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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Sinopse

Um protótipo de ser humano construído em


laboratório com o nome de Frankenstein, que apesar da
aparência humana, não o era por não possuir uma alma,
é o enredo perfeito pelo qual o pastor Douglass Suckow
pretende chamar a atenção da igreja dos dias atuais para
a verdadeira essência vivenciada pelos apóstolos de
Jesus Cristo, na igreja primitiva.

De leitura envolvente do inicio ao fim, 'A


Igreja Frankenstein - Parece, mas não é', o autor se baseia
no relato do evangelista Lucas em Atos 2: 42-43, para nos
levar a refletir se somos uma igreja que vive conforme os
ensinamentos de Jesus ou se nessa era da pós-
modernidade, temos nos tornado algum tipo de
aberração, uma igreja sem alma ou sem essência – como
o Frankenstein.

Se na sua caminhada a busca é a motivação


para perseverar nas doutrinas de Jesus, na comunhão, na
partilha, na oração e no temor a Deus, esta obra foi
escrita para você. Que esse livro seja um instrumento de
avivamento na tua vida pessoal e para sua igreja.

Rosiane Vargas

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Pr. Douglass Suckow

Prefácio

A Igreja de Cristo é sempre viva, vigorosa e


prevalente contra as portas do inferno, em todas as
épocas desde quando constituída pelo Espírito Santo no
dia de pentecostes até os tempos pós-modernos e o será
até a almejada volta de Cristo que é o seu Noivo. Isto
porque a Igreja faz parte do propósito eterno de Deus em
Cristo, cujo propósito, nada no universo será capaz de
frustrar, Ef 1.9-10; 3.10,11.

Contudo, quando se observa a Igreja no seu


nascedouro, conforme revelada em o Novo Testamento,
em sua primeira glória, comparando-se com a igreja
instituída de hoje, tem-se um sentimento de tristeza e
saudosismo histórico, pois parece que a “glória da
segunda casa” está cada vez menor do que a da
“primeira casa”! Mas, por quê? Esta é uma pergunta que
o Pr. Douglass Suckow se dispõe responder, com
humildade e, ao mesmo tempo, com ousadia, à luz da
Bíblia, ao longo das breves e ricas páginas deste
oportuno livro o qual tenho o prazer de prefaciar.

Sabemos que no final da idade média,


também chamada “idade das trevas”, com o advento da
“Reforma”, iniciou-se um tempo de renovação das

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

verdades bíblicas fundamentais, começando pela


restauração da doutrina da salvação pela fé; e daí
ensejando outras ondas de reavivamentos que
mantiveram a igreja vigorosa, pujante e missionária ao
longo dos tempos modernos.

Porém, desde o início deste último século a


igreja pós-moderna vem sofrendo um esfriamento e
conformismo tal com o mundo, que tem comprometido
inclusive a sua identidade e responsabilidade de “sal da
terra” e “luz do mundo”. Tem se tornado inócua em seu
testemunho, tipo a igreja de Sardes, com o “nome de
quem vive; porém morta”, Ap 3.1; daí a razão do título
deste livro. Ou tipo a igreja de Laodicéia que pelo seu
conformismo mundano e secular, fora tida como
“morna” pelo próprio Senhor da Igreja, Ap 3.15.

Mas, em meio a este estado de mornidão


mórbida porque passa o que dizem ser igreja, há a
remanescente e, sempre prevalente e verdadeira Igreja
de Cristo, que ainda cumpre o seu papel de Corpo de
Cristo na terra, a “plenitude daquele que cumpre tudo
em todos”, Ef 1.22,23.

Dentre o remanescente fiel, pós-moderno,


temos pessoas como o Pr. Douglass, fiel testemunha de
Cristo, que pela sua conduta e ministério vem
demonstrando o seu amor e comprometimento com a

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Pr. Douglass Suckow

Noiva de Cristo da qual todos os nascidos de novo fazem


parte.

Assim, temos em mãos, uma obra, de seu


punho, que não só denuncia o que ele chama de “igreja
tipo Frankenstein”, devido aos motivos supras e outros
que com clareza aborda ao longo deste compêndio, como
também aponta, com aguda sensibilidade e inteligência,
o caminho de volta ao modelo da Igreja viva e
impactante do primeiro século.

Denunciar a “abominação no lugar santo” é


preciso, Mt 24.15. Mais importante ainda é mostrar o
caminho da restauração. Isto o Pr. Douglass faz com
vívido discernimento e com a síntese e objetividade que
o tempo precioso do leitor exige, nesta obra que tenho,
como dito no início, a grata satisfação de prefaciar.

Que o Espírito de Cristo possa guiar o leitor


no caminho de se viver a verdadeira natureza da Igreja
de Cristo. Amém.

Joás Pereira Cavalcante


Bispo da IV Região Eclesiástica
Igreja Metodista Wesleyana

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Sumário
Introdução..................................................................................
Capítulo 1 – A Doutrina dos Apóstolos .....................................
Capítulo 2 – A Comunhão ..........................................................
Capítulo 3 – O Partir do Pão ......................................................
Capítulo 4 – As Orações .............................................................
Capítulo 5 – O Temor e o Amor .................................................
Capítulo 6 – A perseverança ......................................................

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Pr. Douglass Suckow

Introdução

O ser humano tem características próprias de


identificação. À longa distância podemos identificá-lo
por seus membros, como braços, pernas e cabeça, no
entanto pode ser confundido com um manequim. Mas de
perto todas as dúvidas caem por terra, pois este tem uma
essência: sua alma. Qualquer tentativa de se criar um ser
humano, mesmo costurando um braço daqui, uma perna
dali, no máximo o que se conseguirá será uma aberração.

A propósito, este enredo se parece com a


obra de Mary Shelley, escritora britânica que escreveu o
romance Frankenstein, onde um estudante inglês
constrói em seu laboratório um protótipo de ser humano
que até funcionou, no romance, porém ele apenas
parecia um ser humano, mas não o era, pois não tinha
alma, não possuía essência.

A partir deste paralelo quero pensar,


juntamente com você leitor, sobre a essência da igreja,
desde seu estabelecimento na terra até os dias de hoje, e
meditarmos se, ao longo deste tempo, ela sofreu
alterações que comprometam sua essência, sendo
transformada em algum tipo de Frankenstein, como

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

efeito da evolução natural dos tempos, em especial do


fim dos tempos.

Ora, o profeta Daniel fala sobre como seriam


os tempos do fim. O conhecimento se multiplicaria
assustadoramente.

“e o conhecimento se multiplicará muitas e


muitas vezes.” Daniel 12.4b1

Bom, estes tempos chegaram! É a pós-


modernidade, onde a tecnologia traz todo o
conhecimento, sobre qualquer assunto, na palma da mão.

Em um mundo globalizado tudo evolui


muito rápido. Tão rápido que se torna difícil
acompanhar tantas evoluções, em todas as esferas da
vida.

Evoluções na tecnologia, na comunicação,


nos softwares, nos aplicativos, na robótica, nos veículos,
nos armamentos, nas políticas, nas ideologias, na igreja...

Hã? A igreja pode evoluir?

Sim, claro! É necessário que a igreja evolua


para que esta não perca sua capacidade de dialogar com

1
Todas as passagens bíblicas indicadas neste livro são citações de
Bíblia (2012).

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Pr. Douglass Suckow

o homem em seu tempo, e fazer com que sua mensagem


seja efetiva e contextualizada.

Podemos até trazer como exemplo os cinco


ministérios que Jesus estabeleceu para o aperfeiçoamento
de sua Igreja.

Ao longo dos tempos os líderes foram


acrescentando outros ministérios, outras formas de
serviço na periferia dos cinco ministérios, como por
exemplo, uma igreja que tem um ministério de
comunicação, tão essencial para os dias de hoje. Há
pessoas totalmente capacitadas para este serviço que
julgo muito válido, pois veicula toda mensagem do
Evangelho pregada em uma igreja em todas as redes
sociais e meios de comunicação, ampliando a
propagação do Evangelho. Este ministério periférico não
afeta em nada os cinco originais, ao contrário, os enfatiza
e auxilia. O que não pode acontecer de maneira alguma é
este periférico substituir ou anular algum dos cinco
ministérios que Jesus deixou estabelecidos.

Sob esta mesma premissa, esta evolução da


igreja precisa ser de forma saudável, sem perder seus
princípios e sua essência, sob o risco de se perder pelo
caminho trocando seus valores e práticas mais basilares,
secularizando-se ao ponto de parecer igreja, sem SER
igreja, numa alegoria do personagem Frankenstein. Ele

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

tinha braços daqui, pernas dali, cabeça e toda a aparência


de um ser humano, mas faltava-lhe o primordial: A
ESSÊNCIA.

Nos capítulos a seguir, trataremos apenas do


estilo de vida que a igreja primitiva vivia em seu
cotidiano e usaremos os relatos do médico e evangelista
Lucas, registrado em Atos 2.42-43, que nos servirá de
parâmetro, a mostrar se nós somos uma igreja que vive o
seu modelo inicial ou se trocamos algum de seus
“membros” e nos tornamos alguma aberração, tipo o
“Frank”.

É preciso que saibamos a realidade de nosso


contexto de sociedade e assim encarar os desafios a partir
deste conhecimento e traçar um comparativo com a
vontade de Deus expressa nas escrituras para o “modus
vivendi2” da Igreja.

Segundo Bezerra (2017, p. 15), vivemos em


uma sociedade:

“pluralista, instável, diversificada, participativa,


secularizada, dominada por uma racionalidade de
cunho científico-experimental e econômico, além
de pragmática e utilitarista, vendo no discurso

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Expressão jurídica que significa modo de viver ou estilo de vida.

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Pr. Douglass Suckow

cristão apenas mais um entre tantos que são


proclamados”.

Em outra literatura, Bezerra (2016, p. 17)


afirma, acerca do exercício da espiritualidade na América
Latina:

“Hoje, experimentam-se nas cidades todos os


tipos de religiosidade, há uma presença muito
forte de diversas manifestações de espiritualidade,
e é possível até encontrar “igrejas-
supermercados”, especializadas na venda de
produtos religiosos (bens simbólicos). O cotidiano,
especialmente nos grandes centros urbanos,
implora pela presença do sagrado. Pessoas de
todas as faixas etárias, pertencentes às diversas
classes sociais, estão experimentando o dia a dia
das metrópoles, marcado pela solidão, pelo
estresse, pela depressão e por tantos outros
sentimentos que comprovam a incapacidade do ser
humano em construir cidades nas quais possa
viver sua humanidade de forma plena – são
espaços desumanos (Castro, 1996, p. 98). Em
decorrência disso, em uma desenfreada busca por
sua humanidade, o indivíduo se torna animalesco,
se perde em seus próprios conflitos e se deixa
contagiar por alucinantes propostas religiosas”.

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Este contexto é real nos dias de hoje. Nesta


busca, o homem tem a tendência de enfatizar coisas
secundárias e secundarizar as coisas primárias,
incorrendo no grave erro de adulterar e/ou trocar os
valores a serem vividos enquanto igreja.

Charles Swindoll (2012, p. 235) na obra A


igreja desviada, afirma:

“Veja bem: não há nada de errado em divulgar


nossa igreja de modo criativo aos nossos vizinhos.
Contudo, quando essa divulgação recebe mais
ênfase que as coisas essenciais – o ensino dos
apóstolos, a comunhão, o partir do pão e as
orações (cf. Atos 2.42) – isso significa que a
carroça está na frente dos bois. A igreja começa a
se desviar do rumo, a erosão se infiltra. Em
contrapartida, quando assumimos um
compromisso com as coisas essenciais, nossas
igrejas se tornam contagiantes pelos motivos
corretos.”

A partir de agora, refletiremos seriamente


sobre estas consciências que a igreja primitiva tinha ativa
e elas serão nosso parâmetro para saber se estamos na
vontade de Deus ou não. Considere, caro leitor, que cada
uma destas consciências abordadas em cada capítulo,
estou comparando-as aos membros de um corpo, de

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Pr. Douglass Suckow

modo que possamos refletir se este “corpo” está com


seus membros corretos ou se foram trocados, tornando o
corpo uma aberração, à semelhança do Frankenstein.

Vamos à essência!

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Capítulo 1

A Doutrina dos Apóstolos


“Eles perseveravam no ensino dos
apóstolos...” Atos 2.42

Esta foi a primeira multiplicação saudável da


igreja, sem aplicação de estratégias e/ou modelos
humanos. Multiplicação explosiva a partir de um
discurso ousado e revestido de poder, onde três mil
almas se renderam a Jesus Cristo. Que maravilhoso!

Lucas, em sua narrativa, deixa claro que


perseverar nestas consciências, conferia à igreja
crescimento, poder e autoridade em seu tempo.

Eles viviam sob todos os ensinamentos dos


apóstolos, ou seja, todos os ensinamentos de Jesus. Tudo
o que Jesus havia ensinado, eles replicavam.

Havia uma consciência na mente de cada


irmão que eles deviam viver cada palavra que o Mestre
havia ensinado. Suas palavras eram valorizadas, tanto
por quem ensinava quanto por quem aprendia. A

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Pr. Douglass Suckow

propósito, as palavras de Jesus sempre foram o centro de


Seu profícuo ministério. Tudo girava em torno de suas
palavras. Aplicar Sua palavra era tido como quem
constrói uma casa sobre a Rocha (Mateus 7.24),
traduzindo SEGURANÇA. Era também a expressão de
quem o amava (João 14.23), traduzindo a real expectativa
do Cristo sobre a FORMA de alguém amá-lo.

“...se alguém me ama, obedecerá à minha Palavra;


e meu Pai o amará, e nós viremos até ele e faremos
nele nosso lar” João 14.23

Aliás, em Suas últimas palavras aos


discípulos, ele dá uma ordem missiológica que também
envolve DIRETAMENTE Suas palavras. Em Mateus
28.19-20, Jesus ordena: “...fazei discípulos... ensinando-os
a obedecer a tudo quanto eu vos tenho ordenado.”.

Ora, concluímos então que, na mente de


Jesus, o CONCEITO de discipulado é: ensinar as
doutrinas de Jesus. PONTO FINAL.

Mas, perai... Não é o que temos visto nos dias


de hoje.

Não há uma sede pelas palavras de Jesus,


salvas as raras exceções. Não há preocupação, nem
energia gasta, nem desejo na pregação pelas PALAVRAS
do Mestre.

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Fico pensando naquela passagem de João 6.


Milhares de pessoas estavam seguindo Jesus, mas era
puro interesse, não era uma multiplicação saudável.
Assim que Ele percebeu isto, deu-lhes uma dura palavra
que os fez ir embora. Sobrara somente os 12. Ao serem
questionados se também iriam embora eles
responderam: “Para quem iremos? Tu tens as
PALAVRAS de vida eterna” (João 6.68). Estes 12 ficaram
por causa de Suas palavras.

Mas assim como aquelas milhares de pessoas


interesseiras andaram atrás de Jesus, hoje também vemos
o mesmo quadro em muitas igrejas. Muitos “seguidores”
de Jesus na atualidade estão na verdade em busca de
algo que Ele pode oferecer. E o pior, há uma demanda de
discurso para MANTER este tipo de pessoa. O discurso
tem que ser leve, massageador, motivacional, recheado
de misticismo e falsas promessas.

E para não perderem membresia, muitos


pastores e pregadores se rendem aos encantos desta
demanda, não expondo as PALAVRAS de Jesus,
trazendo todo tipo de doutrina, menos a de Jesus. E
quando a expõem, fazem de forma adulterada,
deturpando o real sentido daquilo que Jesus quis de fato
transmitir.

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Pr. Douglass Suckow

Outro dia eu estava numa igreja que


promovia um determinado seminário e o pastor
convidado (de fora, outro Estado, renomado) pregava e
dizia: “há determinados horários para o
desenvolvimento das atividades demoníacas. O horário
principal é às 3 da madrugada”. A igreja estava lotada e
os irmãos, muito ingênuos, saíram de lá impactados com
aquela informação, conferindo ao citado pastor,
autoridade e muito conhecimento. Um irmão chegou até
mim e disse: “você viu pastor, que coisa interessante? Os
demônios atuam às 3 da manhã e precisamos orar mais
neste horário”. Ironicamente eu perguntei: “Horário de
Brasília ou local?”. O irmão quase “bugou”.

Após uma longa conversa expliquei a ele que


aquelas informações são o que a Bíblia chama de
DOUTRINA DE DEMÔNIOS, pois são informações
importadas de terreiros e lugares afins, onde outrora
pessoas serviram aos demônios e agora carregam estas
informações para as igrejas, e nós, Cristãos, não devemos
dar a mínima importância a tais doutrinas, pois o que
nós devemos mesmo saber é como AGRADAR nosso Pai
celestial, que é obedecendo-O nas palavras de Cristo,
pois, fazendo isso, nenhum mal pode nos suceder, ainda
que fosse verdade aquela informação que o “pai da
mentira” disse em seu antro de adoração pagã.

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Doutra sorte, devemos lembrar que está


escrito que a igreja primitiva perseverava na
DOUTRINA DOS APÓSTOLOS.

Hoje em dia há inúmeras correntes


doutrinárias que confundem muita gente. Há quem
insista em fazer valer a doutrina de Moisés, a Lei judaica
e seus ritos. Há quem importe muita informação mística
de outras religiões ou das experiências pessoais. E ainda
há quem se diga cristão e, no entanto, não ensina uma
frase sequer de Jesus.

Concluindo este capítulo, quero chamar sua


atenção e perguntar: “será que não trocamos a doutrina
dos apóstolos (que é a mesma de Jesus) pelas doutrinas
dos homens e a dos demônios”?

Muito fácil saber. Ao ouvir um pregador (ou


pregar uma palavra, se você for um pregador), confira se
o teor da mensagem exposta tem associação direta com
aqueles ensinos de Jesus, tipo, “dê a outra face”, “não
cobice”, “não minta”, “dê a quem te pede”, “ande duas
milhas e não uma”, “ame o inimigo”, e outras mais que
saíram direto da boca de Jesus. Se não tiver, DELETA.

Encerro este capítulo trazendo as palavras de


Jonh Wesley, citadas pelo Bispo Anderson Caleb (2011, p.
26 a 28), na obra Os mandamentos de Jesus hoje:

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Pr. Douglass Suckow

“Cristo é o fim da lei tanto adâmica quanto


mosaica. Pela sua morte pôs fim a ambas; Ele
aboliu uma e outra com respeito ao homem e
deixou de existir a obrigação de observar tanto
uma como a outra. Ainda mais: nenhum homem
está obrigado a observar a lei adâmica mais do que
a mosaica. (quero dizer que a sua observância não
é uma condição exigida para a salvação presente
ou futura). Em lugar dessas, Cristo estabeleceu
outra, a saber a lei da fé. Agora não é aquele que
faz obras, mas aquele que crê que recebe a justiça,
no sentido completo da palavra, isto é, justificado,
santificado e glorificado. Estamos mortos
relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo
dado por nós, Romanos 7.4, tanto a lei adâmica,
quanto a mosaica. Estamos completamente livres
delas por sua morte, havendo expirado com Ele a
lei. Estamos sem essa lei, mas isto não indica
que estamos sem qualquer lei, porque Deus
estabeleceu outra lei em seu lugar, a lei da fé;
e todos estamos debaixo desta lei para com
Deus e com Cristo. Tanto o nosso Criador,
como o nosso Redentor exigem que a
observemos.”

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Capítulo 2

A Comunhão
"Eles perseveravam no ensino dos apóstolos
e na COMUNHÃO..." Atos 2.42

Outra característica que fazia parte do estilo


de vida dos primeiros cristãos era a COMUNHÃO.

Do grego koinonia, a palavra traz a ideia de


ter relacionamento por ter algo em comum, ter ideias e
crenças em comum, tendo harmonia no convívio.

Naqueles tempos este mesmo termo era


comumente utilizado também nas relações comerciais e
na vida conjugal.

Ora, então somente estar na igreja, assistir ou


participar de um culto, ouvir uma palavra e ir embora,
não configura a comunhão a que Lucas se referiu ao
escrever o versículo acima mencionado, pois em um
relacionamento comercial, por exemplo, para que haja a
finalização de um negócio, um acordo, tem de haver
primeiro um longo momento de relacionamento, uma

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Pr. Douglass Suckow

conversa que, em vias de regra, nunca se limita somente


ao negócio envolvido. Um vendedor que se destaca em
suas vendas, por exemplo, primeiramente se destaca nas
relações. Jamais trata um cliente somente pelo objeto do
negócio. Vendedor e comprador falam da vida, do clima,
dos negócios, de família, de dinheiro, de gostos pessoais,
enfim, falam de tudo que envolve a vida para, somente
ao final, falarem especificamente de seu negócio.

Você já foi a um salão de beleza? Com certeza


sim. Percebeu o nível de relacionamento que é envolvido
naquele lugar entre as pessoas ali presentes? Elas falam
da vida, às vezes além da conta (risos). Isto é
KOINONIA, é relacionamento.

Do mesmo modo, em um relacionamento


conjugal, um casal também trata de muitos assuntos
desde o primeiro flerte, antes de falarem propriamente
sobre seus interesses sentimentais, mesmo que os dois já
saibam que haja uma atmosfera de relacionamento
sentimental “rolando” (o crush), raramente vão direto ao
ponto. E mesmo que possam ir direto ao ponto no
primeiro momento, depois irão falar sobre tudo que
envolve a vida, sua infância, seus pais, o modo de
criação, onde estudou, seus traumas, medos, planos
futuros, etc. Isso traz sucesso ao relacionamento
conjugal, pois terão coisas em comum, interesses em

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

comum, sentimentos em comum e, caso se casem, uma


vida em comum. E mesmo havendo pontos divergentes,
encontrarão um ponto de equilíbrio para o convívio,
minimizando conflitos e atendendo um ao outro no
relacionamento. Isto também é KOINONIA, é
relacionamento.

E na igreja, como tem sido?

Infelizmente sabemos que há uma tendência


global de isolamento, devido ao pluralismo, ao
relativismo e à velocidade com que se processam as
informações. As pessoas vão ficando cada vez mais
conectadas a aparelhos do que a outras pessoas,
aproximando os distantes e distanciando os próximos, e
isso tem afetado diretamente ao convívio nas igrejas, ao
ponto de muitos trocarem a comunhão pelo
entretenimento, sempre procurando lugares (leia-se
igrejas) que as proporcionem entretenimento, através de
bons pregadores, boas músicas, lugares confortáveis,
recursos de última geração etc.

Culto Racional

Além disso, muitas pessoas vão aos templos


com uma mentalidade de culto cerimonial e não de culto
racional, o que dificulta muito mais esta atmosfera de
comunhão e relacionamento.

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Pr. Douglass Suckow

O culto cerimonial pertencia aos judeus, cf. o


apóstolo Paulo escreve:

“os quais são israelitas, de quem são a adoção, a


glória, as alianças, a promulgação da Lei, o
CULTO (grifo meu) e as promessas” Romanos
9.4

Há uma abismal diferença entre estes dois


conceitos. Em verdade, em nenhum momento, no Novo
Testamento, a reunião dos crentes foi tratada pelos
escritores como culto, mas sim como REUNIÃO,
congregação. Nela havia o ensino dos apóstolos (mesmo
de Jesus), a comunhão, o partir do pão e as orações,
acrescentando ainda os cânticos de louvor e ação de
graças.

A modalidade de culto, em verdade, foi


alterada por Jesus, ampliando seu significado e sua
forma. Agora a adoração (prestação de culto) é “em
espírito e em verdade”, cf. João 4.23, e 24h por dia cf. Rm
12. Logo, este culto não é mais realizado em algum
LOCAL específico ou de alguma FORMA, ainda que ele
fatalmente seja expresso em algum comportamento.

Quando Paulo escreve o maior tratado


teológico de todos os tempos, a carta aos Romanos, ele
esmiúça sua teologia do capítulo 1 ao 11, e como toda

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

teologia tem sua prática, Paulo vai explanar esta prática


do capítulo 12 ao 16, deixando claro àquela igreja (Roma)
qual a modalidade de culto a ser oferecido a Deus. Ele
começa o capítulo 12 com o clássico:

“Portanto, caros irmãos, rogo-vos pelas


misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso
corpo como um sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto lógico.” Romanos 12.1

Acerca do culto lógico (ou racional),


transcrevo as palavras do comentarista da Bíblia King
James Atualizada, edição de estudo 400 anos (2012, p.
2173):

“A partir desse momento, até o final desta epístola


apostólica, Paulo vai apresentar uma série de
aplicações práticas à teologia explanada de 1 a 11.
Segundo Paulo, a fé sincera e verdadeira em Jesus
Cristo manifesta-se na obediência amorosa e
dedicada à Sua Palavra. Jesus foi o último e
suficiente sacrifício, e pagou todo o pecado
humano diante da lei de Deus, concedendo ao
crente livre acesso à presença do Pai. De Cristo
em diante, os sacrifícios passaram a ser oferecidos
no templo do corpo humano, no santo dos santos
do coração, onde habita o Espírito Santo. Como
toda doutrina tem seu lado prático, o ensino de

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Pr. Douglass Suckow

Paulo vem acompanhado de exortações éticas


muito semelhantes ao ensino de Cristo nos quatro
evangelhos, principalmente no conhecido Sermão
do Monte (Jo 13.17; Mt 5 a 7). Paulo usa a
palavra grega parastesai, a qual já havia usado em
6.13-19, com o sentido de apresentação, dedicação,
oferta. Temos aqui uma descrição mais abrangente
das virtudes proporcionadas pela ação do Espírito
Santo à vida dos cristãos sinceros. Paulo ainda
esclarece que o culto prestado pelos cristãos é
diferente do culto meramente cerimonial prestado
no templo em Jerusalém. Ao usar o termo grego
logikos, Paulo caracteriza o culto cristão
como sendo uma atitude pessoal e diária de
devoção, adoração e serviço a Deus e aos
semelhantes. A expressão logikos confere ao
culto a qualidade de “espiritual e autêncico”,
algo um tanto diferente da expressão
“racional” publicada por algumas versões
(1Pe 2.2)”

Mediante o exposto, o culto cristão é


traduzido em comportamentos, elencados de Romanos
12 a 16, na vida dos nossos semelhantes, e o destinatário
(Igreja de Roma) entenderia muito bem esta prática de
culto, pois em seu arcabouço de deuses, muitos deles
eram tidos como pessoas comuns e a prática da adoração
(serviço) era realizada em suas vidas. No entanto agora

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

com o sentido correto e tendo como alvo da obediência o


próprio Senhor Jesus.

É preciso que voltemos a este princípio, o da


reunião pelo relacionamento e não culto cerimonial, para
que de fato nos configuremos como Igreja.
Relacionamento envolve tempo, entrega, olhar, empatia,
toque, desprendimento e, sobretudo, muita conversa.
Muitas pessoas encontram dificuldade de criar
relacionamentos na igreja. Até mesmo aquela
desconfortável mania dos pregadores em dizer “olhe
para o irmão que está do lado e diga...” revela o quão
distantes estamos deste alvo, pois as pessoas
demonstram claramente que não se interessam por
relacionamentos. No máximo, o que vemos hoje, são
relacionamentos por afinidades, o que não deixa de ser
um nível de relacionamento, no entanto se torna muito
limitado e fecha portas para outras pessoas.

Os relacionamentos na igreja devem


acontecer primeiramente pelas coisas que temos em
comum, como a salvação, o mesmo Senhor, a mesma
regra de fé, o mesmo Espírito, mesmos princípios e por aí
vai, e em segundo plano pelas afinidades.

Este tipo de comunhão profunda uns com os


outros vai gerar vida na igreja, pois como consequência
natural, as necessidades vão sendo atendidas em todas

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Pr. Douglass Suckow

as esferas, pois é a comunhão que gera o partir do pão,


por exemplo. Isto aconteceu na igreja primitiva, lá
ninguém padecia qualquer tipo de necessidade. Mas
vamos falar mais sobre isso no próximo capítulo.

Concluindo, quero lembrar o leitor que nosso


Senhor e Salvador Jesus Cristo veio ao mundo para,
primeiro, ter comunhão com o homem. Sua missão vai
muito além do ato na cruz. Houve comunhão e Ele
restabeleceu a comunhão do homem com o Pai.

Quando Jesus diz “fazei isto em memória de


mim”, ele estava partindo um pão e tendo com seus
discípulos COMUNHÃO. Logo, sua frase pode ser
parafraseada, dentro deste prisma de comunhão, da
seguinte maneira: “tenham comunhão entre vocês, como
eu tive, em memória de mim”. Isso trará muito mais
sentido às nossas reuniões e não estaremos trocando a
comunhão pelo entretenimento.

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A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Capítulo 3

O Partir do Pão
"Eles perseveravam no ensino dos apóstolos e na
comunhão, no PARTIR DO PÃO..." Atos 2.42

“E, tomando um pão, havendo dado graças, o


partiu e o serviu aos discípulos recomendando: “Isto é o meu
corpo oferecido em favor de vós; fazei isto em memória de
mim”. Lucas 22:19

Era uma ceia de Páscoa, a festa judaica que


celebra a libertação do Egito. Jesus se utiliza de seus
elementos para trazer grande ensinamento sobre si, a
comunhão e o serviço, no relacionamento com o
próximo, além de estabelecer ali um memorial de sua
morte, compreendido nos dias de hoje em uma dimensão
menos profunda, na visão deste autor, onde muitas vezes
literalizamos o que é para ser figurado e figuramos o que
é para ser literal.

Jesus afirma que seu corpo está sendo dado a


nós, compartilhado, repartido. Ora, Ele, que era filho
Unigênito (único), agora passa a ser o Primogênito

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Pr. Douglass Suckow

(primeiro dentre muitos). Logo, Ele repartiu TUDO o que


tinha como Filho Único, o que darei ênfase apenas nestas
abaixo:

a paternidade do Pai – “Pois vós não recebestes


um espírito que vos escravize para andardes, uma vez mais,
atemorizados, mas recebestes o Espírito que os adota como
filhos, por intermédio do qual podemos clamar: Abba, Pai!”.
Romanos 8.15

a Sua glória – “Eu lhes tenho transferido a


glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o
somos” João 17.22

o poder de Seu reino – “Atentai! Eu vos tenho


dado autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, assim
como sobre todo o poder do inimigo, e nada nem ninguém vos
fará qualquer mal”. Lucas 10.19

sua herança – “Se somos filhos, então, também


somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo,
se realmente participamos dos seus sofrimentos para que, da
mesma maneira, participemos da sua glória”. Romanos 8.17

Portanto não podemos compreender este


versículo (Lc 22.19) apenas como uma ordenança de
culto cerimonial, mas também como um exemplo do
relacionamento com o próximo. Definitivamente, Cristo
está dizendo em outras palavras: “Gente, prestem

29
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

atenção em mim, eu dei tudo o que tinha pra vocês,


reparti minha herança, dei a mesma autoridade a vocês
que recebi de meu Pai, compartilhei a paternidade com
vocês, atendi vocês em suas necessidades, então vou
pedir uma coisa muito séria a vocês: façam o mesmo
entre vocês”.

“fazei isto em memória de mim” é, além do ato


solene da Ceia, repetir seus comportamentos intrínsecos
em sua frase, extrapolando os limites do ato cerimonial e
levando estas práticas para a vida dos irmãos,
repartindo-se com estes, de maneira que, desta forma, se
dê sentido ao partir do pão.

Quero chamar sua atenção, caro leitor, para


um sentido mais amplo da Ceia! Muitos afirmam que a
Ceia é um mandamento (e é mesmo), porém apenas
como ato cerimonial, pois Jesus assim ordenou: “fazei
isto em memória de mim”. Partindo desse entendimento
que a Ceia é mandamento e que devemos obedecer, o
simples ato de partir o pão pode ser compreendido como
um memorial ou podemos entender que Cristo nos
ministrou muito mais, ensinando-nos sobre partilha?

Ora, Jesus também ordenou: “Dessa maneira,


se de vós Eu Sou Senhor e Mestre e ainda assim vos lavei
os pés, igualmente vós deveis lavar os pés uns dos
outros” (João 13.14). Neste versículo podemos notar

30
Pr. Douglass Suckow

Jesus ministrando a nós também por meio do seu


exemplo.

Mas porque neste texto acima nós figuramos


e compreendemos que a ordem é para servir, e no outro
texto nós literalizamos e compreendemos que a ordem é
para apenas se estabelecer uma cerimônia, ao invés de
também nos repartir com outros?

Garanto que faz muito mais sentido a um


incrédulo uma reunião em cuja Ceia haja também o
partir do pão figurado, no sentido de os irmãos se
repartirem entre si atendendo suas necessidades mútuas
e ainda atenderem o incrédulo, e isto ser o memorial
proclamador de sua morte e ressurreição, do que apenas
observar os membros participando da Ceia como um
momento apenas de lembranças do qual ele não pode
participar ou sequer compreender.

Ora, ao analisarmos o estilo de vida da Igreja


primitiva em Atos, podemos observar com clareza que
“partir o pão”, ou seja, repartir-se com o próximo era
algo comum, e eles perseveravam nisso. Esta prática
proporcionava saúde social à igreja, pois ninguém
padecia qualquer tipo de necessidade, e os apóstolos
proclamavam a morte e ressurreição de Cristo a partir
desta realidade vivida. Vamos observar a sequência do
texto bíblico de Atos 4.32-34:

31
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

1- Partir do pão (Ceia): “Ninguém


considerava exclusivamente seu os bens
que possuía, mas todos compartilhavam
tudo entre si.” Vs. 32b;
2- Memorial proclamador da morte: “Com
grande poder os apóstolos continuavam a
pregar, testemunhando da ressurreição
do Senhor, e maravilhosa graça estava
sobre todos eles.” Vs. 33.
3- Resultado prático: “Não havia uma só
pessoa necessitada entre eles, pois os que
possuíam terras ou casas as vendiam,
traziam o dinheiro da venda e o
depositavam aos pés dos apóstolos, que
por sua vez, o repartiam conforme a
necessidade de cada um.” Vs. 34-35

A consciência deles era que, assim como


Cristo os fez participantes de tudo que era Seu, eles
também assim o faziam, pois está registrado que
“Ninguém considerava exclusivamente seu os bens que
possuía, mas todos compartilhavam tudo entre si” (Atos
4.32a). Que igreja linda!

Creio que não temos discernido o REAL


corpo de Cristo, que somos nós mesmos, cf. as palavras
de Paulo quando diz “Ora, vós sois o corpo de Cristo...”

32
Pr. Douglass Suckow

(1Co 12.27). Perceba que Paulo diz no capítulo 12 que a


coletividade, os irmãos eram o CORPO. No capítulo
anterior, Paulo fala em DISCERNIR O CORPO. Ora, logo
ele mesmo dá resposta à sua retórica sobre este
discernimento.

Talvez esta prática cerimonial tenha


adormecido em nossos corações o amor ao verdadeiro
corpo de Cristo substituindo a partilha pela cerimônia
apenas, sendo, desta forma, negligentes com suas
necessidades mais básicas. Além disso, há muita
contenda e discórdia entre o povo de Deus. Isto é
perigoso, pois, se Ele apagou nossas transgressões,
perdoando-nos totalmente, é obvio que o mínimo que
Ele espere de nós seja o mesmo.

O apóstolo João demonstra ter compreendido


muito bem a ordenança de Jesus acerca da partilha e
serviço, quando escreve: “Nisto conhecemos todo o
significado do amor: Cristo deu a sua vida por nós e
DEVEMOS DAR A NOSSA VIDA POR NOSSOS
IRMÃOS” (1 João 3.16).

Forte não é? Mas é o básico da vida cristã que


devemos viver e tenho percebido ao longo dos anos que
isso está sendo substituído por cerimonialismo cultual e
tradicionalismo religioso, destituídos de seu verdadeiro
sentimento e valores.

33
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

O amor prático na vida do próximo, além de


uma ordenança de Jesus, é um grande recurso de
identificação. Vejamos:

“Um novo mandamento vos dou: que vos ameis


uns aos outros; assim como Eu vos amei; que
desta mesma maneira tenhais amor para com os
outros. Através deste testemunho todos
reconhecerão que sois meus discípulos: se
tiverdes amor uns pelos outros.” João 13.34-
35

Isto sim completa a Ceia como um memorial.


Quando eu amo meu próximo, de forma prática, me
repartindo com ele, assim como Cristo fez comigo, então
isto é um memorial de sua morte salvífica e faz todo
sentido ao incrédulo. Aleluia.

Não faz o menor sentido achar que uma


cerimônia em si seja o memorial, onde muitas vezes há
irmãos que estão em dificuldade e não há quem os
socorram, ou até mesmo em contendas, mentiras,
facções, rancores, etc., conferindo santidade para
participação da ceia do Senhor apenas quem não está em
pecados sexuais. Quero dizer que esta falta também é um
pecado grave.

34
Pr. Douglass Suckow

Um memorial exclusivista e sem seu sentido


real de partilha, não promove nenhum resultado na vida
de um incrédulo presente em uma reunião, pelo
contrário, o resultado se torna inverso, pois o incrédulo
excluído da “mesa” se frustra e procura afastar-se
daquela comunidade, anulando o poder do memorial,
que é agregar e não separar. Do contrário, um memorial
inclusivo e eivado de amor prático na vida dos
participantes, promove profundas transformações e a
consciência da presença e existência de Deus em seu
Filho Jesus.

Entenda uma coisa: eu não estou aqui


condenando as reuniões onde há a Ceia do Senhor, pelo
contrário, estou reafirmando-a, com sua originalidade de
sentimento e motivação, aplicados cotidianamente na
vida de nosso próximo.

Que venhamos a obedecer nosso Mestre e


Senhor, amando nosso próximo nesta profundidade
proposta por Ele, procurando não substituir a
PARTILHA pelo cerimonialismo.

“porque tive fome (sede, necessidades, dor,


solidão) e vocês me atenderam” Mateus 25.35-36

35
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Capítulo 4

As Orações
"Eles perseveravam no ensino dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e NAS ORAÇÕES..." Atos 2.42

Este capítulo será pequeno. Não há muito o


que dizer sobre oração, no entanto o pouco que podemos
falar sobre o assunto é de suma importância para nossa
vida individual e, sobretudo, para a vida NA IGREJA.

A igreja primitiva sabia disso e perseverava


na oração. Era uma igreja que orava.

Segundo Marques em seu artigo sobre


oração:

“Segundo Strong, a palavra orar, nas suas mais


diversas formas, é encontrada 370 vezes na Bíblia.
Portanto, “se uma palavra aparece com tanta
freqüência na Bíblia, deveríamos prestar atenção a
ela. Deus, obviamente, está destacando um ponto
crucial” (Mike Macintosh, Livro Apaixone-se pela
oração, pg. 27)”

36
Pr. Douglass Suckow

Caro leitor, 370 vezes a mesma palavra, em


suas formas mais variadas de expressão, nos diz algo não
é mesmo?

A oração é nossa conexão com as regiões


celestiais. Nossa conexão com o Pai, Filho e Espírito
Santo. A forma única de nos relacionar com Aquele que
nos criou, perdoou, resgatou, justificou, santificou e, por
fim, adotou.

É através da oração que expressamos nosso


amor, nossa alegria, nossos pedidos, nossa adoração,
nossos medos e traumas, nossas necessidades, etc.

É também através da oração que vamos


receber nossas respostas. Que vamos ouvir a voz de
Deus. Que vamos discernir as coisas espirituais. Que
vamos discernir a palavra de Deus. Que vamos receber
dons espirituais. Que vamos nos encher e capacitar para
as batalhas espirituais. Que vamos manifestar poder em
nossas vidas e também na igreja local e que também
vamos obter maturidade cristã.

Tudo está em torno da palavra de Jesus e da


oração.

37
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Jesus orava constantemente e impulsionava


seus discípulos a orar também, portanto nossa vida cristã
deve ser de constante oração.

Vamos recordar alguns versículos clássicos


sobre oração?

“Tu, porém, quando orares, vai para teu quarto e,


após ter fechado a porta, orarás a teu Pai, que está
em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará plenamente”. Mateus 6:6

No sermão do Monte, onde há a compilação


de todos os ensinos de Jesus para o cotidiano, Ele
ensinou sobre um princípio de oração. Aprendemos com
Jesus que a premissa da oração é em secreto e começa em
CASA. É na nossa casa que nossa comunhão com Deus
começa e não no templo. Lá no templo (leia-se “em
público”), ela apenas se revela.

Outro ponto importante neste versículo é a


palavra grega tameon que Jesus usou para se referir ao
quarto. Esta mesma palavra também era usada para o
local onde os tesouros do templo eram guardados,
dando-nos então a interpretação de que o local de oração
é um local de tesouros guardados, um lugar de riquezas.

“Orai constantemente”. I Ts 5:17

38
Pr. Douglass Suckow

Quando o apóstolo Paulo escreve a igreja em


Tessalônica, ele dá uma orientação fora do comum.
Parafraseando, ele diz: “nunca parem de orar”. Muitas
vezes, pelas correrias de nosso dia a dia, com a família, o
trabalho, o labor ministerial, o trânsito, as grandes
cidades etc., não nos sobra tanto tempo para uma vida
saudável de oração, que é imprescindível para nossa
saúde espiritual e emocional, e Paulo então nos traz uma
“saída” que é uma VIDA DE ORAÇÃO. Está no banho?
Ore! Tomando café da manhã? Ore! Ao caminho do
trabalho ou escola? Ore! Lavando uma louça? Ore! De
férias com a família? Você já entendeu. Faça o que estiver
fazendo, ORE!

Perseverar na oração como esta igreja


perseverava (Atos 2.42; Colossenses 4.2; Romanos 12.12;
Efésios 6.18) conferia-lhes poder e maturidade, além da
vigilância que ela proporciona ao crente fervoroso na
oração.

Mas o que temos visto hoje na maioria das


igrejas? Uma terceirização da oração que provoca a
dependência da oração dos outros. Não há, em muitos
casos, um estímulo que parta primeiro das lideranças.
Há uma terceirização nociva para a igreja, promovida
pelos “ministérios periféricos de intercessão”.

39
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Jesus não criou este ministério, ele é


periférico como tratei na introdução deste livro. Não é
nocivo ter este ministério, até porque é uma forma sim
de servir e ajudar as pessoas. Mas se isto for realizado
sem o devido cuidado, promove uma dependência em
massa e “vicia” muitas pessoas, deixando-as mal
acostumadas e acomodadas.

É necessário retomar as rédeas da oração na


igreja local, mas, sobretudo, na vida de cada cristão
sincero, pois é a oração A CHAVE do sobrenatural nas
nossas vidas.

Também acho salutar relembrar que a oração


não ajuda a Deus. Ela nos ajuda. Observe esta orientação
de Paulo.

“Não andeis ansiosos por motivo algum; pelo


contrário, sejam todas as vossas solicitações
declaradas na presença de Deus por meio de
oração e súplicas com ações de graça. E a paz de
Deus, que ultrapassa todo entendimento,
guardará o vosso coração e os vossos
pensamentos em Cristo Jesus.” Filipenses 4.7-8

Que lindo! Quando oramos, mesmo


suplicando por algo que nos angustia, somos afetados
diretamente pela PAZ de Deus. Há muitas pessoas nas

40
Pr. Douglass Suckow

igrejas sem paz, mesmo com uma orientação tão


profunda acerca do nosso dia a dia. Por que será? Talvez
porque essas pessoas não estejam com suas vidas de
oração “em dia”.

Amado irmão, como eu anunciei no início


deste capítulo, nós vamos encerrando este assunto por
aqui. Eu não tinha a intenção de promover aqui um
seminário de oração, até porque a Bíblia, pelos versículos
que aqui citei (e ainda poderia citar diversos), eles são
suficientes pra mudar toda nossa vida de oração e,
consequentemente, toda nossa jornada de fé.

Encerro citando um trecho da pregação de


um grande amigo pastor, Nilonei Ramos:

“Ore quando estiver em cima e ore quando estiver


em baixo. Ore na bonança e ore na tempestade. Ore quando
subir e ore quando descer. Ore pra receber e ora pra saber usar
o que recebeu. Ore em voz alta e ore em silêncio. Ore pela
manhã e ore pela tarde, quando se levantar e quando se deitar.
Ore antes, ore durante e ore depois. Ore com a experiência do
passado, ore com a perseverança do presente e ore com
esperança para o futuro. Ore sorrindo, ore com lágrimas, ore
feliz, ore ainda mais quando estiver triste. Ore pelo novo
projeto, ore por aquele projeto que deu errado. Ore pra Deus
abrir as portas e ore para Deus fechar as brechas”.

41
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Capítulo 5

O Temor e o Amor
"Eles perseveravam no ensino dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações. E na alma de cada
pessoa havia pleno temor, e muitos feitos extraordinários e
sinais maravilhosos eram realizados pelos apóstolos." Atos
2.42-43

“O temor do SENHOR é o princípio do


conhecimento...” Pv 1.7

Este clássico da literatura cristã contém um


segredo pouco observado e, portanto, pouco vivido
acerca deste sentimento envolvido no relacionamento
entre o homem e seu Criador: a transitoriedade do temor.

A palavra princípio tem variados conceitos e


utilizações. As mais utilizadas pelos cristãos são duas:

1- Começo, início, primeiro momento da


existência de algo; e

2- Ditame moral, regra, lei, preceito.

42
Pr. Douglass Suckow

O que a maioria dos cristãos não sabe é que


no texto citado acima, Salomão usa a expressão em
hebraico bereshit, que significa princípio no sentido de
início/começo, a mesma expressão utilizada em Gênesis
1.1 por ocasião da origem das coisas.

Logo, o texto então nos revela que o temor do


Senhor é apenas o começo de um sentimento para com
Deus, e não uma norma, regra ou lei, como muitos de
nós imagina. E se é apenas um “start”, então precisa ser
desenvolvido até chegar a algum outro sentimento mais
elevado e sublime.

Bom, isso faz todo sentido quando nos


lembramos das palavras do profeta Oséias, quando diz
“conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor”
(6.3), deixando em suas palavras a atmosfera de um
relacionamento a ser desenvolvido.

Mas qual sentimento seria então o ideal a ser


alcançado? Qual sentimento seria mais sublime e elevado
que o temor dentro do relacionamento com Deus?
Poderia viver o homem este relacionamento sem o
temor?

Sim, caro leitor! Vamos descobrir este ideal


de sentimento nas palavras do amigo de Jesus, o
apóstolo João:

43
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

No amor não há temor, antes o perfeito amor


lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e
o que teme não é perfeito em amor. 1 João 4.18

No português vamos encontrar várias


definições para o mesmo sentimento, como temor, medo
e receio. Já no grego todas estas palavras estão contidas
em uma só: phobos.

E esta correta interpretação nos traz novo


sentido então a nosso relacionamento com o Pai, nos
fazendo entender que, sim, o temor é um sentimento
bom, pois limita nossos comportamentos na prática do
mal, no entanto ainda não é o ideal, pois quem teme, traz
consigo a punição e ainda não foi aperfeiçoado em amor.

O que João quis dizer?

No verso anterior (17), João está falando em


seu contexto sobre confiança no Dia do Juízo. Logo, está
abordando sentimentos que envolvem comportamentos
que possam afetar neste Dia. Aprendemos então que
quando eu faço ou deixo de fazer algo pelo temor, estou
pensado em mim, pois não quero ser punido. É um
sentimento egoísta. Mas quando eu faço ou deixo de
fazer algo por amor, não penso mais em mim, mas penso
no outro (neste caso, no Pai), com o objetivo de agradá-
lo, cumprindo assim seus mandamentos a meu respeito,

44
Pr. Douglass Suckow

que é, em verdade, a única forma que ele estabeleceu de


como nós devemos amá-lo (Jo 14.23).

Mas alguém pode dizer: “ah amigo, tanto faz


não mentir, quer seja por temor ou quer seja por amor”.
Será mesmo?

Vamos imaginar um casal que está a celebrar


seu aniversário de casamento. Ele não liga para datas,
mas ela faz questão disto como um pássaro faz questão
de voar. Ele sabe que, caso se esqueça da data e não
comemore com ela, imediatamente ela responderá
punindo-o, passando dias sem falar com ele e sem
permitir que a vida a dois seja como nos dias normais.
Então ele pensa: “meu Deus, amanhã é nosso aniversário
de casamento e se eu não fizer nada a coisa vai ficar feia
pro meu lado”.

Este homem prepara tudo. Café da manhã na


cama, flores, uma linda joia, música romântica e “pah”,
ele a acorda bem cedo para juntos celebrarem a data.

Ela certamente ficará muito feliz. Talvez até


derrame lágrimas de emoção e felicidade por tanto
carinho e capricho. Mas aí eu pergunto a você: e se ela
pudesse perscrutar o coração dele naquele momento de
alegria, e enxergar qual o sentimento que o motivou a
fazer tudo aquilo? Ela continuaria feliz ou ficaria

45
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

frustrada por ver que ele fez tudo pensando em si


mesmo e não na alegria dela?

Certamente seu semblante cairia e o clima


seria quebrado.

Pois é, é disso que João está falando.


Imaginar o contrário é extremamente relevante.

Imagine a mesma cena, mas agora este


homem fazendo por amor, pensando tão somente em
agradar sua amada e vê-la feliz. A cena não mudaria,
seria a mesma. Mas se ela pudesse ver seu coração e
enxergar o sentimento sublime que o motivou, sua
alegria seria potencializada.

Alguém também pode dizer: “ah pastor


Douglass, impossível viver sem o temor, pois a Bíblia diz
que na alma de cada irmão da igreja primitiva havia
pleno temor” (Atos 2.43). Verdade, mas a igreja estava
apenas COMEÇANDO, eram seus primeiros dias. Logo,
não se pode esperar que os primeiros irmãos já
estivessem aperfeiçoados, visto que é uma vida de
relacionamento (e o tempo) que trará este
desenvolvimento aos sentimentos para com Deus.

46
Pr. Douglass Suckow

Nos comentários da Bíblia King James


Atualizada, edição de estudo 400 anos (2012, p. 2173), o
comentarista revela:

“O temor (estado de adoração contínua) que


existia no coração dos crentes daquela época era uma mistura
de pavor, êxtase e perplexidade diante da presença majestosa de
Deus, operando milagres, prodígios e sinais maravilhosos entre
a multidão dos que iam sendo convertidos pelo Espírito Santo e
acrescentados à Igreja.”

Eu consigo compreender muito bem este


sentimento de pavor. Ora, Deus havia deixado muito
claro que sua essência de justiça e juízo não havia sido
alterada pela dispensação da graça. Como exemplo claro
disso, além das maravilhas que eram realizadas, pessoas
eram afetadas diretamente. Ananias e Safira foram
mortos por um deslize cometido (mentira). Saulo foi
afetado em sua visão ao encontrar Cristo no caminho de
Damasco, etc.

- Pastor, então o que eu devo fazer para


lançar fora o temor?

Absolutamente nada. Quem lança fora o


temor é o amor que desenvolvemos para com Deus. Não
podemos correr o risco de abrir mão do temor a Deus
sem que antes estejamos aperfeiçoados em amor.

47
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Mas como isto acontecerá?

Paulo deixou claro que “aquele que em vós


começou a boa obra a APERFEIÇOARÁ até ao dia de Jesus
Cristo” Filipenses 1.6

Não tenho dúvida que o Pai espere isto de


nós: O AMOR. Afinal de contas é o primeiro
mandamento de Jesus a nós. Que sejamos então
aperfeiçoados em amor ao ponto de este sublime
sentimento lançar fora o temor e parar de promover em
nós, comportamentos egoístas e que apenas pense na
punição.

Observe novamente que quem lança fora o


temor é o AMOR e não o homem. Hoje temos visto uma
onda avassaladora de pessoas na igreja que vivem
totalmente sem temor, que é o mínimo esperado. Como
consequência, cometem todo tipo de pecado,
voluntariamente, e ainda cantam louvores, chorando e
declarando: “eu te amo Senhor”. Pregam, apascentam,
lideram, participam de cultos, etc., no entanto seus
corações estão vazios de amor e de temor. Não dá pra
entender esse ambiente. É incoerente, ao compararmos
com as escrituras, que expressa claramente a vontade do
Senhor para nós.

48
Pr. Douglass Suckow

Que possamos atender a expectativa do


Senhor a respeito de nossos sentimentos e
comportamentos para que Ele, em tudo, seja glorificado.
E também para que não venhamos correr o risco de
trocar o temor do Senhor pela liberdade sem
compromisso e sem santidade e pela sagacidade do
nosso egoísmo.

Concluo este capítulo provocando você com


as palavras de Deus através do profeta Oséias.

“Afinal, o que desejo é o VOSSO AMOR, e não


sacrifícios; entendimento quanto à pessoa de Elohim, Deus,
mais que ofertas e holocaustos” Os 6.6

49
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Capítulo 6

Conclusão
Querido leitor e irmão. Quero chamar sua
atenção para dois fatos que, propositalmente, reservei
para a conclusão.

Nossa leitura inicial, à qual permanecemos


nela durante toda esta reflexão, em torno de Atos 2.42-43,
inicia da seguinte maneira: “E perseveravam na...”

A palavra perseverança está relacionada a


constância, firmeza, prosseguimento, persistência e
continuidade.

Talvez, ao analisarmos o quadro abaixo,


venhamos a nos achar em falta com esta essência de
igreja, parecendo, mas não sendo, configurando a
proposta do título do livro: A Igreja Frankenstein.

Ideal Substituído
Doutrinas de Jesus Doutrinas de demônios
Comunhão Entretenimento
Partilha Cerimonialismo
Orações Dependência
Temor (ou Amor) Liberdade sem santidade

50
Pr. Douglass Suckow

Não se trata de uma crítica a uma


determinada denominação ou igreja. Estou me referindo
a mim e a você. Se você não se encontra em falta, glória a
Deus por isso, mas se está em falta com Deus e se perdeu
no caminho, em relação aos valores e princípios acima
expostos, arrependa-se e volte a fazer a vontade do Pai,
para não ser contado com os membros da Igreja
Frankenstein.

É claro que no geral, tenho a sensação que


nos perdemos ao longo do caminho e não perseveramos
nestas consciências. No entanto o caminho é decidir
obedecer a Jesus nosso Mestre e Senhor, e praticarmos
Sua vontade acerca do modo de SER igreja.

Não é fácil, eu reconheço. Talvez por isso o


uso da palavra PERSEVERANÇA. Nunca vi alguém
tendo que perseverar em alguma circunstância favorável.
Nunca ouvi um amigo dizer a outro: “persevera nessa
picanha meu amigo”, ou ainda “persevera nessa praia”.
A perseverança sempre estará acompanhada de
situações conflitantes e desconfortáveis.

Perseverar na doutrina de Jesus é muito


desconfortável a nós, pois sempre estaremos sendo por
ela confrontados. Amar o inimigo não é confortável. Dar
a outra face também não.

51
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Perseverar na comunhão quando queremos


nossa solitude também não é fácil. Não gostamos de nos
relacionar com desconhecidos. Ainda mais quando
somos tão diferentes dele. Pois é, Jesus, mesmo tão
diferente de mim e de você, escolheu ter COMUNHÃO
conosco.

Perseverar na partilha, dando muitas vezes a


quem nem merece não é fácil. Ainda mais nos dias de
hoje quando estamos tão consumistas e egoístas. Isso
sem contar nossa alma meritocrata que só quer dar a
quem ela acha que merece. Lembremo-nos de Jesus que
deu TUDO a nós mesmo sem merecermos absolutamente
NADA.

Perseverar nas orações não é fácil,


principalmente nos dias de hoje, quando somos
bombardeados de informações tipo “fastfood”, quando
nos acostumamos com tudo muito rápido e confortável.
Na era do hedonismo, orar não é a melhor coisa para a
alma. Mas te garanto, é a melhor arma que temos. Nosso
melhor alimento de relacionamento com a Trindade e
com o mundo espiritual, e seus frutos são
extraordinários.

Perseverar no relacionamento com o Pai, de


modo que o sentimento seja substituído por um mais

52
Pr. Douglass Suckow

sublime. Você teme a Deus? Amém, então não perca o


temor e permita-se ser aperfeiçoado em amor.

O segundo fato é que, segundo o texto,


tacitamente concluímos que a atmosfera que promovia
tantos sinais extraordinários era o temor que havia NO
POVO, aliado é claro às orações, como já vimos
anteriormente.

Esta igreja era poderosa em obras e eu ainda


creio viver um tempo de avivamento onde as pessoas
terão tanto amor (ou ao menos o temor) pelo Senhor que
os sinais serão realizados naquela mesma proporção.

Sei que os dias do fim se aproximam a passos


largos e que, junto a eles, vêm dias onde não se achará fé
na terra, tampouco temor e amor, mas mesmo assim eu
ainda creio e por isso procuro viver minha vida
piedosamente aguardando por este dia de avivamento.

Portanto concluo esta sucinta reflexão te


chamando a vir comigo e fazer uma revolução em nossas
vidas, deixando de ser uma igreja Frankenstein (que
parece, mas não é) e SENDO a igreja que está no coração
de Deus. Na igreja Frankenstein “eles perseveram na
doutrina de demônios, no entretenimento, no
cerimonialismo, na dependência da oração dos outros e
na liberdade sem santidade e sem compromisso”.

53
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Esta revolução será refletida em todos os


nossos círculos sociais: família, escola, trabalho,
sociedade e igreja.
Deus seja conosco.

Concluo com as palavras de outro grande


amigo pastor, Isac Cadmo:

“A religião falsificou a graça e a expõe em suas


prédicas vazias e nutridas com mentiras
enclausuradas em teorias sem verdades e coloridas
com textos bíblicos distorcidos e adulterados.
Os religiosos gospéis esfamiados pela doutrina
atraente e enferma, desbancam-se pelos púlpitos
disseminando inverdades teológicas e cada passo
dado vibram pelos seus seguidores-zumbis.
A esquizofrenia religiosa será extirpada quando
uma geração agraciada pelo gólgota encontrar o
livro da lei”

54
Pr. Douglass Suckow

Referência bibliográfica

CALEB, Anderson. Os mandamentos de Jesus hoje. São


Paulo, IMW, 2011

SWINDOLL, Charles. A igreja desviada. São Paulo,


Mundo Cristão, 2012.

BEZERRA, Cícero Manoel. Liderança Cristã – A prática


do pastorado. Curitiba, Intersaberes, 2016.

BEZERRA, Cícero. Missão Integral da Igreja. Curitiba,


Intersaberes, 2017.

Bíblia King James Atualizada (KJA). São Paulo, Abba


Press, 2012.

http://danielemarques.webnode.pt/news/igreja-lugar-
de-gente-que-ora/ acessado em 05 de outubro de 2017.

55
A Igreja Frankenstein – Parece, mas não é.

Sobre o autor

Douglass Suckow, 41 anos, é pastor na Igreja Metodista


Wesleyana em Porto Velho-RO. Cabo da Polícia Militar
do Estado de Rondônia, é casado com Luciana Neves,
tem 03 filhos, Jade (18), Lucas (15) e Henrique (07). É
escritor de revistas de Escola Bíblica para pré
adolescentes pelo Centro de Publicações da Igreja
Metodista Wesleyana (RJ). Estuda Teologia pelo Centro
Universitário Internacional (UNINTER) e é idealizador
de um canal no Youtube: Pastor Douglass.

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