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doi: XX.XXXX/XXXXX-XXXXXXXXXXXXXXXXX
Resumo
As falhas representam não conformidades nas atividades produtivas, de tal modo que pesquisas para seu controle
e prevenção são, no mínimo, desejáveis. Na literatura sobre o assunto, observa-se uma gama variada de técnicas,
porém, quase sempre, usadas isoladamente e, em poucos casos, no setor de serviços. Observando essa lacuna,
propõe-se uma metodologia de Mapeamento de Falhas que integra diferentes abordagens que se complementam,
aproveitando-se o potencial e o benefício de cada técnica para análise e controle de falhas. Para a consecução
dessa proposta, efetuou-se uma pesquisa bibliográfica para conceituação e entendimento das técnicas utilizadas,
um estudo e análise de integração dessas técnicas e, por fim, um exemplo real de aplicação em processo notarial de
serviço, tema este ainda não explorado na literatura pertinente e, portanto, bastante auspicioso. Como resultado,
observa-se uma ferramenta que permite uma visualização completa e objetiva das atividades desencadeadas pelos
processos, seus pontos críticos e suas potenciais falhas, podendo ser aplicada com propriedade em empresas de
prestação de serviços.
Palavras-chave
Mapeamento de falhas. Serviços judiciais. FTA. FMEA.
1. Introdução
ISO 9004, subitem 8.4. Teng et al. (2006) também
Segundo Fagundes e Almeida (2004), a neces- ressaltam que a utilização da FMEA é requisito
sidade cada vez maior de melhorar a confiabilidade obrigatório da norma QS 9000 (uma versão auto-
tem popularizado vários métodos e técnicas para a motiva da norma ISO 9000), sendo este um dos
minimização/eliminação de falhas. Estes métodos e motivos de sua ampla utilização. Vale mencionar
técnicas têm como objetivo melhorar a confiabili- também a ISO/TS 16949, norma automotiva
dade de produtos ou processos, ou seja, aumentar a elaborada conjuntamente pelos membros do IATF
probabilidade de um item desempenhar sua função (International Automotive Task Force), grupo
sem falhas. Desses métodos e técnicas, Jung et al. composto por General Motors®, Ford®, Daimler
(2005) afirmam que a Árvore de Análise de Falhas, Chrysler®, BMW®, PSA Citroen®, Volkswagen®,
também conhecida como FTA (Fault Tree Analysis), Renault® e Fiat®.
é a mais comumente utilizada. Araujo et al. (2001) Aliado a essas duas técnicas, julga-se que a
ampliam o rol de técnicas adicionando a Análise compreensão do processo também deva ser enfa-
dos Modos e Efeitos de Falhas, também conhecida tizada, pois, conforme Pinho et al. (2006), a visão
como FMEA (Failure Mode and Effects Analysis). do processo permite uma melhor identificação das
Esta ampla utilização, segundo Araujo et al. (2001), falhas, uma vez que o entendimento do desen-
se deve, provavelmente, ao fato destas técnicas cadeamento das atividades do processo dá à
serem as únicas citadas textualmente na norma empresa uma compreensão mais clara das tarefas
*Universidade Estadual Paulista, Campus de Guaratinguetá, FEG-UNESP, Guaratinguetá, SP, Brasil
Recebido 31/01/2007; Aceito 28/06/2009
Oliveira, U. R.. et al.
Metodologia integrada ... a análise crítica de especialistas. v. xx, n. xx, p. xx-xx, xxxx
executadas no negócio. Para tanto, recomenda- usuários, propiciando uma ferramenta de simples
se a utilização de técnicas de mapeamento de aplicação, principalmente para os profissionais do
processos (HUNT, 1996). setor de serviços.
Este artigo propõe uma quarta e última Para a realização desse trabalho, a seção 2
técnica a ser aglutinada à análise de falhas: a aborda o referencial teórico utilizado; a seção
Análise de Processos Críticos por Especialistas, 3 analisa e discute a integração das técnicas
que doravante será designada pela sigla APCE. A descritas na seção anterior, propondo um método
APCE segmenta os diversos processos mapeados integrativo; a seção 4 aplica a metodologia
em críticos e não críticos, em que especialistas proposta em um caso prático e real; a seção 5
que participam do negócio mapeado opinam relata as ações decorrentes da pesquisa e, por fim,
quais processos devem ser expandidos em uma a seção 6 conclui o presente estudo.
FTA com seu consequente desdobramento em
uma FMEA. Em termos metodológicos a APCE
não é algo novo, apenas foca a preocupação 2. Referencial teórico
do analista na definição dos aspectos críticos. Esta seção trata do referencial teórico nos
Ainda, a APCE considera métodos consagrados temas associados à presente pesquisa. Assim,
tais como o Delphi e o Júri de Especialistas para são apresentadas as várias definições e discrimi-
condução da discussão coletiva dos processos em nação dos tipos de falhas e sua segmentação. Em
análise, sendo que o estudo da criticidade dos seguida, são descritas a definição e a tipologia
processos, orientado inicialmente pelos espe- do mapeamento de processos, seguidas da análise
cialistas, continua na sequência com o auxílio
dos processos críticos por especialistas. Esta seção
conceitual da FTA e da FMEA.
trata, também, do levantamento de falhas por
Diante do exposto, este artigo possui como meio da Árvore de Análise de Falhas e da Análise
objetivo principal a proposição de um método dos Modos e Efeitos de Falhas, encerrando-se
integrativo para a minimização/eliminação de com um levantamento dos vários modelos inte-
falhas. Tal propósito será conduzido mediante grativos disponíveis na literatura.
uma revisão bibliográfica das várias técnicas de
mapeamento de processos e de mapeamento de
falhas, as quais serão apresentadas sob um viés 2.1. Definição, discriminação de tipos e
sistêmico. O método integrativo será aplicado em segmentação de falhas
um caso prático de um ambiente de serviço ainda
não explorado na literatura de gestão de opera- Conforme Blache e Shrivastava (1994)
ções, os processos de natureza jurídica, especifi- salientam, as falhas são eventos que determinam
camente, cartoriais. a inadequação de um recurso para o uso. Rausand
Fato é que os conhecimentos aqui abor- e Oien (1996) definem falha como sendo o fim
dados são amplamente pragmáticos e alta- da habilidade de um item executar uma função
mente difundidos pela comunidade do setor exigida. Almeida et al. (2006) definem falha
industrial. Entretanto, fora desse ambiente, no como sendo um evento indesejado e responsável
qual a gestão de operações pode também estar por erros e mau funcionamento do processo
presente, observa-se certa dificuldade de apli- produtivo.
cação das técnicas aqui descritas, ainda mais Segundo Slack et al. (2002), embora nenhuma
quando usadas conjuntamente. Dúvidas por onde operação produtiva seja indiferente às falhas, em
se inicia e aonde se termina um mapeamento algumas é crucial que os produtos e serviços
de falhas é uma realidade para várias classes não falhem, culminando em prejuízos que
profissionais, como por exemplo, funcionários podem alcançar grandes proporções – aviões em
de serviços cartoriais. A falta de experiência em vôo, fornecimento de eletricidade a hospitais e
aplicar estas ferramentas e, consequentemente, a funcionamento dos freios de um automóvel, por
não compreensão de como e quando utilizá-las, exemplo. Em outras elas são incidentais e podem
especificamente de uma significativa parcela de não representar grande impacto ao processo,
potenciais usuários do setor de serviços, moti- podendo, inclusive, ser negligenciadas, tais como a
varam a consecução da presente pesquisa. Além falha da luz interna de iluminação do porta-luvas
disso, pouco se lê ou se ensina sobre uma meto- de um automóvel. Ainda, atividades de serviços,
dologia integrada para mapeamento de falhas em tais como processos administrativos, judiciais
empresas de prestação de serviços (RATH, 2008). ou extrajudiciais – como o objeto de estudo do
Dessa forma, justifica-se a proposição de um presente trabalho – estão sujeitos a falhas de
método que trará facilidade e agilidade para seus projeto e condução das etapas requeridas com
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Falha A Falha A
Porta Porta
lógica E lógica OU
Causa A1/ Causa A2/ Causa A3/ Causa A1/ Causa A2/ Causa A3/
Falha B Falha C Falha D Falha B Falha C Falha D
só ocorre se todos os de entrada ocorrerem. A associados, bem como seus efeitos no sistema em
Porta lógica OU denota que evento de saída só questão e no produto como um todo. Para Bastos
ocorre se pelo menos um dos de entrada ocorrer. (2006), a FMEA de produto analisa e avalia as
A Figura 2 exemplifica os operadores lógicos mais funções, materiais utilizados, componentes, tole-
comuns de uma FTA. râncias, etc. A FMEA de processo, por sua vez,
Quanto à obtenção da probabilidade de é utilizada para a análise detalhada de sistemas
ocorrência do evento de topo, Yugi et al. (2006) produtivos que possam, ocasionalmente, afetar a
propõem uma metodologia embasada em três confiabilidade prevista no produto, identificando
algoritmos que garantem eficiência e exatidão os modos de falhas potenciais no processo e seus
efeitos no cliente (PALADY, 1997). Esta análise
nesse tipo de cálculo, não sendo aprofun-
auxilia também na identificação das variáveis de
dado aqui por fugir aos propósitos da presente
processo que devem ser controladas para priorizar
pesquisa. Já Almeida e Pinho (2005) apresentam
as tomadas de ações preventivas ou corretivas.
um algoritmo associado ao caminho crítico das
Conforme Bastos (2006), a realização da FMEA
relações de causa e efeito de maior probabilidade
do processo inicia-se a partir de um fluxograma
de ocorrência, conduzindo o gestor a adotar
de processo, o qual deve indicar as caracterís-
intervenções capazes de permitir a solução da
ticas do produto e do processo detalhado a cada
falha em questão.
operação.
As informações pertinentes que devem fazer
2.5. A análise dos modos e efeitos de parte de um formulário FMEA são sugeridas por
falhas Palady (1997), e um procedimento construtivo é
apresentado por Sharma et al.(2005).
A Análise dos Modos e Efeitos de Falhas,
do original em inglês Failure Mode and Effects
Analysis (FMEA) é uma metodologia sistemática 2.6. Modelos integrativos
que permite identificar potenciais falhas de um Essa seção abordará algumas pesquisas que
sistema, projeto e/ou processo, com o objetivo de propuseram modelos integrativos para a análise e
eliminar ou minimizar os riscos associados, antes o tratamento de falhas, aprofundando, assim, o
que tais falhas aconteçam (YANG et al. 2006). referencial teórico.
Conforme Helman e Andery (1995), a FMEA Mahanti e Antoni (2005), por exemplo,
é usada para identificar todos os possíveis modos destacam a integração de seis ferramentas utili-
potenciais de falhas e determinar o efeito de cada zadas na abordagem Six Sigma para analisar,
uma sobre o desempenho do sistema (produto medir e prever falhas nos elementos de progra-
ou processo), mediante um raciocínio basica- mação de software, das quais se destacam o
mente dedutivo. O uso consistente da FMEA mapeamento de processos e a FMEA.
pode permitir a identificação de problemas que Outra integração de procedimentos para
não haviam sido antecipados e, consequente- análise de falhas que se observa na literatura está
mente, ao estabelecimento de prioridades para a relacionada com a preocupação de uma análise
correção (PALADY, 1997). mais consistente do comportamento da falha,
Araújo et al. (2000) advogam a existência de de forma que seja possível planejar ações mais
dois tipos de FMEA: de produto (denominada apropriadas para sua minimização/mitigação.
geralmente FMEA de projeto) e de processo. Na Para isso, Sharma et al. (2007) propuseram a
FMEA de produto, identificam-se cada compo- integração entre as ferramentas RCA (Root Cause
nente do sistema e os possíveis modos de falha Analysis), NHPPP (non-homogeneous Poisson
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point process) e a FMEA, de forma a cons- sua análise. Como na maioria das situações
truir uma estrutura integrada capaz de facilitar práticas, os recursos são limitados e, devido a
a tomada de decisão inerente a falhas. A inte- isso, exige-se que somente os itens críticos sejam
gração dessas ferramentas propõe a análise da submetidos à análise e melhoria e aperfeiçoa-
não confiabilidade do sistema pelas técnicas RCA mento. Consequentemente, há uma necessidade
e FMEA, de forma a criar uma base de conhe- de dar a prioridade a esforços para atribuição de
cimento para tratar dos problemas relativos ao recursos. Com esse propósito, Xie et al. (2000)
processo e/ou não confiabilidade do produto. Já propuseram uma metodologia para definição
o modelo NHPPP é utilizado para aperfeiçoar as do elemento ou evento básico mais importante
decisões da manutenção (reparo ou recolocações) que afeta a confiabilidade de todo o sistema.
baseadas em dimensões do custo, ajudando o Esse método faz uso de cálculos de medidas de
analista de manutenção durante o processo de importância e criticidade, tais como as medidas
desenvolvimento da estratégia de manutenção de Birnbaum e Vesely-Fussel.
apropriada para cada modo de falha. No campo da medicina, Rath (2008) examina
Shahin (2004) ressalva que, em quase todas as a aplicação dos conceitos da gerência de quali-
pesquisas existentes sobre FMEA, a “severidade” dade e da garantia de qualidade nas práticas de
está sendo determinada sob o ponto de vista dos radioterapia. Sua pesquisa propõe uma aproxi-
“projetistas” do FMEA e não dos clientes impac- mação sistemática que incorpora uma série de
tados pelos produtos e serviços. Diante dessa técnicas utilizadas na engenharia industrial para
situação, esse autor propõe a integração da FMEA a melhoria dos resultados dos processos de natu-
com o Modelo de Kano, exatamente para permitir reza médica com o objetivo de reduzir riscos no
que o RPN seja obtido a partir das percepções dos tratamento e melhorar a segurança do paciente.
clientes. Essas ferramentas contemplam o fluxograma do
O modelo de Kano foi desenvolvido primei- processo, a FMEA e a FTA. Segundo esse autor,
ramente pelo Dr. Noriaki Kano em 1984 (KANO/ uma das maiores dificuldades na implantação
SHAHIN) para categorizar os atributos de um dessa metodologia de análise de falhas está na
produto ou de um serviço, com base em quão falta de experiência dos médicos, enfermeiros
bons seriam e se poderiam satisfazer as necessi- e profissionais da saúde em aplicar estas ferra-
dades dos clientes. Assim, propõe-se um modelo mentas e consequentemente não compreenderem
de FMEA orientado pelo cliente. Com esta finali- como e quando usá-las. Assim, esse autor desen-
dade, o Modelo de Kano foi integrado ao índice volveu uma metodologia para análise de falhas
de severidade. com base naquelas ferramentas, com vistas a
Outro tipo de integração é apresentado por apoiar a comunidade médica em sua aplicação.
Fernandes e Rebelato (2006), combinando o Nesse momento ressalta-se que o presente
QFD (Quality Function Deployment) e o FMEA. O trabalho, Modelo Integrativo de Mapeamento de
emprego dessas duas técnicas é ilustrado por meio Processos e de Falhas com Análise de Especialistas,
de um exemplo fictício de aplicação. Segundo os possui um objetivo similar ao trabalho desenvol-
autores, estes dois métodos são frequentemente vido por Rath (2008), visto que, infelizmente,
vistos como ferramentas não relacionadas e sua pouco se lê sobre uma metodologia para mape-
integração, quando ocorre, é tradicionalmente amento de falhas em serviços, especificamente
insuficiente e mal explorada. Em decorrência como o caso prático do cartório estudado, propi-
disso, os autores propõem algumas alterações ciando assim uma ferramenta de simples aplicação
necessárias em ambos os métodos a partir da ainda que com material bibliográfico oriundo do
identificação e análise das “saídas” de QFD e setor industrial.
“entradas” de FMEA, buscando novas possibili-
dades de integração, chegando a uma proposta 3. Proposição do modelo conceitual de
com maior grau de inter-relacionamento entre mapeamento de falhas
os métodos do que a abordagem tradicional,
visando incrementar a eficiência da integração e Conforme Helman e Andery (1995), à medida
tornar mais clara sua aplicação. que resultados indesejados dos processos (falhas)
No que concerne à FTA, Xie et al. (2000) são percebidos, atua-se metodicamente sobre eles
sugerem sua integração a abordagens que para achar a sua causa fundamental e bloqueá-la.
permitam sua utilização de forma mais produtiva. Isso pode ser feito mediante a aplicação do ciclo
Segundo esses autores, a maioria dos estudos PDCA à eliminação de efeitos indesejados, bem
realizados sobre FTA está relacionada à como como para a introdução de melhorias. A presente
construir uma árvore de falha e a como realizar pesquisa fornece subsídios para a consecução da
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primeira etapa do PDCA no contexto de sua apli- Ainda segundo Helman e Andery (1995), essas
cação na gestão de falhas, i. e., por meio da iden- duas ferramentas se unem devido às suas dife-
tificação do problema, sua observação, análise e renças em relação ao tratamento da falha, que
plano de ação. são:
A identificação do problema (da falha) se • Finalidade: a FTA estuda os “eventos de topo”
inicia com a aplicação do mapeamento do considerados sérios para demandar uma análise
processo, visto que os fluxogramas das etapas posterior, enquanto a FMEA tenta avaliar a
consideradas do processo auxiliam na verifi- confiabilidade de cada subprocesso;
cação de como suas partes estão fisicamente • Procedimento: o ponto de partida da FTA é uma
ligadas e relacionadas, visando à compreensão da lista dos modos de falhas para as quais se deseja
sequência lógica de procedimentos. Essa técnica dar uma solução. A FMEA identifica possíveis
é sucedida pela aplicação da APCE para identi- modos de falha, efeitos e causas; e
ficação dos processos críticos, priorização por
• Visualização: a FTA permite a análise conjunta
ordem de relevância, para posterior desdobra-
de causas que conduzirão ao evento de topo. A
mento e detalhamento. Inicia-se, em seguida, a
FMEA analisa cada causa de um modo de falha
observação e análise da falha, gerando-se a FTA.
e o seu efeito, separadamente.
A FTA, por proporcionar um encadeamento lógico
das falhas de um sistema e possibilitar a visuali- A integração entre as quatro técnicas é ilus-
zação das correlações entre uma causa primária trada por meio do algoritmo descrito na Figura 3.
ou intermediária com o evento de topo (ARAUJO Salienta-se ainda - como abordado no tópico 4
et al., 2001) subsidia a elaboração da FMEA de - que a análise entre processos precede a análise
processo, visto que cada causa de falha, primária intrafalha (identificação das etapas, fatores e
ou intermediária, pode ser convertida em uma recursos pertinentes; ordenação dos elementos
FMEA. Finalmente é gerada a FMEA, por se cons- em análise de acordo com sua criticidade (priori-
tituir no mais alto nível de detalhamento com zação); e segmentação em categorias similares de
todos os modos de falhas, seus efeitos, causas importância). Desta forma, os especialistas cola-
e ações de mitigação/correção recomendadas. A boram na fase inicial julgando os macroprocessos
FTA e a FMEA fornecem pistas para a execução que devam ser objeto de estudo. Na aplicação da
de melhorias nos sistemas, mediante a descoberta metodologia de mapeamento de falhas no caso
de pontos problemáticos relacionados às falhas, prático, que será abordada como exemplo na
sendo advogado seu uso conjunto (HELMAN; próxima seção, a lavratura de escritura é reconhe-
ANDERY, 1995). cida como o principal processo de um cartório.
1 MAPEAMENTO 1
DE PROCESSOS –
Definição do processo a
ser mapeado, da técnica
de mapeamento a ser
utilizada e realização do
mapeamento
2
Nível de Detalhamento
Na FTA parte-se do efeito e chega-se à causa; até a análise o pesquisador tenha se mantido
Na FMEA o ponto problemático é enfocado a como um mero observador, ocorreu alteração no
partir da causa, raciocinando na direção do efeito sistema em estudo na etapa final. A identificação
(falha-problema). considerou as várias técnicas de mapeamento de
Com o intuito de auxiliar o leitor na síntese das processos com o auxílio de especialistas para a
questões em discussão, o Quadro 1 apresenta um seleção daqueles considerados críticos. A técnica
resumo dos objetivos, da forma procedimental e de pesquisa considerou a observação direta e o
das características básicas de cada uma das quatro uso de entrevistas realizadas em três reuniões -
ferramentas utilizadas para a metodologia de segundo a abordagem do brainstorming - com
mapeamento de falhas proposta. As ferramentas quatro gestores do ambiente produtivo estudado.
estão ordenadas segundo a sequência lógica de A primeira reunião foi de cunho preliminar e obje-
abstração e detalhamento: à medida que uma tivou apresentar o escopo do trabalho, seus obje-
nova ferramenta é empregada, aumenta o nível tivos e limitações, critérios de criticidade, além
de detalhamento. Vale ressaltar que o modelo de dos primeiros esboços relativos aos processos
análise de falhas proposto pela implementação candidatos a mapeamento. A segunda reunião
combinada das quatro ferramentas sugere uma considerou uma pré-análise dos especialistas e a
interdependência entre elas, e aquela de nível reunião final considerou os mapas dos críticos já
maior, é um desdobramento ou detalhamento definidos e as análises tanto das árvores de falhas
daquela imediatamente anterior. quanto dos dados já computados dos modos e
efeitos de falhas. Pequenas sugestões foram
incorporadas nessa última reunião.
4. Aplicação do modelo integrativo em
A utilização do Modelo Integrativo de
um caso prático
Mapeamento de Processos e de Falhas é ilustrada
O trabalho foi desenvolvido segundo o binômio por meio de aplicação em um cartório extrajudi-
monitoramento e intervenção. O ciclo virtuoso cial, privado, que opera por delegação do Poder
de melhoria possibilitado pelo PDCA refere-se a Público situado na cidade de Varginha/MG, tendo
acompanhar (identificação, observação, análise, na lavratura de escrituras sua principal atividade.
mensuração) e intervir (plano de ação). O método A atividade notarial é respaldada no exercício
de pesquisa utilizado foi a Pesquisa-ação, uma da palavra da lei aplicada aos fatos pela tutela
vez que, embora nas etapas de identificação estatal (CAHALI et al., 2007). Segundo Marques
ocorrem; expor os de recursos com o desdobramento lógica entre falhas causas e consequências;
detalhes do processo da FTA e FMEA somente para os primárias e falha final hierarquizar as
de modo gradual e processos críticos. do produto; analisar falhas; analisar a
controlado. a confiabilidade do confiabilidade do
sistema. sistema.
Colocar em um gráfico Analisar todos os processos e Identificar a falha Analisar as falhas em
o processo de um detectar aqueles que, em caso de (evento) que é detectada potencial de todos
setor, departamento falhas, compromete o objetivo pelo usuário do os elementos do
Procedimento
das atividades de um trabalhos desnecessários com enfoque é dado à falha co‑relacionadas; todos
processo; a observação o mapeamento de falhas de final do sistema. os componentes do
é efetuada em nível processos não críticos. sistema são passíveis de
macro. análise.
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Início
Cliente aguarda
atendimento
Cliente aguarda
Cliente se encaminha o pagamento
ao atendente
Não
Cliente retorna
Fim
ao atendente
Figura 4. Fluxograma do processo de lavratura de escrituras.
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Assim, o tabelião necessita juntar toda a docu- estadual e federal, devido às divergências de
mentação necessária, lavrar o documento em livro informações; na obstrução da emissão de certi-
próprio, colher as assinaturas de todos os envolvidos dões diversas; e, em caso extremo, na nulidade
e lhes entregar uma cópia do documento, denomi- da transação, requerida em juízo e nos casos
nada de “traslado”, que deverá ser encaminhada previstos no Código Civil Brasileiro pela inob-
para registro no Serviço Registral Imobiliário. servância dos “Princípios do Direito Notarial” ou
A coleta de assinaturas se constitui em uma descumprimento das competências previstas na
importante fase do processo, pois, segundo apre- Lei Notarial (Lei 9.935/1994).
goam os ritos obrigatórios instituídos à lavra- O processo de lavratura de escrituras pressupõe
tura, nesse momento a escritura deverá ser lida
etapas bem definidas, solicitação/emissão de docu-
integralmente aos contratantes, que conferem
mentação, confecção da escritura, coleta de assina-
a documentação inserida, julgam ter entendido
turas, lavratura e preparação/entrega do traslado.
o que ali se contém, e declaram ser a expressão
fidedigna de suas vontades. Devido à já consolidada aplicação de fluxogramas
em representar fases distintas de um processo, com
Minimizar possíveis erros na confecção
desse documento é de suma importância para a simbologia apropriada, este foi utilizado para uma
conclusão da transação, já que a ocorrência de representação inicial do processo.
inconsistências no documento gerado poderá Por meio dessa técnica (Fluxograma de
resultar na impossibilidade de efetivação de Processo), representada na Figura 4, a tabeliã e
registro junto ao serviço imobiliário; restrições, a tabeliã-substituta do referido cartório puderam
impedimentos ou solicitação de esclarecimentos identificar os pontos críticos do processo de
junto a autoridades do poder público municipal, lavratura, que são:
Apresentar
documentos
Examinar
documentos
Não
Solicitar documentos Doctos. OK?
necessários
Sim
Agendar lavratura
Lavrar escrituras e
recolher impostos
Colher assinatura
Não
CRI - Cartório de Escritura Sim
Registro Imobiliário assinada?
Retirar escritura e
encaminhar ao CRI
de treinamento
Retificação, ratificação, ressalvas e processos civis
(procedimentos e
atendimento)
Má fé Inexistente 1 10 10 100 Buscar ferramentas de
Lavrar escritura corretamente
validação e conferência
a vontade das partes
negativas e multas
Recolher impostos
poder público,
dos responsáveis
impedimento
X
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Metodologia integrada ... a análise crítica de especialistas. Prod. v. xx, n. x, p. xx-xx, xxxx
que auxiliam na compreensão dos processos estu- FITZSIMMONS, J. A.; FITZSIMMONS, M. J. Administração
dados, na identificação dos pontos críticos de de Serviços: operações, estratégia e tecnologia da
informação. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
ação, na determinação das falhas e seus efeitos
e na elaboração do panorama geral das falhas GOHO, J.; MACASKILL, P.; MCGEACHIE, P. Using a Panel
of Experts to Enrich Planning of Distance Education.
e efeitos, visando à priorização das medidas de Journal of distance education revue de l’éducation à
correção, se for o caso, e da consequente miti- distance, v. 18, n. 1, p. 1-18, 2003.
gação/eliminação das falhas dos processos. GREEN, K. C.; ARMSTRONG, J. S.; GRAEFE, A. Methods
Os processos notariais, pela rigidez dos ritos to Elicit Forecasts from Groups: Delphi and Prediction
burocráticos impostos pela legislação pertinente, Markets Compared Forthcoming. The International
Journal of Applied Forecasting, 22 september, 2007.
podem e devem se adaptar aos avanços em tecno-
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Reengineering concepts, methods and technologies.
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