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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO CIÊNCIAS HUMANAS


COORDENAÇÃO DE HISTÓRIA

KLEBER MEDEIROS DE SOUZA

ENTRE ATORES E PALCOS: O Teatro Carlos Gomes da ascensão ao


abandono

Boa Vista, RR.


2017
KLEBER MEDEIROS DE SOUZA

ENTRE ATORES E PALCO: O Teatro Carlos Gomes da ascensão ao


abandono

Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Curso de


Graduação em História da Universidade Federal de
Roraima, como requisito parcial para obtenção do Grau de
Bacharel e Licenciatura em História.

Orientador Prof. Dr. Raimundo Nonato Gomes dos


Santos

Boa Vista, RR.


2017
KLEBER MEDEIROS DE SOUZA

ENTRE ATORES E PALCO: o Teatro Carlos Gomes da ascensão ao


abandono

Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do curso


Licenciatura e Bacharelado em História da Universidade Federal de Roraima,
defendida em 31 de Julho de 2017 e avaliada pela seguinte banca examinadora:

________________________________________
Prof. Dr. Raimundo Nonato Gomes dos Santos
Orientador/História-UFRR

______________________________________
Professor José Darcísio Pinheiro
Membro

____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria das Graças Santos Dias Magalhães
Membro
DEDICATÓRIA

Аоs meus pais, que hoje já não estão mais conosco: Leonardo Conceição de
Souza e Maria Cleudes Medeiros de Souza (In Memorian) meus maiores
incentivadores nessa vida me ensinaram grandes princípios eternos, referência que
tenho de amor, carinho, compreensão e caráter. Aos meus irmãos, Klinger Medeiros
de Souza, Maria Auxiliadora Medeiros, Kathner Medeiros de Souza, Kelson
Medeiros de Souza e Cristiane de Souza Figueiredo amo todos vocês, minha
esposa Sheila Medeiros dos Reis pela capacidade de acreditar em mim e investir em
mim, obrigado pela sua grande ajuda, meu filho que tanto amo Joel de Souza Reis,
minha filha Camila Marques Xavier. A todos os meus sobrinhos e sobrinhas não
desistam dos sonhos de vocês. А todos os meus colegas de curso pelo incentivo е
pelo apoio constante. A todos os amigos que fizeram e fazem parte das minhas
constantes lutas, alegrias e desabafos. A todos os meus amigos e amigas das
oficinas de teatro, vocês são uma terapia para mim.
AGRADECIMENTOS

Agradecimentos a Deus

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me dado saúde e inteligência e


permitiu que este momento fosse vivido por mim trazendo alegria a minha família,
amigos e a todos que contribuíram para a realização deste trabalho.

Agradecimento a Universidade

A esta Instituição pelo excelente ambiente oferecido aos seus alunos e os


profissionais qualificados que se disponibilizaram para nos ensinar. A Universidade
Federal de Roraima (UFRR) e todo o seu corpo docente, que realizam seu trabalho
com tanto amor e dedicação para que nós alunos tenhamos a oportunidade de
realizar a conclusão deste curso. A esta universidade e todo seu corpo docente,
além da direção e a administração, que realizam seu trabalho com tanto amor e
dedicação, trabalhando incansavelmente para que nós, alunos, possamos contar
com um ensino de extrema qualidade.

Agradecimento aos Professores


Agradeço ao meu orientador professor doutor Raimundo Nonato por toda
orientação, paciência, dedicação e ajuda que me foram dados. A todos os
professores dessa instituição não me atreveria citar nomes para não cometer
injustiça, mas que foram determinantes na minha formação.

Agradecimento aos Familiares


Agradeço a minha esposa Sheila Medeiros dos Reis por estar do meu lado
em todos os momentos da minha vida, sem a qual não teria tido êxito na minha
jornada acadêmica Ao meu filho Joel de Souza Reis, que foi paciente nas minhas
ausências(família é a base de tudo. Amo vocês!). Aos meus líderes espirituais por
suas orações e motivações missionários Miguel Sarmento Tavares e Waléria Silva
da Gama. Ao meu amigo e colega de curso Gilvânio Colares de Matos que não
mediu esforços pra me ajudar.
A teatralidade é essencialmente humana. Todo mundo tem dentro de si o ator
e o espectador. Representar num 'espaço estético', seja na rua ou no palco,
dá maior capacidade de auto-observação. Por isso é político e terapêutico.

(Augusto Boal)
RESUMO

O presente trabalho tem como temática “ENTRE ATORES E PALCO: o Teatro Carlos
Gomes da ascensão ao abandono” onde faz uma abordagem histórica sobre o
surgimento do teatro no mundo, demonstrando como essa arte está diretamente
ligada a história da humanidade, assim também como traz o legado das artes
cênicas grega, romana e chinesa, discutindo pontos que são necessários para o
entendimento da arte no contexto atual. Posteriormente, discorre sobre a arte cênica
no Brasil desde a época colonial chegando até os dias atuais, aonde a arte vem
ganhando espaços em algumas situações e perdendo em outras, como é o caso do
estado de Roraima, mas precisamente da arte representada pelo Teatro Carlos
Gomes, que conforme vistos no decorrer deste trabalho surgiu em uma época
bastante importante para a cultura local, mas devido à falta de manutenção
necessária este teatro se encontra em ruínas, o que afeta diretamente a arte local,
pois este é até o presente momento o único espaço público para demonstração da
arte teatral.

Palavras-chave: Arte cênica. Roraima. Teatro Carlos Gomes.


ABSTRACT

The present work has as its theme "BETWEEN ACTORS AND THE PALACE: the
Carlos Gomes Theater of the rise to abandonment", where it approaches the
emergence of theater in the world, demonstrating how this art is directly linked to the
history of humanity, Legacy of the Greek, Roman and Chinese performing arts,
discussing points that are necessary for the understanding of art in the current
context. Subsequently, he talks about the scenic art in Brazil from colonial times until
the present day, where art has been gaining ground in some situations and losing in
others, such as the state of Roraima, but precisely the art represented by the Teatro
Carlos Gomes, who as seen during the course of this work emerged at a time very
important for the local culture, but due to the lack of necessary maintenance this
theater is in ruins, which directly affects the local art, because this is until the present
moment the The only public space for demonstration of theatrical art.

Keywords: Scenic art. Roraima. Carlos Gomes Theater.


LISTA DE SIGLAS

FETER – Festival de Teatro Estudantil de Roraima


PRONAC – Programa Nacional de Apoio à Cultura
RADIOBRÁS – Empresa Brasileira de Rádiofusão
SECULT – Secretaria de Cultura do Estado
TBC – Teatro Brasileiro de Comédia
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: TEATRO CARLOS GOMES....................................................................33

FIGURA 2: O TEATRO ABANDONADO....................................................................34


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 ARTES CÊNICAS COMO MANIFESTÃO CULTURAL ......................................... 15
2.1 O Surgimento do Teatro como Expressão de Arte e Cultura ........................... 16
2.2 O TEATRO NO BRASIL ................................................................................... 24
3 O TEATRO CARLOS GOMES: DA ASCENSÃO AO ABANDONO ...................... 30
3.1 ASCENSÃO ..................................................................................................... 30
3.2 A QUEDA DO TEATRO CARLOS GOMES: uma perca a cultura local ............ 34
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 40
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA .............................................................................. 41
11

1 INTRODUÇÃO

Historicamente na manifestação artística, a representação surgiu com o


próprio homem, na Pré-História. Nos rituais sagrados, os homens pré-históricos
representavam cenas de caça, onde um representava o caçador e outro, a caça.
Eles acreditavam que, se o caçador fosse vencido pela caça, durante a
representação, era um sinal dos deuses que, no dia seguinte, se saíssem para
caçar, seriam derrotados. Nesse momento em que o homem finge ser outra pessoa,
ele representa, ele atua. Podemos, então, dizer que o homem pré-histórico, antes
mesmo da escrita, já utilizava a arte como forma de comunicação com os deuses.
Assim, surge a primeira forma de representação da história humana. Logicamente,
ele não sabia que estava dando origem a uma das principais formas de arte
(SEIXAS, 2014).
Segundo Strazzacappa apud Strazzacappa & Morandi (2006), as artes
cênicas também chamadas artes performáticas são todas as formas de arte que se
desenvolvem num palco, local de representação para um público ou lugar destinado
a espectadores. Para estes autores o artista cênico “é o ator, o dançarino, o mímico,
o músico, o performer, ou seja, todo artista que traz em seu próprio corpo o resultado
de sua arte” (p. 40).
No Brasil, os artistas cênicos de dança e teatro são regulamentados pela Lei
6.533/78, que regula o exercício da profissão de artistas e de técnico em
espetáculos de diversões. Esta lei conceitua “artista” como sendo o profissional que
cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natureza.
A compreensão do mundo através da linguagem artística é outra. Sua riqueza
está no processo, na apaixonante proximidade entre sujeito e objeto, no pensamento
analógico, no comprometimento fundamental dos sentidos, na reeducação dos
sentidos. É nisto que se constitui a materialidade cênica.
Atualmente a palavra cultura abrange muito mais do que se pode entender o
uso do termo cultura tem sentido cada vez mais amplo. Costuma se referi às artes e
às ciências e seus equivalentes populares como música folclórica, medicina popular
e assim por diante, além de uma ampla gama de artefatos como imagens,
ferramentas, casas, etc, e práticas também como conversar, ler e jogar.
Assim a cultura vem abranger um padrão que historicamente vem sendo
transmitido de geração em geração, significados incorporados em símbolos, pelos
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quais os seres humanos se comunicam, perpetuam e desenvolvem seu


conhecimento e suas atitudes acerca da vida. Em síntese, organiza e expressa tudo
o que é aprendido e partilhado pelos indivíduos de um determinado grupo, criando
uma identidade psicológica e social a partir do grupo ao qual pertença.
A Arte Cênica abrange o estudo e a prática de toda essa forma de expressão
que necessita de um espaço para o seu exercício, como o teatro, a música ou a
dança. Para Gullar (2006), o mundo que o artista cria parte das suas experiências,
daquilo que ele consegue enxergar no mundo, na sua cultura. Sendo assim, a arte
parte sempre de dentro do indivíduo, trazendo uma bagagem de sentimentos,
interesses, valores e conhecimentos.
Nesse contexto, ter um espaço voltado para prática dessa arte é fundamental,
porém em nossa cidade, no momento atual, o único espaço público voltado para
prática das artes cênicas se encontra abandonado há mais de 12 anos. O teatro
Carlos Gomes, construído em 1958, faz parte do patrimônio histórico de Roraima,
porém hoje se encontra abandonado pelo poder publico e entregue as ruínas assim
como também outros espaços culturais de Boa Vista. Levando isto em consideração,
podemos imaginar as condições e incentivo que dispõem as pessoas que vivem de
arte em Roraima.
Dessa forma, esta pesquisa procura compreender as condições das artes
cênica em Boa Vista na segunda metade do século XX, levando em consideração as
condições dos artistas e dessa prática artística: condições de trabalho, incentivo e
apoio da administração pública e da sociedade em geral.
Tem como objetivo analisar a história deste teatro desde sua criação em uma
pequena sala da primeira Escola pública Lobo D’Almada, no antigo Território Federal
do Rio Branco. Essa sala tinha capacidade para 19 lugares foi chamado de teatrinho
Carlos Gomes. Lugar este que posteriormente passaria a funcionar a rádio difusora
de Roraima no ano 1958. Palco de inúmeras apresentações de dança, música e
exibições teatrais. Com foco nas artes cênicas será feito uma pesquisa das
apresentações teatrais feita no local assim, história do teatro Carlos Gomes sua
importância para sociedade boa-vistense levando uma reflexão sobre o patrimônio
cultural e sua valorização.
Este trabalho tem como tema “ENTRE ATORES E PALCO: o Teatro Carlos
Gomes da ascensão ao abandono” e será usado como base o próprio Teatro Carlos
Gomes que desde sua criação em 1958 foi palco de várias apresentações locais,
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passou por algumas reformas superficiais a penúltima no governo de Neudo Ribeiro


Campos em 1994 e hoje esquecido e abandonado tem se tornado palco de cupins,
matos e ferrugens. O local foi fechado após o corpo de Bombeiros ter emitido um
laudo apontando riscos de desabamento do teto. Esquecido pelo poder público e
pela sociedade que encontra dificuldades para ter acesso ao pouco que se é
ofertado. O presente trabalho vem com o intuito de sensibilizar o leitor em relação à
importância do teatro Carlos Gomes para apresentações artríticas e culturais na
cidade de Boa Visto que é único espaço publico voltado para as artes cênicas.
Nesta pesquisa levantamos como hipótese o fato de que a ascensão e
abandono do teatro Carlos Gomes reflete as condições da arte cênica em Boa Vista:
falta de interesse e incentivo tanto por parte dos governantes, municipal, estadual e
da iniciativa privada, deixando os artistas sem condição para atuar de forma
satisfatória e essa arte no abandono.
Para tanto este trabalho apresenta como objetivo geral: Analisar a trajetória
do Teatro Carlos Gomes de sua fundação aos dias de hoje, ressaltando sua
importância para a sociedade boa-vistense e a atenção recebida por parte do poder
públicos. E como objetivos específicos: Produzir um breve histórico sobre as artes
cênicas em Roraima; ressaltar as políticas públicas de incentivo as artes cênicas em
Boa Vista bem como em todo o estado de Roraima. Apresentar a trajetória do teatro
Carlos Gomes desde a sua fundação até os dias de hoje. Verificar a importância do
teatro Carlos Gomes para os grupos e companhias teatrais atuantes no município de
Boa Vista nos últimos 20 anos.
A metodologia utilizada foi à bibliográfica / qualitativa de cunho exploratório,
onde a revisão de literatura foi baseada em livros, artigos, jornais, manuais
relacionados ao tema de estudo obtidos através de sites de noticias da internet. As
fontes pesquisadas são os jornais locais, jornal Folha de Boa Vista, jornal Roraima
em tempo entre outros jornais que circularam no período de funcionamento do
teatro. Livros e revista de autores locais.
Essa pesquisa divide em capítulo da seguinte forma: introdução que traz uma
breve abordagem do trabalho completo, abordando os objetivos, a justificativa e a
metodologia. No segundo capítulo discorre sobre as artes cênicas, trazendo uma
contextualização sobre o surgimento desta arte no mundo, as artes gregas, romanas
e chinesas, até chegar à arte cênica ocidental na atualidade, findando com a
abordagem sobre o surgimento do teatro no Brasil, desde a época da colonização. O
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terceiro capítulo aborda sobre o teatro em Roraima, demonstrando desde o


surgimento das primeiras manifestações culturais, inclusive com a criação do Teatro
Carlos Gomes até a sua decadência e fechamento. Por fim, apresentamos as
considerações finais como fechamento deste trabalho.
A reconstrução da história do teatro Carlos Gomes, patrimônio histórico e
cultural da sociedade boa-vistense, pela sua importância para a cultura local, em
especial para as artes cênicas, contribui para a compreensão das condições vivida
pelos artistas em Roraima, levando-nos a indagar sobre: quais as condições
históricas que levaram a construção de tal patrimônio em um dado momento
histórico e o seu abandono em outro? O que justifica o descaso para com um
patrimônio público tão essencial a prática desta arte? Como têm sobrevivido os
artistas locais envolvidos com ela? Porque o descaso das autoridades para com as
artes cênicas?
Neste contexto, reconstruir a história do teatro Carlos Gomes para cultura
local, em especial as artes cênicas, vai jogar luz nas condições que os artistas
enfrentam para viverem de arte em Roraima: sem apoio público evidenciado no
abandono do único espaço público para a sua prática, o que leva pensarmos
também no fraco apoio da sociedade local. Assim o termo “atores” do título deste
projeto, pensa não só o artista, mas naqueles que precisam ser artistas para mostrar
seus trabalhos, recorrendo a inúmeros artifícios para se realizarem enquanto tais. Da
mesma forma, o termo “palcos” não se refere apenas ao teatro em si, espaço físico
de atuação do ator, mas a própria sociedade boa-vistense em seu conjunto,
enquanto público consumidor e patrocinador.
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2 ARTES CÊNICAS COMO MANIFESTÃO CULTURAL

A cultura se faz presente deste do inicio da civilização, representa uma


identidade de um povo que por sua vez, pode ser manifestada através da dança,
teatro, pintura, crença entre outras.
Quanto ao conceito de cultura, Laraia (2009), cita sua primeira definição feita
por Edward Tylor (1832-1917), no vocábulo inglês Culture, que “tomando em seu
amplo sentido etnográfico é este complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte,
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo
homem como membro de uma sociedade”. (LARAIA, 2009, p.25).
Com relação à arte cênica define-se como arte apresentada em um palco ou
lugar destinado a plateias. O palco é compreendido como qualquer local onde
acontece uma representação, sendo assim, estas pode acontecer tanto em escolas,
universidades, praças públicas como em ruas.
Por outro lado, tomamos o palco também para pensar a cidade de Boa Vista,
procurando entender, a partir das informações das pessoas que de alguma forma se
relacionaram com a arte cênica, qual a posição ou posições que elas ocuparam na
sociedade boa-vistense na segunda metade do século XX.
Neste exercício recorremos aos conceitos de “lugar” e “espaço” de Michel de
Certeau (1994). Conforme este autor “Os relatos cotidianos contam aquilo que,
apesar de tudo, se pode aí fabricar e fazer”. São feituras de espaços. Operações
sobre lugares, os relatos exercem também o papel cotidiano de uma instância móvel
e magistral em matéria de demarcação (CERTEAU, 1994, 207).
Dessa forma, o lugar “Implica uma indicação de estabilidade”, pois “Um lugar
é uma ordem (seja qual for) segundo a qual se distribuem elementos nas relações
de coexistência. Aí se acha, portanto, excluída a possibilidade para duas coisas
ocuparem o mesmo lugar (CERTEAU, 1994, 201)”.
Já o “Espaço é o efeito produzido pelas operações que o orientam, o
circunstanciam, o temporalizam e o levam a funcionar em unidade polivalente de
programas conflituais de proximidades contratuais (CERTEAU, 1994, 202). Dessa
forma pensaremos a configuração de espaço a partir da “ordem de lugar” autorizada
pelas informações das pessoas que em suas práticas cotidianas se relacionaram
com as artes cênicas. Pois: “Tomar os discursos nessa perspectiva é pensar também
no leitor enquanto produtor, entendendo que, quando as pessoas fazem suas
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observações sobre a cidade, por exemplo, elas estão produzindo textos singulares
que carregam suas visões de mundo” (SANTOS, 2015, p.20). Em nosso caso
específico, é quando elas fazem suas observações sobre as artes cênicas em Boa
Vista na segunda metade do século XX, que procuraremos, em suas informações,
compreender a ordem de lugar viabilizada, ou seja, o lugar do teatro na sociedade
ou dos atores nas artes cênicas boa-vistense e a forma como era praticada.
Desta forma, nesta pesquisa a “ordens de lugar” será compreendida a partir
da síntese apresentada nos discursos das pessoas que se relacionaram com esta
arte, tanto artistas, governantes e público consumidor, ou seja, a partir de matérias
publicadas em jornais, revistas ou em entrevistas pessoas.

2.1 O Surgimento do Teatro como Expressão de Arte e Cultura

Quão dolorosas são as contrações através das quais se traduz no papel, no


palco vazio e no corpo vazio, mas ao mesmo tempo cheio, o espetáculo do
mundo? Porque para que o nosso corpo, para que o corpo de homens que
somos possa ser o corpo do mundo que vivemos, é preciso primeiro
esvaziá-lo do que somos e deixar crescer em nós o outro em que nos
tornamos para que esse outro em que nos tornamos nasça e renasça
depois, todos os dias, das nossas entranhas, perante os olhos dos que nos
creem ser o que fingimos ser, seja esse fingimento o fingimento do que não
somos ou do que, afinal, também somos. E no meio de tudo isso, vem
também essa dor que é o paradoxo do criador: a dor de voltar a esvaziar o
que em si criou e que se mistura com o prazer de ver diante de si o ato e o
resultado da criação (ANDRÉ, 2004, p.7).

Ao se buscar definição a palavra teatro observar-se que o mesmo vem do


grego theastai que quer dizer: ver contemplar, olhar, e que antigamente era
designado aos locais onde geralmente aconteciam os espetáculos. Se buscarmos
uma definição mais atual verá de acordo com o dicionário Aurélio (1999) que este é
tido como “edifício onde se representam obras dramáticas ou onde se passam
acontecimentos memoráveis, arte de representar, ou como coleção das obras
dramáticas de um autor, época ou nação”.
Ao se tratar sobre a arte teatral observa-se que o mesmo desperta certa
provocação aos sentidos, pois instiga o pensamento, uma vez que exalta uma das
características humanas devido a sua possibilidade de redirecionamento no modo
de agir e pensar, uma vez que o ator do teatro possui certa liberdade em se
transformar e modificar o mundo ao seu redor. E este entendimento de que o teatro
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é capaz de mudar a percepção de mundo através da manifestação da criação e


expressão humana, isto no âmbito social e histórico faz com que o mesmo seja
utilizado como expressão da arte e da cultura.
Observa-se que em todos os tempos é possível encontrar a arte como
expressão social, seja através do teatro ou de qualquer outra manifestação artística.
Ao se buscar historicamente o surgimento do teatro nos remontamos a Grécia Antiga
onde se tem as primeiras manifestações teatrais, conforme citação abaixo:

Os festivais, organizados por ocasião da primavera, movimentavam a vida


da polis e multidões formavam o público que acorria aos teatros ao ar livre
para apreciar encenações que versavam sobre temas profundamente
humanos: suas paixões e desatinos, os valores éticos que permeavam ou
não as suas ações e as consequências advindas do uso ou da falta da
liberdade nas decisões e no posicionamento perante a realidade. O teatro
grego era o teatro cívico por excelência, pois dialogava com o povo
incitando a conhecer sua história e a se reconhecer na história, num caráter
francamente pedagógico, o que não interferiu na qualidade artística a qual
lhe conferiu seu valor universal (p. 7).

O que se busca demonstrar é que apesar de muito tempo ter se passado


desde a época do teatro grego até os dias atuais e o teatro continua buscando
caminhos que possam levar o homem ao entendimento da sua ação no mundo,
buscando sempre o viés da crítica à arte teatral.
O que se observa na evolução do teatro ao longo dos tempos são justamente
as inúmeras formas de expressão que são demonstradas, sempre de maneira
específica da linguagem para o momento e o ambiente ao qual está inserido
culturalmente. Geralmente os conteúdos expressos nas peças teatrais buscam
exprimir o que o homem está sentindo, ou imagina, pensa e abstrai o que lhe
permite demonstrar inúmeros significados através de sua expressão.
Por isso o teatro é considerado uma manifestação cultural, de acordo com
Pinto (1985) a cultura é criada pelo homem através da sua organização coletiva do
seu modo de vida, pois é possível através desta produzir a própria existência com o
acúmulo de suas experiências, este autor ainda discorre que fazem parte da cultura
do homem os instrumentos por ele fabricados para domínio da natureza, suas ideias
para agir de forma mais eficiente na sociedade, enfim, a forma como o homem extrai
o seu sustento da natureza.
O que se observa é que teatro é acima de tudo um modo de comunicação e
de expressão, isto desde a antiguidade, pois é no teatro que ocorre às
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manifestações, pois no espaço teatral é onde se tem liberdade para a expressão


cultural e onde ocorre principalmente a troca de experiências, que vão desde críticas
a diálogos mais amenos. O que se quer demonstrar é que o teatro não deve ser
visto somente como palco de exibicionismo, mas principalmente:

(...) como uma possibilidade de expressão do verdadeiro eu, que promove


muitas descobertas, age como um fomentador da educação. Nessa
perspectiva, o teatro se constitui em uma disciplina que dá contribuições
bastante valiosas à educação, na medida em que ele possibilita não só as
crianças pensarem de forma criativa e independente, aguçando a
imaginação e a iniciativa; despertando a prática da cooperação social, algo
que está cada vez mais desaparecendo, tornando-se rara; o
desenvolvimento da sensibilidade para relacionamentos pessoais, um ponto
importantíssimo se levarmos em conta que a nossa sociedade tem
promovido o distanciamento das pessoas. Além disso, o teatro proporciona
também experiências de pensamento independente. Os jogos teatrais,
certamente, dão essas possibilidades (RIBEIRO, 2004, p. 71).

Portanto, o teatro deve ser visto como sendo um espaço socializador, onde
através da prática teatral é possível se buscar a consciência coletiva e assim se
alcançar um objetivo comum, o teatro trabalha a questão do trabalho em equipe, o
fortalecimento destas relações, por isso a sua importância para a expressão social.
O que se percebe no mundo capitalista é que o próprio sistema torna as
pessoas materialistas e egocêntricas, Marx (1989) discorre que a própria estrutura
econômica é quem condiciona a existência e as forma de Estado da consciência
social, sob este viés percebe-se que tudo está voltado ao lucro e ao poder, onde as
pessoas tem-se preocupado cada vez menos umas com as outras.
Portanto, é necessário que venhamos a buscar meios e mecanismos que nos
retorne a humanização, e o teatro é uma dessas metodologias a serem utilizadas
para se promover o resgate da solidariedade com o próximo.

O individualismo característico de nossa cultura, é claro, dificulta a


compreensão de que somente é possível se fazer verdadeiramente humano,
ser racional, autônomo e livre à medida que se trabalhe para a humanização
de todos os humanos, independentemente das particularidades de raça,
nacionalidade, idade, situação sócio-econômica, ideologia e crença. Educar é
trabalhar para que a cultura, a razão, o pensamento, a autonomia, a
liberdade, a democracia e a solidariedade se tornem valores fundamentais
para educandos e educadores, estudantes e docentes, enfim, para que os
atuais humanos e as gerações futuras participem efetivamente da invenção
de uma nova humanidade, de uma nova sociedade, de uma nova cultura, de
um novo homem. Caminhar nesse sentido deve ser, então, um valor
fundamental e primeiro de nossa existência, o que colide frontalmente com o
culto do indivíduo, dos bens materiais, do imediato, do prazer, do poder, da
fama (CÔELHO, 2003, p. 10).
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Observa-se claramente na citação acima a preocupação com a solidariedade,


a humanização e que estas podem ser alcançadas através do teatro, uma vez que
desde os tempos mais remotos o teatro é tido como expressão cultural e no qual as
pessoas expõem seus mais diversos sentimentos em relação à sociedade como um
todo. Marx em uma de suas obras já dizia:

Suponhamos que o homem é homem e que é humana a sua relação ao


mundo. Então, o amor só poderá permutar-se com amor, a confiança com a
confiança, etc. Se alguém deseja saborear a arte, terá de tornar-se uma
pessoa artisticamente educada; se alguém pretende influenciar os outros
homens, deve tornar-se um homem que tenha um efeito verdadeiramente
estimulante e encorajador sobre os outros homens. Cada uma das nossas
relações ao homem e à natureza deverá ser uma expressão definida,
correspondendo ao objeto da vontade, da sua vida individual real. Se
alguém amar, sem por sua vez despertar amor, isto é, se o seu amor
enquanto amor não suscitar amor recíproco, se alguém através da
manifestação vital enquanto homem que ama não se transforma em pessoa
amada, é porque o seu amor é impotente e uma infelicidade (MARX, 1989,
p. 235).

É possível perceber a mesma preocupação com a questão do humanismo a


ser trabalhado através do teatro, pois existe uma demonstração de que o homem é
um ser social que necessita se integrar a esta sociedade de forma efetiva. Verifica-
se então que o teatro desempenha um papel muito importante ao longo dos tempos
e no Brasil é da mesma forma, pois o mesmo surge justamente para que a
sociedade possa através deste expressar seus anseios e suas críticas a forma de
governo ou qualquer outra forma de manifestação.
Peixoto (1989) discorre que o teatro é um local que existe a muitos séculos e
que se destina a diversão e conhecimento, prazer e denúncia. O teatro sofreu
inúmeras modificações ao longo dos tempos, mas não perdeu a sua função neste
processo histórico, que é a manifestação da expressão artística. Em dados
momentos é possível observar que alguns elementos que compõem a expressão
artística se perdem em um segundo plano, mas não demora e eles estão de volta
com suas críticas, então se observa que mais se modificou durante essa trajetória
histórica é a função social do teatro.
Constantemente redefinida, na teoria e na prática, esta função social tem
provocado alterações substantivas na maneira de conceber e realizar teatro.
Muitas vezes negando princípios e técnicas que pouco antes pareciam
essenciais e indispensáveis. Frequentemente transformando o processo
narrativo e mesmo os processos de interpretação e encenação
(PEIXOTO,1989, p. 12).
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É possível perceber de acordo com Peixoto (1989) que a representação cria


um limiar entre a razão e a emoção, em que possibilita um diálogo entre os atores e
a plateia, em razão da sua função social o teatro não age diretamente no processo
de mudança social, mas atua de forma efetiva sobre os homens, salientando que
são estes os verdadeiros agentes que possibilitam a construção da vida social.
Magaldi (2008) afirma que além da função social, o teatro possui outras
características que são inerentes ao mesmo, como por exemplo, a sua ação
coletiva, onde a mensagem do dramaturgo é passada de forma coletiva às pessoas
em cada apresentação, e isso de certa forma é uma função presente nesta arte.
Conforme já vem se apresentando, o teatro é uma forma de arte, possui a
peculiaridade de analisar o homem, seus propósitos e seus problemas, levando em
consideração a sua temporalidade, e quando se trata das funções do teatro observa-
se que a mesma pode ser apresentada de maneira isolada ou coletiva, onde passa
aos seus apreciadores mensagens que vai desde uma simples peça romancista a
mais profunda crítica a forma de viver da sociedade, as lutas de classes, os mais
diversos conflitos, enfim é capaz de trabalhar diversos temas, sejam eles polêmicos
ou não. Cabe ao homem explorar esta arte através do prazer de assistir à
encenação de seus atores, se utilizando de fantasias e uma necessidade de
diversão, enfim de toda arte que envolve o espetáculo (MAGALDI, 2008).
Ao se tentar buscar uma data precisa e um local para o seu surgimento viu-se
anteriormente que a Grécia é tida como precursora dessa arte, mas vale ressaltar
que o mesmo surgiu quase que unânime em outras partes do mundo, se deram
muitas vezes pelas suas manifestações em rituais e cerimônias religiosas (ARAÚJO,
1991).
Araújo (1991) ainda discorre que existem dados referente à existência de
representações teatrais do Egito Antigo com datas aproximadas de 6 mil anos,
acredita-se que essas manifestações eram para exaltar as divindades da mitologia
egípcia Osíris e Ísis, tanto que “O drama de paixão de Osíris” é tida como a mais
antiga representação que se tem conhecimento.
Mais adiante se tem relatos do desenvolvimento teatral na Índia em
manifestação ao Brama (primeiro deus da trindade hinduísta), acontecia através de
recitativos e representações que eram feitas nos festivais religiosos, conforme
descritos no “Mahabharata”, sendo este uma espécie épica clássico da Índia, que
21

eram recitados nos cultos de Krishna (era uma espécie de homem mensageiro de
deus).
Na China o surgimento do teatro se deu a partir das danças ritualísticas
voltadas à fecundidade, assim também como nas cerimônias mágicas que
posteriormente foram absorvidas pela dinastia Chou. Historicamente o teatro na
China teve seu maior progresso no século VIII, conforme veremos:

Como os dois outros grandes teatros do Oriente – o do Japão e o da Índia –


o chinês desenvolveu complexa estrutura técnica e artística que não deixam
de influenciar o Ocidente. O seu palco assemelhava-se ao isabelino, como
este rodeado pela plateia por três dos seus lados. Não há cenários, apenas
um telão bordado constitui o fundo (...). Acessórios são utilizados em cena e
possuem extraordinário valor simbólico (...). A arte do ator é também
carregada de simbolismo (...). O canto é a forma pela qual se expressa o
ator chinês, reservando-se a voz natural apenas para os ch’ou (cômicos)
(ARAÚJO, 1991, p. 63).

E na Grécia o teatro também surgiu através dos mais diversos rituais


religiosos, que geralmente eram praticados em culto ao deus Dionísio. Esta forma foi
se perdendo ao longo dos tempos quando juntamente a estes rituais foram
introduzidos os cantos épicos, isto de certa forma possibilitou um novo modelo ao
teatro grego.

O teatro trágico grego conservou por muito tempo traços dos seus começos.
Foi hábito construir no centro do conjunto teatral, no coração da orchéstra, a
thiméle simbólica que trazia à memória o altar-berço da tragédia; o coro
permaneceu como uma reminiscência formal do ditirambo; a indumentária
dos atores nunca perdeu o seu sentido hierárquico; e a ocasião do
espetáculo trágico foi sempre a festa religiosa de Dionísio (ARAUJO, 1991,
p. 71).

Observa-se que a tragédia grega é uma das vertentes mais presentes na


cultura daquele povo, os gregos foram responsáveis por uma grande parte da arte
que hoje é referência no mundo, e o teatro é uma delas. Araújo (1991, p. 79) afirma
que:

(...) também a comédia emanou das cerimônias dionisíacas, já não do


ditirambo, mas de festividades que se realizavam desde tempos recuados
em Atenas e na Ática em volta. (...) A comédia seria, portanto, o ‘canto do
kómos’, ato burlesco, mas ainda assim religioso relacionado ao mesmo
tempo com os ciclos da agricultura e a ideia de reprodução.
22

Desde o seu surgimento até o seu desaparecimento a comédia ateniense


passou por três períodos, sendo eles: comédia antiga que compreendeu os períodos
de 500 a 400 a.C., onde as peças misturavam sátira política e ataques pessoais, seu
principal autor foi Aristófanes; o segundo é tido como a comédia intermediária, que
datava de 400 a 330 a. C. neste período o coro desaparece e tem como principais
autores Aléxis e Antífanes e o último período é tido como comédia nova que surge
por volta de 330 a.C. e perdurou durante a supremacia macedônica na Grécia e teve
como principais autores Menandro, Dífilo e Filémon.
Mudanças significativas ocorreram por volta dos anos 200 a.C. devido ao
cerceamento da cultura, conforme veremos:

A literatura grega entrou em declínio. O fim das festividades públicas nas


cidades da época helenística fez com que a arte trágica perdesse a função.
A tragédia e a comédia antigas não tiveram sucessores à altura. A chamada
comédia nova, cultivada por Menandro, sofreu restrições oficiais e limitou
seus enredos a questões familiares, amorosas, além de focalizar
exclusivamente a vida da elite, numa época desmitologizada e despolitizada
(GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005, p. 1).

O que se pode demonstrar sobre a origem do teatro em Roma é que este não
possui uma data específica para o seu surgimento, o único relato que se tem é que
os atores etrusco foram chamados a irem à Roma em 364 a.C, para demonstrar
suas artes na dança, assim também como as manifestações de ira dos deuses
através de suas pragas A arte romana consistia basicamente em cantos, danças e
diálogos. Apesar de Roma não demonstrar uma data exata para o surgimento do
teatro e de obtermos dados concretos que a Grécia foi o berço do surgimento do
mesmo, ainda assim foi em Roma que a arte atingiu seu ápice, sendo também
construídos os edifícios locais para a apresentação dos espetáculos (ARAÚJO,
1991).
O edifício teatral em Roma, tanto quanto a sua literatura dramática, inspirou-
se no grego, com numerosas alterações. Mais grandioso e maciço, o teatro
romano, ao contrário de seu modelo, podia ser construído em terreno plano,
já não se valendo das encostas das elevações para a disposição das
arquibancadas (cavea), agora em semicírculo. A orquestra teve também
este desenho, não mais se destinando ao coro, anulado dos espetáculos,
mas transformada em recinto seleto para espectadores. A skéne passou a
chamar-se scaena e a fachada-cenário (frons acaene) elaborou-se ao
extremo. Diante dela ficava o palpitum, o palco, bem mais baixo que o
grego. (...) Outra descoberta romana foi a cobertura cavea com um toldo
pintado, para proteger os assistentes. (...) Mais significativa foi a introdução
da cortina de palco, (...) a partir de 133 a.C. A cortina não descia, mas se
erguia de uma cavidade do palco (ARAÚJO, 1991, p. 99).
23

Uma das observações a serem levadas em consideração está o fato de que


Roma conseguiu consolidar companhias de teatro, diferente do que ocorria na
Grécia, inclusive essas companhias com estruturas semelhantes as que
encontramos nos dias atuais, apesar de que a Grécia sempre se sobrepôs quando o
assunto é concursos dramáticos e originais (ARAÚJO, 1991).
Com a queda do Império Romano e consequentemente a ascensão do
cristianismo houve o rompimento radical da tradição teatral clássica e ocorreu de
sobremaneira a evolução do teatro ocidental, ou melhor, houve a necessidade de
que este recomeçasse, pois o Cristianismo de certa forma extinguiu o teatro e este
voltou a ressurgir na Europa por volta do ano 1000, através de pequenos diálogos
que geralmente eram cantados durante as missas, e posteriormente foram
ganhando espaços. Já no século XIII essas manifestações eram mais efetivas e as
liturgias ocorriam na Páscoa, Paixão de Cristo e no Natal. (GRANDE
ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005).
Mais adiante no século XIV a Europa já recitava peças teatrais em línguas
vernáculas, em diversos locais da cidade, saindo do recinto episcopal, é a partir daí
que surge a inserção de trechos que levavam em consideração os costumes locais,
assim também como detalhes folclóricos da região.
No ano de 1545 a Inglaterra apresenta o que chamamos de teatro
elisabetano, onde se tem uma nova versão das dramaturgias e artes cênicas, é
neste período que se constroem os primeiros espaços destinados aos espetáculos
teatrais, sendo também consolidado o teatro profissional, é neste período histórico
que apontam os primeiros autores ingleses que fazem sucesso até os dias atuais,
sendo eles: Christopher Marlowe, Bem Jonson e William Shakesperare.

Sheakespeare, considerado o maior dramaturgo da literatura universal,


escreveu comédias e tragédias. O florescimento da grande dramaturgia de
sua época coincidiu com a inauguração dos primeiros teatros cobertos, no
estilo italiano. Em 1642, a censura puritana impôs o fechamento dos teatros.
Reabertos em 1660, com a restauração da monarquia, encontram a elite
conquistada pelo teatro épico francês (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA,
2005, p. 3).

Ainda de acordo com a Grande Enciclopédia Barsa (2005) no século XVIII


surge o drama burguês que trata de temas modernos e fazem um contraponto entre
o social e o familiar, neste mesmo período surge na Alemanha um movimento
denominado de pré-romântico que vem em desencontro com o teatro clássico, e tem
24

como pré-requisito os artistas, única e exclusivamente, ou seja, não possuía regras


formais. Observa-se que ocorre uma verdadeira batalha no campo da arte, e a partir
de então mudanças significativas ocorreram para a evolução da arte, sendo que:
“três fatores determinaram a evolução da arte teatral na primeira metade do século
XX: o advento do comunismo, a crise da burguesia capitalista e a invenção do
cinema e da televisão” (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005, p. 5),
Observou-se neste capítulo que a arte está presente na história da
humanidade desde o seu surgimento. Os gregos apesar de precursores na arte não
ficaram sozinhos, pois os romanos também deixaram seu legado para o teatro,
assim como os chineses. E desde aquele tempo a arte vem se fazendo presente na
vida das pessoas e ganhando mais espaços no dia a dia.

2.2 O TEATRO NO BRASIL

E ao se buscar relatos sobre as manifestações cênicas no Brasil, observa-se


que essa prática se dá desde a época dos jesuítas, que se utilizavam do teatro para
catequizar. Historicamente falando os colonizadores portugueses ao virem ao Brasil
trouxeram hábitos europeus de representações, e como este não deu muito certo,
coube ao padre José de Anchieta encenar um auto, e este acabaram tendo apreço
pela arte que passou a escrever e representar os autos pautados na dramaturgia
religiosa, dando uma conotação mais voltada à religião do que à arte (MAGALDI,
2004).

Os vários autos, desiguais na forma e no resultado cênico, parecem uma


aplicada composição didática de quem tinha um dever superior a cumprir:
levar a fé e os mandamentos religiosos à audiência, num veículo ameno e
agradável, diferente da prédica seca dos sermões. Acresce que os índios
eram sensíveis à música e à dança, e a mistura das várias artes atuava
sobre o espectador com vigoroso impacto. A missão catequética dos autos
se cumpria assim facilmente (MAGALDI, 2004, p. 16)

Ressalta-se que a dramaturgia representada por Anchieta não fugia à


realidade cristã, pois a mesma consistia basicamente de encenações de santos
padroeiros, da chegada dos sacerdotes à colônia brasileira, ou mesmo a vida pagã
dos moradores desta colônia antes da chegada dos jesuítas, alguns dos costumes
que eram condenados pela igreja Católica, enfim eram representações que eram
25

unicamente voltados ao cunho religioso. “Anchieta utilizava em seus autos o


plurilinguismo, algumas cenas eram representadas em português, outras em
castelhano e também havia muitos diálogos em tupi, uma vez que os espectadores
eram de diversas origens” (MAGALDI, 2008, p. 1).
Deste período não existem relatos de outras peças teatrais que pudessem ter
sido apresentadas a população, seja em datas comemorativas ou não. Existem
relatos de mais adiante, mais precisamente da segunda metade do século XVIII,
onde se constrói as “Casas de Ópera”, estas foram construídas em diversas cidades
como: Rio de Janeiro, Vila Rica, Diamantina, Recife, dentre outras. Estas edificações
foram construídas para que se pudessem ser apresentadas as representações, e
posteriormente estes lugares ficaram conhecidos como teatro (MAGALDI, 2004).
Ainda de acordo com Magaldi (2002, p. 27):

(...) cabe-nos considerar essa inovação um progresso essencial da


atividade cênica, sobretudo porque os prédios teatrais foram utilizados por
elencos mais ou menos fixos, com certa constância no trabalho. Sob o
prisma da dramaturgia, persiste o vazio, porque só nos chegou o texto de O
Parnaso Obsequioso, de Cláudio Manoel da Costa.

Observa-se que esta peça “Parnasso” foi encenada em comemoração ao


aniversário do governador em 1763 na Vila Rica, ou seja, muitas das representações
só ocorriam em datas comemorativas. Posteriormente Magaldi (2008) discorre de
outras datas em que houve encenações em diversas cidades devidas as suas
festividades. Um dado relevante a ser demonstrado é o fato de que essas
encenações eram realizadas por homens somente, as mulheres não podiam
participar e os papeis que eram para serem representados por elas, os atores é
quem encenavam. Uma mudança que trouxe avanços significativos ao teatro
brasileiro foi “A transferência da corte portuguesa paro o Rio, em 1808, trouxe
inegável progresso para o teatro, consolidado pela independência, em 1822, a que
se ligou depois o romantismo, de cunho nacionalista” (MAGALDI, 2003, p.1).
E no ano de 1833 ocorre a fundação da primeira companhia de teatro
brasileira, criada por João Caetano, e tinha como objetivo central acabar com a
necessidade de se ter atores estrangeiros nas peças que eram criadas e montadas
no país. João foi “peça” fundamental para a história do teatro brasileiro, fez inúmeras
mudanças que possibilitaram o surgimento de outras companhias, mas apesar de
todo seu empenho ele não acreditava que o teatro brasileiro pudesse alçar voos
26

maiores sem o incentivo do Governo (MAGALDI, 2008). Dentre as suas obras de


maior sucesso tem-se a trama Antonio José:

A trama de Antonio José, tratando do dramaturgo morto em auto-da-fé pela


Inquisição, se perde em peripécias mirabolantes, com um frade vilão que
acusa o protagonista, na esperança de conquistar sua amada, a atriz
Mariana. Já a comédia despretensiosa de Pena, sem fixar grandes
caracteres, mas apenas tipos, satiriza o estrangeiro explorador e o homem
da corte esperto e inescrupuloso, bem como os representantes dos três
poderes – os funcionários corruptos do executivo, os deputados e seus
discursos vazios, e os magistrados que julgam atendendo ao interesse
pessoal (MAGALDI, 2008, p. 2).

O autor tinha um orgulho imenso de sua obra, primeiro por ser a primeira obra
escrita por um brasileiro e segundo porque ela retratava assuntos da realidade do
país. Posteriormente outros autores brasileiros foram se consagrando, inclusive
grandes nomes dos quais até hoje se tem encenação de suas peças, nomes como:
Martins Pena, Joaquim Manuel Macedo, Gonçalves Dias, este posteriormente foi
consagrado um dos maiores poetas da história brasileira e apesar de escrever peças
teatrais as mesmas só foram reconhecidas após sua morte. Além destes muitos
outros se consagraram posteriormente, dos quais não iremos nos ater, por não ser
objeto central deste trabalho.
Então, o surgimento do teatro no Brasil ocorre de maneira diferente dos
outros tipos de artes, apesar de seu surgimento ser anterior, o mesmo só se torna
significativo nos anos de 1940 com a “comédia dos costumes”, onde traz uma crítica
em forma de sátira as situações que estavam ocorrendo no país. Têm-se relatos de
inúmeras comédias serem apresentadas antes desta data, como por exemplo, no
governo de Getúlio Vargas entre os anos de 1930 e 1932 onde devidos as inúmeras
mudanças que estavam ocorrendo no campo político, uma vez que Getúlio buscava
industrializar o país, já se notava as primeiras investidas em se modernizar a
dramaturgia brasileira, de acordo com Almeida Prado (1988, p. 14) “O teatro
nacional não se mostrou indiferente a essa onda de inquietação, procurando, de
vários modos, escapar dos limites estreitos da comédia de costumes”.
Autores como Joracy Camargo, Renato e Oduvaldo Vianna e pesquisadores e
romancistas como Mário e Oswald de Andrade, influenciados pelas leituras de obras
de Freud e Marx passam a introduzir fenômenos políticos, sociais e psicológicos em
suas obras. Mas a efetividade da mudança ocorrida no teatro só ocorre a partir de
grupos de trabalhos amadores inspirados em Stanislavski e de O’neill.
27

Dentre as encenações mais significativas para a história do teatro brasileiro


este “Vestido de Noiva” da obra de Nelson Rodrigues que foi encenado pelo grupo
de teatro “Os comediantes”, daí surge o marco da dramaturgia brasileira datada de
1943, e traz um impacto significativo ao cenário teatral brasileiro. Décio de Almeida
Prado (1988, p. 40) discorre o seguinte:

O que víamos no palco, pela primeira vez, em todo o seu esplendor, era
essa coisa misteriosa chamada mise en scène (só aos poucos a palavra foi
sendo traduzida por encenação), de que tanto se falava na Europa.
Aprendíamos, com Vestido de Noiva, que havia para os atores outros
modos de andar, falar e gesticular além dos cotidianos, outros estilos além
do naturalista, incorporando-se ao real, através da representação, o
imaginário e o alucinatório. O espetáculo, perdendo a sua antiga
transparência, impunha-se como uma segunda criação, puramente cénica,
quase tão original e poderosa quanto à instituída pelo texto.

Outro grupo de bastante expressão cultural foi o “Teatro Brasileiro de


Comédia” – TBC, fundado em 1948 em São Paulo, este grupo trouxe mudanças
significativas à encenação do teatro brasileiro, encenava basicamente, dramas
contemporâneos americanos e franceses, além dos mais diversos clássicos
realizados por encenadores de todo mundo.
Mas adiante já na década de 1960 diante de toda crise política ao qual o país
passava, devido as suas mudanças sociais significativas, advindas inclusive com a
ditadura militar, no campo do teatro continuavam as transformações, uma vez que
este foi se desenvolvendo para a dramaturgia mais estética com encenações
próprias. Já neste período existia outro grupo teatral que foi significativo o “Arena”
que trabalhou de forma expressiva na redefinição das características do teatro
brasileiro.
Apesar de que com o golpe militar de 1964 onde houve uma grande censura
onde muitas peças de teatro foram interditadas, mas alguns dramaturgos criaram
uma espécie de grupo de resistência. Magaldi (2003, p. 58) discorre ainda que “outro
caminho trilhado pelos nossos realizadores, nos anos difíceis da ditadura,
consubstanciou-se na exploração do espaço cênico, tentando o teatro explorar todas
as potencialidades, como arte específica”.
O “Arena” teve seu fim no ano de 1972 após muita repressão e censura por
parte da ditadura militar, mas ressaltamos que este não foi o único motivo para o seu
encerramento, pois neste período este grupo já vinha sofrendo provocações de
autoridades, da própria sociedade e além do mais os problemas sociais eram bem
28

visíveis.
Almeida Prado (1988) discorre que o Arena findou-se devido a fixação pelos
seus objetivos centrais o que impossibilitou que o mesmo tivesse uma nova
remodelagem, e isto, de certo modo causou estarrecimento nos seus atores e
direção.
“O único erro de Boal parece ter sido o de considerar as invenções formais do
texto e da representação como fórmulas definitivas, válidas para todos os autores e
todas as representações – uma espécie de pedra filosofal do teatro brasileiro”
(PRADO, 1988, p. 37).
Já no ano de 1978 houve a extinção dos efeitos do Ato Institucional nº5 e a
partir de então o teatro brasileiro passou por uma nova definição, foi neste período
que ocorreu o lançamento de “Macunaíma” uma obra adaptada de Mário de Andrade
que foi encenada pelo grupo teatral Pau Brasil e constou com a direção de Antunes
Filho, Magaldi (2003) discorre ser este um período muito essencial ao teatro
brasileiro, pois consolida uma fase que chamamos de hegemonia do
encenador/criador, conforme é possível observar:

O diretor de antes, apesar de imprimir a sua personalidade ao conjunto da


montagem, ainda se considerava servidor da literatura. Agora, ele
reivindicava nova postura: se o dramaturgo era o autor do texto, ele
assumia a autoria do espetáculo, isto é, o teatro passava a materializar sua
cosmovisão, de que a palavra escrita e falada é apenas um dos elementos
(MAGALDI, 2003, p. 60).

A partir da consagração desta tendência, vem sendo trabalhada no país, e


foi justamente a partir deste momento que ocorreu o reconhecimento da autonomia
artística que o teatro possui. Posteriormente, no período da redemocratização as
peças que possuíam um teor mais politizado foram sendo banidas aos poucos do
cenário nacional, e uma nova marca foi surgindo na década de 1980, o chamado
besteirol.

Muitos artistas, que atuaram firmemente em projetos vinculados ao tema da


resistência democrática, retiraram-se da cena teatral. Antigos
atores/produtores encerraram suas atividades como proponentes e
passaram a atuar no âmbito das oportunidades existentes. Por sua vez,
profissionais surgidos no decorrer dos anos 1970 viram suas propostas
cênicas esgotarem-se e encaminharam-se para outros veículos de trabalho,
tais como a televisão e o cinema (PATRIOTA, 2008, p. 19)
29

Foi a partir da década de 1990 que começaram a surgir novas companhias de


teatro pelo país, assim também como dramaturgos e atores que hoje são
renomados, e as peças tidas como besteirol, passaram a receber uma definição e
hoje existem inúmeras opções que levam o público ao delírio a cada apresentação,
inclusive retratando assuntos que fazem parte do dia a dia, política e questões
sociais, assim também como temas menos relevantes, mas que compõem um rol
necessário aos amantes do teatro.
A seguir será analisado como o teatro surgiu em Roraima e de que forma
essa expressão cultural se demonstra ainda nos dias atuais. A ênfase será dada ao
espaço cultural do Teatro Carlos Gomes que por muitos anos foi palco de inúmeras
apresentações culturais e hoje se encontra em total abandono pelo Estado, o que
significa uma grande perda à cultura roraimense.
30

3 O TEATRO CARLOS GOMES: DA ASCENSÃO AO ABANDONO

3.1 ASCENSÃO

Ao se buscar dados relacionados à história do Teatro Carlos Gomes


descobriu que as publicações relacionadas a esta temática são escassas o que de
certa forma inviabiliza uma boa construção, mas buscou-se através de fontes
primárias, como os jornais locais, para dar maior embasamento a este trabalho.
Então ao se observar jornal da década de 1980 é possível encontrar
publicações referentes às primeiras manifestações culturais em Roraima, isto de
acordo com o jornal Tribuna de Roraima (1986), o senhor José Celestino é tido como
o artista que fez as primeiras manifestações teatrais no estado, o mesmo
apresentava peças teatrais assim também como shows de comédias, em clube
existente aquela época chamada de Clube dos Guarás, que ficava localizado na
Avenida Sebastião Diniz. Ainda de acordo com este jornal, posteriormente foi
construído um teatro ao lado da casa do artista supracitado, este teatro chamou-se
Teatro Shangrilá e ficava localizado entre as ruas Bento Brasil e José Magalhães, e
foi este espaço o responsável por diversas manifestações culturais no então
Território Federal de Roraima.
Neste espaço diversos artistas se apresentavam, dentre eles: Sabazinha
Teles e Osório, além do mais o senhor José Celestino promovia inúmeros shows,
inclusive trazendo atrações nacionais, como: Valdik Soriano e Dilu Melo, além de
diversas outras atrações (FOLHA DE BOA VISTA, 2000). Dados do Jornal Tribuna
de Roraima demonstram que diversos artistas que vieram a Roraima para
apresentar sua arte acabaram ficando, dentre estes: Nilo Seroa e Santina ambos
artistas de circo e que vieram oriundos do Amazonas. Paralelo a atividade artística o
senhor José Celestino possuía outra ocupação, que era um barzinho que se
localizava na Avenida Jaime Brasil e se chamava, Quintandinha, e foi neste local que
seu José Celestino fundou também o primeiro serviço de alto-falantes (FOLHA DE
BOA VISTA, 2000). Seu Celestino possuía outra ocupação, era servidor público da
Prefeitura de Boa Vista, mas nunca deixava de cantar, atuar, enfim, sempre
trabalhou artisticamente, tinha a arte como um dom, algo que fazia por prazer,
apesar de exercer outras ocupações remuneradas para o seu sustento.
31

No período da década de 1950 foi utilizada uma pequena sala na escola Lobo
D’Almada que era dirigida pela Gestora Jacobede Cavalcante de Oliveira é aí que
surge o Teatro Carlos Gomes, o mesmo possuía a capacidade para 19 lugares. No
ano de 1958 o teatro que antes funcionava em uma sala sofreu ampliações, uma vez
que a Rádio Difusora de Roraima foi instalada juntamente com ele, mas no ano de
1960 a rádio mudou de lugar e o espaço que antes era ocupado pelos dois passou a
ser só do teatro que sofreu mudanças com a construção de uma área administrativa,
assim também como a construção de um auditório com 224 lugares (GOVERNO DE
RORAIMA, 2002).
Mas foi no ano de 1960 que José Celestino resolveu se afastar de seu teatro
Shangrilá, e para isso, alugou o seu espaço cultural para outro artista, o então Jaber
Xaud, que após assumir mudou o nome para Hi-Fi (FOLHA DE BOA VISTA, 2000).
O que se observa é que nas décadas de 60 e 70 a arte em Roraima não teve
grandes incentivos (apesar de que houve alguns incentivos por parte do Governo,
conforme veremos mais adiante), acredita-se que devido a repressão do período da
ditadura militar, neste período muitos artistas fizeram arte informalmente, inclusive
muitos deles são reconhecidos até nos dias atuais, como por exemplo, Adolpho
Brasil Filho, que além de atuar também dirigiu algumas peças, a maioria dos ensaios
aconteciam na casa dos próprios artistas e as apresentações eram realizadas no
Teatro Carlos Gomes, sendo este palco de peças como “Pluft, o fantasminha”, “Amor
a oito mãos” e “O rapto da cebolinha”, dentre outras (TRIBUNA DE RORAIMA,
1986).
As atividades no palco do teatro cessaram no ano de 1976, uma vez que a
Rádio Difusora de Roraima passou ao patrimônio da Empresa Brasileira de
Rádiofusão – RADIOBRÁS através do decreto nº 6.301/76, vindo a ser
reincorporado à posse do Território Federal de Roraima em 1987, mas somente no
ano de 1988 é que as atividades no teatro foram retomadas (TRIBUNA DE
RORAIMA, 1986).
Ao analisar o jornal Tribuna de Roraima (1986) encontrou-se relatos sobre o
Teatro Boa-vistense de Amadores, o que não ficou claro é se este era um espaço ou
um grupo de teatro amador, ou se era um movimento em prol do teatro. Relata-se
que as peças eram apresentadas em datas comemorativas como dia das mães,
natal, páscoa, ou seja, o teatro era utilizado para expressar a arte nos períodos
comemorativos, sejam eles cívicos, religiosos, etc.
32

Outra informação relacionada à arte cênica diz respeito às ações da


Secretaria de Educação e Cultura, onde se investia mesmo sem uma grande
expressão, pois neste período o país vivia a ditadura militar, nas ações voltadas ao
teatro, inclusive com envio de professores para participarem de um Congresso de
Cultura realizado na Bahia em 1975, e posteriormente foi realizado um curso de
educação artística, que abrangia dentre outras áreas o teatro, a música e as artes
plásticas, que buscava capacitar os professores para atuarem em sala de aula com
a inserção dos aprendizados nas aulas, a arte era utilizada para ensinar, ou seja, em
diversos momentos a educação se utilizou da arte cênica para promover o
ensinamento.
O fato é que nos anos de 1980 muitas foram às peças teatrais encenadas em
Boa Vista, algumas delas fizeram tanto sucesso que chegaram a ser encenadas em
outros estados como Amazonas, Acre e Rondônia (TRIBUNA DE RORAIMA, 1986).
Neste período Eliakin Rufino já escrevia peças que eram encenadas nos palcos
roraimenses, dentre as que fizeram maior sucesso está a Trilogia da Traição.
No ano de 1985 é criada a Federação Roraimense de Teatro Amador –
FERTA que se fortaleceu com a chegada de Zilda Montenegro e Marcos Montenegro
que vieram para Roraima e foram contratados pelo Governo do Território para
trabalhar no Departamento de Cultura, este casal de artistas foram responsáveis por
reunir os mais diversos artistas da época, o trabalho rendeu a continuidade de onze
grupos de teatros, onde é possível observar a importância deles para a arte em
Roraima, pois eles desenvolveram técnicas que foram utilizadas na arte local,
inclusive com incentivos a cultura como um todo.
O que observa ao se fazer leituras tantos dos jornais, quanto dos relatos em
outros trabalhos é que o teatro amador em Roraima fez muito sucesso e foi bastante
explorado pelos artistas locais, que buscavam a todo instante firmar sua identidade
de ator e/ ou atriz, e para isso se utilizavam das mais diferentes representações dos
gêneros teatrais.
No final da década de 1980, mas precisamente no ano de 1988 surgiu o
Festival de Teatro Estudantil de Roraima – FETER, no qual tinha como público alvos
alunos da rede de ensino pública e privada, alunos do Ensino Fundamental e Médio,
o festival tinha por finalidade desenvolver as experiências de artes cênicas, da
estética e da prática teatral, que posteriormente poderia ser utilizada para a
formação de grupos de teatros dentro das escolas, mas uma vez o teatro como
33

incentivador da arte nas escolas (FOLHA DE BOA VISTA, 2006).


De acordo com o Jornal Gazeta de Roraima (1988) tinham escolas que
necessitaram fazer uma espécie de eliminatória para definir quais seriam os atores
que participariam do FETER, e uma dessas escolas foi a Euclides da Cunha, que
contou com a participação de um ator bastante conhecido e que também é professor
Nonato Chacon, a escola sediou o seu I Festival de Teatro.
Nos anos 1990 até o ano 2005 o teatro roraimense passou por inúmeras
transformações e basicamente os artistas é quem deram vida e não pouparam
esforços para proporcionar a melhoria no que se refere ao trabalho teatral, apesar
que houve situações em que a individualidade falou mais alto, ou mesmo a pouca
interatividade se sobrepôs, de acordo com Sergino , foi no ano de 2005 que ocorreu
a maior interatividade entre os grupos de teatro no qual uniram-se para formar o que
chamou-se de Fórum Permanente de Teatro, que era justamente para fomentar a
interatividade entre os grupos, e promover a discussão a respeito das políticas
públicas que envolvem este tipo de cultura, e consequentemente fortalecendo o
segmento teatral.
A seguir será apresentada uma imagem da fachada do Teatro Carlos Gomes
no período em que este desempenhava a sua função de teatro, levando a arte à
população roraimense, e promovendo a expansão cultural.

Imagem 1: TEATRO CARLOS GOMES

Fonte: http://ronnypro.blogspot.com.br/p/boa-vista-rr.html
34

Observa-se na foto tirada de um blogs que apesar de não haver muitos


registros relacionados à história do Teatro Carlos Gomes, mesmo assim é possível
discorrer de forma a perceber a sua importância para a arte roraimense e como o
seu fechamento tem prejudicado a cultura local, principalmente os incentivos da arte
na escola.

3.2 A QUEDA DO TEATRO CARLOS GOMES: uma perca a cultura local

Atualmente o Teatro Carlos Gomes se encontra fechado devido o risco de


queda existente na sua estrutura. Isso de certa forma impacta diretamente na cultura
local, pois com o fechamento do único teatro público existente no estado de
Roraima, os artistas, sejam eles amadores ou profissionais, têm que buscar
alternativas para levar à arte teatral ao público, pois essa falta de incentivo faz com a
arte se perca, então é necessário que os artistas se unam de modo a deixar a arte
cênica morrer no estado de Roraima.

Imagem 2: O TEATRO ABANDONADO FACHADA

Imagens: Google Earth, 2012.


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Imagem 3 : O TEATRO ABANDONADO PARTE INTERNA

Fonte: http://folhabv.com.br/noticia/Abandonado--Teatro-Carlos-Gomes-serve-de-abrigo-para-
desocupados-e-viciados--/24641.foto

De acordo com a reportagem veiculada no Jornal Folha de Boa Vista no ano


de 2017, conforme a foto de Rodrigo Sales acima é possível perceber a crise nas
artes cênicas o Teatro Carlos Gomes está,

Há mais de 10 anos abandonado, o Teatro Carlos Gomes, localizado na


Avenida João Pereira de Melo, no Centro de Boa Vista, virou alvo de furtos
e abrigo para moradores de rua e viciados em drogas. Apesar de a
Secretaria de Cultura do Estado (Secult) ter informado que está mantendo a
limpeza do local, a equipe de reportagem da Folha foi ao local e constatou
que toda a área está tomada por lixo e destroços da estrutura . (FOLHA DE
BOA VISTA, 2017).

A imagem que se vê é total descaso e abandono, onde ao adentrar o mesmo


é possível encontrar muito lixo, fezes, mato, enfim, o prédio que um dia sediou
grandes espetáculos locais e nacionais hoje se encontra em total ruína, e sem a
devida atenção por parte do Poder Público. É possível observar que o teto está
desabando e as cadeiras que antes compunham a sua estrutura também foram
levadas por vândalos. Antes da sua interdição total era comum encontrar pedaços de
roupas, papelão e materiais que eram utilizados para o consumo de drogas (FOLHA
DE BOA VISTA, 2017).
Por conta desse abandono do único teatro público existente em Boa Vista no
momento, faz com que a arte cênica entre em esquecimento, tendo os artistas que
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procurarem outros espaços para devolver o teatro. Existem muitos pedidos de


reforma deste espaço, inclusive impetrado na justiça pelos artistas locais. E muitas
ainda de acordo com a reportagem da Folha de Boa Vista (2017) ocorreu no ano de
2012 uma recomendação feita pelo Ministério Público de Roraima que visava à
restauração do Teatro Carlos Gomes no prazo máximo de 30 dias, recomendação
essa feita à Secretaria de Infraestrutura do Estado de Roraima- Seinf, o que de fato
não ocorreu. E após esta recomendação ainda vieram mais outras no intuito de
promover a recuperação daquele espaço.

Em março de 2015, após visita e elaboração de relatório, a Secretaria


Estadual de Cultura (Secult) concluiu que era preciso fazer uma reforma
geral. À época, conforme noticiado pela Folha, o então secretário Marcos
Jorge relatou que eram necessários recursos federais para a obra, tendo em
vista a situação financeira do Estado. No caso de não obter êxito, ele
afirmou que seriam trabalhadas emendas parlamentares para a reforma
geral do teatro em 2016.

Sete meses depois, em outubro de 2015, a governadora Suely Campos


(PP) anunciou que deveria revitalizar o Teatro Carlos Gomes. O anúncio foi
feito logo após a assinatura de decretos que regulamentavam leis de
incentivo à cultura e preservação do patrimônio histórico do Estado. Ela
ainda informou que o projeto de reforma estava em fase de aprovação no
Ministério do Turismo (FOLHA DE BOA VISTA, 2017).

É possível observar que existe um discurso de incentivo a recuperação do


Teatro Carlos Gomes, apesar de que estes existem a muitos anos, ou seja, são
promessas que surgem a cada pleito eleitoral e que após as eleições o mesmo volta
a ficar esquecido. Outro fator que desvaloriza as artes cênicas é a falta de políticas
públicas destinadas para atender essa demanda, mesmo existindo a lei nº 8.313, de
23 de dezembro de 1991 que institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura
(Pronac) e dá outras providências, o que se observa é que os programas existentes
são de fachadas e não atendem de forma efetiva a necessidade da cultura brasileira
e local. A maioria desses programas não são cumpridos, apesar de existir a lei que
preconiza o incentivo a cultura:

Art. 1° Fica instituído o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), com


a finalidade de captar e canalizar recursos para o setor de modo a:

I - contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da


cultura e o pleno exercício dos direitos culturais;

II - promover e estimular a regionalização da produção cultural e artística


brasileira, com valorização de recursos humanos e conteúdos locais;
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III - apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus


respectivos criadores;

IV - proteger as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade


brasileira e responsáveis pelo pluralismo da cultura nacional;

V - salvaguardar a sobrevivência e o florescimento dos modos de criar, fazer


e viver da sociedade brasileira;

VI - preservar os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural e


histórico brasileiro;

VII - desenvolver a consciência internacional e o respeito aos valores


culturais de outros povos ou nações;

VIII - estimular a produção e difusão de bens culturais de valor universal,


formadores e informadores de conhecimento, cultura e memória;

IX - priorizar o produto cultural originário do País.

Art. 2° O Pronac será implementado através dos seguintes mecanismos:

I - Fundo Nacional da Cultura (FNC);

II - Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart);

III - Incentivo a projetos culturais. (BRASIL,1991.N.p)

Apesar da lei, como pode ser visto cultura cênica vem caindo em
esquecimento por parte do poder público local, que não valoriza o espaço físico
destinado para a prática dos espetáculos teatrais deixando o teatro Carlos Gomes
abandonado como também não cumpre a lei de incentivo a cultura fazendo com os
artistas não mostrem as mais variadas formas de expressões, diversos e múltiplos
da arte cênica para sociedade boa-vistense.

O teatro pode ser pensado não só como uma forma de arte que expressa
diferentes circunstâncias das experiências humanas, mas também como
seu elemento formador. Podemos ainda considerar o teatro um instrumento
de interferência na vida social e observar sua potencialidade como “fala”
(BARTHERS, 2003) que constitui peça chave na construção do Humano.

No caso da inexistência de um espaço que seja destinado a manifestação da


arte, perde o artista, perde o fomento da inclusão social, perde a sociedade como
um todo é isto reflete de maneira direta na vida das pessoas. Portanto a pesquisa na
área se faz como forma de despertar o interesse na arte cênica fazendo que se
estimule não só valorizar o único espaço público existente, até então na nossa
cidade o Teatro Carlos Gomes. Nos dias de hoje, há uma grande preocupação
mundial em preservar os patrimônios históricos da humanidade, através de leis de
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proteção e restaurações que possibilitam a manutenção das características originais.


Em 1991 no governo de Fernando Collor foi criada a lei de incentivo à cultura
ela é conhecida por sua política de incentivos fiscais para projetos e ações culturais
que podem ser aplicados por empresas e pessoas físicas. Porque essas leis não
são cumpridas?

Uma política cultural atualizada deve reconhecer a existência da diversidade


de públicos, com as visões e interesses diferenciados que compõem a
contemporaneidade. No caso brasileiro, temos a premência de reverter o
processo de exclusão, da maior parcela do público, das oportunidades de
consumo e de criação culturais.(CALABRE,2007,p.11).

A arte como cultura, tem que salientar o valor que ela tem como instrumento
de inclusão sócio-cultural, sem as preocupações com críticas culturais, é sim
resultado de uma forma geral. O teatro é fundamental na formação cultural de
qualquer pessoa já que também ele nos faz conhecer um pouco mais sobre a nossa
cultura onde muito não dão o devido valor.
Uma reportagem publicada no jornal Folha de Boa Vista do dia 05/08/2015,
relatava que:

Parte do patrimônio histórico e peças importantes da história de Roraima se


perdem entre ruínas. Os prédios do teatro Carlos Gomes e da Casa da
Cultura Madre Leotávia Zoller, localizados no centro da capital, há muito
tempo estão abandonados (FOLHA DE BOA VISTA, 2015).

Podemos incluir neste rol também o Museu Integrado de Roraima que se


encontra fechado há vários anos e tudo isto mostra evidências das condições em
que vive a arte no Estado de Roraima. Então se observa que o descaso público com
a arte e a cultura atingem não só o Teatro Carlos Gomes, mas outros espaços como
é possível observar na colocação acima.
Por outro lado, a reconstrução da história deste teatro, enquanto parte do
patrimônio histórico, é parte não só da defesa deste, mas de todo patrimônio cultural,
artístico e histórico de Roraima, passando pelo material e imaterial.
Observa-se ainda que nos dias de hoje, as artes cênicas têm ganhado espaço
nas escolas utilizado para além do conteúdo teórico específico da área. No campo
prático, contribui para a expressão artística dos alunos; para a perda da timidez;
para ampliar a capacidade de vivenciar experiências que, em sua vida cotidiana,
talvez nunca tivesse que passar; para a solução de conflitos interno e externo de
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cada aluno e como forma de levar o conhecimento de outras culturas através dos
textos de peças, pois quando se monta um espetáculo tem todo um processo de
pesquisa e de laboratório por parte dos atores.
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4 CONCLUSÃO

Ao finalizar este trabalho é possível perceber que o teatro possui a sua


importância na história da humanidade, pois as manifestações culturais estão
presentes em todas as etapas de existência do homem. E sempre buscando
transmitir através dessa manifestação os anseios da sociedade, ou seja, era a forma
como a sociedade expressava suas angústias, retratava suas aflições, ou mesmo
buscava transmitir alguma mensagem que fosse de importância para o
conhecimento de todos.
O fazer teatral consiste no conjunto de arte, onde os atores a reproduzem de
forma coletiva e individual. É importante que estes atores tenham um espaço onde
possam disseminar suas mensagens através da arte, e o espaço físico do teatro é
um deles. Em Roraima o surgimento do teatro se deu amadoramente, ou seja,
surgiu da paixão pela arte, conforme pudemos ver no decorrer deste trabalho, mas
foi ganhando espaço e chegou a ter o seu próprio local, neste caso o Teatro Carlos
Gomes, palco de muitas apresentações artísticas locais, assim também como o
espaço de utilidade pública, onde as escolas usufruíam para estimular seus alunos
na prática da cultura.
Conclui-se que atualmente o teatro Carlos Gomes se encontra sucateado,
necessitando de reformas significativas, e isto, faz com a cultura local seja afetada
diretamente, pois não existe outro espaço público para apresentação de peças
teatrais. Viu-se que existem projetos de reforma que visam à recuperação daquele
espaço, mas até a presente data não foi executado, e o Teatro Carlos Gomes se
encontra abandonado, servindo de abrigo para moradores de rua, usuários de
drogas, enfim, sendo utilizado para fins ao qual não se destina.
Existe também a construção inacabada da obra do teatro municipal, que
quando concluído passará a absorver uma parte muito grande das artes cênicas
locais. Espera-se que haja um investimento efetivo a arte a cultura teatral, pois a
falta de um espaço público inviabiliza o trabalho dos artistas locais, e faz com que
estes artistas busquem outras alternativas para desenvolver a sua arte.
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