09/11/04 800 565 11893 6730 560,8 1,4 1,0
PRE-106 22/05/04 734 583 12734 7203 600,3 1,2 1,0
PRE-107 30/05/04 835 222 10284 5811 484,3 1,7 0,5
PRE-107 26/06/04 855 215 10284 5811 484,3 1,8 0,4
PRE-107 14/09/04 734 265 10284 5811 484,3 1,5 0,5

89
5.1.1.13 Subestação Rio Grande (RGR)

Foi estudado 1 (um) alimentador da Subestação Rio Grande conforme mostra a tabela 5.13, a qual
apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método tradicional
(Programa Interprote):

Tabela 5.13: Resultados obtidos para a SE Rio Grande

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
RGR-103 25/02/05 1240 628 15648 8839 736,6 1,7 0,9

5.1.1.14 Subestação Taboão da Serra (TSE)

Foram estudados 2 (dois) alimentadores da Subestação Taboão da Serra conforme mostra a tabela
5.14, a qual apresenta os resultados obtidos de medição e do cálculo elétrico através do método
tradicional (Programa Interprote):

Tabela 5.14: Resultados obtidos para a SE Taboão da Serra

I inrush (A) – I inrush (A) –


Power 3720 Cálculo Elétrico
Circuito Data I 16.66 ms I 100 ms I 16.66 ms I 100 ms Inom K16.66 ms K100 ms
TSE-104 08/07/04 1409 788 9000 4320 360 3,9 2,2
TSE-104 30/09/04 1303 741 9000 4320 360 3,6 2,1
TSE-104 17/10/04 1325 781 9000 4320 360 3,7 2,2
TSE-104 22/11/04 1175 717 9000 4320 360 3,3 2,0
TSE-109 18/09/04 1043 474 9730 5491 457,6 2,3 1,0

90
5.2.2 Análise dos Resultados

O procedimento da análise dos resultados para a obtenção dos fatores multiplicativos k para as
correntes de inrush em carga fria é o mesmo adotado para a obtenção dos fatores em carga quente,
bem como as observações sobre o uso do Programa Interprote, e na comparação dos valores
medidos com a metodologia atualmente utilizada pelas concessionárias brasileiras (fatores
multiplicativos pré-estabelecidos, ou seja, valores fixos não configuráveis em 22 e 12,
respectivamente aos instantes de 16,66 (1 ciclo) e 100 ms (6 ciclos), aplicados à corrente nominal
referente ao conjunto de transformadores atendidos pelo circuito em estudo).

Sendo assim, igualmente ao item 4.3.2, procurou-se estimar através da determinação da corrente
nominal do conjunto de transformadores atendidos pelos alimentadores, qual seria o fator k
calculado (nos instantes de análise, ou seja, 16,66 ms e 100 ms após o início da corrente de inrush)
que aproximaria a corrente calculada aos valores realmente medidos. Os valores obtidos podem ser
observados nas tabelas 5.1 à 5.14.

5.2.2.1 Fator Multiplicativo k Ajustado para o Instante 16,66 ms (1 ciclo)

A figura 5.1 esboça, para o fator multiplicativo k calculado referente ao instante de 16,66 ms, os
valores obtidos para os 50 (cinqüenta) eventos em carga fria, além do valor médio obtido.

Análise do Fator Multiplicativo (k-16,66s)

7,00

6,00
5,00
Eventos

4,00 K16.66 ms
3,00 Kmédio

2,00
1,00

0,00
0 10 20 30 40 50
k-16,66 s

Figura 5.1: Estimativa do fator multiplicativo k referente ao instante 16,66 ms

91
Analisando este gráfico obtém-se para as correntes de inrush em carga fria, o valor da média
aritmética do fator k com o valor de 2,32, porém, analogamente ao procedimento da análise dos
fatores multiplicativos k para correntes de inrush em carga quente, deve ser analisado como sendo
uma variável probabilística, onde é caracterizada como distribuição normal e sujeito a uma média e
desvio padrão característico, conforme visto no item 4.3.2.1, onde desta forma se obtém o
resultados de acordo com Níveis de Confiança [56] para a média aritmética dos 50 eventos.

Desta forma, a figura 5.2 ilustra um histograma o qual mostra a distribuição dos valores do fator
multiplicativo k no instante 16,6 ms obtidos através das medições em função do número de
freqüência em que os mesmos ocorreram.

Distribuição do Fator K-16,6ms

4
Número de frequência

3
Frequencia
2

0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0
Fator K-16,6ms

Figura 5.2: Histograma da distribuição dos valores do fator multiplicativo k-16,6ms (carga
fria) em função de freqüências ocorridas

De acordo com a figura 5.2 observa-se que as amostras para o instante 16,6 ms, a distribuição
aparentemente não é normal, porém igualmente observado na análise para o instante 16,6 ms em
carga quente, para garantia dos cálculos, de acordo com a referência [56], mesmo para uma
distribuição não normal com a amostra suficientemente grande, resultará, do teorema do limite
central, que, no caso de população infinita a distribuição amostral da média aritmética será
aproximadamente normal, pois o seu valor resultará de uma soma de um número grande de
variáveis aleatórias independentes.
92
5.2.2.2 Fator Multiplicativo k ajustado para o Instante 16,66 ms através de Níveis de
Confiança

Analogamente ao item 4.3.2.2, deve-se analisar os resultados de acordo com um nível de


confiança em torno da média do fator multiplicativo k de forma tal que este contenha o valor
dentro de um nível de confiança [58], desta forma, somando-se todos os valores obtidos pelos 50
eventos referentes ao instante 16,66 ms, extraídas das tabelas 5.1 á 5.14 e figura 5.1, obtemos as
informações à seguir:

: 2,32 (média aritmética do fator K16.66 ms obtida no item 5.2.2.1)


: 1,15 (desvio padrão do fator K16.66 ms)
n: 50 (número de eventos analisados)

Desta forma, substituindo esses valores nas variáveis da expressão 4.6:

±2 2,32 ± 2 . 1,15

Tendo em vista que neste trabalho os resultados obtidos serão posteriormente sugeridos como
novos parâmetros para cálculos das correntes de inrush, para fins práticos de utilização, será
considerado sempre o intervalo positivo, ou seja:

2,32 + 2,30 = 4,62

Portanto, o resultado probabilístico alcançado entre os 50 eventos foi 4,62, sendo que o valor
máximo alcançado entre os 50 eventos foi 5,98.

5.2.2.3 Fator Multiplicativo (K16.66 ms) ajustado em Função da Potência Instalada

Tendo em vista que a potência instalada do conjunto de transformadores atendidos pelo


alimentador é um fator bastante influente na magnitude da corrente de inrush. A partir dos
resultados expostos nas tabelas 5.1 à 5.14, na tabela 5.15 são esboçados os valores probabilísticos

93
em níveis de confiança, através do mesmo processo apresentado no item 4.3.2.2, onde o fator k é
ajustado para o instante 16,66 ms (1º ciclo) da corrente de inrush em carga fria, referentes as faixas
pré-definidas de corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos.

Tabela 5.15: Fator multiplicativo k (16,66 ms) em função das faixas de corrente nominal do
conjunto de transformadores atendidos pelos alimentadores
Faixa de corrente nominal (A) Valores sugeridos para o fator
multiplicativo k no instante 16,66
ms
0 – 500 5,08
500 - 1000 2,70
> 1000 * 1,51

Nota (*): Na faixa de corrente ilustrada como (> 1000 A), na realidade analisaram-se 5
alimentadores (total de 6 eventos) em que as correntes nominais resultantes são da ordem de 1050
A.

Igualmente às correntes de inrush em carga quente, para carga fria pode-se afirmar que embora de
maneira não totalmente regular, possivelmente, pelo motivo de uma quantidade de eventos não
muito grande para algumas faixas, nota-se que o fator k decresce à medida que se aumenta a
corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo alimentador.

5.2.2.4 Fator Multiplicativo k Ajustado para o Instante 100 ms (6 ciclos)

Analogamente ao item 4.3.2.1, para o fator multiplicativo k ajustado para o instante 100 ms (6
ciclos), têm-se, na figura 5.3 , a distribuição de pontos obtidos para os 50 eventos analisados das
correntes de inrush em carga fria (e indicação do valor médio resultante):

94
Análise do Fator Multiplicativo (k-100ms)

5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
Eventos

K100 ms
2,50
Kmédio
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
0 10 20 30 40 50
k-100ms

Figura 5.3: Análise do fator multiplicativo k referente ao instante 100 ms (6 ciclos)

Analisando este gráfico obtém-se o valor da média aritmética do fator k como sendo uma variável
aritmética com o valor de 1,26, porém, analogamente ao procedimento para obtenção do fator k em
16,66 ms, o mesmo deve ser calculado como sendo uma variável probabilística, ou seja,
caracterizada como Distribuição Normal [57] e sujeito a uma média e desvio padrão característicos
conforme visto no item 4.3.2.2.

Desta forma, a figura 5.4 ilustra um histograma o qual mostra a distribuição dos valores do fator
multiplicativo k no instante 100ms obtidos através das medições em função do número da
freqüência em que os mesmos ocorreram.

95
Distribuição do fator k-100ms

7,0

6,0
Número de frequências

5,0

4,0
Frequencia
3,0

2,0

1,0

0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Fator k-100ms

Figura 5.4: Histograma da distribuição dos valores do fator multiplicativo k-100ms (carga
fria) em função de freqüências ocorridas

De acordo com a figura 5.4 observa-se que as amostras para o instante 100 ms, a distribuição
aparentemente não é normal, porém igualmente observado na análise para o instante 16,6 ms, para
garantia dos cálculos, de acordo com a referência [56], mesmo para uma distribuição não normal
com a amostra suficientemente grande, resultará, do teorema do limite central, que, no caso de
população infinita a distribuição amostral da média aritmética será aproximadamente normal, pois
o seu valor resultará de uma soma de um número grande de variáveis aleatórias independentes.

5.2.2.5 Fator Multiplicativo k ajustado para o instante 100 ms através de Intervalos de


Confiança

Analogamente ao item 4.3.2.2, deve-se analisar os resultados de acordo com um nível de


confiança em torno da média do fator multiplicativo k de forma tal que este contenha o valor
dentro de um nível de confiança [58], desta forma, somando-se todos os valores obtidos pelos 50
eventos referentes ao instante 100 ms, extraídas das tabelas 5.1 á 5.14 e figura 5.3, obtemos as
informações à seguir:

96
: 1,26 (média aritmética do fator K100 ms obtida no item 4.4.2.4)
: 0,74 (desvio padrão do fator K100 ms)
n: 50 (número de eventos analisados)

Desta forma, substituindo esses valores nas variáveis da expressão 4.6:

±2 1,26 ± 2 . 0,74

Tendo em vista que os resultados obtidos serão posteriormente sugeridos como novos parâmetros
para cálculos das correntes de inrush, para fins práticos será considerado sempre o intervalo
positivo, ou seja:
1,26 + 1,48 = 4,74

Portanto, o resultado probabilístico alcançado entre os 50 eventos foi 2,74, sendo que o valor
máximo alcançado entre os 50 eventos foi 4,47.

5.2.2.6 Fator Multiplicativo (K100 ms) ajustado em Função da Potência Instalada

A partir dos resultados expostos nas tabelas 5.1 á 5.14, na tabela 5.16 são esboçados os valores
probabilísticos em intervalos de confiança, através do mesmo processo apresentado no item
4.3.2.2, do fator k ajustado para o instante 100 ms (1 ciclo) da corrente de inrush em carga fria,
referentes a algumas faixas pré-definidas de corrente nominal do conjunto de transformadores
atendidos.

Tabela 5.16: Fator multiplicativo k (100 ms) em função das faixas de corrente nominal do
conjunto de transformadores atendidos pelos alimentadores
Faixa de corrente nominal (A) Valores sugeridos para o fator
multiplicativo k no instante 100 ms
0 – 500 3,13
500 - 1000 1,54
> 1000 0,48

97
Nota (*): Comentário análogo à análise do fator multiplicativo k para o instante 16,66 ms.

Igualmente aos comentários dos itens anteriores, pode-se concluir que os fatores multiplicativos
normalmente considerados (e utilizados pelo Programa Interprote), majoram ou sobre-
dimensionam os valores e cálculos da corrente de inrush na ordem de uma dezena de quilo-
ampéres, sendo que muitas vezes não há potência de curto-circuito o suficiente para se alcançar
esses valores.

Para correntes de inrush em carga fria obteve-se uma variação significativa do fator k ajustado, em
relação aos instantes de 16,66 ms (na faixa em torno de 0,73 a 6, além de um valor médio
aritmético próximo a 2.32) e 100 ms (na faixa em torno de 0,27 a 4,47, além de um valor médio
aritmético próximo a 1,26), o qual demonstrou uma certa dependência da potência instalada total e
da corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo alimentador, uma vez que o
fator k ajustado é decrescente com estes parâmetros.

Sugere-se como função da corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo


alimentador, os seguintes valores de referência para o fator multiplicativo k, ilustrados na tabela
5.17:

Tabela 5.17: Valores sugeridos para os fatores multiplicativos da corrente nominal visando à
determinação das correntes de inrush em carga fria
Faixa de corrente nominal Valores sugeridos para o Valores sugeridos para o
fator multiplicativo k no fator multiplicativo k no
instante 16,66 ms instante 100 ms
(A)
0 – 500 6,0 3,5
500 - 1000 3,0 2,0
> 1000 2,0 0,5

Comparando os valores das tabelas 4.23 e 5.17, as quais estão esboçadas os resultados finais das
análises dos fatores multiplicativos k para as correntes de inrush em carga quente e carga fria
respectivamente, embora o número de eventos analisados não seja igual entre os casos, observa-se

98
de forma regular, que para a maioria das faixas de corrente nominal dos alimentadores as correntes
de inrush em carga fria tendem a ser maiores do que em carga quente.

A única faixa de corrente nominal em que as correntes de carga quente apresentaram fatores
multiplicativos maiores ou iguais do que em carga fria é para os alimentadores com corrente
nominal acima de 1000 A (mil Ampéres), isto pode ser devido ao número analisado para ambos os
casos ser relativamente baixo (seis eventos).

99
CAPÍTULO 6

ANÁLISE DAS CORRENTES DE INRUSH COM AS POTÊNCIAS


DE CURTO-CIRCUITO

Tendo-se em vista que a potência de curto-circuito também se constitui em um dos parâmetros que
contribuem para a caracterização e magnitude das correntes de inrush em um determinado
alimentador [5], neste trabalho analisou-se a relação deste parâmetro com as amostras (carga
quente e carga fria) das correntes de inrush estudadas, com o intuito de se observar a interação
entre estes dois fenômenos.

Na figura 6.1 estão ilustradas as subestações analisadas neste trabalho com suas respectivas
potências de curto-circuito (Qcc trifásico) nas barras de suprimentos dos alimentadores. Observa-
se que, da esquerda para a direita, estão posicionadas gradativamente (em ordem decrescente) as
subestações com os maiores níveis de curto-circuito:

Qcc3F médio (MVAr) por Subestação

142,6
150 136,6 133,7 131,9 131,5 130,3 129,4 128,0 126,8 126,6 125,5 125,1 124,7 124,3 122,7
120,2 118,9 117,8 113,5
120 108,0

90
60
30
0
MAD

BAI
DIA
MOC

ANC
BEM
BUT
LUB

PIP

CTA

CRA
RGR

BFU

ITR

BAR

JOR
CLE
CPE
TSE

PRE

ETD

Figura 6.1: Relação das potências de curto-circuito (Qcc 3F) das Subestações.

100
Conforme a metodologia de cálculo apresentada no item 4.3.2.1, analisaram-se as 241 (duzentas e
quarenta e uma) amostras de correntes de inrush em carga fria e das 50 (cinqüenta) amostras das
correntes de inrush em carga fria, e determinaram-se os intervalos de confiança dos fatores
multiplicativos k médio por subestação nos instantes de 16,66ms (1 ciclo) e 100ms (6 ciclos).

Nas tabelas 6.1 a 6.4 estão apresentadas, em ordem decrescente, as subestações e seus respectivos
intervalos de confiança médios relativos aos fatores multiplicativos conforme citado no parágrafo
anterior.

Tabela 6.1: Relação das subestações com os intervalos de confiança médio do fator k no
instante 16,66 ms para as correntes de inrush em carga quente

Classificação
Subestação Intervalo (K-16,66ms)
(Qcc3F)
MAD 3,93 4º
ITR 3,23 14º
MOC 3,20 2º
BAR 3,11 16º
BFU 2,44 9º
CRA 2,43 17º
BAI 2,38 8º
BEM 2,15 15º
RGR 2,14 1º
ANC 1,77 18º
CTA 1,72 10º
PRE 1,70 19º
TSE 1,66 13º
BUT 1,66 6º
CPE 1,56 12º
CLE 1,55 11º
LUB 1,50 3º
PIP 1,49 5º
JOR 1,32 20º
DIA 0,93 7º

Observação: Em relação à tabela 5.1, a nomenclatura das colunas indica os seguintes parâmetros.

− Subestação: Sigla da subestação analisada;

101
− Intervalo (K-16,66ms): Intervalo de confiança médio do fator multiplicativo k para o
instante de 16,66 ms;
− Classificação (Qcc3F): Classificação da subestação por ordem de magnitude da potência de
curto-circuito trifásica na barra de suprimento dos alimentados.

Tabela 6.2: Relação das subestações com os intervalos de confiança médio do fator k no
instante 100 ms para as correntes de inrush em carga quente

Classificação
ETD Intervalo (K-100ms)
(Qcc3F)
MAD 1,93 4º
BAR 1,42 16º
MOC 1,18 2º
BEM 1,08 15º
ITR 1,00 14º
BAI 0,95 8º
BFU 0,95 9º
CRA 0,93 17º
LUB 0,89 3º
CPE 0,78 12º
ANC 0,73 18º
CTA 0,73 10º
TSE 0,72 13º
RGR 0,67 1º
BUT 0,63 6º
PIP 0,59 5º
PRE 0,56 19º
CLE 0,53 11º
JOR 0,47 20º
DIA 0,44 7º

102
Tabela 6.3: Relação das subestações com os intervalos de confiança médio do fator k no
instante 16,66 ms para as correntes de inrush em carga fria

Classificação
ETD Intervalo (K-16,66ms)
(Qcc3F)
LUB 4,09 3º
MOC 3,45 2º
TSE 3,35 13º
BEM 3,28 15º
BAR 2,53 16º
BFU 2,21 9º
CPE 2,17 12º
CRA 2,12 17º
RGR 1,68 1º
ITR 1,67 14º
DIA 1,66 7º
PRE 1,52 19º
JOR 1,08 20º
PIP 1,00 5º

Tabela 6.4: Relação das subestações com os intervalos de confiança médio do fator k no
instante 100 ms para as correntes de inrush em carga fria

Classificação
ETD Intervalo (K-100ms) (Qcc3F)
MOC 2,5 2º
EMB 2,09 15º
LUB 1,91 3º
TSE 1,89 13º
BAR 1,52 16º
CPE 1,12 12º
CRA 1,08 17º
ITR 1,08 14º
BFU 0,9 9º
RGR 0,85 1º
DIA 0,78 7º
PRE 0,75 19º
PIP 0,64 5º
JOR 0,43 20º

103
De acordo com as informações das tabelas 6.1 à 6.4, tanto para as correntes de inrush oriundas em
condição de carga fria ou de carga quente, nos instantes 16,66 e 100 ms, observa-se que as
diferenças de magnitude das potências de curto-circuito nas barras de suprimento dos
alimentadores analisados (conforme figura 6.1) não influenciaram nos valores (em magnitude) das
correntes de inrush.

A classificação das subestações (barra de suprimento dos alimentadores) por suas respectivas
potências de curto-circuito não foi similar à classificação dos valores do fator multiplicativo k por
subestação em nenhuma das tabelas apresentadas neste capítulo.

Desta forma, aos níveis estudados não se detectou uma correlação efetiva da potência de curto-
circuito das subestações com as respectivas correntes de inrush medidas. O universo do sistema
elétrico da AES-Eletropaulo (o qual foram extraídas todas as amostras de medições para essa
dissertação) é muito similar em relação às subestações, no que diz respeito às potências de curto-
circuito nas barras de suprimento, bem como as características dos alimentadores (distâncias
relativamente curtas e atendem cargas elevadas e concentradas).

É muito provável que a potência de curto-circuito influencia na caracterização dos valores das
correntes de inrush tratando-se nos pontos de inserção de cada um dos transformadores ao longo
dos alimentadores analisados nesta dissertação.

104
CAPÍTULO 7

CONCLUSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS

Este trabalho contemplou a avaliação dos valores alcançados (magnitude) pelas correntes de inrush
nas saídas dos alimentadores primários de distribuição da AES-ELETROPAULO, onde foram
analisadas 241 (duzentas e quarenta e uma) amostras na condição de carga quente extraídas de 104
(cento e quatro) alimentadores, e 50 (cinqüenta) amostras na condição de carga fria extraídas de 38
(trinta e oito) alimentadores, nos instantes de 16,66 ms e 100 ms.

O sistema de proteção não deve atuar na ocorrência de correntes de inrush (ou mais precisamente,
somente se este parâmetro estiver vinculado a uma falta permanente), que decorrem de transitórios
eletromagnéticos em transformadores nas ações de religamento.

Conforme visto nesta dissertação o cálculo preciso da corrente de inrush é sobremodo complexo
exigindo, ainda, o conhecimento do ciclo de histerese do material magnético do núcleo de cada
transformador. Desta forma, os métodos utilizados consideram algumas simplificações que
permitem estimar a corrente de inrush como função de fatores multiplicativos aplicados sobre a
corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo circuito.

Ainda neste contexto, verificou-se que as técnicas mais modernas atualmente utilizadas buscam
um tratamento da corrente de inrush calculado não na avaliação de sua magnitude, mas de suas
características qualitativas.

As análises descritas nesta dissertação referente à corrente de inrush fundamentaram-se na


comparação dos dados provindos de medição com os resultados de cálculo segundo o modelo
tradicional (aplicação de fatores multiplicativos), onde se conclui que o modelo tradicional
apresenta uma clara majoração a qual sobredimensionam as correntes resultantes. Desta forma,
este trabalho viabilizou a sugestão de valores (ou faixa de valores) mais adequados e que tendem a
garantir uma aproximação mais consistente com as medições.

105
Comparando os valores (magnitude) dos resultados finais das análises dos fatores multiplicativos k
para as correntes de inrush nas condições de carga quente e carga fria, embora o número de
eventos analisados seja distinto entre os casos, observou-se que em linhas gerais, as correntes de
inrush na condição de carga fria tendem a ser maior ou igual do que em carga quente na maioria
dos casos analisados.

Tanto para as correntes de inrush na condição de carga quente como na condição de carga fria, nos
dois instantes analisados (16,66 ms e 100 ms), ambas demonstraram uma certa dependência da
potência instalada total e da corrente nominal do conjunto de transformadores atendidos pelo
alimentador, uma vez que o fator k ajustado é decrescente com estes parâmetros.

Concluiu-se também que tanto para as correntes de inrush na condição de carga fria quanto na
condição de carga quente, nos instantes 16,66 e 100 ms, as diferenças de magnitude das potências
de curto-circuito nas barras de suprimento dos alimentadores analisados não influenciaram nos
valores (em magnitude) das correntes de inrush analisadas nesta dissertação.

7.1 Propostas para Novas Pesquisas

Durante as análises desta dissertação foi observado que um tópico que merece ser pesquisado em
um maior nível de detalhe, refere-se à estimativa das correntes de inrush em relação ao neutro dos
alimentadores, pois é relevante ao sistema elétrico de distribuição de energia.

Da mesma forma em que foram analisadas as correntes de inrush nas fases dos alimentadores
primários nesta dissertação, devem ser analisadas as correntes de inrush no neutro nas saídas dos
alimentadores, tanto em carga quente como em carga fria.

Este tópico é relevante para os sistemas de distribuição em que utilizam transformadores


monofásicos ao longo dos alimentadores, pois estes geram correntes de desequilíbrio e desta forma
influenciam nos ajustes dos dispositivos de proteção. Os valores (em magnitude) das correntes de
inrush do neutro tendem a intensificar conforme o aumento da corrente de desequilíbrio no neutro.
106
Um outro tópico que também poderia ser estudado com maiores detalhes é a influência das
potências de curto-circuito em relação às magnitudes das correntes de inrush em variadas
configurações de sistemas de distribuição de energia elétrica, como por exemplo, em
alimentadores longos supridos por subestações com baixa potência de curto-circuito.

107
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58- Montenegro, Eduardo J. S. – Estatística programada passo à passo – volume 5.


Centrais Impressoras Brasileiras Ltda, 1980.

114
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

GUSTAVO VIANNA RAFFO

PROJETO DE DIPLOMAÇÃO

ANÁLISE DA CORRENTE DE INRUSH EM


TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Porto Alegre
(2010)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ANÁLISE DA CORRENTE DE INRUSH EM


TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Projeto de Diplomação apresentado ao


Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos
requisitos para Graduação em Engenharia Elétrica.

ORIENTADOR: (Prof. Dr. Luiz Tiarajú dos Reis Loureiro)

Porto Alegre
(2010)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

GUSTAVO VIANNA RAFFO

ANÁLISE DA CORRENTE DE INRUSH EM


TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Este projeto foi julgado adequado para fazer jus aos


créditos da Disciplina de “Projeto de Diplomação”, do
Departamento de Engenharia Elétrica e aprovado em
sua forma final pelo Orientador e pela Banca
Examinadora.

Orientador: ____________________________________
Prof. Dr. Luiz Tiarajú dos Reis Loureiro, UFRGS
Formação Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto
Alegre, Brasil

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Luiz Tiarajú dos Reis Loureiro, UFRGS

Dr. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, Brasil

Eng. Ito Capinos, Alstom Grid

Prof. Dr. Roberto Petry Homrich, UFRGS


Doutor pela Universidade de Campinas – Campinas, Brasil

Porto Alegre, (Dezembro 2010).


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, em especial pela dedicação e apoio em todos os

momentos difíceis. Por terem se esforçado para me dar a melhor criação possível e uma

educação de qualidade. Aos meus dois irmãos e duas irmãs por terem sempre estado presente,

nos bons e nos maus momentos, me apoiando e me servindo como exemplo de pessoas e

profissionais.

Por fim, mas não menos importante, eu quero dedicar não somente este trabalho, mas

também a minha formação de engenheiro eletricista, ao meu avô. Infelizmente ele não está

mais presente entre nós, mas segue no meu coração e nos meus pensamentos, me dando força

para enfrentar as dificuldades da vida. Ele me serviu como exemplo de ser humano amoroso,

alegre, honrado, corajoso, enfim, um ídolo para mim.


AGRADECIMENTOS

Aos meus pais agradeço pelo amor, dedicação, carinho, afeto, paciência, e por todo o

esforço para criar não somente a mim, mas também todos os meus irmãos e irmãs, que hoje

são profissionais formados e com um futuro brilhante pela frente graças a essas duas pessoas

maravilhosas que nos trouxeram ao mundo. Pai e mãe, muito obrigado!

À minha família e amigos por todas as palavras de apoio, momentos de descontração

durante o curso.

Aos colegas pelo auxílio nas tarefas desenvolvidas durante o curso e pelas muitas

horas de estudo juntos que nos possibilitou concluir mais esta etapa de nossas vidas e também

ao Mestre em Engenharia Mario Oliveira pelo auxílio nas simulações no softwar e ATP e

orientação na análise e interpretação dos resultados.

À empresa Alstom, por me proporcionar um grande aprendizado e desenvolvimento

profissional durante o período em que estagiei lá, agradeço em especial ao especialista em

cálculo elétrico de transformadores, Renato Volpato e ao Engenheiro Eletricista Alexander

Guilherme Tesche pelo conhecimento transmitido durante o estágio.

À Universidade, a alguns professores que se dedicam ao ensino de fato, como o

professor Doutor Luiz Tiarajú Loureiro dos Reis, que me orientou neste trabalho de forma

única, instigando meus conhecimentos de futuro engenheiro e compartilhando o seu vasto

conhecimento na área e aos funcionários do DELET, que fizeram parte desta fase da minha

vida.

À minha namorada, que me deu força para desenvolver este trabalho, abdicando

muitas vezes de estar comigo para que eu pudesse enfim concluir mais esta etapa da minha

vida.
RESUMO

Os fenômenos transientes em transformadores de potência são aspectos importantes a

ser analisados, a corrente de inrush é um destes fenômenos. Este trabalho desenvolve uma

comparação entre a corrente de inrush e a corrente de curto circuito, utilizando o mesmo

parâmetro para ambas. Esta comparação é pertinente devido às duas correntes apresentarem

amplitudes de pico semelhantes.

É utilizado um circuito simplificado para o ensaio da corrente de inrush no software

ATP. Nestas simulações o parâmetro que relaciona a reatância de dispersão de enrolamento

com a resistência de enrolamento do transformador é variado e observa-se a

representatividade da componente harmônica de segunda ordem em relação à de primeira

ordem da corrente de inrush. Os resultados obtidos mostram que o critério da

representatividade da segunda harmônica em relação à primeira pode ser utilizado na

discriminação da ocorrência de uma energização de um transformador ou de um curto circuito

no enrolamento do transformador.

Palavras-chaves: Engenharia Elétrica. Transformador de Potência. Corrente de Inrush.

2ª Harmônica, ATP.
ABSTRACT

The transient phenomena in power transformers are important aspects to be analyzed,

the inrush current is one of them. This paper develops a comparison between inrush current

and fault current, using the same parameter for both. This comparison is relevant because of

the two currents present similar peak amplitude.

It uses a simplified circuit for inrush current testing on the software ATP. In these

tests, the parameter that relates the winding leakage reactance to the winding resistance of the

power transformer is varied, the representativeness of the second harmonic component to the

first harmonic component of the inrush current is observed. The results show that the criterion

of representativeness of the second harmonic compared to the first can be used to discriminate

the energization of a transformer or a short circuit in transformer winding.

Keywords: Electrical Engineering. Power Transformer. Inrush Current. 2nd Harmonic,

ATP.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

2 A CORRENTE DE INRUSH .............................................................................................. 14


2.1 O Fenômeno .............................................................................................................. 14
2.2 Características básicas .............................................................................................. 16
2.3 Descrição física do fenômeno ................................................................................... 18
2.4 Harmônicas da corrente de inrush .......................................................................... 22
2.5 Harmônicas da corrente de curto circuito .............................................................. 26

3 CONDIÇÕES INICIAIS NO FENÔMENO DE INRUSH .............................................. 32


3.1 Condições de manobra no surgime nto do fenôme no de inrush ............................ 33
3.1.1 Chaveamento com tensão nula e sem magnetismo residual ..................... 33
3.1.2 Chaveamento com tensão nula e com máximo magnetismo residual de
polaridade oposta ao fluxo magnético sob condições de tensão normais .......... 35
3.1.3 Chaveamento com tensão nula e com máximo magnetismo residual de
mesma polaridade que o fluxo magnético sob condições de tensão normais .... 36
3.1.4 Chaveamento com tensão máxima e sem magnetismo residual .............. 38
3.1.5 Chaveamento com tensão máxima e com máximo magnetismo residual de
polaridade oposta ao fluxo magnético sob condições de tensão normais .......... 38
3.1.6 Chaveamento com tensão máxima e com máximo magnetismo residual de
mesma polaridade que o fluxo magnético sob condições de tensão normais .... 39
3.2 Métodos para a redução da corrente de inrush ..................................................... 40

4 SIMULAÇÕES E RESULTADOS..................................................................................... 43
4.1 Metodologia de análise .............................................................................................. 43
4.2 Simulações .................................................................................................................. 46
4.3 Resultados................................................................................................................... 54
4.3.1 Resultados obtidos para relação x/r igual a 10 ........................................... 55

5 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 58
5.1 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ................................................... 60

6 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 61

ANEXO A ................................................................................................................................ 64
A.1 Resultados obtidos para relação x/r igual a 15 ...................................................... 64
A.2 Resultados obtidos para relação x/r igual a 20 ..................................................... 66
A.3 Resultados obtidos para relação x/r igual a 25 ...................................................... 67
A.4 Resultados obtidos para relação x/r igual a 30 ...................................................... 69
A.5 Resultados obtidos para relação x/r igual a 35 ...................................................... 71
A.6 Resultados obtidos para relação x/r igual a 40 ...................................................... 73
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 CURVA DE HISTERESE NA RELAÇÃO B-H EM MATERIAIS


FERROMAGNÉTICOS ........................................................................................................ 15
FIGURA 2 CHAVEAMENTO COM INDUÇÃO REMANENTE IGUAL À BP ............. 19
FIGURA 3 DISTORÇÃO DA CORRENTE DE EXCITAÇÃO DEVIDO A
SATURAÇÃO ......................................................................................................................... 21
FIGURA 4 CORRENTE DE INRUSH EM REALAÇÃO AO TEMPO
(NORMALIZADA) PARA X=-0,5 ........................................................................................ 23
FIGURA 5 CIRCUITO RL PARA MODELAGEM DO TRANSFORMADOR. ............ 26
FIGURA 6 GRÁFICO DA CORRENTE DE FALTA NO DOMÍNIO DO TEMPO. ..... 30

FIGURA 7 COMPORTAMENTO DA INDUÇÃO MAGNÉTICA NO MOMENTO DO


CHAVEAMENTO COM TENSÃO NULA E SEM MAGNETISMO RESIDUAL......... 34
FIGURA 8 COMPORTAMENTO DA CORRENTE A VAZIO EM RELAÇÃO À
INDUÇÃO MAGNÉTICA. .................................................................................................... 34
FIGURA 9 FORMA DE ONDA DA CORRENTE DE INRUSH....................................... 35
FIGURA 10 COMPORTAMENTO DA INDUÇÃO MAGNÉTICA NO MOMENTO DO
CHAVEAMENTO COM TENSÃO NULA E MAGNETISMO RESIDUAL COM
POLARIDADE OPOSTA AO FLUXO MAGNÉTICO . ................................................... 36
FIGURA 11 COMPORTAMENTO DA INDUÇÃO MAGNÉTICA NO MOMENTO DO
CHAVEAMENTO . ................................................................................................................ 37
FIGURA 12 COMPORTAMENTO DA INDUÇÃO MAGNÉTICA NO MOMENTO DO
CHAVEAMENTO PARA A CONDIÇÃO BR =BN E COM MESMA POLARIDADE.. . 37
FIGURA 13 COMPORTAMENTO DA INDUÇÃO MAGNÉTICA NO MOMENTO DO
CHAVEAMENTO COM TENSÃO MÁXIMA E COM MÁXIMO MAGNETISMO
RESIDUAL COM POLARIDADE OPOSTA AO FLUXO MAGNÉTICO ..................... 39
FIGURA 14 COMPORTAMENTO DA INDUÇÃO MAGNÉTICA NO MOMENTO DO
CHAVEAMENTO COM TENSÃO MÁXIMA E COM MÁXIMO MAGNETISMO
RESIDUAL DE MESMA POLARIDADE QUE O FLUXO MAGNÉTICO....................40
FIGURA 15 CORRENTE DE INRUSH AO ENERGIZAR UM TRANSFORMADOR
DE 20KVA SEM O BANCO DE RESISTORES EM SÉRIE ............................................ 40
FIGURA 16 CORRENTE DE INRUSH AO ENERGIZAR UM TRANSFORMADOR
DE 20 KVA COM O BANCO DE RESISTORES EM SÉRIE .......................................... 41

FIGURA 17 CURVA DE SATURAÇÃO DO TRANSFORMADOR I X V....................... 48


FIGURA 18 CIRCUITO DE ENSAIO DA CORRENTE DE INRUSH ............................ 50
FIGURA 19 ESQUEMA DE LIGAÇÃO DOS ENROLAMENTOS PRIMÁRIO E
SECUNDÁRIO ....................................................................................................................... 51
FIGURA 20 DADOS DE ENTRADA DO MODELO DO GERADOR NO ATP ............ 52
FIGURA 21 DADOS DE ENTRADA DO MODELO DA CHAVE SECCIONADORA
NO ATP ................................................................................................................................... 52
FIGURA 22 DADOS DE ENTRADA DO MODELO DO TRANSFORMADOR
MONOFÁSICO NO ATP ...................................................................................................... 53
FIGURA 23 DADOS DE ENTRADA DA CURVA DE SATURAÇÃO DO
TRANSFORMADOR............................................................................................................. 53
FIGURA 24 CURVA DE SATURAÇÃO DO MODELO DO TRANSFORMADOR ..... 54
FIGURA 25 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=10......... 55
FIGURA 26 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA
X=10 ......................................................................................................................................... 55
FIGURA 27 CORRENTE DE INRUSH DAS FASES A, B E C PARA X/R=10 .............. 56
FIGURA 28 AMPLITUDES DAS HARMÔNICAS DA CORRENTE DE INRUSH
PARA X/R=10 ......................................................................................................................... 56

FIGURA 29 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=15......... 64


FIGURA 30 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA
X=15 ......................................................................................................................................... 65
FIGURA 31 AMPLITUDES DAS HARMÔNICAS DA CORRENTE DE INRUSH
PARA X/R=15 ......................................................................................................................... 65
FIGURA 32 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=20......... 66
FIGURA 33 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA
X=20 ......................................................................................................................................... 66
FIGURA 34 AMPLITUDES DAS HARMÔNICAS DA CORRENTE DE INRUSH
PARA X/R=20 ......................................................................................................................... 67
FIGURA 35 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=25......... 68
FIGURA 36 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA
X=25 ......................................................................................................................................... 68
FIGURA 37 AMPLITUDES DAS HARMÔNICAS DA CORRENTE DE INRUSH
PARA X/R=25 ......................................................................................................................... 69
FIGURA 38 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=30......... 69
FIGURA 39 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA
X=30 ......................................................................................................................................... 70
FIGURA 40 AMPLITUDES DAS HARMÔNICAS DA CORRENTE DE INRUSH
PARA X/R=30 ......................................................................................................................... 70
FIGURA 41 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=35......... 71
FIGURA 42 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA
X=35 ......................................................................................................................................... 72
FIGURA 43 AMPLITUDES DAS HARMÔNICAS DA CORRENTE DE INRUSH
PARA X/R=35 ......................................................................................................................... 72
FIGURA 44 CURVA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA X/R=40......... 73
FIGURA 45 FORMA DA ONDA DA CORRENTE DE INRUSH DA FASE A PARA
X=40 ......................................................................................................................................... 73
FIGURA 46 AMPLITUDES DAS HARMÔNICAS DA CORRENTE DE INRUSH
PARA X/R=40 ......................................................................................................................... 74
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 RELAÇÃO DA SEGUNDA COM A PRIMEIRA HARMÔNICA DA


CORRENTE DE INRUSH..................................................................................................... 25
TABELA 2 COMPARAÇÃO DO FATOR K ATRAVÉS DO MÉTODO EXATO E DO
MÉTODO PARAMETRIZADO ........................................................................................... 29
TABELA 3 TAXA DA AMPLITUDE DA SEGUNDA HARMÔNICA PARA A
FUNDAMENTAL DA CORRENTE DE CURTO CIRCUITO PARA DIVERSOS
VALORES DE  E V. ............................................................................................................ 31

QUADRO 1 VALORES DA REATÂNCIA DE DISPERSÃO EM FUNÇÃO DO


PARÂMETRO X/R ................................................................................................................ 47
QUADRO 2 CARACTERÍSTICAS DO MODELO DO TRANSFORMADOR DE
POTÊNCIA MONOFÁSICO ................................................................................................ 47
QUADRO 3 CARACTERÍSTICAS DO GERADOR DE TENSÃO TRIFÁSICO .......... 49
QUADRO 4 CARACTERÍSTICAS DA CHAVE SECCIONADORA TRIFÁSICA....... 50
QUADRO 5 RESULTADOS DAS COMPONENTES HARMÔNICAS DE PRIMEIRA
E DE SEGUNDA ORDEM OBTIDOS PARA VALORES DA RELAÇÃO X/R ENTRE
10 E 40 PARA A CORRENTE DE INRUSH ....................................................................... 57
LISTA DE ABREVIATURAS

ATP: Alternative Transient Program

FEM: Força Eletro Motriz

IEC: International Electrotechnical Comission

UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul


12

1 INTRODUÇÃO

Um sistema elétrico de potência tem como objetivo gerar, transmitir e distribuir

energia elétrica de qualidade para seus consumidores. Os transformadores de potência fazem

parte da transmissão e distribuição da energia gerada. A fim de transmitir e distribuir uma

energia de qualidade, diversos aspectos do transformador de potência devem ser analisados no

momento do projeto e execução do mesmo.

Os fenômenos que ocorrem no período transiente em transformadores de potência

provavelmente forneceram, aos projetistas e pesquisadores deste tipo de máquina elétrica, os

maiores desafios em suas pesquisas e estimularam a evolução dos métodos hoje existentes

para análise destes fenômenos. A grande dificuldade estava em reproduzir, em laboratório ou

sala de testes, as condições idênticas àquelas que ocorriam na prática.

A inserção de uma nova unidade transformadora de potência no sistema elétrico,

bem como o desligamento e religamento deste na rede elétrica ocasiona um fenômeno

transiente chamado de inrush. Este fenômeno causa alguns transtornos para os

operadores do sistema elétrico e também para as máquinas deste sistema. O efeito que

este trabalho irá analisar é a chamada corrente de inrush.

O fenômeno da corrente de inrush em transformadores de potência é resultado da

energização da máquina, ou seja, quando um transformador entra em operação ele precisa ser

magnetizado, o que por sua vez, resulta em uma corrente de magnetização de grande

amplitude e forma de onda distorcida, conhecida como a corrente de inrush.

Como a corrente de inrush tem, em muitos casos, mesma magnitude que a corrente de

curto circuito do transformador, este trabalho visa analisar um critério que diferencie estas

duas correntes. Este critério é desenvolvido neste trabalho com base na bibliografia existente,
13

a fim de caracterizar através do mesmo parâmetro para as duas correntes as diferenças

encontradas entre estas.


14

2 A CORRENTE DE INRUSH

2.1 O FENÔMENO

Ao desconectar um transformador de potência da fonte de energia, ocorre uma

interrupção da corrente circulante na máquina e a intensidade de campo magnético, bem como

a força magnetomotriz de excitação do núcleo vai à zero.

O núcleo é feito de um material ferromagnético, que apresenta o fenômeno da

histerese, que se caracteriza por uma relação não linear entre a intensidade de campo

magnético e a indução magnética, representada na figura 1 [1]. Quando o transformador é

desenergizado, dependendo do valor de excitação, haverá um resíduo de indução magnética

no núcleo, que convencionalmente é chamado de indução remane nte. Esta indução remanente

pode representar 50 a 90% da indução máxima de operação da máquina, dependendo do tipo

de aço-silício empregado [3].


15

Figura 1 Curva de histerese na relação B-H em materiais ferromagnéticos

Portanto, ao re-energizar a máquina, pode haver um fluxo remanente de valor

desconhecido. Dessa forma, dependendo do valor de indução remanente que haja no núcleo e

do valor da tensão no instante em que o chaveamento ocorre, será necessário um aumento

acima do valor de pico da densidade de fluxo magnético no núcleo para que o transformador

consiga apresentar suas características de tensão e corrente nominais.

Este aumento na indução magnética no núcleo do transformador pode chegar a no

máximo três vezes o valor da indução magnética de pico no pior caso, o que de qualquer

forma gera uma corrente de inrush com amplitude maior que a da corrente nominal.

Deve-se mencionar que esta corrente de inrush de grande magnitude não era comum

nos primeiros projetos de transformadores desenvolvidos, visto que a densidade de fluxo


16

magnético aplicada antigamente era aproximadamente 50 a 75% do valor atualmente

empregado. Entretanto, com o desenvolvimento e evolução do material que compõe o núcleo

(aço-silício e isolantes), as perdas foram reduzidas possibilitando o aumento da indução

aplicada ao núcleo. Este aumento gerou consequentemente um aumento na corrente de inrush,

dando grande expressão ao fenômeno antes despercebido.

2.2 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

A corrente de inrush, descrita no item 2.1, pode apresentar uma amplitude de 8 a 10

vezes o valor da corrente nominal do transformador de acordo com a referência [7]. Porém,

outros autores caracterizam esta relação de uma forma mais detalhista, como, por exemplo

[3], que afirma que a corrente de inrush é de aproximadamente 25 vezes a corrente nominal

em 0,01s e aproximadamente 12 vezes a corrente nominal em 0,1s.

Esta corrente de inrush transiente é necessária para estabelecer o campo magnético do

transformador, porém este fenômeno gera muitos efeitos indesejados, já que a amplitude da

corrente de inrush está na faixa da amplitude da corrente de curto circuito. Este fenômeno

pode causar diversos danos à máquina, como, estresse dinâmico nas bobinas do

transformador, falha da operação da proteção diferencial do transformador, deterioração do

isolamento, da estrutura de suporte mecânico dos enrolamentos e redução na qualidade da

energia do sistema.

A duração, amplitude e forma de onda da corrente de “inrush” dependem de alguns

parâmetros do transformador e do próprio sistema de potência. A seguir, apresentam-se os

parâmetros referentes aos transformadores:

 Potência nominal do transformador;


17

 Material usado para fabricar o núcleo do transformador;

 Fluxo residual existente no núcleo magnético antes do chaveamento do

transformador;

 Fluxo transiente produzido pela integral da fonte de tensão alternada.

Podem-se citar algumas características importantes da corrente de inrush, como por

exemplo:

 Geralmente contém uma componente DC de “offset”, harmônicos ímpares e

pares de corrente;

 A constante de decaimento geralmente é muito maior que a constante de

decaimento da corrente de falta;

 A componente de segunda harmônica aumenta quanto maior for o decaimento

da corrente de inrush.

Inicialmente, tinha-se como parâmetro mínimo para a componente de segunda

harmônica um valor de aproximadamente 17% da fundamental. No entanto, percebeu-se que

ao energizar transformadores com tensões reduzidas, a corrente gerada na energização dos

transformadores continha um percentual inferior de segunda harmônica, em torno de 10% em

relação fundamental [3].

2.3 DESCRIÇÃO FÍSICA DO FENÔMENO

Quando o transformador é re-energizado por uma fonte de tensão, a variação de fluxo

deve obedecer a Lei de Faraday,

d
V  N (1)
dt
18

d
Onde V é a tensão aplicada, N é o número de espiras e é a variação do fluxo
dt

magnético.

Sendo assim, o fluxo segue a forma de onda da tensão aplicada,

   p sen ( wt   ) (2)

Onde  é o fluxo magnético,  p é o valor de pico do fluxo magnético, w é igual a

2  f, sendo f a freqüência da rede e  é o ângulo de fase da senoide. Define-se o fluxo

magnético pela seguinte expressão,

   BdA (3)

Onde B é a densidade de fluxo magnético e A é a área da seção transversal por onde

passa o fluxo magnético. Assume-se que a densidade de fluxo magnético é uniforme no

núcleo, visto que a área da seção transversal do mesmo é constante, dessa forma,

  BAc (4)

Onde Ac é a área da seção transversal do núcleo. Então, pode-se chegar à expressão para o

pico de fluxo magnético substituindo na expressão (4), B por B p , finalmente obtêm-se,

 p  B p Ac (5)

Onde B p é o valor de pico da indução magnética. Agora, pode-se definir a expressão

para a tensão V como,

V   NwB p Ac cos(wt   ) (6)

E para definir a tensão de pico, utiliza-se o valor máximo para todos os termos integrantes da

expressão (6), logo,

V  NwB p Ac  N 2fB p Ac (7)


19

Analisando a expressão acima, pode-se afirmar que a indução magnética, para manter

a variação de tensão, deverá oscilar entre valores de ± B p por um ciclo. No pior caso, quando a

indução remanente for de aproximadamente B p e a fonte de tensão for ligada requerendo,

para a tensão no chaveamento, um valor de indução equivalente a - B p , será necessária uma

indução magnética de 2 B p para atingir o valor de tensão de chaveamento, conforme mostra a

figura 2.

Figura 2 Chaveamento com indução remanente igual a B p

Agora para a tensão atingir um valor de operação que corresponda à indução de + B p ,

a indução magnética irá somar mais uma parcela de indução de pico, portanto terá ao final do

ciclo triplicado seu valor para conseguir colocar a máquina em operação sob as condições

acima apresentadas.
20

Sabe-se que em transformadores de potência, o valor de B p está em torno de 10 a 20%

abaixo da saturação, então no caso, o núcleo será fortemente saturado e por isso precisará de

uma alta corrente de excitação. Esta é a corrente de inrush citada anteriormente.

Denominando-se a indução magnética remanente no núcleo como Br , que sem perda de

generalidade, assume-se como sendo positiva. Dessa forma, pode-se dizer que o fluxo

magnético é dado por,

 r  Br Ac (8)

Onde  r é o fluxo magnético remanente proveniente da indução magnética remanente.

 é a variação de fluxo magnético necessária para trazer a tensão do seu valor

inicial ao seu valor máximo. Considera-se que uma parte de  será para levar o núcleo até

a saturação e outra será o chamado fluxo incremental, a primeira parcela é dada por

aproximadamente,

( Bs  Br ) Ac (9)

Onde Bs é o valor da indução magnética de saturação do núcleo. Se a variação de

fluxo magnético for aumentada, será necessária uma alta corrente de excitação. Como na

região de saturação o núcleo, óleo e/ou ar tem a mesma permeabilidade, a densidade de fluxo

incremental será a mesma através do interior da bobina. Calcula-se a área transversal da

bobina pelo raio médio Rm , tem-se A  Rm , assim a densidade de fluxo incremental é dada
2

por,


Binc   ( Bs  Br ) (10)
A

O campo magnético incremental no interior da bobina é dado pela equação,

Binc  0 Hinc  0 H (11)


21

Esta aproximação é possível visto que o campo necessário para atingir a saturação é

muito pequeno em relação ao campo magnético total. Assim sabe-se que,

H  NI / h (12)

Onde h é a altura da bobina, pode-se escrever,

h
NI  [  ( Bs  Br ) Ac ] (13)
0 A

Enquanto a tensão é senoidal, a corrente assume uma forma muito distorcida devido,

principalmente, aos efeitos da saturação. Porém alguma distorção pode ser percebida mesmo

antes da saturação ser atingida proveniente de características não lineares da curva B-H. Estas

situações podem ser vistas na figura 3 [1].

Figura 3 Distorção da corrente de excitação devido à saturação


22

2.4 HARMÔNICAS DA CORRENTE DE INRUSH

Como a corrente de inrush pode ser tão grande quanto à corrente de curto circuito, é

de suma importância que algumas características de ambas sejam levantadas para que seja

possível discriminá-las. O propósito de saber distinguir uma da outra é para que não ocorram

falsos alarmes, ou ainda pior, o sistema de proteção não identifique corretamente que um

curto circuito ocorreu e não desarme a máquina.

Apesar do fato que existem diferentes tipos de harmônicas, deve-se prestar muita

atenção na segunda harmônica. Esta componente de frequência está presente em pequenos

valores nas correntes de falta, então pode ser usada como teste se a condição de falta é

verdadeira ou se é apenas uma condição de magnetização. Com os sistemas de potência

tornando-se cada dia maiores e mais complexos em ambos os lados, capacidade e tensão,

unidos ao grande uso de cabos não aterrados, tem-se uma geração de uma quantia

considerável, porém muito inferior que na corrente de inrush, de segunda harmônica de

corrente no evento da falta. O conteúdo desta segunda harmônica pode ser comparado ao

produzido na corrente de inrush.

Para evitar isto, faz-se uma análise dos dois tipos de corrente em relação no domínio

do tempo. Usando a expressão (2), pode-se escrever,

   p sen ( wt   )   p sen   B p Ac [ sen ( wt   )  sen  ] (14)

substituindo a expressão (11) na expressão (10) tem-se,

hAc
I (t )  [ B sen ( wt   )  ( Bs  B p sen   Br )] (15)
0 NA p

A equação (15) é válida para I(t) positivo e é aproximadamente zero para valores negativos

das induções no lado direito da expressão. Assim I(t) permanecerá positivo por um ciclo de

valores de wt entre,
23

wt1  sen 1 X   , wt2    sen 1 X  

B  B p sen  Br
Onde, X s (16)
฀ Bp

tem-se assim o intervalo wt2  wt1    2sen 1 X , no qual I(t) será positivo. Agora realizando

um deslocamento no tempo, onde a origem estará em t 1, a expressão (15) ficará,


฀
 , 0  wt    2sen X
1
 I p [ sen ( wt  sen X )  X ]
 1

I (t )    (17)
   2sen X  wt  2
1

0 

hAc B p
onde I p  . Os valores máximos e mínimos de X ocorrerão quando sen=1.
0 NA

 
Bs  Bp sen ( )  Br Bs  B p sen ( )  Br
X min  2 X max  2 (18)
Bp Bp

( Bs  Br ) ( Bs  Br )
X min  1  X max  1  (19)
Bp Bp

Então, X não pode ser menor que -1, já que a indução de saturação será sempre maior que a

indução remanente. Se X for maior que 1, isso significa que não há corrente de inrush

significativa. A figura 4 [1] mostra a corrente de inrush em relação ao tempo para X=-0,5.

Figura 4 Corrente de inrush em relação ao tempo (normalizada) para X=-0,5


24

Como o interesse é encontrar uma relação da segunda harmônica da corrente de inrush

e da corrente de curto circuito com a componente fundamental, aplica-se a série de Fourier

para analisar o conteúdo harmônico destas correntes. Para facilitar, reescreve-se a expressão

(17) como,


I [ 1  X 2 sen ( wt )  X cos wt  X ]
 0  wt    2sen 1 X
I (t )   max  , (20)

0 
   2sen 1 X  wt  2

Agora sim, pode-se expandir I(t) na série de Fourier e obter os seguintes coeficientes,

2
1
a0 
2  I (wt )d (wt )
0

2
1
an 
  I (wt ) cos(nwt)d (wt )
0
(21)

2
1
bn 
  I (wt )sen (nwt)d (wt )
0

Desenvolvendo as expressões acima, utilizando a equação (15) no intervalo pertinente, chega-

se aos seguintes coeficientes para as primeiras componentes harmônicas, assumindo

    2sen 1 X ,

a0

1
I p 2
 1 X 2
(1 cos )  Xsen  X 
b1 1  sen 2  sen 2 
  1 X 2  X(  )  Xsen  (22)
฀ Ip   2 2 4 

a2 1   cos  1 1  cos 3   sen sen3  sen 2 


  1 X 2     X   X 
Ip    2 6   2 6  2 

b2 1   sen sen3  1  cos 1  cos 3  X 


  1 X 2     X    (1  cos 2 )
Ip    2 6   2 6  2 

Dessa forma, é possível relacionar a amplitude da segunda harmônica (|I 2|) com a amplitude

da primeira (|I 1), apresentada na equação (23) a seguir,


25

a b
2 2
| I2 |
 2 2 22 (23)
| I1 | a1  b1

Uma tabela para esta relação foi retirada de [1], que apresenta a taxa da segunda

harmônica em relação a primeira฀da corrente de inrush para diversos valores do parâmetro X.

Tabela 1 Relação da segunda com a primeira harmônica da corrente de inrush

A partir destes dados, determina-se o valor mínimo de X praticado na fabricação de

transformadores de potência. Assume-se como padrão os seguintes valores,

Bs  2T
B p  0,85 Bs  1,7T (24)
Br  0,9 B p  1,53T

Substituindo estes valores em (16), obtêm-se um valor mínimo de X=-0,72. Olhando a tabela

1 observa-se que o valor correspondente será de aproximadamente 0,085, ou seja, maior que

8%. Esta é a representatividade mínima da segunda harmônica da corrente de inrush em

relação à componente fundamental.


26

2.5 HARMÔNICAS DA CORRENTE DE CURTO CIRCUITO

Por motivos de comparação, examina-se a dependência com o tempo da corrente de

falta. Deve-se ignorar a corrente de carga no momento da falta e assume-se que o

transformador é repentinamente aterrado em t=0. Pode-se modelar basicamente o

transformador como um circuito RL série, com uma fonte de tensão alternada na entrada.

Neste caso, R será a resistência e L a indutância de dispersão do transformador.

Figura 5 Circuito RL para modelagem do transformador [1]

A fonte de tensão da entrada é dada por,

V  Vp sen ( wt   ) (25)

onde  é o ângulo de fase. O equacionamento do circuito RL série é dado por,

 dI 
RI  L  t0
V p sen ( wt   )   dt  , (26)
0  t0

Para resolver a equação (26) de uma maneira simples utiliza-se a transformada de Laplace,

não cabe aqui deter-se na resolução pelo método da transformada de Laplace, visto que este

não é o escopo do trabalho, mas a solução é dada por [5],


27

Vp ( ssen   w cos )
I ( s)  (27)
( R  Ls)( s 2  w2 )

Porém, como o interesse é estudar as características da corrente de curto circuito no

domínio do tempo, faz-se a transformada inversa da equação (27),

Vp  R
 t 
I (t )   sen (    ) e L
 sen ( wt     ) (28)
R 1  ( )2  
wL
R

wL
onde   tan 1 ( )
R

Da equação (28) é possível obter a expressão da corrente de pico em regime permanente,

Vp
I pcc  (29)
wL
R 1  ( )2
R

Agora para facilitar a representação e manipulação matemática de (28), realiza-se a seguinte

substituição de variáveis,

L
  t v (30)
R

Pode-se então reescrever a equação da corrente de curto circuito como,


  
I (t )  I pcc  sen (    )e v  sen (     ) , ou
 


  
I (t )  I pcc  sen (    )(e v  cos )  cos(   ) sen   (31)
 

Onde   tan 1 (v)

Para encontrar o maior valor de (31) para um dado ângulo , deriva-se a corrente em

relação à  e iguala-se esta a zero. Já para determinar o valor de  que causa a maior corrente

de falta, calcula-se a derivada da corrente em relação ao ângulo  e também iguala-se a


28

mesma à zero. As expressões que demonstram estes momentos de máximo são apresentadas

abaixo,


  
I e v 
 sen (    )  sen    cos(   ) cos  0 (32)
  v 
 


I   
 cos(   ) e v  cos   sen (    ) sen   0 (33)
  

Ao resolver as equações, chega-se às seguintes relações,

tan(    )  v  tan  (34)



e v  vsen   cos  0 (35)

Fica claro então pela equação (34) que o valor do ângulo  que gera a maior amplitude

da corrente de curto circuito é igual a zero. Também se pode concluir que o momento em que

este máximo ocorre é obtido pela solução da equação (35), para >0. A partir destas

conclusões, substituem-se as equações (34) e (35) em (31) e chega-se a,

I max
 1 v 2 sen (36)
I pcc

Este é o fator de assimetria do valor de pico da corrente de falta em regime permanente,

com o parâmetro  determinado através da expressão (35). Como este fator é normalmente

referente ao valor eficaz da corrente em regime permanente, substitui-se Ipcc por 2 Irmscc na

expressão (36). Com o  encontrado através da equação (35), se pode expressar a relação da

impedância de dispersão “x” com a resistência “r” do transformador. Estas grandezas estão

em p.u.

I max wL x
K  2(1  v 2 ) sen  , v  (37)
I rmscc R r

Parametrizando a equação (37), tem-se,


29

 r  
     x x
K  2 1  e x  2  sen   ,   tan 1     e v (38)
  r r

Esta parametrização gera um pequeno erro de aproximadamente 0,7% que é apresentado

abaixo na tabela 2 [1] que exibe valores de K utilizando as duas formas de representação de

do fator de assimetria.

Tabela 2 Comparação do fator K através do método exato e do método parametrizado

Sabe-se que quando =0 a assimetria é máxima, a equação (31) fica,


2 I rmscc   v 
I (t )   v ( e  cos )  sen   (40)
1  v2  

Então para um valor de x/r=10, pode-se gerar um gráfico da corrente de curto circuito no

domínio do tempo,
30

Figura 6 Gráfico da corrente de falta no domínio do tempo [1]

Aplicando a serie de Fourier obtêm-se os seguintes coeficientes,

2
a0 v 
 sen (    ) (1  e v )
I pcc 2

a1  v  
2
 
 sen (    )  2 
1  e v   1

I pcc   (1  v )   

2
b1 v2   
 sen (    )  1  e v   cos(   ) (41)
I pcc  (1  v 2 )  

2
a2 v   
 sen (    ) 2 
 1  e v 
I pcc  (1  4v )  

2
b2 2v 2   
 sen (    ) 1  e v 
I pcc  (1  4v 2 )  

Como não há interesse nos harmônicos de maior ordem que 2, estes não serão

demonstrados aqui.
31

A partir dos coeficientes de (41), pode-se obter a relação da amplitude da segunda

harmônica com a fundamental da corrente de curto circuito, conforme (23). Estas relações são

demonstradas na tabela 3, retirada de [1] para diversos valores  e v.

Tabela 3 Taxa da amplitude da segunda harmônica para a funda mental da corrente de curto

circuito para diversos valores de  e v

Usualmente, transformadores de potência tem uma relação x/r aproximadamente igual a

20 [1]. E a partir da tabela 3 é possível ver que a relação da amplitude da segunda harmônica

com a fundamental é aproximadamente 4,5%. Comparando a taxa obtida na tabela 1 para a

corrente de inrush a partir do parâmetro “X” com a taxa obtida na tabela 3 para a corrente de

falta a partir do parâmetro “x/r”, percebe-se que há uma grande diferença na

representatividade da segunda harmônica para estas correntes, podendo então este ser um

critério para distinguir a corrente de inrush da corrente de curto circuito.


32

3 CONDIÇÕES INICIAIS NO FENÔMENO DE INRUSH

De acordo com os itens 2.4 e 2.5, pode-se observar que existem semelhanças entre a

corrente de inrush e a corrente de falta em transformadores de potência. Estas semelhanças

podem causar a má operação de relés diferenciais de proteção, que devem atuar em caso de

curto circuito no barramento ou na máquina e não devido à presença da corrente de inrush.

Os métodos utilizados atualmente para discriminar estas duas correntes são

basicamente de dois tipos: os que utilizam as harmônicas para restringir e/ou bloquear a

máquina e os que utilizam a forma de onda para identificar se há ou não a falta.

A primeira solução adotada para resolver este tipo de desvio foi adicionar um tempo

de atraso na operação dos relés diferenciais. Outra proposta foi a de desensibilizar o relé por

um curto período de tempo para que este não percebesse a presença da corrente de inrush [3].

Como estas soluções não eram as mais apropriadas, visto que deixavam a máquina

desprotegida por instantes de tempo, percebeu-se, ao analisar o conteúdo harmônico da

corrente de inrush, que é possível usar este critério para diferenciar as duas correntes em

questão. Então, Kennedy e Harward propuseram um relé diferencial com restrição de

harmônicas para a proteção do barramento [18]. Em seguida, Harward [19] e Mathews [20]

desenvolveram este método adicionando um percentual diferencial de restrição para a

proteção do transformador. Estes primeiros relés usavam todas as harmônicas como restrição.

Então, Sharp e Glassburn apresentaram o conceito de bloqueio de harmônicas, com um relé

que bloqueava somente a segunda harmônica de corrente [21].

Atualmente muitos transformadores utilizam este tipo de proteção, o bloqueio de

harmônicas. Este método garante a proteção para um grande percentual de casos onde a

corrente de inrush pode ser confundida pelo sistema de proteção com uma corrente de curto

circuito.
33

O problema deste método ocorre quando a corrente de operação tem um baixo

conteúdo harmônico, podendo então, passar despercebido pelo sistema de proteção

diferencial.

3.1 CONDIÇÕES DE MANOBRA NO SURGIMENTO DO FENÔMENO DE INRUSH

A seguir apresentam-se as seis principais condições de chaveamento de

transformadores de potência. É de extrema importância salientar que estas condições são

aplicáveis a transformadores monofásicos, porém podem-se aplicar os princípios de análise

para transformadores polifásicos e/ou bancos de transformadores. Deve-se ter o cuidado de

considerar o comportamento magnético entre as diferentes fases da máquina.

3.1.1 CHAVEAMENTO COM TENSÃO NULA E SEM MAGNETISMO RESIDUAL

Sob condições normais de operação, o fluxo magnético no núcleo está defasado 90º

em relação a tensão, assim, o fluxo atingirá seu valor máximo quando a senoide da tensão

passar por zero. Devido a esta defasagem, o fluxo tem de variar entre os extremos, máximo

em uma direção e o outro máximo na direção oposta, a fim de produzir meio ciclo de onda da

força eletromotriz (f.e.m.) no enrolamento. Portanto, o fluxo total circulante durante o

primeiro meio ciclo é equivalente ao dobro da densidade de fluxo magnético máximo.

No instante do chaveamento, considerando que não há fluxo magnético residual no

núcleo, o fluxo parte de zero e tem de atingir um valor que corresponda aproximadamente ao

dobro da densidade de fluxo magnético para manter o nível de tensão durante o primeiro meio

ciclo. As formas de onda desta condição são apresentadas na figura 7 [2].


34

Figura 7 Comportamento da indução magnética no momento do chaveamento com

tensão nula e sem magnetismo residual

As linhas pontilhadas, senoide e exponencial, representam a densidade de fluxo

nominal (Bn) e a componente transiente (B), respectivamente.

Pode-se explicar a razão pelo surgimento desta corrente de inrush ao analisar

novamente a curva B-H da figura 8 [2]. Para uma indução duas vezes maior que a indução

nominal da máquina, a corrente aumenta fora de proporção em relação à corrente nominal da

de operação.

Figura 8 Comportamento da corrente a vazio em relação à indução magnética


35

A seguir, apresenta-se a figura 9 [2] com a forma de onda da corrente de inrush. Pode-

se considerar esta forma de onda como a superposição de duas curvas, a primeira é a corrente

nominal a vazio do transformador, com amplitude constante, e a segunda é a componente

transiente, sob a forma de uma exponencial, que surge no chaveamento devido à saturação do

núcleo.

Figura 9 Forma de onda da corrente de inrush

3.1.2 CHAVEAMENTO COM TENSÃO NULA E COM MÁXIMO MAGNETISMO RESIDUAL DE

POLARIDADE OPOSTA AO FLUXO MAGNÉTICO SOB CONDIÇÕES DE TENSÃO NORMAIS

Sob estas condições, no momento do chaveamento, ao invés do fluxo partir de zero,

este partirá do valor correspondente a quantidade de magnetismo residual no núcleo. Neste

caso a polaridade do magnetismo residual é oposta ao sentido que o fluxo magnético tende a

tomar, dessa forma, o fluxo terá que variar o equivalente a aproximadamente três vezes a

indução nominal, o que resulta no surgimento de uma corrente de inrush com amplitude e

constante de tempo de decaimento ainda maior que no caso do item 3.1.1, porém com a

mesma forma de onda.

A figura 10 [2] apresenta o comportamento da indução versus tempo para o caso

descrito.
36

Figura 10 Comportamento da indução magnética no momento do chaveamento com

tensão nula e magnetismo residual com polaridade oposta ao fluxo magnético

Novamente as linhas pontilhadas, senoide e exponencial, representam a densidade de

fluxo nominal (Bn) e a componente transiente (B), respectivamente.

3.1.3 CHAVEAMENTO COM TENSÃO NULA E COM MÁXIMO MAGNETISMO RESIDUAL DE

MESMA POLARIDADE QUE O FLUXO MAGNÉTICO SOB CONDIÇÕES DE TENSÃO

NORMAIS

Pode-se dizer que esta é uma das condições mais favoráveis para o chaveamento de

transformadores, visto que pelo fato da indução remanente ter a mesma polaridade que a

variação de fluxo magnético tende a tomar, obtém-se uma diminuição dos valores máximas

iniciais do fluxo, e consequentemente uma redução na indução magnética inicial e na corrente

de inrush. A figura 11 [2] apresenta este caso, onde se percebe que a amplitude da indução

magnética varia pouco durante os primeiros ciclos.


37

Figura 11 Comportamento da indução magnética no momento do chaveamento

A figura 12 [2] apresenta o comportamento da indução no momento do chaveamento

para o caso em que o magnetismo residual corresponde à densidade de fluxo magnético

nominal. Esta condição evita o surgimento do fenômeno da corrente de inrush já que o fluxo

magnético segue o seu curso normal.

Figura 12 Comportamento da indução magnética no momento do chaveamento para a

condição Br = Bn e com mesma polaridade


38

Pode-se perceber que a forma de onda da indução apresentada na figura 12 mantém os

seus valores e amplitude máxima constante nos dois sentidos. Esta constância verifica que não

há o surgimento da corrente de inrush no momento do chaveamento devido à característica da

curva B-H.

3.1.4 CHAVEAMENTO COM TENSÃO MÁXIMA E SEM MAGNETISMO RESIDUAL

Este caso é ainda mais favorável que o descrito no item 3.1.3. Visto que não há

magnetismo residual, e devido à defasagem da indução em relação à tensão ser de 90º, o fluxo

magnético para este caso partirá de zero, atingirá seu valor máximo em uma direção, passará

pelo zero novamente, atingirá seu valor máximo na outra direção e voltará para zero, tendo a

onda simétrica em relação ao eixo do tempo.

Dessa forma, a corrente a vazio não excede sua amplitude nominal no mome nto do

chaveamento e, portanto, não apresenta o fenômeno de aumento de amplitude conhecido

como corrente de inrush.

3.1.5 CHAVEAMENTO COM TENSÃO MÁXIMA E COM MÁXIMO MAGNETISMO RESIDUAL DE

POLARIDADE OPOSTA AO FLUXO MAGNÉTICO SOB CONDIÇÕES DE TENSÃO NORMAIS

Neste caso haverá a componente transiente da corrente e da indução devido ao

magnetismo residual no núcleo. Portanto o forma de onda do fluxo será assimétrica em

relação ao eixo do tempo para os primeiros ciclos e para o caso em que a indução remanente

tem o mesmo módulo que a indução nominal, a variação de fluxo magnético corresponderá a

duas vezes o módulo da indução magnética nominal. Este caso é apresentado na figura 13 [2].
39

Figura 13 Comportamento da indução magnética no momento do chaveamento com tensão

máxima e com máximo magnetismo residual com polaridade oposta ao fluxo magnético

3.1.6 CHAVEAMENTO COM TENSÃO MÁXIMA E COM MÁXIMO MAGNETISMO

RESIDUAL DE MESMA POLARIDADE QUE O FLUXO MAGNÉTICO SOB CONDIÇÕES

DE TENSÃO NORMAIS

Este caso é semelhante ao caso do item 3.1.5, onde o fluxo é assimétrico em relação ao

eixo do tempo. Para módulos iguais do magnetismo residual e da densidade de fluxo

magnético nominal, o fluxo total que é necessário para magnetizar o transformador é o mesmo

apresentado no item 3.1.5, ou seja, aproximadamente duas vezes a densidade de fluxo

magnético nominal. Pode-se diferenciar este dois casos em questão pelo fato da onda de

indução e corrente de cada caso estar disposta em lados opostos do eixo do tempo. A figura

14 [2] apresenta as formas de onda da indução nominal, da indução incremental e da

superposição destas duas ondas, assim como a forma de onda da tensão que está defasada 90º

em relação a indução magnética.


40

Figura 14 Comportamento da indução magnética no momento do chaveamento com tensão

máxima e com máximo magnetismo residual de mesma polaridade que o fluxo magnético

3.2 MÉTODOS PARA REDUÇÃO DA CORRENTE DE INRUSH

Inicialmente, sistemas de controle que realizavam a proteção dos transformadores de

potência utilizavam um banco de resistores e contatos auxiliares com a finalidade de, ao

conectar esse banco de resistores em série com o transformador no momento da manobra,

reduzir o módulo da corrente de inrush. Este tipo de método atualmente não é mais

empregado, mas para fins acadêmicos serve como exemplo de como reduzir o impacto da

corrente de inrush em transformadores. A seguir, seguem duas figuras retiradas de [2] que

apresentam o impacto da inserção de resistores em série com o transformador no momento do

chaveamento.

Figura 15 Corrente de inrush ao energizar um transformador de 20kVA sem o banco de

resistores em série
41

Figura 16 Corrente de inrush ao energizar um transformador de 20kVA com o banco de

resistores em série.

Observa-se que com o banco de resistores em série durante a manobra, resistores estes

que tem uma queda de tensão de 5% da tensão de alimentação a vazio, o pico da corrente de

inrush reduz e a constante de tempo diminui drasticamente, estabilizando o sistema muito

rapidamente quando comparado ao chaveamento sem o banco de resistores.

Outro motivo importante para reduzir a corrente de inrush são os esforços mecânicos

sofridos pelos enrolamentos no momento da manobra. Estes esforços comprimem e estendem

os condutores uns contra os outros e o isolamento entre estes condutores individualmente

pode sofrer avarias, assim como o enrolamento como um todo pode se desalinhar ou criar

pontos com buracos entre condutores e até mesmo ter condutores adjacentes esmagados.

Após inúmeras operações de chaveamento, pode haver um grande risco de falha do

isolamento entre espiras dos enrolamentos. Por causa dos efeitos indesejados da corrente de

inrush para o sistema de proteção, estrutura física da parte ativa do transformador e impacto

no próprio sistema de potência no qual o transformador está inserido, algumas medidas para

reduzir este fenômeno podem ser tomadas [6]:

 Pré-inserção de resistores em série;

 Fechamento síncrono de disjuntores;


42

 Inserção de capacitor;

 Inserção de pré-resistor + Inserção de capacitor;

 Uso de uma carga auxiliar;

 Uso de uma carga auxiliar + Inserção de capacitor;

 Uso de uma carga auxiliar + Inserção de capacitor + Inserção de pré-resistor.

Deve-se mencionar que estes métodos citados não eliminam o efeito da corrente de

inrush, mas o reduzem consideravelmente. O problema encontrado para alguns destes

métodos é o custo para a aplicação em campo.


43

4 SIMULAÇÕES E RESULTADOS

4.1 METODOLOGIA DE ANÁLISE

Observa-se que o fenômeno da corrente de inrush está presente em toda e qualquer

energização de transformadores de potência a vazio, ou seja, sem carga. A ocorrência desta

corrente é inevitável, porém utiliza-se um sistema de proteção capaz de detectar este

fenômeno e proteger o transformador de potência. Ainda é possível, como apresentado no

capítulo anterior, reduzir a magnitude desta corrente.

Durante décadas estudou-se este fenômeno de diversas formas, podendo caracterizá-lo

basicamente de duas maneiras, analiticamente e quantitativamente. A caracterização analítica

é feita através da análise da forma de onda da corrente de inrush, que visa o estudo do

comportamento da mesma em relação ao tempo. Já a análise quantitativa tem como foco a

decomposição desta forma de onda através de séries e transformadas [3].

Dentre os dois tipos de análises, optou-se desenvolver neste trabalho a análise

quantitativa. Porém, como se pode imaginar, uma análise quantitativa abrange inúmeros

aspectos. A análise quantitativa pode ser realizada, por exemplo, através da Série de Fourier

para diversas harmônicas, variando diferentes parâmetros do transformador de potência

utilizado.

Como é impraticável para este trabalho abranger todos estes aspectos, decidiu-se por

analisar a segunda harmônica da corrente de inrush. Porém, ainda existem alguns fatores a

serem determinados para este estudo. É preciso determinar o período no qual será estudada

esta componente e as características dos componentes do circuito de ensaio, como o gerador

de tensão e o transformador de potência que se deseja estudar. A curva de saturação do


44

transformador é fundamental para o comportamento do fenômeno de inrush, visto que este

ocorre devido à saturação do núcleo do transformador no instante da energização.

Primeiramente explica-se o porquê da escolha da segunda harmônica para a análise

neste trabalho. Como foi dito anteriormente, existem basicamente duas formas de análise da

corrente de inrush, qualitativa e quantitativa. Como é de se esperar, os sistemas de proteção

existentes utilizam estes dois métodos para caracterizar ou não a ocorrência deste fenômeno e

então atuar, protegendo o transformador de potência de faltas internas, ou seja, a ocorrência

de curto circuito nos enrolamentos do transformador, visto que a corrente de falta tem

aproximadamente a mesma amplitude da corrente de inrush.

Utiliza-se principalmente, para a proteção pelo método de análise quantitativo, o

critério de restrição da segunda harmônica, que é mensurada através do percentual desta em

relação à harmônica fundamental da corrente de inrush. Utiliza-se também a

representatividade das demais harmônicas pares e ímpares, assim como o valor da

componente DC da corrente de inrush. Porém, como a segunda harmônica tem a maior

representatividade em relação à primeira entre as demais harmônicas, escolheu-se esta para

ser estudada neste trabalho.

Pode-se utilizar diferentes períodos para a análise da segunda harmônica, como por

exemplo, meio ciclo de onda, um ciclo completo, três ciclos, até o total de ciclos que a

corrente de inrush percorre até se extinguir. Para a escolha do período a ser analisado pode-se

pensar que este tem de ser igual ao período de atuação dos relés diferenciais do sistema de

proteção do transformador a fim de se obter a relação da segunda harmônica com a

fundamental para ajustar os parâmetros dos relés. Porém, tem-se como foco neste trabalho a

caracterização da corrente de inrush e não a implementação de um sistema de proteção. Por

este motivo, decidiu-se utilizar todo o período de ocorrência da corrente de inrush, do


45

surgimento à extinção, para analisar a componente de segunda harmônica, visto que este

período caracteriza toda a corrente de inrush e não somente alguns ciclos de sua ocorrência.

Para que se possa realizar a análise da componente de segunda harmônica da corrente

de inrush, simula-se no software ATP (Alternative Transient Program) um circuito

constituído de uma fonte geradora de tensão trifásica, uma chave seccionadora trifásica e um

banco de transformadores monofásicos.

O ATP é um programa que realiza simulações digitais de fenômenos transientes de

natureza eletromagnética e eletromecânica. Este software pode simular sistemas de rede

complexas, onde utilizam-se modelos virtuais de máquinas elétricas, de linhas de transmissão,

de componentes de subestações, dentre outros, existentes na biblioteca do programa.

Como foi demonstrado nos itens 2.4 e 2.5 deste trabalho, para a corrente de inrush o

percentual da componente de segunda harmônica em relação a componente fundamental para

valores típicos de indução que compõe o parâmetro “X”, será maior que 8%. Já para o caso da

corrente de curto circuito, foi utilizado o parâmetro que é a razão da reatância de dispersão do

enrolamento primário com a resistência do enrolamento primário. Com este parâmetro

observou-se que o percentual da componente de segunda harmônica em relação a componente

fundamental da corrente de curto circuito não é maior que 4,5%, e a medida que se aumenta

esta relação este percentual diminui.

Portanto, este trabalho irá simular para diversos valores desta relação, reatância de

dispersão e resistência de enrolamento, obtendo-se o percentual da componente de segunda

harmônica em relação a componente fundamental da corrente de inrush em um banco de

transformadores monofásicos.

De acordo com a norma técnica IEC60067-5 Ability to withstand short circuit – 2000

[24], para o cálculo do valor de pico da corrente assimétrica de curto circuito em

transformadores com potência nominal até 100MVA utiliza-se uma relação x/r em torno de
46

14. Como o transformador utilizado nas simulações tem potência nominal igual a 41MVA,

inicialmente utiliza-se a relação x/r igual a 10, porém o parâmetro x depende da frequência de

operação da máquina e da indutância do enrolamento. Este último parâmetro pode variar

conforme a escolha do tipo de bobina, altura da bobina, tipo de fio ou cabo de cobre utilizado,

comprimento de uma espira e número de espiras da bobina, portanto assume-se que o valor

desta relação pode chegar a 40, dependendo da forma construtiva que se adotar no projeto da

máquina. Dessa forma, foram simuladas para o mesmo circuito de teste a relação de reatância

de dispersão e resistência de enrolamento variando na faixa de valores de 10 a 40.

4.2 SIMULAÇÕES

As simulações realizadas no software Alternative Transient Program basearam-se na

metodologia de análise apresentada no item 4.1. Os parâmetros dos elementos que compõe o

circuito de ensaio da corrente de inrush serão apresentados a seguir.

Os valores da reatância de dispersão do enrolamento primário foram calculados

teoricamente a partir das relações de reatância de dispersão e resistência de enrolamento

desejadas para cada simulação realizada, fixando o valor da resistência de enrolamento . As

relações utilizadas e as respectivas reatâncias de dispersão do enrolamento primário são

apresentadas a seguir no quadro 1.


47

Valor da
Valor da
indutância Valor da
resistência
do reatância e
Relação x/r do
enrolamento dispersão
enrolamento
primário [Ω]
primário [Ω]
[mH]

10 0,0256 0,68 0,256

15 0,0256 1,02 0,384

20 0,0256 1,36 0,512


25 0,0256 1,7 0,64

30 0,0256 2,04 0,768

35 0,0256 2,37 0,897

40 0,0256 3,39 1,024

Quadro 1 Valores da reatância de dispersão em função do parâmetro x/r

Para realizar as simulações usa-se um modelo de transformador monofásico saturável

existente na biblioteca do programa, onde os dados inseridos neste modelo estão apresentados

no quadro 2, assim como a curva de saturação é apresentada na figura 17 a seguir.

Corrente de
Nível de Resistência Resistência
magnetização Resistência Tensão Tensão
tensão no do do
no instante de do do
instante do enrolamento enrolamento
de magnetização primário secundário
chaveamento primário secundário
chaveamento [Ω] [kV] [kV]
[kV] [Ω] [Ω]
[A]

0 0 1000000 0,0256 3,96 13,8 132,79

Quadro 2 Características do modelo do Transformador de Potência monofásico


48

Figura 17 Curva de saturação do transformador IxV

Os valores de corrente de magnetização e nível de tensão no instante do chaveamento

são iguais a zero, o que significa que não há indução remanente no núcleo do transformador.

Adotou-se esta premissa a fim de caracterizar a corrente de inrush gerada pelas propriedades

dos materiais que constituem o transformador, excluindo fatores externos como, por exemplo,

o magnetismo remanente, que pode existir devido a energização e posterior desenergização da

máquina.

É arbitrado o valor de 1000000 para a resistência de magnetização a fim de ilustrar que

esta é muitas vezes maior que a resistência do enrolamento. Já os valores de resistência do

enrolamento primário e secundário foram fornecidos pelo fabricante desta máquina, bem

como os níveis das tensões do lado de alta e baixa tensão. O lado de baixa tensão foi projetado

para conectar o banco de transformadores monofásicos em delta e o lado de alta tensão para

ser conectado em estrela.

O modelo de gerador de tensão trifásico utilizado no circuito de ensaio simulado no

software ATP apresenta as seguintes características.


49

Amplitude Frequência Ângulo de disparo Tempo de início Tempo final


[kV] [Hz] [º] [s] [s]
13,8 60 0 0 1000

Quadro 3 Características do gerador de tensão trifásico

Escolheu-se a amplitude da senoide de tensão com o valor de 13,8kV visto que o

transformador utilizado será alimentado no enrolamento primário pelo gerador e este

enrolamento primário opera sob o nível de tensão nominal igual a 13,8kV. Como o sistema

elétrico brasileiro opera com uma frequência de 60Hz e, principalmente, calculou-se o

transformador utilizado para operar a 60Hz, é necessário que o gerador também opere com a

frequência de 60Hz.

Optou-se por um ângulo de disparo igual a 0º porque desta forma observa-se em duas

fases do transformador o mesmo valor máximo de inrush, porém com sinais opostos. Isto é

possível porque há uma defasagem de 120º entre cada fase do gerador e também do

transformador, então se a onda da tensão da fase B, por exemplo, estiver em 0º no momento

do chaveamento as outras duas fases, A e C, estarão em +120º e -120º em relação a fase B.

Sabe-se que a onda da indução magnética está 90º defasada em relação a onda da

tensão. Quando a onda da tensão da fase B atingir seu valor máximo, a indução estará em seu

valor nominal de operação, o que significa que o núcleo do transformador não irá saturar caso

não haja magnetismo remanente. Já as fases A e C apresentarão a corrente de inrush, visto

que no momento do chaveamento o valor da tensão será diferente de zero e o valor da indução

no núcleo também será, o que acarreta o surgimento da corrente de inrush, mesmo não

havendo magnetismo residual.

Este fenômeno é facilmente entendido ao analisar a curva de saturação do núcleo do

transformador utilizado. Esta curva foi anteriormente apresentada na figura 17.


50

Apresentam-se os parâmetros do modelo da chave trifásica que secciona o ramo onde

se encontra o gerador e os ramos dos transformadores monofásicos, conforme o quadro 4.

Instante de tempo de fechamento das três Instante de tempo de abertura das três
fases [s] fases [s]

0,2 1000
Quadro 4 Características da chave seccionadora trifásica

Escolheu-se o tempo de fechamento igual a 0,2 segundos para todas as fases para

simular a inserção de um banco de transformadores monofásicos no sistema. Já para o tempo

de fechamento, escolheu-se o valor de 1000 segundos simplesmente para caracterizar um

regime permanente e garantir que o período transitório em que ocorre a corrente de inrush

está extinto.

Sabendo-se todos os parâmetro dos elementos do circuito de ensaio da corrente de

inrush, pode-se apresentar o circuito final utilizado nas simulações. O circuito é apresentado

na figura 18 a seguir.

Figura 18 Circuito de ensaio da corrente de inrush

O esquema de ligação dos enrolamentos primário e secundário do transformador é

apresentado na figura 19 a seguir.


51

Figura 19 Esquema de ligação dos enrolamentos primário e secundário

Observa-se que o lado denominado 1 está conectado em delta, ou seja, o início do

enrolamento de cada fase está conectado no fim do enrolamento da fase subseqüente, sem a

presença de um ponto neutro. O lado denominado 2 está conectado em estrela, ou seja, o fi m

dos enrolamentos das três fases estão conectados a um neutro comum, e as outras

extremidades serão conectadas a linha de transmissão.

Por último são apresentadas as telas de inserção de dados dos modelos dos

componentes do circuito de ensaio utilizados no software ATP.


52

Figura 20 Dados de entrada do modelo do gerador no ATP

Figura 21 Dados de entrada do modelo da chave seccionadora no ATP


53

Figura 22 Dados de entrada do modelo do transformador monofásico no ATP

Figura 23 Dados de entrada da curva de saturação do transformador


54

Figura 24 Curva de saturação do modelo do transformador

4.3 RESULTADOS

Mediu-se a corrente de inrush no enrolamento primário de cada transformador

monofásico. Observando-se a forma de onda da mesma, o período de duração do fenômeno de

inrush, o valor de pico da corrente, assim como, obtendo-se através da opção de análise por

série de Fourier o valor de pico das componentes harmônicas presentes na corrente de inrush.

Como a metodologia de análise adotada leva em consideração apenas os valores da

primeira e segunda harmônica, somente estes serão apresentados nos resultados obtidos. Os

resultados obtidos para x/r igual a 10 serão apresentados nesta seção, os demais gráficos

obtidos para os valores da relação da reatância de dispersão e a resistência de enrolamento

variando de 15 à 40 serão apresentados no anexo A.


55

4.3.1 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAÇÃO X/R IGUAL A 10

Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

igual a 10. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush é de aproximadamente

15,5kA e o período deste fenômeno até a sua extinção é de aproximadamente 2,8s.

Figura 25 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=10

Observa-se em detalhe na figura 26 a forma da onda da corrente de inrush nos

primeiros décimos de segundos da energização.

Figura 26 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=10


56

Na figura 27 pode-se ver as curvas da corrente de inrush das fases A, B e C. Como a

onda de tensão da fase B tem ângulo de disparo igual a 0º, esta não apresenta o fenômeno de

inrush e por ter um valor de aproximadamente 50 vezes menor que a corrente nominal do

transformador não é observada no gráfico.

Figura 27 Corrente de inrush das fases A, B e C para x/r=10

Por fim, a figura 28 apresenta um gráfico de barras das primeiras vinte harmônicas da

corrente de inrush, considerando o período de análise de 0,2s à 2,8s, já que este é o período

observado do surgimento até a extinção do fenômeno de inrush.

Figura 28 Amplitudes das harmônicas da corrente de inrush para x/r=10


57

Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 28 para a primeira e segunda

harmônica, a relação encontrada é de aproximadamente 77,9%.

No quadro 5 são exibidos todos os valores de primeira e segunda harmônica para todos

os casos analisados, bem como os percentuais obtidos destas relações.

x/r 10 15 20 25 30 35 40

lI1l 380,7 302,5 260,2 235,9 215,6 195,7 174,8

lI2l 296,7 232,4 196 173,4 155,4 139,3 124,3

lI2l/lI 1l
77,9 76,8 75,3 73,5 72,1 71,2 71,1
[%]

Quadro 5 Resultados das componentes harmônicas de primeira e de segunda ordem obtidos

para os valores da relação x/r entre 10 e 40 para a corrente de inrush


58

5 CONCLUSÕES

Como era esperado, a corrente de inrush obtida nos resultados das simulações para os

diversos casos analisados variou na faixa de 6 à 16 vezes a corrente nominal do

transformador, que é de aproximadamente 990A no enrolamento primário conectado em delta.

A partir dos resultados obtidos pode-se observar que há uma grande diferença entre o

percentual da segunda harmônica em relação à primeira da corrente de inrush, comparado ao

mesmo percentual apresentado na tabela 3 da corrente de curto circuito, para o ângulo =0º.

Estes resultados apenas comprovam, apesar de ter-se usados parâmetros diferentes nos itens

2.4 e 2.5 que a análise da segunda harmônica da corrente de inrush e da corrente de curto

circuito é um critério de diferenciação dos dois fenômenos.

Observou-se também que a curva da corrente de inrush para todas as relações x/r

estudadas apresentou o comportamento esperado, que é uma redução no seu valor de pico à

medida que se aumenta esta relação. Visto que um aumento nesta relação representa um

aumento da impedância do enrolamento, portanto segundo a lei de Ohm o valor da corrente

depende do valor da tensão e do valor da impedância do circuito, sendo a primeira constante

em 13,8kV, a corrente é inversamente proporcional a variação da impedância.

Outro comportamento esperado com a variação da relação x/r que foi confirmado é

que à medida que se aumenta esta relação, a duração do fenômeno de inrush também

aumenta. Isto ocorre, pois a exponencial que se soma a corrente de magnetização no

fenômeno de inrush, tem seu fator de decaimento dado por r/x, como este fator é o inverso da

relação estudada, o fator de decaimento da exponencial diminui à medida que se aumenta a

relação x/r.

Por fim, observa-se também que com o aumento da relação x/r o percentual da relação

da amplitude da segunda harmônica com a primeira diminui lentamente. Isto pode ser

explicado devido à redução do valor de pico da corrente de inrush e aumento do período de


59

duração deste fenômeno. Já que a componente de segunda ordem tem maior amplitude nos

primeiros ciclos do fenômeno, reduzindo seu valor para períodos mais longos.

Transformadores de potência fabricados que atendem a norma IEC 60076-5, que se

refere à suportabilidade ao curto circuito na máquina, devem atender ao seguinte critério:

máquinas abaixo de 100MVA devem ter uma relação x/r de aproximadamente 14 e máquinas

acima de 100MVA devem apresentar esta mesma relação, em torno de 35, ambos a fim de

atender ao fator de assimetria dado pela norma para estes casos.

O que pode-se dizer quanto a máquinas fabricadas, é que estas atendem os requisitos

da norma, com uma pequena variação, para mais ou para menos. A pequena oscilação em

torno dos valores estipulados pela norma, apresentada por cada fabricante, ocorre devido aos

diferentes métodos de fabricação, a característica de maior relevância para esta variação é a

geometria da bobina, em que pode-se citar a altura da bobina, dimensão radial, diâmetro

médio do enrolamento, comprimento do enrolamento, seção do condutor e o número de

espiras do enrolamento sendo este último o aspecto mais impactante.


60

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Em trabalhos futuros, simular no software ATP o mesmo transformador com

diferentes modelos de transformadores da biblioteca do programa e observar as variações que

cada modelo apresenta. Pode-se também simular diferentes transformadores e analisar, por

exemplo, o que uma ligação delta ou estrela acarreta no fenômeno de inrush.

Uma sugestão para enriquecer os dados obtidos é simular o fenômeno de inrush com

diferentes ângulos de chaveamento (), bem como, inserir a condição inicial de magnetismo

residual no núcleo do transformador e analisar se os resultados são coerentes com a

bibliografia existente.
61

6 REFERÊNCIAS

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Press, 2002. p. 39-85.

[2] Heathcote, M. J., The J & P Transformer Book (12th ed.), Oxford, Newnes,

1998. 945 p.

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CRC Press, 2006. 536 p.

[4] FITZGERALD, A. E. et al. Electric Machinery. New York: Mcgraw-Hill, 1990.

599 p.

[5] Huelsman, L. P., Basic Circuit Theory with Digital Computations, Prentice-

Hall, Inc.,1972, Englewood Cliffs, NJ,

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[7] Mañana, M., et al, Effects of Magnetizing Inrush Current on Power Quality and

Distribution Generation, [S. l.].

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[9] Jiandong, D., Chang, W., Jianming, Y., Study of the Inrush Current Identification

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Sept. 2008.
62

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Transformer Inrush Current Reduction, Power Delivery, IEEE Transactions on, vol.22,

no.1, p.208-216, Jan 2005.

[11] Zengping, W., Jing, M., Yan, X., Lei, M., A new principle of discrimination

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no., p.614-617, Nov. 29 2005-Dec. 2 2005.

[12] Girgis, R. S., Nyenhuis, E. G., Characteristics of Inrush Current of Present

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[13] Wang, J., Hamilton, R., Analysis of Transformer Inrush Current and Comparison

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61st Annual Conference for, vol., no., p.142-169, 1-3 April 2008.

[14] Zheng, T., Makram, E.B., Girgis, A.A., Power system transient and harmonic

studies using wavelet transform, Power Delivery, IEEE Transactions on, vol.14, no.4,

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[15] Wang, Y., Abdulsalam, S.G., Xu, W., Analytical Formula to Estimate the

Maximum Inrush Current, Power Delivery, IEEE Transactions on, vol.23, no.2, p.1266-

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[16] Miri, A.M., Sihler, C., Damping of resonances at energization of power

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[17] Feng, X.L.; Tan, J.C., Bo, Z.Q., A New Wavelet Transform Approach to

Discriminate Magnetizing Inrush Current and Fault Current, Universities Power Engineering
63

Conference, 2006. UPEC '06. Proceedings of the 41st International, vol.3, no., p.876-880,

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[18] Kennedy, L.F., and Hayward, C.D., Harmonic-current-restrained relays for

differential protection, AIEE Trans., 57, p.262–266, 1938.

[19] Hayward, C.D., Harmonic-current-restrained relays for transformer differential

protection, AIEE Trans., 60, p.377–382, 1941.

[20] Mathews, C.A., An improved transformer differential relay, AIEE Trans., 73,

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[21] Sharp, R.L. and Glassburn, W.E., A transformer differential relay with second-

harmonic restraint, AIEE Trans., 77, p.913–918, 1958.

[22] OLIVEIRA, M., Proteção Diferencial de Transformadores Trifásicos

Utilizando a Transformada Wavelet. 2009. 129 p. Dissertação (Mestrado em engenharia) –

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, Porto Alegre, 2009.

[23] TESCHE, A. G., Elaboração de Metodologia para Cálculo de Esforços

Mecânicos de Curto Circuito em Transformadores de Potência. 2006. 108 p. Projeto de

Diplomação - Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, Porto Alegre, 2006.

[24] IEC 60076-5 – Ability to Withstand Short-Circuit - 2000


64

ANEXO A RESULTADOS OBTIDOS PARA VALORES ENTRE 15 E 40 DA

RELAÇÃO DA REATÂNCIA DE DISPERSÃO E RESISTÊNCIA DE

ENROLAMENTO

A seguir serão apresentados os resultados obtidos nas simulações realizadas no

software ATP para diversos valores da relação x/r. Estes resultados apresentam o mesmo

comportamento observado no item 4.3.1, porém agora para os valores de x/r igual à 15, 20,

25, 30, 35 e 40.

A. 1 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAÇÃO X/R IGUAL A 15

Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

igual a 15. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush é de aproximadamente

11,7kA e o período deste fenômeno até a sua extinção é de aproximadamente 3,4s.

Figura 29 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=15


65

Observa-se em detalhe na figura 30 a forma da onda da corrente de inrush nos

primeiros décimos de segundos da energização.

Figura 30 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=15

Por fim, a figura 31 apresenta um gráfico de barras das primeiras vinte harmônicas da

corrente de inrush, considerando o período de análise de 0,2s à 3,4s, já que este é o período

observado do surgimento até a extinção do fenômeno de inrush.

Figura 31 Amplitudes das harmônicas da corrente de inrush para x/r=15

Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 31 para a primeira e segunda

harmônica, a relação encontrada é de aproximadamente 76,8%.


66

A. 2 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAÇÃO X/R IGUAL A 20

Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

igual a 20. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush é de aproximadamente 9,5kA

e o período deste fenômeno até a sua extinção é de aproximadamente 3,8s.

Figura 32 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=20

Observa-se em detalhe na figura 33 a forma da onda da corrente de inrush nos

primeiros décimos de segundos da energização.

Figura 33 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=20


67

Por fim, a figura 34 apresenta um gráfico de barras das primeiras vinte harmônicas da

corrente de inrush, considerando o período de análise de 0,2s à 3,8s, já que este é o período

observado do surgimento até a extinção do fenômeno de inrush.

Figura 34 Amplitudes das harmônicas da corrente de inrush para x/r=20

Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 34 para a primeira e segunda

harmônica, a relação encontrada é de aproximadamente 75,3%.

A. 3 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAÇÃO X/R IGUAL A 25

Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

igual a 25. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush é de aproximadamente 7,9kA

e o período deste fenômeno até a sua extinção é de aproximadamente 4s.


68

Figura 35 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=25

Observa-se em detalhe na figura 36 a forma da onda da corrente de inrush nos

primeiros décimos de segundos da energização.

Figura 36 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=25

Por fim, a figura 37 apresenta um gráfico de barras das primeiras vinte harmônicas da

corrente de inrush, considerando o período de análise de 0,2s à 4s, já que este é o período

observado do surgimento até a extinção do fenômeno de inrush.


69

Figura 37 Amplitudes das harmônicas da corrente de inrush para x/r=25

Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 37 para a primeira e segunda

harmônica, a relação encontrada é de aproximadamente 73,5%.

A. 4 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAÇÃO X/R IGUAL A 30

Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

igual a 30. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush é de aproximadamente 6,8kA

e o período deste fenômeno até a sua extinção é de aproximadamente 4,2s.

Figura 38 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=30


70

Observa-se em detalhe na figura 39 a forma da onda da corrente de inrush nos

primeiros décimos de segundos da energização.

Figura 39 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=30

Por fim, a figura 40 apresenta um gráfico de barras das primeiras vinte harmônicas da

corrente de inrush, considerando o período de análise de 0,2s à 4,2s, já que este é o período

observado do surgimento até a extinção do fenômeno de inrush.

Figura 40 Amplitudes das harmônicas da corrente de inrush para x/r=30


71

Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 40 para a primeira e segunda

harmônica, a relação encontrada é de aproximadamente 72,1%.

A. 5 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAÇÃO X/R IGUAL A 35

Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

igual a 35. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush é de aproximadamente 6kA e

o período deste fenômeno até a sua extinção é de aproximadamente 4,5s.

Figura 41 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=35

Observa-se em detalhe na figura 42 a forma da onda da corrente de inrush nos

primeiros décimos de segundos da energização.


72

Figura 42 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=35

Por fim, a figura 43 apresenta um gráfico de barras das primeiras vinte harmônicas da

corrente de inrush, considerando o período de análise de 0,2s à 4,5s, já que este é o período

observado do surgimento até a extinção do fenômeno de inrush.

Figura 43 Amplitudes das harmônicas da corrente de inrush para x/r=35

Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 43 para a primeira e segunda

harmônica, a relação encontrada é de aproximadamente 71,2%.


73

A. 6 RESULTADOS OBTIDOS PARA RELAÇÃO X/R IGUAL A 40

Primeiramente apresenta-se a curva da corrente de inrush obtida na fase A para x/r

igual a 40. Observa-se que o valor de pico da corrente de inrush é de aproximadamente 6kA e

o período deste fenômeno até a sua extinção é de aproximadamente 5s.

Figura 44 Curva da corrente de inrush da fase A para x/r=40

Observa-se em detalhe na figura 45 a forma da onda da corrente de inrush nos

primeiros décimos de segundos da energização.

Figura 45 Forma da onda da corrente de inrush da fase A para x/r=40


74

Por fim, a figura 46 apresenta um gráfico de barras das primeiras vinte harmônicas da

corrente de inrush, considerando o período de análise de 0,2s à 5s, já que este é o período

observado do surgimento até a extinção do fenômeno de inrush.

Figura 46 Amplitudes das harmônicas da corrente de inrush para x/r=40

Observa-se que, conforme os valores indicados na figura 46 para a primeira e segunda

harmônica, a relação encontrada é de aproximadamente 71,1%.

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