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DINÂMICA DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL: ESTUDO


COMPARATIVO DE CASOS ENTRE ORGANIZAÇÃO PÚBLICA E
PRIVADA
Eliton Luiz Moreira – UNICENTRO (elitonlmoreira@hotmail.com)
Antônio João Hocayen-da-Silva – UNICENTRO (hocayen@yahoo.com.br)

Resumo
O presente artigo possui como objetivo a analise das estruturas de duas
organizações: uma estabelecida no setor público, pertencente ao governo do estado
do Paraná e a outra uma sociedade anônima, tentando verificar a existência de
similaridades ou diferenças quanto as seus processos e relações de trabalho. A
compreensão da estrutura organizacional torna-se um passo importante para o
desenvolvimento organizacional. A partir dessa compreensão, o conhecimento das
relações que ocorrem dentro da estrutura, torna-se possível à implementação de
mudanças para que ela alcance de forma mais eficaz os seus objetivos. Classifica-
se como estudo comparativo de caso, com enfoque qualitativo e explicativo. Foram
realizadas 12 entrevistas semi-estruturas, e submetidas à análise de conteúdo.
Destaca-se que a integração entre os departamentos deve ser trabalhada, para que
as barreiras existentes sejam quebradas e a relação entre os departamentos seja
maior, nos dois tipos de organização. Conclui-se que toda a estrutura organizacional
é responsável pela realização dos processos e a caracterização das organizações
permite perceber como os processos se desencadeiam dentro da dinâmica
estrutural. A principal característica observada nas duas organizações foi a
funcionalidade que cada departamento possui dentro do todo, sendo uma integração
de trabalho.
Palavras-Chave: Estrutura Organizacional; Organização Pública; Organização
Privada.

Abstract
This article has aimed to analyze the structures of two organizations: one established
in the public sector, belonging to the state of Paraná and the other a corporation
trying to verify the existence of similarities or differences in the processes and
working relationships. Understanding the organizational structure becomes an
important step for organizational development. From this understanding, the
knowledge of the relationships that occur within the structure, it becomes possible to
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implement changes to make it achieve more effectively their goals. It is classified as


a comparative case study, focusing on qualitative and explanatory. 12 interviews
were conducted semi-structured, and subjected to content analysis. It is noteworthy
that the integration between departments should be crafted so that they can break
down barriers between departments and the ratio is higher in both types of
organization. We conclude that the entire organizational structure is responsible for
conducting the processes and the characterization of organizations allows us to
understand how processes are triggered within the structural dynamics. The main
feature observed in both organizations was the feature that each department has
within the whole, being an integration of work.
Key Words: Organizational Structure; Public Organization, Private Organization.

1 INTRODUÇÃO
O estudo da estrutura organizacional é realizado por diversos autores, que
definem o termo de diferentes formas, a partir destas definições utilizadas cada
organização tem sua estrutura e pode ser definida de diferente forma. Este trabalho
não teve como objetivo a definição do termo estrutura organizacional, mas teve a
ajuda de algumas definições para a compreensão do assunto.
A compreensão da estrutura organizacional torna-se um passo importante para
o desenvolvimento organizacional, sendo que alguns tipos de estruturas possuem
como vantagem à eficácia e o desenvolvimento. A partir dessa compreensão, o
conhecimento das relações que ocorrem dentro da estrutura, e também a relação
dos processos encontrados nas organizações, torna-se possível à implementação
de mudanças nessa estrutura para que ela alcance de forma mais eficaz os seus
objetivos, e a partir de um planejamento estratégico a organização possa alinhar
seus colaboradores em prol de sua missão organizacional.
O que se pretende com este artigo é realizar uma discussão quanto a
importância do estudo da estrutura das organizações, não somente no que diz
respeito aos processos, mas para que se compreenda a dinâmica e as relações de
trabalho existente dentro de uma estrutura organizacional, havendo a necessidade
de mudanças a compreensão da estrutura auxilie nesse processo. O presente artigo
possui como objetivo a análise das estruturas de duas organizações: uma
estabelecida no setor público, pertencente ao governo do estado do Paraná e a
outra uma sociedade anônima, tentando verificar a existência de similaridades ou
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diferenças quanto as seus processos e relações de trabalho. Este trabalho pode ser
aplicado a qualquer tipo de organização, escolheu-se os tipo de organizações devido
a facilidade de acesso e o interesse das mesmas na pesquisa. Para pesquisas em
outras organizações recomenda-se que se estabeleça outras categorias pertinentes
a organização e também um foco maior nas relações pessoais existentes.
Após breve introdução, sobre estrutura organizacional, o presente trabalho esta
estruturado da seguinte forma: i) revisão de literatura; ii) procedimentos
metodológicos; iii) apresentação e análise de resultados; iv) considerações finais e
v) referências bibliográficas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ORGANIZAÇÕES
Em uma visão geral, as organizações são o aglomerado de pessoas realizando
determinadas tarefas, que sozinhas não conseguiriam realizá-las, para alcançar um
determinado objetivo. Dentro desse contexto, verifica-se que as pessoas são o
principal elemento de uma organização. As quais elas trabalham de forma
coordenada, com ajuda de sistemas estruturados, relacionando uns com os outros
(DAFT, 1999).
Existem diversas definições a respeito de organizações, onde o que mais se
evidencia é um grupo de pessoas trabalhando junto a fim de alcançar uma meta.
Conforme Barnard (1938 apud ETZIONI, 1978) ele destaca que a organização
caracteriza-se por um sistema cooperativo, onde existem componentes que se
relacionam sistematicamente, para o alcance de um determinado fim, sendo eles
físicos, biológicos, pessoais e sociais.
As pessoas trazem consigo um conjunto de hábitos e costumes, que fazem
parte de grupos externos à organização, “cada participante de um grupo leva para o
mesmo suas crenças, seus valores, suas atitudes enfim sua herança” (FARIA, 1997,
p. 57). Por meio disto, busca-se habilidades técnicas e administrativas para trabalhar
com tais influencias ambientais, destacando-se a liderança, tomada de decisão, a
comunicação, sendo todos destinados ao alcance de uma maior coordenação e
controle, dentro do sistema cooperativo (ETZIONI, 1978).
Dessa forma pode-se notar que a organização afeta a sociedade e os
indivíduos. Partindo do pressuposto de que as organizações interagem com o
ambiente externo, com as comunidades e os indivíduos, podendo gerar impactos
sobre os mesmos, isso pode ser evidenciado pelo fato de as pessoas estarem
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ligadas às organizações no alcance de metas, e também pelo fato de que o trabalho


pode exercer influência em ambos os casos. Essas pessoas também fazem parte do
mercado da empresa, sendo ele caracterizado como mercado interno, com os
próprios colaboradores da empresa retratando a imagem da organização, e o
mercado externo, com os clientes. Assim a estrutura organizacional, as relações
entre as pessoas podem se tornar um dos diferenciais que a organização pode ter
frente às mudanças ambientais.
As organizações existem desde os primórdios da sociedade e sempre
estiveram em constante interação com o seu ambiente, assim as formas de gestão
para o alcance de objetivos e metas acompanharam constantemente as mudanças
ambientais podendo se considerar que os processos organizacionais e os sistemas
estruturados estão em constante aprimoramento para possibilitar o desenvolvimento
da organização, das pessoas e da competitividade.
Dentro das organizações existem dois tipos de estruturas, a estrutura formal,
que as organizações a instituem para os indivíduos executarem suas funções
básicas. Esse tipo de estrutura esta vinculada em toda a organização, em todos os
níveis hierárquicos, “estabelece as relações de hierarquia e comando,
responsabilidade e papéis funcionais, visando como as interações devem proceder
para operacionalizar diversos processos [..]” (CRUZ, 2005, p. 112). As
características existentes dentro das organizações, divisão de trabalho,
especialização, hierarquia, autoridade, responsabilidade racionalismo e coordenação
fazem parte dos princípios da organização formal (FARIA, 1997).
O segundo tipo de estrutura organizacional é a estrutura informal, ela pode ser
definida de várias formas, vamos somente relatar quais são os comportamentos em
uma estrutura organizacional, devido ao vasto referencial teórico existente a respeito
de estrutura informal. Consiste num grupo informal de atores que compartilham
sentimento de pertença, algum grau de intimidade e reconhecidas normas de
comportamento, existindo um relacionamento afetivo entre seus membros, ainda
dentro dessa estrutura o que pode-se analisar como estrutura informal as
‘panelinhas’ que ocorrem dentro das empresas. Conforme Chanlat e Bédard (2007)
na estrutura informal e nas suas relações se identifica que cada pessoa pertencente
ao grupo informal sente-se como sujeito e enxerga no seu interlocutor o seu
verdadeiro significado, ou seja a satisfação de falar e poder ser ouvido.
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As constantes e rápidas evoluções do ambiente competitivo exigem o


desenvolvimento de posturas estratégicas mais eficientes para que as organizações
se mantenham competitivas no mercado. As organizações que se apresentam mais
preparadas para agir, em virtude das novas configurações ambientais,
possivelmente obtêm resultados mais eficazes, em virtude da conquista de
vantagens diferenciadas em relação aos concorrentes (HOCAYEN-DA-SILVA,
2007).
Para melhor entendimento do significado das organizações, existem a
Organização privada, que possui diversos objetivos de acordo com seu
planejamento, mas não podemos definir um objetivo principal desse tipo de
organização pois cada organização possui uma finalidade. Já na Organização
pública pode-se definir o seu objetivo conforme, Quintana (2009) a finalidade dessa
organização é atender ao cidadão, como um cliente dos serviços do Estado, que
paga seus impostos e cobra a contrapartida dos seus governantes. A principal
característica dos dois tipos de organizações é a missão de ambas, atender os seus
clientes, os quais são definidos de formas diferentes.
Assim compreender algumas das várias definições de organizações, se torna o
passo inicial, para se compreender a estrutura organizacional. A partir do
conhecimento das relações pessoais, processos de trabalho, funcionalidade dentro
de uma organização se constitui uma estrutura, a qual pode reger a maioria dos
fatos que ocorrem em um ambiente organizacional, mostrando dessa forma a
ligação direta entre os dois conceitos.
2.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Conforme Hall (2004) as organizações variam de acordo com sua
complexidade, pois no mercado competitivo existem diversos tipos de organizações
e a estrutura torna-se um componente de grande importância nas relações das
mesmas com o ambiente.
Como pode ser destacada, com relação à hierarquia nas organizações, a
estruturação tem o objetivo de organizar e dispor as partes, mas segundo Hall
(2004) a definição de estrutura organizacional, implica na divisão de trabalho, na
definição de níveis hierárquicos, na elaboração de regras para a conduta das
pessoas, e nas interações das pessoas dentro das organizações.
A estrutura organizacional tem grande ligação com os processos
organizacionais, sendo que é a partir dela que os processos acontecem e as
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decisões são tomadas. Um elemento de destaque a respeito de estruturas


organizacionais é a complexidade, que envolve a hierarquia, a divisão de tarefas, os
departamentos e o controle.
Por meio dessas formas de avaliação de complexidade, pesquisas indicam que
a maioria das empresas é complexa, sendo que empresas que sobrevivem e se
desenvolvem ficam a cada momento mais complexas, dificultando a comunicação,
coordenação e controle (HALL, 2004).
A relação entre estrutura organizacional e processos organizacionais é
demasiadamente extensa, variando de acordo com a situação e o processo. Mas
dentro desse tema, pode-se destacar que toda a estrutura organizacional é
responsável pela realização dos processos, e a caracterização das organizações
permite perceber como os processos se desencadeiam dentro da dinâmica
estrutural.
Para que a organização tenha a sua gestão eficiente é preciso que todas essas
questões de complexidade, especificação, incerteza e etc. sejam analisadas para
que sua estrutura se adapte melhor com as questões do ambiente, por isso a análise
do ambiente permite que a estrutura esteja de acordo com o ambiente e os objetivos
organizacionais.
Assim sendo para que a empresa tenha uma estrutura adequada as suas
tarefas ela deve-se levar em consideração a situação atual da organização e
também alguns aspectos, como, natureza das atividades, controle interno, execução
e etc., para isso existem alguns tipos de estruturas que podem colaborar com todas
as questões de complexidade, especialização, tamanho da organização, grau de
incerteza e relações de funções.
2.3 MODELOS DE ESTRUTURAS
Dentro da classificação das estruturas organizacionais, podem ser destacados
cinco tipos, os quais são: estrutura funcional, estrutura divisional, estrutura
geográfica, estrutura híbrida e estrutura matricial.
O modelo de Estrutura Funcional se aplica as especializações das funções e
deriva suas origens de Taylor (CHIAVENATO, 2001). Neste tipo de estrutura
organizacional “as atividades são reunidas por funções comuns do nível mais baixo
até o topo da organização” (DAFT, 1999, p. 141).
Deste modo, as formas de coordenar e controlar a organização são
principalmente feitas por meio da hierarquia. As metas departamentais são a
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principal motivação que os funcionários possuem. Assim sendo uma estrutura


reunida em departamentos, tem os planejamentos e orçamentos elaborados por
função (DAFT, 1999).
Por sua vez, o modelo de Estrutura Divisional apresenta funções planejadas e
organizadas a partir dos produtos (DAFT, 1999). A partir da análise essas
características podem ser observadas facilmente, pois os produtos possuem os
mesmos departamentos, sendo que os produtos são diferentes, e separados.
Dentre as características principais dessa estrutura destaca-se, forma
piramidal, centralização das decisões, linhas formais de comunicação
(CHIAVENATO, 2001).
Essa estrutura também é chamada de estrutura de produtos, essa estrutura
tem maior capacidade de trabalhar com as mudanças ambientais, a tomada de
decisão é mais descentralizada, sendo a autoridade em nível mais baixo, dessa
forma interferindo nos processos de comunicação e relações de poder (DAFT,
1999).
A Estrutura Geográfica é baseada nos “usuários da organização ou clientes”
(DAFT, 1999, p. 145). A partir desta base percebe-se que em cada região existe um
grupo de crenças e valores, desejos, onde a organização que utiliza adota tal
modelo de estrutura tem a capacidade de produzir e comercializar seus produtos
(DAFT, 1999). Este tipo de estrutura é utilizado geralmente por empresas que
trabalham em grandes áreas e seus mercados são amplos.
Complementarmente, a Estrutura Híbrida caracteriza-se como uma mistura de
vários tipos de estruturas, da forma que o seu foco pode estar nos produtos, na
geografia e por funções, sendo que todas se manifestam simultaneamente.
Conforme Daft (1999, p. 146) o principal valor desse modelo de estrutura é que
“ela possibilita que a organização persiga a adaptabilidade e a eficácia dentro das
divisões de produto simultaneamente com a eficiência nos departamentos
funcionais”. Dentre outras vantagens destacadas por Daft (1999, p. 148), salienta-se
o fato de que por meio deste modelo estrutural “consegue a coordenação dentro e
entre as linhas de produto”.
Normalmente, este modelo estrutural é aplicado em um ambiente com
incertezas e em empresas que são classificadas como sendo de grande porte. As
desvantagens encontradas na aplicação da estrutura híbrida são a sobrecarga
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administrativa e a geração de conflito entre divisões de produtos e departamentos


(DAFT, 1999).
Por fim, destaca-se a Estrutura Matricial, como um modelo de estrutura
aplicada em um ambiente incerto, mas em empresas de médio porte. Essa estrutura
traz a organização flexibilidade, destacada por Cury (1990, p. 202):

A adoção da organização matricial proporciona à empresa condições de


flexibilidade e de funcionalidade adequadas para atender às mudanças
ambientais e à sua própria dinâmica, possibilitando a adoção de uma
sistemática adaptável de utilização de recursos e de processos de trabalho,
para a consecução de objetivos preestabelecidos.
Para se estabelecer qual a estrutura a ser utilizada por uma organização, a
primeira questão a ser observada é o ambiente global em que ela se encontra, a
partir dessa análise é possível estabelecer alguns parâmetros que se adaptam os
diversos tipos de estruturas existentes. Existem diversas estruturas, algumas da
antiguidade e outras mais contemporâneas, neste trabalho foram destacadas as
principais existentes.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O trabalho foi realizado mediante um estudo comparativo de casos (YIN, 2005)
em uma instituição pública do estado do Paraná e uma organização privada, como
forma de compreender sua estrutura organizacional, tendo sido ambas selecionadas
em função de similaridade entre as estruturas organizacionais de ambas, e também
pelo acesso para a coleta de dados e pelo interesse da ambas na pesquisa.
Por se tratar de uma pesquisa que envolve diretamente a atividade das
pessoas e suas relações dentro da organização, a pesquisa classifica-se como
qualitativa “preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado”
(MINAYO,1998, p. 20), em que se pondera a relação dinâmica entre o mundo real e
o sujeito, ou seja, uma relação integrada entre o mundo objetivo e a subjetividade do
sujeito em que não há quantificação ou mensuração em números (GIL, 1991 apud
SILVA, 2008, p. 14).
Conforme Gil (1991, p. 58) “pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de
poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento”
assim a pesquisa se classifica como estudo comparativo de casos, possibilitando
retratar uma realidade particular, mas que revela uma infinidade de aspectos
globais, comuns a diversos e diferentes participantes, pois ao reunir um número
significativo de dados com um maior cuidado no detalhamento, colabora para a
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compreensão de um determinado fato, e oportuniza desenvolvimento, ampliação e


reformulação de teorias já existentes, porém escassas a respeito do assunto
(CHIZZOTTI, 1995).
Esta pesquisa tem uma abordagem explicativa, sendo um relato do significado
das coisas, ou seja, “visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a
ocorrência dos fenômenos”. Ainda, de acordo com Silva (2008, p. 15) a pesquisa
explicativa é um “método de observação aplicado nas ciências sociais”.
A coleta e análise dos dados executaram-se de acordo com os princípios do
método de pesquisa qualitativa. Fachin (2002, p. 82) argumenta que este tipo de
pesquisa “é caracterizada pelos seus atributos e relaciona aspectos não somente
mensuráveis, mas também definidos descritivamente”.
Para a coleta de dados foram realizadas 12 entrevistas semi-estruturadas,
sendo 8 entrevistas com os diretores e gerentes de departamento da empresa
privada e 4 funcionários na empresa pública. Utilizou-se entrevista semi-estrutura
para que houvesse um roteiro a ser seguido, mas com um pouco de flexibilidade
para que os assuntos fossem coletados de forma coerente e explorados
amplamente. Vale destacar que os funcionários da organização pública pertencem a
um escritório regional.
Por uma questão de ética profissional, conforme solicitações dos funcionários
da instituição pública, não foram anexados os relatos dos servidores, pois os
mesmos não queriam a divulgação de suas falas. Dessa forma, para que a pesquisa
tivesse uma maior credibilidade, foram realizadas observações não participantes.
Conforme Dorigan de Matos (2005, p. 23), a observação é utilizada quando um
“pesquisador com o propósito de atender as necessidades especificas de
determinada pesquisa”, para que o objetivo da pesquisa fosse alcançado, ainda na
questão de observação Lakatos (1996, p. 79), complementa “a observação ajuda o
pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os
indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento”. A
observação caracterizou-se como não participante, onde o pesquisador toma
contato com a organização, mas sem integrar-se a ela (LAKATOS, 1996)
Já no que diz respeito à análise de dados, todas as entrevistas realizadas
forma gravadas e transcritas, para melhor compreensão e analise das mesmas. Os
dados forma submetidos à análise de conteúdo, segundo Vergara (2006, p. 15) a
análise de conteúdo serve para “identificar o que está sendo dito a respeito de
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determinado tema”, já Baptista (2007, p. 266) salienta que a análise de conteúdo


“tem um objetivo de primeiro que permite interpretar os significados dos fenômenos
apresentados ao pesquisador, os quais tanto a pessoa como a sociedade não
compreendem”.
Para a interpretação dos dados, conforme Laville e Dionne (1999 apud
VERGARA, 2006, p. 19) existem as seguintes formas “a interpretação dos
resultados pode ser realizada por meio do emparelhamento (pattern-matching) ou da
construção interativa de uma explicação”. Para este estudo foi adotada a primeira
modalidade, tendo em vista que se buscou promover a associação dos resultados
com o referencial teórico adotado.
Conforme Holsti (1969, p. 14) “a análise de conteúdo é a aplicação de métodos
científicos a uma evidência documentária”. Dessa forma a pesquisa utilizou a técnica
do emparelhamento sugerida por Vergara (2006). Dentro dessa forma de
interpretação de dados também se utilizou a técnica de análise temática sugerida
por Richardson (1999), utilizando alguns temas importantes de um texto de acordo
com a pesquisa, realizando operações de desmembramento do texto em unidades,
ou seja, descobrir os diferentes núcleos de sentido que constituem a comunicação, e
posteriormente, realizar o seu reagrupamento em classes ou categorias de forma a
abarcar todo o conteúdo do discurso dos entrevistados em função do objetivo
proposto neste trabalho (BARDIN, 2002).

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


4.1 INSTITUIÇÃO PÚBLICA
Pode-se evidenciar que devido às características da estrutura organizacional
da instituição ela se classifica como híbrida. De acordo com Daft (1999, p. 146) o
principal valor desse modelo de estrutura é que “ela possibilita que a organização
persiga a adaptabilidade e a eficácia dentro das divisões de produto
simultaneamente com a eficiência nos departamentos funcionais”. Este modelo de
estrutura organizacional oferece vantagens que foram evidenciadas nos discursos
dos entrevistados, como a adaptabilidade e eficácia de cada departamento.
Contudo, em relação ao alcance da coordenação, aspecto também tido como uma
vantagem de tal estrutura, torna-se mais dificultosa, pela questão da existência de
departamentos isolados.
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Como toda estrutura oferece vantagens e desvantagens, a estrutura da


organização tem como desvantagens: conflito e sobrecarga administrativa. Na
questão do conflito o que foi evidenciado é que dentro de alguns níveis
organizacionais existem conflitos quanto à questão da legislação ambiental vigente e
também quanto aos interesses.
Conflito em relação à legislação ambiental ocorre pela existência de
departamentos que realizam funções similares, diferenciando-se somente por
interesse e nome. Algumas atividades exercidas por um departamento também são
exercidas por outro, acarretando assim conflitos de interesse.
Buscando-se evidenciar as características específicas de cada departamento
em relação ao todo organizacional, destaca-se que na tabela 1 é apresentada à
classificação de cada departamento quanto ao tipo de estrutura, levando-se em
considerações os modelos teóricos adotados.
Tabela 1 – Classificação dos departamentos da instituição.

Departamento Tipo de Estrutura

1. Diretoria Administrativa Financeira Híbrida

2. Diretoria de Estudos e Padrões Ambientais Híbrida

3. Diretoria de Controle de Recursos Ambientais Funcional

4. Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas Funcional

5. Diretoria de Desenvolvimento Florestal Funcional


Fonte: Site da intuição Pública (2011).

Nos departamentos predomina a estrutura funcional, que traz vantagens como


especialização, desenvolvimento da experiência e controle centralizado de decisões.
As desvantagens são conflitos funcionais, dificuldade de coordenação funcional e
limite de desenvolvimento interno (CERTO; PETER, 2005). Em função de suas
características, como funções rotineiras previamente estabelecidas e altamente
especializadas, justifica-se assim o predomínio do modelo funcional.
Os outros departamentos não possuem essa classificação devido às funções
exercidas e aos serviços oferecidos. A complexidade da estrutura da instituição é
grande, pois existem muitas subdivisões que exigem coordenação e controle e,
quanto mais complexa uma organização, mais difícil se torna coordenar e controlar,
sendo uma instituição pública sua complexidade ao longo do tempo aumenta.
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Pelas observações frente aos funcionários, devido ao tempo de trabalho de


cada um, a partir do conhecimento que cada pessoa tem sobre seu colega, observa-
se que devido ao conflito e a sobre-carga administrativa dos departamentos, esses
mesmos funcionários buscam a eficácia do seu trabalho a partir do isolamento, pois
para os funcionários, a resolução dos processos e do trabalho ocorre dentro do
escritório regional mesmo, assim os processos administrativos do escritório não
chegam a fazer parte das funções dos departamentos. Vale destacar que isso
acontece com a maioria dos processos administrativos, mas não com sua totalidade,
variando de acordo com o interesse e o tipo de processo.
4.2 INSTITUIÇÃO PRIVADA
Com o contato com os chefes de departamentos pode-se observar que todos
reconhecem a cultura da organização como sendo predominantemente familiar. Nas
conversas, para a obtenção de dados a respeito da estrutura da organização o
caráter familiar foi uma das características predominantes no modelo da
organização.

“A empresa é estritamente familiar, de todos os que compunham a parte administrativa


era familiar depois aos poucos foi mudando um pouco, mas o critério de comando
continua sempre familiar, então isso facilita a tomada de decisões, se você tem uma
dúvida você já consulta a diretoria então, automaticamente já entroso se é contrário já
esta decidido se você vai altera o plano ou não ou vai segui o plano” (Gerente
Financeiro).
Dessa forma observa-se que a empresa baseia-se na tradição da família,
principalmente devido ao processo de sucessão familiar que atualmente está em
andamento. Mas isso não quer dizer que a empresa seja uma organização
tradicional, por mais que apresente características deste tipo de organização. A
característica fundamental é a centralização na tomada de decisões, concentrada no
nível da diretoria.
Cabe também a partir desta estrutura destacar as vantagens que a
organização pode obter: promoção da especialização e aperfeiçoamento,
possibilidade de melhores salários e maior rendimento, maior facilidade de
adaptação das capacidades e aptidões à função e promoção da cooperação e o
trabalho em equipe. Sendo as desvantagens principais: difícil aplicação, requer
maior e mais difícil coordenação, difícil manutenção da disciplina, divisão de controle
e elevado custo (CURY, 2000, p. 231). Contrariando as características das
organizações tradicionais, a empresa é baseada na informalidade, o que permite
uma relação a partir do contato pessoal.
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“Existem reuniões informais, aqui uma empresa como essa não tem, tipo você vai perder
muito tempo na reunião, a turma conversa muito no escritório na hora do café, alguma
coisa assim, mais que isso não é preciso, é mais informal” (Gerente de Qualidade).
As relações interpessoais da organização como um todo, são predominadas
por dois modelos: a horizontalidade e verticalidade. A horizontalidade é a grande
relação existente entre os diversos departamentos da organização, e a verticalidade
se dá a partir da presença constante da diretoria. O repasse de informações
cotidianas no ambiente organizacional ocorre primeiramente pela diretoria e
posteriormente a partir do setor responsável.
Destaca-se ainda que a estrutura organizacional é baseada principalmente na
questão da família, predominando a informalidade, “resultado da interação
espontânea dos membros da organização, o impacto das personalidades dos atores
sobre os papéis que lhes foram destinados” (CURY, 2000, p. 117).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da estrutura organizacional torna-se um auxílio para todo o
desenvolvimento organizacional, pois ajuda na questão das relações de trabalho,
planejamento estratégico e gestão de mudanças. O presente artigo cumpriu com o
seu objetivo em analisar as estruturas de 2 (duas) organizações de diferentes
origens. Dentro do trabalho se levantou vários aspectos e constructos que podem
Vale destacar que a integração entre os departamentos deve ser trabalhada, para
que as barreiras existentes sejam quebradas e a relação entre os departamentos
seja maior, nos dois tipos de organização. A relação entre estrutura organizacional e
processos organizacionais é demasiadamente extensa, variando de acordo com a
situação e o processo.
Destaca-se que toda a estrutura organizacional é responsável pela realização
dos processos e a caracterização das organizações permite perceber como os
processos se desencadeiam dentro da dinâmica estrutural.
A principal característica observada nas duas organizações foi a funcionalidade
que cada departamento possui dentro do todo, caracterizando-se como uma
integração informal de trabalho. Recomenda-se que para que a organização pública
aumente sua eficiência dentro da funcionalidade dos departamentos, realize-se um
levantamento detalhado de forma sumária da função de cada departamento, para
que se diminua o conflito e que todos tenham um maior foco dentro da missão/meta
da instituição. Na organização privada recomenda-se que as relações de trabalho
devem serem elevadas a um grau estratégico para que os processos de trabalho
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originem informações úteis a seu determinado público. Ainda que a estrutura da


organização continue com a mesma configuração, faz-se necessária atenção
especial com relação à integração e coordenação e para tanto podem ser aplicadas
técnicas como desenvolvimento de equipes e/ou gestão de projetos, gerando um
maior grau na formalidade nas relações existentes, para que se garante uma maior
segurança dentro das combinações informais estabelecidas na organização,
incluindo o estabelecimento de políticas proporcionadas pela direção, que segundo
O’Hair, Friedrich e Dixon (2002) apresentam como comunicação formal nas
empresas.

Importante destacar que, a empresa privada possui uma missão, que difere da
missão da organização pública, assim o estudo da estrutura organizacional permite
que a empresa, indiferentemente de sua origem, analise o seu desenvolvimento
frente às relações existentes na devida estrutura.
A pesquisa e a análise da estrutura não significa somente verificar a
característica da empresa, sua comunicação e formalidade, mas permite verificar
inúmeros aspectos que podem levar a melhoria contínua, destaca-se: visão dos
colaboradores, relações e integrações funcionais, possibilidade e caminha para
realização de mudanças e coordenação de trabalho.
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Área temática: Gestão (Processos).

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