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FRANÇA, V.R.V.

Discutindo o modelo praxiológico da comunicação:


controversias e desafios da análise comunicacional. In: FRANÇA, V.R.V.; SIMÕES,
P.G. (Orgs.) O modelo praxiológico e os desafios da pesquisa em Comunicação. Porto
Alegre: Sulina, 2018. (no prelo)

A autora busca concentrar alguns aspectos da abordagem relacional da


comunicação e indicar seu papel na perspectiva de trabalho que vem construindo.
“Essa abordagem tem como pondo de partida a concepção interacional e o conceito
de sociabilidade de Simmel (lembremos que sociabilidade está no nome do GRIS);
ganha novos desdobramentos junto à Escola de Chicago na perspectiva apontada
pelos filósofos pragmatistas; adquire novas tonalidades com a reflexão de autores
oriundos de outras matrizes, como Michel de Certeau e alguns teóricos da
linguagem M. Bakhtin, U. Eco, E. Verón, além de S. Hall e as contribuições dos
Estudos Culturais (britânicos e também da vertente latino- americana).”(p,2)
Essa perspectiva nomeada “abordagem relacional da comunicação” vem no
modelo praxiológico descrito por Quéré. Dois aspectos se destacam para explicar a
preferência nessa abordagem: primeiro, porque o texto de Quéré alinha e
regorganiza, de maneira objetiva e didática, os debates que da época (1980/90); e
o segundo aspecto é porque o modelo praxiológico resgata o lugar do receptor e
registra a insuficiência do modelo espitemológico/informacional em negar o trabalho
da recepção.
“A ênfase na dimensão constitutiva da comunicação constitutiva da
subjetividade dos sujeitos e da objetividade do mundo abre, sem dúvida, um olhar,
senão de todo inovador, certamente decisivo na maneira de tratar tanto as
pequenas como as grandes situações comunicativas: ela afirma e focaliza a
importância da comunicação na vida social e nos orienta a compreender, mais que
́ ia, a própria dinâmica que anima a sociedade. Analisar a
o funcionamento da mid
comunicação é assistir a sociedade se fazendo e refazendo no bojo das diferentes
interações cotidianas (midiáticas ou extra-midiáticas).”(p.3)

1) A intencionalidade no processo comunicativo


O que significa retirar ou minimizar a intenção comunicativa que move o
emissor, conforme expresso pelo modelo praxiológico?

A intenção, para o modelo epistemológico, é uma estado prévio que


precede e dirige a ação. Já no modelo praxiológico, “é antes no término que no
inić io da interação que a intenção comunicativa se torna verdadeiramente
determinada (p. 83). Tal perspectiva recusa a ideia de que existem, na cabeça dos
agentes, intenções prévias claramente definidas, independentemente da ação
comunicativa em si mesma, e afirma que é no final do processo e não no começo
que a intenção que o percorre se completa.”(p.5)
“a intenção existe encarnada , e o processo de encarnação (a maneira
como uma ideia ganha materialidade) atua na própria força que o move: A intenção
comunicativa se exprime, de maneira encarnada, na busca de uma formulaçao
̃
adequada para os pensamentos, ideias, opiniões (p. 84). A intenção não existe em
estado abstrato, mas tornada força material, traduzida em comportamentos e
operações. Portanto, tais operações atuam não apenas como expressão, mas como
elementos que dão vida e conformam as intenções .”(p.5)
O sistema informacional dá importância a intenção inicial (motivação), mas
para o sistema comunicacional, mais importante que isso, é aquilo que a intenção
se torna durante a ação, o que ela se torna, quais caminhos decorre.
“Inicialmente, é muito clara a posição pragmatista (e anti-cartesiana) de não
separar pensamento e ação, estados mentais e estados fiś icos. É impossiv́ el
apreender intenções em seu estado puramente mental (enquanto pensamento não
encarnado); intenções existem materializadas em um conjunto de ações que visam
a executá-las (entre elas, a formulação verbal que é também um recurso de torná-
la atuante). E mesmo que algum mecanismo miraculoso nos permitisse apreender
ideias em seu estado original , tal recurso não traria nenhum ganho pois apenas
importaria a forma como tais ideias se tornam força no mundo.”(p.6)
“Reafirmar este ponto não é sem consequências. Significa, de fato, que não
se trata, em nossas análises, de preocupar-se com o que os agentes estão
pensando, mas em captar o que eles estão fazendo. Atentar para o movimento e a
direção tomada pela interação é fundamental no sentido de compreender o que está
́ o ali. E aquilo que move a interação
sendo constituid a intenção dos agentes
inseridos nessa prática comunicativa deve ser buscado menos numa possiv́ el
explicação que eles tenham a dar (na verbalização de um propósito inicial) que na
leitura de para onde eles estendem sua ação, para que fins (telos) aponta a
pressão que eles exercem naquele ato.”(p.7)

2) Da situação ao contexto
̃ do poder? A
Como o modelo interacional dialoga com a questao
ênfase nas interações não elimina a visada estrutural e a questao
̃ do poder?
Aponta que a perspectiva pragmatista e Chicargo se interessam nas
interações cotidianas, voltando-se para a relações interpessoais, negligenciando,
assim, aa macroestruturas. “Nesse sentido, a primeira asserção a ser feita é que as
práticas comunicacionais, constitutivas que são das relações sociais, estão
estreitamente associadas ao campo da polit́ ica e às dinâmicas de poder. Assim,
não se coloca, para nossos estudos, fechar-se no tratamento especif́ ico e isolado
de uma prática ou produto, mas nos interessa as correlações que estes
estabelecem com esferas mais amplas.”(p.8)
França lista 3 considerações que apontam como a autora entende a relação
da comunicação e o poder na perspectiva do modela comunicacional.
a) “A comunicação é instância constituidora de um real que a
transcende”(p.9)
Mesmo com o papel de paradigma analítico da vida social cotidiana, a
abordagem comunicacional entende que essas práticas estão inscritas numa
dinâmica maior. “Perguntar-se pelas consequências das práticas comunicativas,
para o quê elas apontam ou ao qual se dirigem; atentar para as esferas (campos
pragmáticos, axiológicos) com as quais dialoga são movimentos analit́ icos que
expressam nosso esforço de ultrapassar o ato comunicativo em si mesmo.’(p.9)
b) “Uma concepção de comunicação não responde sozinha pela análise do
fenômeno.” (p.9)
“Assim, do ponto de vista do resgate do objeto, o modelo nos incita a ampliar
o universo empiŕ ico concernido (conforme exposto no item acima); do ponto de vista
da nossa reflexão sobre o objeto, esse quadro empiŕ ico compósito e complexo nos
impele a buscar apoio em referências teóricas diversas tão diversas quanto são as
questões suscitadas pelo fenômeno.”(p.9)
“Se nossa abordagem é comunicacional, e sem necessidade de apelar para
o subterfúgio da interdisciplinaridade, importante é lembrar que as diferentes
disciplinas operam recortando um real que é unitário em sua existência. Um olhar
de globalidade requer promover colagens, aproximações, transgressões de
́ io válido e atual para qualquer ciência mais ainda para
fronteira. Este é um raciocin
a comunicação, que tem como objeto a própria tessitura da vida social.”(p.10)
c) “O particular deve ser resgatado e ultrapassado.” (p.10)
Teorias que propiciavam crítica global da sociedade foram deixadas de lado
e perderam espaço para os aparatos conceituais que atentassem para as
singularidades. “No entanto, a mudança do enfoque analit́ ico passou de um extremo
ao outro, e nessa transição em que a atenção se desloca ao particular, o que se
perdeu foram quadros analit́ icos integradores; a possibilidade, como registrou
Laclau, de uma plenitude ausente a negação dos particularismos que somente é
possiv́ el através da transformação de conteúdos particulares em sim
́ bolos de uma
universalidade que os transcende (LACLAU, 1996, p. 33).”(p.10-11)
A autora pontua que os estudos devem levar para revelar suas práticas
concretas, mas também ressaltar as relações da comunicação e redes de poder.

3) Nem tudo é comunicaçao


̃
O que é e o que não é comunicaçao
̃ ? Comunicamos o tempo todo e
é impossiv
́ el nao
̃ comunicar, como nos diz Watzlawick (do grupo de Palo
Alto)?
A escola de Palo Alto tem uma preposição é que a impossibilidade de não
comunicar, entretanto, para a autora essa verdade tem um enfoque reducionista
com reflexos nas análises comunicacionais.
“Em minha leitura, a premissa todo comportamento tem valor de
mensagem, quer dizer que ele é uma comunicação promove um perigoso
reducionismo, que é tomar a parte pelo todo, englobar o processo comunicativo em
apenas uma de suas partes. A comunicação é mais do que existência de uma
mensagem (de uma materialidade que porta um significado) e mais do que
interpretação de sentido. Claro, não existe comunicação sem mensagem (sem a
presença do gesto simbólico, da linguagem); o exercić io da linguagem supõe
produção e interpretação de sentido. Estes são, sim, partes do processo
comunicativo. No entanto, tratando-se exatamente de uma interação ação
conjugada, marcada pela reflexividade, dinâmica de mútua afetação a
comunicação não pode ser reduzida a um de seus elementos (presença de signos),
nem a uma de suas dinâmicas (a interpretação de sentido). Pois quando eles
pontuam não podemos não comunicar o que se depreende é que o
comportamento, carregando um sentido, será lido , e essa interpretação de sentido
corresponde a um ato de comunicação.”(p.12)
A autora defende que comunicação é mais do que o proposto pela Escola
de Palo Alto. “Uma abordagem comunicacional (fazer uma análise comunicativa) é
inscrever esta dinâmica de produzir / interpretar sentidos na esfera de uma ação
conjugada entre um e outro. Não analisamos a comunicação recortando-a em uma
de suas fases; a análise comunicacional pretende exatamente apreender /
recuperar essa globalidade a dinâmica através da qual a linguagem se inscreve e
cria diferenciação no bojo da relação entre diferentes sujeitos.”(p.13)
“Por este caminho, é possiv́ el, então, questionar também a segunda
premissa, é impossiv́ el não comunicar . Ou seja: podemos, sim, não comunicar,
ainda que queiramos fazê-lo. Se a comunicação é uma interação em que um gesto
significativo de A, dirigido a B, afeta B, sendo que esta afetação retroage sobre A,
que se vê também afetado pela afetação de B, vamos nos dar conta de inúmeras
situações em que o gesto significativo de um não atinge o outro (por inúmeras
razões).”(p.13)

4) Nossa comunicaçao
̃ é especificidade dos animais humanos
A comunicação é um atributo da espécie humana ou entendemos que
̃ - humanos comunicam da mesma maneira?
agentes humanos e nao
“Para dizer rapidamente, eles têm uma linguagem, mas falta-lhes a
consciência da linguagem, a capacidade de refletir sobre o que estão fazendo e
modificar o seu uso. Animais não têm a capacidade de descolar os sinais de sua
função representativa e criar novos sentidos. Num exemplo que costumo apresentar
aos alunos: as abelhas obreiras sabem, através de movimentos de dança e da
angulação de seu voo, indicar com precisão a direção do alimento. Elas não dariam
conta de fazer uma brincadeira e passar uma falsa mensagem para suas
companheiras da colmeia, enviando-as para um lugar errado.”(p.15)
Enquanto a comunicação com máquinas, a autora ressalta a Teoria Ator-
Rede (TAR), de Bruno Latour. Ela aponta o livro de André Lemos A comunicação
da coisas. Teoria ator-rede e cibercultura, com destaque especial a dois aspectos:
os conceitos de agentes humanos e não humanos e de rede. O objetivo aqui é para
traçar a relação comunicação e TAR.
São levantados dois questinamentos. O primeiro é pela não justificativa que
sustente a hipótese de que a TAR poderia ser entendida como TeCom. O segundo
ponto é “a indistinção do conceito de comunicação que é tratado ora como fazer-
fazer, ora como mediação e associação (sem dizer, no caso, que mediação e
associação também não são equivalentes).”(p.17)
“No caso da TAR, ao agente não-humano é dado um papel semelhante ao
do agente humano. O conceito de actante da semiótica greimasiana quem ou o
quê realiza uma ação numa narrativa foi incorporado por Latour para se referir ao
ator da teoria ator-rede, e ele pode ser humano e não-humano.” (p.17)
“Retomando a crit́ ica de Latour à separação que a Modernidade institui
entre sujeitos e objetos, Lemos estabelece um paralelo com o que estaria
acontecendo no campo da comunicação, com sujeitos de um lado, mid
́ ias do outro.
Para os teóricos da comunicação, sugere o autor, A comunicação com C maiúsculo
seria a ação que se dá na troca entre consciências . E como os objetos não têm
consciência, a comunicação seria assunto apenas de humanos (op.cit, p. 22). Em
outras palavras, ele está sugerindo que as Teorias da Comunicação (as teorias
existentes) tratam a comunicação como uma relação de consciências, num plano
abstrato, mentalista, visão que compromete e impede a compreensão do papel das
tecnologias.”(p.18)

5) Três injunções e cinco desafios


Uma concepção mais densa e complexa da comunicação nao
̃ facilita
nosso trabalho: impõe novos desafios.
O processo de construção de conhecimento é esquematizado em três tópicos:
“a) o pesquisador se situa dentro de determinada perspectiva ou corrente de
pensamento; ele toma posição (de forma mais ou menos consciente) dentro de uma
certa lógica, uma certa postura sobre como conhecer as coisas do mundo.”(p.21)
“b) o pesquisador escolhe uma área definida (um cômodo), que são os pressupostos
que ordenam o olhar sobre uma determinada empiria (um objeto empiŕ ico), de forma
a ver nele um certo objeto de conhecimento. Esses pressupostos estabelecem o
paradigma ou paradigmas da área.”(p.21)
“c) ele convoca um repertório de conhecimentos disponiv́ eis (teorias, conceitos), da
sua área (ou eventualmente de outras) para analisar o fragmento de realidade ao
qual se dedica. Não é a origem do conhecimento que ele aciona, mas sobretudo os
pressupostos (segunda injunção) com os quais ele olha / analisa seu objeto
empiŕ ico que marcam sua inserção e a natureza do conhecimento que vai produzir.
São suas perguntas e respostas que irão configurar o conhecimento produzido
enquanto um estudo sociológico, linguiś tico, comunicacional.”(p.21-22)
A autora aponta que os pesquisadores da comunicação olham para o objeto a partir
das diretrizes de um determinada corrente de pensamento e assim desenvolvem os
estudos podendo alcançar dois resultados: “produzir conhecimento sobre nossa
realidade comunicacional e/ou contribuir na construção de novas teorias, ampliando
e enriquecendo o leque das Teorias da Comunicação.”p.22)
Desenvovler estudos comunicacionais coloca também alguns desafios: 1) acionar
a contribuição das várias ciências sem cair na indistinção da interdisciplinaridade;
2) superar a fragmentação interna de nosso campo e, da diversidade dos estudos
comunicacionais, produzir convergência e complementaridade; 3) analisar
situações especif́ icas e buscar particularidades sem perder a inserção num contexto
mais amplo.; 4) buscar apreender a comunicação enquanto ação; 5) entender as
transformações trazidas pelas novas configurações tecnológicas ( esse desafios é
posto como a grande questão do momento).

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