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INTRODUÇÃO
Das espécies animais produtoras de carne e leite para consumo humano, o búfalo
figura como alternativa na disponibilidade de nutrientes de alto valor biológico.
Segundo dados da FAO (1999) o rebanho bubalino brasileiro cresceu 1.340 %
durante o período de 1970 a 1998 contando atualmente com uma população estimada de
3 milhões de cabeças. Este crescimento expressivo, acompanhado de excelentes índices
de produtividade (carne e/ou leite) e de reprodução obtidos nas mais diversas condições
edafo-climáticas do território brasileiro têm mostrado a excepcional capacidade de
adaptação da espécie bubalina.
No entanto, o número de rebanhos selecionados zootecnicamente para uma
aptidão ou outra ainda é bastante reduzido. Para a obtenção de ganhos genéticos
expressivos, o emprego de biotecnologias da reprodução, como a inseminação artificial
(I.A.), entre outras, utilizando-se animais de alto valor genético-produtivo, permite
aumentar a pressão e a velocidade de seleção, reduzindo-se o intervalo entre gerações.
Segundo OBA (1993) embora para o leigo tudo na espécie bubalina seja
parecido com a bovina, as suas peculiaridades são bem diferentes e, em decorrência da
sua potencialidade de produção de leite e de carne nos diferentes ecossistemas em que
são criados, aliado ao conhecimento dos aspectos reprodutivos tanto das fêmeas quanto
dos machos são requisitos básicos para a implantação dos rebanhos como também para
o melhoramento e avaliação da fertilidade destes animais.
No Brasil, apesar dos esforços de vários grupos de pesquisadores, existe ainda
um volume limitado de informações sobre o emprego de biotecnologias da reprodução
em bubalinos. Portanto, procuraremos sumarizar os principais avanços recentemente
obtidos na reprodução de bubalinos.
Estacionalidade Reprodutiva
ZICARELLI (1990) relatou que os bubalinos quando criados em localidades
distantes da região equatorial, têm um comportamento reprodutivo influenciado
positivamente pela diminuição de horas de luz do dia. Desta forma, nas condições
tropicais, onde as variações de luminosidade e temperatura são mínimas, é possível
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haver uma distribuição dos nascimentos durante todo o período do ano, visto que o
problema parece estar relacionado diretamente com a oferta de alimento (VALE et al.,
1996). À medida que se distancia da linha do Equador, tanto no sentido norte quanto no
sul, o bubalino tende a apresentar-se como animal estacional.
Desta forma, segundo VALE (1988) a sazonalidade reprodutiva de cada região é
uma característica que deve ser levada em consideração na implantação de um
programa reprodutivo. Na região do médio Amazonas, no Estado do Pará, este autor
observou que o bubalino se comporta como poliestral contínuo, podendo se reproduzir
durante todo o ano.
Devido a esta característica, no Quadro 2 são apresentados dados sobre
concentração de cio das búfalas segundo o mês de manifestação, coletados na região do
Vale do Ribeira-SP, localizada no centro sul do país. Nesta região existe variação na
duração de horas de luz, conforme a estação do ano e, pode-se observar uma
concentração maior das manifestações de cio no período do outono. Segundo
BARUSELLI (1993) este período, no hemisfério sul, corresponde aos meses de março a
julho, nos quais concentram-se 93,03% dos estros observados durante o ano.
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Em face do exposto anteriormente, a estacionalidade na manifestação do cio
acarreta consequentemente um concentração das parições (Quadro 3). Para criações
voltadas à produção de carne, esta característica é muito importante e facilita o manejo,
racionalizando a mão-de-obra, pois permite concentrar os períodos de nascimento,
desmame, apartação por sexo, recria, terminação e abate.
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Algumas Características Fisiológicas Reprodutivas em Bubalinos
OBA (1993) em revisão sobre a fisiologia reprodutiva da espécie bubalina,
relatou que a puberdade e a maturidade sexual, ocorre mais tarde quando comparada à
espécie bovina e está diretamente influenciada pela época de nascimento, estação do
ano, disponibilidade de alimentos, raças, cruzamentos, manejo e diferenças individuais.
A puberdade no macho tem sido observada entre os 8 a 9 meses e a maturidade
sexual em torno dos 18 a 24 meses (OHASHI, 1988). Na fêmea (VALE, 1988)
observou, em condições amazônicas, puberdade anterior aos 15 meses e superior ao 30
meses, em novilhas das raças Murrah e Carabao, respectivamente.
O ciclo estral, definido como o período entre um cio e outro, varia de 18 a 32
dias, com média de 21 dias, ocorrendo variações dependendo da raça (OBA, 1993). No
Quadro 4 é apresentada a duração média do ciclo estral de búfalas inseminadas
artificialmente.
Quadro 4 – Duração do ciclo estral de búfalas inseminadas artificialmente na região do
Vale do Ribeira-SP.
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A duração da gestação varia segundo as diversas raças e países e é dependente
dos fatores climáticos e do manejo alimentar. Porém, segundo OBA (1993) a duração
média é de 310 dias, com variação de 281 a 334 dias.
No Quadro 5 são apresentados alguns índices zootécnicos médios encontrados
na bubalinocultura nacional, que ajudam a subsidiar os produtores que optarem por criar
seus animais em condições de monta natural.
Quadro 5 – Índices zootécnicos médios de rebanhos criados em regime de monta natural
Características Índices
Fertilidade (%) 85
Idade de Entouramento Novilhas (meses) 22-24
Período de Gestação (dias) 310
Idade a 1a Cria (meses) 32-34
Intervalo entre Partos (meses) 14
Peso ao nascer (kg) 31-43
Mortalidade de Bezerros (%) 2,5
Idade à Desmama (meses) 7-9
Relação Touro / Vaca 20-50
Longevidade Produtivas das Búfalas (anos) 20
Fonte: Adaptado de NASCIMENTOE CARVALHO (1993)
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vários reprodutores na mesma propriedade; maior controle sanitário eliminando-se as
doenças da esfera reprodutiva; estocar e utilizar o sêmen de um reprodutor mesmo
depois de morto; acesso de pequenos e médios criadores a material genético superior a
custos reduzidos.
No entanto toda biotécnica apresenta também limitações e esta não é exceção.
Destacamos as principais: exige equipamentos especiais, pessoal treinado e responsável;
disseminação de caracteres indesejáveis ao se desconhecer o reprodutor utilizado e o
rebanho deve ter um bom manejo nutricional orientado por um zootecnista.
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Apesar da grande variação nos valores de duração do cio e do momento para que
ocorra a ovulação, há consenso entre grupos de pesquisadores de que as búfalas devem
ser inseminadas no final das manifestações de cio quando não aceitarem mais a monta.
Como a aceitação de monta varia de 6 a 24 horas e as observações de cio são realizadas
a cada 12 horas, a búfala pode ser inseminada 12 ou 24 horas após a detecção do cio.
VALE et al. (1994) recomenda que búfalas que manifestarem cio somente em um
período de observação devem ser inseminadas obedecendo o protocolo utilizado em
bovinos, ou seja, as búfalas que são observadas em cio pela manhã devem ser
inseminadas na tarde do mesmo dia e búfalas observadas em cio à tarde devem ser
inseminadas na manhã do dia seguinte, bem cedo. Por outro lado, as búfalas que
apresentarem cios de maior duração, detectados em mais de um período de observação,
devem ser inseminadas quando não aceitarem mais a monta.
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Quinta-feira
Segunda-feira Segunda-feira Quarta-feira
8:00 h
16:00 h 16:00 h 16:00 h
40 a 60 dias
pós-parto
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No Quadro 10 são apresentados alguns resultados de inseminação artificial em
tempo fixo em bubalinos, empregando a sincronização da ovulação pelo método
ovsynch. Nos animais utilizados durante o estudo, observou-se influência da condição
corporal na taxa de concepção. Estes resultados sugerem que as búfalas devem
apresentar condição corporal entre 3,5 e 4,0 para obtenção de boa eficiência no
tratamento.
Quadro 10 – Condição corporal e taxa de concepção de búfalas inseminadas
artificialmente em tempo fixo, empregando a sincronização da ovulação
pelo método ovsynch.
Condição Corporal No de Animais Taxa de Concepção % (n)
≤ 3,0 73 39,7 (29) a
3,5 158 53,9 (85) b
≤ 4,0 30 56,7 ( 17) b
Total 261 50,2 (131)
Fonte: Baruselli et al. (1999)
Tem-se observado que animais inseminados por este método fora da estação
reprodutiva apresentaram menor taxa de concepção que animais inseminados durante a
estação reprodutiva (Quadro 13). Estes dados corroboram com as informações de
ZICARELLI (1997) ao relatar que, mesmo com a estimulação hormonal exógena, os
bubalinos continuam apresentando marcada estação reprodutiva.
Quadro 13 – Período de inseminação e taxa de concepção de búfalas inseminadas
artificialmente em tempo fixo com o emprego da sincronização da
ovulação pelo método ovsynch
Período de Inseminação No de Animais Taxa de Concepção % (n)
Favorável (março à agosto) 261 50,2 (131) a
Desfavorável (setembro à dezembro) 64 7,8 ( 5) b
Total 325 46,2 (136
Fonte: Baruselli et al. (1999)
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Lecirelina, além de apresentar um custo mais reduzido, pode ser utilizada para
sincronizar a ovulação com a finalidade de realizar a inseminação em tempo fixo em
bubalinos com resultados semelhantes quando comparada ao Acetato de Buserelina
Com o objetivo de estudar novas alternativas de sincronização da ovulação com
gonadotrofinas, BARUSELLI (1999) realizou estudo para avaliar o efeito da
substituição do GnRH pelo LH (hormônio luteinizante) na segunda aplicação hormonal
do protocolo ovsynch em bubalinos. Os animais inseminados a campo com GnRH e LH
apresentaram taxas de concepção de 56,49% (n=154) e 64,24% (n+151),
respectivamente. O autor observou que houve sincronização da ovulação e boa
eficiência do protocolo a campo nos dois grupos estudados, com tendência de melhores
índices nos animais tratados com LH.
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mesmo autor sugere que novos estudos devem ser realizados na tentativa de inserir a
estes protocolos fatores que aumentem as taxas de ovulação e de sincronização, com o
objetivo de incrementar a eficiência dos tratamentos e viabilizá-los para o emprego à
campo em larga escala.
Considerações Finais
As biotecnologias da reprodução em bubalinos são recentes , carecem de mais
pesquisas que aumentem o volume de informações sobre o assunto com vistas à
melhoria genética e produtiva dos rebanhos existentes e cabe ressaltar que somente
devem ser utilizadas em animais submetidos às condições satisfatórias de manejo
sanitário e principalmente nutricional.
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