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XVIII Encontro
contro de Geografia da UNIOESTE
(ENGEO)
Organização Apoio:
:
RESUMOS EXPANDIDOS
XVIII Encontro de Geografia da Unioeste (ENGEO) e XII Encontro de Geografia do Sudoeste do Paraná (ENGESOP)
“Geografia: Ambiente e Sociedade”. Francisco Beltrão: 05-08 Ago 2014.
APRESENTAÇÃO
O ENGEO já está em sua décima oitava edição e visa integrar e difundir o conhecimento
de geografia, aproximando grupos e áreas de pesquisas distintas e que possuem como
alvo de estudo em comum a sociedade, a natureza e a sua interação. O ENGESOP é um
evento que procura suprir uma lacuna existente na divulgação do conhecimento
produzido na geografia na região Sudoeste do Paraná, contribuindo intensamente na
formação acadêmica e na extensão das pesquisas efetuadas no Sudoeste Paranaense.
Comissão Organizadora
XVIII Encontro de Geografia da Unioeste (ENGEO) e XII Encontro de Geografia do Sudoeste do Paraná (ENGESOP)
“Geografia: Ambiente e Sociedade”. Francisco Beltrão: 05-08 Ago 2014.
Comissão Científica
Eduardo Donizeti Girotto
Elvis Rabuske Hendges
Fabiano André Marion
Jacson Gosman Gomes de Lima
Luciano Zanetti Pessôa Candiotto
Luiz Carlos Flávio
Mafalda Nesi Francischet
Marcos Aurelio Saquet
Marga Eliz Pontelli
Najla Mehanna Mormul
Sílvia Regina Pereira
XVIII Encontro de Geografia da Unioeste (ENGEO) e XII Encontro de Geografia do Sudoeste do Paraná (ENGESOP)
“Geografia: Ambiente e Sociedade”. Francisco Beltrão: 05-08 Ago 2014.
Diagramação
Fabiano André Marion
ISSN
2176-5529
ISSN – 2176-5529
Tema: Ambiente e Sociedade.
CDD – 910.98162
XVIII Encontro de Geografia da Unioeste (ENGEO) e XII Encontro de Geografia do Sudoeste do Paraná (ENGESOP)
“Geografia: Ambiente e Sociedade”. Francisco Beltrão: 05-08 Ago 2014.
PROGRAMAÇÃO GERAL DO
XVIII ENCONTRO DE GEOGRAFIA DA UNIOESTE (ENGEO) E
XII ENCONTRO DE GEOGRAFIA DO SUDOESTE DO PARANÁ (ENGESOP)
“Geografia: Ambiente e Sociedade”
SUMÁRIO
1
Este trabalho é parte das reflexões por nós efetivadas na pesquisa de doutorado: “Memória e território:
elementos para o entendimento da constituição da cidade de Francisco Beltrão-PR”, realizada entre
2007/2011, no Programa de Pós-Graduação em Geografia, na Universidade Estadual Paulista, campus de
Presidente Prudente (ver FLÁVIO, 2011).
2
Docente do curso de Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Francisco Beltrão.
3
Poema inédito de Luiz Carlos Flávio.
Para Morin (2007), um dos problemas das ciências sociais repousa no fato desta se
apoiar em conceitos reducionistas que “deságuam” em uma visão linear da História, ao
tratar de realidades empíricas. Tal postura do pensamento dificulta capturar as contradições
que as permeiam, negligenciando aspectos importantes da História.
Nas leituras feitas acerca da constituição da cidade de Francisco Beltrão, tal
dificuldade se manifesta, dentre outras formas, no esquecimento da presença de segmentos
ou frações de populações, as quais, vencidas pelas forças colonizadoras, não são lembradas
ou registradas nos “anais” da História oficial.
Analisando os processos de dominação social entre grupos, Elias e Scotson (2000,
p. 32) sugerem que todos os segmentos de população que “não têm nenhuma função para
os ‘estabelecidos’ (grupos dominantes) e que simplesmente estão em seu caminho (...),
com muita freqüência são exterminados ou postos de lado até perecerem.”
Heller (2003) ressalta que os grupos hegemônicos buscam criar uma identidade
territorial. Esta por sua vez se impõe à base da exclusão de grupos exteriores à sua
identidade, aos quais Elias e Scotson (2000) denominariam “outsiders” (grupos
“marginalizados” pelos grupos hegemônicos).
Em toda disputa efetivada entre os grupos sociais, que se configuram como embate
entre “estabelecidos” e “outsiders”, os grupos dominantes podem “eliminar” os
“dominados”, seja nas relações materialmente erigidas sobre o território em disputa, seja
nas abordagens históricas empreendidas acerca de tais embates.
Assim, nas construções simbólicas que resultam de tais abordagens, é frequente que
os “outsiders” sejam “esquecidos” pela História oficial (dominante), construída, cultivada
e celebrada pelos grupos “vencedores”, que conquistaram o território, do qual/no qual os
“outsiders” vão sendo paulatinamente excluídos e, ao mesmo tempo, incluídos, de modo
precário, nas relações sociais de produção que sustentam a sociedade de que fazem parte.
Na análise de Langer (2007), uma das marcas mais relevantes do discurso
historiográfico que se refere à ocupação do território no Sudoeste do Paraná, diz da
cristalização de uma história de louvor ao conquistador, à valorização dos heróis e dos
grupos co-mandantes vinculados ao Estado.
Qual alertara Certeau (1982, p. 09-10), todo o processo de colonização da América
se constituíra utilizando um discurso do poder que tece uma escrita de conquista em que se
transforma “[...] o espaço do outro num campo de expansão para um sistema de produção”.
Em cidades sudoestinas, cujo exemplo privilegiado é Francisco Beltrão, a
4
A Gleba Missões era área alvo de grileiros de terras, desde fins do século XIX. Correspondia a praticamente
a metade do atual Sudoeste do Paraná, abrangendo parte de municípios como Santo Antonio do Sudoeste,
Salgado Filho, Manfrinópolis, Francisco Beltrão e a totalidade de municípios como Verê, Dois Vizinhos e
Cruzeiro do Iguaçu, numa linha que abarcava todos os demais municípios a oeste do atual sudoeste do
Paraná. O mapa em que consta a localização da Gleba Missões pode ser viso na figura 41, no capítulo 8.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, Ricardo. Transformações na vida camponesa: o sudoeste do paranaense.
Tese de doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1981.
CERTEAU, Michel de. A Escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
1982.
CORRÊA, Roberto Lobato. O sudoeste paranaense antes da colonização.In: Revista
Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, n. 1, p. 87-98, jan/mar, 1970.
ELIAS, Norbert, SCOTSON, John. Os estabelecidos e os outsiders. Rio de janeiro: Zahar,
2000.
FLÁVIO, Luiz Carlos. Memória(s) e território: elementos para o entendimento da
constituição de Francisco Beltrão-PR. (tese de doutorado).Programa de Pós-Graduação em
Geografia. Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, UNESP,
Presidente Prudente, SP. 2011.
HELLER, Agnes. Memoria cultural, identidad y sociedad civil. Indaga: Revista
Internacional de Ciencias Sociales y Humanas, Nº. 1, p. 5-18, 2003.
HOBSBAWM, Eric. Sobre história: ensaios. 5ª. reimpressão, São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
LANGER, Protásio Paulo. Conhecimento e encobrimento: o discurso historiográfico sobre
a colonização eurobrasileira e as alteridades étnicas no sudoeste do Paraná. Diálogos,
DHI/PPH/UEM, v. 11, n. 3, p. 71-93, 2007.
______ Toldos guarani na gleba missões: colonos e indígenas nas mesmas trilhas. Mimeo,
2009.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 3ª. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007.
Tais leituras nos instigam a atentar para o resgate do processo de alijamento, sujeição
e mesmo extermínio dos índios aí existentes. Esse processo inicia-se nas primeiras décadas
do século XIX, prolongando-se até as primeiras décadas do século XX, sendo conhecido
como período das frentes de ocupação paranaense, as quais podem ser assim
caracterizadas: 1) A primeira frente de ocupação se estende até a segunda metade do século
XIX, chamada Frente Pastoril, que construiu o famoso “caminho das tropas”.7 Neste
momento, os índios eram cooptados ou eliminados; 2) No segundo momento, temos uma
5
Este trabalho é parte das reflexões por nós efetivadas na pesquisa de doutorado: “Memória e território:
elementos para o entendimento da constituição da cidade de Francisco Beltrão-PR”, realizada entre
2007/2011, no Programa de Pós-Graduação em Geografia, na Universidade Estadual Paulista, campus de
Presidente Prudente (ver FLÁVIO, 2011).
6
Docente do curso de Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Francisco Beltrão.
7
Este caminho ligava regiões de fronteira do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná com Argentina e
Uruguai. A partir dele se estabelecia uma rede urbana que abastecia diversas cidades, como Cruz Alta,
Viamão, Vacaria (Rio Grande do Sul), Chapecó e Curitibanos (Santa Catarina), Palmas e Guarapuava
(Paraná), às famosas feiras de Sorocaba (São Paulo), as quais, por sua vez, faziam conexões com cidades
mineiras. Tal rede abastecia as cidades com mercadorias, como muares e outros animais para o trabalho,
charques etc. Em seu curso, surgiam e cresciam os povoamentos de cidades (PADIS, 2006).
“frente extrativa”, que se instala na segunda metade do século XIX persistindo até as
primeiras décadas do XX, quando a extração da erva-mate e da madeira era a principal
atividade praticada. Neste período, os índios eram aliciados a trabalharem como
"tarefeiros". 3) Desde os limiares do século XX, principalmente no tempo referente ao
episódio do Contestado (1912 a 1916), temos a abertura de uma frente agrícola, formada
por colonos migrantes oriundos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (REVISTA DO
JUBILEU..., s/d).
Com efeito, desde quando D. João aportou no Brasil, em 1808, havia a preocupação
de ocupar territórios para não se arriscar a perdê-los para países vizinhos. Sob as insígnias
do Estado, mas também dos interesses das províncias e de empresas particulares,
incentivava-se o avanço das fronteiras.
Diversos relatórios de funcionários, prepostos do Estado, presidentes de províncias
e mapeadores trabalharam a serviço do Império (Estado) para informar e orientar sobre a
situação das fronteiras. Inserem-se nesse contexto as disputas e questões de limites entre
Brasil e Argentina, as demandas fronteiriças entre províncias (como a questão do
Contestado, entre Paraná e Santa Catarina) e também as que envolveram grupos
econômicos entre si e mesmo deles com o Estado, a exemplo da disputa por terras entre a
Cia de Estradas de Ferro São Paulo-Rio Grande e Estado do Paraná, o que detalhamos no
capítulo 8.
Vários grupos da região de Guarapuava, sobretudo composto de paulistas e
mineiros, que se lançaram em lutas pela conquista e controle dos campos de Guarapuava,
estenderam, posteriormente, tais movimentos ao território sudoestino, então conhecido
como região de Palmas. Esses grupos objetivavam se apoderar das riquezas existentes
naqueles campos: terras férteis, madeiras, ervas, etc (WACHOWICZ, 1985).
Assim, as terras ocupadas pelos índios seriam integradas ao projeto colonizador,
cuja racionalidade que o guiava era a de que “a natureza oferece recursos que devem ser
transformados em riquezas” (STOCKMANN, 2001, p. 124-5) para os grupos que delas
conseguirem se apropriar.
Destarte, instaurou-se, através das frentes de ocupação, um processo civilizador. As
atividades econômicas inicialmente baseadas em práticas primitivas (atividades criatória,
pastoril e de agricultura de subsistência) iam paulatinamente cedendo espaço a
empreendimentos mercantis, os quais, ao mesmo tempo, expandiam as áreas de fronteiras
do que constituira, no ano de 1853, a Província do Paraná.
Todavia, para efetivar o controle dos campos mencionados, era preciso vencer os
obstáculos que se antepunham aos conquistadores, dentre os quais um dos principais era a
presença dos índios de diferentes etnias neles existentes.
O território era, muitas vezes, conquistado por meio da violência, já que algumas
tribos se punham a disputar as terras que consideravam suas. Desse modo, a solução
empregada era eliminá-los. Muitos grupos indígenas iam sendo empurrados para o Oeste e
o Sudoeste do Paraná, para fugir dos conquistadores.
Pombo, citado por Stockmann (2001, p. 125), assevera que
As tribos que habitavam os campos de Guarapuava foram quase todas (porque
poucas se submeteram) recalcadas para os sertões, eram as dos Camés, Xócrens,
Dorins (guaranis degradados, quase tapuias) etc. em quase todo o alto Tibagi
estanciavam umas hordas que se conheciam pelo nome de cainguangues. Para o
extremo sudoeste, pelo menos as tribos predominantes eram tapuias, não sendo
entretanto, para estranhar que mesmo por ali se encontrem Guaranis e até puros
Tupis dos que fugiram à conquista.
Não haveríamos de esquecer, ainda, que a presença dos índios nos espaços de
fronteira brasileira foi aspecto fundamental para que o Brasil ganhasse a causa referente à
Questão de Palmas, em 1895.8 Apesar dos extermínios indígenas e de suas emigrações
forçadas, eles ainda representavam 40% da população (índios e/ou mestiços), contando
4.173 pessoas, das 9.601 que moravam entre os rios Uruguai, Peperi-Guaçu, Santo
Antônio, Iguaçu, Jangada e Chapecó, segundo recenseamento de 1890 (WACHOWICZ,
1985, p.26). Isso sem considerar os contingentes não oficialmente registrados, cuja prática
era comum entre as populações do “mundo caboclo”, os quais podem ter sido
representativos.9
Nesse processo, à medida que se forjavam modificações nos hábitos dos índios
sobreviventes e integrados à ordem de colonização, ao mesmo tempo eles eram
importantes na ocupação do território que garantia o avanço dos conquistadores pelas
terras do Sudoeste do Paraná, assim como em todo o território paranaense e brasileiro.
Tem sido frequente entre os agricultores do Sudoeste paranaense o achado de
objetos, como machadinhas feitas de rochas, usados para caça; materiais de cerâmica,
como tigelas, como também ornamentos pessoais, colares, utensílios domésticos e de
trabalho, vestígios de taipas rudimentares, tal qual mencionam Basso, Rupp, Palsikowski
(2005) acerca do caso de São Jorge D’Oeste, um dos municípios sudoestinos.
8
Esta se refere ao litígio, onde Brasil e Argentina disputaram, durante anos, as terras de fronteira que
envolveram partes do território paranaense, incluindo o Sudoeste e parte do Oeste do Estado de Santa
Catarina. Ver Wachowicz (1985) e Lazier (1998).
9
Carlos Mendes de Oliveira trabalhou como “faconeiro” da Cango, na abertura da estrada da Cango, de Pato
Branco a Francisco Beltrão. Narra que seu pai trabalhava lavrando certidões de nascimento nos lugarejos
então existentes no Sudoeste paranaense, pelos idos de 1915. Era comum que “[...] o povo não queria
registrar seus filhos. Eles achavam que se todo mundo sabia que os filhos eram deles, por que registrar, então.
O mesmo achavam das pessoas mortas” (LAZIER, 1998, p. 140). Assim, muitas pessoas que viviam nessa
realidade, principalmente os indígenas, podem ter sido suprimidos dos registros oficiais.
REFERÊNCIAS
BASSO, Fátima Catarina, RUPP, Marizete Debortoli, PALSIKOWSKI, Paula Estela
Carletto. São Jorge D’Oeste: terra, história, memória. Francisco Beltrão: Calgan, 2005.
Introdução
O progressivo crescimento dos espaços construídos nas cidades tem ocupado as
áreas verdes em larga escala, gerando a necessidade do resgate de espaços livres e
públicoscomo meio de qualificação da paisagem e ampliação do convívio social.
Lynch (1997) reflete sobre a existência da intrínseca relação entre homem e meio, e
sobre como uma mesma paisagem pode conter variabilidade na recepção de suas
informações, significados, símbolos, de acordo com o indivíduo que a percebe. Sendo o
significado e a apropriação da paisagem variável de acordo com o seu usuário, deveria-se,
portanto, pensar, no ato da concepção de espaços abertos ou fechados: quem observa?
Quem participa deste espaço?
O planejamento urbano encontra o desafio de resolver espaços que permitam a
experiência acessível aos que dela participam, entretanto esse desafio é “negado” em
diversos projetos arquitetônicos, urbanísticos e/ou paisagísticos por não tratarem o espaço
como receptor de uma grande multiplicidade de usuários.
A precariedade de locais adequados para lazer, especialmente para pessoas com
alguma deficiência, levou ao estudo dos locais públicos destinados ao lazer no município
de Pato Branco. O estudo levantou informações a respeito da estrutura física de dois locais
de lazer e também como os sentidos humanos influenciam na apropriação desses espaços
pelos usuários.
Metodologia
A metodologia de pesquisa consolidou-se em duas etapas: a primeira etapa da
pesquisa consistiu na pesquisa bibliográfica e estudo de caso, através do método
exploratório, para a definição de conceitos, informações acerca da inclusão e necessidades
específicas e as relações dos sentidos humanos com os espaços vividos pelas pessoas, a
partir de livros, artigos acadêmicos e textos da internet. A segunda etapa foi a pesquisa de
Resultados/Discussões
Para iniciar os estudos de como se comportam os espaços públicos de lazer em
Pato Branco, buscaram-se conceitos sobre praças na bibliografia. A praça é uma das
formas mais comuns de espaços de lazer e elemento muito presente na formação do espaço
urbano. A origem etimológica da palavra praça é o vocábulo latino platea, ou rua larga. No
dicionário praça significa lugar público e espaçoso; largo. Segundo Alex (2008) “A praça:
Expressão Cultural Urbana, simultaneamente uma construção e um vazio, a praça não é
apenas um espaço físico aberto, mas também um centro social integrado ao tecido urbano”.
A praça está conectada a questão social formal e estética, nela ocorre toda a
interação de todos os indivíduos da sociedade, um lugar de manifestações dos costumes da
população. Gomes (2005) relata as praças brasileiras:
As praças brasileiras surgiram no entorno das igrejas, constituindo os primeiros
espaços livres públicos urbanos. Assim, atraíam as residências mais luxuosas, os
prédios públicos mais importantes e o principal comércio, além de servir como
local de convivência da comunidade e como elo entre esta e a paróquia
(GOMES, 2005, p.103).
10
Regulamenta a lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a política nacional para integração da
pessoa portadora de deficiência, consolida as normas de proteção e dá outras providências.
11
O termo correto hoje é “Pessoa com deficiência” (FROTA; LANCHOTI, 2011, p.9).
Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Pela lei
vemos que além dos direitos básicos do cidadão, esse também tem o direito ao bem-estar
pessoal, social e econômico.
Após a regulamentação da Lei No 10.09812, muitos estabelecimentos públicos e
privados foram adaptados ou projetados de acordo com as Normas de Acessibilidade em
Pato Branco. Mesmo com esses locais acessíveis, a maior fragilidade está nas áreas de
lazer, que possuem poucos elementos de acessibilidade, a maioria somente para
locomoção, por exemplo piso tátil. A NBR 905013, que trata da Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, não aborda o lazer acessível,
nem a criança com deficiência.
Diante da fragilidade das normativas que apoiam a legislação, a apropriação dos
espaços públicos pela população fica comprometida com a ausência de equipamentos que
promovam lazer e inclusão. A pessoa com deficiência está privada de usufruir do
mobiliário urbano, playgrounds, paisagismo e do espaço público em si, com autonomia,
assim abrindo a maior possibilidade de estarem segregados da sociendade. Atender
normas, adaptar espaços e somente facilitar acesso não basta, a pessoa com deficiência
precisa interagir com o espaço em que está inserida e essa interação faz com que cada
indivíduo, que possue diferentes percepções a respeito de determinado local, sinta-se
pertencente à determinado local.
Um espaço urbano terá uso se for satisfatório para seus usuários, não tendo uso,
tende a ser um lugar de pouco significado. Ornstein (2010), defende que para melhorar a
qualidade de um espaço urbano, é necessário entender como as características destes
espaços afetam os seus usos através de seus distintos usuários. A percepção e análise dos
espaços devem ser reconhecidas como parte do planejamento urbano, para criação de
espaços de qualidade.
Aqui se destaca a necessidade dos profisisonais envolvidos com planejamento
urbano compreender como os estímulos gerados por influência do espaço construído
possibilitam observar formas de perceber e de construir sentidos de uso dos espaços
públicos pelo ser humano. Para Feiber (2008) o lugar é significativo tanto para quem o
observa como para quem o pratica.
12
Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção
da acessibilidade.
13
ABNT NBR 9050: 2004 (30.06.2004) - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos.
O corpo humano é o centro das experiências sensoriais. O cotidiano faz com que
os corpos estejam em constante integração com o ambiente, essas experiências criam em
cada ser humano sua imagem do mundo, com isso o ambiente cria uma identidade pessoal
perceptiva.
Segundo Pallasmas (2011), a arquitetura é, em última análise, uma extensão da
natureza na esfera antropogênica, fornecendo as bases para a percepção e o horizonte da
experimentação e compreensão do mundo. Contudo os cinco sentidos não são apenas
receptores, mas mecanismos importantes para a compreensão de espaços.Portanto, as
relações estabelecidas entre o meio ambiente e os sujeitos parecem permeadas por questões
de indentidade e de valores que lhes garantam alguma inserção no contexto urbano. .
Constatando que a avaliação dos sentidos é um mecanismo para a compreensão de
espaços, além da avaliação da estrutura física dos espaços públicos, também foi avaliada a
percepção dos sentidos por parte dos usuários dos locais, os critérios de avaliação foram
atribuídos conforme cada sentido humano. Na visão foi avaliada a paisagem e áreas de
contemplação, na audição, os sons gerados pelo espaço, como folhas de árvores, canto dos
pássaros e água. No olfato, a vegetação, flores e etc. Os critérios de avaliação para o
paladar foi verificar a existência de árvores frutúferas, cafés e restaurantes e para o sentido
tato, o mobiliário e a vegetação. A paisagem e áreas de contemplação estão em segundo
plano nesses espaços, já que as áreas de recreação são mais utilizadas. Na avaliação
constatou que o usuário ao sentar-se para descansar indiretamente cria um local de
contemplação da vegetação e do canto dos pássaros. A vegetação existente no Parque
Cecília Cardoso por ter um acesso mais restrito e perigoso não possibilita a percepção do
sentido do olfato e outras sensções, já na Praça Getúlio Vargas a presença de árvores é
muito restrita. Verificou-se que esses locais de Pato Branco, mesmo muito utilizados, não
possuem atrativos para receber todas as pessoas.
Considerações Finais
A relação com os sentidos tem uma linha muito próxima com as vivências diárias,
com isso estimulando todos os sentidos, é importante a experimentação de sentidos em
espaços públicos, não somente para pessoas com deficiência.
Com a pesquisa constatou-se fragilidade muito grande nos locais de lazer de Pato
Branco, que não possuem lazer acessível, nem atividades que desenvolvam os sentidos, por
isso a necessidade de adaptar os espaços existentes e a criação de novos espaços para a
apropriação dos usuários.
O planejamento urbano do município é fator fundamental para intervenções e
criações de espaços públicos inclusivos na sociedade. Espaços que possam garantir o bem-
estar a toda população e ainda cumprir a função principal desses espaços que é garatir a
interação entre os indivíduos.É necessária a reflexão por parte dos profissionais envolvidos
com o planejamente de espaços em se criar espaços inclusivos, interativos em que os
cidadãos possam sentir-se pertencidos aquele local.
Referencias
ALEX, Sun. Projeto da Praça: Convívio e exclusão no espaço público. 2º Ed. São Paulo:
Editora Senac São Paulo, 2008.
BRASIL. Decreto nº 3.2989,de 20 de dezembro de 1999. Política Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3298.htm<acesso em: 18
jun 2014.
BRASIL. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 200. Estabelece normas gerais e critérios
básicos para a promoção de acessibilidade. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm<acesso em : 18 jun 2014.
FROTA, Thais; LANCHOTI, José Antonio. Manual de Acessibilidade de Design
Inclusivo para Habitação. 1º Edição. Rio de Janeiro:Instituto Muito Especial, 2011.
GOMES, M. A. S. De Largo a Jardim: Praças Públicas no Brasil: Algumas
aproximações, 2005. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Downloads/967-3935-1-
PB%20(1).pdf>. Acesso em: 10 jun 2014.
ORNSTEIN, Sheila Walbe; ALMEIDA PRADO, Adriana Romeiro de; LOPES, Maria
Elisabete. Desenho Universal: Caminhos da acessibilidade no Brasil. São Paulo:
Annablume, 2010.
PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. 1º Edição, 76p. Porto
Alegre: Bookman, 2011.
RHEINGANTZ, Paulo Afonso. Os sentidos humanos e a construção do lugar: Em busca
ao caminho do meio para o desenho universal. Publicado nos anais do Seminário
Acessibilidade no Cotidiano (CD-Rom). Rio de Janeiro, 2004.
Alcione Kaefer14
UNIOESTE
alcionekaefer@hotmail.com
Introdução
Neste artigo propomos a uma reflexão acerca de alguns aspectos da apropriação e
produção territorial da mesorregião Sudoeste do Paraná, com destaque ao processo de
ocupação do município de Marmeleiro e da Comunidade de Manduri.
Ocupação do Paraná
A ocupação sistemática do Estado do Paraná iniciou-se na faixa leste, estendendo-
se ao planalto curitibano e seguindo em direção aos campos gerais. Somente com o fim da
Monarquia, no final do século XIX e início do século XX, a região do Norte velho
começou a ser ocupada gradativamente por fazendeiros mineiros e paulistas que inseriram
a prática cafeeira na região (WACHOWICZ, 1987).
Nos anos de 1920 e 1930, o povoamento das regiões Norte novo e novíssimo do
Estado passam a ter outras características, pois o governo promove à entrada de empresas
colonizadoras. Estas empresas exerciam a comercialização de lotes de terras aos migrantes
e direcionavam a organização da propriedade a partir da lógica capitalista (WACHOWICZ,
1987).
Os territórios do Oeste e Sudoeste do Paraná tiveram as últimas políticas de
povoamento, começando a ocupação sistemática de forma lenta, entre 1900 e 1920, e
acelerando-se a partir de 1940 com o recebimento de fluxo migratório dos Estados do RS e
SC. Estas duas regiões, até então, eram desconhecidas e pouco valorizadas, devido às
peculiaridades naturais e à falta de estradas que as ligassem ao resto do Estado
(WACHOWICZ, 1987).
14
Acadêmico do 3º ano de Licenciatura em Geografia da UNIOESTE/ Campus de Francisco Beltrão.
Integrante como bolsista IC/CNPq do Grupo de Estudos Territoriais (GETERR).
15
Acadêmica do 3º ano de Licenciatura em Geografia da UNIOESTE/ Campus de Francisco Beltrão.
Integrante como bolsista IC/FA do Grupo de Estudos Territoriais (GETERR).
A História de Marmeleiro
A ocupação sistemática do município começou somente a partir de 1912, porém
em um processo lento de povoamento. Os fluxos migratórios só aumentaram de forma
significativa nos anos de 1930 e 1940 (MARQUES, 1980).
A exemplo disso, em 1944, por necessidades locais, alguns sócios criam a serraria
Dambos e Piva, que era a única na redondeza que vendia madeira para as pessoas
construírem suas casas no município. Na madeireira Dambos e Piva, em 1949, inaugura-se
á hidrelétrica do município, que servia para iluminar as poucas casas existentes no povoado
(MARQUES, 1980).
Entre os anos de 1962 e 1964, várias indústrias se instalaram na cidade de
Marmeleiro, no ramo alimentício (panificação), mecânica, farmacêutica e posto de
combustível.
Parte dos habitantes de Marmeleiro é de origem brasileira, vindos de Palmas e
Clevelândia, no fluxo migratório dos anos de 1940. A partir desse ano, caracterizam-se a
chegada de migrantes dos Estados do RS e SC, todos de origem italiana e alemã. Os
gaúchos vinham das cidades de Guaporé, Erechim e Passo Fundo, já os catarinenses,
deixavam as cidades de Ibicaré e Joaçaba (MARQUES, 1980).
Sendo assim no município de Marmeleiro, “Até 1970, os habitantes de origem
brasileira representavam 40% da população; os de origem italiana, 35%; os de origem
alemã, 20% e as demais origens 5%” (MARQUES, 1980, p.103).
As edificações, entre 1915 e 1945, eram todas de madeiras e cobertas de costaneira.
No interior do município muitas casas eram altas para guardar as ferramentas de trabalho
em baixo da casa. A partir de 1960, começam a surgir as residências de alvenaria, pela
durabilidade e pelo aumento excessivo no custo da madeira (MARQUES, 1980).
A economia de Marmeleiro, em 1950, baseava-se na extração da madeira, atividade
que era cercada por muitas dificuldades, devido à falta de estradas em boas condições para
chegar até o porto de Paranaguá, onde o produto era exportado. As estradas do interior
eram péssimas, abertas na maioria das vezes pelos próprios moradores do lugar.
A comunidade de Manduri
Manduri é fundada aproximadamente no ano de 1950, e recebe este nome porque
no povoado existia muita abelha com essa denominação. Seus fundadores, na maioria
vindos dos estados do RS e SC, migraram para comprar terra e tentar melhorar as
condições de vida, porque muitos moravam de agregados nas propriedades de estranhos.
Considerações finais
Concluímos que, a formação dos territórios tanto da região Sudoeste do Paraná e do
município de Marmeleiro, percebe-se que neste processo possui determinantes políticos,
econômicos, culturais e religiosos que coexiste ao mesmo tempo e espaço, mas que atuam
em diferentes intensidades ao longo dos anos. Estas diferentes intensidades são
controladas pelas relações pessoais, podendo ser percebidas no intenso fluxo migratório a
região Sudoeste Paraná em 1940, porém nos anos anteriores de forma lenta e insuficiente.
Além disso, a construção territorial, na maioria das vezes, não apresenta uma relação
harmônica, mas sim conflituosa, devido às relações de poder de forma explicita.
Referências
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In: ALVES, Adilson; FLÁVIO, Luiz; SANTOS, Roseli(Org) . Espaço e território:
interpretações e perspectivas do desenvolvimento. Francisco Beltrão: Unioeste, 2005. 109-
124
DALBOSCO, Juliana. A colonização italiana na formação da Barra Grande no
município de Itapejara D Oeste, PR. 2007.TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) -
Graduação em Geografia,UNIOESTE/Campus de Francisco Beltrão-PR, 2007.
LAZIER, Hermógenes. Análise histórica de posse de terras no Sudoeste do paranaense.
2. Edição: Grafit, 1997.
WACHOWICZ, Ruy. Paraná, Sudoeste: Ocupações e Colonização. 2 Ed. Editora
Vicentina. Curitiba, 1987.
VAZ, Francisco Marques. Histórico de Marmeleiro até 1980. Prefeitura Municipal de
Marmeleiro Estado do Paraná, 1980.
Juvenir de Mello
Universidade Estadual do Oeste do Paraná-Unioeste
juvenirmello@hotmail.com
está associada ao processo histórico. Cada fração de uma determinada sociedade forma um
todo.” As movimentações de imigrantes articuladas com as políticas do Estado e com a
expansão da indústria nacional influenciaram modificações no meio rural de diversas
regiões.
Consequentemente quando uma região se torna fortalecida por políticas de
incentivo ao desenvolvimento do meio rural, por outro lado, entram em cena os agentes
econômicos que podem bancar economicamente a demanda efetivada por terras nestas
regiões, ou seja, o mercado de terras é representado como a conjunção dos planos dos
compradores e vendedores de terras, imobiliários que tem a possibilidade de sustentar
economicamente a demanda aos diferentes preços. Preço ao qual deixa fora muitos
demandantes de terras que não tem condições econômicas para sustentar sua demanda a
esse preço.
Concluindo que diversos fatores fomentaram o crescimento e o fortalecimento das
atividades ligadas ao meio rural nesta região, sendo que as produções agrícolas se
constituíram como a principal atividade econômica do campo. Desta maneira a acelerada
demanda por produtos agrícolas com incentivo de novas tecnologias e financiamentos
ocasionam também a valorização das terras no Sudoeste do Paraná.
Referencial:
FLORES, Edson. Industrialização e desenvolvimento do Sudoeste do Paraná. Francisco
Beltrão, 2009.
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http://www2.sescpr.com.br/inventario/regioes. Acesso 19/07/2014
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MARTINS, Aloysio de Araújo Junior. O ensino de geografia econômica: dificuldades e
alternativas. ENPEG 10° Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia. Agosto
2009. Disponível em http://www.agb.org.br/XENPEG/artigos/GT/GT4/tc4%20(73).pdf,
acesso 10/07/2014.
RANGEL, I. A questão Agrária Brasileira. Comissão de Desenvolvimento de Pernambuco.
Recife, 1962.
_____.Questão agrária e agricultura. Encontros com a Civilização Brasileira, Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, n. 7, 1979.
SANTOS, A. ROSELI, Território e modernização da agricultura no Sudoeste do Paraná
Revista Espanco Acadêmico-N.118, Marco de 2011.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
Hucitec, 1996.
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988.
Então, a partir dos anos 1950 é que se começou a elaborar uma legítima disciplina
reconhecida como Geografia da População e cuja principal diferença, em relação às
contribuições abrolhadas de ciências diversas, estava na propagação de títulos direcionados
De acordo com a citação, e com o que foi apresentado até o momento, podemos
admitir que qualquer tentativa de análise de uma área, temática ou disciplina como a
Geografia da População por si só é complexa. Uma vez que entendemos que estudar
população remete-nos a analisar os fenômenos como eles são, não como aparentam ser.
Referências
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Publishers, 1980.
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Apresentado ao Concurso de Livre-Docência na Disciplina Análise Populacional – IGCE – UNESP
– Rio Claro, 1997.
DAMIANI, A. L. População e Geografia. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2008.
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Assoc. of American Geographers, 1963.
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Information, 1966.
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1953, 43: 71-97.
ZELINSKY, W. Introdução à Geografia da População. Rio de Janeiro, Zahar, 1969.
Objetivos e Metodologias
A presente pesquisa, em desenvolvimento, tem como objetivo identificar as
perspectivas e limites das mulheres jovens rurais, que estudam na Universidade Federal da
Fronteira Sul – no campus Realeza, em relação à permanência no espaço rural e/ou
migração para o espaço urbano.
Para aprofundar a base teórica, faremos levantamentos bibliográficos
principalmente sobre os seguintes conceitos: agricultura familiar, juventude rural,
migração, masculinização do campo, gênero, patriarcado, redes e espaço geográfico. Em
seguida, será realizada a coleta de dados, por meio da aplicação de um questionário com
questões abertas e fechadas, para as jovens mulheres (que sejam filhas de agricultores e
tenham idade entre 15 e 29 anos), que ingressaram nos cursos de graduação, nos anos de
2010 até 2013, na Universidade Federal da Fronteira Sul, no campus Realeza. Além da
pesquisa de campo, também será realizada coleta de dados secundários no IBGE e
entrevistas com as lideranças políticas do movimento pró-universidade. Com os
questionários aplicados e feita a tabulação dos dados, será definida a amostragem para
realização de entrevistas com as jovens mulheres.
16
Pesquisa de Mestrado (em desenvolvimento), vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Francisco Beltrão-PR.
Diante da condição que a mulher enfrenta no espaço rural, Brumer (2007, p. 42)
chama atenção “[…] para o avanço das pesquisas sobre a migração dos jovens, destaca-se
a importância de novos estudos sobre os fatores que atraem os jovens para atividade e para
a vida no meio rural”. Ainda segundo Brumer (2007, p. 42), “[…] é necessária uma
abordagem de gênero, que dê conta das condições de inserção e dos interesses e
motivações de rapazes e moças”.
A escolha das acadêmicas que frequentam a Universidade Federal da Fronteira Sul
para desenvolver a pesquisa se deu pela história e constituição da universidade, a partir das
lutas dos movimentos sociais populares da região. Entre os diversos movimentos que
somaram forças para conquistar uma universidade pública e popular para a região,
destacam-se a Via Campesina e Federação da Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-
Sul) e Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR) que
assumiram a liderança do Movimento Pró-Universidade.
O papel secundário nas atividades rurais, seu trabalho cotidiano pouco valorizado,
sem contar com as dificuldades encontradas para ter acesso aos rendimentos obtidos nas
atividades agrícolas faz com que muitas jovens não encontrem um sentido para sua vida
profissional na unidade produtiva familiar. É preciso considerar também a própria
dinâmica interna das famílias, fortemente enraizada na tradição patriarcal, na qual as
perspectivas de continuidade na atividade agrícola são sempre mais favoráveis ao rapaz,
Os motivos para emigração, conforme Brumer (2007, p. 36) são “[…] de um lado,
os atrativos da vida urbana, principalmente em opções de trabalho remunerado (fatores de
Dessa forma, pode acontecer uma crise na reprodução social entre agricultores
familiares, pois os jovens por diferentes razões, principalmente as mulheres, passam cada
vez mais a procurar de projetos profissionais no meio urbano, não permanecendo na
agricultura. E essa migração predominantemente jovem e feminina tem levado
gradualmente ao predomínio masculino entre os jovens rurais e tem contribuído para o
envelhecimento da população que permanece no campo.
As oportunidades no mercado de trabalho urbano e a expansão do setor de
serviços, tanto em residências como no comércio e na indústria, oferecem às jovens
Considerações finais
O estudo se encontra na fase inicial, mas, mesmo assim, é possível apontar breves
considerações sobre as relações da mulher no meio rural e suas relações na agricultura.
Nota-se que a mulher tem seu trabalho considerado como subalterno e desvalorizado, não
somente nas atividades agrícolas como em outros trabalhos, sendo as desigualdades de
gênero muito mais aparentes em relação à mulher.
Portanto, com a saída acentuada das mulheres jovens que não encontram no meio
rural ou na região, oportunidades produtivas que satisfaçam suas aspirações profissionais,
pode trazer implicações para essas comunidades, que não vão só perder habitantes, mas
também a capacidade de trabalho.
Referências
BRUMER, Anita. A problemática dos jovens rurais na pós modernidade. In: CARNEIRO,
M. J.; CASTRO, E. G. C. Juventude rural em perspectiva. Rio de Janeiro: Mauad X,
2007. p. 53-66.
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Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 205-227, 2004. Disponível em:
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CARNEIRO, M. J.; CASTRO, E. G. C. Juventude rural em perspectiva. Rio de Janeiro:
Mauad X, 2007.
FERRARI, Dilvan Luiz et al. Dilemas e estratégias dos jovens rurais: ficar ou partir?
Estudos Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, v. 12 n. 2, p. 237-271, 2004. Disponível
em: <http://r1.ufrrj.br/esa/art/200410-237-271.pdf >. Acesso em: 09 out. 2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 09 out.
2013.
WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. Jovens rurais de pequenos municípios de
Pernambuco: que sonhos para o futuro. In: CARNEIRO, M. J.; CASTRO, E. G. C.
Juventude rural em perspectiva. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007. p. 21-34.
WEISHEIMER, Nilson. Jovens agricultores: intersecções entre relações sociais de gênero
e projetos profissionais. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GENERO 7.,
2006, Florianópolis. Simpósios e pôsteres… Florianópolis: UFSC, 2006. Disponível em:
<http://www.fazendogenero.ufsc.br/7/artigos/N/Nilson_Weisheimer_01.pdf >. Acesso em:
02 out. 2013.
Introdução
Essa pesquisa tem principal objetivo analisar se os agricultores da comunidade de
Linha Pessegueiro, município de Guarujá do Sul – SC estão excluídos e como resistem ao
capital. Além disso, o estudo tem como intuito constatar a verdadeira situação dos
agricultores, sobre as mudanças na agricultura, como estão se estruturando, se estão
adotando novas tecnologias nas propriedades demonstrando se os agricultores resistem ao
capital e a exigências de se aperfeiçoarem como trabalhadores da agricultura.
Metodologia
No primeiro momento procurou-se fazer um levantamento bibliográfico através de
leituras em autores sobre os avanços tecnológicos na agricultura, as consequências
causadas, os créditos agrícolas e a educação no campo. Posteriormente, para ter melhor
compreensão do estudo foi elaborado para a pesquisa de campo um questionário
qualitativo que será aplicado as famílias. O questionário com 15 perguntas abertas e
fechadas permitira descobrir e caracterizar as famílias inseridas na área de estudo. Para
aplicar o questionário foi adotada a comunidade de Linha Pessegueiro, município de
Guarujá do Sul, SC, na qual foi definido por amostra aleatória simples o número de
famílias para aplicação do questionário.
A localidade escolhida para ser pesquisada é a maior comunidade em número de
domicílios, a maioria das famílias tem como atividade principal a agricultura e o
município de Guarujá do Sul, SC a principal atividade econômica é a agricultura.
Resultados e discussões
A escolha da comunidade de Linha Pessegueiro no município de Guarujá do Sul
nos chamou atenção pela realidade social e econômica. Nas primeiras informações
coletadas verificou-se ser a maior comunidade do município com aproximadamente 130
famílias, sendo que 58 famílias tem como atividade principal renda a agricultura podendo
algum membro da família trabalhar em outra atividade não agrícola e as outras 72 famílias
famílias têm mais que uma atividade na propriedade. Nas atividades desenvolvidas nas
propriedades as famílias declararam que trabalham com algum tipo de tecnologia. Na
atividade leiteira notou-se algumas propriedades utilizam várias tecnologias oferecidas no
mercado para aumentar a produção de leite e outras propriedades não possuem estrebaria
para ordenhar as vacas e os animais ficam amarrados em postes no galpão. No entanto, a
produção de leite é uma garantia de renda mensal para o agricultor e sua família.
Conforme Silva et al (2003) esse processo de modernização no campo trouxe
profundas transformações na base técnica e socioeconômica da agricultura, principalmente
nos meados da década de 60 até a década de 80. As mudanças do setor agrícola passou a
incorporar os chamados insumos modernos ao seu processo produtivo, utilizando
tecnologias, mecanizando a produção e integrando-se aos modernos circuitos de
comercialização.
Ainda segundo Silva et al (2003) as características da agricultura brasileira têm
particularidades de um modelo de desenvolvimento baseado no modelo norte-americano,
que se assentou nos princípios da “revolução verde”, se pautando na obtenção de ganhos
de produtividade, incorporando os novos fatores de produção com uso de sementes
melhoradas, adubos químicos, agrotóxicos e maquinaria agrícola.
Algumas famílias estão procurando se adaptar as novas tecnologias, notando a falta
de ter estudado mais, pois estão tendo dificuldades na administração da propriedade que
exige mais cuidado com a questão financeira da propriedade. Sendo que as novas
tecnologias demandam certo conhecimento e dedicação para programá-las e mesmo nos
bancos e cursos o agricultor necessita saber ler e escrever para poder compreender.
Em relação ao trabalho na agricultura 41,1% responderam que poderia melhorar,
pois os baixos preços, a falta de dinheiro, desestimulam muito o trabalho na agricultura. Já
29,4% das responderam que o trabalho é difícil pela mesma situação acima descrita. Como
fala a família 17 “não temos máquinas, dependemos da prefeitura e muitas vezes demora
para o serviço ser feito tornando o serviço mais difícil.” e já 11,7% responderam que está
bom seu trabalho.
Com relação ao estudo dos agricultores, 47% declararam que deveriam ter estudado
mais para continuar desenvolvendo seu trabalho na agricultura. Percebe-se que eles estão
encontrando dificuldade para realizar seus trabalhos, pois as novas tecnologias demandam
de mais conhecimento. No entanto 41,1% acreditam estar satisfeitos com sua escolaridade
e já 01 família ou 5,8%, declarou que os pais não precisariam estudar mais, mas sim os
filhos. Pois sempre conseguiram se mantiver na propriedade, mas isso não acontecera com
os filhos que precisam estudar mais. Na família 17 teve a seguinte declaração “precisava
ter estudado mais, mas se tinha estudado não tava na roça” e ainda mencionou a
dificuldade de hoje um agricultor completar seus estudos, pois as classes de alfabetização
para adultos são à noite, na cidade e o trabalho na agricultura é pesado e cansativo
desestimulando a procura de mais instrução.
Para Silva (2003, p.143) os créditos agrícolas se tornaram agente fundamental da
modernização da agricultura destacando que:
Considerações finais
A agricultura se tornou uma atividade muita dinâmica, mudanças ocorrem a cada
dia com novos equipamentos, sementes, insumos agrícolas, melhoramento genético
Referencias
SILVA, J. G. Tecnologia e agricultura familiar. Porto Alegre, RS: UFRGS, 2003.
SILVA, F.C.A.; HEIDEN. F.C.; AGUIAR, V.V.; PAULS, J.M. Migração rural e estrutura
agrária no oeste catarinense. Florianópolis. Instituto CEPA/SC, 2003.
SCHNEIDER, S. A pluriatividade na agricultura familiar. Porto Alegre. Editora da
UFRGS, 2003.
17
Levantamento de informações para a realização de Trabalho de Campo na Cidade Norte, vinculado às
atividades da disciplina Urbanização de Produção da Cidade, ofertada no 1º Semestre de 2014, no Programa
de Pós-Graduação em Geografia, Campus de Francisco Beltrão.
18
Mestrando em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de
Francisco Beltrão.
Chapecó construísse casas para abrigar os gerentes que vieram transferidos de outras
unidades [...] Isto por que o bairro se encontrava afastado do centro da cidade e ainda não
tinha casas de aluguel próximas à empresa” (LEAL, 2007, p.20).
Já na pesquisa realizada por Machado (2013), fica evidente que a responsabilidade
não é somente da antiga Sadia (inicialmente Chapecó Avícola S/A) para a constituição dos
bairros que integram a denominada Cidade Norte. Segundo Machado (2013) o poder
público municipal teve papel fundamental nessa configuração:
Este abatedouro, juntamente com as políticas públicas de direcionamento do
crescimento foram os grandes responsáveis pelo crescimento horizontal e o
surgimento dos Bairros Pinheirinho, Pinheirão, Sadia, Jardim Virginia, Antônio
de Paiva Cantelmo, Jardim Floresta e Padre Ulrico. [...] Quase todos os bairros
da “Cidade Norte” são resultado de conjuntos habitacionais construídos por meio
da parceria da Prefeitura Municipal com a Caixa Econômica Federal e a
COHAPAR, exceto os Bairros Pinheirinho e o Pinheirão, que surgiram de
ocupações irregulares (MACHADO, 2013, p. 108).
Dessa forma temos uma diferenciação urbana em Francisco Beltrão, a partir das
especificidades de cada área e/ou bairro, no que diz respeito às funções, ou seja, temos
bairros com uma disponibilidade maior de comércio e outros com a função de abastecer
com mão-de-obra esses locais comerciais e industriais. Ou seja, isso vai contribuir em
nossa visão, para uma diferenciação, também, nos níveis de vida, através da renda
diferenciada nos diversos pontos da cidade.
A partir do que analisamos nos trabalhos, a denominada Cidade Norte formou-se
inicialmente para possibilitar o estabelecimento da população que servia de mão-de-obra
para as indústrias que se instalaram no local: “O grande atrativo para essa população, que
se dirigiu para a zona norte da cidade foram as indústrias instaladas ali. Inicialmente a
“Chapecó” e posteriormente a Sadia” (MACHADO, 2013, p. 108).
Nos dias atuais percebemos uma presença de uma população diversificada em
termos de ocupação, desde trabalhadores das indústrias locais e de outras áreas da cidade,
onde muitos são oriundos de outros municípios da região, como observamos na pesquisa
de campo, que será apresentada a seguir.
A partir da instalação da empresa (Chapecó Avícola S/A) e posteriormente com o
estabelecimento de alguns moradores, se desenvolve um Subcentro, formado por
estabelecimentos comerciais e de serviços (lojas, mercados, farmácias) nas imediações da
empresa, concentrados na Avenida Atílio Fontana, a principal via da Cidade Norte.
A distância em relação à área central contribuiu significativamente para a
diferenciação populacional, não somente em relação aos níveis de renda dos moradores,
mas também em relação à prestação de serviços, à oferta de estabelecimentos comerciais e
ao auxílio do poder público, para suprir a área com infraestruturas básicas. Há uma grande
diferenciação entre essa área e outras da cidade, que são melhor equipadas e recebem uma
melhor atenção do poder público. Machado (2013, p. 108) ressalta que:
A paisagem urbana começava a ser organizada em duas partes significativamente
distintas: a área central, composta pelos bairros Centro, Presidente Kennedy,
Miniguaçu, Vila Nova, Industrial, Nossa Senhora Aparecida e Alvorada,
ocupada principalmente por pessoas das classes alta e média e a periferia [...]
mais os bairros Novo Mundo, São Miguel, Pinheirinho, Pinheirão e Padre Ulrico,
ocupados, em geral, por pessoas de classe baixa (pobres) (MACHADO, 2013, p.
108).
Além dessa breve análise histórica, realizamos o levantamento de alguns dados, por
meio de entrevistas realizadas com moradores daquela área, sobre as influências que a
empresa BRF exerce nas suas imediações, a atuação do poder público e as condições de
moradias da população, considerando a oferta de serviços básicos etc, que serão
apresentados a seguir.
19
As entrevistas foram aplicadas no bairro Pinheirinho nas proximidades da empresa BRF. Por meio dos
questionamentos visávamos identificar as influências da empresa no local, os atrativos do estabelecimento e
moradia no bairro e as ações do poder público na oferta de infraestrutura, segurança etc.
Foto 1: Local de aplicação de questionários: Rua Amapá, Bairro Pinheirinho (ao fundo a
Unidade da empresa BRF).
Referências
LEAL, Marines Willer. Indústria e expansão urbana: uma contribuição ao
entendimento da cidade Norte (Francisco Beltrão). Francisco Beltrão/PR, 2007.
Monografia (Bacharelado em Geografia)-Unioeste, Francisco Beltrão, 2007.
MACHADO, Gilnei. Implicações paisagísticas no processo de evolução urbana de
Francisco Beltrão. Revista Faz ciências. Volume 15 – Número 21– Jan/Jun 2013, p. 93-
121.
20
Trabalho apresentado na primeira fase do curso de Pós-Graduação (Stricto Sensu) em Geografia da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus de Francisco Beltrão, como requisito de avaliação para
a disciplina: Urbanização e Produção das Cidades, ministrada pelo Profa. Dra. Silvia Regina Pereira.
21
Aluno Especial da primeira fase do curso de Pós-Graduação (Stricto Sensu) em Geografia da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná - Campus de Francisco Beltrão. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela
Faculdade Mater Dei – Campus de Pato Branco – (2013).
22
Acadêmico da primeira fase do curso de Pós-Graduação (Stricto Sensu) em Geografia da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná - Campus de Francisco Beltrão. Graduado em Licenciatura em Geografia pela
Universidade Regional Integrada – Campus Erechim (2010).
não excederá duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota
máxima de quinze por cento.§ 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou
utilizar não esteja atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança pela
alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação [...]. (FRANCISCO
BELTRÃO, 2001, p. 23)
Somente depois de cinco anos decorridos, sem que o proprietário não cumpra as
obrigações de parcelamento, o poder público municipal poderá desapropriar o imóvel, com
pagamento em títulos da vida pública23, citemos:
23
"Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão resgatados no prazo de até
dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais
de seis por cento ao ano" (BELTRÃO, 2001, p. 23)
Podemos perceber assim, em nossa visita ao bairro São Francisco, que não há
correlatividade, entre o que está estabelecido na Lei 3300/2006 e a real situaçao do bairro.
Analisando o Mapa das principais instituições no bairro Nossa Senhora Aparecida -
Anexo B - temos que considerar, que neste mapa, deveria constar também, instituições
Referências
FRANCISCO BELTRÃO. Plano Diretor do Município de Francisco Beltrão. Lei
3.300/2006. Institui o Plano Diretor Municipal de Francisco Beltrão, nos termos que dispõe
o artigo 182, parágrafo primeiro, da Constituição Federal - Lei Federal nº 10.257/01 –
Estatuto da Cidade e da Lei Orgânica e dá outras providências, 06/11/2006.
_____________________. Estatuto da Cidade e Legislação Correlata. Lei 10.257/2001.
Dispositivos Constitucionais Lei n o 10.257, de 10 de julho de 2001 Lei n o 6.766, de 19
de dezembro de 1979 Índice temático, Brasilia, 2004.
Pollyana Poletto25
Unioeste – Francisco Beltrão
polly_poletto@hotmail.com
24
Reflexões vinculadas à pesquisa de Mestrado (em desenvolvimento), sob orientação da Professora Sílvia
Regina Pereira.
25
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(Campus de Francisco Beltrão). Integrante do Grupo de Estudos Territoriais (GETERR).
26
(GIST, Noel P. e FAVA, Sylvia F. La sociedade urbana. Barcelona, Ediciones Omega S.A. 1985).
hoje após três anos de sua inauguração, restam vários lotes vagos. Isso demonstra que a
propaganda sobre a segurança e o destaque para o contato com a natureza, não convenceu
as pessoas pertencentes aos segmentos de maior poder aquisitivo os quais optam por
residir em bairros de alto padrão, mas sem a necessidade de serem fechados.
Talvez isso ocorra porque a cidade não enfrenta altos índices de violência a ponto
de estimular a autosegregação e também pelo fato de que por ser uma cidade pequena, o
contato com a natureza e com os clubes que oferecem o lazer, é facilitado, não justificando
a criação de loteamentos exclusivo.
O que preocupa realmente na cidade de Pato Branco, é a segregação involuntária, a
qual é direcionada para a população mais carente, que sem opção de moradia perto do
centro comercial, acaba direcionando-se para os bairros distantes, muitas vezes sem
infraestrutura como esgoto, escolas, postos de saúde, transporte público, lazer etc. Essa
situação pode ser observada no Bairro São João, onde a população sem condições de
residir perto do cento, ou em bairros com boa infraestrutura, acaba realizando a
“autoconstrução” em áreas com baixo custo de vida. Haesbaert (1995) chama essas
moradias de aglomerados de exclusão, onde a própria exclusão promove o espaço dos
miseráveis Isso dificulta a vida cotidiana dessas pessoas, pois tudo que precisam para
sobreviver está distante e inacessível. Como ressalta Villaça (2001, p. 255):
O longe para elas é reduzido por vários processos: pelas dificuldades de acesso,
inclusive econômico, a um sistema de transportes satisfatório; pelas crescentes
distâncias, em tempo e em quilômetros, a que são impedidas suas casas e,
finalmente, pelo deslocamento dos centros de emprego e subemprego terciários
para a direção oposta à de seus bairros residenciais.
outras de lado. Isso ocorre através da ação dos agentes produtores do espaço urbano, sendo
um deles os “agentes imobiliários”, os quais são os principais culpados pela segregação
dirigida para as classes de baixa renda.
Os agentes imobiliários focam seus investimentos em áreas com altos custos de
aquisição, voltados para compradores em potencial, o que acarreta na valorização dessa
área, impossibilitando a compra por parte da população de baixa renda. Unidos com o
Estado -outro agente produtor do espaço urbano- os agentes imobiliários determinam as
áreas menos valorizadas, que acabam sendo direcionadas à população pobre. O Estado, ao
invés de interferir na localização das moradias e dar auxílio para a população de menor
renda, muitas vezes não cumpre com seu dever, no que diz respeito à:
[...] distribuição e gestão dos equipamentos de consumo coletivos necessários à
vida nas cidades. Entre os consumos coletivos mais importantes no atual
contexto histórico, destacam-se: abastecimento de água, luz, telefone, e a
instalação de redes correspondentes; sistemas viários e de transporte coletivo;
espaços coletivos de lazer e de esporte, equipamentos e serviços de saúde,
educação e habitação para as chamadas classes populares. (RODRIGUES, 1990,
p.20)
Referências:
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Contexto, 1990.
VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Nobel, 2001.
Rural e Projeto Mulher. Juventude Semeando Terra Solidária. São agricultores (as)
familiares que estão discutindo questões relacionadas ao projeto de desenvolvimento
sustentável e solidário, gênero, juventude, organização sindical e políticas publicas.
A agricultura familiar encontra-se diante de um grande desafio. Se por um lado se
consolida como categoria produtiva, capaz de se articular, propor reivindicar, e negociar
avanços estruturais necessários por outro lado se vê diante de um novo quadro global, que
privilegia o novo quadro global que privilegia o livre comercio que impõe uma
concorrência injusta que achata o ganho dos que vivem em economia familiar e coloca em
xeque o modelo de produção. Com a revolução verde os agricultores (as) familiares foram
induzidos a acreditar em um novo modelo, centrado na produção de grãos com uso da alta
tecnologia poderia garantir renda e desenvolvimento. Os agricultores (as) empobreceram
tornaram-se dependentes de empresas multinacionais. A globalização da economia fora do
domínio da propriedade agravaram ainda mais a crise e muitos abandonaram a roca.
Entretanto muitos resistiram e estão construindo as bases de um modelo alternativo que
passa pela produção agroecológica, pela diversificação das atividades, pelo processamento
e industrialização da ateria prima na própria propriedade, reduzindo a dependência das
grandes empresas, construindo associações cooperativas e em conjunto enfrentando os
problemas mostram que pode haver um modelo diferente, mais solidário e sustentável que
garanta a vida digna as famílias e o equilíbrio do meio ambiente.
Para o Sindicato a participação feminina tem extrema importância, tanto na
organização do Coletivo de Mulher, como na composição da direção que é metade do
quadro da direção. A história do Sindicato traduz muito a luta das mulheres que
acamparam, que se mobilizaram em defesa da categoria e da classe.
Os projetos que de forma mais direta beneficiam os agricultores são: o Projeto
Água e Qualidade de Vida, que visa à proteção de fontes, o programa de habitação rural, o
programa Fome Zero, o PAA e o PRONAF.
O mutirão da agricultura familiar aonde o Sindicato vai ate as comunidades levar
as informações, fazendo um processo de formação, fazendo campanha de documentação e
sindicalização. O Projeto Terra Solidária de alfabetização de jovens e adultos, o Projeto
Mulher que resgata a participação da mulher nos movimentos sociais, o consorcio da
juventude que trabalha com a juventude sobre geração de renda e participação da
juventude, o Projeto Todas as Letras em parceria com a CUT. Acreditamos que só através
da organização construímos referencias e experiências de participação dos agricultores.
Referências:
FETRAF-SUL, Congresso estadual da agricultura familiar: consolidando o
sindicalismo da agricultura familiar, 2013.
LUIZ PIRIN, 2014, entrevista.
PIRIN, LIZANDRA. Sindicalismo rural e agricultura familiar no município de
Francisco Beltrão-PR: 2006. 210 f. Dissertação (Mestrado em Geografia)-Universidade
Estadual de Londrina/Campus de Londrina, Londrina, 2006.
Introdução
O presente trabalho é uma reflexão inspirada no trabalho do Prof. Dr. Fabrício
Pedroso Bauab: “Ratzel: um outro olhar”30 no qual o eminente Professor de forma
didática e sucinta demonstra a simplificação em torno de Friedrich Ratzel na alcunha
estereotipada de “determinista”. Determinismo que conforme o referido texto expressou
uma face real acerca da relação sociedade-natureza, deixando de lado a face da busca da
compreensão da realidade e essência da totalidade que o geógrafo alemão procurava. Neste
trabalho tentamos uma breve reflexão acerca de um personagem não menos polêmico na
história da Ciência e da Ciência Geográfica: o economista e demógrafo britânico Thomas
Robert Malthus. O lado perverso do “pai da demografia” e de sua polêmica obra “Ensaio
Sobre a População” já foram competente e amplamente e criticados por muitos
acadêmicos. Numa perspectiva dialética traremos outras informações para um dos maiores
debates da ciência mundial, que envolve uma gama de áreas da Ciência e que parece que se
estenderá por um longo espaço de tempo.
O Pensamento Neomalthusiano
O termo “neomalthusiano” é amplamente utilizado na atualidade para se referir
àqueles que defendem o fim das pessoas com carência material ou meios para sobreviver.
Num sentido mais radical àqueles que defendem o fim dos mais fracos por sua
incapacidade nata em resistir frente aos mais fortes. Saindo do censo comum observa-se
que se trata de um preconceito de classe, onde a acusação é que aqueles que não acumulam
capital são menos eficientes, incompetentes etc. Assim ocupam o seu lugar de direito nos
estratos inferiores da sociedade. O preconceito ainda dá uma solução fácil para o fim da
miséria, acreditando que o extermínio e a nulidade da taxa de natalidade entre os pobres
daria o fim necessário aos “inferiores”. Em nenhum momento este preconceito classista
atinge o centro da verdade do capitalismo, onde comprovadamente a causa da desigualdade
29
Acadêmico do Programa de Mestrado em Geografia PPGG – Unioeste / Francisco Beltrão.
30
Texto trabalhado no ano de 2009 no primeiro ano do curso de Licenciatura em Geografia na unioeste –
campus de Francisco Beltrão. Devido a biografia recente do cientista, o presente trabalho adquire o caráter de
homenagem ao mesmo.
31
MARX, K. O Capital. São Paulo. Nova Cultural, 1983.
gerar mais riqueza, porém que aprofundava as desigualdades pelo processo de acumulação
– existia a carência alimentar.
GRÁFICO 1: DEMOGRAFIA MUNDIAL (1800-2020).
(1800
MILHÕES DE PERNÚRIA E
HABITANTES FOME
RECORRÊNCI
REVOLUÇÃO AS DA CRISE
AGRÍCOLA
RECONSTRUÇÃO
CRISE
Sciences Morales et Politiques (1833) Real Academia de Berlim (1833) e foi um dos
patronos e fundadores da Statical Society of London (1834).
Na obra de Malthus é visível e podemos perceber em raciocínios e citações a
influência de Jean-Jaques Rosseau, David Hume e Godwin. Em sua época tendo
influenciado outros intelectuais: David Ricardo, Jhon M. Keynes e Charles Darwin32.
Conclusão
Concluímos com um olhar materialista que Thomas Robert Malthus estava correto
no que se tratava de produção alimentar no período em que escrevera. Escreveu sobre o
passado e ao analisar o futuro não viu a dimensão da evolução técnica existente, assim
como o processo contemporâneo a ele: a Segunda Revolução Agrícola. Como lembrado
por Ernane Galvêas, Malthus não viu a evolução dos métodos anticoncepcionais ao longo
do século XX, assim acreditou em seu cálculo de evolução populacional em proporção
geométrica (2, 4, 6, 8, 10, 12,...). Também não viu a Segunda Revolução Agrícola em sua
plenitude, nem a Segunda Revolução Industrial. Não conheceu desta forma os grãos
híbridos, adubos químicos, técnicas mais adequadas para o manejo do solo, irrigação etc.
Assim acreditou que a produção de alimentos continuaria conforme as estatísticas do
período mostravam, acontecendo em uma proporção aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6, ...). Este foi
um erro universalmente conhecido do demógrafo-economista. De qualquer forma houve
uma grande contribuição da obra malthusiana para Darwin e Keynes desenvolverem seus
trabalhos33. Mostrando os dois lados de sua obra no ínterim deixando clara a não nulidade
da mesma.
Referências
BAUAB, F. Ratzel: um outro olhar. Francisco Beltrão, 2009.
KEYNES, J. M. Some economic consequences of a declining population, The Eugenics
Review XXIX: 13-17, London, 1937.
MALTHUS, T. R. Ensaio Sobre a População. São Paulo. Nova cultural, 1996.
MARX, K. O Capital. São Paulo. Nova Cultural, 1983.
ONU. Fundo das Nações Unidas para a População. O estado da população mundial 2014.
MAZOYER, M. ROUDART, L. História das Agriculturas no Mundo. São Paulo. Editora
Unesp, 2009.
VIANA, N. Teoria da população em Marx. In: Boletin Goiano de Geografia v.26 . n.2,
jul/dez. 2006.
32
As informações bibliográficas sobre Malthus foram retiradas do prefácio da edição brasileira do Ensaio
Sobre a População, da coleção Os Pensadores. O prefaciador da referida obra fora Ernane Galvêas.
33
Teoria da Demanda Efetiva formulada por Keynes foi embasada na obra malthusiana. Darwin também as
aplicou a plantas e animais para desenvolver sua obra clássica "A Origem das Espécies".
Contextualização do Problema
Nas últimas décadas, a humanidade vem se defrontando com toda uma série de
problemas globais, sejam ambientais, econômicos, financeiros, de mercado e sociais. Neste
quadro, as preocupações com o ambiente, em geral, e com a água, em particular, adquirem
especial importância, pois as demandas estão se tornando cada vez maiores, sob o impacto
do crescimento acelerado da população e do maior uso da água, impostos pelos padrões de
conforto e bem-estar da vida moderna (MOTA, 1995).
É nesse contexto que as bacias hidrográficas assumem um papel importante no
planejamento e gestão ambientais, uma vez que representa a unidade de produção agro-
silvo-pastoril mais racional de se trabalhar, porque todos os fatores afetam a produção e o
equilíbrio ambiental refletem sobre suas características físicas bióticas e até mesmo
antrópicas (RESCK, 1992).
A bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água oriunda das
precipitações que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída. A bacia
hidrográfica compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de
drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu
exutório (TUCCI, 1997).
Para entender a dinâmica de uma bacia hidrográfica, é preciso expressar em valores
quantitativos os importantes parâmetros fisiográficos (área, fator de forma, coeficiente de
capacidade, altitude média, densidade de drenagem, comprimento do escoamento
superficial, comprimento da bacia, sinuosidade do curso d’água, dentre outros). Porém,
deve-se ressaltar que esses parâmetros, nenhum deles, são capazes de facilitar o
entendimento da complexidade de uma bacia hidrográfica.
1
Trabalho desenvolvido na disciplina de Geoprocessamento do Curso de Geografia Bacharelado;
2
Acadêmica do curso de Geografia da Unioeste;
3
Professor do curso de Geografia da Unioeste.
Metodologia
Considerando os problemas ambientais que surgem muitas vezes nas áreas das
nascentes dos rios principais resolveu-se estudar de forma comparativa duas microbacias
uma localizada na região das nascentes do rio Marrecas e a segunda localizada nas
nascentes do rio Marmeleiro. Para fins de reconhecimento a primeira microbacia foi
nominada de microbacia A e a segunda microbacia foi nominada de microbacia B.
As constantes inundações na área urbana de Francisco Beltrão, provocadas pela
cheia do rio Marrecas estima-se que a ação antrópica intensa causada por uma agricultura
tradicional nas áreas das nascentes desse deste rio pode estar auxiliando no soterramento
do rio pela erosão do solo nas lavouras, bem como acelerando o escoamento superficial das
águas das chuvas. Tal problema ambiental não é percebido com a mesma frequência no rio
Marmeleiro, que apresenta as mesmas características de ocupação em sua região de
nascentes.
O clima predominante de Francisco Beltrão e também em Marmeleiro, devido à sua
proximidades, na Classificação de Köppen é Cfa ou seja, um clima temperado, com
invernos amenos, cujas temperaturas são superiores a -3°C e inferiores 18°C e verões
quentes com temperaturas superiores a 22°C. Apresentam ainda índices pluviométricos
muitos altos, principalmente Beltrão, que é um dos maiores índices encontrados no Brasil,
chegando a mais de dois mil (2000) milímetros ao ano. (IBGE, 2010)
Desta forma para a determinação dos índices fisiográficos naturais das bacias
hidrográficas A e B foi utilizada como base as Cartas Topográficas do Exército na escala
de 1:25.000. E para a extração das informações como a área de drenagem (A) e do
perímetro da área (P), utilizou-se papel transparente para fazer a delimitação das
microbacias para posteriormente as informações serem passadas para papel milimetrado,
onde foi possível calcular a área e o perímetro, através de cálculos feitos manualmente.
Também foram extraídas da cópia informações como o comprimento do rio principal,
comprimento total da rede de drenagem, comprimento do talvegue do rio principal.
O coeficiente de compacidade (Kc), o fator de forma(Kf), a densidade de drenagem
(Dd), extensão média do escoamento superficial (l) e a sinuosidade do curso de água (Sin)
são índices desenvolvidos e adaptados para o Brasil por CHRISTOFOLETTI (1974; 1980)
onde dados obtidos por meio de cálculos matemáticos que levam em conta a área da bacia,
o seu perímetro e a extensão dos rios e córregos definem se bacias hidrográficas através de
seus aspectos naturais de captação e escoamento são mais susceptíveis a inundação.
Resultados e analises
A microbacia A apresentou uma área de 8.375.000 m² com um perímetro de 13.000
m e a B apresentou uma área de 2.187.500 m² com perímetro de 6.750 m, ficando bem
claro a superioridade em grandeza da bacia A sobre a B. Para Tucci (2000), este parâmetro
é considerado fundamental para definir a potencialidade hídrica da bacia hidrográfica, por
que seu valor multiplicado pela lâmina da chuva precipitada define o volume de água
recebido pela bacia,desta forma podemos considerar a microbacia A com uma
potencialidade hídrica bem superior ao da microbacia B.
Em outro passo foi estabelecida a hierarquia fluvial dessas áreas que segundo
(CRISTOFOLETTI, 1980), onde a hierarquia fluvial consiste no processo de se estabelecer
a classificação de determinado curso de água (ou da área drenada que lhe pertence) no
conjunto total da bacia hidrográfica na qual se encontra. Como resultado de tal
classificação obteve-se a microbacia A como uma bacia de 4º ordem, e a microbacia B, de
3º ordem.
Fator Forma (Kf) que relaciona a forma da bacia com a de um retângulo,
correspondendo a razão entre a largura média e o comprimento axial da bacia, podendo
através do resultado ser interpretada a tendência da bacia apresentar enchentes, pois uma
bacia com Kf baixo apresenta menor propensão a enchentes que uma bacia com Kf mais
alto e de mesma área. A microbacia A apresentou um Kf de 0,3038 e a microbacia B um
Conclusão
Como principal análise dos resultados deve-se aqui concluir que apesar a
microbacia B localizada na região das nascentes do rio Marmeleiro apresenta um maior
potencial natural de escoamento instantâneo das águas das chuvas do que a microbacia A
localizada na região das nascentes do rio Marrecas.Tal maior potencial natural de
escoamento pode em áreas a jusante provocar uma maior risco de inundações gerado pelo
rápido acúmulo da água das chuvas no leito do rio principal.
É sabido porem que as inundações que ocorrem na cidade de Francisco Beltrão
(cortado pelo rio Marrecas) são mais frequentes que as inundações ocorridas na cidade de
Marmeleiro (cortada pelo rio Marmeleiro), assim se generalizarmos as condições naturais
dos aspectos fisiográficos estudados na microbacia A e da microbacia B pode-se perceber
que as condições de aspecto humano podem estar interferindo diretamente para a
ocorrência das inundações que afetam a cidade de Francisco Beltrão. Tais condições
podem ser pela agricultura intensiva que retira a vegetação natural ocasionando um maior
escomamento superficial e uma maior erosão e o subsequente assoreamento dos leitos dos
rios.
Bibliografia
CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo, Edgard Blucher, 2a ed., 1980
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE Cidades@. Censo IBGE,
2010. Disponível em <http://cidades.ibge.gov.br/>. Acessado em Out. 2013.
MOTA, S. Preservação e Conservação dos Recursos Hídricos. Rio de Janeiro, ABES,
1995.
RESCK, D. V. S. Manejo e Conservação do Solo em Microbacias Hidrográficas.
Planaltina, Embrapa, 1992.
TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. 2a ed. Porto Alegre: Editora da
Universidade: ABRH, 1997.
TUCCI, C. E. M. Avaliação e Controle da Drenagem Urbana. Porto Alegre, Ed.
Universidade/UFRGS, 2000.
Introdução
O município de Campo Mourão está localizado na mesorregião Centro Ocidental
Paranaense é um dos importantes centros regionais do Estado do Paraná, destacando-se na
produção agrícola brasileira. De acordo com Borsato e Mendonça (2013) o município está
localizado a -24º 02' 44'' de latitude e -52º 22' 59'' de longitude, mostrando que a cidade
está próxima do Trópico de Capricórnio, paralelo de referência climática. O Trópico
delimita as zonas climática da Terra: ao sul, tem-se o clima temperado; ao norte, o clima é
o tropical (NIMER, 1979).
Por se tratar de uma zona de transição climática, entre o clima tropical e o
subtropical, a pesquisa parte de uma proposta do estudo das participações dos sistemas
atmosféricos no outono do hemisfério Sul, mais precisamente do mês de maio de 2009 em
Campo Mourão, cuja dinâmica sofre interferências tanto do clima tropical, como do
subtropical.
Na classificação de Koppen, o clima da região é o mesotérmico sempre úmido com
verões quentes, e invernos brandos, representado pela sigla Cfa. Com relação à
climatologia dinâmica, o outono, estação intermediaria entre a quente (verão) e a mais fria
(inverno), as massas de ar a que prevalecem são as de alta pressão, representadas pela
massa de ar Polar atlântica (mPa), e as de baixas pressão, representadas pelo Sistema
Frontal (SF) e massa Tropical continental (mTc). (BORSATO; JUNIOR, 2009)
Em relação a metodologia, seguiu-se a concepção dinâmica de clima, proposta por
Sorre (1951). A dinâmica da Circulação foi investigada na escala sinótica e analisada
também para a escala local. Os sistemas atmosféricos foram quantificados a partir da
leitura e interpretação das cartas sinóticas da Marinha do Brasil, metodologia proposta por
Pédelaborde (1970), e das técnicas desenvolvidas por Borsato (2006). (BORSATO;
MENDONÇA, 2013).
4
As discussões apresentadas neste trabalho compuseram o trabalho final apresentado à disciplina de
“Climatologia Dinâmica” do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual do Paraná –
UNESPAR, campus de Campo Mourão-PR.
5
Graduado em Geografia (Licenciatura) pela Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR, campus de
Campo Mourão-PR. Mestrando do Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Geografia, pela
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Francisco Beltrão-PR.
Em relação aos sistemas atmosféricos (Figura 01), foram utilizados os que atuam na
região Centro-Sul brasileira, ou seja: Sistema Frontal (SF), massa Tropical continental
(mTc), massa Tropical atlântica (mTa), massa Polar atlântica (mPa), massa Equatorial
continental (mEc). (VIANELLO; 2000).
Figura 1 - Posição média dos centros de ações dos sistemas atmosféricos que atuam no clima do
Brasil.
Resultados e discussões
O mês de maio faz parte do outono, estação que é caracterizada pelas noites mais
longas que os dias. No decorrer do mês de maio várias massas de ar atuaram sobre a cidade
de Campo Mourão, principalmente a massa Polar atlântica (mPa), correspondendo a um
pouco mais de 45% do total, seguido da
da massa Tropical continental (mTc), massa Tropical
atlântica e por fim o Sistema Frontal (Gráfico 01).
MASSAS DE AR - MAIO/2009
22,58% 16,13%
16,13%
45,16%
A pressão atmosférica
érica teve como média 1.016 hPa, graças a predominância da
massa Polar atlântica, que tem como característica a alta pressão. Deste modo, 55% dos
dias não houve precipitação, sendo nos outros 45% ocorreu uma precipitação total de 242,6
mm, com média de 17,44 mm/dia.
Já em relação a umidade, o mês de maio teve como média 90%, impulsionado pelos
dias chuvosos, chegando na casa de 98%, contra 82% nos dias sem chuva, dado a
predominância da mPa e mTc, que deixa o ar mais úmido.
As temperaturas do mês ficaram na
na casa dos 18,4 °C, temperaturas normais para o
outono no hemisfério Sul. A mínima no período chegou a 5,2°C e máxima 29,6°,
revelando uma amplitude térmica de 24,4°C.
A Figura 02 é o gráfico da análise
análise rítmica onde os a pressão atmosférica, a
temperatura máxima, mínima e a média compensada, a umidade relativa, a pluviosidade
diária, a direção do vento e os sistemas atmosféricos são apresentados em colunas diárias.
Dessa forma, é possível visualizar a interação entre os sistemas atmosféricos e os
elementos do tempo.
Considerações Finais
Com o presente estudo fica evidente que as técnicas empregadas, principalmente os
programas computacionais possibilitam interpretações mais precisas, além de ampliar as
Referências
BORSATO, V. A. A participação dos sistemas atmosféricos atuantes na bacia do Auto
Rio Paraná no período de 1980 a 2003. 2006. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais)
– Nupélia, UEM, Maringá
BORSATO, V. A; JUNIOR S. A. F. O índice de conforto térmico no outono de 2007 em
Campo Mourão Paraná e a participação dos sistemas atmosféricos. In: EPCT, IV,
2009, Campo Mourão. Anais ... Campo Mourão, NUPEM, 2009.
BORSATO, V. A; MENDONÇA F. A. A dinâmica dos sistemas atmosféricos no verão
2012-2013 no Paraná e em Campo Mourão. In: SEURB, II, 2013, Campo Mourão.
Anais ... Campo Mourão, SEURB, 2013.
BRASIL. Ministério da Marinha. Serviço Meteorológico da Marinha. Cartas sinóticas.
Disponível em: <http://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/prev/cartas/cartas.htm>. Acesso
em 14 nov 2013.
NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, Departamento de Recursos
Naturais e Estudos Ambientais n 4, 1979. 32 p.
PÉDELABORDE, P. Introduction a l’étude scientifique du climat. Paris: Sedes, 1970.
SORRE, M. Le Climat. In: SORRE, M. Les Fondements de la Géographie Humaine. Paris:
Armand Colin, 1951. Chap. 5, p.13-43.
VIANELLO, R. L., Meteorologia básica e aplicações. Universidade Federal de Viçosa.
Editora UFV 2000. P. 450
Luciana Müller
UTFPR (Campus Francisco Beltrão - PR)
lucyanna_muller@hotmail.com
Introdução
Assistimos nestes últimos 50 anos a um intenso processo de urbanização da
população brasileira. Segundo o IBGE (2010), o último censo populacional mostrou que
84% da população brasileira vivem em áreas urbanas.
Segundo Pfaltzgraff (2007) “a alta concentração da população nos grandes centros
urbanos não tem sido acompanhada de programas governamentais eficientes para o uso e
ocupação do solo”. Como consequência leva a população mais carente a ocupar áreas
naturalmente inadequadas, suscetíveis a riscos naturais.
A vulnerabilidade das unidades geomorfológicas pode gerar processos erosivos,
movimentos de massa, expansão e contração dos solos, colapsos de solo, que estão
relacionados ao uso inadequado da cobertura pedológica devido ao desconhecimento de
características físicas do terreno. A utilização de informações voltadas à caracterização do
meio físico, e o entendimento das relações entre ocupação desordenada do solo e os riscos
associados, são fundamentais para subsidiar ações de planejamento e administração
pública, pois dará suporte a adequabilidade dos terrenos para os diferentes fins,
minimizando os riscos de acidentes geológicos (MINEROPAR, 1998; 2010).
Neste contexto, estudos para buscar as melhores formas de se utilizar o solo são
indispensáveis. A utilização do Sensoriamento Remoto ganha destaque, pois permite a
aquisição de dados terrestres precisos. A partir desses dados, ferramentas do
Geoprocessamento serão aplicadas. O SIG (Sistema de Informação Geográfica) Spring
5.2.6 será utilizado neste trabalho, permitindo assim a coleta, armazenamento,
manipulação, análise e representação de informações segundo a sua aplicabilidade.
Metodologia
Através do Spring 5.2.6 a área foi dividida em classes de capacidade de uso do solo
conforme a divisão de Tomazoni (2009), o qual em seu trabalho, implementou um método
para determinação da capacidade de uso do solo urbano, através do qual classificou-se o
solo para da área de estudo.
Resultados
Na Tabela 1 estão descritas as classes de uso, a sua respectiva área e seu percentual
correspondente.
Na sequencia, em quinto lugar ocorre a Classe Ia, com 12,55% da área de estudo.
Que são Latossolos com declividade de 0 – 5%, considerados aptos a ocupação urbana,
com alto potencial para uso urbano, e possibilidade de ocupação em ≤ 90%. Porém, se este
solo for usado de forma indiscriminada poderá sofrer erosão hídrica, por isso devem ser
tomados alguns cuidados.
A Classe V ocupa uma área de 10,22% da área total. Nesta classe estão presentes os
Neossolos com mais de 70% de declividade, e as Áreas de Preservação Permanente, que
são solos considerados inaptos para a ocupação urbana. Os Neossolos são solos rasos, que
aliadas à alta declividade não tem aptidão para uso urbano, essas áreas devem ser
destinadas exclusivamente a preservação ambiental. Considerando-se as áreas de APP, na
elaboração do Mapa de Capacidade de Uso (Figura 1), desenhou-se uma faixa marginal
(em rosa) aos rios e córregos dentro da área urbana, as quais foram classificadas na Classe
V. Na Tabela 1, pode-se observar que estas áreas correspondem a 10,22% da área total.
Figura 1. Mapa de Capacidade de Uso do Solo na área urbana do município de Saudade do Iguaçu
– PR
Considerações Finais
Referências
IBGE. Censo 2010. Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br/noticias-
censo?id=3&idnoticia=1766&t=censo-2010-populacao-brasil-190-732-694-
pessoas&view=noticia> Acesso em: 30 jan. 2014.
PFALTZGRAFF, P. A. S. Mapa de suscetibilidade a deslizamentos na região
metropolitana do Recife. 151 p. (Tese de Doutorado) - Universidade Federal de
Pernambuco, Recife-PB, 2007.
MINEROPAR. Guia de prevenção de acidentes geológicos urbanos. Curitiba:
MINEROPAR, 1998. 52 p.
MINEROPAR. Acidentes geológicos urbanos. Curitiba: MINEROPAR, 2010. 80 p.
Disponível em:
<http://www.mineropar.pr.gov.br/arquivos/File/publicacoes/Acidentes_Geologicos_Urban
os_2010.pdf> Acesso em: 30 jun. 2014.
TOMAZONI, J. C.; GUIMARRÃES, E.; DALEFE, E. C. Método Para Determinação da
Capacidade de Uso do Solo Urbano. Synergismus scyentifica UTFPR: Pato Branco,
2009. 3 p.
Luciana Müller
UTFPR (Campus Francisco Beltrão - PR)
lucyanna_muller@hotmail.com
Introdução
A vulnerabilidade das unidades geomorfológicas pode gerar processos erosivos,
movimentos de massa, expansão e contração dos solos, colapsos de solo, que estão
relacionados ao uso inadequado da cobertura pedológica devido ao desconhecimento de
características físicas do terreno. A utilização de informações voltadas à caracterização do
meio físico, e o entendimento das relações entre ocupação desordenada do solo e os riscos
associados, são fundamentais para subsidiar ações de planejamento e administração
pública, pois dará suporte a adequabilidade dos terrenos para os diferentes fins,
minimizando os riscos de acidentes geológicos (MINEROPAR, 1998; 2010).
Segundo Tominaga (2007), os movimentos de massa consistem em importante
processo natural que atua na dinâmica das vertentes, fazendo parte da evolução
geomorfológica em regiões serranas. Entretanto, o crescimento da ocupação urbana
indiscriminada em áreas desfavoráveis, sem o adequado planejamento do uso do solo e
sem a adoção de técnicas adequadas de estabilização, está disseminando a ocorrência de
acidentes associados a estes processos, que muitas vezes atingem dimensões de desastres.
Neste contexto, estudos para buscar as melhores formas de se utilizar o solo são
indispensáveis. A utilização do Sensoriamento Remoto ganha destaque, pois permite a
aquisição de dados terrestres precisos. A partir desses dados, ferramentas do
Geoprocessamento serão aplicadas. O SIG (Sistema de Informação Geográfica) Spring
5.2.6 será utilizado neste trabalho, permitindo assim a coleta, armazenamento,
manipulação, análise e representação de informações segundo a sua aplicabilidade.
Neste trabalho, estudou-se o perímetro urbano da cidade de Saudade do Iguaçu,
avaliando a vulnerabilidade ambiental de acordo com o tipo de solo e o relevo.
Metodologia
A área de estudo foi separada em cinco classes de declividade, sendo que cada
classe corresponde a uma hierarquia de vulnerabilidade, e a cada uma foi atribuído um
peso (Tabela 1), conforme a metodologia de Ross (1994).
Tabela 2. Matriz entre os tipos de solos e as classes de declividade, para definir as classes de
vulnerabilidade
Classes de Tipos de solos
Declividade Latossolo Nitossolo Chernossolo Neossolo
<6% 11 12 13 14
6-12% 21 22 23 24
12-20% 31 32 33 34
20-30% 41 42 43 44
>30% 51 52 53 54
Vulnerabilidade I – 11, 21. Vulnerabilidade II – 12, 22, 32, 31. Vulnerabilidade III – 13, 23, 33, 43,
41, 42. Vulnerabilidade IV – 14, 24, 34, 44, 54, 53, 52, 51.
Resultados
Em ambiente Spring 5.2.6, com a ferramenta do módulo temático “operações
métricas”, calculou-se a área em hectares (ha) correspondente a cada classe de declividade
(Tabela 3).
são solos rasos e que por isso apresentam vulnerabilidade máxima, e também os
Latossolos, Nitossolos e Chernossolos com declividade acima de 30% e que pela
legislação, não devem ser parcelados. Portanto, áreas onde não deve ocorrer a ocupação
urbana.
Considerações Finais
Este trabalho permitiu avaliar o potencial de uso da área urbana do município de Saudade
do Iguaçu. A geração das classes de vulnerabilidade a partir dos tipos de solo e das classes
de declividade permitiu visualizar quanto da área é apta ao desenvolvimento urbano. Cada
classe de vulnerabilidade exibiu uma aptidão ou restrição à ocupação urbana, e requisitos
para que a mesma possa ocorrer.
Os resultados obtidos neste trabalho poderão servir de base para orientar a
instalação de novos loteamentos, o parcelamento urbano, a execução de cortes em taludes e
índices de ocupação do solo.
Referências
BRASIL. Lei 6.766, de 19 de Dezembro de 1979. Dispõe sobre o parcelamento de solo
urbano. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6766.htm> Acesso
em: 21 jun. 2014.
MINEROPAR. Acidentes geológicos urbanos. Curitiba: MINEROPAR, 2010. 80 p.
Disponível em:
<http://www.mineropar.pr.gov.br/arquivos/File/publicacoes/Acidentes_Geologicos_Urban
os_2010.pdf> Acesso em: 30 jun. 2014.
MINEROPAR. Guia de prevenção de acidentes geológicos urbanos. Curitiba:
MINEROPAR, 1998. 52 p.
ROSS, J.L.S. Análise Empírica da Fragilidade dos Ambientes Naturais e
Antropizados. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo, p. 63-74, 1993.
Disponível em: <http://citrus.uspnet.usp.br/rdg/ojs/index.php/rdg/article/view/225>.
Acesso em: 5 jan. 2013.
SCHÄFFLER, W. B. et al. Áreas de preservação Permanente e Unidades de
Conservação & Áreas de Risco. O que uma coisa tem haver com a outra? Relatório de
Inspeção da área atingida pela tragédia das chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro.
Brasília: MMA, 2011, 96 p. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/202/_publicacao/202_publicacao01082011112029.pdf
> Acesso em: 21 jun. 2014.
Introdução
A água é um recurso natural finito e necessário para praticamente todas as
atividades humanas. Sua disponibilidade diminui gradativamente devido ao crescimento do
consumo indiscriminado da mesma, em função do crescimento populacional, da
necessidade de produzir alimentos e da ampliação da indústria. A construção de poços
tubulares para a captação da água subterrânea tornou-se uma prática muito comum na
atualidade, sobretudo, por ser de fácil utilização e ter custos reduzidos. Porém, não raro,
esses poços são construídos em locais indevidos, próximo a atividades potencialmente
contaminantes. Outro problema, diz respeito à falta de manutenção e cuidados com os
poços depois de perfurados, pois quando mal construídos, os mesmos podem tornar-se
pontos de contaminação, afetando a qualidade da água utilizada pela população.
As águas subterrâneas encontram-se protegidas por camadas de solo e/ou rochas,
funcionando como reservatórios, sendo por isso, menos expostas à contaminação do que as
águas superficiais. Por outro lado, quando contaminadas, sua descontaminação torna-se
difícil e onerosa. Assim, tem-se a importância de estudos que disciplinem e planejem a
exploração das águas subterrâneas, bem como a caracterização da vulnerabilidade natural
nessas áreas (MARION, 2011).
O município de Realeza localiza-se no Sudoeste do Estado do Paraná (PR) e possui
uma população de 16.932 e uma área de 355,2 km² (IBGE, 2013). Está assentado sobre
rochas vulcânicas efusivas da formação Serra Geral. O clima é subtropical úmido, com
verões quentes e invernos amenos. As chuvas concentram-se nos meses de verão e não há
estação seca definida. As temperaturas variam em torno de 22°C e 18°C, e a precipitação
pluviométrica média é de 2.300 mm/ano. Os solos predominantes no município são
latossolos, associação de solos litólicos, afloramentos de rocha alterada e colúvios e solos
aluviais (MINEROPAR, 2002). A população utiliza poços tubulares para prover o
abastecimento d’água, não sendo incomum encontrar situações de descaso com as águas
Procedimentos técnicos
Para a construção da base cartográfica, foram utilizadas as cartas topográficas do
exército elaboradas pela DSG (Diretoria do Serviço Geográfico) em convênio com a
COPEL (Companhia Paranaense de Energia), ITCG (Instituto de Terras, Cartografia e
Geociências) e SEMA (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) na escala 1:50.000: MI –
2848/4 MI - 2848/2 MI - 2849/1 MI - 2849/3. O limite municipal foi baixado do site do
ITCG - Instituto de Terras, Cartografia e Geociências.
Os lineamentos geológicos foram extraídos do mapeamento geológico do Sudoeste
do Paraná na escala 1:200.000, realizado pelo convênio entre a CPRM e a MINEROPAR
(2006), disponibilizados através do site da CPRM. De acordo com a CPRM (2006), os
lineamentos constituem-se por feições lineares, topograficamente representadas por vales
alinhados ou cristas, geralmente indicando a presença de fraturas e/ou falhas geológicas.
Dessa forma, constituem-se em locais de fragilidade a infiltração de possíveis
contaminantes, aumentando a vulnerabilidade a contaminação das águas subterrâneas. No
software ArcGis 10, as informações foram integradas, utilizando como sistema de
referência o SAD 69 (South American Data 1969).
As informações pré-existentes referentes aos poços, foram coletadas do banco de
dados da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) via online no Sistema de
Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS). Após, realizou-se contato com a Prefeitura
Municipal de Realeza, onde efetuou-se um levantamento de dados pré-existentes com a
localidade onde os poços tubulares estão instalados. As atividades de campo foram
realizadas no dia 26 de julho de 2013, e o deslocamento foi possível através de um veículo
da prefeitura, bem como, da ajuda de um funcionário da mesma. Em campo, foram
extraídas informações referentes às coordenadas dos poços tubulares com o uso de um
aparelho receptor GPS (Global Positioning System) de navegação marca Garmim
fornecido pelo Laboratório de Geoprocessamento da Unioeste.
No dia 13 de outubro de 2013, foi realizada uma segunda ida a campo para a coleta
das coordenadas referentes às atividades potencialmente contaminantes. Foram visitados
treze locais, entre eles, postos de combustíveis, cemitérios, abatedouros, indústrias e o
aterro sanitário do município.
Resultados e discussões
O município de Realeza possui vinte e três poços cadastrados no SIAGAS/CPRM
sendo que entre esses, apenas onze possuem o nível estático aferido, que é fundamental
para a análise da vulnerabilidade a contaminação. Além desses, foram identificados vinte
poços tubulares, todos localizados na área rural do município. Esses poços foram
implantados pela prefeitura municipal de Realeza, visando atender a demanda de
abastecimento de água no perímetro rural, já que na área urbana o abastecimento de toda a
cidade é feito pela empresa Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná).
No perímetro urbano existem diversos poços tubulares construídos por particulares.
Entretanto, o que ocorre na maioria dos casos, é que esses não são devidamente
cadastrados, e isso dificulta para que haja fiscalização e que seja realizado um
acompanhamento da qualidade da sua água. Não foi possível aferir o nível estático dos
poços tubulares que não possuíam esse valor por não dispormos de um freatímetro
(aparelho utilizado para mensurar o nível d’água no poço).
Outro problema que se observa dos poços localizados, tanto no perímetro urbano
quanto no rural, diz respeito à proximidade de atividades potencialmente contaminantes.
Nessa pesquisa, foram demarcados com receptor de GPS, treze locais em que há possíveis
contaminantes dos recursos hídricos subterrâneos, sendo três postos de combustível, dois
abatedouros, três indústrias, quatro cemitérios e o aterro sanitário municipal. Alguns poços
Referências
CPRM. COMPANHIA DE PESQUISA E RECURSOS MINERAIS. Siagas. Disponível
em: <http://siagas.cprm.gov.br/wellshow/indice>. Acesso em 29 maio 2013.
CPRM - COMPANHIA DE PESQUISA E RECURSOS MINERAIS. MINEROPAR -
MINERAIS DO PARANÁ S/A. Mapa Geológico – Projeto Sudoeste do Paraná. Escala
1:200.000. Porto Alegre, 2006.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades@.
Disponível em: <http://cod.ibge.gov.br/23AKC>. Acesso em 23 out 2013.
ITCG – INSTITUTO DE TERRAS, CARTOGRAFIA E GEOCIÊNCIAS. Produtos
cartográficos. Disponível em:
<http://www.itcg.pr.gov.br/modules/faq/category.php?categoryid=8#>. Acesso em 29
maio 2013.
MARION, F. A. Águas subterrâneas, atividades potencialmente contaminantes e o aporte
do geoprocessamento na definição de conflitos. Geoambiente online, Jataí, n17, p.31-48,
jul/dez. 2011.
MINEROPAR - MINERAIS DO PARANÁ S/A. Projeto Riquezas Naturais – Avaliação
do potencial mineral e consultoria técnica à prefeitura municipal de Realeza – Relatório
Final. Curitiba, 2002. Disponível em:
<http://www.mineropar.pr.gov.br/arquivos/File/publicacoes/relatorios_concluidos/37_relat
orios_concluidos.pdf> Acesso em 15 jun. 2013.
PONTES, C. H. C.; LASTORIA, G.; PEREIRA, J. S. Panorama atual da Legislação
brasileira com referência à gestão da água subterrânea. In: SIMPOSIO BRASILEIRO DE
RECURSOS HÍDRICOS, 17. (SBRH), 2007, São Paulo, SP. Anais... Porto Alegre:
ABRH, 2007. Disponível em
<http://www.abrh.org.br/sgcv3/UserFiles/Sumarios/4b2bc5edddecead9e790716a16f7d34d
_3fe975e1e071cb299eb778f891a45b85.pdf>. Acesso em 20 set 2013.
Luciane Marcolin
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Francisco Beltrão
lucianemarcolin@hotmail.com
Introdução
O Solo como um elemento natural contribui e é essencial em estudos que visam à
compreensão e evolução da paisagem, pois é um elemento que guarda registros ambientais,
podendo-se então compreender, a partir de seus estudos, sua atual relação na paisagem,
inferindo sobre sua evolução ao longo do tempo.
Em paisagens tropicais e subtropicais, onde ocorrem climas mais quentes e úmidos,
tem-se acentuada ocorrência do intemperismo químico. O intemperismo químico promove
alterações na paisagem, o que permite a maior acentuação da pedogênese. No estudo de um
solo, neste caso, sobre o Latossolo, as análises químicas, físicas e mineralógicas são
cruciais para seu iniciar o seu entendimento, seja pra conhecer a sua gênese e evolução na
paisagem, seja para melhor poder usá-lo e ocupa-lo. No presente estudo procura-se
compreender grau de evolução de dois perfis de Latossolos localizados no extremo oeste
paranaense, considerando a hipótese de que as superfícies geomórficas em que eles se
encontram possam ser continuações das superfícies identificadas no sudoeste paranaense
por PAISANI et al (2008), que se estenderiam para o extremo oeste do Paraná.
Materiais e método
A descrição e coleta de solos foram realizadas por horizontes conforme Santos et al
(2005).
Análises físicas (análise granulométrica, argila dispersa em água, densidade do
solo, densidade de partículas) Foram realizadas conforme Embrapa (1987) no Laboratório
de /física do solo da UNIOESTE –MCR. A partir desses resultados também foram
calculados a porosidade total; relação silte/argila, grau de floculação da argila. Análises
químicas: macro e micronutrientes, para fins de classificação foram realizada no Lab. De
Fertilidade do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Análise de ataque sulfúrico,
para determinação dos óxidos de Ferro, Alumínio, Silício e Titânio e cálculo Das relações
moleculares Ki e Kr foram realizadas no Laboratório e Análise de Solo da a Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queirozsendo apresentado apenas o ataque sulfúrico.
Resultados
O perfil de solo identificado como perfil 1 foi classificado, conforme EMBRAPA
(2013) como LATOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico. Apresenta relação
silte/argila 0,7 (Tabela 1) nos horizontes superficiais indicando grau de intemperismo
relativamente elevado (EMBRAPA, 2013).
A densidade do solo no Perfil 1 varia de 0,87gcm-3 no horizonte superficial Ap à
2,10gcm-3 no horizonte Bw1. Esse aumento em profundidade indica maior adensamento do
solo, devido à quantidade de material pedológico pressionado pelos horizontes subjacentes
(Tabela 1).
AB 10-25 2,5YR 3/4 63,37 423,63 513 310 39 A 0,82 1,31 0,47
BA 25-40 2,5YR 3/4 71,21 330,79 598 330 44 A 0,55 1,80 0,45
Bw1 40-80 2,5YR 3/4 71 292 637 0 100 MA 0,45 2,10 0,34
Bw2 80-150 2,5YR 3/4 71,56 293,44 635 0 100 MA 0,46 2.03 0,20
Bw3 150-210 2,5YR 3/4 87,06 194,94 718 0 100 MA 0,64 2,05 0,37
Bw4 210-290 2,5YR 3/4 79,52 239,48 681 0 100 MA 0,35 2,06 0,15
referencia para a interpretação do Perfil 1 que apresenta valores bem mais elevados,
reflexo do agricultura ao longo de décadas. Esses valores mais baixos de densidade se
explica pelo fato do perfil estar sob floresta e nunca ter sido usado para fins agrícola ou
submetido a mecanização. Assim, tem-se maior preservação da matéria orgânica no solo e
ainda preservar a estrutura natural do solo. A porosidade total do perfil 2 apresenta
aumento linear em profundidade, refletindo a estrutura microagregada dos horizontes
subsuperficiais. (Tabela 1).
Nesse perfil a relação silte/argila foi de 0,6g cm-³, e assim como no Perfil 1, esse
valor indicam solo evoluído do ponto de vista pedogenético e alto grau de intemperismo
(Embrapa, 1984).
O ataque sulfúricopermite avaliar o estágio de intemperização do solo,
determinando o teor dos óxidos de ferro, silício, alumínio, titânio e manganês. Esses
óxidos são utilizados para o cálculo de índices de intemperismos. Esse índice, representado
pelas relações moleculares sílica/alumínio (SiO2/Al2O3 = Ki), é utilizado para estabelecer
um limite entre solos muito intemperizados (Ki < 2,0) e pouco intemperizados (Ki > 2,0),
além de ser um referencial empregado na definição de horizonte B latossólico (Ki < 2,2).
Outra relação é o Kr, que representa a relação molecular entre um elemento de grande
mobilidade, o Silício, e o somatório de elementos de baixa mobilidade, o ferro e alumínio.
Por envolver os teores de Fe, Al e Si, é empregado para separar solos cauliníticos (Kr >
0,75) de solos oxídicos (Kr < 0,75) (Resende & Santana, 1998; IBGE, 2005).
Os valores de Ki (<2,2) e Kr (>0,75) em todos os horizontes em ambos os perfis
estudados (Tabela 3) comprovam o elevado grau de intemperismo desses solos, e a
mineralogia caulinítica dos mesmos.
Considerações finais
Os perfis de solo originados a partir da alteração do basalto apresentam textura
argilosa a muito argilosa, sendo muito profundos e bastante intemperizados, estando
situados em zona de acentuado intemperismo químico, devido a temperaturas mais
elevadas (22º e 18ºC) e altas precipitações alta (médias anuais entre 1700 a 1800 mm),
estando, os perfis latossólicos condizentes com a paisagem local.
O elevado grau de evolução desses solos classificados colo LATOSSOLO
VERMELHO FÉRRICO distrófico e eutrófico é comprovado pelos atributos morfológicos
e químicos, bem como pelos os índices Ki e Kr.
Referências
KER, João Carlos. Latossolos do Brasil: uma revisão. Geonomos, 5(1):17-40, 1997.
PAISANI, Julio Cesar; PONTELLI, Marga Eliz; ANDRES, Juliano. Superfícies aplainadas
em zona morfoclimática subtropical úmida no Planalto Basáltico da Bacia do Paraná (SW
Paraná/ Nw Santa Catarina): primeira aproximação. In: Geociências, São Paulo, UNESP,
v.27, n 4. P. 541-553, 2008.
PEDRO, Georges. A alteração das rochas em condições superficiais (perimorfismo)-
caracterização geoquímica dos processos fundamentais. Notícia Geomorfológica, V.9.
Campinas-SP, 1969.p. 3-14.
SANTOS, Raphael David et al. Manual de descrição e coleta desolo no campo. 5. ed.
rev. e ampl. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência de Solos, 2005. 91p.
VIDAL TORRADO, Pablo; LEPSCH, Igo Fernando; CASTRO, Selma Simões de.
Conceitos e Aplicações das relações Pedologia-geomorfologia em regiões tropicais
úmidas. Tópicos em Ciência do Solo, 2005. 4:145-192.
Anderson Gibathe
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste
andersongibathe5@gmail.com
Introdução
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Granja Perobal está localizada
no município de São Jorge d’ Oeste, na mesorregião Sudoeste do Paraná e está inserida no
Bioma Mata Atlântica, em uma área de transição entre as subclassificações Floresta
Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista (Mata com Araucárias).
O conhecimento das espécies de uma determinada área e da condição ecológica que
estas estão inseridas é fundamental para o entendimento, planejamento e manejo que visem
a conservação da biodiversidade. Nesse sentido, o conhecimento das espécies florestais
arbóreas e das características fitossociológicas é fundamental para manejar adequadamente
as áreas do ponto de vista ambiental e também para gerar informações sintéticas que
podem ser usadas em ações de educação ambiental visando despertar a consciência dos
indivíduos abordados para a importância da conservação das áreas verdes para a
biodiversidade.
Este resumo é parte de uma pesquisa de iniciação científica que pesquisa a área e
para tanto foi analisado um fragmento florestal com área de 1,75 ha com presença de
árvores centenárias de uma espécie rara, porém cercado por áreas antropizadas e degradado
do ponto de vista ambiental.
Objetivo
Esse trabalho visa o estudo da composição arbórea e a análise de parâmetros
fitossociológicos de um fragmento florestal da RPPN Granja Perobal, com a finalidade de
conhecimento das espécies existentes, gerando informações sobre as espécies florestais
arbóreas nativas que ocorrem na região, dados para subsídio de manejo da área e material
para uso em ações de educação ambiental. Até o final da pesquisa será analisado mais um
fragmento, porém este com tamanho bem maior e em decorrência disso, com amostragem
de três parcelas.
Materiais e métodos
Caracterização da área estudada
A RPPN Granja Perobal foi instituída pela Portaria IAP 87, de 30 de março de
1998, como área de interesse público e em caráter de perpetuidade com 23,41 hectares de
área, localizada na Linha Perobal, na área rural de São Jorge d’ Oeste – PR (IAP 1998), na
mesorregião Sudoeste do Paraná, microrregião de Francisco Beltrão (IPARDES 2012). A
área situa-se próxima a Rodovia Estadual - PR 175, sendo composta de fragmentos
florestais do Bioma Mata Atlântica em uma área de transição entre a subclassificação
Floresta Ombrófila Mista (Mata com Araucárias) e Floresta Estacional Semidecidual,
tendo em seu entorno áreas visivelmente antropizadas com presença de lavouras
convencionais e uma área comunitária, com instalação de campo de futebol, centro
comunitário e templo religioso. A reserva foi instituída por possuir uma característica de
relevante interesse ecológico, a presença de exemplares centenários de Peroba Rosa
(Aspidosperma polyneuron), que apresentam porte superior em relação aos demais
indivíduos arbóreos da área.
Metodologia
Inicialmente foi realizada a revisão bibliográfica sobre o assunto, com consultas à
documentos oficiais, legislação, livros e sites sobre a temática trabalhada. Para a definição
de amostragens e parcelas utilizou-se a referência de Soares, Neto, Souza (2012) e Venturi
(2005). Para a identificação das espécies florestais foi utilizada a obra de Carvalho (2003)
e para a validação dos nomes científicos e famílias utilizou-se base “Catalog of Life”
(disponível em: www.catalogoflife.org).
Devido à grande quantidade de árvores na área trabalhada descartou-se a realização
de um inventário total das árvores existentes (censo) e optou-se pela amostragem (parcela)
com amostragem aleatória. Segundo Prodan et al. (1997, apud SOARES, et al. 2012, p.
149):
(...) um dos objetivos centrais da mensuração florestal é a obtenção do valor total
de algum atributo relacionado às árvores que compõem a floresta (...), como às
vezes é impossível realizar o censo ou inventário 100%, os inventários florestais
são feitos por amostragem, sendo as árvores selecionadas individualmente ou em
grupos denominados ‘unidades de amostra.
unidade de amostra deve ter um tamanho tal qual seja suficiente para incluir um número
representativo de árvores, porém pequeno o suficiente para que a relação entre o tempo de
estabelecimento versus o tempo de trabalho (...) não seja alto em demasia”.
Para o levantamento em questão foi estabelecida uma parcela quadrada de 20 m X
20 m, com área de 400 (quatrocentos) m², respeitando 30 (trinta) metros de bordas de cada
lado, para evitar interferências externas ao fragmento. A área foi delimitada com fita
zebrada, as árvores com circunferência à altura do peito (CAP) acima de 10 (dez) cm
foram medidas e numeradas, sendo as informações anotadas em uma planilha de campo,
com os dados: número da árvore, nome popular, CAP e observações, sendo que para as
árvores não identificadas a campo foi coletada uma amostra para posterior identificação.
Depois de realizada a coleta de campo os dados foram organizados, sendo extraído
o DAP (diâmetro à altura do peito), através da fórmula CAP/ π (circunferência da árvore à
1,30 m do chão) dividido pela variável π, torando possível a obtenção dos valores dos
demais parâmetros ecológicos.
Discussões e resultados
Nota-se que a unidade de conservação trabalhada é composta por fragmentos
remanescentes de uma floresta de grande proporção que teve a maior parte desmatada
possivelmente após a colonização da região. Na área amostrada observou-se a presença de
um indivíduo arbóreo de porte superior aos demais, trata-se de uma Peroba Rosa
(Aspidosperma polyneuron) que apresentou maior CAP 377 (trezentos e setenta e sete) cm
e maior DAP 120 (cento e vinte) cm. No seu entorno foram identificadas poucas espécies,
se considerado o valor médio das amostragens nesse tipo de formação florestal. Foram
identificadas 13 (treze) espécies arbóreas pertencentes a 10 (dez) famílias botânicas.
Analisando os dados coletados na parcela trabalhada foram inseridos em
parâmetros para análise fitossociológica da área, tais como:
- Densidade Absoluta (DA) e Relativa (DR): a densidade absoluta refere-se ao
número de indivíduos de cada espécie na área amostrada, enquanto que a relativa refere-se
ao percentual de cada espécie em relação ao total de espécies da parcela. A espécie que
apresentou maior densidade absoluta e relativa foi o Cafezeiro do Mato (Casearia
sylvestris) com vinte e quatro indivíduos (48 %), em segundo lugar o Cipó de Estribo
(Dalbergia frutescens) com sete indivíduos (14%) e sete espécies apresentaram apenas um
indivíduo (2%), sendo: Sucará (Xylosma tweediana), Canjerana (Cabralea canjerana),
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Paulo Ernani Ramalho. Espécies Arbóreas Brasileiras. Vol.1 Brasília:
Embrapa Informação Tecnológica, 2003. 1039 p.
LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras. Vol. I, 3ª Edição Nova Odessa: Instituto
Plantarum, 2000. 352 p.
PARANÁ. Portaria IAP Nº 87/98. Disponível na internet:
http://celepar7.pr.gov.br/sia/atosnormativos/form_cons_ato1.asp?Codigo=1852. Acesso
em 09 de Julho de 2014.
IPARDES. Relação dos Municípios do Estado ordenados segundo as Mesorregiões e
Microrregiões Geográficas do IBGE – Paraná – 2012. Acesso em 09 de Julho de 2014.
SOARES, Carlos P. B.; NETO, Francisco de P.; SOUZA, Agostinho L. Dendrometria e
Inventário Florestal. Viçosa: Editora UFV, 2012. 272 p.
ITIS. Catalogue of Life. Disponível em: <http://www.catalogueoflife.org/col/>. Acesso
em 09 de Julho de 2014.
Introdução
O solo pode ser entendido um arquivo natural, capaz de armazenar informações das
condições paleoambientais de uma área. Datações, análises isotópicas e análises fitolíticas
podem ser realizadas a partir de amostras de solo e paleossolos, aportando dados sobre as
comunidades vegetacionais que recobriram esse solo e seu entorno ao longo do tempo
(cronologia), permitindo assim a inferir sobre condições paleoambientais.
A caracterização dos atributos de um solo é muito importante para se conhecer as
condições em que tais informações paleoambientais se desenvolveram e se preservaram,
assim como conhecer a composição de um solo pode explicar a permanência ou ausência
destes proxies que fornecem informações ambientais.
A presente caracterização de atributos de solo é a parte inicial de uma dissertação
de mestrado que visa a reconstrução de condições paleoambientais da área da ESEC8 Mata
Preta em Abelardo Luz (SC). Neste texto são apresentados os principais atributosque
caracterizam um perfil do solo está sendo estuda do estudado em detalhe, para fins de
identificação de mudanças ambientais na área.
6
Aluna de Pós Graduação em Geografia – nível mestrado – da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
campus Francisco Beltrão.
7
Profa. Dra. do PPG em Geografia - Nível Mestrado da UNIOESTE-FB e do Colegiado do Curso de
Geografia UNIOESTE- MCR.
8
Estação Ecológica da Mata Preta
Material e métodos
A descrição morfológica e coleta de solo foram realizadas em uma trincheira de
1,5m x 1,5m x1m, seguindo Santos et al. (2005). Foram coletadas amostras por horizonte
para as análises químicas e físicas de rotina.
A análise de densidade do solo (Ds) foi realizada pelo método dos anéis
volumétricos de Kopecky (EMBRAPA 1997) e a análise granulométrica e a argila dispersa
em água foram realizadas pelo método da pipeta adaptado de Embrapa (1997) todas nos
Laboratórios de Física de Solo da UNIOESTE. A classificação da textura foi realizada
seguindo as classes apresentadas em Santos et al. (2013).
As análises químicas de rotina (Macro e Micronutrientes) foram realizadas no
Laboratório de Fertilidade do Instituto Agronômico de Campinas- IAC e de Ataque
Sulfúrico no Laboratório de Análise de Solos do Departamento de Solos da Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ/USP, em Piracicaba (SP). Estas
análises foram realizadas para fins de classificação do solo e para avaliar o grau de
desenvolvimento pedogenético dos horizontes.
Resultados
O perfil apresenta um solo mineral de 140 cm de espessura e sequência de
horizonte A, AB, BA, Bi e CR (Figura 1). O horizonte superficial satisfaz todos os critérios
de classificação como horizonte A húmico. O solo apresenta baixa saturação por bases
(V<50%) em grande parte dos primeiros 100 cm do horizonte B e contato lítico a 80 cm.
Apresenta cor (úmida) bruno muito escuro (7.5YR 2.5/3) nos horizontes A e AB,
passando a bruno-avermelhado escuro (5YR 3/4) nos horizontes BA, Bi e CR. Em sua
maior parte, apresenta textura argilosa (entre 544 g.kg-1 e 439.5 g.kg-1) diferenciando-se
apenas no horizonte CR, que apresenta textura média-siltosa, cujo teor de silte é de 486.9
g.kg-1, devido à proximidade com a rocha.
A estrutura do horizonte A apresenta-se granular pequena e fraca. No restante do
perfil a estrutura, passa a ser em blocos subangulares, havendo variação de tamanho -
muito pequeno e pequeno no horizonte AB, pequeno a médio nos horizontes BA e
praticamente sem estrutura no Bi e no horizonte CR. O horizonte A possui consistência
ligeiramente dura, muito friável, ligeiramente pegajosa e ligeiramente plástico, havendo
pequenas variações quanto à plasticidade no horizonte BA - ligeiramente plástico a
plástico. Os horizontes Bi e CR apresentam consistência ligeiramente dura a dura e friável.
Praticamente não se observou variações quanto a pegajosidade e plasticidade ao longo do
perfil, o que reflete a textura argila do solo (Tabela 1).
O perfil, de modo geral, apresenta muitas raízes, sendo mais grossas, sobretudo nos
primeiros 30 cm de solo. A transição entre os horizontes é difusa e plana, à exceção da
transição entre o CR e a rocha, que se dá de forma abrupta e ondulada.
A densidade do solo é baixa em todo o perfil (Tabela 1). O menor valor foi
encontrado no horizonte A, efeito da matéria orgânica do solo que atua na formação da
estrutura grumosa. No horizonte Bi a estrutura pouco desenvolvida (maciça) atribui maior
densidade de solo.
A relação silte/argila para o horizonte Bi apresentou valor 0.7 (Tabela 1), que
indica que o solo, sob esse aspecto, não apresenta alto grau de intemperismo.
O perfil apresenta valores baixos de pH, situados entre 4,3 e 5,1 (Tabela 2),
indicando que o solo estudado está entre extremamente ácido a muito ácido.
Com base nos resultados obtidos, o solo estudado foi classificado como
CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico léptico.
Considerações
O perfil foi classificado como CAMBISSOLO HÚMICO distrófico léptico, que
apresenta textura argilosa na maior parte do perfil. Embora seja um perfil pouco profundo,
ele se encontra em posição de topo e se desenvolveu in situ.
Os atributos que indicam o grau desenvolvimento desse perfil são: a relação
silte/argila e os índices Ki e Kr. O primeiro indica grau moderado de desenvolvimento
pedogenético, mas em contrapartida, os baixos valores de Ki indicam ser um solo muito
intemperizado. A cronologia da matéria orgânica preservada nesse solo e possíveis
mudanças que podem ter ocorrido na área estão sendo investigada e aportarão maiores
informações sobre a evolução da ambiental da área.
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Unioeste Campus de Francisco
Beltrão pelo suporte financeiro para desenvolvimento da pesquisa. À ESEC Mata preta
pelo apoio ao trabalho de campo e a CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.
Referências bibliográficas
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Andressa Fachin
Mestre em Geografia – Unioeste (Campus de Francisco Beltrão-PR)
afgeog@hotmail.com
Introdução
A área de estudo corresponde uma paleocabeceira de drenagem localizada no
Planalto de Palmas/Água Doce. Essa região vem sendo estudada por Paisani et al., 2008, e
atualmente por Paisani, 2010, Guerra, 2012, Lima 2013, Fachin, 2013, entre outros. A
partir do trabalho preliminar de Paisani et al., (2008), o grupo “Gênese e Evolução de
Superfícies Geomórficas e Formações Superficiais”, da UNIOESTE, vem levantando
informações acerca da evolução da paisagem dessa área (Paisani, et al., 2013). Essas
informações correspondem ao período Quaternário, que se caracteriza por mudanças
climáticas e alteração das taxas de pedogênese e morfogênese. Nesse sentido, os depósitos
quaternários encontrados no Planalto de Palmas/Água Doce permitem reconstruir
paleoambientes, as quais fornecem conhecimentos para a compreensão da dinâmica atual
das paisagens nesse planalto (Moura,1994).
Neste contexto, esse estudo buscar reconhecer os registros estratigráficos do
período Quaternário, e identificar as variações verticais em materiais coluviais através da
Razão Ti/Zr e responder questões relacionadas aos estudos paleoambientais e mudanças
paleohidrológicas/mudanças do nível de base que influenciam a evolução da paisagem no
Planalto de Palmas/Água Doce.
Metodologia
Para a identificação do registro estratigráfico foi realizados trabalhos de campo e
análises laboratoriais. Em campo, foi definido os pontos de amostragem (8 janelas) e
identificado a disposição das unidades estratigráficas, caracterizada por discordâncias
erosivas e paleovoçorocas. A princípio elas foram individualizadas em paleossolos e
sedimentos. As descrições seguiram a metodologia de Paisani & Geremia (2010).
Resultados e discussões
Caracterização da seção estratigráfica
A seção estratigráfica HS14 apresenta aproximadamente 22 m de extensão por 3,50
m de altura (Figura 1). Foi identificada a presença de paleossolo com horizonte A húmico
enterrado e truncado pelas incisões erosivas (paleossolos). Foram reconhecidas 20
unidades estratigráficas, que podem ser classificadas como face aluvial (unidade 12),
facéis colúvio-aluvial de colmatação das paleovoçoroca (unidades 3 e 6a, 6b e 6c) e facéis
coluviais (unidades 1, 4, 5, 6, 7, 8, 9a, 9b, 10, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20),
divididas em facéis de colmatação da paleovoçoroca (unidades 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 13 e
14) face coluvial pedogeneizado ( unidade 2) e facéis de rampa de colúvio (unidades 15,
16, 17, 18, 19 e 20), com sutis variações de cor e classe textural (Fachin, 2013).
Figura 1: Seção HS14 com as unidades estartigráficas. 1) Saprolito do riolito; 2) cascalho lamoso
com matriz suportada; 3) paleossolo com horizonte A; 4) lentes de material organo-mineral; 5)
lentes de material mineral; 6) gramíneas e arbustos. J2, J5: Janelas de amostragens (adaptado de
Fachin, 2013 e Paisani et al., 2014).
Conclusões
A partir dos dados apresentados é possível aferir que no Planalto de Palmas/Água
Doce, há importantes registros estratigráficos que contribuem para o entendimento da
evolução da paisagem. Na seção estratigráfica foram encontrados registros de uma
(paleo)voçoroca e paleossolo. Os depósitos que recobrem a (paleo)voçoroca foram
caracterizados como fáceis aluvial, colúvio-aluvial e coluviais, sendo caracterizados pela
razão Ti/Zr como materiais de diferentes áreas fonte o que permitiu individualizar
matérias aparentemente homogêneos vistos em campo.
Referências bibliográficas
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Maico Chiarelotto
UTFPR - Francisco Beltrão
(maico.chiarelotto@gmail.com).
Marilete Chiarelotto
Unioeste - Marechal Cândido Rondon
Introdução
O assoreamento dos rios é um processo natural que vem se intensificando pela ação
antrópica nos últimos anos. Essas ações resultam no transporte de grandes quantidades de
sedimentos que chegam aos rios, num curto espaço de tempo, sendo que estas são maiores
que aquelas transportadas em centenas de anos em condições naturais.
São vários os fatores naturais e de influência antrópica que interferem na produção
e na deposição de sedimentos em uma bacia hidrográfica. Segundo Santos 2004, “os
principais fatores que interferem diretamente são: tipo de solo, topografia da bacia,
presença ou não de cobertura vegetal, formas de uso e ocupação do solo e intensidade de
precipitações na bacia hidrográfica”.
Esses fatores afetam diretamente o equilíbrio do ciclo hidrológico, que a partir do
crescimento do desenvolvimento urbano sofreu importantes alterações tendo como
consequência enchentes e deslizamentos por exemplo. “As superfícies naturais foram
substituídas por superfícies impermeáveis dificultando a infiltração da água no solo e
consequentemente aumentando o escoamento superficial” (TUCCI, 2007).
“Em bacias urbanas a alteração de uso do solo é definitiva, o solo, e até o
subsolo, ficam expostos para erosão no lapso de tempo entre o início do
loteamento e o fim da ocupação. Quando a bacia urbana está completamente
ocupada e o solo praticamente impermeabilizado, a produção de sedimentos
tende a decrescer” (TUCCI, 2007, pg 107)
Materiais e métodos
O referido trabalho foi desenvolvido na bacia do rio Lonqueador no município de
Francisco Beltrão localizado na região Sudoeste do Paraná, “apresentando clima Cfa –
Resultados e discussão
A partir de visitas técnicas realizadas ao longo da bacia urbana do rio Lonqueador,
observou-se que quando o rio tem seu primeiro contato com a cidade através dos bairros
Água Branca, São Cristóvão e Industrial, suas margens e a área perpendicular ao canal não
possuem uma ocupação urbana severa, porém é possível observar que nos últimos anos
muitos loteamentos estão sendo construídos principalmente nessas áreas que não eram
muito ocupadas e gerando segundo Tucci 2007, “uma maior taxa de transporte de
sedimentos até o canal, pois o solo está totalmente desprotegido, sendo facilmente erodido”
e a maioria desses novos loteamentos não possuem medidas para prevenir esse tipo de
impacto.
Continuando seu trajeto o rio Lonqueador passa pelos bairros Vila Nova e
Presidente Kenedy, este último sendo o local de sua foz. Nessa região a ocupação urbana
ao longo do canal está quase que completa gerando baixa quantidade de transporte de
Considerações finais
A questão do meio ambiente está sempre em pauta no cenário nacional e regional,
porém poucas são as ações colocadas em práticas para combater problemas como o de
assoreamento abordado neste trabalho. É preciso maior dedicação tanto da parte dos
governantes quanto da população, visto que a falta de conscientização dos cidadãos em não
descartar resíduos ao longo do canal do rio Lonqueador, por exemplo, torna-se um fator
extremamente agravante neste caso. Por mais que sejam realizadas campanhas educativas,
se a população não tiver uma autoconscientização o problema não será amenizado.
A partir da conscientização da população e de uma maior fiscalização na liberação
de loteamentos a bacia do rio Lonqueador possui todas as condições de amenizar o
processo de assoreamento, minimizando gastos do poder público com o desassoreamento
do canal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Wanessa Peloso
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.
wanessapeloso@gmail.com
Introdução:
Através de estudos realizados pelo grupo de pesquisa Gênese e Evolução de
Superfícies Geomórficas e Formações Superficiais, foi possível identificar que no Planalto
das Araucárias, setor do relevo que corresponde a Serra da Fartura ocorre variação do
relevo em forma de escadarias de leste (Planalto de Palmas) para oeste (margens do rio
Paraná). Isso levou Paisani et al.(2008) a proporem a existência de oito superfícies
geomorfológicas esculpidas tanto por processos morfogenéticos quanto por alteração
química. A superfície geomorfológica IV, correspondendo a altitudes de 1000 a 1100
metros, é uma dessas superfícies indicada como sendo elaborada a partir de processos
pedogenéticos e de alteração química. Resta saber qual a intensidade desses processos.
Assim o presente trabalho traz o detalhamento do levantamento macromorfológico
realizado em perfil representativo da superfície geomorfológica IV, localizado nos
arredores da Fazenda Pagliosa – PR.
Materiais e métodos:
As características macromorfológicas do perfil de solo foram obtidas através de
duas etapas, campo e laboratório. Em campo foram realizados os seguintes procedimentos
técnicos: estabelecimento de perfil representativo da superfície geomorfológica IV;
levantamento topográfico; descrição das propriedades físicas dos materiais de acordo com
procedimentos de Santos et al., 2005. Desta profundidade até 460 cm, limite do perfil com
a rocha sã, foi utilizado trado holandês. Após foram coletadas amostras deformadas para
determinação da granulometria.
Em laboratório foi realizada determinação granulométrica, a partir de procedimentos
seguidos pelo laboratório de Análises de Formações Superficiais – Unioeste – Campus de
Francisco Beltrão.
Resultados e discussão:
O perfil de solo representante da superfície geomorfológica IV situa-se em corte de
estrada secundária, nas proximidades da Fazenda Pagliosa (PR). A janela correspondente
ao perfil mostrou 4 metros e 60 cm de extensão de material intemperizado, incluindo
solum e alterita. As propriedades físicas e granulométricas (Tabela 1) permitiram
individualizar os seguintes horizontes principais (A, B e C) com subdivisões (Figura 1),
bem como os horizontes transicionais (AB, BA, BC, CB).
MA: muito argilosa; A: argilosa; Md: média; S: siltosa; Sb.A: blocos subangulares; Bl. P: blocos prismáticos;Mod: moderada; M: macia;
LD: ligeiramente dura; MD: muito dura; NPI: não plástica; LPI: ligeiramente plástica; NP: não pegajosa: S: solta; Fr: friável; MF: muito
firme; D.A: densidade aparente; D.R: densidade real;
Figura 1:: Distribuição dos materiais ao longo do perfil (A) 1) Areia; 2) Silte; 3) Argila; e a
Representação dos materiais encontrados na janela descrita (B) 1) Raízes; 2) Finos (Silte/argila);
(Silte 3)
clastos de derrame amigdaloidal.
Considerações finais:
As propriedades físicas e a determinação granulométrica deste perfil foram
importantes porque permitiram identificar os horizontes de solo da superfície
geomorfológica estudada. Através do perfil e do gráfico granulométrico (Figura 1)
observa-se ao longo do perfil uma progressiva evolução de horizontes, com textura muito
argilosa até 230 cm de profundidade, apresentando acima de 70% de argila. A textura
passa a apresentar-se mais siltosa, quando os materiais correspondem a horizonte C, ou
seja, de rocha alterada com estrutura conservada.
Referências:
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descrição e coleta de solo no campo. Viçosa, Sociedade Brasileira de Ciência do
Solo/EMBRAPA Solos, 5ª Edição (Revisada e Ampliada), 2005. 92p.
Introdução
O crescimento populacional urbano e a falta de aplicações de sistemas e elementos
de captação da água da chuva nas edificações são dois fatores importantes no agravamento
de problemas controversos entre si, as enchentes e a seca.
Apesar de controversos ambos surgem do mesmo elemento, a água. Como um bem
finito, a água já vem sendo estudada como fonte principal para sistemas de
aproveitamento, onde por exemplo a água da chuva é utilizada em descargas de vasos
sanitários, lavagem de pisos e roupas e rega de plantas. Este tipo de reaproveitamento para
fins não potáveis e/ou potáveis é uma solução sustentável amplamente discutida, mas ainda
pouco aplicada em centros urbanos, principalmente no Brasil.
Alguns países com menor concentração de água doce apresentam maior
preocupação e aplicação de sistemas de aproveitamento e até renovação de águas já usadas
para serem reutilizadas.
Neste resumo se pretende mostrar algumas ideias práticas para implantação de
sistemas de captação da água da chuva em residências, edifícios privados e públicos.
Metodologia
Como este resumo expandido irá discutir sistemas de captação e aproveitamento da
água da chuva, a metodologia consiste na pesquisa de sistemas pouco convencionais de
captação das águas pluviais. O sistema utilizado mais amplamente em áreas urbanas da
região Sudoeste do Paraná, por exemplo, é a captação da água da chuva através das calhas
da cobertura das residências. Estas são direcionadas para uma cisterna que pode ser
subterrânea ou estar no mesmo nível da caixa d'água. Se subterrânea, a água será levada
para a edificação através de uma bomba de pressão.
Discussões
A grande questão é: Por que aproveitar a água da chuva? A resposta para uma
região que não está habituada com a escassez de água potável pode ser mais difícil de se
compreender.
Alguns dados podem ajudar na percepção da problemática da escassez de água
potável. Segundo Vasconcelos (2007), cerca de 3% da água disponível no planeta Terra, é
doce, e deste percentual somente 0,7 % encontra-se disponível no estado líquido. No
entanto, a falta de conscientização, de estímulos e de leis de fácil aplicação, faz com que
grande parte da população use água potável em atividades inadequadas, como por
exemplo, a lavagem de veículos e calçadas. Isso caracteriza o desperdício de um recurso
preparado para a utilização em atividades que necessitam do tratamento da água, como
produzir alimentos e beber.
Informações do site Planeta Sustentável da editora Abril, mostram que segundo
levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde), a média diária ideal de consumo
de água por seres humanos é de 50 litros. A média brasileira de consumo é de 187 litros
por dia, o que representa quase 4 vezes mais do que a média considerada ideal.
Por mais que o recurso seja abundante em várias regiões do Brasil, o uso racional
de água potável, ação que pode ser potencializada com o aproveitamento das águas
pluviais, representa economia financeira para o Estado, que investe recursos no tratamento;
e para o usuário final, que paga para ter a água tratada na torneira.
Trazendo a Declaração Universal dos Direitos da Água, proclamada em março de
1992, pode-se ler no primeiro artigo:
Figura 1 - Sistema de Aproveitamento da água da chuva com uso de barril de madeira e camadas
para purificação
Imagem 2 - Técnica para tratar a água da chuva, reutilizá-la e destinar corretamente o excesso
Considerações Finais
Conforme apresentado na discussão deste resumo, a importância da preservação e
da reutilização das águas é tanto um dever como uma medida sustentável, que garante a
manutenção de um recurso essencial para a vida.
No Brasil, de modo geral, a escassez de água não é considerada um grave
problema, entretanto, isto não caracteriza um motivo suficiente para que cuidados sejam
negligenciados, visto que apesar de sua abundância, a água adequada para o consumo
humano é um bem finito.
Zelar pelas fontes de água potável, mesmo no contexto brasileiro, significa além de
preservá-las, ampliar o senso de preservação ambiental na comunidade e sobretudo a
economia de recursos financeiros.
Ao reduzir o consumo de água tratada para usos não adequados, como limpeza de
calçadas, por exemplo, o custo da habitação com água diminui, bem como diminuem os
custos do poder público com o tratamento. Recursos economizados representam uma
reserva que pode ser investida em outros fins, otimizando assim a dinâmica do Estado e da
economia doméstica.
Outro ponto que se permite concluir a partir deste resumo é que as soluções para o
assunto são diversas, de fácil aplicação, de médio e baixo custo, tornando-se assim viáveis
de aplicação em larga escala. A aplicação, porém, pode se configurar como o grande
desafio da questão.
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Raindrops, 2002.
geográfica, sítio urbano e o total da população residente, bem como algumas das atividades
complementares.
No Brasil, a partir do final dos anos 1970 acompanhando um movimento de
reflexão crítica que já se fazia sentir em outros países, surgiu uma nova perspectiva de
análise. Nesta, a cidade tem sido analisada a partir das relações sociais de produção que se
processavam no seio de uma sociedade movida por interesses complexos e por
contradições, e cujo movimento seria orientado por interesses de classes. Esses novos
textos abordam a relação campo-cidade, a produção do espaço urbano, enfatizando o papel
do Estado e do capital, a questão dos meios de uso coletivo, o uso do solo, o cotidiano da
vida na cidade capitalista moderna, acentuando a separação entre o viver e o trabalhar. São
nas cidades, mais claramente que se visualizam a contradições sociais e a degradação do
meio físico.
O estudo da cidade está também atrelado à posição de professor em relação à sua
disciplina, o que inclui seus conhecimentos e seus compromissos frente ao trabalho
docente. O estudo da cidade, não deve se basear na noção de sistema, mas de totalidade, de
espaço socialmente construído e, portanto, historicamente determinado. Nesse ínterim a
categoria mais importante para análise é o trabalho humano, implicado na forma como se
realiza o modo de produção capitalista.
Na perspectiva de totalidade e de movimento constante, de construção social do
espaço e de compreensão da realidade como instrumento de transformação social, a cidade
assume um papel de destaque no ensino de geografia em qualquer nível de escolaridade.
A relevância desse tema reside na compreensão de que o ensino da cidade/urbano
pode contribuir na formação de sujeitos críticos e ativos, para isso é importante indagarmos
como está temática está sendo trabalhada. Como os alunos associam as informações
obtidas ao se trabalhar esse conteúdo com sua prática cotidiana. A escolha pelas séries
finais do ensino fundamental II justifica-se porque que nessa faixa etária os alunos já
possuem alguns requisitos necessários, oriundos das séries iniciais, que possibilita ao
professor fomentar uma análise mais profícua do assunto.
Nosso olhar acerca desse tema remete-se à questão do urbano/cidade entendida
como um espaço dinâmico, mutável, fruto de uma sociedade dividida em classes, ou seja,
um espaço não só de consumo, mas também de produção humana. Assim, a cidade é
reflexo das contradições sociais das quais fazemos parte.
O ensino de Geografia, dentro da perspectiva cidade/urbano vem sendo trabalhado
por alguns autores da ciência geográfica como: CALLAI e CASTROGIOVANNI (1999);
se refere ao entendimento da cidade/urbano, bem como sua apropriação por parte dos
alunos é algo que precisa ser realizado.
Desse modo, para se trabalhar com conteúdos geográficos, sejam eles afetos ao
urbano ou não, torna-se imprescindível entender, mesmo que parcialmente, as matrizes
teóricas que subsidiaram o desenvolvimento da geografia enquanto disciplina escolar, e as
que permearam a construção das Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia, que hoje
orientam o trabalho docente paranaense, verificando a mediação quanto ao trato dos
conteúdos, e as relações de ensino-aprendizagem, buscando assim possíveis (re)
significações.
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SPOSITO, M. E. Capitalismo e urbanização. São Paulo, Contexto, 1991, p. 11-29.
Andréia Savoldi1
andreia.savoldi@bol.com.br
Este artigo tem como objetivo compartilhar a experiência do projeto PIBID (Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), desenvolvido no Colégio Estadual
Eduardo Virmond Suplicy no período de 2011 a 2014. O subprojeto foi realizado pela
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, tendo como participantes
docentes e acadêmicos do curso de Licenciatura em Geografia e professores de Geografia
da rede pública do Estado do Paraná. O projeto PIBID hoje desenvolvido por várias
Universidades Brasileiras tem como finalidade proporcionar aos discentes a oportunidade
de vivenciar o cotidiano escolar durante a sua trajetória acadêmica, possibilitando assim
uma formação completa, com experiências na área da educação, relacionando a teoria com
a prática.
1
Mestre em Geografia e professora da SEED
2
Professora de Geografia da SEED
3
Professora de Geografia da SEED
Sabemos que o modelo de educação que o sistema oferece não é o mais adequado.
O número de alunos por turma, a carga horária à qual o professor é submetido, a falta de
espaço físico da escola e a falta de recursos didáticos ainda são fatores que contribuem
para uma desmotivação em seguir a carreira do magistério, é neste contexto escolar que o
PIBID faz a diferença.
Os benefícios em ter um projeto desta grandeza na universidade são inúmeros, pois
esses acadêmicos acabam tendo uma formação mais completa e se destacam nas atividades
curriculares durante o curso.
eles que a tarefa do educador não é fácil, enfrentamos muitas dificuldades na profissão,
mas que além de todos os problemas, existe uma carreira compensadora e extremamente
apaixonante, que precisa ser realizada com conhecimento, amor, dedicação e persistência.
“O conhecimento do cotidiano é, a nosso ver, fundamental para homem comum ou
profissional de base, pois a partir deste saber ele poderá planejar e atuar no cotidiano de
maneira a preparar mudanças no âmbito institucional” (PENIN, 1989).
Muitos pibidianos relataram a importância de estarem dentro da escola antes
mesmo de concluir a sua formação e vivenciar problemas corriqueiros como: mudança de
cronograma das atividades, alteração da abordagem do conteúdo, modificações nos planos
de aula, dificuldades de relacionamento com a comunidade escolar. As dificuldades e
sucessos permitiram aos pibidianos experimentarem os prazeres e desprazeres do cotidiano
escolar.
O grande aprendizado ocorreu no enfrentamento coletivo dos problemas, o trabalho
em equipe tem o poder de superação, repensar é fundamental para o sucesso de qualquer
atividade, não esquecendo como diz Pimenta (2010), “A essência da atividade (prática) do
professor é ensino-aprendizagem. Ou seja, é o conhecimento técnico prático de como
garantir que a aprendizagem se realize como consequência da atividade de ensinar”.
Os bolsistas do PIBID.
Os acadêmicos do curso de Graduação em Geografia/ licenciatura, foram
escolhidos para participar do PIBID através de um processo de seleção. Após foram
divididos em dois grupos de seis alunos cada, contemplando as duas escolas selecionadas.
O primeiro contato se deu na universidade com grupos já definidos e a partir de
então, foi definido um programa de estudos para os grupos. Contendo a leitura de
documentos como as DCE’s – Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Geografia do
Estado do Paraná, o Projeto Político Pedagógico, O Proposta Curricular da Disciplina, o
Regimento Escolar e o Plano Docente dos professores de Geografia, para que os Pibidianos
se inteirassem sobre a proposta pedagógica do Colégio Suplicy.
Em seguida foram inseridos na semana de capacitação de julho de 2011 a fim de
conhecerem o grupo de educadores - entendemos todos os profissionais envolvidos na
escola - para tomarem conhecimento sobre as principais problemáticas que envolviam o
cotidiano daquele período e pudessem escolher possíveis pontos de enfrentamento para o
semestre.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presença dos graduandos de Geografia no universo da Escola através do PIBID
proporcionou a todos os envolvidos no processo uma interação que resultou em ganhos
para o educando da escola pública que teve oportunidade de aprender com metodologias
inovadoras; para os professores supervisores das escolas que tiveram a oportunidade de
reaproximar-se com a universidade, de ser colaborador no processo de formação de
docentes e de ter sua prática valorizada pela CAPES e aos professores coordenadores do
PIBID da UNIOESTE enriqueceram suas pesquisas aliando teoria a pratica; elemento
primordial e em falta nas licenciaturas até então.
Os Pibidianos demonstravam claramente, durante a execução/ ação do projeto a
mudança em relação à autoestima, puderam perceber que a profissão escolhida oferece
perspectivas de um mundo melhor. Esta experiência transformou o espaço escolar, num
laboratório vivo, capaz de aliar teoria x prática e de estimular ao exercício da docência.
Podemos dizer que o PIBID proporcionou uma troca de experiências e
conhecimentos entre todos os seus participantes, muitas foram às angústias e conquistas,
mas com certeza, como o título do nosso artigo nos diz: A Escola Ideal é a Escola Real,
não existe escola perfeita e nós educadores temos que ter um olhar amplo e otimista da
escola, vendo sempre as possibilidades que o sistema no qual estamos inseridos nos
oportuniza, precisamos ser agentes atuantes e acreditar que podemos contribuir para uma
sociedade melhor.
Referências:
CORRÊA, R L; ROSENDAHL, Z. (org.). Paisagem, tempo e cultura. Rio de Janeiro:
Eduerj, 2004.
FAZENDA, I.C.A.; Et al - A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado, 22ª ed. São
Paulo: Papirus, 2010.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública
de Educação Básica do Estado do Paraná – Geografia. Curitiba, 2008.
PENIN, Sonia. Cotidiano e escola, a obra em construção. São Paulo: Cortez, 1999.
PICONEZ, S. C.B. A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado. Campinas: Papirus
Editora, 1992, p.16.
PIMENTA, S. G – O Estágio na Formação de Professores-Unidade Teoria e Prática? ,
9ª Ed. São Paulo: Cortez, 2010.
Cumpre assinalar que para mudança deste cenário torna-se imprescindível que
sejam investidos recursos voltados para toda a bacia do rio Marrecas, inclusive para
educação da população com projetos integrados e não limitados como ocorrem na maioria
das ações pontuais e sem planejamento das áreas de risco.
Lembrando que, o município de Francisco Beltrão em parceria com o Governo do
Estado promoveu o trabalho de desassoreamento e rebaixamento da calha do rio Marrecas.
Esse investimento, até maio de 2013, somou o montante de R$ 3 milhões (SEMA, 2014).
No entanto, a prova cotidiana demonstra que esta ação é insuficiente diante dos eventos de
cheias ocorridos no ano de 2014, levando o município a decretar situação de emergência,
onde mais de 500 pessoas tiveram suas casas afetadas com as cheias em todo município.
Para buscar soluções para a problemática vivenciada no município de Francisco
Beltrão, foi contratada empresa Iguassu Consultoria Ambiental Ltda, que elaborou no ano
de 2012 o Plano Municipal de Controle de Cheias e Drenagem Urbana e Rural, que prevê
em seu escopo a elaboração de um arranjo de medidas estruturais e não estruturais para o
controle das enchentes. A educação ambiental, foco principal do presente artigo, insere-se
nas ações não estruturais, ou seja, “aquelas que não implicam em obras diretamente”
(IGUASSU, 2012, p.63). Apesar da elaboração deste plano, as ações previstas ainda não
foram executadas pelo poder público municipal.
Além da educação ambiental, também estão previstas no Plano de Controle de
Cheias a adequação na legislação municipal para ações a serem adotadas, zoneamento das
áreas de risco, monitoramento de cheias, incentivos econômicos, fiscalização e a criação de
consórcio intermunicipal para a gestão dos programas propostos, dada a localização dos
corpos hídricos a montante com mananciais de abastecimento da bacia do Rio Marrecas
incluindo os municípios de Flor da Serra do Sul e Marmeleiro, fazendo assim a sua gestão
integrada.
Nesse contexto, dentre as alternativas que regem as novas formas de gerir os
recursos naturais, podemos elencar a educação ambiental como ponto de partida para que
os projetos a serem implementados tenham adesão e entendimento por parte da população
local, fazendo com que esta alcance representatividade na tomada de decisões quanto a
destinação de recursos na gestão integrada de políticas voltada para conservação e manejo
dos recursos naturais.
Nesse sentido, observa-se que,
A base empírica do conhecimento local da população sobre os corpos d’água de
uma bacia hidrográfica deve ser valorizada, pois possui um valor socioambiental
inigualável. Esquece-lo pode, muitas vezes, redundar em políticas de intervenção
de resultados desastrosos. (...) Além disso, os cursos d’água fazem parte da
história do indivíduo, da família, da comunidade que integram essa população,
ganhando sentidos simbólicos que ocupam uma parte importante de seu
patrimônio cultural (MACHADO, et al, 2004, p. 32).
O mesmo autor salienta que essa compreensão estende-se para com as relações
entre sociedade, a educação e o meio ambiente, onde a educação ambiental constitui-se
como prática política por integrar o processo educativo juntamente com a questão
ambiental que, por sua vez, deverá ser pautada no diálogo a vista dos desafios impostos
para que seja alcançada a emancipação dos sujeitos, redesenhando os caminhos
metodológicos a serem seguidos para aliar a realidade social e cultural com as mudanças
necessárias para uma apropriada gerencia dos recursos naturais e da vida humana.
Cabe ressaltar que é esperado por parte do poder publico do município de Francisco
Beltrão não apenas a realização das atividades estruturais por meio de construção de obras,
mas também, das atividades formativas, pois serão elas que farão a população tome ciência
da importância da sua participação como sujeito político transformador.
Referências
FLÁVIO, L. C., Memória(s) e território: elementos para o entendimento da
constituição de Francisco Beltrão-PR. Dissertação (Doutorado), UNESP, Presidente
Prudente, 2011, p. 386.
IGUASSU, Consultoria Ambiental Ltda. Plano Municipal de Controle de Cheias e
Drenagem Urbana e Rural de Francisco Beltrão, PR. Pato Branco, 2012, p. 92.
LIMA, G. F. C. “Educação, Emancipação e Sustentabilidade: Em Defesa de uma
Pedagogia Libertadora para a Educação Ambiental”. In LAYRARGUES, P. P. (coord.).
Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Basília: Edições MMA, 2004, p. 155.
LOUREIRO, C. F.B. “Educação Ambiental e Teorias Críticas”. In GUIMARÃES, Mauro
(organizador). Caminhos da Educação Ambiental: Da Forma à Ação. Campinas, SP:
papiros, 2006. 51 – p.86.
MACHADO, C. J. S. et al. “A Nova Aliança entre Estado e Sociedade na Administração
da Coisa Pública: Descentralização e Participação na Política Nacional dos Recursos
Hídricos”. In: MACHADO, C. J. S (org.). Gestão de Águas Doces. Rio de janeiro:
Interciência, 2004, 197 – p. 230.
SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Projeto de Gestão
de Riscos e Desastres já apresenta resultados no Paraná. . Disponível em:
<http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=75506&tit=Projeto-de-
Gestao-de-Riscos-e-Desastres-ja-apresenta-resultados-no-Parana> Publicado em: 10 de jul
de 2013 16h30min. Acesso em 20 de mai. de 2014.
TUCCI, Carlos. E. M. “Águas Urbanas”. In: TUCCI, Carlos E. M., BERTONI, Juan
Carlos (org.) Inundações Urbanas na América do Sul. Porto Alegre: Associação
Brasileira dos Recursos Hídricos, 2003, p. 471.
Lidiane da Paz
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
E-mail: prof.lidi.paz@gmail.com
4
O presente texto é um resumo da pesquisa em andamento que objetiva analisar a organização da COOPAFI
em relação ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no município de Francisco Beltrão.
adultos. Considerando a Lei nº 11.947, 30% desse valor – ou seja, R$ 1,05 bilhão – deve
ser investido na compra direta de produtos da agricultura familiar, medida que estimula o
desenvolvimento econômico e sustentável.
Em Francisco Beltrão atualmente mais de 9 mil alunos da rede Municipal são
atendidos, recebendo alimentos saudáveis diretamente da agricultura familiar, seguindo as
diretrizes propostas pelo programa a secretaria de educação, cultura e esporte é responsável
pela execução do PNAE, onde são elaborados cardápios pela nutricionista responsável e
posteriormente é realizada uma chamada pública, a COOPAFI é a principal fornecedora de
produtos por meio dessa chamada, ela organiza a produção dos agricultores familiares a
fim de suprir essa demanda, garantindo assim a alimentação escolar de qualidade e a
comercialização dos produtos.
O que se tem observado é que este programa tem sido fundamental para a
organização da cooperativa e ao mesmo tempo ele ganha o caráter de potencializador da
diversidade da produção familiar.
REFERÊNCIAS
AVILA. L.M, CALDAS. L. E, AVILA. R.S. Coordenação e efeitos sinérgicos em
Políticas Públicas no Brasil: O caso do Programa de Aquisição de Alimentos e do
Programa Nacional de Alimentação Escolar. PAA 10 Anos de Aquisição de Alimentos.
Brasília, 2013.
Cooperativa de Comercialização da Agricultura Familiar Integrada – COOPAFI. Maio,
2014.
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Disponível em:
<http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/alimentacao-escolar-
apresentacao> Acesso em maio, 2014.
IBGE. Censo Agropecuário (2000). Disponível em <ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_
Agropecuario_2000/agri_familiar_2000/> Acesso em junho 2014.
INCRA/FAO. Perfil da agricultura familiar no Brasil: dossiê estatístico. Brasília,
1996.
INCRA/FAO. Novo Retrato da Agricultura Familiar: O Brasil Redescoberto. Brasília,
2000.
Ministério do Desenvolvimento Agrário. Programas Disponível em:
http://www.mda.gov.br/portalmda/publicacoes/pol%C3%ADticas-p%C3%BAblicas-para-
agricultura-familiar . Acesso em junho,2014.
Prefeitura Municipal de Francisco Beltrão. Secretária de Educação, Cultura e Esporte.
Maio, 2014.
UNICAFES. Estratégias de Acesso a mercados para Agricultura Familiar. Brasília,
2013.
Lidiane da Paz
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
E-mail: prof.lidi.paz@gmail.com
Existem muitas discussões sobre o número ideal de alunos em sala de aula. Para
alguns pesquisadores esse não é um fator determinante na aprendizagem, pois professores
experientes e bons profissionais estão aptos a alcançar resultados satisfatórios mesmo em
turmas numerosas. Para eles é a qualidade do professor o fator determinante na
aprendizagem. Analisando a situação dos professores, com ênfase nos servidores da rede
estadual do Paraná, percebemos que a diminuição no número de alunos em sala de aula é
uma reinvindicação antiga, sendo a 8ª reinvindicação da APP sindicato na manifestação
ocorrida no dia 19/03/2014.
8. Diminuição do número de alunos/as por turma
Essa reivindicação é uma das mais importantes para a melhoria do nosso
trabalho. Garantia de um número máximo de estudantes por turma e por
professor/a: na educação infantil: de 0-2 anos, seis e oito crianças por
professor/a; de 3 anos de oito a dez crianças por professor/a; de 4-5 anos, até 15
crianças por professor/a; no ensino fundamental: nos anos iniciais 20 estudantes
por professor/a; nos anos finais, 25 estudantes por professor/a; no ensino médio e
na educação superior, até 30 estudantes por professor/a.
5
O presente trabalho é um resumo sobre uma pesquisa realizada no Colégio Eduardo Virmond Suplicy, que
trata da relação número de alunos em sala de aula e a aprendizagem. Muitos professores, alunos e pais
discutem sobre o tema, reivindicam melhorias, mas como podemos perceber a seguir, embora existam leis
que delimitam o número máximo de alunos nas salas de aula, não temos a efetivação na realidade das
escolas.
Assim, no Estado do Paraná, permanece a normativa que permite até 45 alunos por
turma, desconsiderando a lei aprovada.
Uma pesquisa realizada pelo movimento Todos pela Educação e o Instituto Ayrton
Senna em 2011 concluiu que entre os principais fatores capazes de impactar positivamente
na aprendizagem, destacam-se a formação, a experiência, a remuneração e os processos de
seleção e certificação dos docentes, assim como o tamanho das turmas. Assim, segundo a
pesquisadora Elisangela Fernandes, diminuir em 30% o número de alunos em turmas
muito numerosas (com mais de 30 alunos no ensino fundamental) pode significar o
aumento de até 44% na aprendizagem. (Revista Nova Escola, 2011).
Embora o fator quantitativo não possa definir a aprendizagem, pode sim prejudicá-
la. Um número muito grande de alunos pode proporcionar maior dispersão e/ou distração
dos alunos, requer mais tempo por parte do professor que passa parte da aula pedindo por
atenção, sendo que, segundo a UNESCO, os alunos no Brasil estudam poucas horas diárias
em comparação com outros países.
Muitos pais diante das situações apresentadas preferem matricular seus filhos em
escolas particulares. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP
Sindicato), a própria existência da escola particular é vista como um fracasso do
REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1997.
_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996
CASTELLAR, V,M, S . “Educação geográfica: a psicogenética e o conhecimento escolar”
IN: Caderno CEDES, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 209-225, maio/ago. 2005
FERNANDES, ELISANGELA. Caminhos que levam a um aprendizado melhor. Revista
Nova Escola. Junho/julho 2011.
FREIRE, PAULO. Política e Educação. 5ª ed.São Paulo: Cortez., 2001 _______________.
Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP,
2000.
________________. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa.
2ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
KAERCHER, N,A . A Geografia escolar na prática docente. Tese de Doutorado. FFLCH:
USP, São Paulo, 2004 – tese de doutorado.
________________. “A Geografia é nosso dia- a- dia” IN: Boletim Gaúcho de Geografia,
Porto Alegre, 21: 109-116, ago., 1996.
KENSKI, V. M. Educação e Tecnologias: O novo ritmo da informação/ Campinas, SP:
Papirus, 2007.
BOLETIM OCDE <<ultimosegundo.ig.com.b>> Acesso em 05 de outubro
IBGE – Censo 2010. Disponível em
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Secretária de Educação do Estado do Paraná. SEED. Disponível em
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Ministério da Educação – MEC. Detalhamento por Munícipio. Disponível em
http://simec.mec.gov.br/par/estado_municipio.php> Acesso em março/2014
Jorgiane Pagnan6
Universidade Estadual do Oeste do Paraná- Campus Francisco Beltrão-PR
jorgiane.pagnan@yahoo.com.br
Elaine Gonçalves7
Universidade Estadual do Oeste do Paraná- Campus Francisco Beltrão-PR
elaine8304@hotmail.com
Introdução
As questões relacionadas às concepções teórico-metodológicas e metodologias
atualmente são temas de diversas pesquisas que envolvem a relação entre universidade e
escola. O presente trabalho busca identificar a concepção e metodologias utilizadas pela
professora de geografia da cidade de Francisco Beltrão, PR.
Assim, diante do problema apresentado, o mesmo está estruturado da seguinte
forma: em um primeiro momento discutiremos as concepções apresentadas pelos autores e
as DCE´s PR, e de como estas acabam por influenciar diretamente nos rumos do processo
educativo, em uma determinada unidade escolar. Fundamentamos esta concepção a partir
das obras de alguns autores como GADOTTI, 1992; FREIRE, 1982 as quais buscamos
identificar as concepções apresentadas pelos mesmos.
Em um segundo momento, analisamos a concepção e metodologias utilizadas pela
professora de geografia, do município de Francisco Beltrão, PR. Por último, apresentamos
os resultados da análise feita, comparando as concepções de ensino de geografia presentes
nas obras dos autores e das DCE´s PR.
6
Discente do curso de Graduação em Geografia Licenciatura – Bolsista PIBIC /CNPQ.
7
Discente do curso de Graduação em Geografia Licenciatura .
Sendo assim, Freire, (1982) afirma que todo homem tem seu ímpeto criador, é
necessário dar oportunidades aos educandos para que estes sejam eles mesmos. É dessa
maneira que os sujeitos irão construir suas histórias pela sua própria criação.
Considerações finais
Ao final deste trabalho, identificamos que a concepção e metodologias utilizadas
pela professora de geografia do município de Francisco Beltrão, PR. Apresentam
concordância com aquelas presentes nas obras dos autores, bem como com as concepções
de educação e geografia que embasam as DCE’s - PR. Tais obras, documento, e relato da
professora, se vinculam a corrente teórico-metodológica dialética marxista, e tem como
objetivo, a formação do sujeito crítico, capaz de dialogar, criar e argumentar sobre suas
concepções.
De forma geral, as análises aqui feitas apontam para a complexidade das discussões
sobre as concepções teórico-metodológicas existentes no âmbito escolar. Neste sentido, é
preciso que o professor tenha autonomia em sala de aula para dialogar e permitir ao aluno
fazer questionamentos, para que a aprendizagem crítica aconteça.
REFERÊNCIAS
CARLOS, A. F. ANA. A Geografia na Sala de Aula. 8ª ed. São Paulo: Contexto,
2009. Vários autores.
FREIRE, P. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia – o cotidiano do professor. 5ª ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1986.
GADOTTI, M. Concepção dialética da educação: um estudo introdutório. 8ª ed. - São
Paulo: Cortez : Autores associados, 1992.
VESENTINI, J. W. Geografia e ensino: Textos críticos. Campinas, São Paulo: Papirus,
1989.
Eduarda Nicola
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
dudah_252@hotmail.com
Marcelo Nicola
Professor de Geografia SEED-PR
dme_sas@hotmail.com
Introdução
Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação do Campo (2006) os sujeitos do
campo têm direito a uma educação pensada, desde o seu lugar e a sua participação,
vinculada à sua cultura e as suas necessidades humanas e sociais. Para tanto é solicitado
aos professores o engajamento na continua reflexão sobre a prática educacional voltada aos
anseios dos povos do campo, considerando quel. são resultados de lutas e articulação dos
movimentos sociais.
Para Caldart (2008) a Educação do Campo se constitui a partir de uma contradição,
sendo está a própria contradição de classes existente na agricultura, tal se dá entre a
agricultura capitalista e a Educação do Campo, visto que a primeira se mantem através da
exclusão e extinção dos camponeses, que são os sujeitos fundamentais da segunda.
Segundo Oliveira (1997, p. 114), a escola é um espaço educativo que tem a função
de tornar o educando sujeito e autor de seu aprendizado, neste sentido, a Educação do
Campo não deve ser para os sujeitos do campo, mas sim dos sujeitos do campo
(CALDART, 2008). Desta forma, o Programa de Atividade Complementar Curricular em
Contraturno que tenha suas práticas voltadas para sustentabilidade e qualidade de vida no
campo é uma das alternativas que podem ser utilizadas para que o educando seja sujeito do
seu processo de aprendizagem.
Materiais e métodos
A realização do Projeto de Atividade Complementar Curricular em Contraturno
seguiu os seguinte cronograma: a) Realização de pesquisas bibliográficas em livros,
revistas, internet para construir um referencial teórico sobre as leis ambientais, produção
orgânica, mata ciliar, reserva legal, SISLEG, associativismo e cooperativismo e
desenvolvimento rural; b) Busca por parcerias com entidades ligadas a agricultura familiar
e órgãos públicos para a organização de palestras e estudos sobre práticas de proteção de
Resultados e Discussão
A valorização do sujeito do campo, o resgate dos saberes da agroecologia, e a
sustentabilidade da família rural, foram alguns dos combustíveis que impulsionaram a
continuação do Programa de Atividade Complementar Curricular em Contraturno em
2013, que procurou abordar assuntos sobre a importância da preservação do meio ambiente
e desenvolvimento sustentável do campo.
A oferta das Atividades Complementares Curriculares em Contraturno foi
regulamentada na Resolução n. 1.690/2011 e na Instrução n. 007/2012- Seed/Sued. O
Programa de Atividade Complementar Curricular em Contraturno, que inicialmente se
chamava de Viva Escola, vem se desencadeando na Escola Estadual do Campo Marques
do Herval desde 2009, com alternância de alguns professores orientadores, porém o que se
pode ver foi que a cada ano novas preocupações e alternativas se apresentavam, e eram
posta em práticas, para buscar a valorização dos sujeitos do campo e tentar soluções
sustentáveis para o desenvolvimento da família rural.
Na Escola Estadual do Campo Marques do Herval o projeto iniciou com a busca
por parcerias com entidades ligadas ao desenvolvimento do campo, como é o caso da
Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR), Instituto
Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Sistema das
Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária (CRESSOL), Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Santo Antônio do Sudoeste e Associação dos Pequenos
Agricultores Rurais de São Pedro do Florido. Posteriormente, os alunos participantes do
projeto, com auxílio do professor coordenador, desenvolveram um levantamento de dados
sobre a produção familiar de alimentos, para poder desenvolver um planejamento,
organizar e equilibrar a produção e o consumo em cada propriedade dos envolvidos.
Analisando ao final as diferenças dos gastos mensais entre as famílias que produzem
constantemente seus alimentos e as outras que não produzem com tanta frequência os
alimentos consumidos na propriedade.
A horta orgânica também foi um espaço de experiências e testes, um laboratório a
céu aberto. Após aulas teóricas e definições de conceitos sobre a agroecologia e produção
orgânica, analisando seus benefícios em níveis econômicos e sociais, foi posto em prática
algumas técnicas antigas, sustentáveis, eficientes e de baixo custo, que a agricultura
moderna tem ignorado, como é o caso da produção de adubos e inseticidas orgânicos.
Além de adubos, foram também produzidos inseticidas orgânicos durante o Projeto
de 2013 para a utilização na horta e principalmente na propriedade da casa dos alunos e
professores participantes. O objetivo desse trabalho era resgatar algumas receitas e técnicas
caseiras que nossos antepassados utilizavam para prevenir e controlar alguns parasitas e
insetos que atacavam animais e plantações. A grande maioria dos materiais e ingredientes
utilizados para a fabricação desses inseticidas estavam disponíveis na propriedade das
famílias dos alunos, como é o caso do cinamomo, angico, timbó, cebola, alho e
samambaia. Podendo ser produzidos produtos para o controle de pragas com baixo custo,
grande eficiência e, principalmente, sem utilizar produtos químicos.
Sempre na busca da sustentabilidade e qualidade de vida no campo, o projeto
desempenha, além do já escrito, estudos sobre os índices de contaminação de alimentos em
natura e suas consequências para a saúde do homem. Também realizou trabalhos sobre a
importância de preservar de contaminações as fontes de água com a proteção de nascentes
mantendo a mata ciliar e tendo cuidados especiais com o lençol freático, identificando os
fatores responsáveis pela contaminação da mesma. Ainda foram feitas atividades para
conhecer e compreender como é importante ter um cuidado com a vida do solo, utilizando-
se de coberturas vegetal, adubações orgânicas evitando assim a erosão, a perda da umidade
e também a sua exposição constante ao sol.
Na horta escolar, além de estabelecer um cronograma para o plantio e organizar o
espaço destinado ao cultivo, foi construído um sistema de irrigação aérea, movida por uma
moto bomba submersa que utiliza água da cisterna, construída em parceria com a
ASSESOAR para irrigar as diversas plantas cultivadas nessa local.
Conclusões
Na atual fase que se encontra a agropecuária moderna, onde grande parte dos
conhecimentos adquiridos ao longo dos anos foram deixados de lado, o Programa de
Atividade Complementar Curricular em Contraturno voltado para a sustentabilidade da
agricultura familiar, para o resgates dos saberes e valorização do sujeito do campo, se faz
necessário. Cabendo aos professores que coordenam o projeto estabelecer ações e práticas
pedagógicas para que esses sujeitos se tornem conhecedores de sua identidade
socioeconômica e cultural, tendo dessa forma autonomia de propor mudanças na realidade
que estão inseridos, e diante disso, poderão ter a sensibilidade de não comprometer o meio
ambiente para as gerações futuras.
Referências
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96.
Brasília: 1996
Introdução
O ritmo acerado da sociedade tecnológica é rico de possibilidades e a escola hoje
enquanto instituição social, que tem como principal função preparar cidadãos para o
trabalho e para a vida, não pode e não deve ficar de fora do contexto tecnológico da
sociedade (SAMPAIO E LEITE, 1999).
Nos dias de hoje diversos recursos digitais estão sendo implantados no ambiente
escolar, e ao longo do tempo a inserção destes recursos no ensino vem ganhando cada vez
mais força ao modo que se apresenta como um recurso didático no ensino e aprendizagem.
Sem dispensar a presença do professor elas oferecem recursos que potencializam o
aprendizado dos alunos e facilitam a atividade docente (SILVA, 2009).
O ensino na atualidade vem sendo cada vez mais dificultoso de propiciar aos alunos
o interesse pela escola, na medida em que as novas tecnologias vão se inserindo no
cotidiano, nota-se a necessidade de inseri-la no ambiente escolar, onde irá propiciar aos
alunos uma forma mais prazerosa de se aprender. No artigo de Banhara, diz-se o seguinte:
(...) o processo de evolução das novas mídias, representa um importante
aliado para uma expressão mais didática de temas e assuntos, é possível
perceber que o desempenho do aluno nas atividades de sala de aula é mais
participativo e propositivos. As novas mídias permitem inclusive que os
textos ou atividades que outrora se tornavam maçantes, sejam mais
dinâmicos na nova forma: digital.(...) (BANHARA,p.6)9.
8
Pesquisa realizada na disciplina de Política Educacional e Teoria e Método em 2013.
9
O artigo não possui ano de publicação.
“São boas, nos ajudam em pesquisas e trabalhos, mas acho que poderia
haver melhorias”. Aluno 3 (3º ano).
“as novas tecnologias utilizadas pelo Colégio favorecem muito para a
aprendizagem e melhora a forma de trabalho dos professores.” Aluno 9
(3º ano).
“auxiliam os professore e alunos trazendo mais informações com rapidez
e facilidade porém algumas vezes a internet não funcionam, e a nossa TV
está estragada e não podemos utilizar”. Aluno 3 (2º ano).
Com os alunos, ainda foi possível perceber que os televisores (TV Pendrive)
quando chegaram eram usadas com frequência pelos professores, porém dos 30 alunos
apenas 4 responderam que não era utilizada. Os restantes dos alunos afirmaram que sempre
eram utilizadas.
Ainda sobre o uso dos televisores, os alunos responderam que usam para as
apresentações de trabalhos, e os professores para a utilização de filmes e de imagens,
facilitando assim os alunos um melhor entendimento sobre o conteúdo.
Conforme respondido pelos alunos, a aceitação das tecnologias ocorreu de forma
adequada, porém ainda são necessárias algumas melhorias:
25%
Não utilizam
Utilizam
70%
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
Nota-se, que no gráfico 01 cerca de 70% dos alunos responderam que a professora
não utiliza o Tablet, alegando a necessidade da lousa digital, pois com ela propicia à toda
turma acesso aos conteúdos do Tablet; já 25% dos alunos afirmam que a professora utiliza
mas apenas para fazer a chamada e enviar notas e 5% dos alunos afirmam que usa para
fazer pesquisas online.
Sobre as perspectivas dos alunos frente aos Tablets, um dos alunos elencou a
seguinte resposta “antes de ser implantado em um colégio deveria ser bem testado e
explicado aos professores, não adianta mandar novas tecnologias para apenas fazer a
chamada e andar por ai na bolsa, etc.”. Aluno 3 (3º ano).
Em uma das perguntas do questionário, foi perguntado aos alunos sobre de que
maneira os professores utilizam os Tablets, este terá seus resultados mostrado no Gráfico
02.
Elaboração de
planos de aula,
chamada e
45% pesquisas
55% Não utilizam
Conforme o gráfico 02, 45% dos alunos responderam que os professores utilizam o
Tablet para a elaboração de planos de aula, chamada e para a realização de pesquisas. Já 55
% dos alunos responderam que os professores não utilizam o Tablets, pois ainda existe a
falta de assistência e melhoria na internet.
No que diz respeito à concepção de equipe pedagógica e da direção, podemos
constatar que ambas vinculam as empecilhos/dificuldades ocorridas sobre as tecnologias
está inteiramente ligada à falta de noções básicas de informática por parte dos docentes.
Porém afirmam que se bem utilizadas pelos professores é um excelente auxiliador.
Para a diretora do colégio, “o Tablet é uma ferramenta para auxiliar o trabalho do
professor e não vai fazer milagre”. Acrescenta ainda que há uma grande resistência quanto
ao uso das tecnologias, e esta não utilização pode estar atrelada a falta de preparo/formação
dos professores.
Confirmando assim, com o direcionamento da equipe pedagógica, constatou um
número baixo de professores que realizaram o curso de capacitação oferecido pelo núcleo
de Pato Branco, pós a chegada dos Tablets educacionais no colégio. E conforme
mencionado pela diretora, com os televisores não se apresentou nenhum curso de
capacitação docência.
Considerações finais
Mediante ao desenvolvimento desta pesquisa foi possível verificar que os recursos
tecnológicos que hoje vem sendo inseridos nos colégios servem como um importante
recurso didático, tanto para o melhor aprendizado e interesse por parte do aluno, quanto
para a facilidade da atividade docente.
Conclui-se que a utilização de novos recursos digitais na escola é uma inserção
onde os alunos, professores, diretores etc. acham de extrema importância, pois com a
utilização de tais recursos o professor foge da aula dita como “tradicional”, e os
professores mudando sua metodologia de ensino torna-se a aula mais prazerosa,
alcançando com sucesso o aprendizado do aluno.
No entanto, há a necessidade da alfabetização tecnológica por parte do professor,
ele deve estar preparado para o manuseio dos diversos recursos digitais que vão e vem
sendo implantados na escola. Antes da inserção de recursos tecnológicos no ambiente
escolar o professor necessita-se de uma preparação para manuseá-los, fora isso muitas
vezes deixam de lado esses recursos que perante a sociedade atual é visto como um
excelente recurso didático proporcionado aos alunos.
Referências
BANHARA, G. D. A utilização das novas tecnologias no ensino de geografia. Colégio
Estadual Lúcia Alves de Oliveira Schoffen – EFM, Altônia, PR. p. 17. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2125-8.pdf< acesso em 12 de
março de 2013>
PARANÁ. Secretaria Estadual de Educação.
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=1782&tit=P
rofessores-recebem-tablets-para-uso-em-sala.< Acesso em 08 de junho de 2013 >.
SAMPAIO, M. N.; LEITE, L. S. Alfabetização Tecnológica do professor. Petrópolis,
RJ: Editora Vozes, 1999. P. 111.
SILVA. S. M. G. Utilização das tecnologias de informação e comunicação como recurso
educativo na formação profissional. III ENCONTRO NACIONAL SOBRE
HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009. P. 12.
Andresa Fachin
Unioeste (Campus de Francisco Beltrão-PR)
(afgeog@hotmail.com)
Luciano Duarte
Unioeste (Campus de Francisco Beltrão-PR)
luciano_duarte_@hotmail.com
Luís Barcelos
Unioeste (Campus de Francisco Beltrão-PR)
luizsbarcelos@hotmail.com
Solange Lima
Unioeste (Campus de Francisco Beltrão-PR)
solangeliima@hotmail.com
Introdução
Para compreender um pouco mais sobre a situação do ensino brasileiro e as
dificuldades encontradas por nossos professores na atualidade, vamos buscar nesse
trabalho fazer uma análise sobre o trabalho docente, partindo de uma entrevista com uma
professora, já com uma grande experiência profissional, buscando entender a situação e a
repercussão dos problemas educacionais para o com o profissional e seu trabalho. Esses
problemas ao afetarem o trabalho docente tornam o ensino precário e a culpa sempre é
atribuída ao professor, o que não é verdade, pois o ensino se dá a partir de um processo
histórico que envolve diferentes situações e órgãos governamentais, não cabendo apenas ao
professor esse fracasso.
Neste sentido, esse trabalho justifica-se no fato de ser a escola uma instituição
contextualizadora, isto é, sua realidade, seus valores, sua configuração variam conforme as
condições históricos-socias que a envolvem. Há toda uma confluência de fatores que
determinam seu perfil e suas manifestações. O professor com relação à escola é ao mesmo
tempo, determinante e determinado. Assim como seu modo de agir e de ser, recebem
influências do ambiente escolar, também influência este mesmo ambiente. A escola,
analisada de diferentes momentos históricos, certamente mostrará realidades também
diferenciadas. Se o professor refletir sobre si mesmo, sua trajetória profissional, seus
valores e crenças, suas práticas pedagógicas, encontrará manifestações não semelhantes, ao
longo do tempo. Esse jogo de relações entre a escola e a sociedade precisa ser cada vez
mais, desvendado para que se possa compreender e interferir na prática pedagógica. Uma
visão simplista diria que a função de professor é ensinar e poderia reduzir este ato a uma
perspectiva mecânica, descontextualizada. É provável que muitos dos nossos cursos de
formação e professores limitem-se a esta perspectiva. Entretanto, sabe-se que o professor
não ensina no vazio, em situações hipoteticamente semelhantes. O ensino é sempre
situado, com alunos reais em situações definidas. E nesta definição interferem os fatores
internos da escola, assim como as questões sociais mais amplas que identificam uma
cultura e um momento histórico-politico (CUNHA, 1989).
Essa questão vem reafirmar as questões trabalhadas por nós em sala de aula aonde
vimos que as pessoas que se dedicam a essa profissão são provenientes das classes sociais
mais baixas. Tory Oliveira na reportagem Quem quer ser professor? Na Revista Carta na
Escola, também afirma:
Segundo ela, o mais difícil para carreira foi convencer seu pai a deixá-la assumir a
profissão, pois na época não era requisitado concurso para séries iniciais de primeira a
quarta série do ensino fundamental, era apenas indicação de pessoas influentes. Em Tory
de Oliveira, Quem quer ser professor?, encontramos um relato de que a partir de 1930 e
1950 o professor passou a ser um pouco mais valorizado e quando o sistema de ensino
passou a ser de direito de todos, não só da elite, universalizando a educação, acabou-se por
aligeirar a formação dos professores, onde muitos leigos foram contratados, aumentando a
defasagem salarial.
Com relação à educação brasileira a entrevistada declara que é atrelada aos
interesses econômicos da classe dominante, reproduzindo o sistema e enraizada numa
cultura de que ser professor é uma missão ou vocação e não uma profissão, o que torna o
professor desvalorizado pela elite. Exclama a professora:
Conclusão
A escolha para a realização da entrevista, de uma professora com uma longa
trajetória no ensino, esteve atrelada ao interesse de nós, acadêmicos da licenciatura em
geografia, na iminência de concluir o curso, em ouvir de uma pessoa envolvida no
processo de ensino, como foi sua trajetória na escola, os elementos motivadores e
desmotivadores durante a carreira, anseios e opinião quanto ao futuro do ensino.
Durante o transcorrer da conversa, conseguimos sentir através da própria fala da
entrevistada o quanto a mesma está envolvida com a escola, e o quanto isso interfere na
sua vida pessoal, inclusive interferindo na decisão de constituir ou não uma família.
Observa-se ainda que não esta apenas nas mãos dos professores a transformação
do sistema de ensino e consequentemente da sociedade, mas de todos os envolvidos no
sistema social e educacional. Porém, os professores podem ser os instigadores dessa
transformação, trabalhando com o intuito de formar cidadãos não apenas críticos, mas
conscientes que precisam agir para que as mudanças ocorram, e a sociedade consiga
oferecer a todos uma vida mais digna, onde todos possam exercer seus direitos sem
submeter-se ao sistema de opressão capitalista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, M. I; O bom professor e sua prática. São Paulo: Papirus, 1989.
PESSANHA, E.C; Ascensão e queda do professor. São Paulo: Cortez, 1994.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e Formação Profissional. 11º edição. RJ Ed. Vozes,
2010.
Sites
Quem quer ser professor? em http://www.cartanaescola.com.br, visitado em 23 de junho
as 14h10min.